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Assédio Sexual no Trabalho: Definições e Previsão Legal

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1 ASSÉDIO SEXUAL NO AMBIENTE DE TRABALHO 
 
O assédio sexual no ambiente de trabalho não é um fenômeno novo, pois é tão 
antigo quanto a própria relação de trabalho, na qual perdura por décadas na história até 
hoje. No entanto, ainda é um problema muito comum no dia a dia de milhares de 
trabalhadores. 
Apesar dos grandes avanços na criminalização do comportamento. Muitos 
assalariados que sofrem assédio são mais velhos e sofrem em silêncio, embora ainda 
sejam frequentes. Porque eles não têm certeza de como proceder e se, após ser acusado 
de um crime o stalker será absolvido por falta de provas. 
 As pessoas que sofrem bullying não só sofrem muito, inclusive o direito à 
integridade física e moral, mas também causam muitos danos ao ambiente de trabalho. 
 
1.1 DEFINIÇÕES DE LIBERDADE SEXUAL 
 
 Para melhor entendimento do tema principal do presente artigo, vale 
mencionar algumas considerações sobre a liberdade sexual. 
Segundo Maria Helena Diniz, em sua obra Dicionário Jurídico (1998, p. 122), 
citada pelo autor Omar Aref Abdul Latif, liberdade sexual é entendida: 
 
LIBERDADE SEXUAL Direito penal. Direito de disposição do próprio 
corpo ou de não ser forçado a praticar ato sexual. Constituirão crimes contra 
liberdade sexual: o ato de constranger mulher à conjunção carnal, mediante 
 violência ou grave ameaça; o atentado violento ao pudor, forçando alguém a 
praticar ato libidinoso diverso da conjunção carnal; a conjunção carnal com 
mulher honesta, mediante fraude, a praticar ato libidinoso 
 
Conforme expressa Latif (2007) a liberdade sexual é a livre utilização de seu 
próprio corpo, no sentido de que sendo livre, cada indivíduo usa seu corpo da maneira 
como quiser. 
 
1.2 CONCEITUAÇÕES DE ASSÉDIO SEXUAL 
 
O assédio sexual pode acontecer em diversos ambientes, não somente no local 
de trabalho, porém é um crime que apenas pode ser cometido por quem se encontre na 
posição de superior hierárquico da vítima, ou tenha no tocante a ela ascendência 
inerente ao exercício de emprego, cargo ou função. 
Tratando-se da posição de superioridade entre professor e aluno (de escola, 
faculdade, curso técnico ou profissionalizante etc.), tal crime não e caracterizado, visto 
que está ausente a relação derivada do exercício de emprego, cargo ou função entre o 
agente e a vítima. 
Em relação aos líderes religiosos (padres, bispos, pastores, etc.) e seus 
seguidores não é diferente, apesar de gozarem de respeito e até mesmo da subserviência 
irrestrita dos fiéis advindos pela fé, não há entre eles relação inerente a cargo, emprego 
ou função. 
Mas, se presente o constrangimento do aluno ou do fiel com o intuito de obter 
vantagem ou favorecimento sexual, mediante emprego de violência à pessoa ou grave 
ameaça, subsiste a possibilidade de aperfeiçoamento do crime de estupro (Código Penal, 
art. 213), dependendo do caso concreto. 
Além disso, este crime pode ser cometido por todos os gêneros, apesar de cerca 
de 90% (por cento) ser cometido por homens e 9% (por cento) por mulheres, e apenas 
1% (por cento) tem como agressores, pessoas do mesmo sexo que a vítima. 
Ernesto Lippmann conceitua como: 
É o pedido de favores sexuais pelo superior hierárquico [...], com promessa 
de tratamento diferenciado em caso de aceitação e/ou de ameaças, ou atitudes 
concretas de represálias no caso de recusa, como a perda do emprego, ou de 
benefícios. É necessário que haja uma ameaça concreta de demissão do 
emprego, ou da perda de promoções, ou de outros prejuízos, como a 
transferência indevida, e/ou pela insistência e inoportunidade. É a “cantada” 
Desfigurada pelo abuso de poder, que ofende honra e a dignidade do 
assediado.(2001,p.13). 
 
