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1. ESTUDAR AS DIFERENÇAS ENTRE USO, ABUSO, TOLERÂNCIA, ABSTINÊNCIA E DEPENDÊNCIA ABUSO Abuso de substância é quando ocorre o consumo de alguma droga em excesso. As principais classes de drogas/substâncias psicoativas são: álcool, cafeína, cannabis, alucinógenos, inalantes, opioides, sedativos, estimulantes e tabaco. Os excessos de uso da droga se dão por conta da ativação do sistema de recompensa do cérebro. Esse sistema libera neurotransmissores responsáveis por sensações de prazer e, quando ativado pela droga, o sistema produz essa sensação de prazer muito mais rápido do que produziria com atividades normais (por exemplo, estudar antecipadamente para uma prova e ter a sensação de prazer quando tirar uma nota alta). É característico do uso abusivo de substância a presença de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos. Por exemplo, as recaídas constantes (tenta parar, mas volta ao uso) e a fissura intensa pela substância (desejo muito intenso de usar a droga) são sintomas exibidos por indivíduos que fazem uso abusivo de substância(s) TOLERÂNCIA Muitas drogas, quando consumidas repetidamente, dão origem ao fenômeno de tolerância, ou seja, ocorre diminuição no efeito, a despeito da dose ser mantida, ou torna-se necessário um aumento de dose para alcançar-se o mesmo grau de efeito. Existem vários tipos de tolerância: TOLERÂNCIA INATA OU NATURAL: Refere-se à sensibilidade determinada geneticamente (ou falta de sensibilidade) a uma droga que é observada na primeira vez em que é administrada. Isso significa que o organismo já nasce com um potencial de tolerância predeterminado. TOLERÂNCIA FARMACODINÂMICA: Refere-se à necessidade de doses maiores de drogas no sitio de ação para obtenção de efeitos de mesma intensidade e duração que os obtidos originalmente devido às alterações adaptativas dos sistemas afetados por esses agentes. Por exemplo, alterações induzidas pela droga na densidade ou eficiência do receptor. TOLERÂNCIA FARMACODINÂMICA AGUDA OU TAQUIFILAXIA: É a tolerância farmacodinâmica que se desenvolve rapidamente com doses repetidas em uma única ocasião, como em um "binge" em que o usuário administra uma excessiva quantidade de droga em um período curto de tempo. TOLERÂNCIA METABÓLICA, FARMACOCINÉTICA OU DISPOSICIONAL: Resulta de alterações nas propriedades farmacocinéticas do agente, no organismo, após administração repetida, de forma que apenas concentrações reduzidas estão presentes no sangue e, subsequentemente, nos sítios de ação. É consequência da indução de sistemas existentes no fígado, principalmente do citocromo P-450 (CYP). Como resultado, torna-se necessário administrar uma dose maior para manter a concentração eficaz da droga no sangue e no cérebro pelo mesmo período. SENSIBILIZAÇÃO OU TOLERÂNCIA REVERSA: Refere-se a um aumento da resposta ao efeito de uma droga após administração repetida dela. A maioria dos estudos de laboratório demonstra que a administração repetida de drogas de abuso pode produzir sensibilização do sistema mesolímbico dopaminérgico. TOLERÂNCIA CRUZADA: Fenômeno em que um indivíduo tolerante a determinada droga exibe tolerância a outra. A tolerância cruzada pode ser farmacodinâmica ou metabólica. No primeiro caso, as propriedades farmacológicas são semelhantes entre as drogas. Se duas drogas causam efeitos farmacológicos devido a mecanismos similares, as possíveis alterações adaptativas que surgem do uso de uma delas também conferirão tolerância à outra. Desse modo, aqueles que desenvolvem tolerância para o etanol o fazem também para os barbitúricos e benzodiazepínicos (depressores do SNC). TOLERÂNCIA CONDICIONADA (TOLERÂNCIA AMBIENTAL ESPECÍFICA): É um mecanismo aprendido que se desenvolve se a droga é sempre administrada na presença de um estímulo ambiental específico (odor da preparação da droga, visão da seringa etc.). Esses estímulos sinalizam a presença da droga e as adaptações fisiológicas no organismo do usuário começam a ocorrer mesmo antes de a substância alcançar o seu sítio de ação. Se a droga é sempre precedida do mesmo estímulo, a resposta adaptativa pode ser aprendida e esse fato previne a manifestação total dos efeitos da substância (tolerância). ABSTINÊNCIA Sinais e sintomas psíquicos e físicos que ocorrem após a diminuição ou interrupção do consumo da substância. Quanto maior o grau de dependência, mais exuberante é o efeito da ausência da substância no organismo do paciente. Esta síndrome causa sofrimento ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Quando a droga é retirada, as mesmas alterações dão origem a uma hiperexcitabilidade (de rebote), porque já não são mais equilibradas pelo efeito da droga. A excitabilidade constitui, portanto, uma síndrome de abstinência, que pode variar desde sonolência, tremores e irritabilidade até alucinações e convulsões tônico-clônicas. As características particulares da síndrome de abstinência dependem das mudanças adaptativas induzidas pela droga, que, por sua vez, dependem em parte de suas ações farmacológicas. Por exemplo, a morfina diminui a motilidade gastrintestinal e provoca miose; sua síndrome de abstinência provoca hipermotilidade intestinal, diarreia e midríase. A intensidade da reação de abstinência também guarda relação com o curso temporal da ação da droga. Por exemplo, uma droga que tenha ação relativamente lenta e por tempo relativamente longo, devido à sua distribuição vagarosa, alta ligação às proteínas plasmáticas e biotransformação ou excreção demorada, frequentemente dá origem a sintomas de abstinência menos intensos do que outra que age de maneira rápida, intensa e breve. Presumivelmente, a eliminação lenta da droga permite alguma medida de readaptação fisiológica enquanto sua concentração está decaindo DEPENDÊNCIA A dependência é uma doença crônica, incurável e sujeita a recaída, até mesmo anos após a abstinência, que tem sido caracterizada por: a) Comportamento compulsivo para busca e consumo da droga; b) Perda do controle em limitar o consumo; c) Ocorrência de um estado emocional negativo (p. ex., disforia, ansiedade, irritabilidade) quando o acesso â droga é negado. De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana (APA, do inglês American Psychiatric Association, 1994), a dependência é definida como um conjunto de sintomas, envolvidos principalmente com a incapacidade de reduzir ou controlar o uso da droga. Para um indivíduo ser diagnosticado como dependente, deve apresentar três ou mais critérios, ocorrendo durante os últimos 12 meses, conforme descrito no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (4ª edição; DSM-IV), publicado pela APA. Esses critérios são semelhantes aos descritos na Classificação internacional de doenças (10ª edição, CID-10), que é publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2013, foi lançada a quinta edição do DSM, na qual não há mais distinção entre abuso e dependência e esta é classificada em leve, moderada e grave, de acordo com o número de critérios presentes: 2 ou 3 para leve, 4 ou 5 para moderada e mais de 6 para grave. O desejo incontrolável de utilizar a substância “craving" em inglês, traduzido por compulsividade) foi adicionado à lista. 