Buscar

SELIS-PLINIO-SABINO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO DE 
ARAGUAÍNA/TO NUMA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA: 
OPERAÇÃO RESGATE 
 
Plinio Sabino Sélis1
 
 
 O presente artigo tem como objeto de estudo um dos temas mais intrigantes 
na atualidade: o da evasão escolar. O assunto é abordado sob o ponto de vista de 
Anthony Giddens, o que diferencia o olhar da imediatidade com o do olhar 
sociológico; e de Norbert Elias e o seu processo civilizador. O tema evasão escolar 
foi escolhido devido ao índice de evadidos em escolas públicas de ensino médio de 
Araguaína/TO. 
 O principal objetivo pretendido é o de apresentar os resultados das causas 
da evasão escolar e da operação resgate, em que os estudantes-pesquisadores 
tinham por meta resgatar, no mínimo, um dos sujeitos da pesquisa, alunos-
evadidos de uma das quatro escolas de ensino médio selecionadas. Uma das razões 
que levou os pesquisadores a escolher o tema em questão foi de certa forma a 
percepção de as escolas, especialmente de ensino médio, não terem uma proposta 
objetiva de permanência dos alunos nos estudos. Outra razão foi devido à 
necessidade de se realizar um processo de ensino e de aprendizagem no ensino 
superior mais dinâmico e prático, propiciando aos estudantes a oportunidade de 
transformarem o olhar da imediatidade sobre determinado fenômeno, como é o 
caso da evasão escolar, em olhar sociológico, de aprofundamento. 
 Neste artigo, é tida a oportunidade de se questionar o que leva o estudante 
de ensino médio a se desligar dos estudos, e o que pode ser feito para trazê-lo de 
volta à sala de aula. Além disso, a investigação oportuniza a aplicação do método 
qualitativo, por se constituir de estudos de caso. Cada sujeito da pesquisa foi 
considerado um estudo de caso para cada grupo de estudantes de Sociologia da 
 
