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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ENSINO MÉDIO NO BRASIL: HISTÓRIA E DESAFIOS PARA O FUTURO CAMPINAS - SP 2016 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ENSINO MÉDIO NO BRASIL: HISTÓRIA E DESAFIOS PARA O FUTURO Profa. Dra. Theresa Maria De Freitas Adrião Augusto César Miguel RA 119124 Caio Henrique de Paula Rodrigues RA 165443 Carolina Franchini RA 159643 Danilo Valente RA 160302 Danilo Kanno RA 155122 Letícia Bergamo RA 175122 Tainá Cardoso RA 177276 Thaís Nobre RA 157370 Victor Lourenço de Almeida RA 178015 Vinicius Selingardi RA 104321 CAMPINAS - SP 2016 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3 1 - HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO ...................................................................................... 4 2 - DADOS ESTATÍSTICOS REFERENTES AO ENSINO MÉDIO NO BRASIL .................... 6 3 - PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO .............................................................................. 9 3.1 - Plano Estadual de Educação – São Paulo .................................................................... 11 4 - FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ............................................................... 12 5 - LDB, MEDIDA PROVISÓRIA E REFORMA DO ENSINO MÉDIO ................................ 16 5.1 - O Ensino Médio atualmente e como ele funciona ......................................................... 16 5.2 - Lei de Diretrizes e Bases ............................................................................................. 16 5.2.1 - Lei de Diretrizes e Bases - 1961............................................................................. 16 5.2.2 - Lei de Diretrizes e Bases - 1971............................................................................. 19 5.2.3 - Lei de Diretrizes e Bases - 1996............................................................................. 22 5.3.1 - Medida Provisória nº 746/2016 ............................................................................. 24 6 - REFORMA DO ENINO MÉDIO: O QUE MUDA NA LDB COM A MEDIDA PROVISÓRIA DO MEC ....................................................................................................... 25 6.1 - Implantação e projeções para Medida Provisória nº 746/2016 ...................................... 27 6.2 – ANÁLISES ............................................................................................................... 30 6.2.1 - À FAVOR ........................................................................................................... 33 6.2.2 - CONTRA ............................................................................................................ 34 7 - QUESTIONÁRIOS .......................................................................................................... 35 8 - ENTREVISTAS ............................................................................................................... 44 9 - TEXTO BASE: DOIS MONÓLOGOS NÃO FAZEM UM DIÁLOGO ............................... 47 10 – AS OCUPAÇÕES ESTUDANTIS .................................................................................. 50 10.1 - Modo de organização dos movimentos de ocupação ................................................... 51 10.2 - Reivindicações das ocupações ................................................................................... 51 10.3 - Maiores dificuldades ................................................................................................ 52 10.4 - Quantidade de escolas ocupadas ............................................................................... 52 10.5 - Aprendizado ............................................................................................................ 53 11 – REFLEXÕES INDIVIDUAIS ........................................................................................ 54 12 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 64 13 - BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 65 14 - ANEXOS ....................................................................................................................... 68 3 INTRODUÇÃO Um dos maiores desafios do Ensino Médio do Brasil desde que fora implementado é a sua universalização, ou seja, garantir que todos os jovens de 15 a 17 anos tenham a mesma oportunidade de frequentar aulas e adquirir conhecimento científico com qualidade de ensino, por exemplo. Segundo a UNICEF, em uma pesquisa realizada em 2014, os adolescentes de 15 a 17 anos são o grupo escolar mais excluído das escolas, somando 1,7 milhões de alunos. Ainda segundo a instituição, nas últimas duas décadas os indicadores de acesso à escola e de permanência dos estudantes nas escolas, com faixa etária de 15 a 17 anos, melhorou. Contudo, o ritmo deste crescimento e a qualidade do ensino que é dada aos alunos ainda estão muito abaixo do ideal 1 . Tendo em vista o contexto apresentado anteriormente, este seminário tem o principal objetivo de trazer noções sobre a história do Ensino Médio brasileiro, assim como a sua evolução ao longo das últimas décadas e diretrizes mais atuais. Para a realização deste, utilizamos dados fornecidos pelo Ministério da Educação e de outras instituições de respaldo. A partir destes dados e diretrizes foi possível analisar a construção do Ensino Médio e a sua estruturação, com o intuito de formular observações e discussões. Dessa forma, destacamos as principais leis de diretrizes, o contexto político e social atual e conectamos tais esferas a fim de garantir maior interdisciplinaridade para o seminário. 1 https://www.unicef.org/brazil/pt/10desafios_ensino_medio.pdf Acesso em 23/11/2016 https://www.unicef.org/brazil/pt/10desafios_ensino_medio.pdf 4 1 - HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO A educação é compreendida como toda comunicação para provocar formação, sendo o principal requisito para a formação da nação. Nos primeiros tempos a educação assume um caráter de distinção social, apenas as famílias aristocratas podiam fazer este gozo. A educação foi usada como um instrumento de dominação por grupos elitistas. Com os Jesuítas o nível secundário (hoje conhecido como ensino médio) era oferecido com os ensinos de letras, filosofia e ciência. "[...] a educação nunca é neutra nem apolítica, pois envolve interesse que exploram o âmbito escolar" (Gonçalves, 2005 p.13) Apesar dos jesuítas fornecerem a educação, ainda no século XIX, não há nenhum tipo de educação formal no Brasil. Com a expulsão dos jesuítas o que se tinha de ensino médio foi embora junto com eles, esse cenário começa a mudar em 1808 com a chegada da família real ao Brasil, surgindo uma preocupação maior em formar/educar a elite brasileira. No período regencial é criado o "ato adicional" que dava a todas as províncias o direito de se regular sobre as instituições políticas, neste mesmo período são criados os primeiros Liceus na Bahia, Paraíba e no Rio Grande do Norte. Em 1837, é fundado o primeiro colégio que não possuía a necessidade dos alunos fazer o exame para ingressar no ensino superior, chamado de Colégio Dom Pedro II, tinha o que podemos nomear de passe livre para o ensino superior. No colégio os conhecimentos exigidos eras: Francês, latim, retórica, história, geometria, filosofia, inglês, aritmética, geografia, álgebra e português. Além destas cadeiras obrigatórias o estabelecimento forneceoutras cadeiras que poderiam ser escolhidas pelo aluno como: Grego, história natural, física, química, cosmologia, desenho, dança, esgrima, entre outras aulas. Durante a escravidão e assim pelo império, a função do ensino médio era preparar para o ingressar na ensino superior. Este período da história as escolas eram frequentadas majoritariamente pelo sexo masculino e o ensino médio se restringia apenas as capitais brasileiras. O ensino médio começa a passar por reformas só a partir dos primeiros quarenta anos de república, a primeira reforma foi com Benjamin Constant (Adepto do positivismo, em suas vertentes filosófica e religiosa - cujas ideias difundiu entre a jovem oficialidade do Exército brasileiro -, foi um dos principais articuladores do levante republicano de 1889, foi nomeado Ministro da Guerra e, depois, Ministro da Instrução Pública no governo provisório. Na última função, promoveu uma importante reforma curricular) propondo mudanças no currículo do 5 colégio Dom Pedro II, propondo a laicização do ensino assim como a redução de sete anos para seis anos. Dez anos mais tarde cria-se a lei Correia que tenta acabar com a imagem de que o ensino médio era apenas um curso preparatório para o ensino superior, propondo quatro anos no ensino internato e dois anos no ensino externato. Com a chegada da revolução de 30 e o fim da primeira república, dá-se início a uma política governamental voltada para a