2. ESTUDAR A DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, QUADRO CLINICO, DIAGNOSTICO E TRATAMENTO DA TUBERCULOSE E SUA RELAÇÃO COM A SÍNDROME CONSUMPTIVA DEFINIÇÃO A tuberculose (TB) é uma doença infecto- contagiosa, crônica, granulomatosa e necrosante causada pelo bacilo álcool-ácido- resistente (BAAR) Mycobacterium tuberculosis ou por qualquer patógeno do complexo: Mycobacterium bovis, Mycobacterium africanum, Mycobacterium canetti, Mycobacterium pinnipedi, Mycobaxteriummicroti e Mycobacterium caprae. No entanto, o patógeno principal é o M. tucerbulosis, também chamado de Bacilo de Koch (BK). A forma mais comum da doença é a forma pulmonar, mas acometimentos extra-pulmonares também são frequentes e dignos de atenção da saúde pública, como as formas pleural, ganglionar, miliar, osteomuscular, etc. EPIDEMIOLOGIA A tuberculose segue como uma das principais ameaças a saúde pública mundial. Em 2015, cerca de 10,4 milhões de pessoas desenvolveram tuberculose, 580 mil delas na sua forma multirresistente ou resistente a rifampicina, com 1,4 milhão de mortes. O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários para o controle da tuberculose globalmente. Foram 72 mil casos notificados em 2017, e a incidência variou de 10 a 74,7 casos por 100 mil habitantes entre as unidades federais, com um coeficiente de mortalidade de 2,2 mortes por 100 mil habitantes. Não há uma epidemia de tuberculose no Brasil, mas concentrações dos casos da doença. Pessoas vivendo com HIV, em situações de rua e privadas de liberdade, população indígena, pessoas vivendo em aglomerados ou em situação de pobreza são as mais acometidas pela doença no país. AGENTE ETIOLÓGICO E TRANSMISSÃO O M. tuberculosis é um bacilo álcool-ácido-resistente, aeróbio, com parede celular rica em lipídeos (como o ácido micólico), sua parede celular diminui sua permeabilidade aos antibióticos e aumenta sua sobrevivência no interior de macrófagos, o que dificulta sua eliminação. É transmitido por via aérea de uma pessoa “bacilífera” com TB pulmonar ou laríngea, que elimina bacilos no ambiente e estes podem ficar suspensos em pequenas partículas no ar. O termo “bacilífero” se refere a uma pessoa com TB pulmonar ou laríngea e com amostra positiva no exame de escarro. Essa transmissão ocorre por via respiratória, por meio da inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro. As partículas menores de bacilos (núcleos de Wells) contêm um a dois bacilos que podem ficar suspensas no ar por horas, capazes de infectar outros indivíduos. É por isso que, embora a tuberculose possa se apresentar de diversas formas, a forma pulmonar tem maior relevância no contexto epidemiológico, por ser a que mais frequentemente torna o paciente capaz de transmitir o bacilo. A pessoa bacilífera pode infectar até 10 a 15 pessoas, em média, de uma comunidade, no período de um ano. Após o início do tratamento, a transmissão cai gradualmente, tornando-se muito baixa após cerca de quinze dias, tornando importante a boa adesão e o acompanhamento por baciloscopia de controle. O risco de adoecimento, isto é, a progressão para a TB ativa após infecção, depende de fatores endógenos, em especial da integridade do sistema imune. O maior risco de adoecimento para a TB descrito é a infecção pelo HIV. Dentre outros fatores conhecidos, destacam- se: tempo decorrido da infecção ao desenvolvimento de TB ativa (maior risco de adoecimento nos primeiros dois anos após exposição) a idade menor que dois anos ou maior que 60 anos presença de determinadas condições clínicas (doenças e/ou tratamentos imunossupressores) FISIOPATOLOGIA As partículas contendo os bacilos (gotículas de Flügge), ao serem expostas ao vento e aos raios solares, são ressecadas e passam a ter volume ainda menor (núcleos de Wells; com diâmetros de até 5 µ e com 1 a 2 bacilos em suspensão), passíveis de serem inaladas e atingirem o pulmão das pessoas naquele ambiente. Se a inalação acontecer, esses indivíduos passam a ser chamados de infectados. Tal condição pode ser comprovada pelo teste tuberculínico (PPD), que se torna positivo entre duas a dez semanas após o contágio Normalmente, no processo de infecção, parte dos bacilos inalados será retida pelos mecanismos físicos de defesa do aparelho respiratório – cílios nasais, reflexo da tosse e depuração mucociliar. Outra parte pode transpassar esses mecanismos de defesa e atingir o pulmão. Para se instalar no organismo humano, o BK, por meio de diferentes moléculas em sua superfície, pode ligar-se a uma grande variedade de receptores celulares, dando início à infecção tuberculosa. Como nos primeiros dias da infecção o organismo ainda não desenvolveu uma resposta imunológica específica que possa bloquear o processo de multiplicação celular, o número de bacilos em cada foco de inoculação pode atingir 105, ao final de 15 dias. Ao chegarem no interior do pulmão, serão fagocitados pelos macrófagos alveolares e pelos pneumócitos tipo II. Após fagocitar o BK, o macrófago libera quimiocinas que atraem e ativam monócitos, neutrófilos, linfócitos e outras células inflamatórias que se conjugam visando à destruição do bacilo. Apesar de nenhuma delas ser eficiente na destruição, a interação delas com o macrófago gera um meio repleto de citocinas, em sua maior parte desfavoráveis para o bacilo Os linfócitos T CD4+ são os mais importantes na defesa imune contra o bacilo tuberculoso, secretando citocinas lesivas ao BK e induzindo a produção de óxido nítrico (NO) pelo macrófago. Os linfócitos T CD4+ são divididos fenotipicamente em TH1 e TH2. As células TH1 produzem IFN-γ e IL-12, e ativam células inflamatórias e fagocíticas capazes de inibir o crescimento de bactérias patogênicas As células TH2 elaboram interleucinas 2 (IL-4, 5 e 13, principalmente), participam da lise de células monocitárias que fagocitammmicobactérias e também participam da elaboração de anticorpos, receptores pelas células B Uma resposta Th1 é montada após 3 semanas, e essa resposta Th1 irá produzir o IFN-gama. Este, por sua vez, através de um conjunto de processos, estimula a destruição do macrófago infectado, destruindo organelas danificadas e patógenos intracelulares, como o M. tuberculosis. Porém, essa mesma resposta Th1 que estimula os macrófagos e destrói micobactérias, gera a formação de granuloma e necrose caseosa. Estes macrófagos, incentivados pelo IFN-gama, se diferenciam em “histiócitos epitelioides”, que se agregam a formam granulomas. A formação de um granuloma significa que o organismo tentou combater aquela infecção e que a pessoa apresenta uma boa imunidade Esse primeiro granuloma formado é chamado de foco de Ghon e, a partir dele, pode ocorrer uma disseminação linfática até o gânglio satélite (foco ganglionar), de onde poderá