1 Mestre em Educação pela UNOESTE – Universidade do Oeste Paulista, Presidente 
Prudente/SP e Professor de Sociologia da Educação da UFT – Universidade Federal do 
Tocantins, Campus de Araguaína/TO, e Professor de Teoria da Argumentação Jurídica 
(Direito), Estágios Supervisionados em Letras e Pedagogia na UnirG – Centro Universitário 
de Gurupi/TO. 
 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
Educação, sendo nominados a/a1, b/b1,c/c1, d/d1, e/e1, f/f1, totalizando 12 (doze) 
sujeitos para a pesquisa. A técnica empregada foi a entrevista. 
 Isso, de certa forma, favoreceu a busca de possíveis respostas, tais como a 
de que o sujeito se evade devido à condição econômica, ou à gravidez, ou à 
defasagem, dentre outros aspectos. A pesquisa deu voz ao clamor dos evadidos 
que se manifestaram apontando fatores relevantes que contribuíram para o alto 
índice de abandono. O levantamento, fomentado pela UFT, Curso de Letras, em 
Araguaína/TO, confirma os motivos já ‘sacramentados’ pela literatura como os 
grandes responsáveis por tirar o aluno das salas de aula. 
Dentre eles, destaca-se baixa condição socioeconômica, gravidez, 
necessidade de trabalhar para ajudar a família e defasagem idade-série. O estudo 
mostrou também que aspectos relacionados à própria relação aluno-escola e aluno-
professor são extremamente importantes, provocando uma perda considerável 
entre os que teriam um perfil menos vulnerável e que poderiam, teoricamente, 
permanecer em sala de aula. 
Mesmo havendo pesquisas que oferecem alternativas para a minimização da 
evasão escolar, ainda assim a temática continua sendo entendida como sendo algo 
complexo. Entretanto, também pode ser tratado como um desafio gratificante, 
tanto no que diz respeito à descoberta das verdadeiras razões que levam o sujeito 
da pesquisa a se evadir da escola, bem como a oportunidade de conhecê-los e de 
proporcionar a oportunidade de uma reflexão sobre a importância do estudo para o 
futuro. 
Para que haja reflexão sobre essa e possíveis outras complexidades, este 
artigo se estrutura em partes: primeiramente a abordagem de números que 
comprovam o índice de evasão no Brasil e no Tocantins e de estudos sobre a 
evasão escolar; em seguida, a fundamentação teórica da pesquisa baseada nas 
concepções de Giddens (2005) e Elias (2000); e, finalmente, resultados e 
discussões, bem como considerações finais. 
 A evasão escolar, como se sabe, ocorre quando o aluno deixa de freqüentar 
a aula, caracterizando o abandono da escola, durante o ano letivo. No Brasil, a 
evasão escolar é um grande desafio para as escolas, pais e o sistema educacional. 
De acordo com dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio 
http://www.infoescola.com/educacao/instituto-nacional-de-estudos-e-pesquisas-educacionais-anisio-teixeira-inep/�
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
Teixeira), de 100 alunos que ingressam na escola na 1ª série, apenas 5 concluem o 
ensino fundamental, ou seja, apenas 5 terminam a 8ª série (IBGE, 2007). 
 De acordo com dados do Censo Escolar/2005, no Estado do Tocantins chega 
a 43,4% o número de alunos matriculados no ensino médio com idade superior a 
18 anos, o que equivale dizer que milhares de vagas são ocupadas por jovens que 
deveriam estar adiantados dois, três ou mais anos nas séries. Há de se considerar 
que o índice mencionado se deve, também, à falta de políticas adequadas em 
décadas anteriores. 
 Em 2007, 4,8% dos alunos matriculados no Ensino Fundamental (1ª a 8ª 
séries/1º ao 9º ano) abandonaram a escola. Embora o índice pareça pequeno, 
corresponde a quase um milhão e meio de alunos. No mesmo ano, 13,2% dos 
alunos que cursavam o Ensino Médio abandonaram a escola, o que corresponde a 
pouco mais de um milhão de alunos. Muitos desses alunos retornarão à escola, mas 
em uma incômoda condição de defasagem idade/série, o que pode causar conflitos 
e possivelmente nova evasão. 
 No Estado do Tocantins, para ser mais específico não fugindo á regra 
nacional, Censo Escolar registra taxa de abandono em vários municípios em torno 
de 19,8 % na Rede Estadual, e de 18,6 % na Rede Municipal. Para combater a 
evasão escolar, a Secretaria Estadual de Ensino elaborou e executou um projeto, 
que se constituía de uma rede de proteção formada em torno de criança de zero a 
14 anos. O Programa foi denominado de “Evasão Escolar Nota Zero”, envolvendo 
parceiros como o Ministério Público, Conselhos Tutelares, Tribunal de Justiça, 
Secretaria do Trabalho e Ação Social. 
 Quando se detecta que a criança ou o jovem deixa de freqüentar a escola, o 
primeiro elo da corrente é a própria escola. Equipes de profissionais da educação 
vão ao encontro do aluno para saber a causa de não estar indo à escola, na 
tentativa de resgatá-lo. Mais de 80% dos casos, a escola mesmo resolve. Os casos 
em que não consegue resolver são repassados ao Conselho Tutelar. Poucos casos 
têm chegado ao Ministério Público, que é o elo próximo na cadeia, após o Conselho 
Tutelar. 
 Estes preocupantes índices provocaram a elaboração e a aplicação de um 
projeto denominado Operação Resgate, desenvolvido por alunos do 1º Período do 
http://www.infoescola.com/educacao/ensino-fundamental/�
http://www.infoescola.com/educacao/evasao-escolar/�
http://www.infoescola.com/educacao/ensino-medio/�
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
Curso de Letras, Disciplina Sociologia da Educação. Antes de tratar especificamente 
do referido Projeto, há necessidade de se explicar o porquê de um olhar sociológico 
nesta questão. 
Primeiro embasamento teórico relaciona-se à ideia de Anthony Giddens 
(2005, p. 24) que diz: “Um sociólogo é alguém que é capaz de se libertar da 
imediatidadedas circunstâncias pessoais e apresentar as coisas num contexto mais 
amplo.”. Neste mesmo raciocínio, ele afirma que todo trabalho sociológico haverá 
de depender da imaginação sociológica, expressão utilizada pelo autor norte-
americano C. Wright Mills (1970). 
 Assim, relacionando a ideia de Giddens e de Mills ao fenômeno em discussão 
– Evasão Escolar, o entendimento é de que devemos pensar fora das rotinas de 
nossas vidas cotidianas, a fim de que possamos observar as coisas em nosso 
derredor de modo diferenciado. Consideremos, pois, o simples ato do sujeito-
aprendiz de não mais comparecer à escola. O que seria possível pensar ou dizer, a 
partir de um ponto de vista sociológico, sobre esse exemplo de comportamento 
aparentemente desinteressante e preocupante? Muitas coisas, com certeza. 
Poderíamos até, quem sabe, assinalar que o fato de o sujeito não mais vir à escola 
não é algo tão simples que se resolva com a expressão: “É problema dele (ou 
dela)!”, ou “Ele (ou ela) não ‘tá a fim de nada.”, ou coisa desse gênero. 
 Ou, quem sabe destacar que a escola para o jovem aprendiz é um “droga”. 
E ele, com certeza, não é o único culpado por pensar e agir dessa forma. Se não 
vejamos, como afirma Giddens (2005), que durante séculos, a educação formal 
esteve disponível apenas para uma minoria que dispunha de tempo e dinheiro para 
dedicar-se aos estudos. Para a maioria da população, crescer significava aprender, 
por meio da imitação, os mesmos hábitos sociais e experiências práticas de 
trabalho dos mais velhos. 
 Nessa mesma linha de raciocínio, tem-se o pensamento de Cardim (2011, p. 
111): 
 
“Tradicionalmente, o professor recebia formação para ser o centro do 
processo ensino-aprendizagem, sendo o senhor absoluto na sala de aula, 
tendo esta como único ambiente para o desenvolvimento do trabalho (...), 
onde ele fala, o estudante escuta e é avaliado em períodos predeterminados, 
de acordo com o calendário acadêmico. Se o discente não aprendeu e foi 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
reprovado, é porque não estudos, não compreendeu, não foi competente o 
bastante para entender o mestre.” 
 