2 PREVISÃO LEGAL DE ASSÉDIO SEXUAL NO DIREITO 
BRASILEIRO 
 
O assédio sexual é considerado uma forma de discriminação, infringindo 
preceitos legais sobre igualdade de tratamento entre os sexos, o que é vedado pela 
Constituição Federal, a qual promove o bem-estar de todos, sendo um objetivo da 
República, estando expresso no art. 3º, inciso IV (LEIRIA, 2012, p. 97). 
De acordo com Maria de Lourdes Leiria (2012, p. 97), 
Não há norma trabalhista expressa no direito brasileiro disciplinando a 
matéria. Por força de norma internacional, desde a ratificação pelo Brasil, em 
27.11.1995, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a 
Violência contra a Mulher, conhecida como Convenção de Belém do Pará, de 
9 de junho de 1994, o assédio sexual praticado contra a mulher é repelido. Os 
trabalhadores indígenas igualmente têm proteção contra o assédio sexual 
conferida em norma internacional desde 27.7.2002, quando foi ratificado pelo 
Brasil a Convenção n. 169 da OIT, de 1989, conforme previsão no art. 20, 3, 
letra d. 
 
No direito penal brasileiro, o assédio sexual foi incluído nos crimes contra a 
liberdade sexual pela Lei n. 10.224/2001, ilustrado pelo art. 216-A, onde diz 
“constranger uma pessoa para obter vantagem ou favor sexual, um agente que ocupa seu 
primeiro lugar em seu lugar ou um ancestral associado ao uso de trabalho, cargo ou 
trabalho”, com a punição prevista. Prisão de 01 (um) a 02 (dois) anos. Por ser 
considerada infração à lei com menor poder ofensivo, sua apreciação é realizada pelo 
Juizado Especial Criminal, neste caso, os requisitos estabelecidos pelo art. 89 da Lei 
9.099/95, o Ministério Público pode propor a suspensão condicional do processo, que, 
se deferida, será homologada pelo juiz (LEIRIA, 2012, p. 99). 
 
3 CARACTERISTICAS DO ASSÉDIO SEXUAL FUNDAMENTAIS 
PARA INDENTIFICAÇÃO DO CRIME 
 
É necessário que haja uma clara distinção entre o assédio sexual e uma simples 
cantada. Neste último caso, trata-se somente de uma investida de caráter amoroso ou de 
sedução, onde primeiramente se busca cumplicidade. O assédio sexual não possui essa 
conotação, é puramente mal-intencionado e tem características de chantagem e/ou 
agressão. Para que o ato seja considerado assédio sexual é necessário que haja uma 
investida por parte do assediador e uma posterior recusa por parte do assediado. Essa 
investida deve ter conotação sexual, promessas de obtenção de vantagens, aumento 
salarial, promoções ou quaisquer outros benefícios. Além disso, no caso de recusa por 
parte do assediado, o assediador faz ameaças, que podem envolver a perda do emprego, 
por exemplo. Ferreira Sobrinho afirma que “Assédio sexual é o comportamento 
consistente na explicitação de intenção sexual que não encontra receptividade concreta 
da outra parte, comportamento este reiterado após negativa.” (1996, p.62). 
De acordo com Rhany Victor Bacelar Wagner (WAGNER, 2017, p. 21), 
É preciso, também, que haja a exigência de favores sexuais pelo superior 
hierárquico. Em contrapartida, haverá o comprometimento em receber 
benefícios, ou seja, um tratamento diverso para com a vítima perante os 
outros subordinados, mas no caso de rejeição da proposta, poderá acarretar 
atitudes concretas de retaliação, como por exemplo, a perda do emprego ou 
de direitos adquiridos no decurso da atividade profissional. Portanto, é 
indispensável que exista ameaça de algum prejuízo para o empregado. 
 