educação, mas em 32 entra em prática uma nova reforma chamada de Francisco Campos, nesta há criação de cursos complementares para a capacitação dos alunos, porém cada proposta pedagógica mudava de acordo com a escolha do estudante. Ainda em 32 os escolanovistas apresentam o plano Reconstrução Nacional, conhecido como Manifesto dos Precursores da Educação Nova, suas ideias iam de encontro com a educação católica elitista, com isto ficou decidido que a educação passaria a ser direito de todos e que o ensino religioso seria facultativo. Assim, a educação passa a ser dever do Estado e o ensino médio passa a ser regular. Com a reforma Gustavo Capanesso em 1942, o segundo grau é dividido em ciência e clássico, com duração de apenas três anos, contendo as cadeiras humanistas, patriótica e de cultura geral, vale lembrar que este período pertence a ditadura e nela havia algumas censuras , além do ensino ser visto como instrumento para o trabalho. Foi após a morte de Getúlio Vargas que a nova constituição retoma alguns dos princípios da escola nova ( vinha dos estados Unidos e da Europa, com a ideia de expansão de oportunidades escolares), tal retomada só foi aprovada em 61. Diz no artigo 33 que " a educação de grau médio, em prosseguimento a ministração na escola primária, destina-se à formação de adolescentes". Neste momento é criado a lei 5692/71, fechando as diretrizes de base para o primeiro e segundo grau, com escolaridade obrigatória para jovens de 7 a 14 anos e o ensino médio generalizado. No mandato de Sarney na nova república, fez algumas emendas a constituição. No artigo 205 a educação aparece como "visando o plano do desempenho da pessoa, exercício da cidadania e qualificação para o mercado de trabalho", continuando a ser direito de todos e dever do Estado, porém agora, também dever da família. Em 1996 é aprovado a segunda Leis de Diretrizes Bases (LDB), classificando o período e a quem se destina cada escolaridade. Também foram criados parâmetros curriculares nacionais (PCNs). Hoje a formação no ensino médio deve ter como principal a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes 6 tecnologias, buscando uma formação geral do indivíduo em três áreas do saber tais como: linguagem, códigos e suas tecnologias; ciências da natureza, matemática e suas tecnologias; e humanas e suas tecnologias. Considerando a partir a década de 80 o ensino médio o ensino médio foi o que mais expandiu, de 88 até 97 superou em 90 por cento das matrículas já existentes, porém, o índice líquido de escolarização considerando de 15 a 17 anos de idade, não ultrapassou os 20 por cento. Em 2016 com o governo Temer, um projeto de lei conhecido como PEC 204, propõe mudanças que afetarão o ensino, além deste projeto Temer fez outras alterações reformas na LDB que se aplicam diretamente ao ensino médio. 2 - DADOS ESTATÍSTICOS REFERENTES AO ENSINO MÉDIO NO BRASIL Segundo o Censo da Educação Básica 2015 realizado pelo Instituto Nacional de Estudos Educacionais (INEP) do Ministério da Educação, segue tabelas referente a pesquisas realizadas no Brasil, com localizações específicas, redes de ensino e níveis do Ensino Médio. Levando em consideração a idade ideal para o período do Ensino Médio que é a de 15 a 17 anos, dentre as dependências administrativas (escolas federais, estaduais, municipais, públicas e privadas), a escola privada é a que possui menos distorção idade-série, em relação a localização, a urbana possui no total dos 4 anos (levando em conta uma 4ª série com possível 7 curso profissionalizante), 7,1, enquanto na rural foi 27, demonstrando uma diferença significativa. A dependência administrativa com maior taxa de distorção idade-série muda em relação a localização, na urbana são as escolas estaduais com 30,1, já no rural são as municipais, com 44,2. De uma maneira geral, a localização rural é a que possui maior taxa de distorção idade-série, com 39,8. Enquanto nas escolas urbanas é de 26,8. Analisando esta tabela é possível notar que as escolas estaduais, levando em conta ambas as localizações (urbano e rural) são as menores com taxa de aprovação, tendo no total 79.7. Enquanto a maior taxa entre as dependências administrativas foram as escolas particulares, tendo um total de 94,5. E a maior taxa de aprovação por localização, foi na rural com 82.4 com pouca diferença em relação a urbana que atingiu 81,7. 8 De um modo geral, sendo proporcional ao gráfico da taxa de aprovação, as redes com maior taxa de reprovação foram as públicas, federais e estaduais, com 12,4. Enquanto a menor taxa de reprovação foi na particular, com no total 5,1. Em relação às localizações, a maior taxa de reprovação foi na urbana, com 11,6 enquanto na rural chegou a 8,3. No total a maior taxa de abandono por rede ocorreu na estadual, com 7,9 e a menor taxa foi na particular, com 0.4. 9 Em relação as localizações, na rural todas as redes de ensino possui maior taxa de abandono do que as da urbana, em que a menor taxa de abandono foi a particular, com 3,3 e a maior foi a municipal, com 10,1. Sendo assim, a rural possui maior taxa de abandono com 8,9 enquanto a urbana possui 6,7. Vale ressaltar que a quantidade populacional em cada localização e a quantia de escolas nas redes educacionais influenciam o resultado. 3 - PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO O Plano Nacional de Educação, aprovado no dia 25 de Junho de 2014, é considerado o articulador do Sistema Nacional de Educação. Dessa forma, todo o plano de educação, seja na esfera estadual, distrital ou, até mesmo, a municipal, deve estar em consonância ao PNE. O PNE (Plano Nacional de Educação) possui vigência de dez anos e contém como diretrizes questões sócias culturais, como a erradicação do analfabetismo e a universalização do atendimento escolar. Dessa forma, o PNE é uma das formas encontradas para tornar o Brasil um país mais justo e igualitário. O PNE engloba vinte metas, que são divididas de modo a abranger grandes áreas da educação do país. De todas as metas analisadas, vamos fornecer um enfoque mais na meta três. Esta meta refere-se à universalização do ensino para os estudantes de 15 a 17 anos. Segundo os autores do texto base, temos que: “[...] de modo claro, o ensino médio necessita ser a oportunidade para que os jovens estudem e compreendam a formação da sociedade brasileira, nos seus mais diversosaspectos, e enfrentam o tema da histórica de desigualdade” (Gil, Seffner, 2016, p. 182). A fim de garantir o cumprimento das metas, o PNE também divulga algumas de suas estratégias. Temos algumas destacadas logo abaixo: 3.1 - Institucionalizar programa nacional de renovação do ensino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre teoria e prática [...] garantindo-se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a produção de material didático específico, a formação continuada de professores e a articulação com instituições acadêmicas, esportivas e culturais; 10 3.2 - O Ministério da Educação, em articulação e colaboração com os entes federados e ouvida a sociedade mediante consulta pública nacional, elaborará e encaminhará ao Conselho Nacional de Educação - CNE, até o 2 o (segundo) ano de vigência deste PNE, proposta de direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) de ensino médio, a serem atingidos nos tempos e etapas de organização deste nível de ensino, com vistas a garantir formação básica comum; 3.4 - Garantir a fruição de bens e espaços culturais, de forma regular, bem como a ampliação da prática desportiva, integrada ao currículo escolar; 3.6 - Universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, fundamentado em matriz de referência do conteúdo curricular do ensino médio e em técnicas estatísticas e psicométricas que permitam comparabilidade de resultados, articulando-o com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB 3.7 - Fomentar a expansão das matrículas gratuitas de ensino médio integrado à educação profissional, observando-se as peculiaridades das populações do campo, das comunidades indígenas e quilombolas e das pessoas com deficiência; 3.11 - Redimensionar a oferta de ensino médio nos turnos diurno e noturno, bem como a distribuição territorial das escolas de ensino médio, de forma a atender a toda a demanda, de acordo com as necessidades específicas dos (as) alunos (as); 3.13 - Implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito ou quaisquer formas de discriminação, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão; 3.14 - Estimular a participação dos adolescentes nos cursos das áreas tecnológicas e científicas. “Com o aumento de concluintes do ensino fundamental, passou a existir uma pressão sobre o ensino médio. O ensino médio não foi definido na Constituição de 1988 como de matrícula obrigatória, mas a Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, indica o ano de 2016 para a conclusão deste processo de obrigatoriedade. Há um conjunto enorme de desafios para que tal processo se efetive. Para o diálogo com os valores e práticas das culturas juvenis, interesse de saber se a escola de ensino médio é atraente ao aluno, de modo que ele possa se vincular a ela completando a escolarização no tempo adequado, com bom aproveitamento.” (Gil, Seffner, 2016, p. 180) 11 Há também outras metas referentes ao Ensino Médio, entre elas a meta número onze que traz consigo o objetivo de triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio. É interessante observar nas últimas décadas uma forte tendência de utilização da lógica empresarial para a organização do ensino público brasileiro, com isso há: “ [...] o deslocamento das preocupações do setor empresarial brasileiro com relação à educação formal. Hoje, o foco desse setor está não só no ensino técnico, como ocorria em outras épocas, mas também, e principalmente, na reorganização curricular do ensino médio regular, com a ampliação do tempo diário de permanência do aluno na escola e mudanças curriculares e na sua gestão”.