Buscar

VERSAO_FINAL_TCC_JULIANA_NAGEM

Prévia do material em texto

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA 
INSTITUTO CIBER ESPACIAL 
ENGENHARIA CARTOGRÁFICA E DE AGRIMENSURA 
 
 
 
 
JULIANA TAMIRES FERREIRA KIZAHY NAGEM 
 
 
 
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE UNIDADES DE 
CONSERVAÇÃO: ESTUDO DE CASO DA ÁREA DE PROTEÇÃO 
(APA) E DA FLORESTA ESTADUAL DE RENDIMENTO 
SUSTENTÁVEL (FERS) DO RIO PARDO - RONDÔNIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM – PA 
2021 
 
 
 
 
JULIANA TAMIRES FERREIRA KIZAHY NAGEM 
 
 
 
 
 
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE UNIDADES DE 
CONSERVAÇÃO: ESTUDO DE CASO DA ÁREA DE PROTEÇÃO 
(APA) E DA FLORESTA ESTADUAL DE RENDIMENTO 
SUSTENTÁVEL (FERS) DO RIO PARDO - RONDÔNIA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Universidade Federal Rural da Amazônia como parte das 
exigências para a conclusão do Curso de Engenharia 
Cartográfica e de Agrimensura. 
 
Orientador: Prof. Msc. Robson Jose Carrera Ramos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM – PA 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia 
Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pela autora 
 
N147r Nagem, Juliana Tamires Ferreira Kizahy 
Regularização Fundiária de Unidades de Conservação : Estudo de caso da Área de 
Proteção (APA) e da Floresta Estadual de Rendimento Sustentável (FERS) do Rio Pardo - 
Rondônia / Juliana Tamires Ferreira Kizahy Nagem. - 2021. 
68 f. : il. color. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Engenharia 
Cartográfica e de Agrimensura, Campus Universitário de Belém, Universidade 
Federal Rural Da Amazônia, Belém, 2021. 
Orientador: Prof. Me. Robson José Carrera Ramos 
 
1. Regularização fundiária . 2. Unidades de conservação da natureza. 3. Direito 
agroambiental. 4. Imóveis Rurais. 5. APA e FERS do Rio Pardo. I. Ramos, Robson 
Jose Carrera, orient. II. Título 
 
CDD 342.1247 
 
 
 
 
JULIANA TAMIRES FERREIRA KIZAHY NAGEM 
 
 
 
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: 
ESTUDO DE CASO DA ÁREA DE PROTEÇÃO (APA) E DA FLORESTA 
ESTADUAL DE RENDIMENTO SUSTENTÁVEL (FERS) DO RIO PARDO- 
RONDÔNIA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Rural da Amazônia 
como parte das exigências para a conclusão do Curso de Engenharia Cartográfica e de 
Agrimensura. 
 
Aprovado em 13/08/2021. 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
 
______________________________________________________________________ 
Prof Msc. Robson Jose Carrera Ramos 
Orientador 
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA 
 
 
 
_______________________________________ 
Profª. Drª. Merilene do Socorro Silva Costa 
Examinadora 
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA 
 
 
 
______________________________________________________________________ 
Prof. Dr. Augusto José Silva Pedroso 
Examinador 
Instituto Federal do Pará – IFPA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, o maestro de minha vida, por sempre me 
guiar e honrar, que me retirou dos maiores abismos e 
me encheu de toda a sua glória 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço em primeiro lugar e acima de tudo ao meu Deus, que é a minha força 
maior em todas as circunstâncias da minha vida. 
Agradeço à minha mãe Renê, que sempre foi pai e mãe para mim, por todo esforço 
que fez para que eu pudesse ter, desde a infância, acesso à educação e hoje chegar à 
educação superior, e também por todos os sacrifícios aos quais se propôs para que eu 
pudesse estar todos os dias na universidade. 
Agradeço à minha mãe-avó Maria Filomena por todo amor e por me estimular a 
ingressar no curso no qual hoje sou concluinte. Jamais me esquecerei de sua emoção ao 
receber a notícia de que eu havia passado no vestibular, seu afeto me tocou e continuará 
me tocando para sempre. 
Agradeço a todos os meus familiares que estiveram de alguma forma comigo 
nessa jornada, principalmente a minha tia Luenaiá e ao meu primo Henzo, além do meu 
irmão Júlio, em especial por trazer para nós a minha sobrinha Paula que me dá o amor 
mais puro do mundo, me fornecendo tranquilidade em cada um dos seus abraços. 
Agradeço a minha amiga amada e querida Luiza Castro que esteve presente e 
jamais se ausentou, sendo a pessoa responsável por eu hoje estar aqui, uma vez que 
enxugou minhas lágrimas diversas vezes, e não me deixou desistir mesmo quando era 
tudo que eu mais queria. Agradeço pelas conversas, horas de estudo, risadas, choros, 
festas, trabalhos e por ser a pessoa com o coração mais lindo que eu tive a sorte de 
encontrar nessa universidade. 
Agradeço ao meu namorado Júnior por todo amor, compreensão e encorajamento 
para que eu seguisse sempre focada e em busca da realização de cada um dos meus 
projetos, mesmo que para isso tivéssemos que sacrificar alguns momentos juntos. Sou 
grata, meu amor, por você ter segurado a minha mão e jamais soltado, por aplaudir cada 
uma das minhas vitórias como se fossem suas e por estar comigo nas horas boas e ruins. 
Ao meu orientador Robson Carrera por toda a sua dedicação, e por me aceitar 
como sua orientanda, saiba que é um privilégio ser ensinada por você, eu o admiro muito, 
em especial pelo seu empenho em nos fornecer a melhor educação. 
Agradeço aos meus professores Carlos Caldeira e Mayara Caldeira por serem 
exemplos da docência, e reflexo de amor por nós alunos, mesmo quando não merecemos. 
Agradeço a todos pela toda a rede de apoio que se formou no corpo do docente do 
 
 
curso no momento mais difícil que eu e outras alunas vivemos. Professores Carlos 
Caldeira, Mayara Caldeira, João Almiro, Suzana Romeiro, Emerson Morais e Robson 
Carrera, obrigada por terem demonstrado solidariedade e cuidado conosco, sem vocês 
seria impossível continuar, eu jamais esquecerei. 
Agradeço a minha turma, Engenharia Cartográfica 2016, pelos altos e baixos que 
passamos juntos, em especial à minha amiga Karen Cesário e ao Wendell Pinheiro por 
todos os trabalhos, festas, viagens até em casa em algum ônibus lotado, e pelo alivio que 
vocês me trouxeram em diversos momentos. Agradeço também ao Alexandre Filho e ao 
Júlio Araújo por terem me norteado e me ensinado tantas vezes, sem jamais perderem a 
paciência, vocês mostram que conhecimento compartilhado só se multiplica. 
A todos os citados, saibam que hoje compartilho a minha vitória com vocês. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Jamais se renda, jamais 
desista da luta.” 
(As sufragistas) 
 
 
 
RESUMO 
 
O Brasil tem a posse da terra como uma regalia concedida a uma minoria mais afortunada, 
fato que estimulou uma realidade de concentração fundiária, originada na distribuição de 
terras desde o período colonial. Esse fato, aliado a divergência entre as leis nas esferas 
estaduais e federais, causa desorganização e ausência de informações relativas às 
jurisdições, além disso existem diferentes órgãos e cada um deles possui suas próprias 
regras e normativas. Assim, os protocolos são variáveis, e também dependem do tipo de 
ocupação vigente na área, incorporando dificuldade e complexidade no processo de 
regularização das áreas e por vezes estimula conflitos de ordem jurídica. Isto é refletido 
na Área de Proteção e na Floresta Estadual de Rendimento Sustentável do Rio Pardo, as 
duas apresentam uma série de divergências jurídicas entre o Estado de Rondônia e outros 
órgãos, instituições e a sociedade civil, gerando insegurança jurídica na regularização 
fundiária dessas unidades. O objetivo deste trabalho é realizar o estudo acerca da 
regularização fundiária de Unidades de Conservação da Natureza, aprofundando- se no 
caso da Área de Proteção e da Floresta Estadual de Rendimento Sustentável do Rio Pardo,que estão sub judice, localizadas em Rondônia, e que não atendem a três quesitos básicos 
para a implantação de uma unidade de conservação: demarcação, perfil dos ocupantes e 
atividades econômicas permitidas. A insegurança jurídica da posse estimula problemas 
socias, ambientais, econômicos e políticos. Após o detalhamento dos aspectos jurídicos 
das UCs a partir de pesquisa documental, avaliação da degradação ambiental no período 
de 2010 à 2020 e da analise características físicas da área de estudo, foi possível 
identificar os principais obstáculos na regularização das referidas unidades de 
conservação: a falta de demarcação entre as UCs e a divergência entre as suas categorias 
dentro do SNUC. Assim, com esses fatores solucionados, a regularização fundiária 
poderá ser concluída, e as áreas de APP e ARL recuperadas, promovendo o fortalecimento 
da APA da FERS do Rio Pardo. 
 