De acordo com a Lei nº 10.224 (BRASIL, 2001), o assédio sexual não está 
configurado como um ato ilícito quando ocorrer entre colegas de trabalho, sócios, 
empregado a empregador ou até mesmo entre o tomador dos serviços e aquele que os 
presta. Para configurar o delito, a relação entre o assediante e a vítima deve ser sempre 
de cima para baixo, ou seja, sempre em nível superior entre estes (WAGNER, 2017). 
Conclui- se então, que o assédio sexual restará caracterizado através de 
uma conotação sexual, ou seja, quando o assediante usa de um discurso relacionado 
a sexo, sendo tal discurso não aceito pela vítima, de forma que o assediante coloque em 
risco o emprego desta, gerando um ambiente de trabalho desconfortável (WAGNER, 
2017). 
Paraconfigurar o crime de assédio sexual devem ser observados alguns 
requisitos, sendo eles: 
a) Deve haver a presença do assediado (vítima) e do assediador 
(agente); 
b) Pretensão de obter vantagem ou favorecimento sexual mediante violência ou 
grave ameaça, na condição clara para manter o emprego, influir nas promoções da 
carreira do assediado e outros meios de intimidações que prejudique o seu rendimento 
profissional, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou 
ascendência inerente ao exercício do emprego, cargo ou função. 
c) Rejeição à conduta; 
d) Reiteração da conduta; 
 
É importante destacar que o sujeito ativo, na opinião da grande maioria dos 
pesquisadores, deve ocupar uma posição hierárquica superior no local de trabalho, ou 
que tem condições de prejudicar o assediado em suas funções ou em a possibilidade de 
perder o emprego. Os constituintes ativos abusaram de seu status superior para obter 
uma vantagem sexual à custa dos perseguidos. Em outras palavras, há necessidade de 
poder, seja ele qual for, sobre a vítima, que acaba sendo utilizado como meio de 
obtenção de favores sexuais para si ou mesmo para terceiros, desde que essa troca não 
seja concedida. 
 
Assim, considera-se assédio sexual qualquer insinuação indesejada de natureza 
sexual, seja verbal, não verbal ou física, que causam constrangimento ou agonia à 
vítima, violando seu pundonor e gerando um ambiente desagradável, hostil ou 
intimidador. 
 
4 ESPÉCIES DE ASSÉDIO SEXUAL 
 
Existem na doutrina, basicamente, dois tipos de assédio sexual, sendo eles, o 
assédio sexual por chantagem e o assédio sexual por intimidação, que serão tratados 
separadamente a seguir (LEIRIA, 2012, p. 57). 
 
 4.1 ASSÉDIOS SEXUAIS POR CHANTAGEM 
 
Esse tipo ocorre quando o superior, em razão de seu poder sobre a vítima, busca 
seu favor sexual em troca de aumento de salário, melhorias nas condições de trabalho da 
vítima, ou mesmo com a ameaça de perder o emprego caso não faça o que o assediador 
quer (LEIRIA, 2012, p. 57). 
Em relação ao sujeito ativo, está apenas tipificado como crime n Código Penal 
Brasileiro apenas por aqueles que estão mais acima na hierarquia. No entanto, de acordo 
com a legislação trabalhista, também será considerado assédio sexual quando a conduta 
for praticada por qualquer indivíduo que não respeite a liberdade e o pundonor sexual 
dos trabalhadores tornando seu ambiente de trabalho desagradável. 
Segundo o doutrinador Pamplona Filho, em sua obra “O assédio sexual na 
relação de emprego”, citado pela autora Maria de Lourdes Leiria (LEIRIA, 2012, P. 58): 
A relação de poder [...] torna-se um elemento essencial para a caracterização 
da espécie “assédio sexual por chantagem”, uma vez que, nesta forma de 
assédio sexual, é imprescindível uma subordinação hierárquica que justifique 
o temor da vítima pela eventual retaliação, no caso de recursar a proposta de 
prática de conduta com natureza sexual. 
 
Deste modo de assédio, o ato pode ser praticado tanto no ambiente de trabalho 
quanto fora deste, a vítima estando em seu horário de trabalho ou não, desta formar 
entende-se que o contrato de trabalho é de natureza continuada, continuando íntegro 
ainda que a vítima esteja ou não na pratica de suas funções (LEIRIA, 2012, p. 58). 
 
