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INTRODUÇÃO A função de toda ordem social, de toda sociedade — porque a sociedade nada mais é que uma ordem social — é motivar certa conduta recíproca dos seres humanos: fazer com que eles se abstenham de certos atos que, por alguma razão, são considerados nocivos à sociedade, e fazer com que executem outros que, por alguma razão, são considerados úteis à sociedade.” (Kelsen, página 21) Extrai-se do trecho acima que é necessária certa ordem para o convívio social, uma vez que para convivência faz-se necessária a limitação da liberdade absoluta. Não se pode fazer o que bem entende quando se vive em sociedade. Atualmente, essa ordem é construída, em grande parte, por meio do Direito, consubstanciado em suas normas e princípios. Mas já foi diferente. A ordem já foi imposta por monarcas absolutistas no século XVII ou (ainda que fazendo uso do Direito) por governantes autoritários em regimes ditatoriais. É importante, desde logo, diferenciar os termos “Estado” de “sociedade civil”. O Estado é uma realidade com voz própria na comunidade internacional, onde emerge uma realidade organizativa peculiar de um povo num determinado território do planeta. É um poder soberano que significa não ter nada igual ou semelhante na ordem interna nem superior na ordem supranacional ou internacional. Tem por finalidade a garantia do bem comum, fruto da natureza social do humano construído e operado pelo direito. É válido, ainda, lembrar que o Estado pode ser concebido por teorias unidimensionais, como a de Hans Kelsen, Augusto Comte e Karl Marx; por teorias bidimensionais, para George Jellinek, por exemplo; tridimensionais, concebida por Miguel Reale e outros autores; como também pentadimensionais. Como definição positiva de sociedade civil, pode-se dizer que é o lugar onde surgem e se desenvolvem os conflitos econômicos, sociais, ideológicos religiosos que as instituições estatais têm o dever de resolver ou através da mediação ou através da repressão. Com a consagração dos estudiosos da Teoria Geral do Estado, como Georg Jellinek, a definição negativa entende a sociedade civil como conjunto de relações não reguladas pelo Estado. Entende-se que sua extensão é delimitada pelo Estado, assim como a sociedade civil delimita o Estado. Hoje, o Brasil é um Estado Democrático de Direito, razão pela qual a ordem social é efetivada por meio do Direito, cuja construção tem a participação democrática de todos através do voto, sendo criadas ainda instituições para a formulação, aplicação e efetivação destas regras, e para as demais funções necessárias à organização do nosso Estado. Quando falamos em democracia, o uso axiológico da dicotomia sociedade civil e Estado dá luz a oposição existente entre democracia e autocracia, com o destaque dado ao conteúdo democrático das aspirações da sociedade civil no contraponto às características autoritárias, com o exemplo do regime militar brasileiro de 1964. Foi igualmente o uso axiológico da dicotomia entre público e privado que permeou ex parte populi este combate, com a afirmação do público como ‘comum’, que, numa democracia, ainda requer a transparência do poder, para conter o segredo do jus dominationis. Nessa aula, busca-se explicar justamente essas noções elementares do funcionamento do nosso Estado e do Direito, sendo este o norteador e regulador da atuação dos diversos atores da sociedade civil e da relação entre o Estado e a sociedade . Passaremos agora ao conceito de ordenamento jurídico, hierarquia das normas, tipos de normas, organização do Estado brasileiro, separação de poderes, sistema judiciário brasileiro e algumas outras considerações sobre a matéria. ORDENAMENTO JURÍDICO De forma geral, o que chamamos de ordenamento jurídico pode ser entendido como o conjunto de princípios e normas que regulamentam a atuação dos diversos atores de uma sociedade (Estado, pessoas físicas, pessoas jurídicas, etc.). Princípios: regras norteadoras que auxiliam na compreensão das normas e orientam sua interpretação e aplicação. Podem estar dispostos em lei escrita, mas geralmente não são escritos, surgindo da interpretação de diversos elementos do ordenamento jurídico e da sociedade. Normas: regras escritas que podem ser: leis, decretos, atos administrativos, entre outros. HIERARQUIA DAS NORMAS As normas que compõem o ordenamento jurídico não têm a mesma importância, sendo organizadas em uma hierarquia que deve ser respeitada. A forma mais tradicional de representação dessa hierarquia do ordenamento jurídico é uma pirâmide, conforme abaixo: By Isadora Laitano, 2022 Desse modo, uma norma da base da pirâmide não pode contrariar outra norma mais ao topo. Para além disso, cada faixa da pirâmide e, mais especificamente, cada norma ali indicada tem uma função diferente no ordenamento jurídico. Ao mesmo passo em que todas contribuem para a ordem e organização da sociedade e do Estado, algumas dão diretivas mais gerais e outras são específicas, algumas tratam de princípios e outras de questões mais práticas de funcionamento de órgãos, cidades, etc. Assim, é preciso entender um pouco mais sobre cada tipo de norma indicada na nossa pirâmide. TIPOS DE NORMAS Constituição: É a norma cujas disposições e princípios ali contidos ou que são dela inferidos informam o restante do ordenamento jurídico. Assim, todo o ordenamento jurídico e aplicação das normas deverá respeitar o que se encontra disposto na constituição federal. Traz disposições gerais sobre o país e sua organização, inclusive a repartição dos poderes no Estado brasileiro, as competências para legislar e o funcionamento judiciário brasileiro encontrarão na Constituição seus fundamentos. A Constituição é, em sua forma mais democrática, elaborada por uma assembleia constituinte. Emenda Constitucional: A Constituição, por ser uma norma a que se dá a pretensão de permanência e durabilidade, deve poder ser modificada, para que suas disposições se adaptem às gerações e mudanças sociais sem a necessidade de se editar novas Constituições a todo momento. Por isso, ela própria prevê como pode ser modificada, em seu artigo 60, por meio de emenda constitucional. A votação ocorre em dois turnos em cada umas das casas legislativas da união (Câmara dos Deputados e Senado) tendo que ser aprovada por três quintos dos membros em cada votação. Pode ser proposta por: a) um terço, no mínimo, dos membros da câmara dos deputados ou do Senado Federal; b) presidente da república; c) por mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Lei Complementar: No direito, lei complementar é uma lei que tem, como propósito, complementar, explicar e adicionar algo à constituição. Encontrar-se-á referência expressa a elas na constituição. Além desta diferenciação de conteúdo, frente à lei ordinária, também se diferencia por necessitar da aprovação da maioria absoluta dos membros da casa em cada votação, e não somente da maioria dos presentes. Pode ser proposta por: a) qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados, Senado Federal ou Congresso Nacional; b) Presidente da República; c) Supremo Tribunal Federal; d) Tribunais Superiores; e) Procurador-Geral da República; f) Cidadãos através do processo de iniciativa popular. Lei Ordinária: Considerando que a lei complementar é exigida de maneira específica (expressa na constituição), a lei ordinária é considerada residual (no resto dos casos, ou seja, onde não houver a exigência de lei complementar). Sua aprovação é por maioria simples (o primeiro número inteiro após a metade do número dos presentes). A proposição segue os mesmos casos da lei complementar. Lei Delegada: o Congresso Nacional pode delegar ao presidente a elaboração de leis de sua competência, com as devidas restrições de matéria explicitadas no artigo 68. É hierarquicamente equivalente à Lei ordinária e complementar. Decreto-lei: É o antecessor da medida provisória, e dependiade urgência ou interesse público para ser editada pelo chefe do executivo federal. Existiu até a promulgação da constituição de 1988. Muitos decretos-lei ainda estão vigendo, oriundos do período da ditadura militar e alguns de períodos anteriores. Contudo, apenas podem viger se compatíveis e recepcionadas pela Constituição de 1988. Era de competência do presidente da república. Medida Provisória: Substituiu o Decreto-Lei após diretivas da Constituição de 1988. Só pode ser feita para casos de relevância e urgência. Não pode tratar de matéria reservada a Lei Complementar, direito penal, processo penal, processo civil, etc. Tem força de lei. Devem ser submetidas de imediato ao Congresso Nacional e, após 45 dias da sua publicação entram em regime de urgência e trancam a pauta do Congresso Nacional. Pode ser prorrogada uma vez (60 dias) e votada, sob pena de perda da eficácia. A proposição é feita pelo presidente da república. Atos Normativos: São de diversos tipos, também com funções distintas, editados pelo poder executivo. Todas as normas precisam ser publicadas para que tenham força normativa. - Decretos: São emitidos pelo chefe do executivo e regulamentam lei complementar ou ordinária, especificando como se dará a sua efetiva aplicação. Não criam, extinguem ou modificam direitos. - Atos Normativos Complementares: visam dar alguma forma específica de execução às leis e decretos. É o caso das instruções normativas e resoluções. - Atos Normativos Ordinatórios: ordenam algo, geralmente relativo a um Âmbito específico. É o caso das