Palavras–chave: Regularização fundiária; Unidades de conservação da natureza; Direito 
agroambiental; Imóveis Rurais; APA e FERS do Rio Pardo. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Brazil has land ownership as a perk granted to a more fortunate minority, a fact that 
stimulated a reality of land concentration, originated in the distribution of land since the 
colonial period. This fact, combined with the divergence between laws at the state and 
federal levels, causes disorganization and lack of information related to jurisdictions, in 
addition there are different bodies and each of them has its own rules and regulations. 
Thus, the protocols are variable, and also depend on the type of occupation in force in the 
area, incorporating difficulty and complexity in the process of regularization of the areas 
and sometimes stimulates legal conflicts. This is reflected in the Protection Area and the 
State Forest of Sustainable Income of the Pardo River, the two present a series of legal 
divergences between the State of Rondônia and other organs, institutions and civil 
society, generating legal uncertainty in the land regularization of these units. The 
objective of this work is to carry out the study on the land regularization of Nature 
Conservation Units, deepening in the case of the Protection Area and the State Forest of 
Sustainable Yield of the Pardo River, which are sub judice, located in Rondônia, and that 
do not meet three basic requirements for the implementation of a conservation unit: 
demarcation, occupant profile and permitted economic activities. The legal uncertainty of 
ownership stimulates social, environmental, economic and political problems. After 
detailing the legal aspects of conservation units from documentary research, 
environmental degradation assessment in the period from 2010 to 2020 and analyzing the 
physical characteristics of the study area, it was possible to identify the main obstacles in 
the regularization of these conservation units: the lack of demarcation between 
conservation units and the divergence between their categories within the SNUC. Thus, 
with these factors solved, land regularization can be completed, and the areas of APP and 
ARL recovered, promoting the strengthening of the APA and FERS of the Pardo River. 
 
Keywords: Land regularization; Nature conservation units; Agro-environmental law; 
Rural properties; APA and FERS of the Pardo River. 
 
 
 
. 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - Mapa das capitanias hereditárias. .................................................................. 17 
Figura 2 – Organograma explicativo da definição de terras devolutas de acordo com a lei 
de terras de 1850. ............................................................................................................ 19 
Figura 3 - Linha do tempo: Principais debates e legislação brasileira sobre o meio 
ambiente ......................................................................................................................... 28 
Figura 4 - Linha do tempo dos instrumentos que criaram áreas de proteção. ................ 31 
Figura 5 - Mapa APA do Rio Pardo e FERS do Rio Pardo. ........................................... 45 
Figura 6 - Comparação da área de estudo no intervalo de 10 anos ................................ 48 
Figura 7 - Cobertura Vegetal da APA e FERS do Rio Pardo ......................................... 49 
Figura 8- Declividade da APA e FERS do Rio Pardo .................................................... 50 
Figura 9 - Hidrografia da APA e FERS do Rio Pardo.................................................... 52 
Figura 10 - Geologia da APA e FERS do Rio Pardo...................................................... 53 
Figura 11 - Geomorfologia da APA e FERS do Rio Pardo ............................................ 54 
Figura 12 - Pedologia da APA e FERS do Rio Pardo .................................................... 55 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Instrumentos de legislação fundiária do território brasileiro: do Pré-
descobrimento ao Império .............................................................................................. 20 
Tabela 2 - Alguns conceitos do Estatuto da Terra de 1964 ............................................ 24 
Tabela 3 - Instrumentos de legislação fundiária do território brasileiro: da Velha à Nova 
República ........................................................................................................................ 26 
Tabela 4 – Grupos e categorias de unidades de conservação, com as siglas utilizadas, 
regime de posse, domínio, uso e ocupação do solo. ....................................................... 33 
Tabela 5 - Unidades de Conservação Federais em Rondônia - RO................................ 37 
Tabela 6 - Unidades de Conservação Estaduais em Rondônia ....................................... 38 
Tabela 7 - Classificação das Declividades ..................................................................... 51 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12 
1.1. Justificativa ..................................................................................................... 13 
1.2. Objetivos ......................................................................................................... 15 
1.2.1. Geral ......................................................................................................... 15 
1.2.2. Específicos ................................................................................................ 15 
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 16 
2.1. A estrutura fundiária no Brasil .................................................................... 16 
2.1.1. O Brasil Colônia ....................................................................................... 16 
2.1.2. O Brasil Império ....................................................................................... 17 
2.1.3. O Brasil República ................................................................................... 21 
2.2. A estrutura ambiental no Brasil ................................................................... 27 
2.2.1. A regularização fundiária nas unidades de conservação da natureza ....... 30 
2.3. As unidades de conservação no estado de Rondônia .................................. 36 
2.3.1. As unidades de conservação de gestão federal ......................................... 37 
2.3.2. As unidades de conservação de gestão estadual ....................................... 38 
2.4. Desafetação, rebaixamento, redução do tamanho e desclassificação de 
unidades de conservação .......................................................................................... 41 
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 44 
3.1. Coleta e preparação de dados .......................................................................44 
3.2. Área de estudo ................................................................................................ 44 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 46 
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 58 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 60 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Historicamente o Brasil apresenta a propriedade e a posse da terra como uma 
regalia concedida a uma minoria mais afortunada, fato que origina uma realidade de 
concentração fundiária, tendo em vista não apenas os conflitos fundiários entre grupos 
diversos de ocupantes do território, sobretudo a fraca coordenação entre as instituições de 
gestão fundiária (REYDON et al, 2017). 
Tais instituições que possuem um diálogo precário entre si, que se agrava pela 
divergência entre as leis nas esferas estaduais e mesmo entre os entes federais, causando 
por vezes relativa desorganização e ausência de informações relativas às jurisdições. 
Estes conflitos se mantêm presentes, pois há persistência tanto na concentração fundiária, 
originada na distribuição de terras desde o período colonial, como na exploração do 
trabalho e de severos impactos ambientais (REYDON et al., 2017). 
Nesse âmbito, a regularização fundiária é definida pelo artigo 46 da Lei nº 
11.977/2009 como sendo um conjunto de medidas com objetivo de regularizar áreas 
ocupadas irregularmente e titular seus ocupantes, afim de garantir direitos como à 
moradia e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, dessa forma, carregando grande 
importância neste cenário uma vez que assegura o direito sobre a terra, além de agregar 
muitos benefícios de ordem social, econômica, política e ambiental (BRASIL, 2009). 
Além disso, a regularização fundiária é realizada respeitando as particularidades 
das esferas jurídicas, ambientais e sociais. Entretanto, pode ser realizada por diferentes 
órgãos e cada um deles possui suas próprias regras e normativas para executá-lo. 
Nesse cenário, os protocolos são variáveis, dependendo do tipo de ocupação 
vigente na área, como: terras indígenas, unidades de conservação, assentamentos, 
territórios quilombolas, dentre outros. Tais fatos incorporam dificuldade e complexidade 
no processo de regularização das áreas e por vezes estimula conflitos de ordem jurídica, 
notadamente entre as estruturas criadas para regularização e fiscalização referente ao uso 
e ocupação da terra. 
Este efeito é refletido na Área de Proteção Ambiental – APA do Rio Pardo (Sub 
judice1) e na Floresta Estadual de Rendimento Sustentável – FERS, ambas no estado de 
Rondônia, uma vez que as duas apresentam uma série de divergências jurídicas entre o 
Estado de Rondônia e outros órgãos, instituições e a sociedade civil, o que resulta em 
 
1 Expressão que indica que aguarda decisão de um Juiz, Tribunal ou que está aguardando decisão judicial. 
13 
 
crise e insegurança jurídica na regularização fundiária dessas unidades. 
Por conseguinte, neste estudo busca-se nortear a regularização fundiária das 
Unidades de Conservação estaduais APA e FERS do Rio Pardo, tendo em vista amenizar 
as grandes dificuldades e contraposições no âmbito jurídico, buscando uma solução que 
garanta a segurança jurídica dessas áreas, imprescindivelmente a fim de gerar a titulação 
de posse aos moradores da área e atender ao artigo 46 da lei nº 11.977/2009 que visa 
garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da 
propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
1.1. Justificativa 
 