 4.2 ASSÉDIOS SEXUAIS POR INTIMIDAÇÃO NO AMBIENTE DE 
TRABALHO 
 
Este de tipo de assédio caracteriza-se por incitação importuna de natureza 
sexual, sendo verbal ou não, com objetivo de prejudicar o desempenho da vítima, ou até 
criar um ambiente de trabalho hostil, humilhante e ofensivo. Nesse formato, não é 
necessário que o assediador alegue algum tipo de prejuízo à vítima caso esta não se 
submeta as suas propostas sexuais (LEIRIA, 2012, p. 58). 
Conforme explica Maria de Lourdes Leiria (LEIRIA, 2012, p. 59), 
Esta modalidade de assédio pode ser praticada por colegas de trabalho de 
mesma hierarquia ou até por clientes do empregador, sendo denominada por 
Haydée Méndez apud Guimón (2003) de assédio horizontal, que ainda 
correspondente aos prejuízos que outros trabalhadores sofrem quando o 
superior hierárquico mantém um relacionamento sexual com uma empregada 
que se transforma em favorita, gozando de privilégios que não são 
concedidos aos demais empregados. 
 
Segundo o referido autor, ao contrário do que Haydée Méndez, o favoritismo 
sexual não se enquadra na hipótese de assédio sexual, mas de discriminação, uma vez 
que não há oposição, nem recusa conduta de caráter sexual, mas sim conduta aceita, 
portanto, é elemento excludente de crime de assédio sexual, “uma vez que os bens 
jurídicos protegidos neste caso, a liberdade pessoal e sexual, são bens dos quais pode 
dispor o sujeito passivo. Se não houver oposição deste último, não precisará de proteção 
do sistema judicial”. (LEIRIA, 2012, p. 59). 
O autor Rodolfo Pamplona Filho destaca inúmeras condutas que caracterizam 
essa espécie de assédio, quais sejam (PAMPLONA, 2001, p. 48): 
[...] Abuso verbal ou comentários sexistas sobre a aparência do empregado; 
Frases ofensivas ou de duplo sentido e alusões grosseiras, humilhantes ou 
embaraçosas; perguntas indiscretas sobre a vida privada do trabalhador; 
isolamento dos âmbitos próprios de trabalho para maior intimidade das 
conversas; [...]. 
 
O assédio sexual por intimidação é um tipo de violência não decorrente da 
posição que o assediante ocupa na empresa, este se caracteriza por ofensas de forma 
verbal, até mesmo não verbal, com gestos e também por ofensas físicas com caráter 
sexual, de modo que interfiram no trabalho da vítima, a ponto que esta se sinta 
humilhada e em um ambiente desagradável para exercer seu trabalho (LEIRIA, 2012, 
p.59). 
 
5 CULPA CONCORRENTE 
 
Alguns doutrinadores tem o entendimento que o comportamento da vítima pode 
justificar e até afastar o assédio sexual. 
Exemplo disto é Rodolfo Pamplona Filho (PAMPLONA, 2001, p. 50/51), 
[...] o comportamento da alegada vítima, no ambiente de trabalho, bem como 
sua “vida pregressa”, deve ser levado em consideração na hora de avaliar se 
um ato pode ser enquadrado ou não como assédio sexual. É preciso ter 
coragem para se afirmar, em cada caso concreto submetido à apreciação 
judicial, que o comportamento do suposto assediado definitivamente não 
pode ser considerado desprezível, podendo até mesmo afastar a 
caracterização do assédio sexual, se não era razoável se admitir o “direito de 
dizer não”. 
 
Entretanto, Maria de Lourdes Leiria defende uma tese de que a roupa da vítima 
pouco importa, ou se esta é solteira, ou até divorciada ou até mesmo que tenha filhos 
estando solteira, que presentes característica não dão direitos de um superior hierárquico 
a assedia-la. Que estas condutas podem até trazer uma atração, de maneira que a mesma 
seja lisonjeada, entretanto, no momento em que a vítima nega o cortejo e seu superior 
insiste em continuar, estar caracterizado o assédio sexual (LEIRIA, 2012, p. 63). 
 