circulares, portarias ofícios, despachos e ordens de serviço. - Atos Normativos Negociais: são responsáveis por estabelecer situações de negociação entre órgãos públicos ou com entidades privadas. É o caso da licitação. - Atos Normativos Enunciativos: eles narram ou contam algo relevante, como uma certidão, atestado, parecer. - Atos Normativos Punitivos: — emitidos para regular uma determinada situação, impondo sanção, multa, advertência, suspensão ou cassação. * Normas técnicas: Não pertencem propriamente ao ordenamento jurídico brasileiro e não são feitas pelo Poder Público/Estado. São normas que se referem a procedimentos, serviços, produtos específicos que devem seguir certo padrão. Para que esse padrão seja conhecido e seguido, são editadas as normas técnicas por órgãos específicos e creditados para tal. O Diretor da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) definiu as normas técnicas da seguinte forma: “A definição internacional de norma diz que é um “documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto.” A esta definição podemos acrescentar a recomendação de que “convém que as normas sejam baseadas em resultados consolidados da ciência, tecnologia e da experiência acumulada, visando à otimização de benefícios para a comunidade.” Ou seja, as Normas técnicas fazem as coisas funcionarem. Elas fornecem especificações de classe mundial para produtos, serviços e sistemas. Garantem a qualidade, a segurança e a eficiência.” Assim, existem normas técnicas para diversos procedimentos ligados à engenharia, construção, materiais, etc. É possível consultar ou pesquisar por normas técnicas no site da ABNT (abnt.org.br). Ainda, importa ressaltar que as NRB (normas técnicas brasileiras, feitas pela ABNT) se diferem das Normas Regulamentadoras (NR), feitas pelo (antigo) Ministério do Trabalho e Emprego, e que também ditam regras procedimentais e de organização importantes sobre os ambientes de trabalho, o que deve ser sempre conhecido pelo profissional de Engenharia e Segurança do Trabalho e pelos empregadores. Outros órgãos do Poder Executivo também podem estabelecer normas regulamentadoras, como Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia — INMETRO, as quais serão aplicadas a áreas específicas da engenharia, por exemplo petróleo e gás. Imporante: As Normas Técnicas só são obrigatórias se uma Norma Regulamentadora assim estabelecer. De outra forma, são recomentadórias e será o mercado, os fornecedores, as empresas que irão exigir sua aplicação. Agora, quem é competente para editar cada uma destas normas? Poder que tem por objetivo primeiro a criação de normas é o Poder Legislativo. Sendo que a competência para legislar se dá da seguinte forma: By Isadora Laitano, 2022 Como o Poder Executivo tem por competência executar as normas criadas pelo Legislativo, este pode criar Decretos e outros Atos Administrativos para facilitar esta execução. Além disso, a Constituição Federal também permite que ele crie Medidas Provisórias, as quais, como o próprio nome diz, só se tornarão lei após aprovadas pelo Congresso Nacional. By Isadora Laitano, 2022 O poder judiciário não cria normas, apenas julga o seu cumprimento. E isso se dá por meio dos juízes e tribunais, estaduais e federais, que possuem também competências específicas em razão da matéria que julgam, como é o caso da Justiça do Trabalho, da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral. A Justiça Federal tem como objetivo analisar e julgar todas as ações nas quais a União é parte, ou que haja bens da União envolvidos, ou ainda, relacionada com índicos e com estrangeiros. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA E REPARTIÇÃO DOS PODERES A Constituição, que como já visto dá as diretrizes de organização do país, indica que o Brasil é um país republicano, federativo, presidencialista (pontos que serão abordados na aula de Direito Constitucional) e composto por três poderes, independentes e harmônicos entre si, que são os responsáveis, de modo geral, pelo funcionamento do Estado. Esses Poderes são o Executivo, Legislativo e Judiciário. Dessa forma, podemos entender que todos os papéis a serem cumpridos pelo Estado brasileiro (papéis estes que também estão em grande parte previstos na Constituição), serão desempenhados por algum dos três poderes ou estarão sob seu controle. Como já vimos, a maioria das normas são feitas pelo Poder Legislativo, enquanto outras podem ser feitas diretamente pelo executivo (geralmente relacionadas a sua função de administração do Estado). O fato é que cada um dos três poderes tem suas próprias competências (são independentes), havendo pequenos pontos de interferência entre eles a fim de garantir um maior equilíbrio e evitar que um dos Poderes sozinho possa controlar o país (devem ser harmônicos entre si, conforme dito constitucional). O artigo da Constituição Federal do Brasil que trata da organização político-administrativa possui a seguinte redação: “Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.” Após a leitura deste artigo existem alguns pontos importantes a ressaltar: O Brasil é uma federação: O Estado será federado, em contraponto aos estados unitários (como o Uruguai) se o poder político estiver repartido entre diferentes entidades governamentais autônomas (União, Estados, Distrito Federal e os Municípios), sendo assim caracterizado pela descentralização política. Se diferencia também de uma confederação, pois suas entidades governamentais não possuem a possibilidade de secessão (retirar-se da confederação). O Brasil é um Estado republicano: o princípio republicano impõe a necessidade de legitimidade popular. Com o passar dos tempos para ser considerado uma república é necessário que o país possua as seguintes características: I)eletividade, seja ela direta ou indireta; II) temporalidade, no exercício do poder; III) representatividade popular; d) responsabilidade do governante (dever de prestar contas). Esta forma se opõe à monárquica que possui as seguintes características: I) hereditariedade; II) vitaliciedade; III) inexistênciade representatividade popular; IV) ausência de prestação de contas. O Brasil é presidencialista: a diferenciação entre sistemas de governo interage com todo o funcionamento do Estado. Existem, entretanto, alguns pontos que podem ajudar a entender a diferenciação com a outra forma mais conhecida: o parlamentarismo. O constituinte originário, ao escolher pelo sistema presidencialista, escolheu por um poder executivo unitário sem diferenciação entre Chefe de Estado (quando representa o Estado frente a outros Estados soberanos) e Chefe de Governo (quando exerce a chefia superior da Administração Pública). O Presidente da República cumpre mandato autônomo, por tempo certo, não dependendo do Legislativo, nem para sua investidura, nem para sua permanência no poder. As relações entre os poderes são mais rígidas, vigorando o princípio da divisão dos poderes. O Brasil segue o princípio da divisão dos poderes: “Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos”. (Montesquieu, p. 157) by Isadora Laitano, 2022 Conforme o artigo segundo da constituição federal: são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, Executivo e Judiciário. Cada um dos poderes dispões de largo trecho da Constituição que versa especificamente sobre suas competências, organizações, etc. De forma geral, contudo: Poder Legislativo: tem como objetivo criar e aprovar as leis que irão reger o Brasil. Poder Executivo: deve executar estas leis, por meio de decretos e outros atos normativos. Poder Judiciário: tem como objetivo analisar se estas Leis e Decretos estão sendo respeitados e se estão de acordo com a Constituição Federal. Não há hierarquia entre os poderes, mas competências diferentes. Em razão do modo federativo de organização do Estado (que será melhor estudado posteriormente), as esferas dos três poderes estão presentes em mais de um nível da federação, agindo cada uma de acordo com suas competências. Por isso temos: By Isadora Laitano, 2022 O Poder Judiciário, embora possa se dizer que há Tribunais vinculados ao Estado-membro e outros à União, existem certas particularidades que precisam ser compreendidas, como veremos adiante. Tratando-se da República federativa do Brasil temos, então, um ente federado nacional (união), entes federados regionais (estados) e entes federados locais (municípios). Em um Estado do tipo federado, a autonomia dos entes federativos pressupõe repartição, constitucionalmente estabelecida, de competências administrativas, legislativas e tributárias. Estas competências podem ser de quatro tipos: - Competências exclusivas: são competências específicas do ente federativo e que possuem a característica de serem indelegáveis, ou seja, apenas aquele ente federativo pode exercer tal competência. - Competência privativa: são como as competências exclusivas, a diferença é que existe a possibilidade do ente federativo delegar tal competência à outro. - Competências comuns: A competência comum é uma competência onde todos os entes federativos exercem-na em condições de igualdade, sem nenhuma relação de subordinação; a atuação de um não exclui a dos outros. Podem haver normas regulando as formas de cooperação entre os entes federativos envolvidos. - Competências concorrentes: A competência concorrente, compreende a possibilidade de a União, os Estados e o Distrito Federal legislar sobre determinadas matérias, cabendo à União legislar sobre normas gerais e aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre normas específicas. Contudo, na superveniência de lei federal geral sobre o assunto, a norma antes emitida pelo Estado terá sua eficácia suspensa, naquilo que for contrária à lei federal posteriormente editada. SISTEMA JUDICIÁRIO BRASILEIRO O Poder Judiciário é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 92 a 126. Ele é constituído de diversos órgãos, com o Supremo Tribunal Federal (STF) com a função principal de zelar pelo cumprimento da Constituição. Ao lado dele está o Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável por fazer uma interpretação uniforme da legislação federal. No sistema Judiciário brasileiro, há órgãos que funcionam no âmbito da União e dos estados, incluindo o Distrito Federal e Territórios. No campo da União, o Poder Judiciário conta com as seguintes unidades: a Justiça Federal (comum) — incluindo os juizados especiais federais –, e a Justiça Especializada — composta pela Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar. Nos Estados, a Justiça comum, estadual, tem algumas competências específicas. Contudo, é importante destacar que estes Tribunais de Justiça estaduais não estão restritos a julgar matérias de leis estaduais ou municipais. São apenas vinculados aos Estados, mas suas competências incluem temas ditados por leis federais e até mesmo constitucionais. No nível municipal, não há órgão do Poder judiciário específico. Um exemplo de funcionamento do poder judiciário pode ser apresentando por meio da justiça estadual: By Isadora Laitano, 2022 Em resumo, podemos visualizar o Poder judiciário organizado da seguinte forma por temáticas: By Isadora Laitano DIVISÕES DO DIREITO As próximas aulas trarão noções de diversas áreas do Direito, importantes para a Engenharia e para qualquer cidadão. Assim, antes de iniciar as matérias específicas de Direito, interessa compreender como o Direito é dividido, suas diversas áreas de compreensão. Assim como a Engenharia é termo genérico para diversas especialidades que nela se compreendem (química, física, civil, cartográfica, etc.), Direito é termo genérico para diversas áreas de conhecimento específicas sobre determinados aspectos da organização social e do ordenamento jurídico. Alguns desses ramos estão aqui indicados: By Isadora Laitano, 2022 A doutrina separa inicialmente os ramos do direito em dois grandes grupos: público e privado. Esses dizem respeito às relações jurídicas que cada ramo do Direito se propõe a regular. Se trata de relações entre pessoas particulares, relações privadas, ou se versa sobre assuntos de interesse público, que atingem muitos. A divisão entre público e privado, contudo, é mais acadêmica do que prática, e existem outras divisões propostas por outros autores e estudiosos jurídicos. O que mais importa para a compreensão e localização das aulas que seguirão, é a diversidade de ramos do Direito e suas especificidades. Direito constitucional para engenharia Como já introduzido na aula anterior, a Constituição é a norma que está no topo da hierarquia do ordenamento jurídico, que norteia todas as demais normas. A palavra constituição é empregada com vários significados, tais como: a) “Conjunto dos elementos essenciais de alguma coisa: a constituição do universo, a constituição dos corpos sólidos; b) “Temperamento, compleição do corpo humano: uma constituição psicológica explosiva uma constituição robusta”; c) “Organização, formação: a constituição de uma assembleia, de uma comissão”; d) “A lei fundamental de um Estado”. Ainda que a definição que mais nos interesse seja a e), não podemos abandonar todas as outras opções, pois servem também à explicação do que é a Constituição de um Estado. Todas explicações levam ao mesmo sentido: a ideia de modo de ser de alguma coisa, a de organização interna de seres e entidades. Levando à seguinte conclusão: a Constituição é o modo de ser do Estado, ou seja, é a expressão mais clara do que ele é efetivamente. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, entende que a Constituição é o “complexo de regras que dispõem sobre a organização do Estado, a origem e o exercício do poder, a discriminação das competências estatais e a proclamação das liberdades públicas”. Elaborar uma Constituição não é tarefa de nenhum Poder especificamente, isto é, poderlegislativo, executivo ou judiciário (já que é a própria Constituição que os cria), mas sim de uma Assembleia Constituinte, composta por representantes eleitos apenas para este fim. Ao menos esse é o meio considerado democrático de promulgar uma Constituição. A norma, por outro lado, poderia também ser outorgada por quem está no poder, sem a possibilidade de participação da população por meio do voto para a Assembleia, como ocorre em regimes autoritários, por exemplo. Atualmente a Constituição vigente no Brasil é a elaborada no período da redemocratização do país, em 1988. Mas já tivemos muitas outras constituições, geralmente elaboradas em momentos de profunda mudança política, social ou de pensamento. Estas foram as nossas Cartas: ● Constituição de 1824 — Constituição imperial, outorgada após a declaração de independência. ● Constituição de 1891 — Constituição republicana, promulgada após a instituição da República no país. ● Constituição de 1934 — promulgada após a Revolução de 30, que deu fim à República Velha ● Constituição de 1937 — outorgada por Getúlio Vargas com o início do Estado Novo ● Constituição de 1946 — promulgada após a redemocratização do país ● Constituição de 1967 — outorgada pela Ditadura Militar ● Constituição de 1988 — a Constituição Cidadã, promulgada após a nova redemocratização do país Justamente por estruturar politicamente o Estado e garantir direitos aos cidadãos, a Constituição ocupa a posição de “Lei Maior” de todo Direito brasileiro. Por exemplo, as leis escritas pelos parlamentares no congresso, as decisões dos tribunais, e até as circulares de instituições como a UFRGS devem obedecer ao que está escrito no texto constitucional; do contrário, é considerada inconstitucional, inválida, sem valor algum. Ao contrário de outras normas que podem ser mais facilmente modificadas, a Constituição, justamente em razão da essencialidade dos temas que trata, tende a ser mais hígida e duradoura. Afinal, dispõe sobre a organização do Estado, traz princípios básicos que regem essa organização e estipula os direitos e deveres fundamentais que vigoram no país. São esses os pontos abordados nessa semana. DIREITO CONSTITUCIONAL O universo do Direito é complexo, uma vez que observado como um produto da cultura de determinada sociedade, em determinado tempo. Sendo assim, é essencial saber que serve, principalmente, às regulações e estruturações da vida cotidiana, do dia-a-dia dos cidadãos do país, sempre ligado ao seu seio natural, o Estado. Como explicado anteriormente, há divisões internas no estudo do Direito, como toda ciência. Elas podem ser maiores e abrigar temas mais amplos, ou menores e questionar temas específicos. Um exemplo do primeiro caso é a divisão do Direito Público; do segundo, o Direito Constitucional. Precisamos, primeiro, definir o que é Direito Público. Resumidamente, é todo o setor do Direito que está atrelado e ligado à coisa pública, ou seja, ao Estado. Especificamente, dentro das inúmeras categorias descritas, está o Direito constitucional, o administrativo, urbanístico, econômico, financeiro, tributário, processual, penal, internacional. Pode-se imaginar que o Direito Público é como um prédio, onde cada categoria citada é uma de suas estruturas, de seus andares. Ou seja, são aqueles setores jurídicos orientados principalmente e incluídos pela ordem do Estado, pela ordem constitucional. Exemplo disto é que não há como ter relação jurídica entre pessoas comuns sobre o tema de Direito Penal: é preciso uma intervenção do Estado, uma vez que o interesse tratado é de toda sociedade. Diferentemente é o caso do setor privado, onde a natureza das relações jurídicas é relacionada entre cidadãos comuns, entre particulares, onde imperam o Direito Civil e o Direito Comercial. Passada a definição do que é Direito Público, adentraremos a posição do Direito Constitucional no ramo deste, que tem como principais funções: expor, interpretar e sistematizar os princípios e normas fundamentais do Estado. Ou seja, estuda e questiona o texto constitucional (e toda história constitucional de determinado país, as constituições passadas e como chegaram até elas). No texto da Constituição (tomaremos por exemplo a nossa atual, a Constituição de 1988) não vem interpretado e explicado todos os objetivos e princípios a que ela serve. Tampouco as consequências sociais que ela causa, ou os estudos, doutrinas e culturas que originaram a constituição. São estas as tarefas do Direito Constitucional, tradicionalmente chamado de “doutrina jurídica”, que gera consequências práticas no dia-a-dia. Um exemplo prático de como a “doutrina jurídica” afeta e interpreta o que está exposto na Constituição é o caso do Art. 5º, inciso XXIII, que consta a seguinte afirmação: “a propriedade atenderá a sua função social”. Eis um enunciado carregado de lacunas: quais propriedades? O que é função social? A propriedade privada não é inviolável, direito garantido pela própria Constituição? Aí está o papel dos estudiosos e doutrinadores do Direito Constitucional, interpretar e expor o texto da Lei. No presente caso, o que foi definido pelos estudiosos é que aquelas propriedades privadas que afetam o interesse da sociedade como um todo (o caso dos latifúndios improdutivos) devem atender à função social, o interesse geral. Concretamente, será comprada pela União a título de Reforma Agrária. Além de inúmeros outros exemplos. Assim, o Direito Constitucional ocupa o papel de tronco jurídico, base de sustentação, de onde brotarão todos os outros galhos e ramos do Direito, sejam eles do setor Privado ou Público. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Toda a estruturação política do Estado e seus objetivos estão presentes no texto constitucional (no Brasil, a Constituição de 1988), a saber, a divisão de poderes estatais e competências de cada um (o Executivo, o Legislativo e o Judiciário); o que é que mais interessa ao Estado brasileiro (os objetivos, e como chegar até eles); e, finalmente, os princípios que orientarão o Estado como um todo. Podemos citar aqui o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, principal conquista da constituição pós-ditadura, que orienta a atuação pública a uma observação dos direitos humanos em toda esfera estatal. São nos primeiros quatro artigos do texto constitucional, estão expostos os fundamentos do Estado, seus objetivos e ainda são criados os três poderes. Destaca-se o art. 1º, que em sua redação também indica importantes elementos do Estado brasileiro: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Como se vê, após a leitura deste artigo existem alguns pontos importantes a ressaltar: 1ª) O Brasil é um Estado republicano: o princípio republicano impõe a necessidade de legitimidade popular. Com o passar dos tempos para ser considerado uma república é necessário que o país possua as seguintes características: I)eletividade, seja ela direta ou indireta; II) temporalidade, no exercício do poder; III) representatividade popular; d) responsabilidade do governante (dever de prestar contas). Esta forma se opõe à monárquica que possui as seguintes características: I) hereditariedade; II) vitaliciedade; III) inexistência de representatividade popular; IV) ausência de prestação de contas. 2ª) O Brasil é uma federação: O Estado será federado, em contraponto aos estados unitários (como o Uruguai) se o poder político estiver repartido entre diferentes entidades governamentais autônomas (União, Estados, Distrito Federal e os Municípios), sendo assim caracterizado pela descentralização política. Se diferencia também de uma confederação, pois suas entidades governamentais não possuem a possibilidade de secessão (retirar-se da confederação). 3ª) Ainda que não mencionado no artigo, também é importante entender que o Brasil é presidencialista: a diferenciaçãoentre sistemas de governo interage com todo o funcionamento do Estado. Existem, entretanto, alguns pontos que podem ajudar a entender a diferenciação com a outra forma mais conhecida: o parlamentarismo. O constituinte originário, ao escolher pelo sistema presidencialista, escolheu por um poder executivo unitário sem diferenciação entre Chefe de Estado (quando representa o Estado frente a outros Estados soberanos) e Chefe de Governo (quando exerce a chefia superior da Administração Pública). O Presidente da República cumpre mandato autônomo, por tempo certo, não dependendo do Legislativo, nem para sua investidura, nem para sua permanência no poder. As relações entre os poderes são mais rígidas, vigorando o princípio da divisão dos poderes. A partir desses conceitos, já começamos a compreender como está estruturada a organização do Estado pela Constituição. O artigo da Constituição Federal do Brasil que trata da organização político-administrativa possui a seguinte redação: “Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.” Tratando-se da República federativa do Brasil temos, então, um ente federado nacional (união), entes federados regionais (estados) e entes federados locais (municípios). Em um Estado do tipo federado, a autonomia dos entes federativos pressupõe repartição, constitucionalmente estabelecida, de competências administrativas, legislativas e tributárias. A competência administrativa divide-se em competência exclusiva e competência comum: ● Competência exclusiva: específica do ente federativo (União, Estados, Municípios) e possui a característica de serem indelegáveis, ou seja, apenas aquele ente federativo pode exercer tal competência. Por exemplo, compete somente à União manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais. ● Competências comum: todos os entes federativos exercem-na em condições de igualdade, sem nenhuma relação de subordinação. Assim, a atuação de um não exclui a dos outros. Podem haver normas regulando as formas de cooperação entre os entes federativos envolvidos. Por exemplo: é de competência de todos os entes federados proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, preservar as florestas, a fauna e a flora. Por sua vez, a competência legislativa divide-se em competência privativa e concorrente: ● Competência privativa: específica de um ente federativo (União, Estados, Municípios). Todavia, neste caso existe a possibilidade do ente federativo delegar tal competência à outro (União para os Estados, por exemplo). Por exemplo: complete privativamente à União legislar sobre: jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia, águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão. Mas, em situações excepcionais, ela poderá delegar essa competência a Estados e Municípios. ● Competências concorrentes: neste caso há a possibilidade de a União, os Estados e o Distrito Federal legislarem sobre determinadas matérias, cabendo à União legislar sobre normas gerais e aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre normas específicas. Contudo, na superveniência de lei federal geral sobre o assunto, a norma antes emitida pelo Estado terá sua eficácia suspensa, naquilo que for contrária à lei federal posteriormente editada. Assim, competente de forma concorrente aos entes federados legislar sobre: florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição. Cada ente, portanto, age de acordo com suas competências, que são observadas pelas esferas do poder executivo e legislativo presentes na União, Estados e Municípios. Além de dar a estrutura política da divisão brasileira (de que será formada por Estados e Municípios, e que estes não podem separar-se ou deixar de integrar a República), afirma que a maneira que será tocada o Estado é a opção democrática, indo na direção contrária da via da Ditadura, cicatriz na história do país no período de 1964 a 1985. Também explicita os fundamentos que guiarão o Estado, os direitos humanos em geral. Art. 2º: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Neste artigo é exposta a divisão de poderes do Brasil e como será sua relação. Art. 3º: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I — construir uma sociedade livre, justa e solidária; […] III — erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV — promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. E, finalmente, os objetivos a que devem perseguir os futuros governos brasileiros, sendo de opção dos governos as formas e maneiras que devem ser postas em práticas na sua perseguição, sem perder de vista o que está escrito no texto constitucional. DIREITOS FUNDAMENTAIS Além de orientar a estrutura política, não menos importante, tem também como função garantir direitos aos cidadãos brasileiros, sendo eles: os direitos políticos e civis, como o direito de votar e ser votado; a liberdade de expressão e pensamento, de crença, de opinião, de ir e vir, etc.; e os direitos sociais, como o acesso universal e público à saúde e a educação, à moradia, à cultura e informação, entre outros. Para demonstrar o que foi dito acima, a Constituição de 1988 tem, no seu artigo primeiro, o seguinte: Art. 1º: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: […] III — a dignidade da pessoa humana; IV — os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V — o pluralismo político; Mas é a partir do art. 5º e seus 78 incisos que estão expostos os direitos fundamentais garantidos no Brasil. Os art. 6º a 11º versam sobre os direitos sociais, e os artigos 14º a 17º trazem os direitos políticos. Importante saber, ainda, que os direitos e garantias individuais não são absolutos, já que sempre podem entrar em conflito uns com os outros e sofrer ponderações em sua efetivação. E esses conflitos são aqueles cujas decisões são as mais difíceis de tomar. É o caso, por exemplo, da discussão sobre o aborto, que reflete o embate entre o direito à vida e o direito à liberdade. Como não existe hierarquia entre as normas constitucionais, podemos perceber vários artigos que limitam ou direcionam alguns dos direitos fundamentais. Por exemplo, temos assegurada a liberdade de expressão, mas ela não pode ser feita de forma anônima. Temos assegurado o direito ao voto, mas os condenados criminalmente têm esse direito suspenso. A ideia é a de que nenhum direito é absoluto, e certas limitações podem ser impostas caso sejam justificáveis por outros motivos, às vezes até mesmo porque colidem com outros direitos. Além disso, a “igualdade” que trata a Constituição não é vista apenas como “formal”, ou seja, como tratamento exatamente igual a todos. Ela precisa também ser o que chamamos de “igualdade material”, que é explicada por uma frase bem conhecida: “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais”. Um exemplo disso está no inciso I do art. 5º, que dispõe “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”. Contudo, as mulheres se aposentam antes dos homens, o que poderia ser uma expressão de desigualdade caso esta fosse entendida como apenas formal. Contudo, é justificado no caso o tratamento “desigual”, pelo fato de que as mulheres — não todas, mas em geral — realizam a dupla jornada, por exemplo. Assim, são a aposentadoria em tempo menor, ainda que por si só seja desigual, vem na verdade tornar mais igualitária uma situação que por outros motivos é injustamente desigual. As justificativas que temos paralimitar ou regular a forma como seria exercido um direito fundamental também podem mudar ou perder sentido ao longo do tempo, e muitas vezes são revistas pelo STF. O foro privilegiado é um assunto que atualmente está sendo cada vez mais debatido, se ainda é justificável, por exemplo. A certeza é que é sempre uma decisão difícil quando se trata de direitos fundamentais, sendo exgido o que chamamos de ponderação. E quando essa discussão é relevante, vai ser levada até o STF, que fará essa ponderação e decidirá se aquela limitação é justificada ou se viola os direitos assegurados na Constituição. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS As ações constitucionais ou também chamadas de remédios constitucionais são instrumentos previstos no ordenamento jurídico brasileiro que deveriam ser de conhecimento de todos os cidadãos do nosso país. Isso porque são mecanismos que garantem aos cidadãos os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal quando o Estado não cumpre seu dever, seja por despreparo, ilegalidade ou abuso de poder. Os remédios constitucionais visam, portanto, corrigir ilegalidade ou abuso de poder em prejuízo de direitos ou interesses individuais — também chamados de garantias ou ações constitucionais. É importante diferenciar direitos e garantias. Direitos são disposições declaratórias de poder sobre determinados bens e pessoas. Direito é o poder de realizar algo possibilitado pelo ordenamento jurídico. As garantias, por sua vez, são os mecanismos de proteção desses direitos. São acessórios, estando vinculados aos direitos. O direito pode ser entendido como fim e a garantia como meio. Os remédios constitucionais existentes em nosso ordenamento jurídico são: 1. Ação Popular https://www.politize.com.br/constituicao-de-1988/ https://www.politize.com.br/lei-4898-abuso-de-autoridade-reforma/ Art. 5o, LXXIII — qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. O inciso LXXIII do artigo 5º da Constituição descreve a Ação Popular como instrumento destinado à anulação de atos lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Ou seja, os cidadãos brasileiros podem propor uma ação popular sempre que considerarem que uma ação do poder público foi prejudicial a algum desses itens. Quando o dispositivo legal refere que qualquer cidadão pode propor essa ação, refere-se a titulares de direitos políticos, inclusive aquele entre 16 e 18 anos que tem título de eleitor, porém representado por advogado, excluídos a pessoa jurídica (súmula n.o 365 do STF), o estrangeiro, o apátrida e o brasileiro com direitos políticas suspensos. Via de regra, as Ações Populares são julgadas pelo juiz de primeira instância, contudo o foro competente para julgar essa ação depende da origem do ato impugnado. Exemplo: se o ato impugnado for da União, o foro competente será o juiz federal. 2. Ação Civil Pública É o instrumento processual adequado para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e por infrações à ordem econômica, à ordem urbanística e à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, protegendo, assim, os interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, desde que socialmente relevantes. Por mais que o objeto da Ação Popular se pareça com o da Ação Civil Pública, as finalidades de ambas as demandas não se confundem, não se prestando uma ação a substituir a outra. Ação Popular visa a desfazer uma situação, o mais importante é que a lesão cesse (pedido de desconstituição da situação https://www.politize.com.br/meio-ambiente-e-os-municipios-os-principais-desafios/ https://www.politize.com.br/poder-publico-linhas-do-desejo/ de lesividade). Na Ação Civil Pública o mais importante é a condenação, pois geralmente tratam-se de coisas que não podem mais parar (pedido de indenização). Atualmente, conforme a lei de Ação Civil Pública (7.347/85), são legitimados para impetrar essa ação: o Ministério Público, a União Federal, os estados-membros, os municípios, as autarquias, as empresas públicas, as fundações, as sociedades de economia mista e, ainda, as associações sob determinados requisitos. A Ação é impetrada contra qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, responsável por dano ou ameaça de dano a interesse difuso ou geral. 2. Habeas Corpus Art. 5°, LXVIII, da Constituição Federal — conceder-se á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Art. 654 do Código de Processo Penal — O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. Qualquer pessoa, independentemente de habilitação legal ou de representação por advogado podem impetrar o HC; incluem-se o estrangeiro, o menor de idade, o insano mental e o analfabeto, desde que alguém assine a petição a rogo (em seu lugar). O Habeas Corpus é sempre endereçado à autoridade imediatamente superior a autoridade que está coagindo e pode ser impetrado por qualquer pessoa, brasileira ou estrangeira, inclusive pessoa jurídica. 3. Habeas Data Art. 5o, LXXII — conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê- lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. O STF decidiu que Habeas Data é uma ação personalíssima. Em razão disso, via de regra, só se admite pedidos em seu próprio nome, não em nome de terceiros. Todavia, uma exceção a essa regra é o caso de herdeiros legítimos ou cônjuge de falecido, os quais podem impetrar Habeas Data em defesa da honra e do nome da família ou do próprio falecido (RE 589.257/DF). O endereçamento do Habeas Data depende da autoridade coatora, ou seja, de quem tem controle sobre os dados. 4. Mandado de Injunção Art. 5o, LXXI — conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Sendo assim, esse remédio visa a regulamentação de norma constitucional já existente, pois a sua não regulamentação impede o exercício de um direito no caso concreto (inconstitucionalidade por omissão). Um dos exemplos da utilização do mandado de injunção ocorreu em 2007, no julgamento, pelo STF, de ações envolvendo o direito de greve dos servidores públicos. Na época, representantes de sindicatos entraram com os pedidos, afirmando que não havia leis que regulamentassem o direito de greve, assegurado pela Constituição Federal. O artigo 37, inciso VII da Constituição Federal prevê o direito à greve, especificando-o da seguinte maneira: “Art. 37, VII — o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”. Nesse caso, o dispositivo constitucional de eficácia limitada, pois o direito à greve está assegurado, mas, no caso dos servidores públicos, não há leis específicas que o regulamentem. A partir dos mandados de injunção dos sindicatos, foi decidido pelo STF que, enquanto uma lei específica não fosse feita, normatizando o direito à greve dos servidores públicos, valeriam as regras previstas para os trabalhadores do setor privado. Quaisquer pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas pendentes de regulamentação podem impetrar Mandado de Injunção. No caso de ser uma omissão de regulamentaçãopor parte do Congresso Nacional (poder legislativo) ou do Presidente da República (poder executivo), a autoridade competente para julgamento da Ação é o STF. Nos outros casos, a autoridade competente é o STJ. Cabe salientar que, em virtude do princípio de separação de poderes, no caso de omissão por parte do poder legislativo, o julgamento de Mandado de Injunção pelo poder judiciário declara apenas mora do legislativo, enquanto que no caso de omissão do poder executivo a mora vai caracterizar crime de responsabilidade (art. 85, VII da Constituição Federal). 