No Brasil, a aquisão legítima à terra é conseguida por meio do direito de posse 
ou propriedade, no entanto uma vez que historicamente o acesso e ocupação da terra foi 
dada de forma a originar um contexto fundiário muito conflituoso e complexa (CHEADE, 
2015). 
Ou seja, este contexto demostra que regularização fundiária foi limitada desde 
mesmo a função colônia em que se atendia os interesses da Europa e de pequenos grupos 
privilegiados que vieram a se tornar grandes proprietários de terras, assim moldando uma 
distribuição fundiária desigual e desorganizada, fato que gera fraudes tanto em 
propriedades particulares quanto nas áreas públicas pertencentes à União, aos Estados e 
aos Municípios (REYDON et al., 2017). 
Este contexto de complexidade e confusão fundiária contribui para a degradação 
da biodiversidade e obstrui uma gestão eficiente das unidades de conservação, resultando 
no atraso do bom andamento da regularização fundiária nessas áreas (CHEADE, 2015). 
Nolte et al. (2013), aponta que as unidades de conservação são principalmente 
afetadas pela presença de conflitos fundiários, pois os embates em relação a posse de suas 
terras é fator central que vai determinar o sucesso ou não da conservação. Portanto, a boa 
gestão fundiária das unidades de conservação é imprescindível para êxito da preservação 
de recursos e paisagens e também, garantir a provisão de serviços ambientais. 
Vale destacar que a criação das unidades de conservação é de responsabilidade 
da Administração Pública visando proteger a biodiversidade baseando-se no artigo 225, 
§ 1º, inciso III, da Constituição Brasileira, a qual dispõe sobre o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
14 
 
vida, o dever do Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para 
as presentes e futuras gerações, além de instruir sobre a definição de áreas protegidas em 
todos os estados (Brasil, 1988). 
Entretanto, anteriormente a consolidação dessas regiões, faz-se necessária a 
aprovação e encaixe em protocolos e metodologias respeitando as particularidades 
legislativas e jurídicas de acordo com o tipo de ocupação. Se tratando de UCs tem-se a 
Lei Federal n. 9.985/00, regulamentada pelo Decreto Federal n. 4.340/02 que regula o 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação, no qual pode se destacar que como pré-
requisito para a criação de UCs devem ser avaliados três aspectos: as atividades 
econômicas, população ocupante e características do imóvel, como limites, área e seus 
objetivos (Brasil, 2002). 
Com esse ponto discorrido, pode-se avaliar que as unidades de conservação APA 
Rio Pardo e FERS do Rio Pardo apresentam algumas inconsistências com o proposto pela 
lei do SNUC, tendo em vista não apenas que não existem os limites individuais exigidos 
entre as duas, como também existem falhas quanto perfil da famílias que as acessam, fato 
que pode ser verificado pela existência de processos realizados pelo Ministério Público 
do Estado que apontam empresários, agentes políticos e madeireiros que realizam a 
ocupação da área para atividades de especulação fundiária ou conceber áreas para 
exploração pecuária. 
Essas divergências expõem o não cumprimento dos três quesitos básicos para a 
implantação de uma unidade de conservação estabelecidos pelo SNUC: demarcação de 
limites, perfil dos ocupantes e atividades econômicas exercidas na área. 
Por conseguinte, sendo necessário proceder com a regulação das Unidades de 
Conservação APA Rio Pardo e FERS do Rio Pardo, de forma a estabelecer os limites e 
demarcações afim de conceder os títulos de posse à população tradicional residente na 
área. 
Segundo Reydon et al. (2017), a insegurança jurídica da posse ao longo dos anos 
contribui para o surgimento de outros problemas de cunho social, econômico, político e 
ambiental, sendo apenas possível sua solução através da regularização das posses. Assim, 
a regularização destas UCs teoricamente levará a uma maior taxa de sucesso na 
preservação ambiental, pois irá gerir as atividades econômicas desenvolvidas na região 
além de assegurar o direito à terra. 
Também vale comentar que háduas situações que valem ser ressaltadas: já 
transitou em julgado o veredicto de 06/06/2015 em que o Estado de Rondônia deveria ter 
15 
 
definido os limites da APA Rio Pardo e da FERS do Rio Pardo, além de suas demais 
obrigações ao qual foi condenada, e também que os estudos que foram determinados pelo 
Decreto n. 23.2010/2018 para serem realizados pelo Grupo Técnico de Trabalho não 
foram concretizados até o presente momento. 
 
1.2. Objetivos 
 
1.2.1. Geral 
 
Realizar o estudo acerca da regularização fundiária de Unidades de Conservação 
da Natureza (UC), aprofundando- se no caso de duas UCs de gestão estadual que se 
encontram sub judice: a Área de Proteção e da Floresta Estadual de Rendimento 
Sustentável do Rio Pardo, localizadas em Rondônia. 
 
1.2.2. Específicos 
 
• Descrever os aspectos jurídicos das UCs, a partir de pesquisa documental; 
• Avaliar a degradação ambiental no período de 2010 à 2020; 
• Analisar a cobertura vegetal, geologia, geomorfologia, hidrologia e pedologia da 
área de estudo; 
• Identificar obstáculos na regularização das referidas unidades de conservação; 
 
 
16 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1. A estrutura fundiária no Brasil 
 
2.1.1. O Brasil Colônia 
 
A atual situação fundiária do Brasil foi pautada em diversos dispositivos legais 
que foram instaurados em fases históricas distintas, antes mesmo até do momento 
histórico do descobrimento, passando pelo Império, República, até o presente. O Tratado 
das Tordesilhas de 07 de junho de 1494, assinado entre o Rei Dom João II de Portugal e 
os reis católicos da Espanha Dona Isabel de Castela e o Rei Dom Fernando II de Aragão, 
foi o primeiro instrumento a tratar de delimitação territorial onde encontrava-se o Brasil. 
Neste tratado, definiu-se que o chamado novo mundo seria dividido por um 
meridiano a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde, sendo o lado leste pertencente a 
Portugal e o lado oeste a Castela (MOREIRA, 1994). 
Posteriormente, com a chegada de Pedro Álvares Cabral e a incorporação das 
terras brasileiras às posses da coroa Portuguesa, ignorando possíveis regimes territoriais 
já efetivados pela população indígena nativa, foi adotado, em 1534, o sistema das 
capitanias hereditárias (RIBEIRO, 2018). Neste sistema, o Brasil foi divido em 15 partes 
(Figura 1), sendo doadas para o donatário de forma inalienável, porém transmissíveis por 
herança. 
O estatuto das capitanias era formado pela carta de doação e pela carta foral, nos 
quais eram especificados foros, direitos, atributos, privilégios e deveres donatário, que 
atuaria como governador administrando coisa pública, devendo ortogar sesmarias (DI 
PIETRO, 2006). 
A Lei das Sesmarias em Portugal, aprovada em 1575, tinha como objetivo 
distribuir a quantidade de terras em que o favorecido conseguisse produzir (JAHNEL, 
2017), porém no Brasil, implantada juntamente ao sistemas das capitanias hereditárias 
em 1532, visava a doação de terras com fins de povoar e evitar a colonização do território 
brasileiro por outros países, principalmente evitar o domínio da Espanha (NABARRO E 
TSUKAMOTO, 2017), sendo as terras distribuídas de forma gratuita, porém com o dever 
de pagar o dízimo a Ordem de Cristo (JAHNEL, 2017). 
17 
 
 Figura 1 - Mapa das capitanias hereditárias. 
Fonte: Cintra (2013) 
Porém, em 17 de julho de 1822 foi publicada a Resolução n° 76 que suspendeu 
a concessão de sesmarias e não houve a implementação imediata de outro sistema de 
regularização das terras, contexto que favoreceu a ampliação dos latifúndios, finalizando, 
assim a governança fundiária no Brasil Colônia. 
 
2.1.2. O Brasil Império 
 
Após a declaração da independência, a Constituição Imperial de 1824 tratou no 
inciso XXII do Artigo 179, a garantia do direito de propriedade em toda a sua plenitude 
(BRASIL, 1824). Ademais, o mesmo inciso faz referência a desapropriação e a sua 
indenização: Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos 
Brasileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é 
18 
 
garantida pela Constituição do Império, pela maneira seguinte. 
 
[...] 
XXII. E'garantido o Direito de Propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem 
publico legalmente verificado exigir o uso, e emprego da Propriedade do 
Cidadão, será elle préviamente indemnisado do valor della. A Lei marcará os 
casos, em que terá logar esta unica excepção, e dará as regras para se 
determinar a indemnisação. 
[...] (Brasil, 1824). 
 
Posteriormente em 09 de setembro de 1826, a Lei Infraconstitucional n°422, 
determinou que a necessidade pública e a utilidade pública seriam os critérios para a 
desapropriação de propriedades privadas. 
 
[...] 
 Art. 1.° A unica excepção feita á plenitude do direito de propriedade 
conforme a Constituição do Imperio, Tit. 8.° art. 179, § 22, terá logar quando 
o bem publico exigir uso, ou emprego da propriedade do cidadão por 
necessidade nos casos seguintes: 
 1.° Defesa do Estado. 
 2.° Segurança Publica. 
 3.° Socorro publico em tempo de fome, ou outra extraordinaria calamidade. 
 4.° Salubridade publica. 
[...] (BRASIL, 1826). 
 