 Logo, é ação que não acompanha a contemporaneidade. Em outras palavras, 
o potencial em termos de conhecimento trazido pelo jovem aprendiz nesta década, 
principalmente, não tem sido devidamente valorizado pela escola e professores, em 
sua grande maioria. 
 Giddens (2005, p. 396), a esse respeito, diz que 
 
Praticamente todos os indivíduos têm consciência de que pertencem à 
sociedade e possuem, no mínimo, algum conhecimento a respeito da posição 
geográfica de seu país, bem como da história dele. Após a infância, nossa 
vida passa a ser influenciada, em todas as idades, pelas informações que 
captamos por meio de livros, jornais, revistas e da televisão. Todos nós nos 
submetemos a um processo de educação escolar formal. 
 
 Diante disso, o que se pode perceber é que na sociedade contemporânea em 
que se vive (início do século XXI), as rápidas transformações do mundo do 
trabalho, o avanço tecnológico configurando a sociedade virtual e os meios de 
informação e comunicação tem incidido fortemente na escola, aumentando os 
desafios para torná-la uma conquista democrática efetiva. E, nesse contexto, pode 
entrar a questão do relacionamento inter e intrapessoal entre docente e discente 
caracterizando-se em um dos pontos mais importantes nessa fase de transição, 
conforme Cardim (2011, p. 112-113): 
 
Poucos professores abrem mão de ser o ator principal. O relacionamento 
intrapessoal é mais conflitante que o interpessoal. Em seu íntimo, o professor 
continua a se ver como a peça fundamental do processo. Vê o educando como 
um aprendiz dependente, incapaz de se conduzir com autonomia, tendo o 
professor como facilitador, orientador estimulador de sua aprendizagem e não 
mais o magister, o “dono da verdade”. No relacionamento com o discente, o 
mestre é ainda distante, inacessível, autoritário na maioria dos casos, provedor 
da informação e do conhecimento. (...) Há um fosso entre esses atores 
importantes no processo educacional. 
 
 Assim, torna-se necessário a transformação de práticas e de culturas 
tradicionais e burocráticas das escolas que acentuam a exclusão social. E isso é 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
possível reconhecer que não tem sido uma tarefa fácil, como é notório no 
pensamento de Porto (2000): 
 
A exclusão social tem sido uma categoria importante e presente nas análises 
que buscam relacionar violência e direitos civis. Enfatiza-se o fato de que os 
excluídos dos direitos tornam-se alvos, ou atores, mais imediatos da 
violência. (...) seria talvez mais pertinente pensar contextos e situações nos 
quais inclusão e exclusão, concebidas como categorias que perpassam 
dimensões econômicas tanto sociais e culturais de um dado espaço social, 
podem se entrecruzar no decurso de um mesmo sistema de ação de um ator 
social, individual ou coletivo. 
 
 A dificuldade no tratamento da questão acima pode estar relacionada à 
necessidade, em função dos tempos atuais – a sociedade do conhecimento 
tecnológico, da exploração de novos ângulos que possam levar à reflexão da 
violência, por meio de uma relação dinâmica entre uma coisa e outra, ou seja, 
inclusão e exclusão, detectadas como categorias que se integram em uma mesma 
dinâmica, em que atores sociais as vivenciam alternadamente, decorrentes de 
processos sociais fragmentados, diferenciados e plurais. (PORTO, 2000). 
 Ghedin (2009, p. 12), nesse sentido, afirma que 
O desafio é educar as criança s e os jovens, propiciando-lhes um 
desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico, de modo que 
adquiram condições para enfrentar as exigências do mundo contemporâneo. 
Tal objetivo exige esforço constante de diretores, professores, funcionários e 
pais de alunos e de sindicatos, governantes e outros grupos sociais 
organizados. 
 
 Esse desafio precisa ser enfrentado inicialmente pelos profissionais que 
atuam no dia-a-dia da escola e que, portanto, conhecem os fatos melhor do que 
ninguém. Em seguida, externar os seus sentimentos e conhecimentos a quem de 
direito, as autoridades constituídas, a fim de que possam estabelecer políticas de 
governo que atem às expectativas e anseios de toda a comunidade escolar. Os 
professores, com certeza, contribuem com seus saberes, seus valores, suas 
experiências na complexa tarefa de melhorar a qualidade social da escolarização. 
 Mesmo com essa possibilidade de desempenho do professor, é preciso que o 
mesmo esteja consciente das novas exigências que devem ser acrescentadas ao 
seu trabalho. Ghedin (2009, p. 14) destaca algumas delas, a saber: 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
O colapso das velhas certezas morais, cobra-se deles que cumpram funções 
da família e de outras instâncias sociais; que respondam à necessidade de 
afeto dos alunos; que resolvam os problemas da violência; da droga e da 
indisciplina; que preparem melhor os alunos para as áreas de matemática, de 
ciências e tecnologia para colocá-los em melhores condições de enfrentar a 
competitividade; que restaurem a importância dos conhecimentos e a perda 
da credibilidade das certezas científicas; que sejam regeneradores das 
culturas/identidades perdidas com as desigualdades/diferenças culturais; que 
gerenciem as escolas com parcimônia; que trabalhem coletivamente em 
escolas com horários cada vez mais reduzidos. 
 