(Krawczyk, 2014, p. 29). Neste contexto temos então que a estratégia 11.2 traz como elemento de contribuição para a meta onze o fomento da expansão da oferta de educação profissional técnica de nível médio nas redes públicas estaduais de ensino. 3.1 - Plano Estadual de Educação – São Paulo Como critério definido pelo PNE, todos os planos de educação devem ter como parâmetro o Plano Nacional. A título de comparação, decidimos então observar e transcrever o Plano de Educação do Estado de São Paulo, mais especificamente a meta número três, que assim como no Plano Nacional, se refere ao Ensino Médio. Segue abaixo: Meta 3 – Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final de 2016 período de vigência do PEE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento). Estratégias: 3.2. Fomentar no ensino médio, em todas as suas modalidades, o desenvolvimento integrado, multi e interdisciplinar dos componentes curriculares obrigatórios e eletivos 3.3. Aprimorar as avaliações da educação básica no Estado – SARESP 3.4. Garantir a oferta pública e a qualidade do ensino médio noturno, em suas diferentes modalidades, a todos os jovens e adultos, inclusive com a garantia da oferta de alimentação escolar. 3.9. Implementar políticas de prevenção à evasão motivada por qualquer forma de preconceito e discriminação 12 3.11. Estabelecer mecanismos de recuperação das escolas que apresentarem avaliação negativa no SARESP 4 - FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Basicamente, quando falamos de financiamento da educação brasileira temos que entender parâmetros muito antigos e traçar uma história que por demais nos traz informações valiosas a respeito de uma série de motivações e interesses por trás do sistema educacional aqui instaurado desde o processo de colonização. É possível observar que a priori, o financiamento da educação possuiu um caráter de manutenção da permanência do processo de colonização, muito embora a educação no Brasil- Colônia não tenha sido privilegiada com o auxílio de receitas públicas, ficando majoritariamente a cargo dos jesuítas e uma parcela de caráter suplementar a cargo dos interesses particulares. Apesar desse aparente afastamento do Estado com relação ao seu compromisso com a educação, observamos em 1722 o primeiro esboço de projeto educativo que foi o subsídio literário que substitui o modelo jesuítico trazendo um pouco mais de estabilidade através do direcionamento de uma parcela dos impostos dedicada à educação. Em 1824, com a Constituição Imperial, surge a primeira legislação educacional do Brasil, que institui uma série de normas educacionais, legais, junto com leis e regulamentos com instrução jurídica no que tange o setor educacional. Nela, fica pontuado: “Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brasileiro, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte. XXXII. A Instrução primaria, e gratuita a todos os Cidadãos. XXXIII. Colégio, e Universidades, aonde serão ensinados os elementos das Ciências, Belas Letras, e Artes (BRASIL, 1824).” Nota-se a que traz a gratuidade mas em nenhum momento toca no assunto da obrigatoriedade. Passados alguns meandros nesse processo que pode-se dizer de formalização dos recursos que devem ser destinados à educação, podemos observar que a constituição de 1988 traz um conceito muito formal e bem detalhado de como deve ser a distribuição de recursos. Segue um trecho da constituição de 1988 que fala sobre o financiamento: Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito 13 Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, paraefeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213. § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, nos termos do plano nacional de educação. § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) § 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários. § 5º O ensino fundamental público terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida, na forma da lei, pelas empresas, que dela poderão deduzir a aplicação realizada no ensino fundamental de seus empregados e dependentes. § 5º O ensino fundamental público terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (Vide Decreto nº 6.003, de 2006) § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário- educação serão distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Esse é o documento que até hoje regulamenta o financiamento da educação brasileira e pode-se observar já a concretização de números, valores mínimos estabelecidos, articulações entre os diversos níveis de governo. Vamos analisar agora alguns conceitos citados no documento. 14 Transferências constitucionais são, em suma, parte do rateio de receitas federais arrecadadas pela União que são repassadas aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Trata-se de parcelas fundamentais para diminuir o impacto de desigualdades regionais, criando um equilíbrio socio-econômico maior entre Estados e Municípios. Dentre as transferências constitucionais, destacam-se alguns Fundos. Um desses Fundos é o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). O Fundeb foi criado em 2006 pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e é um fundo de caráter Estadual que é composto por impostos arrecadados quase em sua totalidade, a título de complementação, o Fundeb recebe recursos Federais sempre que o valor por aluno não alcançar o valor mínimo definido nacionalmente. O Fundeb é gerido pelo FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - que é responsável por vários outros projetos como o descrito no artigo da Constituição de 1988: o salário-educação. O salário-educação foi criado em 1964 e consiste em uma contribuição obrigatória das empresas para a aplicação em programas de ensino. Atualmente, o valor dessa contribuição é de 2,5% do valor correspondente ao salário mínimo multiplicado pelo número de funcionários da empresa e são isentas dessa taxa instituições como hospitais, instituições filantrópicas e redes públicas de ensino. Além disso, o FNDE possui diversos outros projetos, como o Dinheiro Direto na Escola, Transporte Escolar, entre outros. Todos esses serviços podem ser consultados pela população no portal SIOPE (Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação) com informações detalhadas a respeito de todos os projetos e o total gasto com cada um, entre outras informações. O SIOPE pode ser acessado online 2 . Vale lembrar que na alteração de 2014 no PNE insere-se uma mudança de que 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve ser investido em educação. Outro fato importante a ser pontuado, principalmente por tratar do Ensino Médio propriamente dito é a respeito do financiamento da Educação Brasileira é notar como desde a década de 90 os Estados estão abrindo mão da gestão do Ensino Fundamental e passando essa responsabilidade aos Municípios, enquanto que a gestão pública do Ensino Médio vem sendo exclusividade da rede Estadual. Se analisarmos o número de matrículas em cada uma das redes de ensino, como segue nos gráficos abaixo, é fácil ver quase um abandono do ensino 2 http://www.fnde.gov.br/fnde-sistemas/sistema-siope-apresentacao . Acesso em 23/11/2016 15 público de nível médio estadual - embora esteja sendo tratado apenas o Estado de São Paulo no gráfico em questão. Traz a tona, portanto, a urgência de se pensar em quais os interesses por trás de focar toda a atenção no Ensino Médio, se é que realmente se trata de um foco ou apenas uma impossibilidade de abrir mão de toda a responsabilidade de ensino. ENSINO MÉDIO Fonte: Censo Escolar Relatório 2014. ENSINO FUNDAMENTAL 16 Fonte: Censo Escolar Relatório 2014. 5 - LDB, MEDIDA PROVISÓRIA E REFORMA DO ENSINO MÉDIO 5.1 - O Ensino Médio atualmente e como ele funciona O Ensino Médio é a última etapa da educação básica. Os Estados são responsáveis por tornar o Ensino Médio obrigatório e aumentar o número de vagas disponíveis a fim de atender a todos os concluintes do Ensino Fundamental, segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) e conforme estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE). 