No entanto, apesar de haver fortes dispositivos que garantissem o direito pleno 
a propriedade, nos primeiros trinta anos do regime imperial não havia uma legislação 
vasta o suficiente para moldar e direcionar a situação fundiária, levando ao crescimento 
dos latifúndios e a reivindicação da posse através do poder e da violência, sendo maiores 
até mesmo que no Brasil Colônia (ROCHA, 2002). 
Em 1843, surgiu, impulsionado pela pressão da Inglaterra para a abolição da 
escravatura, o Projeto nº 94 sobre Terras e Colonização que foi o delineamento para a Lei 
de Terras de 1850. Segundo Gadelha (1989), este projeto visava a substituição da mão de 
obra escrava, uma vez que os imigrantes apenas podiam adquirir pequenas propriedades 
após 3 anos de trabalho, incentivando a vinda de colonos e desprezando a mão de obra 
nativa como força de trabalho assalariada. 
O projeto 94 tramitou por sete anos na Câmara e no Senado, passando por 
diversos ajustes, logo, no ano de em 18 de setembro de 1850 a Lei de Terras nº 601 foi 
implementada no Brasil, apenas 14 dias após a Lei que aboliu o tráfico (04 de setembro 
de 1850), sendo aplicada a partir de 1854 após sua regulamentação através do Decreto 
1.318. 
19 
 
O decreto que regulamentou a Lei de Terras instruiu sobre os dispositivos para 
realizar a legitimação da propriedade, indicou as terras de domínio público e a 
propriedade privada, além de definir terras devolutas (Figura 2), indicar que sua compra 
deve-se dar pelo título de compra, entre outras atribuições. 
A Lei de Terras de 1850 instituiu ferramentas e normas para a validação de 
doações anteriores, e para a regularização de posses mansas e pacíficas, além disso 
colocou a terra como propriedade do Estado, passando a ser uma mercadoria para ser 
adquirida de acordo com o poder econômico do comprador, e não mais identificada como 
do patrimônio pessoal do imperador e distribuída proporcionalmente ao prestigio social 
do favorecido (NOZOE,2006). 
 
Figura 2 – Organograma explicativo da definição de terras devolutas de acordo com a lei de terras de 
1850. 
Fonte: Brasil (1850) – Adaptado 
 
À vista disso, a Lei de Terras foi fundamental para a renovação do sistema 
fundiário do Brasil, e em 1854 o Decreto nº 1.318 determinou a obrigatoriedade de 
realizar o cadastro das terras tidas, as quais eram registradas, conferidas e armazenadas 
pelo Vigário, além de também disseminar as obrigações e prazos das freguesias do 
Império. Esta ordenação ficou conhecida como Registro Paroquial ou Registro do Vigário 
(TRECANI, 2009). Os vigários, no entanto, apenas deveriam transcrever as informações 
Definição de 
Terras Devolutas 
(Lei de Terras de 
1850) 
Sem uso público nacional, 
provincial ou municipal
Sem domínioparticular legítimo
Não forem dadas por concessões 
do Governo
Ocupadas por posses não 
legitimadas
20 
 
relatadas, despreocupando-se com a qualidade e veracidade das mesmas, fato que criou 
um cenário favorável a fraudes, com casos até mesmo de terras que foram declaradas com 
extensão superior à da província em que era localizada (RODRIGUES, 2008). 
Embora a Lei de Terras de 1850 tivesse como objetivo regularizar as 
propriedades, distinguir as terras públicas e privadas e estabelecer confiança nos títulos 
de propriedade, e o Registro Paroquial visasse o cadastro com fins estatísticos e 
hipotecários, não foi possível alcançar as metas propostas por ambas devido a forma que 
foram aplicadas (RODRIGUES, 2008), estabelecendo instrumentos diversos do Pré-
descobrimento ao Império (Tabela 1). 
 
Tabela 1 - Instrumentos de legislação fundiária do território brasileiro: do Pré-descobrimento ao Império 
Período Ano Dispositivo Tipo 
Pré- Descobrimento 1494 Tratado das Tordesilhas 
Dividiu o 'Novo Mundo' entre Espanha e 
Portugal 
Colonial 
1534 Capitanias Hereditárias 
América Portuguesa dividida em 15 
partes, doadas de forma inalienável 
1575 Lei das Sesmarias 
Doação gratuita de terras que se 
conseguisse produzir, afim de evitar a 
colonização por outros países 
1822 Resolução nº76 Suspensão do o Sistema de Sesmarias 
Império 
1824 
Constituição Imperial, Art. 
179 
Garantia do direito de propriedade em 
toda sua plenitude e primeira referência a 
desapropriação e indenização 
1826 Lei Infraconstitucional 
Definiu a utilidade e necessidade pública 
como critério para a desapropriação de 
propriedades privadas 
1843 Projeto Nº 43 Anteprojeto da Lei de Terras 
1850 Lei de Terras 
Definiu as terras devolutas e instruiu 
sobre os dispositivos para realizar a 
legitimação da propriedade, indicou as 
terras de domínio público e a propriedade 
privada, entre outros 
1854 
Registro do Vigário ou 
Registro Paroquial 
Realizou o registro de terras possuídas 
1864 Lei Hipotecária Implantou o Registro Geral 
Fonte: A Autora (2021) 
21 
 
 
Neste sentido, em 1864, a Lei Hipotecária (nº 1.237), regulamentada pelo 
Decreto nº 3.353, foi publicada, tendo como principais feições implementar o Registro 
Geral onde seriam copiados, sendo função do Tabelião realizar estes registros, todos os 
títulos de transmissão da propriedade entre vivos e os seus ônus (RODRIGUES, 2008). 
No entanto, apesar dos diversos avanços trazidos pela Lei Hipotecária, como a 
constituição de ônus reais e a obrigatoriedade da escritura pública para os contratos, 
haviam diversos debates no que dizia respeito de a transcrição ser útil como prova 
dominial (RODRIGUES, 2014). No entanto, essa legislação, no § 4o do artigo 8º, 
determinou que a transcrição não tinha a capacidade de comprovar a propriedade de quem 
a adquiria: 
 
[...] 
Art. 8º A ansmissão entrevivos por titulo oneroso ou gratuito dos bens 
susceptiveis de hypothecas (art. 2º § 1º) assim como a instituição dos onus 
reaes (art. 6º) não operão seus effeitos a respeito de terceiro, senão pela 
transcripção e desde a data della. 
§ 4º A trancripção não induz a prova do dominio que fica salvo a quem fôr. 
[...] (BRASIL, 1864). 
 
Essa percepção traz bastante contrariedade uma vez que a transcrição era uma 
formalidade a ser realizada como matrícula no Registro Geral de Imóveis com a finalidade 
conhecer a propriedade (com seus limites e titulação) e servir para os futuros compradores 
terem informações sobre a situação das terras que lhe interessavam (caso das escrituras 
de compra e venda) (ROGRIGUES, 2014). 
Entretanto, mesmo que a Lei de Terras tenha sofrido com a falta de sintonia entre 
seus instrumentos e a realidade que proporcionou e que não tenha alcançado os objetivos 
para qual foi criada, a mesma é de suma importância e influência para a atual situação 
fundiária no Brasil, tendo em vista não apenas que serviu como para parâmetro para 
regularização da terra e orientou ações governamentais na questão fundiária, como 
também por ampliar o acesso à terra e auxiliar na instituição do espaço rural 
(NASCIMENTO, 2008). 
 
2.1.3. O Brasil República 
 
Seguindo para o ano de 1989, houve a queda do Regime Imperial e a posse do 
primeiro presidente republicano do Brasil Marechal Deodoro da Fonseca, iniciando o 
22 
 
período da velha república ou república oligárquica. Esse momento da história foi regido 
pela Constituição Republicana de 1891 que reforçou o direito pleno de propriedade, 
exceto por desapropriações justificadas pela necessidade pública com indenização 
prevista (BRASIL, 1891), conforme a Constituição Imperial também determinava. 
Além disso, a Constituição Republicana também deu autonomia aos estados 
recém criados, transferindo aos estados o domínio das minas e das terras devolutas, 
deixando a cargo da união apenas as áreas necessárias para a defesa das fronteiras, 
fortificações, construções militares e estradas de ferro federais (BRASIL, 1891). 
Além disso, os estados novos puderam legislar livremente, devendo respeitar aos 
princípios constitucionais da União, o que lhes permitiu determinar e cobrar impostos, 
elaborar sistema eleitoral e judiciário próprios, entre outros (TRINDADE,2003). 
Dessa forma, atribuiu-se administradores dos estados uma grande autoridade que 
muitas vezes eram afetados pela interferência dos coronéis, que são definidos abaixo: 
 
[...] a Guarda Nacional nasceu a 18 de agôsto de 1831, tendo tido o Padre 
Diogo Antônio Feijó por pai espiritual ... durante quase um século, em cada 
um dos nossos municípios existia um regimento da Guarda Nacional. O pôsto 
de coronel era geralmento concedido ao chefe político da comuna ... Eram, de 
ordinário, os mais opulentos fazendeiros ou os comerciantes e industriais mais 
abastados, os que exerciam, em cada município, o comando - em - chefe da 
Guarda Nacional 
[...] (MAGALHÃES, 1964). 
 