6 AS CONSEQUENCIAS DO ASSÉDIO SEXUAL NO AMBIENTE DE 
TRABALHO 
 
 
O assédio sexual pode desenvolver sequelas físicas e psicológicas, além de ver 
seu desempenho no trabalho afetado, ao final do delito sofrido, este que afeta 
diretamente sua liberdade sexual e dignidade como pessoa, muitas vezes tendo seu 
desempenho no trabalho. 
De acordo com as normas regulamentadoras da consolidação Das Leis 
Trabalhistas (CLT) as empresas, independente as sua classificação, devem prezar pela 
segurança e saúde do trabalhador, não só em se tratando de acidentes e doenças do 
trabalho, mais também na promoção a saúde e a qualidade de vida. Ocorre que a grande 
consequência do assédio sexual é justamente a perda dessa qualidade que se busca em 
um ambiente laboral e na vida da vítima, afetando sua saúde e seu emprego. 
Assim, além da depressão, que seria seu estágio, ainda teria fadiga, 
irritabilidade, falta de concentração, distúrbios psicológicose físicos e também 
ansiedade podem ser evocados como alguns dos atos estudados, na saúde do assediado. 
Esses fatores afetam diretamente a qualidades dos seus rendimentos que caem também, 
causando prejuízo à empresa como queda na produtividade e um possível acidente de 
trabalho, uma vez que o empregado, sofrendo de insônia devido a seus problemas, pode 
não observar as regras de segurança a serem tomadas. 
Diversas empresas, com vista a exonerar-se da responsabilidade por uma ação de 
indenização pelos danos causados pela sua prática de assédio, incluíram um projeto de 
politica interna anti-assédio interno, incluindo em seu contrato tal prerrogativa. 
Dependendo da pessoa que está assediando, o efeito gerado pode constituir um 
motivo válido para rescisão do contrato de trabalho ou rescisão indireta do contrato de 
trabalho, falando sobre a possível aplicação de sanções disciplinares como advertência 
ou suspensão, antes de executar tais efeitos. 
Deste modo, sendo o assediador um empregado, configura-se Justa causa para 
ruptura do contrato de trabalho deste indivíduo em função da sua prática. A extinção do 
vínculo empregatício com o emprego que realiza o assédio está fundamentada na alínea 
“b” do art. 482 da CLT, que cita a “má incontinência de conduta”. 
Já no caso de o sujeito ativo do assédio sexual ser o empregador, existe 
possibilidade de o empregado pleitear a rescisão indireta do contrato de trabalho. Nesse 
caso, a alínea “e” do art. 483 da CLT é a mais adequada, uma vez que ela se refere à 
prática pelo empregador ou seus prepostos de ato lesivo da honra e boa Fama contra 
empregado ou seus familiares. 
Salienta-se que tanto no caso de o empregador ser o assediante como no caso de 
ser um empregado ou preposto da empresa, a vítima pode exigir daquele a reparação 
civil pelo assédio sofrido no local de trabalho. Isso porque, conforme expresso no 
Código Civil (2002), o empregador é também responsável civilmente pelos atos 
praticados por seus empregados no exercício ou em razão do trabalho que lhes competir, 
consoantes o consubstanciado no art. 932, III, sendo tal responsabilidade solidária, 
como prega o parágrafo único do art. 942, dispondo ainda no art. 933 que a 
responsabilização em tela independe do dolo e da culpa, preconizando de vez a 
responsabilidade objetiva do empregador nesses casos (BRASIL, 2002). 
Importante mencionar que a responsabilidade da reparação do dano, não será 
encargo apenas do agente causador, caso este não seja o dono da empresa, mais também 
pelo empregador. Isto porque a responsabilidade é objetiva, independendo da culpa do 
dono; isso porque o artigo 932 do Código Civil (2002) diz que: 
 
São responsáveis pela reparação civil: 
[...] III– O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçal e 
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele; [...] 
(BRASIL, 2002). 
 
Os patrões, donos do estabelecimento ou assemelhados, mesmo que seus 
funcionários tenham extrapolados os limites de suas atribuições, ainda assim é 
responsável pelos danos ocasionados pelos mesmos. Isso porque, na má escolha dos 
seus colaboradores (culpa in elegendo) ou pela falta de vigilância das pessoas sob sua 
dependência (culpa in vigilando) estará assumindo o risco do dano ocasionado pelo 
terceiro. 
Cabe o empregador, posteriormente e assim querendo, entrar com ação de 
regresso contra o empregado, observando o artigo 462 parágrafo 1º Da CLT. 
 