 Essas demandas todas são de alto grau de importância e disso não se tem 
dúvida. Mas, convenhamos, não é possível exigir que os professores 
individualmente as atendam. O que se espera, ao menos, é que coletivamente 
possam apontar caminhospara o enfrentamento dessas novas exigências. 
 Ou, quem sabe, assinalar, ainda, que o sujeito que decide se evadir da 
escola é envolvido numa trama de relacionamentos sociais e econômicos que se 
estendem por toda a vida. Isso se relaciona ao que Norbert Elias (1990, p. 198) 
denominou de teias de interdependência, indicando que as coerções ou forças 
sociais têm origem na própria teia de interdependência formada pelos próprios 
sujeitos. Ou seja, o sujeito se deixa levar, como se diz popularmente, não podendo 
ou não sabendo reagir diante de estados de coisa que se apresentam à sua frente. 
Desse modo, é possível considerar o que Elias (1990, P. 198) afirma: 
 
A relação entre o indivíduo e as estruturas sociais deve ser analisada e 
concebida como um processo, ou seja, “ego” e “sistema social” são aspectos 
diferentes, mas inseparáveis, cuja análise deve recair sobre as teias de 
interdependência humanas que formam as configurações sociais. 
 
 Elias também se preocupa em explicar as motivações que levam os 
indivíduos a construírem teias e cadeias de interdependência. Isso implica exigir 
certa superação da/na escola como palco onde vigora a injustiça, a falta de 
solidariedade e o autoritarismo, que culmina por atribuir aos professores, aos 
estudantes, às famílias e aos demais grupos os problemas e mazelas da educação. 
 Cardim (2011, p. 118), neste caso, discute a questão da pedagogia do afeto, 
também discutida por Sobral, em 2007. Cardim diz que “A afetividade não tem 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
permeado a relação entre professor e aluno ao longo dos séculos. (...). A prática da 
pedagogia do afeto é passo primordial para a melhoria contínua da qualidade do 
processo de aprendizagem”. 
 Em pesquisa sobre a influência da afetividade no ambiente pedagógico, 
Sobral (2007) disse que “na sala de aula, muitas vezes, alguns professores têm 
privilegiado os conteúdos escolares, esquecendo-se de que ali estão seres humanos 
em busca de um espaço ou de um olhar que possibilite a construção de uma 
aprendizagem”. E vai mais além: 
 
O diálogo estabelecido entre professor e aluno é fator importante no processo 
de aprendizagem, visto que forma elos afetivos que despertam o interesse e 
a motivação, levando os alunos a executarem suas tarefas com boa vontade. 
(...) Elemento essencial na efetivação da aprendizagem é uma autoestima 
positiva, pois todo indivíduo precisa sentir-se capaz de pensar e agir, e ver-
se como merecedor de felicidade. 
 
 O que se pode entender é que as frágeis condições de respeito, de incentivo 
e de diálogo para com aqueles que atuam no cotidiano escolar, tanto gestor, 
docente quanto discente, continuam negando a apropriação do saber como um 
valor universal e um direito inalienável à toda a população. Logo, é perceptível não 
haver apenas um culpado no processo de ensino e de aprendizagem. A questão é 
muito mais ampla. É uma questão de violência política. Fato este que pode ser 
comprovado por meio do pensamento de Porto (2000): 
 