haver uma disseminação hematogênica para todo o organismo. Este complexo, composto de um foco pulmonar, linfangite e um foco ganglionar, é chamado de complexo primário ou complexo de Ranke. A seguir, pode também invadir a corrente sanguínea, após perfuração da parede de um vaso, e disseminar-se pelo organismo (disseminação hematogênica), podendo vir a causar formas extrapulmonares da doença. Com o desenvolvimento da imunidade celular, o centro do granuloma sofre um processo de necrose de caseificação. O meio necrótico deprime sua atividade metabólica e fica dormente, condição na qual pode sobreviver por décadas A primoinfecção tuberculosa pode evoluir ou não para a doença tuberculosa. Quando os mecanismos de defesa são capazes de deter o processo de adoecimento, ela funciona como amplificadora da resposta imune nas infecções subsequentes – imunidade adquirida. Os macrófagos pulmonares ativados pelo BK na primoinfecção têm a capacidade de processar e apresentar os antígenos do bacilo aos linfócitos T, fazendo com que, num novo contato com o agente agressor, a resposta imune celular seja mais rápida e efetiva. Já a imunidade humoral, resultante do processo de conhecimento da estrutura do bacilo tuberculoso, com os linfócitos B transformando-se em plasmócitos secretantes de anticorpos anti-BK, não parece ter valor na luta contra o BK, já que estesanticorpos não têm capacidade de penetrar nos macrófagos infectados e destruir o bacilo. Resumidamente: É a potência da atividade imune do indivíduo, definida tanto por codificação genética (resistência natural), como por infecções tuberculosas anteriores (resistência adquirida), ou por determinadas doenças ou situações imunodepressoras (idade avançada, desnutrição, tabagismo, diabetes, sarcoidose, silicose, neoplasias, infecção pelo HIV) ou pelo uso de medicação imunomoduladora, que irá determinar se a infecção será interrompida ou prosseguirá, gerando doença. Se controlada, o granuloma pode calcificar, dificultando sua reativação posterior. No entanto, mesmo controlada, se houver qualquer comprometimento futuro do sistema imune, aquele foco latente pode reativar e causar doença FORMAS CLINICAS PULMONAR A partir do momento que o foco infeccioso não é contido, o granuloma não é calcificado. Ele passa a ter uma inflamação constante e necrose tecidual que poderá ser aspirado pelos brônquios proximais, formando cavitações. A apresentação da TB na forma pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para a saúde pública, pois é essa forma, especialmente a bacilífera, a responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença. Classicamente, as principais formas de apresentação são a forma primária, a pós- primária (ou secundária) e a miliar. Os sintomas clássicos, como tosse persistente seca ou produtiva, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento, podem ocorrer em qualquer das três apresentações. TB PULMONAR PRIMÁRIA: normalmente ocorre em seguida ao primeiro contato do indivíduo com o bacilo e, por isso, é mais comum em crianças. As manifestações clínicas podem ser insidiosas, com o paciente apresentando-se irritadiço, com febre baixa, sudorese noturna e inapetência. Nem sempre a tosse está presente. O exame físico pode ser inexpressivo. TB PULMONAR PÓS-PRIMÁRIA OU SECUNDÁRIA: pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum no adolescente e no adulto jovem. Tem como característica principal a tosse seca ou produtiva. Em locais com elevadas taxas de incidência de TB, toda pessoa que procura a unidade de saúde devido à tosse prolongada (busca passiva) deve ter a TB incluída na sua investigação diagnóstica. Nos casos em que a tosse é produtiva, a expectoração pode ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue. A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5oC. A sudorese noturna e a anorexia são comuns. O exame físico geralmente mostra fácies de doença crônica e emagrecimento, embora indivíduos com bom estado geral e sem perda do apetite também possam ter TB pulmonar. A ausculta pulmonar pode apresentar diminuição do murmúrio vesicular, sopro anfórico ou mesmo ser normal TB MILIAR: refere-se a um aspecto radiológico pulmonar específico, que pode ocorrer tanto na forma primária quanto na forma secundária da TB. É uma forma grave da doença, que é mais comum em pacientes imunocomprometidos, como pessoas infectadas com HIV em fase avançada de imunossupressão. De uma forma mais incomum, a TB miliar apresenta-se como doença crônica (idosos) ou mesmo febre de origem obscura. Os sintomas como febre, astenia, emagrecimento e tosse ocorrem em 80% dos casos. O exame físico pode mostrar hepatomegalia (35% dos casos), alterações do sistema nervoso central (30% dos casos) e alterações cutâneas do tipo eritemato-máculo-pápulo-vesiculosas (incomum). FORMAS CLINICAS EXTRAPULMONAR As apresentações extrapulmonares da TB têm seus sinais e sintomas dependentes dos órgãos ou sistemas acometidos. Sua ocorrência aumenta em pacientes coinfectados pelo HIV, especialmente entre aqueles com imunocomprometimento grave. TB PLEURAL: É a forma mais comum de TB extrapulmonar em pessoas não infectadas pelo HIV. Ocorre mais em jovens e cursa com dor torácica do tipo pleurítica. A tríade astenia, emagrecimento e anorexia ocorre em 70% dos pacientes, e febre com tosse seca, em 60%. Eventualmente, simula pneumonia bacteriana aguda. Nos pacientes com maior tempo de evolução dos sintomas pode ocorrer dispneia. EMPIEMA PLEURAL TUBERCULOSO: É consequência da ruptura de uma cavidade tuberculosa para o espaço pleural e, por isso, além de líquido no espaço pleural, muitas vezes ocorre também pneumotórax secundário à fístula broncopleural. TB GANGLIONAR PERIFÉRICA: É a forma mais frequente de TB extrapulmonar em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) e em crianças, sendo mais comum abaixo dos 40 anos. Cursa com aumento subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervicais anterior e posterior, além da supraclavicular TB MENINGOENCEFÁLICA: É responsável por 3% dos casos de TB em pacientes não infectados pelo HIV e por até 10% em PVHIV. A meningite basal exsudativa é a apresentação clínica mais comum e é mais frequente em crianças abaixo dos seis anos de idade. TB PERICÁRDICA: Tem apresentação clínica subaguda e geralmente não se associa à TB pulmonar, embora possa ocorrer simultaneamente com a TB pleural. Os principais sintomas são dor torácica, tosse seca e dispneia. Muitas vezes, a dor não se manifesta como a dor pericárdica clássica. Pode haver febre, emagrecimento, astenia, tontura, edema de membros inferiores, dor no hipocôndrio direito (congestão hepática) e aumento do volume abdominal (ascite). Porém, raramente a TB pericárdica evolui com sinais clínicos de tamponamento cardíaco. TB ÓSSEA: É mais comum em crianças (10% a 20% das lesões extrapulmonares na infância) ou em pessoas entre a quarta e a quinta década de vida. Atinge mais a coluna vertebral e as articulações coxofemoral e do joelho, embora possa ocorrer em outros locais. A TB de coluna (mal de Pott) é responsável por cerca de 1% de todos os casos de TB e até 50% de todos os casos de TB óssea. Ela afeta mais comumente a coluna torácica baixa e a lombar e seu quadro clínico apresenta-se com a tríade dor lombar, dor à palpação local e sudorese noturna. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico da tuberculose (TB) pode ser considerado na impossibilidade de se comprovar a suspeita por meio de exames laboratoriais bacteriológicos. Nesses casos, deve ser associado ao resultado de outros exames complementares de imagem e histológicos. Baciloscopia direta: duas amostras são colhidas, uma no momento da consulta e a outra na manhã do dia seguinte, sendo feita a contagem dos Bacilos Álcool Ácido Resistentes (BAAR). Teste rápido molecular: detecta o DNA do M. tuberculosis e faz triagem das cepas resistentes a rifampicina. Cultura para micobactéria com identificação de espécie. Estes três métodos acima são considerados confirmatórios de TB ativa. Outros exames auxiliares são: Histopatológico: É um método empregado na suspeita de tuberculose ativa nas formas extrapulmonares ou nas pulmonares que se apresentam radiologicamente como doença difusa (como na tuberculose miliar), ou em indivíduos imunossuprimidos Adenosina deaminase (ADA): Em amostras clínicas (fluidos), a detecção da ADA, enzima intracelular presente particularmente no linfócito ativado, pode auxiliar no diagnóstico da TB ativa. Radiografia de tórax: importante na investigação de TODO paciente com TB! As lesões sugestivas de tuberculose em raio-x de tórax localizam-se, em geral, nas partes altas e dorsais dos pulmões, particularmente no pulmão direito, e podem apresentar-se como opacidades parenquimatosas, atelectasia, infiltrados, nódulos, cavidades, fibroses, retrações, calcificações, linfadenomegalia, aspecto miliar, derrame pleural. OBS.: Broncoscopia, ultrassonografia, TC e ressonância só devem ser solicitados se houver necessidade de auxílio diagnóstico e exclusão dos diagnósticos diferenciais. Prova tuberculínica (PPD): Importantena avaliação de contatos assintomáticos de pessoas com tuberculose, uma vez que é utilizada, em adultos e crianças, no diagnóstico da infecção latente de tuberculose (ILTB), que ocorre quando o paciente tem o bacilo no organismo, mas não desenvolve a doença. Na criança, também é muito importante como coadjuvante no diagnóstico da tuberculose ativa. No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT-23, aplicada por via intradérmica no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1mL, que contém 2UT (unidades de tuberculina). Quais são os exames iniciais em uma suspeita de TB pulmonar? RX de tórax (PA e perfil), baciloscopia (2 amostras) e cultura para micobacteria DIAGNÓSTICO DE TUBERCULOSE EM CRIANÇAS É feito um cálculo através dos critérios da tabela abaixo e através da pontuação final, pode-se interpretar da seguinte forma: Interpretação ≥ 40 pontos (diagnóstico muito provável): recomenda-se iniciar o tratamento da tuberculose. 30 a 35 pontos (diagnóstico possível): indicativo de tuberculose; orienta-se iniciar o tratamento a critério médico. < 25 pontos (diagnóstico pouco provável): deve-se prosseguir com a investigação na criança. Deverá ser feito diagnóstico diferencial com outras doenças pulmonares e podem ser empregados métodos complementares de diagnóstico, como baciloscopias e cultura de escarro induzido ou de lavado gástrico, broncoscopia, histopatológico de punções e outros exames de métodos rápidos. Sintomático respiratório: Pessoa que, durante a estratégia programática de busca ativa, apresenta tosse por 3 semanas ou mais. Essa pessoa deve ser investigada para tuberculose através de exames bacteriológicos DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO LATENTE As pessoas infectadas, em geral, permanecem saudáveis por muitos anos, com imunidade parcial ao bacilo. Essa condição é conhecida como infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB). Esses indivíduos não apresentam nenhum sintoma e não transmitem a doença, mas são reconhecidos por testes que detectam a imunidade contra o bacilo. Apesar de grande parte da população mundial estar infectada com M. tuberculosis, não há indicação de investigação indiscriminada de ILTB na população em geral. Essa investigação é indicada somente em populações que potencialmente se beneficiarão do tratamento preconizado para ILTB A prova tuberculínica (PT) é utilizada para diagnóstico de ILTB e pode também auxiliar o diagnóstico de tuberculose ativa em crianças TRATAMENTO Indicado para casos novos em adultos e adolescentes (> 10 anos), de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não por HIV: Fase intensiva: Rifampicina (R) + Isoniazida (H) + Pirazinamida (Z) + Etambutol (E) durante 2 meses (2 RHZE). Fase de manutenção: Rifampicina + Isoniazida durante 4 meses (4 RH). Considera-se que após 15 dias de tratamento, o paciente deixe de transmitir a doença se houver melhora clínica. Entretanto, é recomendado que se observe a negativação da baciloscopia para retirar as precauções de contágio. Ou seja: Esquema Básico para o tratamento de adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade): 2RHZE/4RH Esquema Básico para tratamento da TB meningoencefálica e osteoarticular em adultos e adolescentes (≥ 10 anos de idade): 2RHZE/10RH Esquema Básico para crianças (< 10 anos de idade): 2RHZ/4RH Esquema Básico para tratamento da TB meningoencefálica e osteoarticular para crianças (< 10 anos de idade): 2RHZ/10RH Considerações: O tratamento da TB em PVHIV tem a duração de seis meses, independentemente da fase de evolução da infecção viral O Esquema Básico pode ser administrado nas doses habituais para gestantes e, dado risco de toxicidade neurológica ao feto atribuído à isoniazida, recomenda-se o uso de piridoxina (50mg/dia). Não há contraindicações à amamentação, desde que a mãe não seja portadora de mastite tuberculosa TRATAMENTO DA TUBERCULOSE LATENTE A indicação de tratar os pacientes com TB latente depende da sua epidemiologia, idade e do risco de adoecimento. O tratamento deve ser feito com Isoniazida na dose de 5-10mg/kg de peso (dose máxima 300mg/dia) por 6 meses. Bacilos em estado de latência não são atingidos pelos medicamentos, mas são destruídos pelo sistema imunológico SEGUIMENTO DO TRATAMENTO O controle do tratamento da TB consiste na execução de atividades programáticas que permitem o acompanhamento da evolução da doença, visando à utilização correta dos medicamentos e ao sucesso terapêutico. Acompanhamento clinico: e vez por mês por 6 meses Baciloscopia de controle: 1 vez por mês por 6 meses Radiografia de tórax: 2º e 6º mês Função hepática, renal e glicemia: 1º mês Indicação de vitamina B6 (piridoxina): DM Etilismo Desnutrição Gestação Neuropatia previa Intoxicação por isoniazida (antidoto) Dose: 50-200mg/dL PREVENÇÃO As melhores medidas de prevenção da TB são o diagnóstico precoce, tratamento do paciente até a cura, vacinação BCG até os 5 anos de idade, tratamento da infecção latente e controle de contatos. A partir dos cinco anos de idade, nenhuma pessoa deve ser vacinada com BCG (mesmo profissionais de saúde e/ou grupos com maior vulnerabilidade), exceto pessoas contatos de hanseníase. RN exposto, como proceder? 