5. Mandado de Segurança Art. 5o, LXIX — conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não aparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm#art37VII O MS visa proteger direito subjetivo próprio, líquido e certo que sofreram lesão ou ameaça de lesão em virtude de ato ilegal ou abusivo de ente no exercício de atribuições do poder público. O Mandado de Segurança visa amparar direitos que não podem ser amparados por Habeas Corpus e Habeas Data (é portanto um remédio residual ou subsidiário). Trata-se de uma ação personalíssima, então somente o próprio titular do direito violado tem legitimidade para impetrar o mandado de segurança individual, podendo ser qualquer pessoa física ou jurídica, desde que tenha capacidade de direito e seja titular do direito violado. A autoridade coatora (contra quem é a ação) será a pessoa física que concretiza a lesão a direito individual como decorrência de sua vontade. Não cabe MS contra ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo e decisão judicial transitada em julgado (Lei 12.016/09, Art. 5). Não cabe MS contra lei, pois a lei, entendida como norma abstrata de conduta, não lesa qualquer direito individual, razão pela qual não é passível de impugnação por mandado de segurança. O mandado de segurança não pode ser utilizado como mecanismo de controle abstrato da validade constitucional das leis e dos atos normativos em geral, posto que para isso já existe a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI). CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Controle de constitucionalidade é um mecanismo de correção presente no ordenamento jurídico, consistindo em um sistema de verificação da conformidade de um ato normativo em relação à Constituição. Não se admite que um ato, hierarquicamente inferior à Constituição, confronte suas premissas, pois isso geraria insegurança jurídica para os destinatários do sistema jurídico. A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é um exemplo de ação de controle de constitucionalidade, tendo por objetivo invalidar uma lei ou o ato normativo estadual ou federal atingido pelo vício de inconstitucionalidade. O foro competente para julgar essa ação é o Supremo Tribunal Federal (STF). DEMAIS ASSUNTOS TRATADOS PELA CONSTITUIÇÃO A Constituição traz assuntos de suma importância ao país, que não se resumem a sua estrutura ou direitos. Assim, também é possível encontrar na Constituição normas que regulam: - Nacionalidade (art. 12) - Língua nacional (art. 13) - Partidos políticos (art. 17) - Organização político-administrativa do Estado (art. 18–19) - Bens da União (art.20) - Competências de cada ente federativo (art. 21–31) - Administração Pública (art. 37) - Poder legislativo (art. 44–75) - Poder executivo (art. 76–91) - Poder judiciário (art. 92–126) - Direito tributário (art. 145–169) - Ordem econômica (art.170–192) - Ordem social (art.193–231) A observação desses princípios e da Constituição como um todo é importantíssima a todos os cidadãos brasileiros, pois afeta todo nosso cotidiano praticamente. Afinal, um povo que não conhece seus direitos, é um povo sem direitos. Direito Civil para Engenharia Elaborado por: Marina Garcia Guagliariello, Arthur Ramos Paucar, Nicole Della Giustina, Maria Eduarda Grando, Isadora Laitano, Priscila Buhler e Kelly Lissandra Bruch, 2020 O Direito Civil é um dos maiores ramos do Direito Privado: estuda e regula a vida do ser humano nas suas relações privadas. O Direito civil remonta às tradições romanas e tem como objetivo a proteção da pessoa. Atualmente, no Brasil, vigora o Código Civil de 2002, que diferentemente do Código antecessor, o Código Civil de 1916, tem como princípios norteadores a eticidade, sociabilidade e operabilidade. Esse ramo estudado regula a vida do ser humano nas suas relações jurídicas privadas, estabelecidas entre as pessoas com relação a um bem (já que serviços, produtos e objetos podem ser entendidos como bens). Esse ramo do Direito preocupa-se em resolver as relações jurídicas estabelecidas entre as pessoas, como: cumprir alguma prestação de serviço, comprar algum bem. Ou seja, ele visa estabelecer uma relação entre duas Pessoas com um bem, já que serviços, produtos e objetos de um contrato podem ser tipificados como bens. by Isadora Laitano Relação jurídica pode ser entendida como o vínculo entre dois sujeitos (duas pessoas) que contém direitos e deveres das pessoas entre as quais se desenvolve, tendo por objeto os bens sobre o qual tal conteúdo se exerce, e que nasce de fatos jurídicos, atos jurídicos ou negócios jurídico, a que o Direito atribui eficácia jurídica. Quanto às relações jurídicas, elas podem ser lícitas ou ilícitas. É considerada ilícita qualquer tipo de relação que implique em um ato ilícito. A ilicitude (o que não é lícito, ou que não é permitido por lei) implica na prática de um ato que contraria a lei. A sua prática por parte da pessoa física ou jurídica implica em uma sanção, ou seja, esta pessoa pode ser condenada, dependendo da lei que for violada, a: ● indenizar, como no caso de um acidente de trânsito sem vítimas mas com danos materiais (direito civil) ● pagar uma multa, como no caso de uma infração de trânsito na qual o condutor do veículo passou no sinal vermelho (direito administrativo) ● uma pena de prisão, como no caso de um motorista que dirigia embriagado e atropelou um pedestre que veio a óbito (direito penal) É considerada lícita, qualquer relação que não não viole uma lei e que estabeleça uma relação entre as partes. No direito civil, por exemplo, podemos citar um contrato de compra e venda de uma casa. As teorias que serão estudadas como componentes fundamentais da relação jurídica são: Teoria da personalidade: refere-se aos sujeitos de direito que participam da relação jurídica; Teoria do fato jurídico: as relações jurídicas originam-se a partir de fatos jurídicos, ou seja, acontecimentos naturais (fato jurídico), como por exemplo o nascimento com vida e a maioridade; e acontecimentos voluntários (ato jurídico), como por exemplo o estabelecimento de um negócio jurídico, como os contratos; Teoria do patrimônio: refere-se aos bens objetos da relação. Esse texto visa auxiliar os alunos na compreensão desse ramo do Direito. Para facilitar a compreensão, veremos algumas partes mais gerais desse ramo: as pessoas, os bens móveis e imóveis, o domicílio e os contratos. SUJEITOS DE DIREITO PESSOAS FÍSICAS, JURÍDICAS E ENTES DESPERSONALIZADOS Pessoa física ou pessoas naturais Para começar, veremos um pouco sobre as pessoas físicas, também conhecidas como pessoas naturais no Código Civil. O que é uma pessoa física? Toda e qualquer pessoa nascida com vida (critério objetivo para vida: respiração). A pessoa física quando nasce adquire personalidade jurídica, isto é, aptidão reconhecida pelo ordenamento de contrair obrigações e titularizar direitos. É um sujeito de direito portanto são capazes de estabelecer relações jurídicas, as quais são reguladas pelo Direito Civil. A capacidade da pessoa física começa com o seu nascimento com vida. Antes ela não possui capacidade, mas apenas expectativade direito, sendo denominada de nascituro, ou seja, desde a sua concepção a lei brasileira prevê alguns direitos a ele. Todavia ainda não é considerado um sujeito com personalidade, capaz de direitos e obrigações. Assim, após o nascimento com vida, o ser humano torna-se capaz de direitos e obrigações e, portanto, adquire Capacidade e Personalidade. E o que é isso? Personalidade: Segundo o Código Civil: Art. 2o: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Trata-se de um direito intransmissível, irrenunciável, vitalício, indisponível e que possui uma inexpropriabilidade. Ou seja, é um direito que não pode ser transmitido por herança, a pessoa não pode abrir mão, se extingue com a morte da pessoa — apesar de possui certa eficácia pós-morte, a pessoa não pode dispor dos direitos da personalidade e não pode ser tomado pelo poder público. Em resumo, a personalidade é um direito a si que não pode ser retirado do ser humano. Como exemplos pode-se citar como direito da personalidade: direito à imagem, à honra e ao nome. Mas personalidade não se confunde com capacidade. Mas personalidade não se confunde com capacidade! Capacidade: Pode-se afirmar que há no Direito Brasileiro, quatro tipos de capacidades, sendo que cada uma delas prevê e confere diferentes direitos e obrigações aos seus titulares. Capacidade de Direito: também denominada capacidade jurídica, é própria de todo ser humano, que a adquire assim que nasce (começa a respirar) e só cessa na morre; é a capacidade de adquirir direitos. Todas as pessoas o possuem, uma vez que ele existe desde o nascimento com vida. Esta capacidade é o que nos permite contrair direitos tais como, capacidade de herdar um terreno, tomar parte em uma empresa, entre outros. Capacidade de Fato: também chamada de capacidade de exercício, é adquirida quando a pessoa se torna capaz. Ao contrário da anterior, essa nem todos possuem. Ela é a aptidão para exercer, pessoalmente, os atos da vida civil. Só́ se adquire com a plenitude da consciência e da vontade que, em princípio, aconteceria aos 18 anos, salvo em casos de emancipação ou caso o sujeito possua alguma limitação de capacidade de vontade prevista por lei. Capacidade Plena: a pessoa possui os dois tipos de capacidade, a de Direito e a de Fato. Capacidade Limitada: essa classificação é extremamente ampla, mas para a entendermos é necessário relembrar que as pessoas consideradas capazes são apenas as com mais de 18 anos, assim como dito anteriormente, além é claro de algumas exceções que serão tratadas logo adiante. Dessa forma, entram nessa classificação todas as pessoas que não são consideradas capazes por lei, ou seja, as relativamente capazes e as absolutamente incapazes. Incapacidade: são as pessoas físicas consideradas incapazes, de forma relativa ou absoluta, por lei: Pessoas absolutamente incapazes: nessa categoria, se encaixam aquelas pessoas menores de 16 anos. Por elas ainda não possuírem capacidade de fato, é necessário, sempre que elas precisarem praticar algum ato da vida civil (como assinar algum documento), a presença de um responsável legal por essa pessoa para que ele assine em seu lugar. Pessoas relativamente incapazes: Nessa categoria, encaixam-se as pessoas entre 16 e 18 anos. Ao contrário das absolutamente incapazes, necessitam apenas de um assistente quando forem praticar algum ato da vida civil (assinar qualquer espécie de documento). Também são considerados relativamente incapazes: ébrios habituais e viciados em tóxicos, pródigos, e pessoas que não podem exprimir sua vontade de forma transitória ou definitiva, tais como pessoas em coma, deficiências mentais, Para ser considerados relativamente incapazes, devem ser judicialmente interditados e contarão com um curador nomeado para os