5.2 - Lei de Diretrizes e Bases A LDB regulariza e define a organização da educação brasileira baseada nos princípios presentes na Constituição de 1988. A primeira foi criada em 1961, a segunda em 1971, seguida por uma terceira versão em 1996. 5.2.1 - Lei de Diretrizes e Bases - 1961 17 Publicada pelo presidente João Goulart no dia 20 de dezembro de 1961. O primeiro projeto de lei foi encaminhado pelo poder executivo ao legislativo em 1948 e discorreram 13 anos de debate até o concretização do texto final. Estrutura ● Título I - Dos Fins da Educação ● Título II - Do Direito à Educação ● Título III - Da Liberdade do Ensino ● Título IV - Da Administração do Ensino ● Título V - Dos Sistemas de Ensino ● Título VI - Da Educação de Grau Primário ○ Capítulo I - Da Educação Pré-Primária ○ Capítulo II - Do Ensino Primário ● Título VII - Da Educação de Grau Médio ○ Capítulo I - Do Ensino Médio ○ Capítulo II - Do Ensino Secundário ○ Capítulo III - Do Ensino Técnico ○ Capítulo IV - Da Formação do Magistério para o Ensino Primário e Médio ● Título VIII - Da Orientação Educativa e da Inspeção ● Título IX - Da Educação de Grau Superior ○ Capítulo I - Do Ensino Superior ○ Capítulo II - Das Universidades ○ Capítulo III - Dos Estabelecimentos Isolados de Ensino Superior ● Título X - Da Educação de Excepcionais ● Título XI - Da Assistência Social Escolar ● Título XII - Dos Recursos para a Educação ● Título XIII - Disposições Gerais e Transitórias Trecho LEI Nº 4024, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1961 Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 18 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TÍTULO I Dos Fins da Educação Art. 1º A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim: a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem; c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional; d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação na obra do bem comum; e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos recursos científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as possibilidades e vencer as dificuldades do meio; f) a preservação e expansão do patrimônio cultural; g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe ou de raça. TÍTULO II 19 Do Direito à Educação Art. 2º A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Parágrafo único. À família cabe escolher o gênero de educação que deve dar a seus filhos. Art. 3º O direito à educação é assegurado: I - pela obrigação do poder público e pela liberdade de iniciativa particular de ministrarem o ensino em todos os graus, na forma de lei em vigor; II - pela obrigação do Estado de fornecer recursos indispensáveis para que a família e, na falta desta, os demais membros da sociedade se desobrigam dos encargos da educação, quando provada a insuficiência de meios, de modo que sejam asseguradas iguais oportunidades a todos. 3 5.2.2 - Lei de Diretrizes e Bases - 1971 Publicada em 11 de agosto de 1971, durante o regime militar pelo presidente Emílio Garrastazu Médici. Estrutura ● Capítulo I - Do Ensino de 1º e 2º Graus ● Capítulo II - Do Ensino de 1º Grau ● Capítulo III - Do Ensino de 2º Grau ● Capítulo IV - Do Ensino Supletivo ● Capítulo V - Dos Professores e Especialistas ● Capítulo VI - Do Financiamento ● Capítulo VII - Das Disposições Gerais ● Capítulo VIII - Das Disposições Transitórias Trecho Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. 3 http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722- publicacaooriginal-1-pl.html Acesso em 21/11/2016 https://pt.wikipedia.org/wiki/11_de_agosto https://pt.wikipedia.org/wiki/11_de_agosto https://pt.wikipedia.org/wiki/1971 https://pt.wikipedia.org/wiki/1971 https://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_militar https://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_militar https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidente https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidente https://pt.wikipedia.org/wiki/Em%C3%ADlio_Garrastazu_M%C3%A9dici https://pt.wikipedia.org/wiki/Em%C3%ADlio_Garrastazu_M%C3%A9dici http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-publicacaooriginal-1-pl.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-publicacaooriginal-1-pl.html 20 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I Do Ensino de 1º e 2º graus Art. 1º O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto- realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania. § 1º Para efeito do que dispõe os artigos 176 e 178 da Constituição, entende-se por ensino primário a educação correspondente ao ensino de primeiro grau e por ensino médio, o de segundo grau. § 2º O ensino de 1° e 2º graus será ministrado obrigatòriamente na língua nacional. Art. 2º O ensino de 1º e 2º graus será ministrado em estabelecimentos criados ou reorganizados sob critérios que assegurem a plena utilização dos seus recursos materiais e humanos, sem duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes. Parágrafo único. A organização administrativa, didática e disciplinar de cada estabelecimento do ensino será regulada no respectivo regimento, a ser aprovado pelo órgão próprio do sistema, com observância de normas fixadas pelo respectivo Conselho de Educação. Art. 3º Sem prejuízo de outras soluções que venham a ser adotadas, os sistemas de ensino estimularão, no mesmo estabelecimento, a oferta de modalidades diferentes de estudos integrados, por uma base comum e, na mesma localidade: a) a reunião de pequenos estabelecimentos em unidades mais amplas; b) a entrosagem e a intercomplementariedade dos estabelecimentos de ensino entre si ou com outras instituições sociais, a fim de aproveitar a capacidade 21 ociosa de uns para suprir deficiências de outros; c) a organização de centros interescolares que reúnam serviços e disciplinas ou áreas de estudo comuns a vários estabelecimentos. Art. 4º Os currículos do ensino de 1º e 2º graus terão um núcleo comum, obrigatório em âmbito nacional, e uma parte diversificada para atender, conforme as necessidades e possibilidades concretas, às peculiaridades locais, aos planos dos estabelecimentos e às diferenças individuais dos alunos. § 1º Observar-se-ão as seguintes prescrições na definição dos conteúdos curriculares: I - O Conselho Federal de Educação fixará para cada grau as matérias relativas ao núcleo comum, definindo-lhes os objetivos e a amplitude. II - Os Conselhos de Educação relacionarão, para os respectivos sistemas de ensino, as matérias dentre as quais poderá cada estabelecimento escolher as que devam constituir a parte diversificada. III - Com aprovação do competente Conselho de Educação, o estabelecimento poderá incluir estudos não decorrentes de materiais relacionadas de acôrdo com o inciso anterior. § 2º No ensino de 1º e 2º graus dar-se-á especial relêvo ao estudo da língua nacional, como instrumento de comunicação e como expressão da cultura brasileira. § 3º Para o ensino de 2º grau, o Conselho Federal de Educação fixará, além do núcleo comum, o mínimo a ser exigido em cada habilitação profissional ou conjunto de habilitações afins. § 4º Mediante aprovação do Conselho Federal de Educação, os estabelecimentos de ensino poderão oferecer outras habilitações profissionais para as quais não haja mínimos de currículo prèviamente estabelecidos por aquêle órgão, assegurada a validade nacional dos respectivos estudos. 4 4 http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752- publicacaooriginal-1-pl.html Acesso em 21/11/2016 http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html 22 5.2.3 - Lei de Diretrizes e Bases - 1996 Sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo ministro da educação Paulo Renato em 20 de dezembro de 1996 Estrutura ● Título I - Da educação ● Título II - Dos Princípios e Fins da Educação Nacional ● Título III - Do Direito à Educação e do Dever de Educar ● Título IV - Da Organização da Educação Nacional ● Título V - Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino ○ Capítulo I - Da Composição dos Níveis Escolares ○ Capítulo II - Da Educação Básica ■ Seção I - Das Disposições Gerais ■ Seção II - Da Educação Infantil ■ Seção III - Do Ensino Fundamental ■ Seção IV - Do Ensino Médio ■ Seção V - Da Educação de Jovens e Adultos ○ Capítulo III - Da Educação Profissional ○ Capítulo IV - Da Educação Superior ○ Capítulo V - Da Educação Especial ● Título VI - Dos Profissionais da Educação ● Título VII - Dos Recursos Financeiros ● Título VIII - Das Disposições Gerais ● Título IX - Das Disposições Transitórias Trecho Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidente https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidentehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Henrique_Cardoso https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Henrique_Cardoso https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_(Brasil) https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_(Brasil) https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Renato_Souza https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Renato_Souza https://pt.wikipedia.org/wiki/20_de_dezembro https://pt.wikipedia.org/wiki/20_de_dezembro https://pt.wikipedia.org/wiki/1996 https://pt.wikipedia.org/wiki/1996 23 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: TÍTULO I Da Educação Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. TÍTULO II Dos Princípios e Fins da Educação Nacional Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. 