6 MEDIDAS PRENVENTIVAS 
 
É importante ressaltar que existem formas de prevenir o assédio sexual nas 
relações de trabalho, como a criação de um sistema de regras, que pode gerar conflitos 
dentro da empresa. 
É claro que a prevenção de tal crime é vantajosa para determinada empresa, não 
só pelo eventual a que a vítima tem direito, mas também pela boa convivência no 
ambiente de trabalho, que em local adequado para o exercício da atividade de trabalho, 
gera um aumento na produtividade dos empregados, gerando um ganho adicional para o 
empregador. 
É válida também a criação de campanhas dentro da empresa como forma de 
conscientizar os empregados sobre o que é o assédio sexual, as suas consequências para 
a vítima e o assediante, como forma também de esclarecer os limites de brincadeiras uns 
com os outros no ambiente de trabalho, mostrando a estes a diferença entre as atitudes 
corretas e as atitudes incorretas, impondo limites do que é certo e errado, devendo a 
responsabilidade de fiscalização das condutas ficarem a cargo do empregador 
(WAGNER, 2017, p. 50). 
Segundo Maria de Lourdes Leiria (LEIRIA, 2012, p. 119): 
A prevenção do assédio sexual depende da adoção de 
políticas dotadas de normas instrutivas e disciplinares, 
estabelecendo mecanismos de apuração que preservem a 
identidade das partes e das testemunhas, com o firme propósito 
de prevenir e coibir a prática de condutas ofensivas à dignidade 
e liberdade sexual dos trabalhadores. 
 
A prevenção é a forma mais eficaz de acabar com o assédio sexual no local de 
trabalho. Sendo assim, buscando este objetivo, junto do sindicato, podem atuar em 
conjunto, porém nada impede que atuem separadamente, no sentido de criar métodos 
para educar, até mesmo sensibilizar empregadores e funcionários a respeito do assédio 
sexual. A atuação do poder público se dá através da fiscalização e da punição rigorosa 
aos que cometem o crime (LEIRIA, 2012, p. 119). 
Neste sentido, afirma Leiria (LEIRIA, 2012, p. 120): 
As normas destinadas a prevenir e combater o assédio sexual pode ser de 
ordem heterônoma, leis, decretos e portarias do Estado ou autônomas, 
produzidas pelas partes, consubstanciadas em regulamentos internos, 
contratos de trabalho, normas coletivas ou códigos de condutas que instruam, 
orientem e tracem procedimentos confiáveis de apuração, preservando, 
apoiando e protegendo a vítima e testemunhas de represálias, prevendo 
medidas disciplinares aplicáveis a quem violar as normas. Podem ser 
utilizados meios alternativos de solução de conflitos como encontrado na 
Europa, por meio de acordo e protocolo de atuação para prevenção do 
assédio fazendo uso da conciliação e mediação. 
 
Considera-se que a responsabilidade do assédio é tripartite, de modo que o 
Estado é o responsável pela saúde do cidadão, o empregador pelo zelo na manutenção 
de um ambiente laboral saudável e os empregados, bem como sindicatos e as 
associações, na conscientização da nocividade do assédio sexual, de modo a combatê-lo 
e também denunciá-lo (LEIRIA, 2012, p. 120). 
Para Leiria (LEIRIA, 2012, p. 121): 
Para coibir a prática do assédio sexual laboral, são imperativo que sejam 
adotados programas educativos e informativos, qualificando trabalhadores e 
dirigentes, para que saibam quais condutas caracterizam a violência e quais 
medidas devem tomar para preservar sua dignidade. Os trabalhadores jovens 
vítimas de assédio sexual não sabem que atitude tomar por inexperiência e 
desconhecimento, o que os tornam alvos fáceis. Apenas com a adoção de 
política efetiva para combater o assédio sexual será possível eliminar essa 
violência do ambiente laboral. É necessário que haja legislação específica 
tipificando e sancionando o assédio sexual nas relações laborais, estipulando 
formas de prevenção, procedimentos a serem adotados na apuração de 
denúncias, preservando os envolvidos na apuração da denúncia de represálias 
e punição dos culpados. 
 