assistirem. Emancipação: Os jovens entre 16 e 18 anos que se emanciparem deixam de serem considerados relativamente incapazes e se tornam capazes, possuindo uma capacidade de fato e de direito concomitante a partir de então. São situações em que a emancipação é possível: entrada com pedido no cartório por meio de autorização dos pais; solicitar perante um juiz caso algum dos pais não concorde; casamento nessa faixa etária; comprovar que se mantém por economia própria, passar em concurso público, etc. Pessoa jurídica: Pessoas jurídicas são entidades para as quais a Lei empresta personalidade, capacitando-as de serem sujeitos de direitos e obrigações. Seu regramento se localiza nos artigos 40 a 69 do Código Civil. Por exemplo: uma Associação é uma Pessoa Jurídica. Também podem ser definidas como agrupamentos humanos, dotados de vida própria e reconhecidos como titulares de direitos e sujeito de deveres. Todos são titulares de direitos e sujeitos a obrigações, assim como as pessoas físicas. As condições de existência de uma pessoa jurídica são: ser uma reunião de pessoas ou de bens a partir de uma vontade criadora e possuir um objetivo social. Por exemplo: um hospital como a Santa Casa é uma Pessoa Jurídica. Este hospital tem direitos e deveres, quase como uma pessoa natural. O artigo 45 dispõe que “começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.” Pode-se classificar as pessoas jurídicas da seguinte forma: As pessoas jurídicas podem ser de direito público ou privado, a depender de suas finalidades e funções. São de direito público a União, Estados e Municípios, suas autarquias, etc., cada qual com sua personalidade própria e sua capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações específicas. Dentre das de direito público, ainda podem ser divididas em direito público externo e interno. Essas são pessoas jurídicas de direito público interno, ou seja, que tem suas capacidades no âmbito interno do país. Pessoas jurídicas de direito público externo são aquelas com personalidade (capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações) no direito internacional, como é o caso do Estado brasileiro, ONU, dentre outros. Estas pessoas podem, entre elas, fazer contratos, acordos, tratados, contrair direitos e obrigações. Sobre as pessoas jurídicas de direito privado, há PJs com fins econômicos ou não. As que não têm fins econômicos são, em geral, conjuntos de pessoas (associações) ou bens reunidos (fundações), com um fim específico diverso do lucro. As pessoas jurídicas de direito privado com fins econômicos serão abordadas na aula de direito empresarial. Pessoas Jurídicas de Direito Público Pessoas Jurídicas de Direito Público se constituem na representação jurídica de países, estados e municípios, além de outros entes que formam a Administração Pública, sendo geralmente criadas por lei ou por um acordo internacional. O Código Civil define quais são consideradas pessoas jurídicas de direito público interno e externo: Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I — a União; II — os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III — os Municípios; IV — as autarquias, inclusive as associações públicas; V — as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.Pessoas Jurídicas de Direito Privado As pessoas jurídicas de direito privado podem ser classificadas naquelas que têm fins econômicos e naquelas que não têm fins econômicos. O Código Civil também elenca quais são estas: Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I — as associações; II — as sociedades; III — as fundações. IV — as organizações religiosas; V — os partidos políticos. VI — revogado pela MP 1.085/2021(antiga EIRELI) Como casos este tipo de pessoa jurídica, a sua existência legal começa das com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Dentre as pessoas jurídicas de direito privado sem fins econômicos são assim classificadas pois o objetivo destas não é uma atividade econômica, nem a distribuição de lucros entre os seus sócios. Seu propósito é a conjugação de esforços coletivos para alcançar um objetivo comum. Pode ser, por exemplo, uma associação de bairro, um hospital ou uma associação de proteção aos animais. Dentre elas, destaca-se as Associações e as Fundações. A Associação é constituída de um conjunto de pessoas que se reune com um propósito em comum, sendo esse propósito não econômico. Podem ser denominadas de entidades, ONGs (Organizações Não Governamentais) e institutos, mas não deixam de ser associações. Podem ainda ser classificadas como: entidades de interesse social e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Essas entidades possuem certa utilidade pública, prestando serviços como educação, saúde, cultura e religião e possuem tratamento diferenciado quanto à tributação. Organizações Religiosas, Partidos Políticos e Sindicatos são organizações cuja base é uma associação, mas que possuem regras próprias estabelecidas por lei que regulam o seu funcionamento. A Fundações podem ser de direito público e de direito privado. As fundações públicas são criadas por meio de leis, e a elas são legalmente atribuídos bens para que possam cumprir o seu objetivo. As fundações privadas são criadas por um instituidor que doa um determinado bem (dinheiro, propriedade, etc.) com um propósito que ele almeja com aquela fundação. Por exemplo: uma pessoa destina um valor para a instalação de uma fundação propositada a atender crianças carentes. Em resumo, a fundação é um bem que é destinado para uma finalidade específica, e não um conjunto de pessoas como a associação, que depois é gerido com esse propósito. No caso das Fundações, o Ministério Público as fiscaliza para se assegurar que o propósito previsto inicialmente está sendo cumprido adequadamente. Entes despersonalizados O comando do art. 1º do Código Civil dispõe que quem tem personalidade, também possui capacidade, mas a recíproca não necessariamente é verdadeira. “Alguns entes, ainda que possuam características semelhantes à pessoa jurídica, carecem de requisitos imprescindíveis à personificação. Mesmo assim, reconhece-se-lhes o direito de representação processual. (…) Podem gozar de capacidade processual e ter legitimidade ativa e passiva para acionar e serem acionadas em juízo” (Gonçalves, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, cit., p. 192) É o exemplo de entes despersonalizados o condomínio edilício, o espólio e a massa falida. BENS Bens são todos os objetos, materiais ou imateriais, que podem ser suscetíveis de apropriação e utilização econômica pelas pessoas físicas ou jurídicas, economicamente valoráveis, e que servem para satisfazer uma necessidade do indivíduo ou da comunidade, tanto material como espiritual. “Todo direito tem o seu objeto. Como o direito subjetivo é poder outorgado a um titular, requer um objeto. Sobre o objeto desenvolve-se o poder de fruição da pessoa. Objeto da relação jurídica é tudo o que se pode submeter ao poder dos sujeitos de direito, como instrumento de realização de suas finalidades jurídicas.” (Gonçalves, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, cit., p. 192) Exemplo: um carro é um bem material, já uma dança tradicional, como o Frevo, é um bem imaterial. Os bens podem ser diferenciados e classificados de acordo com algumas outras características, contudo. Por exemplo, podem ser fungíveis e infungíveis, divisíveis e indivisíveis, principais e acessórios em uma obrigação, e públicos ou privados. Dentre os públicos, ainda podemos destacar aqueles de uso comum (da administração pública, mas que todos podem utilizar, como é o caso de uma praça), uso especial (nem todos podem acessar, como o gabinete do prefeito), e dominicais (não têm destinação específica). Bem, vamos para a classificação! Bens Imóveis: Também são conhecidos como bens de raiz, esses são os bens que estão ligados ao solo, é tudo aquilo que é incorporado a ele de forma natural ou artificial. Dentro dessa classificação, existem os imóveis por natureza, por acessão e por determinação legal. ● São considerados imóveis por natureza apenas o solo com sua superfície, subsolo e espaço aéreo. ● Os imóveis por acessão são todos que estão ligados ao solo por aderência. Essa acessão pode se dar de forma natural como no caso de pedras, fontes e árvores, mas também pode se dar de maneira artificial como os materiais de construção, casas, prédios e também sementes e mudas que são plantadas. ● Os imóveis por determinação legal são os direitos reais sobre imóveis como o direito a sucessão ou a hipoteca de uma casa. Em regra, os bens imóveis precisam estar escriturados ou registrados e sua transição (compra e venda) pela escritura pública de compra e venda, pela usucapião ou pelo direito hereditário. Em todas estas situações é obrigatório a transcrição do título ou sentença no Registro de Imóveis, especificamente na matrícula do imóvel. Sem o registro, não há transmissão da propriedade! Bens Móveis: Os bens móveis são todos os suscetíveis de movimento próprio ou que possam ser removidos de um lugar para outro por força que lhes não seja própria (humana, mecânica, natural). É característico desses tipos de bens que ao serem mudados de local não alteram o seu conteúdo, a sua destinação ou sua utilidade. São exemplos de bens móveis: os automóveis, animais, direitos autorais, energia, títulos de crédito, ações de empresa, direitos reais sobre um bem móvel, navios, aeronaves, árvores abatidas para serem convertidas em