...a violência, enquanto manifestação das mudanças do mundo 
contemporâneo, estaria relacionada à questão da legitimidade, das formas 
como ela é percebida e do conteúdo mesmo da noção de legitimidade. (...) a 
violência política, por exemplo, característica das décadas 60 e 70, buscava 
sua pretensão de legitimidade na própria legitimidade da causa, no objetivo 
que a constituía. Era também este conteúdo que informava a representação 
que os atores construíam de suas práticas. Tal representação se prestava ao 
autoconsumo dos protagonistas da violência e funcionava como moeda de 
troca, através da qual se buscava ampliar sua legitimidade no conjunto da 
sociedade e desqualificar seus inimigos. Tais configurações da violência não 
se extinguiram por completo, mas certamente cederam espaço a outros 
conteúdos. Por exemplo, o deslocamento de valor da categoria trabalho 
destrói identidades e produz o crescimento do individualismo ao mesmo 
tempo em que fabrica novas identidades coletivas, articuladas a uma 
pluralidade de perspectivas certamente mais complexas do que a polarização 
capital/trabalho, legitimadora de alguns sentidos que a violência assumia. 
 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
 Sendo assim, o que se tem visto e ouvido, e que se tem de notícia é que a 
escola, principalmente a pública, vem promovendo, ainda, certas mediações 
preservadoras de processos ideológicos de dominação do capital. Isso ocorre na 
medida em que apresenta aos trabalhadores como a instituição que os adequa ao 
mercado globalizado, fortalecendo suas expectativas em torno da dita ascensão 
social. 
 Nesta mesma linha de raciocínio, relacionado à garantia de espaço para se 
efetivar o processo de democratização, Frigotto (2003, p. 47) salienta que a 
ampliação do espaço público constitui-se como ponto de partida para a construção 
de uma sociedade socialista e democrática. Há, porém, lutas e contradições que 
partem dessa ampliação e guardam muitas convicções e utopias de que a invenção 
humana pode ir além das determinações da sociedade capitalista. O fortalecimento 
de sujeitos coletivos e individuais presentes no cotidiano da educação pública, 
inclusive, emergem dessas convicções e utopias. 
 É possível, quem sabe, assinalar a pressuposição de que todo um processo 
de desenvolvimento socioeducacional pode ser o vilão dessa história. Sendo assim, 
vale a pena destacar alguns significativos pontos do processo civilizatório, 
especificamente brasileiro. A síntese destaca fatos desde o descobrimento (Século 
XVI) até às prospectivas do Século XXI, mesmo que em tom não muito agradável. 
 Com a chegada dos portugueses no Brasil, ao invés de avanço, houve 
regressão em termos civilizacionais, isso porque, dentre outros fatores, rudimentos 
de uma tradição deixou de ser valorizada. Antes do século XVIII, os descendentes 
de portugueses esqueceram-se da língua materna, passando o tupi a ser a língua 
oficial. Entre os séculos XVIII e XIX, ocorreu um processo de re-civilização, a partir 
de princípios modernistas, proporcionados por correntes filosóficas e sociológicas do 
tipo Liberalismo, Iluminismo e Positivismo. 
 Este último fato pode ser comprovado pelas mudanças das metodologias 
educacionais, passando de um ensino teórico tradicional proporcionado inicialmente 
pelos jesuítas a um ensino pragmático e empirista no período republicano. Segundo 
pesquisadores da área, inclusive Ralph Jones (2007), essa situação dificultou a 
retomada de um espírito conservador no País, e as ideologias de esquerda, em 
moda no século XX estendendo-se até os dias de hoje, agravaram o quadro 
sociopolítico que se encontrava moribundo. 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
 O sistema era marcado por um alto grau de seletividade, que se traduzia no 
fato de que a cada 1.000 alunos admitidos na primeira série da escola primária em 
1960 apenas 56 conseguiam ingresso no ensino superior em 1971. Do ponto de 
vista de sua organização interna, o atual sistema brasileiro de ensino é resultado de 
modificações importantes, introduzidas em 1971, 1988 e 1996. 
 Embora o Brasil tenha avançado neste campo nas últimas décadas, ainda há 
muito a ser feito. A escola e a universidade tornaram-se locais de grande 
importância para a ascensão social e muitas famílias tem investido muito neste 
setor. Pesquisas na área educacional apontam para um terço da população 
brasileira freqüentando diariamente a escola. Os números dão conta de haver um 
crescimento considerável no nível de escolaridade do povo brasileiro, importante 
para a melhoria do nível de desenvolvimento do País. 
 É possível quem sabe, ainda, assinalarque há um fenômeno em evidência 
nos debates contemporâneos - as causas da evasão escolar. A repetência, o 
abandono e a evasão são problemas crônicos, que sempre estiveram presentes na 
história da educação escolar brasileira. Encontrando-se na origem do complexo 
problema da defasagem idade/série, o insucesso escolar tem sido uma deficiência 
grave, tanto para o aluno, levado à perda da auto-estima, como para o sistema 
educacional como um todo, onerando significativamente os custos da educação 
pública. 
 Existe no Brasil uma vasta literatura sobre a evasão escolar. Desde que se 
faz pesquisa educacional no País, o fenômeno do abandono escolar tem sido objeto 
de estudos e análises realizados por diversos especialistas da área, representantes 
das mais variadas tendências. Tanto os estudos etnográficos como as sofisticadas 
análises do fluxo escolar, do rendimento, do financiamento e dos custos da 
educação têm chegado a resultados similares: gasta-se muito e mal, em um 
sistema ineficaz, cujos índices de evasão escolar são extremamente alarmantes, 
em que o aluno evadido é submetido a sucessivos fatos vexatórios, como se 
somente ele fosse o culpado por esse tipo de fracasso. 
 A evasão escolar é destaque entre os problemas de nosso sistema 
educacional. O que mais está em jogo é a busca por culpados de tal situação: ora 
culpa-se o estudante, ora a família, ora determinada classe social, ora todo um 
sistema econômico, político e social, ora o professor, ora a escola, enfim, ora...ora. 
As perguntas que podem ser feitas são: Será que existe mesmo culpado para 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
evasão escolar? A questão é simplesmente procurar culpados? Entende-se que o 
processo de ensino e de aprendizagem, que tem ao menos dois sujeitos atuantes, 
enquanto processo que ocorre entre subjetividades, nunca uma única pessoa pode 
ser a culpada. 
 A pretensão aqui não é a de desviar a responsabilidade de um ou de outro, 
em relação à evasão escolar. O que se tem em vista é fomentar uma discussão 
acerca das causas dessa situação, e o que é mais importante propiciar a 
oportunidade a que o sujeito entendido como evadido possa retornar aos estudos. É 
sabido que não se trata de uma tarefa das mais fáceis. É, antes de tudo, um 
desafio. 
 Ao tratar da evasão escolar, além de se buscar as causas e as conseqüências 
que contribuem para o desestímulo do sujeito, vê-se a necessidade de se 
conceituar aquilo que incomoda a todos os envolvidos no processo de ensino e 
aprendizagem: a exclusão social e a violência, analisados como um fenômeno 
intrínseco ao processo civilizatório. A exclusão social é termo que se refere a uma 
pessoa ou grupo de pessoas que sofre alguma forma de discriminação perante a 
sociedade. A violência, enquanto comportamento que causa dano a outra pessoa, 
caracteriza-se em elemento estrutural das civilizações e, como tal, participa da 
própria constituição e organização das sociedades. 
 A violência manifesta-se sob várias formas, algumas delas, dizem, até 
positivas. No entanto, o tratamento aqui é o da violência que atualmente invade e 
esmaga os sujeitos: a violência exercida por um sujeito submetido ele próprio à 
violência de se excluir dos direitos mais elementares da cidadania - direito à 
educação. A declaração desse direito aparece no artigo 6º: “São direitos sociais a 
educação, (...) na forma desta constituição”, em que pela primeira vez em nossa 
História Constitucional, explicita-se a declaração dos Direitos Sociais, destacando-
se, com primazia, a educação. 
 A evasão escolar tem sido desafio ao sistema de ensino público. Uma razão, 
porque nem sempre o aluno absorve a educação como algo imprescindível para 
suas conquistas e avanços no contexto social. Por essa e outras razões, são sérias 
as conseqüências na vida do sujeito aprendiz, por não usufruir desse direito e dos 
benefícios que o ensino proporciona. 
 Ao tratar da permanência dos estudantes em seus estudos, diversos 
estudiosos discutem o assunto. Um deles é Grosbaum (2001, p. 23) que tem dado 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
ênfase à realização de um ensino baseado em aprendizagens significativas. Ele 
assim defende a sua tese: 
 