Para uma melhor concretização da prevenção do assédio sexual é necessário que 
a legislação preveja também uma sanção pecuniária severa ao empregador que cometer 
a infração, de modo que o desestimule a praticar o ato (LEIRIA, 2012, p. 121). 
 
7 SOLUÇÃO JUDICIAL 
Se a investigação e solução do problema pela forma extrajudicial continuarem 
frustradas, as partes poderão recorrer ao poder judicial para resolver os casos de assédio 
sexual, no art. 5, XXXV da Constituição Federal. 
O foro competente para processare julgar as ações desta natureza será a justiça 
do trabalho, pois é desta a competência para dirimir os conflitos decorrentes da relação 
de emprego, nos termos do art. 114, I a IV da Constituição Federal (LEIRIA, 2012, p. 
125). 
Com relação ao segredo de justiça, se posiciona Maria de Lourdes Leiria 
(LEIRIA, 2012, p. 126/127): 
Tratando-se o assédio sexual de violência laboral que fere a dignidade e 
liberdade sexual do trabalhador, e que a publicidade pode agravar o 
sofrimento causado à vítima diante da exposição pública, o que poderá 
inclusive obstar a denúncia para evitar maior humilhação, é recomendável 
que seja conferido o caráter sigiloso ao processo, tanto em benefício da 
vítima quanto do interesse público de apurar e coibir a prática do assédio 
sexual. 
 
7.1 MEIOS DE PROVAS 
 
A CLT em seu art. 818 determina que o ônus da prova incumba a quem alega, 
sendo assim, cabe à vítima provar a ocorrência do assédio sexual, o que costuma ser 
difícil, já que o assediador não costuma agir na presença de testemunhas (LEIRIA, 
2012, p. 127). 
De acordo com Maria de Lourdes Leiria (LEIRIA, 2012, p. 127): 
Em se tratando de espécie de crime contra a liberdade sexual, o assédio 
sexual normalmente não tem testemunha, não se lhe aplicando o brocardo 
romano testes unus, testes nullus–testemunha única, testemunha inexistente. 
Neste tipo de delito é valorado o depoimento da vítima, com prudência e 
ponderação, justamente em razão da dificuldade da prova e do interesse 
público na apuração, sendo considerado em conjunto com indícios e 
presunções, pelo que uma testemunha será elemento decisivo. 
 
Desta forma, é possível a vítima do assédio provar que seu assediador tem um 
comportamento que desrespeite a dignidade de seus empregados e que já tem o costume 
de assediar os seus subordinados, fazendo com que presuma que de fato ocorreu o 
assédio sexual que foi denunciado (LEIRIA, 2012, p. 127). 
Com relação às possíveis maneiras da vítima provar o alegado, pontua Maria de 
Lourdes Leiria (LEIRIA, 2012, p. 128): 
Podem servir de prova roupas rasgadas, bilhetes, presentes, telefonemas e e-
mails enviados pelo assediador. As vítimas devem anotar tudo que possa 
servir de prova da conduta dos assediadores, como horário, local que ocorreu 
o fato, pessoas que estavam pertos ou no local, palavras ou gestos utilizados 
pelos agressores e até gravações, que têm sido aceitas como meio de prova, 
quando feitas pelo próprio interlocutor. A jurisprudência já tem entendimento 
que não há sigilo a ser protegido neste caso, não se podendo falar em 
ilegalidade ou imoralidade da prova (BRASIL-STF, 1998 e BRASIL-STJ, 
2004). 
 
Assim sendo, poderá o magistrado formar seu convencimento através dos 
indícios e presunções (LEIRIA, 2012, p. 128). 
Menciona-se que caso reste comprovado nos autos que a denúncia do assédio 
sexual é caluniosa, acarretará na condenação em litigância de má-fé do denunciante, 
pois o Poder Judiciário não deve servir de meio de vinganças decorrentes da relação de 
emprego, como por exemplo, a inveja e o despeito, devendo o magistrado agir com 
bastante cautela ao analisar todos os meios de provas, bem como os indícios e os 
depoimentos das testemunhas, rechaçando a litigância de má-fé (LEIRIA, 2012, p. 129).

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