Segundo Leal (2012), o coronelismo foi concebido em meio a uma estrutura 
social e econômica desigual, com trocas de proveito com o poder público e a grande 
influência dos senhores de terra. Resultando em uma realidade de dominação rural com 
conflitos agrários violentos e posses indevidas de terras indígenas e de pequenos 
proprietários. 
Em seguida foram promulgados dispositivos afim de fazer mudanças nas formas 
de aquisição da terra: em 1900 a execução do Orçamento da União permitiu adquirir a 
terra por outros meios que não a compra. Em 1906 o Serviço de Povoamento do Solo 
Nacional buscava promover a colonização em áreas não ocupadas e em 1913 o Decreto 
10.105 instituiu o prazo de três anos para os posseiros declararem suas possessões, porém 
teve seus efeitos suspensos em 1915 (KURY, 2009). 
Apenas um ano depois, em 1916, o Código Civil foi lançado com objetivo de 
regular os direitos e obrigações de ordem privada concernentes às pessoas, aos bens e às 
suas relações (BRASIL, 1916), predominando uma do mundo e do direito e com o ideal 
23 
 
de justiça afastado da realidade do interior do Brasil (AMARAL, 2009). No que diz 
respeito a normas fundiárias, pode-se destacar os seguintes trechos: 
 
[...] 
Art. 485. Considera-se possuidor todo aquele, que tem de fato o exercício, 
pleno, ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade. 
[...] 
Art. 550. Aquele que, por vinte anos sem interrupção, nem oposição, possuir 
como seu, um imóvel, adquirir-lhe-á o domínio independentemente de título 
de boa-fé que, em tal caso, se presume, podendo requerer ao juiz que assim o 
declare por sentença, a qual lhe servirá de título para a transcrição no registro 
de imóveis. (Redação dada pela Lei nº 2.437, de 1955) 
Art. 551. Adquire também o domínio do imóvel aquele que, por dez anos entre 
presentes, ou quinze entre ausentes, o possuir como seu, contínua e 
incontestadamente, com justo título e boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 2.437, 
de1955) 
Parágrafo único. Reputam-se presentes os moradores do mesmo município e 
ausentes os que habitem município diverso. (Redação dada pela Lei nº 
2.437, de 1955) 
Art. 552. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos 
antecedentes, acrescentar à sua posse a do seu antecessor, art. 496.contanto que 
ambas sejam contínuas e pacíficas. 
Art. 553. As causas que obstam, suspendem, ou interrompem a prescrição, 
também se aplicam ao usucapião (art. 619, parágrafo único), assim como ao 
possuidor se estende o disposto quanto ao devedor. 
[...] (BRASIL, 1916) 
 
O Código Civil Brasileiro de 1916 define e posse e assegura o direito 
propriedade, portanto não há garantia de modo absoluto. O direito pleno a propriedade 
apresenta brechas quando emerge a usucapião e suas normas e indica a desapropriação 
em caso de utilidade pública e direitos de vizinhança. Além disso, o Registro de Imóveis 
ganhou a função de transmitir domínio, sendo uma das formas para adquirir a posse. No 
entanto, mesmo com as manobras legislativas para assegurar o direito de propriedade 
descentralizado, os latifundiários ainda tinham em mãos um grande poder político e se 
prevaleciam disso (LEAL, 2012). 
Contudo, alguns anos depois a República Oligárquica chega ao fim, devido ao 
enfraquecimento da economia do café, e então o governo passou a Getúlio Vargas (MAIA 
e SARAIVA, 2012). 
Surgiu então a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934, 
na qual se fala pela primeira vez sobre o interesse social da propriedade, inclusive 
condicionada o direito a posse da propriedade ao interesse social ou coletivo. Ademais 
em 1937, o primeiro Código Florestal (Decreto nº 23.797) e o Código das Águas (Decreto 
nº24.643). 
Em 1946 emerge uma nova Constituição Republicana que reforça a garantia do 
24 
 
direito da propriedade e apresenta como novidade a desapropriação que pode ser 
motivada pelo interesse social e define que o uso da propriedade deve estra alinhado com 
o bem estar social, conforme citado no § 16 do Artigo 141 e no Artigo 147: 
 
[...] 
Art. 141 [...] 
§ 16 - É garantido o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação por 
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante prévia e 
justa indenização em dinheiro. Em caso de perigo iminente, como guerra ou 
comoção intestina, as autoridades competentes poderão usar da propriedade 
particular, se assim o exigir o bem público, ficando, todavia, assegurado o 
direito a indenização ulterior 
[...] 
147 - O uso da propriedade será condicionado ao bem-estar social. A lei poderá, 
com observância do disposto no art. 141, § 16, promover a justa distribuição 
da propriedade, com igual oportunidade para todos. 
[...] (BRASIL, 1946). 
 
Ainda prevê a justa distribuição da propriedade com igual oportunidade a todos, 
porém essa constituição foi anulada em 1964 em decorrência do golpe militar e seu 
princípio antidemocrático. Nesse período foi expedido a Lei nº 4.504/1964, conhecida 
como Estatuto da Terra. 
O Estatuto da Terra é um importantíssimo instrumento de gestão fundiária e 
pioneiro no que diz respeito a políticas agrárias, sendo responsável por regular os imóveis 
rurais com a finalidade de promover a reforma agrária e a política agrícola. Esse estatuto 
visa garantir o direito à terra e promover sua melhor distribuição, além disso apresenta 
conceitos importantes conforme Tabela 2. 
 
Tabela 2 - Alguns conceitos do Estatuto da Terra de 1964 
Nome Definição 
Imóvel Rural 
Prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à 
exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial 
Módulo Rural Estabelecido pelas dimensões da propriedade familiar 
Minifúndio O imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar; 
Latifúndio 
Dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis rurais, os quais não excederão a 
seiscentas vezes o módulo médio da propriedade rural nem a seiscentas vezes a área 
média dos imóveis rurais, na respectiva zona; 
Fonte: Brasil, 1964 (2021) - Adaptado 
25 
 
 
Este instrumento introduz o módulo fiscal que de acordo com Lendau et al. 
(2012) é uma unidade de medida agrária que determina uma área mínima para a 
propriedade ser considerada economicamente viável e varia conforme o município. Além 
disso, cita a desapropriação de latifúndio muito extenso (Brasil, 1964). 
Em 1967 foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil na 
qual o termo função social da propriedade foi utilizado como um dos princípios para 
realizar justiça social (BRASIL, 1967). 
No entanto, a crise econômica em consonância com a crise política e as 
insatisfações e protestos públicos da sociedade levaram ao fim do regime militar 
(NOLASCO, 2017), e com a chegada do período de redemocratização havia a 
incontestável necessidade de se redigir uma nova constituição, originando com muito 
anseio a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
A Constituição Cidadã, como também ficou conhecida, cita que é garantido o 
direito de propriedade e que a mesma deverá atender sua função social (expressa no plano 
diretor do seu município, no caso de imóvel urbano), que a propriedade privada é um 
princípio da existência digna e da justiça social e que as desapropriações devem ser feitas 
de forma prévia e com indenização justa. Além disso, encarrega a União de realizar 
desapropriações por interesse social para promover a reforma agrária, salientando a 
indenização de suas benfeitorias (BRASIL, 1988). 
A função social de imóveis urbanos quando atende aos seguintes critérios: 
aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos recursos naturais 
disponíveis e preservação do meio ambiente, observância das disposições que regulam as 
relações de trabalho e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores (BRASIL, 1988). 
Vale ressaltar que a Constituição de 1988 preza pela preservação ambiental, e, 
portanto, foram criados dispositivos variados para garantir o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, como a Lei da Política Agrícola (Lei n°. 8.171/1991) que 
visa assegurar as atividades agrícolas em consonância com a preservação da natureza, e 
a Lei da Reforma Agrária (Lei n°. 8.629/1993) com objetivo regulamentar e instruir sobre 
a distribuição mais justa da terra, assim diminuindo os latifúndios. 
Além disso, a Constituição Cidadã determina que todos os estados devem criar 
espaços que serão especialmente protegidos, estas áreas especiais são regulamentadas 
pela lei nº 9.985 de 2000 conhecida como Lei do Sistema Nacional de Unidades de 
26 
 
Conservação (SNUC). 
Tabela 3 - Instrumentos de legislação fundiária do território brasileiro: da Velha à Nova República 
Período Ano Dispositivo Tipo 
Velha República 
1891 Constituição Republicana 
Reforçou o artigo 179 da Constituição 
Imperial, trazendo o direito pleno de 
propriedade, exceto por desapropriações 
justificadas pela necessidade pública 
com indenização prevista 
1916 Código Civil Brasileiro 
Tornou o Registro de Imóveis um meio 
de aquisição de propriedade, além de 
determinar o usucapião e suas normas 
Estado Novo 1937 Constituição Republicana 
Institui pela primeira vez o interesse 
social como condição ao direito de 
propriedade 
Quarta República 1946 Constituição Republicana 
Apresenta a desapropriação por interesse 
social e define que propriedade deve ser 
consonante com o bem estar social 
Ditadura Militar 
1964 Estatuto da Terra 
Regula os imóveis rurais com a 
finalidade de promover a reforma agrária 
e a política agrícola 
1967 Constituição Federativa 
Função social da propriedade foi 
utilizada como um dos princípios para 
realizar justiça social 
Nova República 
1988 Constituição Cidadã 
Traz o direito a propriedade dependente 
do cumprimento de sua função social, a 
propriedadeprivada, reforma agrária a 
encargo da União e preservação do meio 
ambiente 
1993 Lei da Reforma Agrária 
Regulamenta e instrui sobre a 
distribuição mais justa da terra, assim 
diminuindo os latifúndios 
2002 Novo Código Civil 
Reitera a relação de dependência entre o 
direito de propriedade e a preservação do 
meio ambiente, o equilíbrio ecológico e 
o patrimônio histórico e artístico 
Fonte: A Autora (2021) 
27 
 
 
 
No ano de 2002, foi expedido o novo Código Civil brasileiro que reitera a relação 
de dependência entre o direito de propriedade e a preservação do meio ambiente, o 
equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico. Muitos foram os instrumentos de 
regularização fundiária na República, a Tabela 3 descreve os instrumentos fundiários de 
forma sucinta do território brasileiro. 
Conforme observado na Tabela 1 e na Tabela 3, o território brasileiro passou por 
diversos dispositivos que visavam regulamentar suas terras. Dessa forma, num país que 
tem bases na exploração do período colonial, caminhando por diversas etapas até chegar 
a uma legislação que se interesse pela preservação ambiental e uma distribuição ecológica 
do solo, se torna imprescindível considerar toda a bagagem histórica para o entendimento 
da atual situação fundiária do Brasil. 
 