1. Não vacinar com BCG ao nascer 2. Iniciar isoniazida por 3 meses e, em seguida, realizar a prova tuberculínica ↳ Se PT ≥ 5mm: manter isoniazida por mais 3 meses (completando 6 meses de tratamento) e não vacinar com BCG (já está imune) ↳ Se PT < 5mm: interromper isoniazida e efetuar vacinação BCG 3. Caso o RN tenha sido inadvertidamente vacinado, recomenda-se o uso de isoniazida por 6 meses e não está indicado a realização de PT TUBERCULOSE E SÍNDROME CONSUMPTIVA A associação entre TB e desnutrição tem sido amplamente reconhecida. Desde o século 19 e início do século 20, já associavam a TB com a “má-nutrição” e a pobreza. Sabe-se que a relação entre os dois fatores é bidirecional: o quadro clínico da doença leva à desnutrição secundária, com redução das proteínas viscerais e dos índices antropométricos, perda de massa magra e perda de reserva de gordura, além da ativação de citocinas e do metabolismo anormal de proteínas, mas a desnutrição também é um fator de risco para o desenvolvimento da doença. A patogênese da síndrome consumptiva da TB é amplamente desconhecida. Síndrome consumptiva é caracterizada pela perda involuntária de 5% do peso usual em um período de 6 a 12 meses, somada à ingesta alimentar inadequada, e está amplamente associada a doenças com metabolismo acelerado. As citocinas pró-inflamatórias são as candidatas iniciais como agentes causadores das alterações metabólicas que eventualmente resultam na síndrome consumptiva da TB. Entretanto, evidências de tal ligação são equívocas e incompletas Na busca de outros mediadores, a leptina surgiu como um novo candidato. A leptina é um mediador do metabolismo de energia, reportando ao hipotálamo o estado dos estoques de energia corporal. Além disso, a leptina também é reconhecida como um receptor e efetor de estímulos imunológicos, pertencendo à mesma classe de citocinas da IL-6. Em pacientes com TB pulmonar, já foi evidenciada também a correlação entre níveis aumentados de leptina e concentrações elevadas de TNF-alfa LEPTINA: uma proteína relacionada à homeostase energética. Ela é produzida no tecido adiposo, atuando sobre o hipotálamo na regulação do apetite e no metabolismo, podendo ser sintetizada em outros sítios como na placenta, músculos, ossos e cartilagens. O hipotálamo avalia reserva energética por meio da leptina. Desse modo, a leptina pode ser um importantemeio pelo qual o tecido adiposo sinaliza para o cérebro que tem energia suficiente e que a ingestão de alimentos não será mais necessária ↳ Altas concentrações de leptina em pacientes com TB podem suprimir o apetite e a ingestão de alimentos, o que pode ser um dos fatores contribuintes para a perda de peso e a síndrome consumptiva na TB. ↳ Já as baixas concentrações de leptina podem diminuir a imunidade e piorar o desfecho da doença. FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF) ALFA: O Fator de Necrose Tumoral alfa é uma citocina pró-inflamatória que exerce um papel essencial na resposta à infecção, facilitando as interações intercelulares, essenciais na resposta do hospedeiro a um microrganismo invasor. Está envolvido na patogênese de processos inflamatórios localizados e sistêmicos. O TNF-alfa está ligado à resposta de defesa à inflamação do organismo, gerando um potente mecanismo de feedback do tecido e prossegue para a formação de grande número de leucócitos defensivos que ajudam a remover a causa da inflamação 3. DISCUTIR A RELAÇÃO ENTRE USO DE DROGAS E A PERDA DE PESO A dependência de álcool e outras drogas influencia marcadamente a situação alimentar e nutricional dos indivíduos, seja pelo aspecto biológico, por afetar o apetite, a ingestão adequada de nutrientes e o estado nutricional, seja pelo componente social, interferindo nos hábitos alimentares, no autocuidado e na escolha adequada de alimentos. Tanto a desnutrição quanto a obesidade e episódios de compulsão alimentar têm sido relatados entre pacientes usuários de drogas Pessoas dependentes dessa droga, em padrão de consumo intenso, contínuo e repetitivo, conhecido como "binge", relatam que conseguem passar dias sem se alimentar usando apenas a droga. Além disso, a urgência de obtenção da substância faz com que o indivíduo remaneje o dinheiro que iria ser gasto com alimentação para esse fim. Somado a isso, está também o impacto nas redes sociais e familiares que, muitas vezes, ocorre na vida dos dependentes de crack, fator que também pode interferir na sua rotina e consequentemente na alimentação, tornando as refeições inconstantes e diminuindo a ingestão de alimentos. Principais substancias: ETANOL: Bebidas alcoólicas parecem estimular a liberação de gastrina e histamina, e as que possuem teor alcoólico superior 40% podem causar lesão direta da mucosa. Além disso, o consumo crônico e abusivo do etanol leva a má absorção de nutrientes no intestino delgado, diarreia e perda de peso. São observadas alterações morfológicas na parede intestinal e redução nas enzimas digestivas. COCAÍNA: ocorre diminuição do sono, do cansaço e do apetite, alteração nos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da temperatura. Tem o aumento nas chances de desenvolver problemas de dentição e na área bucal, desnutrição ou desidratação por causa da perda de apetite e longos períodos sem consumir nenhum alimento. O uso crônico de cocaína reduz a capacidade do corpo para armazenar gordura. ANFETAMINAS: geram a sensação de euforia e provoca perda do apetite. O uso contínuo desta droga desenvolve doenças como anorexia, bulimia e problemas psíquicos. MACONHA: provoca aumento do apetite e secura na boca. Entretanto, sua síndrome de abstinência contribui para diminuição do apetite, dificuldade para dormir e perda de peso. 4. ENTENDER COMO O ÁLCOOL CONTRABALANCEIA OS EFEITOS DAS DROGAS ILÍCITAS O etanol é um depressor do SNC, embora a ingestão de quantidades moderadas possua ação ansiolítica e cause desinibição e euforia. A associação de cocaína com a ingestão de álcool é muito comum. Entre outros fatores, a ação depressora do álcool reduz alguns efeitos colaterais da cocaína, favorecendo a utilização por mais tempo e/ou doses maiores. Além disso, gera um novo composto por intermédio da transesterificação, o cocaetileno. Este apresenta atividade psicoativa, semelhante à cocaína, porém, com menor potência e com maior meia-vida, o qual pode induzir a efeitos tóxicos prolongados e maior dano ao organismo, além de maior risco de induzir alterações cardiovasculares. 