A aprendizagem significativa é aquela que é relevante para a vida do aluno, 
estando articulada com seus conhecimentos anteriores. Nisso é preciso que o 
professor saiba programar atividades e criar situações adequadas que 
permitam articular os vários conceitos com os conhecimentos dos alunos. 
 
 O que se pode perceber é que a presença do professor no processo de 
aprendizagem é muito significativa. O trabalho motivador que ele pode 
proporcionar e a realização de atividades didáticas diferenciadas farão a diferença 
no índice de aproveitamento dos sujeitos aprendizes. Para o sucesso de sua 
atuação, o professor precisa estar preparado. Freire (2006, p. 21), neste sentido, 
diz que “o profissional deve ir ampliando seus conhecimentos em torno do homem, 
de sua forma de estar sendo no mundo, substituindo por uma visão crítica a visão 
ingênua da realidade.” 
 A realidade do sistema educacional remete à situação da evasão escolar que 
ocorre por questões negativas no interior e no exterior da escola. A falta de 
atividades motivadoras, dentre outras situações, no interior da escola, tem sido um 
dos componentes que dificulta a permanência do aluno nos estudos. A escola, em 
relação ao seu exterior, não tem tido habilidade suficiente para lidar com fatores 
que tem propiciado mudança de foco dos alunos em detrimento do processo 
educacional, bem como às suas perspectivas de futuro. 
 Em relação às causas da evasão escolar, pesquisa realizada por estudantes 
da UFT – Universidade Federal de Tocantins, do Curso de Letras, 1º Período, 
Disciplina Sociologia da Educação, deu voz ao clamor de aproximadamente 60 
(sessenta) alunos, que estavam cursando o Ensino Médio em 4 (quatro) escolas da 
rede pública em Araguaína, Estado do Tocantins. Condições socioeconômicas, 
gênero, gravidez, defasagem de série, escolaridade dos pais foram as principais 
causas da evasão mencionadas pelos sujeitos da pesquisa. 
 O levantamento fomentado pelos alunos-pesquisadores confirmou os 
motivos já destacados pela literatura existente como responsáveis por tirar o 
estudante das salas de aula. Dentre eles, destaque para baixa condição 
socioeconômica, gravidez, necessidade de trabalhar para ajudar a família e 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
defasagem idade-série. A pesquisa revelou também que aspectos relacionados à 
relação aluno-escola são extremamente importantes, provocando uma perda 
considerável entre aqueles que teriam um perfil menos vulnerável e poderiam, 
teoricamente, continuar estudando. 
 Jovens disseram em entrevistas que a “forçação de barra”, como eles dizem, 
para exprimir seus sentimentos acerca da pressão proporcionada pela escola, 
professores e a própria sociedade, a falta de atratividade para as atividades 
propostas, e a falta de perspectiva para o futuro são fatores que os levam a se 
desestimularem. Quanto mais se os aperta, mais chance de ele abandonar a escola. 
Mesmo assim, 41,6% dos evadidos atribuíram a si mesmos a responsabilidade 
pelas dificuldades, afirmando que poderiam ter se esforçado um pouco mais. 
 Quanto à falta de atratividade, os evadidos entrevistados disseram ser 
preciso ter-se uma escola mais atraente. Não em termos de estrutura física, e sim 
em termos de “algo mais”. Aula diferente, como dizem, que proporcionem 
atividades extracurriculares, aulas mais práticas ou que apresentem exemplos do 
cotidiano para o conteúdo disponibilizado e a utilização de materiaisque facilitem o 
aprendizado. De acordo com os dados apurados pelos estudantes-pesquisadores, os 
evadidos que mais mencionaram a necessidade de uma escola mais dinâmica foram 
os primeiros a abandonar os estudos. 
 Dos dados coletados e da impressão obtidos pelos estudantes-
pesquisadores, o resultado é de que o evadido não se apercebia do quanto o estudo 
é importante para o seu futuro. A pesquisa revelou que o sujeito da pesquisa, sem 
consciência da importância do estudo em suas vidas, não tem tido oportunidades 
no mercado de trabalho. Da mesma forma, a intenção de cursar a universidade. 
 A Pesquisa Cientifica da Universidade Federal do Tocantins, Campus de 
Araguaína, em termos de evasão escolar e o resgate de evadidos, é a primeira 
iniciativa na cidade de que se tem conhecimento. Foi desenvolvida em um período 
de 2 anos, por acadêmicos do 1° Período de Letras, da disciplina de Sociologia da 
Educação, com uma seqüência de trabalho de 6 meses para cada uma das 4 turmas 
participantes. A mesma foi coordenada pelo Prof. Mestre Plinio Sabino Sélis, com o 
apoio dos monitores de Sociologia da Educação, Evânia Soares Rippel e Fernando 
Almeida da Costa, ambos do Curso de Letras. 
 O objetivo da Pesquisa foi o de identificar as causas da evasão escolar no 
ensino médio em Araguaína/TO, sendo que os dados foram coletados e 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
sistematizados para constarem em artigo cientifico. Já o método utilizado foi o da 
pesquisa qualitativa, por meio de estudos de caso, tendo por suporte teórico para 
a coletas das informações a teoria sociológica de Anthony Giddens, que trata da 
diferença entre o olhar da imediatidade e do olhar sociológico, além de Norbert 
Elias e o seu Processo Civilizatório, eixo norteador da pesquisa. 
 A investigação e coleta de dados aconteceram em quatro escolas públicas do 
ensino médio de Araguaína/TO, aqui identificadas por Escola X, Escola Y, Escola Z e 
Escola W. Essas unidades escolares apresentaram praticamente as mesmas 
características físicas com 8 a 12 salas de aula, biblioteca, laboratório de 
informática, teleposto (videoteca), entre outros espaços. O público-alvo 
caracterizou-se por uma clientela oriunda do próprio setor em que se encontra 