2.2. A estrutura ambiental no Brasil 
 
A sobrevivência humana foi atrelada à exploração dos recursos naturais desde a 
sua fixação na terra, antes mesmo de ser definido o conceito de propriedade. No entanto, 
no século XX que houve o aumento degradação ambiental causada pelo uso das reservas 
ambientais, demonstrada pelo grande desmatamento das florestas, poluição do ar e do 
solo, além do esgotamento dos solos, e esse processo ocorreu em virtude do crescimento 
da industrialização e também da população mundial (LEAL et al., 2008). 
Tal fato gerou grande debate, tornando este tema prioritário no cenário político 
internacional, o que levou uma legislação ambiental com caráter mais eficiente na sua 
regularização, fiscalização e preservação. Esses debates reuniram inclusive conferências 
internacionais sobre o meio ambiente, tal como a Conferência de Estocolmo, realizada 
em 1972, originou o conceito de eco desenvolvimento e discutiu sobre a preservação dos 
recursos ambientais, sendo precursora da formação de regimes ambientais internacionais 
(BERCHIN e CARVALHO, 2016). Nesse sentido, foi desencadeada uma série de ações, 
políticas, encontros e muitas outras formas de gerir o meio ambiente, sendo algumas 
representadas na Figura 3. 
 
28 
 
Figura 3 - Linha do tempo: Principais debates e legislação brasileira sobre o meio ambiente 
Fonte: A Autora (2021) 
 
A Lei Federal n. 6.938 de 31 de agosto de 1981, conhecida como Lei da Política 
Nacional de Meio Ambiente – PNMA, no seu artigo 2º demonstra o objetivo e o interesse 
do Brasil em defender os valores ambientais, através de alguns princípios, como ação do 
governo na manutenção do equilíbrio ecológico, recuperação de áreas degradas e 
disposição de educação ambiental a todos os níveis de ensino, entre outras (Brasil, 1981). 
Em 1985, foi realizada a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de 
Ozônio, ocasionada pela descoberta que algumas substâncias conseguiam destruir a 
referida camada, fato que representa um grande risco ao meio ambiente e à saúde humana. 
Essa descoberta foi efetuada na década de 1970, na qual se utilizavam amplamente esses 
compostos nas indústrias e no setor agrícola (REI e CARVALHO, 2002). 
A Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio foi de suma 
importância, pois gerou a cooperação de diversos países para a redução da emissão dos 
compostos prejudicais a camada de ozônio e Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) 
como instrumento de prevenção e regularização dos projetos com potencial maléfico ao 
meio ambiente (REI e CARVALHO, 2002). 
29 
 
No ano de 1988 a Constituição Federal Brasileira também mostrou compromisso 
com a preservação ambiental e a proteção dos recursos naturais, apresentada nas diretrizes 
do art. 225 do Capítulo VI, ao declarar o meio ambiente como direito de todos sendo 
dever de defendê-lo da coletividade e do poder público, visando garanti-lo para as 
gerações futuras (Brasil, 1988). 
Três anos depois, a Política Agrícola (Lei nº 17 de janeiro de 1991) foi 
sancionada no Brasil, indicando diretrizes para a planejamento e todo o processo agrícola 
no país, fixando a proteção, conservação e recuperação do meio ambiente como um dos 
seus objetivos, visando aliar os frutos econômicos com a proteção ambiental. Além disso, 
se coloca como instrumento da garantia do uso das propriedades respeitando a função 
social da terra (BRASIL, 1991). 
No ano seguinte, a Conferência do Rio de Janeiro, em 1992, do Programa das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvendo ficou conhecida como ECO-92. 
Nela surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, além de incentivar a cooperação 
dos estados, sociedade e dos setores-chave para preservar o meio ambiente e desenvolver 
das atividades econômicas de forma equilibrada (BERCHIN e CARVALHO, 2016). 
A Agenda 21 e a Convenção do Clima são alguns dos resultados da ECO-92, 
sendo a Agenda 21 um termo de compromisso que aborda metas para serem alcançadas 
em um esforço global e não individualizado com o objetivo de chegar ao desenvolvimento 
sustentável através de pontos, como o combate à pobreza e aos danos ambientais, 
mudança nos padrões de consumo e a proteção dos recursos hídricos (CÂMARA DOS 
DEPUTADOS, 1995). 
A Convenção do Clima visou criar estratégias para amenizar o efeito estufa, e 
estabeleceu o Protocolo de Kyoto, que foi de 1992 a 1997, que propôs a redução dos gases 
causadores do aquecimento global (SOARES e HIGUCHI, 2006). 
No âmbito da legislação brasileira, foi aprovada a Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro 
de 1998, que dispõe sobre os crimes ambientais, caracterizados como: crimes contra a 
fauna e a flora, poluição, impedir o ordenamento urbano e o patrimônio cultural, contra a 
administração ambiental e infrações administrativas, além de especificar as sanções e 
punições para quem pratica esse tipo de crime (BRASIL, 1998). 
Ainda no cenário nacional, em 1997, surgiu a Política Nacional de Recursos 
Hídricos sob a lei nº 9.433/97, criando a Lei das Águas que definiu a gestão dos recursos 
hídricos aplicando o planejamento hídrico como medida a unidade bacia hidrográfica, e 
a responsabilidade deve ser dividida entre o Estado e a sociedade (Brasil, 1997). 
30 
 
Outro importante dispositivo foi introduzido na legislação brasileira: a Lei 
nº13.305 de 2 de agosto de 2010 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos – 
PNRS. Esse instrumento orienta a gestão correta dos resíduos sólidos do país, evitando 
que sejam descartados em lixões, independentemente de serem oriundos do setor público 
ou privado, assim evitando danos ambientais (BRASIL, 2010). 
Trazendo para a questão das áreas de floresta, o Novo Código Florestal 
Brasileiro sob a Lei 12.651, de 25 de maio de 2012 dita normas sobre a proteção da 
vegetação nativa, bem como prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance 
de seus objetivos (Brasil, 2012). Também estabeleceu que todo imóvel rural deve manter 
uma porcentagem da tipologia vegetal, ficando definida como Reserva Legal. 
O cômputo da Área de Reserva Legal se faz de acordo com a região em que se 
localiza a propriedade ou posse. Outro elemento foi a Área de Preservação Permanente 
que tem por objetivo ambiental, com especial atenção, dentre outros, preservar os recursos 
hídricos estabelecendo um faixa marginal mínimo dos cursos d'água e nascentes (Brasil, 
2012). 
Não menos importante, cria-se o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que 
possibilita o conhecimento da localização geográfica dos imóveis rurais e sua situação 
quando a regularidade ambiental, que potencializa o monitoramento e a fiscalizaçãodas 
áreas que devem ser protegidas (Brasil, 2012). 
Noutro foco, visando a preservação ambiental, foi concebido o Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), instituído pela Lei n. 9.985 de 18 de 
julho de 2000, que estabelece as normas para a criação, implantação e gestão das unidades 
de conservação (Brasil, 2000). 
 
2.2.1. A regularização fundiária nas unidades de conservação da natureza 
 
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, foi fundamentado 
no artigo 225, § 1º, inciso III, da Constituição da República Federativa do Brasil, a criação 
das unidades de conservação é um ato que está sob a responsabilidade da Administração 
Pública para assegurar a preservação do meio ambiente, conforme citado abaixo: 
 
[...] 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
31 
 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
[...] 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a 
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
[...] (Brasil,1988). 
 
No entanto, o SNUC não foi concebido apenas pela influência constitucional, e 
sim por uma tendência anterior a se criar áreas protegidas. 
A história do Brasil foi marcada pela intensa exploração dos recursos naturais 
que eram exportados para satisfazer a relação de colônia, dessa forma ocasionando 
impactos e devastação ambiental. 
Figura 4 - Linha do tempo dos instrumentos que criaram áreas de proteção. 
 