5. DISCUTIR OS RISCOS E COMPLICAÇÕES DO USO DE DROGAS ILÍCITAS E LÍCITAS PARA O BIOPSICOSSOCIAL DO PACIENTE Há diversos impactos que a dependência química causa na vida dos familiares envolvidos com o usuário, como a quebra da rotina entre os membros da família e os sentimentos de vulnerabilidade, desamparo e frustração quanto ao tratamento da doença. Além disso, ocorre o agravamento de conflitos já existentes, acentuando ainda mais as dificuldades dos familiares em lidar com a dependência química. Essas dificuldades acontecem principalmente em função das características peculiares da doença, que ameaçam uma boa relação familiar. ETANOL: A relação de gênero, drogas e violência doméstica é bem estreita, sendo que mulheres com dependência de álcool se relacionam, frequentemente, com homens usuários, aumentando o risco de conflitos e de violência física e sexual. Um estudo realizado no Brasil mostrou que mulheres alcoolizadas apresentavam maior envolvimento em violência entre parceiros, tanto como agressoras quanto vítimas. Na sexualidade da mulher que usa álcool, além das consequências do sexo sem proteção, das ISTs e da gestação indesejada, a homossexualidade aumenta o risco de desenvolver o beber problemático, de ter muitas complicações, para as quais não procuram tratamento, comparadas às heterossexuais. O uso do álcool está associado à violência. Estudo multicêntrico sobre alcoolemia em vítimas de acidente de trânsito detectou presença de álcool no sangue em 61,4% das vítimas não fatais e em 52,9% das vítimas fatais. Em Curitiba foram estudados processos de homicídio e os resultados apontaram para 58,9% dos homicidas e 53,6% das vítimas sob efeito do álcool à época do delito. COCAÍNA: O uso de cocaína está associado com a utilização de outras substâncias lícitas e ilícitas, assim como com outros transtornos mentais. Os usuários de cocaína apresentam, em média, duas vezes mais sintomas depressivos e ansiosos quando comparados aos não usuários, além de maior risco de suicídio. TABACO: O tabaco oferece risco não só para o fumante, mas também para os não fumantes, ou seja, familiares que ficam expostos passivamente â fumaça. O tabagismo passivo pode gerar agudamente irritação dos olhos e garganta, prejudica tecidos respiratórios, aumenta risco de câncer pulmonar e enfermidades cardiovasculares. Além disso fumar no ambiente de trabalho pode causar acidentes (incêndios e explosões). 6. ELUCIDAR A FISIOPATOLOGIA, QUADRO CLINICO E DIAGNOSTICO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA E INTOXICAÇÃO AGUDA (COCAÍNA, MACONHA, ÁLCOOL, CRACK, ÊXTASE, LSD E CIGARRO) COCAÍNA/CRACK A cocaína é um potente estimulante do SNC, com efeito euforizante. Está presente nas folhas do arbusto de coca, originário da floresta amazônica e da região andina do continente sul-americano. Devido ao uso descontrolado e aos crescentes relatos de efeitos colaterais, entre eles o de gerar dependência, foi classificada como narcótico, juntamente com a morfina e a heroína TOXICODINÂMICA: há elevação temporária das concentrações de norepinefrina (NE) e dopamina (DA) com subsequente redução a valores abaixo dos normais. Estas concentrações são relacionáveis, respectivamente, com os estados de euforia e depressão experimentados pelos usuários de cocaína. O provável mecanismo de ação no SNC é o bloqueio da recaptação da DA nas fendas sinápticas, que parece ocorrer devido à ligação da cocaína aos sítios transportadores de dopamina. O acúmulo de dopamina nos receptores pós-sinápticos DI e D2 parece ser o mecanismo fisiopatológico pelo qual ocorre a euforia. A consequência do acúmulo do neurotransmissor é a indução dos receptorespré- sinápticos decorrentes do mecanismo de autorregulação e subsequente depleção do neurotransmissor. Da mesma forma, a estimulação adrenérgica parece ocorrer pelo mesmo mecanismo, sendo que no uso crônico de cocaína, tanto a NE quanto a DA se tornam significativamente reduzidas no cérebro. A diminuição da dopamina cerebral pode resultar em anormalidade das vias dopaminérgicas, levando a complicações psiquiátricas. Resumo: A cocaína, um potente estimulante do SNC e do sistema nervoso periférico, tem a sua principal atividade a partir do bloqueio pré-sináptico da recaptação das monoaminas (dopamina, serotonina e noradrenalina), com consequente aumento da transmissão monoaminérgica. Essa maior atividade, principalmente da dopamina no circuito de recompensa cerebral (circuito mesolímbico cortical), é provavelmente a responsável pelos efeitos psicológicos prazerosos e euforizantes da cocaína, além de estar ligada à indução da dependência. Diferentemente das outras drogas com propriedades estimulantes, a cocaína apresenta uma propriedade anestésica (tópica), graças ao bloqueio dos canais de sódio voltagem dependentes. QUADRO CLÍNICO: A maioria dos usuários de cocaína busca, a princípio, os seguintes efeitos decorrentes da propriedade estimulante: sensação de prazer com euforia, aumento de energia e da atenção, redução da fadiga, aumento da sociabilidade, além de redução do apetite e da necessidade de sono. Também é utilizada como uma droga afrodisíaca, apesar de poder prejudicar a função sexual. Alguns usuários a utilizam como forma de automedicação, por exemplo, melhorando sintomas de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e outros transtornos mentais. Os efeitos agudos dependem da via utilizada, dose, tempo de uso e associação com outras substâncias. Eles podem ser divididos didaticamente em psicológicos e físicos. Cerca de um terço dos efeitos ocorre na primeira hora após o uso. Aos poucos, os sintomas vão desaparecendo, e um quadro com sintomas opostos se desenvolve, com marcada redução da energia, fadiga, fome, sonolência, depressão e irritabilidade. Pensamentos de morte e ideação suicida também podem aparecer. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é realizado fundamentalmente por meio de uma anamnese subjetiva, coletada diretamente do paciente, e objetiva, de fontes como familiares e amigos, se possível. MACONHA Maconha é a terceira substância controlada mais comumente utilizada no mundo depois do álcool e do tabaco. As Nações Unidas estimam que 192 milhões de pessoas (3,9% da população mundial adulta) consumiram a droga em anos anteriores a 2018. Países de alta renda têm maior prevalência de consumo do que países de baixa renda. O transtorno por uso de Cannabis é amplamente definido como a incapacidade de parar de consumir maconha mesmo quando está causando danos físicos ou psicológicos. QUADRO CLÍNICO: O uso de maconha está associado a diversos transtornos mentais, sendo fator agravante para muito deles. Para transtornos do espectro da esquizofrenia, estima- se que o risco seja quatro vezes maior para desenvolver a doença. O uso de maconha associado a esse transtorno piora o prognóstico. Está mais associado a taxas maiores de abandono ao tratamento. A maconha exacerba os sintomas positivos, alucinações e delírios, e agrava os sintomas negativos, com repercussões negativas sobre a qualidade de vida. O uso de maconha está associado à alteração basal do humor, ao desencadeamento ou intensificação de sintomas psiquiátricos, ao transtorno depressivo