instalada a Unidade Escolar e de setores vizinhos, sendo de família de baixa renda 
e com necessidades econômicas e afetivas. 
 Para a realização da pesquisa, foram utilizados instrumentos como 
formulários para a coleta de informações sobre a escola e sujeitos da pesquisa, 
além de questionários por ocasião do contato com os mesmos. A metodologia 
empregada foi a qualitativa, por se constituir a pesquisa em estudo de caso. A 
técnica utilizada foi a da observação direta intensiva, em que se realizaram a 
observação e a entrevista. 
 As atividades foram desenvolvidas em etapas: 1-º e 2º semestres de 2010; 
e 1º semestre de 2011. No primeiro semestre de 2010, foi proposta a elaboração 
do Projeto de Pesquisa e Extensão sobre causas da evasão escolar no ensino médio 
de Araguaína/TO, bem como a revisão da literatura. No segundo semestre de 2010, 
foi realizada a execução do projeto, em sua primeira fase, por meio da leitura do 
projeto e da revisão da literatura. Nesse período, os estudantes-pesquisadores 
investigaram e coletaram dados sobre o histórico da escola-campo, dos sujeitos da 
pesquisa, mediante contato direto, e das causas da evasão escolar. 
 No primeiro semestre de 2011, executou-se o projeto em sua segunda fase, 
por meio de leituras do projeto, da revisão da literatura, histórico da escola-campo 
e dos sujeitos da pesquisa; e de pesquisa de campo sobre causas da evasão escolar 
na escola-campo. Nesta etapa, aconteceu também a análise dos dados coletados 
sobre as causas da evasão escolar ditas pelos sujeitos da pesquisa, os evadidos, 
bem como a elaboração e redação do resultado final. 
 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
 Os fatores básicos em relação à evasão escolar configuram-se na gravidez 
na adolescência, violência e o trabalho, doméstico ou não, como empecilhos para a 
freqüência escolar. E, ainda, o caso das drogas que tem sido causa do afastamento 
dos jovens, principalmente do sexo masculino. E quanto às jovens do sexo 
feminino, a grande incidência de prostituição. 
 A pesquisa realizada demonstrou serem várias as causas da evasão escolar. 
A necessidade do trabalho foi o tema mais destacado pelos sujeitos da pesquisa. 
Outro fato foi o da gravidez indesejada gerando vergonha e desmotivação, além de 
não ter com quem deixar a criança. E, ainda, o fator saúde. Há que se relatar, 
também, a questão de horário das aulas incompatível com o horário de trabalho, 
além da prática pedagógica inadequada de professores. 
 Dos sujeitos da pesquisa (N=60), que caracterizavam a população, foram 
selecionados aleatoriamente doze (n=12) para as entrevistas e acompanhamento 
em suas casas. Desses sujeitos, seis deles demonstraram interesse em retornar aos 
estudos. A partir daí, os estudantes-pesquisadores destinaram toda a atenção a 
eles. Dos seis sujeitos, três retornaram aos estudos, um deles matriculando-se em 
curso modular, oferecido pela municipalidade; e os outros dois retornando à escola 
de origem. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A realização da pesquisa demonstrou que da análise feita acerca dos dados 
co3letados e analisados, é possível demonstrar grande preocupação, ao menos, 
com dois aspectos. Um relacionado às condições sócio-econômicas que 
caracterizam o ambiente dos alunos, envolvendo educação e ocupação dos pais, 
renda familiar, estado nutricional do estudante e conhecimento prévio. Outro que 
diz respeito à distância cultural entre a escola pública e sua população majoritária, 
pela insuficiência de material didático, conteúdos e linguagem, além da inadequada 
prática pedagógica. 
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
 Os objetivos foram alcançados. Causas da evasão escolar foram detectadas 
in loco, com o olhar não da imediatidade, e sim sociológica, portanto mais 
profunda. A Operação Resgate foi satisfatória ao que se estabeleceu como meta: o 
resgate, ao menos, de um dos sujeitos da pesquisa. E o resultado apontou para o 
resgate de três deles. 
 Os resultados a que se chegou deixam um campo aberto a outras iniciativas 
na mesma área, como, por exemplo, o redimensionamento dos fatores intra-
escolares como minimização dos efeitos da evasão escolar. O que se quer dizer é 
que o enfrentamento da questão evasão escolar depende, em grande parte, de 
transformações internas dos mecanismos escolares, desde a revisão dos objetivos, 
passando pelas práticas de ensino, até o procedimento de avaliação. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRASIL. IBGE. Situação da Educação no Brasil na última década do 
século XX. Disponível em XX. Disponível em 
<http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/educacao.html>, acessado em 
13 fev 2012. 
CARDIM, P. A. G.. O professor como elo entre a escola e o estudante: como evitar a 
evasão, em: COLOMBO, Sonia Simões; RODRIGUES, Gabriel Mario (orgs.). 
Desafios da gestão universitária contemporânea. Porto Alegre,RS: Artmed, 
2011. 
CRETELLA Jr., J. (1991/93), Comentários à Constituição Brasileira de 1988. 
Rio de Janeiro, Forense, V. 2 (2. ed. 1991) e V. 8 (2. ed. 1993). 
ELIAS, N. O Processo Civilizador: Uma história dos costumes. Trad. Ruy 
Jungmann. Rio de Janeiro,RJ: Jorge Zahar, vol. 1, 1990. 
FREIRE, P. Educação e mudança. 29. ed. Rio de Janeiro,RJ: Paz e Terra, 2006. 
FRIGOTTO, G. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 2003. 
GHEDIN, E. Ensino de Filosofia no Ensino Médio. 2. ed. São Paulo/SP: Cortez,2009. 
GIDDENS, A. Sociologia. Trad. Sandra Regina Netz. 4. ed. Porto Alegre/RS: 
Artmed, 2005. 
GROSBAUM, M. W. Progestão: como promover o sucesso da aprendizagem do 
aluno e sua permanência na escola? Brasília,DF: CONSED – Conselho Nacional de 
Secretários de Educação, 2001. 
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/educacao.html�
 