Fonte: A Autora (2021) 
Nos períodos colonial, imperial e da velha república os governantes pouco se 
preocuparam com a preservação da biodiversidade, concentrando-se em questões 
fundiárias e econômicas, entretanto a partir do ano de 1934 iniciou-se um processo de 
elaboração e aprovação de diversos instrumentos legais com a finalidade de criar espaços 
no território brasileiro, áreas nas quais a natureza seria especialmente protegida (Figura 
4). 
32 
 
No entanto, os instrumentos anteriores não se articulavam em conjunto, dessa 
forma gerando a necessidade de um dispositivo que coordenasse de modo geral, com 
normas e diretrizes, a gestão e o manejo das áreas protegidas (SIMÕES, 2008), assim 
originando o SNUC. 
Logo em seu artigo 2º, a SNUC define os conceitos para se bem entender a lei, 
como de unidades de conservação, conservação da natureza, diversidade biológica, 
recurso ambiental, preservação, proteção integral, entre outros. Evidencia-se abaixo 
algumas das dadas definições: 
 
[...] 
Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
 
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, 
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, 
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e 
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam 
garantias adequadas de proteção; 
[...] 
VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações 
causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus 
atributos naturais; 
[...] 
VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação 
da diversidade biológica e dos ecossistemas; 
[...] 
XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a 
perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, 
mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma 
socialmente justa e economicamente viável; 
[...] (Brasil, 2000). 
 
Existem diversas outras atribuições dadas, dentre estas vale destacar que existem 
dois grupos de unidades de conservação: i. proteção integral e; ii. uso sustentável. 
As unidades do grupo de proteção integral têm como principal objetivo a 
preservação da natureza, sendo admitido só o uso indireto dos seus recursos naturais, 
quanto que as unidades de uso sustentável têm por ponto focal equilibrar a conservação 
da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. 
As Unidades de Conservação de Proteção Integral (UCPI) são divididas em 
cinco categorias: a. Estação Ecológica; b. Reserva Biológica; c. Parque Nacional; d. 
Monumento Natural e; e. Refúgio de Vida Silvestre. Já as Unidades Conservação de Uso 
Sustentável - UCUS são: I. Área de Proteção Ambiental; II. Área de Relevante Interesse 
Ecológico; III. Floresta Nacional; IV. Reserva Extrativista; V. Reserva de Fauna; VI. 
Reserva de Desenvolvimento Sustentável e; VII. Reserva Particular do Patrimônio 
33 
 
Natural (Brasil, 2000). 
 
Tabela 4 – Grupos e categorias de unidades de conservação, com as siglas utilizadas, regime de posse, 
domínio, uso e ocupação do solo. 
Fonte: A Autora (2021) 
Tipo de UC Denominação Sigla Posse e Domínio 
Uso e Ocupação do 
Solo 
Uso Sustentável 
Área de Proteção 
Ambiental 
APA Pública/Particular 
Restrições para as 
propriedades privadas 
Área de Relevante 
Interesse Ecológico 
ARIE Pública/Particular 
Restrições para as 
propriedades privadas 
Floresta Nacional FLONA Pública 
Apenas população 
tradicional 
Reserva Extrativista RESEX Pública 
Extrativismo apenas 
para populações 
tradicionais 
Reserva da Fauna RF Pública 
Permitida a venda de 
produtos de pesquisas 
Reserva de 
Desenvolvimento 
Sustentável 
RDS Pública 
Direito real de uso 
apenas para população 
tradicional 
Reserva Particular do 
Patrimônio Natural 
RPPN Particular 
Permitido acesso para 
fins de pesquisa, 
educação e turismo 
Proteção Integral 
Estação Ecológica EE Pública 
Permitido acesso para 
fins de pesquisa e 
educação 
Reserva Biológica REBIO Pública 
Permitido acesso para 
fins de pesquisa e 
educação 
Parque Nacional PARNA Pública 
Permitido acesso para 
fins de pesquisa, 
educação e turismo 
Monumento Natural MN Pública/Particular 
Permitido acesso para 
fins de pesquisa e 
educação 
Refúgio de Vida Silvestre RVS Pública/Particular 
Permitido acesso para 
fins de pesquisa e 
educação 
34 
 
As UCPI apresentam caráter conservacionista, e permite seu acesso apenas para 
fins não agressivos de pesquisa e educação, com ressalva dos Parques Nacionais que 
consente atividades de turismo, porém até mesmo a pesquisa necessita de consentimento 
antecipado do órgão gestor (BRASIL, 2000). 
Além disso são em maioria de domínio e posse públicas, isentos as unidades do 
tipo Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre que autorizam as posses públicas e 
particulares. No entanto, se houver irregularidades limítrofes ou desequilíbrio entre as 
diretrizes da UCPI e as atividades particulares, o proprietário estará sujeito a 
desapropriação (BRASIL, 2000). 
Por outro lado, as Unidades de Conservação de Uso Sustentável (UCUS) 
possuem características flexíveis visando o desenvolvimento sustentável, ou seja, 
equilibrar a preservação ambiental em consonância com atividades econômicas. São em 
maioria de domínio público, exceto as Áreas de Preservação Ambiental e as Áreas de 
Relevante Interesse Ecológico que permitem a posse privada, porém aplica restrições para 
as mesmas. Além disso, as UCUS se caracterizam por priorizar a população tradicional, 
concedendo até o direito real de uso no caso da Reserva de Desenvolvimento Sustentável 
(BRASIL, 2000). 
O regime de posse e domínio não são padronizados ou seguem a mesma 
concepção inter grupos e entra categorias de conservação. As especificidades tem relação 
direta com o uso e ocupação e por vezes através do plano de manejo insttituido pelo órgão 
gestor (Tabela 4). 
Destacam-se neste estudo duas áreas enquadradasno grupo de uso sustentável: 
Área de Proteção Ambiental do Rio Pardo e Floresta Estadual de Rendimento Sustentável 
do Rio Pardo. A APA é definida pelo artigo 15 que também dá outras condições: 
 
[...] 
Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um 
certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, 
estéticos 
ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar 
das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade 
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do 
uso dos recursos naturais. 
§ 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou 
privadas. 
§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e 
restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma 
Área de Proteção Ambiental. 
§ 3o As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública 
nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da 
35 
 
unidade. 
§ 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as 
condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e 
restrições legais. 
§ 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo 
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos 
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente, 
conforme se dispuser no regulamento desta Lei. 
[...] (Brasil, 2000). 
 
No caso da Florestal Nacional dispõe-se o artigo 17: 
 
[...] 
Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies 
predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo 
sustentável 
dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para 
exploração sustentável de florestas nativas. 
§ 1o A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com 
o 
que dispõe a lei. 
§ 2o Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações 
tradicionais que a habitam quando de sua criação, em conformidade com o 
disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade. 
§ 3o A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas 
para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua administração. 
§ 4o A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização 
do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições 
por este estabelecidas e àquelas previstas em regulamento. 
§ 5o A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo 
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de 
órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das 
populações tradicionais residentes. 
§ 6o A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será 
denominada, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal. 
[...] (Brasil, 2000). 
 
Portanto, vale lembrar que a implantação das unidades de conservação da 
natureza deve acatar e obedecer a exigências contidas em legislações específicas, sendo 
o Decreto Federal n. 4.340/02 o regulador do SNUC (Brasil, 2002), que dispõe no artigo 
2º: 
[...] 
Art. 2o O ato de criação de uma unidade de conservação deve indicar: 
 I - a denominação, a categoria de manejo, os objetivos, os limites, a área 
da unidade e o órgão responsável por sua administração; 
 II - a população tradicional beneficiária, no caso das Reservas 
Extrativistas e das Reservas de Desenvolvimento Sustentável; 
 III - a população tradicional residente, quando couber, no caso das 
Florestas Nacionais, Florestas Estaduais ou Florestas Municipais; e 
 IV - as atividades econômicas, de segurança e de defesa nacional 
envolvidas. 
[...] (Brasil, 2002). 
 
36 
 
Além disso, no mesmo artigo, que trata da questão da denominação da área, 
aponta que devem ser realizados estudos técnicos preliminares e instrui sobre o processo 
de consulta pública se for o caso. Ademais, no Capítulo IV determina-se que o Plano de 
Manejo deve ser executado nas Áreas de Proteção Ambiental e de Floresta Nacional: 
 
[...] 
Art. 12. O Plano de Manejo da unidade de conservação, elaborado pelo órgão 
gestor ou pelo proprietário quando for o caso, será aprovado: 
 I - em portaria do órgão executor, no caso de Estação Ecológica, Reserva 
Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre, 
Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta 
Nacional, Reserva de Fauna e Reserva Particular do Patrimônio Natural; 
[...] (Brasil, 2002). 
 
Vale comentar também que existem conflitos fundiários nas UCs, em especial 
naquelas que são de domínio público, uma vez que se deve desapropriar as posses 
particulares (KURY, 2008), e seja totalmente incorporada ao patrimônio do estado, que 
deve realizar a gestão e fiscalização. 
Também pode-se apontar confrontos nas áreas que permitem posse e domínio 
particular, causados pelo não acolhimento das normas pelos proprietários, vindo em 
discordância com as diretrizes de criação das mesmas. 
Portanto, proceder com a regularização das UCs é essencial e tem caráter 
imediatista, dessa forma efetuando as desapropriações cabíveis ou a adequação de 
conduta do possuir de terras protegidas. 
Além disso, pode-se verificar que a legislação vigente encoraja, no caso das 
unidades de uso sustentável, a realização de atividades econômicas buscando equilibrar a 
preservação e cuidado com a biodiversidade com a geração de emprego e renda para as 
populações ocupantes da área, no entanto para que isso aconteça antes é necessário efetuar 
a regularização da área através da legislação própria indicada a cada caso. 
 