e ao TB. O uso de maconha está associado a um conjunto de desfechos negativos, como dificuldade na recuperação dos sintomas, maior número de internações, piora da adesão ao tratamento, risco aumentado de suicídio e baixa resposta ao uso de lítio. DIAGNÓSTICO: Não há consenso sobre se o uso de maconha deve ser rotineiramente rastreado em populações em geral. Recomenda-se a triagem para uso de drogas ilícitas em adultos ≥ 18 anos, em gestantes e puérperas e em adolescentes de 12 a 17 anos em ambientes de atenção primária, se o acompanhamento puder ser oferecido. A triagem de populações de alto risco (como pacientes com histórico psiquiátrico ou forense) é considerada uma boa prática clínica. Se uma pessoa relatar uso recente de maconha, uma entrevista clínica mais abrangente deve avaliar se o uso se encaixa no espectro do uso perigoso, uso prejudicial e transtorno por uso. ÁLCOOL O álcool é uma das substâncias psicoativas mais consumidas pela sociedade, sendo o seu uso estimulado em algumas situações, como em festas e comemorações. A absorção de álcool é rápida no início do uso e declina posteriormente, mesmo que a concentração no estômago ainda esteja alta. Vários fatores podem influenciar a absorção, sendo que o tempo de esvaziamento gástrico e o início da absorção intestinal podem ser considerados os principais fatores determinantes das taxas variáveis de absorção de álcool encontradas em diferentes indivíduos ou circunstâncias. Se o tempo de esvaziamento gástrico é retardado, por exemplo, pela presença de alimentos, a absorção intestinal também o será. Uma vez no intestino delgado, o etano! é absorvido rápida e completamente, independentemente da presença de alimentos no intestino ou no estômago. MECANISMO DE AÇÃO: Um dos principais locais de ação do etanol é a membrana celular. Por muito tempo, achou-se que o álcool, assim como os barbitúricos e anestésicos voláteis, exercia sua ação depressora do SNC dissolvendo o componente lipídico, reduzindo, assim, a viscosidade da membrana celular. Esse efeito fluidificante foi relacionado às alterações de funções específicas da membrana, incluindo receptores de neurotransmissores, várias enzimas, a cadeia de transporte mitocondrial e os canais iônicos, como os de cálcio. Vários autores mostraram a correlação existente entre o nível de intoxicação e a extensão da desordem da membrana celular resultante da ação do etanol. O álcool aumenta a inibição sináptica mediada pelo ácido gama-aminobutírico (GABA) e pelo fluxo de cloreto, ação também estudada como mecanismo de ação. Esse efeito do álcool e outras ações sedativas e motoras são inibidos pela bicuculina, um antagonista específico dos receptores GABAérgicos. O etanol inibe alostericamente a ligação de certos agentes convulsivantes. Doses elevadas de álcool aumentam a permeabilidade ao cloro na ausência de GABA. Essas ações são semelhantes às de barbitúricos, anestésicos e outros alcoóis alifáticos, e não estão relacionadas à fluidificaçâo da membrana celular. Os efeitos são semelhantes aos de fármacos que alteram o sistema GABAérgico, como os benzodiazepinicos, que mimetizam ou intensificam muitos dos efeitos agudos causados pelo álcool. O álcool atua em diversos sistemas de neurotransmissores e neurorreceptores: Sistema adrenérgico O uso crônico de álcool aumenta a síntese e a liberação de noradrenalina. Isso resulta em uma diminuição da sensibilidade pós-sináptica, evidenciada pela diminuição da resposta do AMP cíclico à noradrenalina Ácido gama-aminobutírico (GABA) Elevação, diminuição e ausência de alterações no sistema GABA foram relatadas após ingestão aguda de álcool. No uso crônico, os achados são mais consistentes e indicam uma redução do GABA no cérebro Serotonina: Elevação dos níveis de serotonina pelo uso de inibidores seletivos da recaptura da serotonina diminuiu a preferência e o consumo de álcool nos animais, possivelmente por sua ação no sistema dopaminérgico na região mesotímbica. A ondansetrona, um antagonista 5HT3, apresentou alguma eficácia no tratamento da dependência do álcool, principalmente nos casos de início precoce. Dopamina: Há evidências de que os sistemas opioide e serotoninérgicoinfluam no consumo de álcool por meio da modulação sobre a liberação de dopamina no núcleo acumbens, área relacionada com o prazer e a necessidade de repetir o uso de diversas substâncias e comportamentos, como sexo, alimentação c uso de drogas. INTOXICAÇÃO: O grau de prejuízo clínico da intoxicação por álcool depende da tolerância do indivíduo, da quantidade, do tipo de bebida alcoólica ingerida e da quantidade absorvida. Um nível de álcool no sangue de 0,4 g/dL está associado a risco de mortalidade de 50% em pessoas não alcoolistas. Para determinar com que rapidez o nível sanguíneo de álcool de uma pessoa diminui, é considerado o método empírico de que o corpo metaboliza aproximadamente uma dose (i.e., ± 0,015 g/dL) por hora. ABSTINÊNCIA: Após a última dose, a abstinência de álcool tipicamente começa em 6 a 8 horas, atinge o pico em 24 a 28 horas e geralmente se resolve em sete dias (Myrick e Anton, 2004). O espectro de sintomas de abstinência de álcool é amplo, e as apresentações mais comuns estão resumidas na Tabela 9-18. Apenas cerca de 5% de indivíduos com dependência de álcool desenvolvem mais do que sintomas de abstinência leves a moderados. DIAGNÓSTICO: Há diversos questionários disponíveis para a detecção de problemas relacionados ao álcool. Uma resposta positiva a qualquer uma das perguntas do CAGE requer investigação mais profunda dos problemas com bebida do paciente. O Teste de Identificação de Transtornos por Uso de Álcool é um questionário de 10 itens usados para a avaliação de transtornos por uso de álcool. ECSTASY (3,4-metilenodioximetanfetamina, MDMA) O 3,4- metilenodioximetanfetamina ou MDMA ou “ecstasy”, como é popularmente conhecido, é uma substância psicoativa potente, com efeitos estimulantes e perturbadores do sistema nervoso central, derivada da metanfetamina (MDA). No Brasil, como em outras partes de mundo, essa droga é comercializada principalmente na forma de comprimidos, que possuem grande variedade de cores, formas, tamanhos e logotipos. Pode também ser vendida na forma de cápsulas ou em pó. A substância ativa presente nesses comprimidos é a 3,4- metilenodioximetanfctamina (MDMA), contudo, à semelhança de outras drogas vendidas no mercado ilícito, o teor e a pureza desses comprimidos podem variar muito. MECANISMO DE AÇÃO: A MDMA possui estrutura química similar à de catecolaminas endógenas e atua no cérebro, aumentando a atividade de, pelo menos, três neurotransmissores: serotonina; dopamina; e noradrenalina. Como outras anfetaminas, a MDMA aumenta a liberação desses neurotransmissores nas fendas sinápticas, elevando a atividade cerebral. Possui maior atuação sobre a serotonina, principal neurotransmissor responsável pela regulação do humor, sono, dor, emoções, apetite e comportamentos. A MDMA atua na transmissão serotoninérgica