24 XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) 5 5.3 - Medida Provisória Instrumento com força de lei, adotado pelo presidente da República, em casos de relevância e urgência, cujo prazo de vigência é de sessenta dias, prorrogáveis uma vez por igual período. Produz efeitos imediatos, mas depende de aprovação do Congresso Nacional para transformação definitiva em lei. 5.3.1 - Medida Provisória nº 746/2016 Publicada em edição extra do Diário Oficial da União, no dia 23 de setembro de 2016. Trecho Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos MEDIDA PROVISÓRIA Nº 746, DE 22 DE SETEMBRO DE 2016. Institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e a Lei nº 11.494 de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei: Art. 1º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 24. ....................................................................... ............................................................................................. 5 http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf Acesso em 21/11/2016 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/mpv%20746-2016?OpenDocument https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf 25 Parágrafo único. A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser progressivamente ampliada, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, observadas as normas do respectivo sistema de ensino e de acordo com as diretrizes, os objetivos, as metas e as estratégias de implementação estabelecidos no Plano Nacional de Educação.” (NR) “Art. 26. ....................................................................... § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente da República Federativa do Brasil, observado, na educação infantil, o disposto no art. 31, no ensino fundamental, o disposto no art. 32, e no ensino médio, o disposto no art. 36. § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensino fundamental, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensino fundamental, sendo sua prática facultativa ao aluno: ............................................................................................. § 5º No currículo do ensino fundamental, será ofertada a língua inglesa a partir do sexto ano. 6 - REFORMA DO ENINO MÉDIO: O QUE MUDA NA LDB COM A MEDIDA PROVISÓRIA DO MEC ANTES DEPOIS CARGA HORÁRIA No período de 3 anos no Ensino Médio, os alunos devem cumprir, no mínimo, 800 horas de aula e 200 dias letivos anuais, segundo a LDB. CARGA HORÁRIA A MP do Governo Federal expande ""gradativamente" a carga horária para 1.400 horas, sem explicitar o número mínimo de dias letivos por ano. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art24p https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art26§1. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art26§1. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art26§5. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art26§5. 26 DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS As disciplinas de Sociologia e Filosofia se tornam obrigatórias em 2008 nos 3 anos do Ensino Médio. A LDB institui que o ensino de Educação Física e Artes serão obrigatórios até o fim da Educação Básica. DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS A decisão de incluir Artes, Sociologia, Filosofia e Educação Física nas aulas do Ensino Médio será facultativa. ENSINO TÉCNICO A lei possibilita que as escolas integrem o Ensino Técnico e Profissionalizante ao Ensino Médio de diversas formas. ENSINO TÉCNICO O Ensino Técnico e Profissionalizante terá mesmo peso que as quatro áreas do conhecimento. LÍNGUA ESTRANGEIRA As escolas são obrigadas a fornecer, a partir do 6°ano, aula de, no mínimo, uma língua estrangeira, podendo escolher qual. LÍNGUA ESTRANGEIRA A Língua Inglesa se torna obrigatória e as escolas podem escolher uma segunda língua, preferencialmente o Espanhol. PROFESSORES Obrigatoriedade de diploma técnico ou superior na área pedagógica ou afim. PROFESSORES Profissionais de notório saber" poderão ser contratados por redes de ensino e escolas para dar aulas "afins a sua formação". VESTIBULARES As Universidades são livres para definir os conteúdos exigidos nas provas de seleção. VESTIBULARES O conteúdoexigido nos vestibulares será apenas "as competências, as habilidades e as expectativas de aprendizagem das áreas de conhecimento definidas na BNCC". GESTÃO DE DISCIPLINAS A LDB organiza o currículo do Ensino Médio, quais disciplinas serão oferecidas e por quantas horas. GESTÃO DE DISCIPLINAS Os sistemas de Ensino terão autonomia para definir a organização das áreas de conhecimento, competências, habilidades e expectativas de aprendizagem, segundo a BNCC. 27 CUMPRIMENTO DA CARGA HORÁRIA O cumprimento da carga horária se dá apenas no âmbito escolar, ou seja, dentro da escola. CUMPRIMENTO DA CARGA HORÁRIA O cumprimento da carga horária poderá também se dar, mediante regulamentação própria e com comprovação afazeres como: demonstração prática; experiência de trabalho supervisionado ou qualquer outro tipo de experiência fora do âmbito escolar; ensino técnico ofertado por outra instituição de ensino; cursos em centros ou programas ocupacionais; estudos cumpridos em instituições nacionais ou internacionais; ensino a distância ou presencial permeado por tecnologias. 6.1 - Implantação e projeções para Medida Provisória nº 746/2016 Mendonça Filho, Ministro da Educação, diz que quer que a mudança comece ano que vem a ser implantada, para isso, o presidente Michel Temer pode editar uma medida para que a Reforma seja analisada e aplicada a partir de 2017, acelerando esse trâmite e essa discussão no Congresso Nacional. Rossieli Soares, Secretário de Educação Básica no Ministério da Educação, diz que a meta é que daqui oito anos, 25% das matrículas no Ensino Médio sejam de tempo integral, mas que por agora, a carga horária se mantém. Soares ressalta que "a proposta da carga horária é gradativa, sem obrigatoriedade", pois existem aqueles jovens que precisam trabalhar e não conseguem frequentar o Ensino Integral imediatamente, tanto que as redes estaduais possuem autonomia para decidirem como alcançar a meta de 25% das matrículas até 2024. ● “O que nós estamos dizendo agora é que, se o sistema de ensino tiver condições, puder ofertar e observar a vocação, ouvido o aluno, ouvidos os professores, a região onde a escola está inserida, esse ensino técnico pode ser [concluído] dentro das 2.400 horas do ensino médio”, mostra Rossieli. Ele explica que a implantação dessa Reforma não será imediata, porém, prevê mudanças significativas já para 2018, pois acredita que se 28 a mudança não for feita agora, perderemos "outros milhões de jovens nesse meio do caminho", que não concluirão a educação básica. Segundo Mário Sérgio Cortella, filósofo e educador, a Medida Provisória não conseguirá ser aplicada, pois precisa de amadurecimento para se colocar em prática medidas tão radicais. Ele completa que, na educação, as ideias exigem tempo de reflexão e debate, há anos existe esse debate no Congresso e não deve ser colocado de uma hora pra outra, "não irá funcionar", explicou Cortella para o programa Globo News. Anna Helena Altenfelder, mestre e doutora em Psicologia da Educação e participante do Cenpec (uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, comprometida com a melhoria do ensino público brasileiro), acredita que tal mudança pode aumentar a desigualdade, ao se pensar no déficit de professores e na precarização do ensino no Brasil, além da flexibilização dos conteúdos colocar em risco a ideia de equidade entre os jovens e a chance de um aluno de um nível socioeconômico (NSE) mais baixo aprenderem o mesmo que estudantes com um NSE mais alto. ● “A dúvida é se quem não teve oportunidade de aprender matemática, física e português, por falta de professores ou por superlotação das salas, por exemplo, terá as mesmas oportunidades de escolha de quem teve a possibilidade de aprender e também se os pequenos municípios, com uma ou duas escolas, terão condições de proporcionar esse percurso flexível”, segundo Anna Helena que ressalta também: “Será uma escolha por aptidão e interesse ou será o que chamamos de uma ‘escolha