2.3. As unidades de conservação no estado de Rondônia 
 
O Estado de Rondônia detém atualmente 80 unidades de conservação da 
natureza, concentrando-se em sua maioria nos municípios de Machadinho d'Oeste, Porto 
Velho e Guajará Mirim, sendo 14 unidades federais, 65 municipais e apenas uma 
municipal (ISA, 2014). 
O Parque Natural de Porto Velho, que se enquadra na categoria de proteção 
37 
 
integral, é única área protegida de gestão municipal de Rondônia, localizado na capital 
do estado. Essa unidade teve seu plano de manejo aprovado em 30 de outubro de 2003 
apresenta aproximadamente 390 hectares de território nos quais abriga floresta ombrófila 
e espécies da fauna, como aves, macacos e repteis (ISA, 2014). 
 
2.3.1. As unidades de conservação de gestão federal 
Rondônia acomoda quatorze unidades de conservação federais, sete de uso 
sustentável e sete de proteção integral, que são de responsabilidade do Instituto Chico 
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 
 
Tabela 5 - Unidades de Conservação Federais em Rondônia - RO 
Nome Tipo Categoria 
ESEC Cuniã Estação Ecológica Proteção Integral 
FLONA Bom Futuro Floresta Nacional Uso Sustentável 
FLONA Jacundá Floresta Nacional Uso Sustentável 
FLONA Jamari Floresta Nacional Uso Sustentável 
PARNA Campos Amazônicos Parque Nacional Proteção Integral 
PARNA Mapinguari Parque Nacional Proteção Integral 
PARNA Pacaás Novos Parque Nacional Proteção Integral 
PARNA Serra da Cutia Parque Nacional Proteção Integral 
REBIO Guaporé Reserva Biológica Proteção Integral 
REBIO Jaru Reserva Biológica Proteção Integral 
RESEX Barreiro das Antas Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Lago do Cuniã Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Rio Cautário Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Rio Ouro Preto Reserva Extrativista Uso Sustentável 
Fonte: A Autora (2021) 
38 
 
 
Dividas entre: uma Estação Ecológica, três Florestas Nacionais, quatro Parques 
Nacionais, duas Reservas Biológicas e quatro Reservas Biológicas (ISA,2021), conforme 
especificado na Tabela 5. 
 
2.3.2. As unidades de conservação de gestão estadual 
 
O Estado de Rondônia abriga 65 unidades de conservação estaduais, quinze de 
Proteção Integral e cinquenta de Uso Sustentável, sendo cinco Estações Ecológicas, 
dezenove Florestas Estaduais de Rendimento Sustentado, duas Florestas Extrativistas, 
oito Parques Estaduais, duas Reservas Biológicas, quatro Reservas de Desenvolvimento 
Sustentável, uma Reserva de Fauna, vinte e uma Reservas Extrativistas e três Áreas de 
Proteção Ambiental (ISA, 2021), como pode ser visto na Tabela 6: 
 
Tabela 6 - Unidades de Conservação Estaduais em Rondônia 
Nome Tipo Categoria 
ESEC Antonio Mujica Nava Estação Ecológica Proteção Integral 
ESEC Samuel Estação Ecológica Proteção Integral 
ESEC Serra dos Três Irmãos Estação Ecológica Proteção Integral 
ESEC Soldado da Borracha Estação Ecológica Proteção Integral 
ESEC Umirizal Estação Ecológica Proteção Integral 
FERS Rio Pardo Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Araras Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Cedro Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Gavião Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Mutum Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Periquito Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Abunã Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Machado Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
39 
 
FERS Rio Madeira (A) Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Madeira (B) Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Madeira (C) Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Mequéns Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Roosevelt (FLORSU) Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio São Domingos Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Vermelho (A) Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Vermelho (B) Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Vermelho (C) Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Rio Vermelho (D) Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FERS Tucano Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Uso Sustentável 
FLOREX Laranjeiras Floresta Extrativista Uso Sustentável 
FLOREX Rio Preto-Jacundá Floresta Extrativista Uso Sustentável 
PES Abaitará Parque Estadual Proteção Integral 
PES Candeias Parque Estadual Proteção Integral 
PES Corumbiara Parque Estadual Proteção Integral 
PES Guajará-Mirim Parque Estadual Proteção Integral 
PES Ilha das Flores Parque Estadual Proteção Integral 
PES Serra dos Parecis Parque Estadual Proteção Integral 
PES Serra dos Reis Parque Estadual Proteção Integral 
PES Serra dos Reis A Parque Estadual Proteção Integral 
REBIO Rio Ouro Preto Reserva Biológica Proteção Integral 
REBIO Traçadal Reserva Biológica Proteção Integral 
RDS Bom Jardim Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 
RDS Limoeiro Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 
RDS Rio Machado Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 
40 
 
RDS Serra Grande Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uso Sustentável 
RFAU Pau Doleo Reserva de Fauna Uso Sustentável 
RESEX Angelim Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Aquariquara Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Castanheira Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Curralinho Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Freijó Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Garrote Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Ipê Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Itaúba Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Jaci Paraná Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Jatobá Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Maracatiara Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Massaranduba Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Mogno (Resex) Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Pedras Negras Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Piquiá Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Rio Cautário (Estadual) Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Rio Pacaás Novos Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Rio Preto-Jacundá Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Roxinho Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Seringueira Reserva Extrativista Uso Sustentável 
RESEX Sucupira Reserva Extrativista Uso Sustentável 
APA Lago do Cuniã Área de Proteção Ambiental Uso Sustentável 
APA Rio Madeira Área de Proteção Ambiental Uso Sustentável 
APA Rio Pardo Área de Proteção Ambiental Uso Sustentável 
Fonte: A Autora (2021) 
41 
 
 
 
2.4. Desafetação, rebaixamento, redução do tamanho e desclassificação de 
unidades de conservação 
 
A criação de áreas especiais surge, na legislação brasileira, através do processo de 
afetação, no qual se atribui ao bem uma destinação específica, e a desafetação tem sentido 
reverso: a destinação do bem retorna à categoria de uso comum do povo. No tocante as 
unidades de conservação da natureza, a desafetação também pode ocorrer através de uma 
autorização legislativa e com provas que provem que a área protegida não atende mais 
aquele propósito (LOMEU, 2016). 
Além disso, a autorização legislativa também é indispensável para o 
rebaixamento, redução ou desclassificação das unidades de conservação (LOMEU, 
2016). Aproximadamente 5,2 milhões de hectares sofreram com a intervenção da 
desafetação, rebaixamento, desclassificação ou redução de limites dentro das UCs, 
procedimentos que foram denominados por MASCIA et al. (2011), como Protected Area 
Downgrading, Downsizing, and Degazettement - PADDD sendo um fenômeno mundial, 
que surge por diversas causas, em especial ao anseio pela exploração dos seus recursos 
naturais e o desenvolvimento de atividades variadas, como a mineração e a agricultura 
(PACK et al., 2016). 
O rebaixamento (downgrading) consiste na permissividade do desenvolvimento 
de atividades antrópicas dentro nas áreas protegidas, a redução (downsizing) diz respeito 
a diminuição da sua extensão territorial e a desclassificação ocorre quando a unidade 
perde totalmente seu status de protegida (PACK et al, 2016). 
O Brasil abriga 74% das áreas de proteção criadas no mundo no período de 2003-
2009 (JEKINS e JOPPA, 2009) e possui inúmeras legislações e instrumentos que visam 
a preservação do meio ambiente, tendo aparato até mesmo dentro da sua Constituição 
Federal (Brasil, 1988). Entretanto, mesmo com dispositivos ambientais recebendo apoio 
públicos (MMA, 2012), um alto número de PADDD aconteceram no país nos últimos 
anos (PACK et al., 2016). 
Existem movimentos políticos no Brasil que visam o enfraquecimento das UCs, 
como propostas legislativas no parlamento que objetivam permitir o extrativismo mineral 
e a agricultura em seus limites (KAUANO et al., 2020), além de haver medidas do atual 
governo que esmaecem as políticas contra o desmatamento. Segundo Miranda (2010), 
42 
 
essa dinâmica argumenta que as UCs limitam consideravelmente o desenvolvimento 
econômico do país, pois o espaço que as unidades de conservação protegem poderiam ser 
usadas para atividades como a agricultura em ampla escala, formas de extrativismo e 
instalação de usinas hidrelétricas. 
Kauano et al (2020) relata que existem impactos econômicos positivo, negativos 
e indiferentes em países com implantação de áreas de proteção ambiental. O turismo 
dentro das UCs reduziu a pobreza rural na Costa Rica (FERRARO E HANUER, 2014), 
já na Austrália as áreas APs incentivaram o sistema habitacional e de negócios locais 
(HEAGNEY et al., 2015), além disso, essas zonas auxiliaram o desempenho econômico 
do oeste dos Estados Unidos (RASKER et al., 2012). Por outro

Continue navegando