lenha, direitos pessoais de caráter patrimonial e ações decorrentes, entre outros. A transmissão desse tipo de bem se dá pela tradição, com tradição sendo entregar o bem a outrem. Dependendo do valor do bem é necessário um contrato, ademais em algumas situações, como com carros, é obrigatório por lei comunicar ao órgão competente que houve essa transferência. Bens Fungíveis: Esses são os bens substituíveis, ou seja, podem ser substituídos por outro de mesma espécie, qualidade ou quantidade. A sua fungibilidade pode ser definida por diversos fatores como pela própria natureza do bem, pela lei ou pela vontade das pessoas. São exemplos de bens que se encontram nessa categoria os produtos em série, sacos de comida e dinheiro. Bens Infungíveis: Esses são os bens específicos, que não podem ser substituídos por outros pois eles são únicos. Por exemplo, se eu compro uma estátua específica eu espero receber aquela estátua e não outra. Em algumas situações a fungibilidade de um bem pode ser definida apenas no caso concreto, a exemplo dessa situação podemos observar o vinho, nesse caso existe uma diferença entre comprar uma garrafa de vinho rara e uma garrafa de vinho comum. Bens Consumíveis: Esses tipos de bens se caracterizam pelo uso do mesmo. São uma espécie de bens móveis que desaparecem conforme a sua utilização. Sobre esse desaparecem, são bens que se extinguem, seja por seu uso contínuo, seja pela perda da sua finalidade inicial. São exemplos de bens consumíveis, os alimentos, as roupas e água. Bens Inconsumíveis: Esses tipos de bens secaracterizam por possuírem perenidade no seu uso. São bens que permitem utilização constante sem que ocorra a sua destruição. Bens Divisíveis: Essas são bens que mesmo divididos não perdem a sua natureza, ou seja, que quando fracionados não ocorre mudança na sua substância ou prejuízo do seu uso a qual ele foi destinado. É exemplo desse tipo de bem a divisão de uma saca de café. Bens Indivisíveis: Esses bens são caracterizados pela mudança da própria substância quando ocorre a sua divisão. Ao serem divididos, eles perdem a sua característica, a sua natureza. Um exemplo desse tipo de bem são as heranças. Bens Corpóreos: Esses tipos de bens se caracterizam por serem percebidos pelos sentidos, são bens tangíveis e que possuem uma existência física. Eles também podem ser adquiridos ao serem colocados como objetos em transações de compra e venda. Bens Incorpóreos: Esses tipos de bens não são tangíveis, não possuem existência tangível. São exemplos desses tipos de bens: os direitos de crédito e os direitos autorais. BENS PÚBLICOS Bem públicos são divididos em 3 subcategorias. De uso comum do povo: esses bens são da administração pública, mas que toda a população pode usufruir sem que seja necessário pedir autorização, são espaços abertos. São exemplos desses bens ou parques e as praças. De uso especial: esses bens são públicos, mas nem todo mundo pode usá-los precisa, por mais que seja público, de uma organização para acessar esse local. Um exemplo desse tipo de bem são os escritórios dos deputados. Dominicais: por fim, esses bens pertencem a administração pública, mas que naquele momento não estão sendo utilizados. Por exemplo, podemos citar um terreno de uma prefeitura no qual futuramente será construída uma praça. Em resumo: By Isadora Laitano Contrato Talvez a parte mais relevante do Direito Civil no mundo da Engenharia são os contratos. Os contratos são uma forma de obrigação que se contrai voluntariamente, por meio de um acordo de vontades entre duas ou mais pessoas, para adquirir, modificar ou resguardar direitos. Para os fins dessa aula, deve-se compreender os seguintes aspectos deste instituto jurídico. Assim, de início, deve-se compreender a noção de “obrigação” para o Direito, já que com o contrato nasce a obrigação. Uma obrigação é um vínculo entre credor (aquele que tem um crédito — dinheiro, bem, contratação de serviço, etc. -, para ser exigido de outra pessoa) e devedor (de quem é exigido o pagamento do débito) acerca de uma prestação (uma espécie de acordo como, por ex. emprestar dinheiro). Dessa forma, extraímos que toda obrigação tem esses três elementos: sujeito, vínculo e prestação. a) sujeito ativo é o credor, aquele que tem direito a uma prestação; b) sujeito passivo é o devedor, aquele que deve realizar a prestação. c) vínculo é a ligação entre credor e devedor, que faz com que este deva realizar a prestação em favor daquele. O vínculo pode ser a lei, um contrato, uma relação de parentesco, etc. d) por fim, a prestação será sempre uma conduta humana, a qual poderá ser de dar, de fazer ou de não fazer. As obrigações podem ser de: 1. Dar ou restituir: são aquelas que se referem à obrigação de entregar ou restituir alguma coisa à alguém . A coisa a ser entregue poderá ser certa (determinada ou específica), quando for individualizada, por exemplo: esta mesa, este livro. Poderá também ser incerta (indeterminada ou genérica), quando indicada apenas pelo gênero, pelo peso ou pela quantidade, por exemplo: uma mesa. 2. Fazer: são aquelas que se referem à obrigação de prestar um serviço, como fazer uma pintura ou uma casa, etc. Pode ficar estabelecido em um contrato, por exemplo, se só determinado sujeito do contrato poderia fazê-lo (é o caso de contratar os serviços de um grafiteiro famoso ou de um engenheiro específico, com uma marca única, em caráter personalíssimo). 3. Não fazer: são aquelas que se referem a uma abstenção obrigatória, como por exemplo: não revelar um segredo. Além destas citadas acima ainda há mais divisões das obrigações, sendo estas as principais. As obrigações, segundo Silvio Rodrigues, têm por fonte imediata: 1) a vontade humana (como os contratos, por exemplo) 2) o ato ilícito (ação ou omissão culposa que causa dano à vítima) 3) a Lei (como a obrigação de prestar alimentos e os deveres políticos) O contrato, portanto, é um ato negocial que decorre da convergência da vontade das partes em que nele, as pessoas podem adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial (bens). Requisitos Para ser válido, o contrato deve se enquadrar em alguns requisitos subjetivos (deve haver duas ou mais pessoas e elas devem possuir capacidade para prática atos da vida civil), além de requisitos objetivos (que dizem respeito ao objeto do contrato; a validade e eficácia do contrato dependem de fatores como ele estar dentro da lei do objeto e sua possibilidade física e jurídica). Em resumo: By Isadora Laitano Princípios Quanto aos princípios fundamentais do direito contratual, temos os seguintes: Princípio da autonomia da vontade: poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, o regramento de seus interesses, com seus efeitos de acordo com a lei. Princípio do consensualismo: segundo o qual o simples acordo de 2 ou mais vontades basta para gerar o contrato válido. Princípio da obrigatoriedade da convenção: pelo qual as estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente cumpridas. Princípio da relatividade dos efeitos do negócio jurídico contratual: visto que não aproveita nem prejudica outras pessoas, apenas quem se vincula ao contrato. Princípio da boa fé: busca a intenção por trás do que é escrito nos contratos e que um participante ou ambos não tentem se aproveitar do outro com má fé, más intenções que não se enquadrem no que é lícito ou nos princípios do direito como um todo. Regime de invalidades: nulidade e anulabilidade Nulidade: ato nulo é aquele em que há ausência dos requisitos essenciais previstos no art. 104 do Código Civil, quais sejam os requisitos: capacidade do agente, licitude e possibilidade do objeto, além da observância da forma prescrita pela Lei. “Nulidade é a sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados sem observância dos pressupostos essenciais, impedindo-os de produzir os efeitos que lhes são próprios. (….). O ato é nulo quando ofende preceitos de ordem pública, que interessam à sociedade.” (Gonçalves, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, cit., p. 427) Anulabilidade: ato anulável é aquele que advém de defeitos na relação jurídica, quais sejam eles: erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo e fraude contra credores. “Quando a ofensa atinge o interesse particular de pessoas que o legislador pretendeu proteger, sem estar em jogo interesses sociais, faculta-se a estas, se o desejarem, promover a anulação do ato” (Gonçalves, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, cit., p. 430) Em resumo: by Isadora Laitano Fases do contrato Quando nos referimos às “fases do contrato” queremos dizer fases da história do contrato pois, como veremos, existe fase onde nem contrato existe, ainda. As fases são três: pré-contratual, contratual e pós-contratual. Fase pré-contratual: antes da intenção de contratar, existe a “fase de sondagem”, onde as partes constroem a vontade de contratar em abstrato e não há, ainda, manifestação desta vontade. Logo após, iniciam-se as tratativas preliminares, portanto, antes da celebração do contrato. Em tal fase já existe um vínculo de confiança. Em seguida, propositura de uma parte à outra chama-se policitação, quem propõe é o “policitante” (ou proponente). É uma oferta, e vincula o proponente a partir do momento em que o receptor (chamado “oblato”) tiver conhecimento da proposta. A então aceitação com alguma modificação equivale a nova proposta, que vinculará quem a registrar por escrito
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