forçada’, dada pelas circunstâncias e as condições sociais dos estudantes? Porque a realidade das redes não permite que todos os jovens tenham a mesma condição de escolher”, adverte. Daniel Cara, Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que extensão da carga horária dependerá do governo federal, que é quem arrecada dinheiro no país, porém causa uma enorme contradição, já que a PEC 241 acabou de ser lançada e irá congelar recursos para a Educação nos próximos 20 anos, ou seja, expandir o tempo do aluno na escola mas não ter recursos para isso é um paradoxo. Além do que, aumentar a quantidade de horas das aulas pode causar uma maior evasão de alunos do Ensino Médio, porque um período de aula de 5 horas hoje já é considerado ruim (por diversos fatores, como: professor mal formado, não tem motivação para dar aula, estrutura inadequada das escolas, salas 29 superlotadas), longo e chato, imagina 7 horas na escola, para um aluno que muitas vezes não quer estar ali, portanto, pode aumentar a saída desse jovens das instituições de ensino. ● Na escola em tempo integral, segundo Daniel, o que mais atrai os estudantes são as disciplinas de Educação Artística e Educação física, pois a dinâmica tradicional de aula (professor na lousa, carteiras enfileiradas) não atrai mais, deve-se estimular mais os professores, então retirar essas disciplinas é desmotivar o aluno a frequentar o colégio. ● A Reforma não trata de questões estruturais porque essas levam mais tempo pra dar certo, para serem discutidas e analisadas, por isso muitos educadores dizem que é uma medida apressada, pois não resolve problemas estruturais e quer resolver questões do ensino. ● A partir do dia da publicação da Medida Provisória, ela vale por 120 dias, porém ainda precisa ser votada no Congresso Nacional, entretanto, Daniel acredita que deveria se ter mais tempo que isso para discutir algo de tamanha grandeza. ● Essa Reforma pode causar uma aumento na desigualdade dos jovens, e por consequência, dos adultos, pois os alunos pobres tem demanda de empregabilidade mais imediata e provavelmente optarão por um percurso mais técnico, profissionalizante, e o ensino tradicional ficará para aqueles que não dependem de conseguir um emprego mais rapidamente. Isso pode resultar numa ampliação da desigualdade, pois divide os jovens entre aqueles que tomam as decisões e os que obedecem as decisões previamente tomadas. Além disso, essa entrada tão precoce no mercado de trabalho, danifica a carreira do jovem que ingressa numa posição de subemprego e dificilmente, raras exceções, vai se tornar gerente ou chefe, portanto de manterá em posições mais baixas na escala de cargos, assim como Anna Helena ressaltou anteriormente. ● Portanto, a Reforma não tem respaldo estrutural para ocorrer e é um caminho robotizado, que não prioriza o pensamento crítico e o contato com as artes, por isso ainda não foi discutida o suficientemente para ser colocada em prática, segundo Daniel Cara. 30 6.2 – ANÁLISES Sobre as mudanças propostas, várias reflexões foram formadas, questionando e considerando os efeitos colaterais no caso de concretização da medida. Em 22 de setembro de 2016 foi publicada a 45° nota pública do Fórum Nacional de Educação – Sobre a Medida Provisória relativa ao ensino médio. Nela é registrado que a medida é um “grande equívoco” pois uma mudança com tamanhas proporções deveria ser discutida responsavelmente e de maneira qualificada por educadores, educandos, pais, responsáveis, gestores, pesquisadores em todo o país. Cuidar da “ampla participação, compreensão e consenso entre entidades, movimentos e instituições.”. Além de “considerar as dimensões de nosso país, sua rica diversidade e, também, as enormesdesigualdades que ainda o caracterizam.”. Afirma ainda que a edição de uma Medida Provisória organizada por tão poucos dentro de um gabinete sobre um assunto tão complexo “não é instrumento adequado e não pode prosperar”. Diz também que o governo Temer erra no “método e no processo” que diz respeito à situação como um todo e pontua que a proposição: a. reforça a fragmentação e hierarquia do conhecimento escolar que as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio, amplamente debatidas, buscaram enfrentar; b. não trata de questões basilares, como as condições objetivas e infraestruturais das escolas, a profissionalização e valorização dos profissionais da educação, a relação discente-turma- docente, a inovação nas/das práticas pedagógicas, entre outros aspectos; c. empobrece a formação para reduzir custos e precarizar o trabalho docente, desconhecendo que para a oferta de qualquer modelo formativo é necessário enfrentar o déficit de docentes em muitas áreas; d. pretende eliminar a estreita e fundamental relação entre o conhecimento tratado na escola e sua relação com a sociedade que o produz; e. induz, de forma quase compulsória e nada clara, a educação integral, sem deixar explícitas quais concepções a presidirão e em que condições objetivas de apoio do Governo Federal se dará sua implementação que, assim, será provavelmente “progressivamente ampliada” ao arrepio de gestores não 31 consultados, de docentes sobrecarregados, de educandos que trabalham e de escolas sem condições objetivas; f. torna o inglês obrigatório sem ocupar-se das objetivas e distintas realidades das redes e sistemas, abrindo enorme flanco para sua oferta por “grupos e empresas interessadas” junto à redes e sistemas fragilizados e compelidos a cumprir uma obrigação; g. retoma a discussão sobre organização curricular com base em temas transversais às disciplinas, reeditando formato experimentado em período recente da educação brasileira a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais anteriores às que estão em vigência, e que se mostrou inócuo; h. ignora a instância permanente de negociação e cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, plural, prevista pelo PNE e editada, em caráter transitório, pela Portaria no 619 de 24 de junho de 2015, ao tratar dos processos de escuta e aprovação para inclusão de novos componentes curriculares de caráter obrigatório na BNC; i. busca ressignificar e restringir o objetivo da BNC, reposicionando os conceitos de competências, habilidades e expectativas de aprendizagem; j. dispensa, na prática, o corpo, a alma, a estética e a ética dos nossos jovens com a supressão das artes, da educação física, da sociologia e da filosofia que, ao contrário de serem reconhecidas como campos fundamentais para o desenvolvimento integral da pessoa e o desenvolvimento da cidadania, são vistas como coisas que atrapalham a formação; k. refere-se aos aspectos socioemocionais e, no contexto de uma proposição restritiva, abre- se oportunidade para sua mensuração; l. possibilita a ampliação da presença do “setor produtivo” no campo da formação técnica e profissional; m. abre enorme espaço para a pressão local de grupos interessados sobre os sistemas ao tratar das possibilidades de cumprimento de exigências curriculares do Ensino Médio, “mediante regulamentação própria” dos sistemas; n. vilipendia a formação docente e desmonta a meta 15 constante da Lei no 13.005/14, do Plano Nacional de Educação, ao cristalizar a atuação de “profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino 32 para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação”, sem estabelecer qualquer diálogo com conselhos de educação e instituições formadoras; o. propõe, em um contexto de precaríssima discussão no campo e junto às instituições, bem como a pretexto de abrir espaços para novos formatos de aproveitamento de estudos e carga horária, a convalidação de conteúdos cursados para aproveitamento de créditos na Educação Superior, abrindo “uma avenida” para a conclusão aligeirada e sem qualidade nas Licenciaturas; p. propõe à comunidade educacional “um salto no escuro” ao sugerir a necessária substituição de disciplinas por “itinerários formativos” ancorados em uma Base Nacional Comum ainda não concluída e em uma articulação com o mercado de trabalho, alicerçados na reedição da dualidade e fragmentação entre a educação que será oferecida aos jovens das elites (formação intelectual) e aos jovens trabalhadores e filhos e filhas de trabalhadores (formação manual), reeditando o modelo do período ditatorial, marcado pelo viés eficienticista e mercadológico; q. propõe uma “Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral” que, no contexto das medidas regressivas de ajuste fiscal e restrição do gasto público em educação, a exemplo da PEC 241/16, representará, na prática, uma medida para atrair e ludibriar redes e sistemas de educação que, malgrado, serão deixados à própria sorte em curto espaço de tempo; r. estabelece que o acesso ao apoio financeiro para implementação do modelo será viabilizado àqueles que “atendam às condições previstas em ato do Ministro de Educação”, mais uma vez ignorando o diálogo por meio da instância permanente de