 
III Simpósio Nacional Discurso, Identidade e Sociedade (III SIDIS) 
DILEMAS E DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE 
 
 
 
 
 
 
JONES, R. Algumas notas sobre o Processo Civilizatório Brasileiro. Disponível em 
http://pt.shvoong.com/humanities/history/1713058-algumas-notas-sobre-
processo-civilizat%C3%B3rio/#ixzz1gcMpLUiz, acessado em 01 jan 2012. 
MENEZES, E. T. de; SANTOS, T. H. dos."Sistema educacional brasileiro" 
(verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São 
Paulo: Midiamix, 2002, 
http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=173, visitado em 
13/2/2012. 
MILLS, C. W. ne Sociological Imagination. Harmondsworth: Penguin, 1970. 
PORTO, M. S. G. A violência entre a inclusão e a exclusão social. Tempo Social, v. 
12, nº 12, São Paulo, mai 2000. 
SCHWARTZMAN, S.; DURHAM, E. R.; GOLDEMBERG, J. A Educação no Brasil 
em uma perspectiva de transformação. Projeto sobre Educação na 
América Latina do Diálogo Interamericano. São Paulo, Junho de 1993. 
SOBRAL, M. L. A influência da afetividade no ambiente pedagógico. Interface de 
Saberes. v. 7, n. 2, 2007. Disponível em: 
HTTP://interfacesdesaberes.fafica.com/seer/ojs/include/getdoc.php?id=194&99&m
ode=pdf. Acesso em 2 set, 2010. 
 
 
http://pt.shvoong.com/humanities/history/1713058-algumas-notas-sobre-processo-civilizat%C3%B3rio/#ixzz1gcMpLUiz�
http://pt.shvoong.com/humanities/history/1713058-algumas-notas-sobre-processo-civilizat%C3%B3rio/#ixzz1gcMpLUiz�
http://interfacesdesaberes.fafica.com/seer/ojs/include/getdoc.php?id=194&99&mode=pdf�
http://interfacesdesaberes.fafica.com/seer/ojs/include/getdoc.php?id=194&99&mode=pdf�

Outros materiais