negociação e cooperação federativa; s. estabelece que “transferência de recursos será realizada anualmente, a partir de valor único por aluno, respeitada a disponibilidade orçamentária para atendimento, a ser definida por ato do Ministro de Estado da Educação” ignorando, mais uma vez, a instância permanente de negociação e cooperação federativa e,particularmente, desconhecendo a legislação (PNE) e toda a discussão sobre o Custo Aluno Qualidade (CAQ) e Custo Aluno Qualidade inicial (CAQi) e as diversidades regionais; t. atribui competências aos conselhos na prestações de contas dos recursos repassados no abrangida pela MP sem que tenha havido qualquer diálogo para viabilizar o 33 cumprimento de tais atribuições pelos entes, bem como realizada qualquer análise sobre as condições objetivas dos conselhos para tal; u. revoga a Lei no 11.161, de 5 de agosto de 2005 que dispõe sobre o Ensino da Língua Espanhola; v. silencia em relação à forma como se garantirá o direito de acesso à Educação Básica para mais de dois milhões de jovens de 15 a 17 anos que estudam e trabalham ou só trabalham; w. desconsidera as especificidades dos sujeitos que estudam à noite, em suas especificidades etárias, socioculturais e relativas à experiência escolar que culminam por destituir de sentido a escola para milhões de jovens, adultos e idosos; Conclui-se considerando que as mudanças inegavelmente necessárias no sistema de ensino do ensino médio não são justificativa para “soluções mágicas, verticais e autoritárias que ignoram o acúmulo do campo e, na prática, se aprovadas, só produzirão retrocessos e ampliação das desigualdades educacionais no país e, consequentemente, das sociais.”. O Fórum Nacional de Educação se posiciona a favor de “um currículo que integre de forma orgânica e consistente às dimensões da ciência, da tecnologia, da cultura e do trabalho, como formas de atribuir significado ao conhecimento escolar e, em uma abordagem integrada, produzir maior diálogo entre os componentes curriculares, estejam eles organizados na forma de disciplinas, áreas do conhecimento ou ainda outras formas previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio.”. A nota é finalizada considerando que as mudanças necessárias não devem se dar precipitadamente nem sem o debate e participação da sociedade civil. No dia do professor, a Agência Brasil conversou com professores contrários e favoráveis ao modelo proposto na MP. 6.2.1 - À FAVORA - Cleverson Lino Batista, professor de filosofia, ética e sociologia do ensino médio no Colégio São Pedro do Vaticano e do ensino fundamental na Rede Coleguium, ambas escolas particulares em Belo Horizonte, diz que a MP é positiva ao trazer o ensino técnico ao ensino médio. "É muito importante, principalmente para os mais pobres. É uma oportunidade de inserção no mercado de trabalho". Para ele, outro ponto positivo é a possibilidade do estudante escolher a trajetória de ensino. 34 "A MP é uma tentativa importante [de melhorar o ensino médio]. Atualmente, ela não dá perspectiva para muita gente que não vai fazer o vestibular. Não tem essa possibilidade de encarar, dentro do ensino médio, a especificidade de cada emprego, de cada mercado de trabalho e profissão. Com o ensino técnico, o estudante pode ter essa oportunidade de lidar com a profissão", defende. Sobre a possibilidade de sociologia, filosofia, artes e educação física deixarem o currículo obrigatório do ensino médio, o professor diz que não acredita que isso ocorra. Pela MP, os componentes curriculares obrigatórios, além de português e matemática, serão todos definidos na Base Nacional Comum Curricular, atualmente em discussão. "Eu creio que esses conteúdos dificilmente deixarão de compor o ensino médio. Pelo que acompanhei da Base, as disciplinas estarão contempladas", diz. B - O professor de filosofia Djalma Silveira, da Escola Estadual José Barbosa Rodrigues, em Campo Grande, defende que o ensino médio necessita de reforma. "Precisa de reforma urgente. Do jeito que está eu tenho 50 minutos de aula com cada turma, quando eu consigo deixar a sala preparada, já perdi 25 minutos. O currículo do ensino médio está sobrecarregado. O professor não tem tempo para fazer o que precisa", diz. Segundo ele, modelos semelhantes existem em outros países. Ele diz que concorda com a proposta de reforma, mas que é necessário discutir mais. "Sobre o ensino técnico, é preciso levantar o que o país quer. Temos um Estado que mais atrapalha do que ajuda quando se quer abrir uma empresa, investir, criar renda. O estudante sai do ensino médio com sonho de emprego e no final não tem. Sou a favor do ensino técnico, mas é preciso discutir que país se quer para que a escola acompanhe", defende 6.2.2 - CONTRA A - Para a professora do Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, Elisane Fank, a proposta poderá levar a uma precarização do ensino, com a ênfase maior em uma formação tecnicista em oposição a uma formação crítica dos estudantes. No Paraná, professores decidiram entrar em greve e estudantes ocupam mais de 300 escolas - de acordo com Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Paraná - em protesto contra a MP e contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe os gastos da União (PEC 241), entre outras medidas nacionais e estaduais. Os professores também pedem melhores condições de trabalho. 35 "Recebemos a MP como uma forma bastante autoritária. Estávamos participando dos debates do projeto de lei da reforma. Não havia consenso sobre a reforma do ensino médio, mas havia debate. Os professores, por meio dos sindicatos e escolas, estavam se posicionando. Esse debate foi totalmente interrompido", diz. Segundo ela, os professores propunham a reorganização da grade curricular, de forma que as disciplinas não fossem ensinadas em tempos específicos, mas que houvesse maior fluidez dos conteúdos. A professora afirma que a educação integral, da forma como está proposta, compreende apenas a extensão do tempo e aumento da carga de português e matemática visando a melhoria nos índices educacionais. "A formação humana tem que pautar o tempo do aluno e não o índice do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio]", defende. B - O professor de filosofia e sociologia, Osmar Antônio Schroh, do Colégio Estadual Jose de Anchieta, em União da Vitoria (PR), é contrário à proposta. Segundo ele, falta estrutura as escolas para que o ensino ganhe mais qualidade. Ele diz que é a favor do ensino médio integral, mas que é preciso infraestrutura. "Sempre fomos a favor de ensino integral, mas a escola precisa estar preparada para isso. Quando se fala em educação - como a da Finlândia - precisamos de investimento, de preparação. Não temos escolas preparadas para isso", argumenta. Segundo ele, falta estrutura para estudantes e professores. É necessária formação para os profissionais, tecnologias que ajudem a trazer a pratica para dentro da escola e o interesse nos estudos. Além disso, o professor diz que faltam condições de trabalho, por exemplo, tempo para que os docentes preparem as aulas e corrijam as provas, o que, de acordo com ele, embora garantido por lei (Lei do Piso), na prática isso acaba sendo feito em casa e nos fins de semana. "Não podemos pensar o ensino médio como profissionalização para mão de obra barata e nem como algo que prepara só para o vestibular. Tem que ter conotação de preparar o cidadão para que tenha autonomia e possa decidir o que quer", diz. 7 - QUESTIONÁRIOS Como parte do trabalho de campo foi entregue um questionário à alguns alunos da ETEC Dr. Nelson Alves Vianna e do Colégio Absoluto Anglo, ambas instituições de ensino localizadas na cidade de Tietê, cidade do interior do Estado de São Paulo. 36 Segundo o IBGE, Tietê é uma cidade com população estimada neste ano de 2016 de cerca de 40.500 pessoas, contando com 5 escolas que atendem ao Ensino Médio. O aluno, Caio Henrique de Paula Rodrigues, é natural da cidade e foi ele quem realizou esta parte do trabalho de campo. Caio estudou no Colégio Absoluto Anglo nos 3 anos do Ensino Médio e sua irmã estuda na ETEC atualmente, por isso foram escolhidas estas escolas pela facilidade em se realizar o trabalho nelas. Tietê é também a cidade natal do atual presidente da república, Michel Temer. O Colégio Absoluto Anglo é uma instituição de ensino privada que atende Ensino Fundamental, Médio e curso pré-vestibular. Enquanto que a ETEC é uma escola pública estadual que atende cursos técnicos e o Ensino Médio integrado a um curso técnico. Os questionários foram preenchidos por alunos do primeiro ano da classe de Ensino Médio integrado ao técnico em administração da ETEC e pelos alunos de uma sala de terceiro ano do colégio Absoluto. A proporção das respostas das duas primeiras perguntas do questionário foram as seguintes: Pergunta 1: A escola incentiva a participação dos jovens na vida social e política? 37 Pergunta 2: A escola valoriza a cultura e a experiência de vida (gostos, ideias, proposições) dos jovens? Evidencia-se aí um fato que era esperado, a escola privada pelo caráter estritamente voltado ao vestibular acaba não levando em consideração, ao menos no ensino médio, a experiência de vida dos alunos e sua participação na vida social e política, ao contrário do que acontece na ETEC, onde isso parece ser levado mais a sério. Neste ano de 2016 a educação básica passa a ser obrigatória dos 4 aos 17 anos e sua oferta gratuita deve ser assegurada pelo Estado, assim o Ensino Médio deve ser assegurado pelo Estado até mesmo para aqueles que não tiveram acesso na idade própria. Perguntamos então aos alunos qual a opinião deles sobre a obrigatoriedade do Ensino Médio e de forma geral eles acham sim que o Ensino Médio deva ser obrigatório. Pergunta: Você concorda que o Ensino Médio seja obrigatório? 38 A conclusão que se tira disso é de que eles acreditam que o Ensino Médio seja importante para todos. Perguntamos também aos alunos se eles tinham conhecimento da PEC 241 (atual PEC 55/2016) e da medida provisória. E o resultado foi o seguinte: 39 obs: A coleta dessas informações foi obtida através das duas perguntas seguintes: “Você ouviu falar sobre a medidaprovisória que diz reformar o Ensino Médio?”; “Você ouviu falar sobre a PEC 241 que congela gastos públicos afetando a educação entre outros?”. Note que a grande maioria deles (mais de 90%) sabiam sobre a MP e pouco mais de 65% deles sabiam sobre a PEC. A notícia da medida provisória, aparentemente, está sendo mais bem divulgada do que a PEC. Mas de forma geral eles estão por dentro dos acontecimentos políticos que têm influência direta com respeito ao seu nível de escolaridade (ao menos dos dois mais importantes deles). Perguntamos ainda sobre a opinião deles a respeito da PEC e da MP e como a MP trata-se de uma medida provisória de reforma do Ensino Médio, perguntamos também se eles acham que o Ensino Médio precisa ser reformulado. Pergunta: Você acha que esta medida é positiva? 40 Pergunta: Você concorda com esta PEC? Pergunta: Você acha que o ensino médio precisa ser reformulado (não necessariamente como foi proposto pela medida provisória)? 41 Nota-se aí uma forte desaprovação a esta medida (60% levando em conta ambas as escolas) e uma desaprovação ainda maior em relação a PEC 241 (cerca de 80%), desaprovações estas que se refletem de forma ainda mais intensas em ambas as consultas públicas do Senado, em que é possível opinar enquanto a matéria está em tramitação, que por volta das 23:20 do dia 15/11/2016 eram próximas de 95%. Contudo apesar da desaprovação à MP, nota-se que eles acreditam que o Ensino Médio precisa ser reformulado, ou seja, os alunos não reprovam a PEC por estarem satisfeitos com o ensino, mas pela maneira que vem sendo feita, sem muito diálogo e discussões sobre algo tão importante. Avaliamos também quantos deles trabalham, mas por se tratar de uma ETEC, ou seja, uma escola com ensino integral e uma escola privada, esperávamos que esse número fosse pequeno, porém ficamos surpresos ao notar que na escola privada havia uma quantidade significativa até de alunos que trabalham, se levarmos em conta o perfil dos alunos de instituições particulares de ensino. Pergunta: Você trabalha? 42 Por fim, analisamos quantos deles pretendiam fazer faculdade seja pública ou particular. Pergunta: Você pretende fazer faculdade pública? 43 Pergunta: Você pretende fazer faculdade particular? Obs: É possível que um aluno que diz pretender fazer faculdade pública também pretenda fazer faculdade particular. É interessante notar que nenhum dos alunos da ETEC recusa a ideia de fazer universidade pública, mas há indecisões que de certa forma era até esperada por se tratar de 44 uma sala de 1º ano. Além disso 87,5% daqueles que se mostraram indecisos sobre se fariam faculdade pública também se mostraram indecisos quanto a particular. Enquanto que entre os alunos do Colégio Absoluto a maior parte deles pretende fazer faculdade pública, mas há aqueles que não desejam fazê-lo, dentre estes últimos todos eles pretendem fazer faculdade em instituição privada. É interessante ainda notar, que mesmo que o questionário tenha sido feito com uma turma de terceiro ano em outubro, ou seja, quando as inscrições para os vestibulares já haviam ocorrido, há ainda pessoas indecisas, poucas, mas existem, além disso os indecisos estavam indecisos tanto quanto a faculdade pública quanto a privada. 8 - ENTREVISTAS A MEDIDA PROVISÓRIA (MP) nº 746, de 2016 promove alterações na estrutura do ensino médio por meio da criação da Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Em primeira instância, é difusa e aceita a ideia de que o atual Ensino Médio precisa de uma reformulação, no entanto, a proposta vinda por meio de uma medida provisória causou polêmica. Três professores foram entrevistados pelo grupo a fim de poder fazer uma discussão com profissionais da área de educação. O professor Marcos Garcia Neira é Licenciado em Educação Física pela Faculdade de Educação Física de Santo André e Pedagogia pela Universidade de São Paulo. Mestre e Doutor pela Faculdade de Educação da USP. Pós Doutor pela Universidade do Minho, Portugal, e Universidade Estadual de Campinas. O professor Mário Luiz Ferrari Nunes é Licenciado em Educação Física pela Faculdade de Educação Física de Santo André. Mestre, Doutor e Pós Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. Já a professora Simone Cecilia Fernandes é Licenciada, Mestre e Doutora pela Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. Com a análise das respostas das entrevistas, pôde se notar que há certas preocupações comuns entre os entrevistados. As questões abordadas pelos entrevistados começam a partir da decisão de reformular o ensino médio ser tomada por meio de uma MP, onde não possibilita a ampla discussão do assunto. Segundo os entrevistados, um tema como esse deveria ser discutido minuciosamente com todos os agentes que perpassam pela escola, como professores, alunos e a comunidade. 45 Além disso, a ampliação do EM obrigou uma mudança curricular, no qual o aluno na metade final do curso, poderá escolher a área de maior interesse para se aprofundar e profissionalizar. No entanto, essa proposta retira o direito de uma grande parcela da população de aprofundar, acessar, interagir e ampliar seu universo de conhecimento. Ao escolher uma área e não ter contato com outras ou ter sua carga reduzida, a possibilidade do jovem ou adulto estudante do EM compreender o mundo, e poder fazer uma intervenção mais qualificada e crítica no mesmo se reduz drasticamente. A ideia de que qualquer pessoa possa assumir a responsabilidade de formar as novas gerações é no mínimo preocupante. Principalmente quando se abre a possibilidade de contratação de docentes sem a necessidade de concurso público, como no texto da MP se faz presente. Com isso se abre espaços para favorecimentos que, no futuro, os jovens e adultos do ensino médio terão um prejuízo enorme. Porém, isso se torna ainda mais problemático ao analisarmos a escola como uma instituição disciplinadora. A escola moderna é o centro em que se dá de forma mais consistente e profunda a conexão entre poder e saber na Modernidade sendo assim, a mais poderosa máquina de governamentalização (Veiga-Neto, 2001, p. 109). Segundo Marcos Neira hoje sabemos que o currículo é um dos principais dispositivos na constituição dos sujeitos. O cidadão que pretendemos formar passa obrigatoriamente pela escola. Logo, qualquer projeto de sociedade implica na organização da experiência formativa, o que se dá pelo currículo. Discutir currículo é discutir o futuro da sociedade. Sabendo disso, torna se explicável a imposição desta reforma e falta de discussão ampla. A ampliação da jornada do EM ainda surtirá efeitos noutra parcela dos estudantes do Ensino Médio, os que trabalham durante o dia. Assim, uma parte considerável dos estudantes do EM, estão matriculados no período noturno. Não podemos negar o fato, e precisamos de uma proposta que dialogue com todos estudantes com situações diferentes. O EM ao se tornar profissionalizante na segunda metade da sua carga horário, fez com que no texto da MP as disciplinas de Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física se tornem facultativos, ou seja, a instituição optará por oferecer ou não estas áreas do conhecimento. Porém o ensino de Filosofia e Sociologia é um produto de uma conquista histórica no Brasil, no qual conquistou e perdeu espaços na escola. No entanto, a partir de uma necessidade de se trabalhar com esses conteúdos na escola, se tornaram obrigatórias. 46 Somado a isso, o ensino facultativo de Educação Física e de Artes na escola, uma grande parte do contato cultural que o jovem possui no ensino será simplesmente cortado. A educação física, a partir da 2º versão da Base nacional Comum Curricular tem como função tematizar
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