bloqueando o transportador de recaptura, impedindo assim que o neurotransmissor seja retirado da fenda sináptica. Além disso, a MDMA pode agir ainda fazendo com que o transportador de serotonina atue de modo reverso, transportando-a do interior do neurônio pré-sináptico para a fenda sináptica. Pela liberação de grande quantidade de serotonina, inibição da sua recaptação e também por interferir em sua síntese, a MDMA leva ao comprometimento da quantidade desse neurotransmissor e, como resultado, é preciso mais tempo para a restauração dos estoques necessários para realização de importantes funções fisiológicas e psicológicas. Dessa forma, o uso crônico dessa substância leva à depleção de serotonina, podendo causar danos, às vezes irreversíveis, aos neurônios responsáveis pela liberação desse neurotransmissor. QUADRO CLÍNICO: Mesmo tendo reputação de droga segura, os efeitos agudos causados pelo uso do ecstasy (hipertermia, complicações cardiovasculares, falência renal e hepática) podem levar à morte De modo geral, os efeitos desejados por muitos usuários são aqueles produzidos por baixas doses usadas esporadicamente. A MDMA produz aumento na vivacidade, paciência e sensação de energia, despertar sexual e adiamento da fadiga e do sono. Os efeitos fisiológicos observados são descritos como um aumento da euforia, bem-estar, percepção sensorial aguçada, melhora na sociabilidade, extroversão, aumento na sensação de intimidade e proximidade com outras pessoas, maior tolerância à opinião e sentimentos alheios. Durante a década de 1980, a MDMA foi utilizada como adjuvante em sessões de psicoterapia, por facilitar a comunicabilidade do paciente com o terapeuta. Como outras anfetaminas, a MDMA também possui efeitos adversos demonstrados em muitas funções físicas, mesmo quando utilizada em doses moderadas com finalidade recreacional. Como a ação básica das anfetaminas envolve o aumento do despertar e da vigília, usualmente ocorre também aumento da tensão muscular, manifestada por contratura da mandíbula, bruxismo e movimentos constantes das pernas. O aumento da atividade muscular, somado à ação direta da MDMA no sistema termorregulador do cérebro, leva a um aumento na temperatura corpórea. Rigidez e dor nos membros inferiores e na região inferior das costas são queixas frequentes durante os primeiros 2 a 3 dias após o uso de MDMA. Dor de cabeça, náuseas, diminuição do apetite, visão turva, boca seca e insônia são outros sintomas físicos relatados após a experiência do uso de ecstasy. Os efeitos psicológicos indesejados resultantes da intoxicação aguda por MDMA representam uma resposta exagerada dos efeitos buscados pelo usuário. Como exemplo, o aumento da vigília, que, se em excesso, e convertido em hiperatividade, confusão e insônia. Outras queixas relacionadas ao uso de MDMA incluem alucinação leve, despersonificação, ansiedade, agitação, comportamentos bizarros e repetitivos. Ocasionalmente, esses sintomas podem levar a ataques de pânico, delírio ou até episódios curtos de psicose (pouco frequentes). O quadro clinico mais associado à intoxicação aguda por ecstasy é caracterizado por lesão hepática grave (podendo ocorrer necrose do tecido hepático), hipertermia associada ou não à rabdomiólise, coagulação intravascular disseminada e falência renal. A MDMA apresenta significativos efeitos no sistema cardiovascular, principalmente devido à sua ação sobre a liberação de noradrenalina e por agir como agonista a-2-adrenérgico. Por esse mecanismo, provoca aumento da frequência cardíaca e da pressão sanguínea, dose-dependente. A hipertensão induzida pelo ecstasy pode causar danos a vários órgãos, o que geralmente ocorre quando a pressão diastólica excede 130 mmHg. Essa hipertensão pode estar relacionada com outras patologias induzidas por esse tipo de fármaco, como falência renal aguda, distensão aórtica, infarto do miocárdio e hemorragiacerebral. LSD A Dietilamida de Ácido Lisérgico, ou LSD como é conhecido, é uma substância alucinógena - também chamada de psicodélica ou psicotomimética - perturbadora do sistema nervoso central, capaz de causar alteração do estado de consciência, provocar distorções da sensopercepção (como ilusões, pseudoalucinações e alucinações), além de alterar o conteúdo do pensamento e do humor. MECANISMO DE AÇÃO: sfkjkkghkgdhkgjkhjhfhlklkllllll Período de latência (0,5 a 3 horas). Modificações físicas (sensação de frio, suor, midríase, dor de cabeça). Período intermediário (medo, angústia). Período de síndrome psíquica e afetiva. Modificação do tempo vivido. Modificação da sensação de espaço. Modificação das sensações do próprio corpo. Modificações afetivas. Modificação do curso do pensamento. Alucinações (principalmente visuais). Conotação erótica e sensual (simbólica). Lucidez relativa. O mecanismo de ação do LSD não está totalmente elucidado; os trabalhosmostram que a droga age como um agonista de autorreceptor da 5-HT em receptores 5-HT1A, localizados no lows coeruleus, nos núcleos da rafe e no córtex. Também atua como um agonista parcial em receptores 5HT1A pós-sináptico, possuindo alta afinidade com outros subtipos de receptores 5- HT1, como: 5-HT1B; 5-HT1D; e 5-HT1E. INTOXICAÇÃO: O LSD interfere nos neurotransportadores de serotonina. Via de regra, induz euforia, além de delírios e alucinações visuais. Entretanto, os efeitos psicológicos que o LSD ocasiona são imprevisíveis, uma vez que a experiência é significativamente influenciada pelo estado mental pré-intoxicação do usuário e também pelo ambiente no qual a droga é usada. “Viagens ruins” podem ser marcadas por sentimentos de medo intenso com respostas de evitação. Os efeitos físicos envolvem temperatura corporal aumentada, frequência cardíaca e pressão sanguínea diminuídas, insônia e perda do apetite TRANSTORNO PERSISTENTE DA PERCEPÇÃO INDUZIDO POR ALUCINÓGENOS: Acontece quando bastante tempo depois de ingerir algum alucinógeno, a pessoa experimenta recorrência espontânea de sintomas alucinógenos. É um quadro também conhecido como flashback e deve ser diferenciado de enxaquecas, convulsões e anormalidades do sistema visual. Alguns fatores podem desencadear os flashbacks, como estresse emocional ou uso de outras substâncias psicoativas, como álcool ou cannabbis sativa. TRANSTORNO PSICÓTICO INDUZIDO POR ALUCINÓGENOS: As características essenciais são alucinações ou delírios considerados decorrentes dos efeitos do uso de alucinógenos, quando os sintomas psicóticos excedem aqueles habitualmente associados com a síndrome de intoxicação e são suficientemente severos para indicar ajuda médica. As alucinações que o indivíduo consegue perceber como induzidas pela substância não são incluídas nesta situação, devendo ser diagnosticadas como intoxicação pela substância. O efeito adverso mais comum do LSD é a “viagem ruim” ou bad trip, podendo produzir sintomas psicóticos verdadeiros, que terminam quando os efeitos imediatos do alucinógeno passam. CIGARRO MECANISMO DE AÇÃO: Quando uma pessoa fuma um cigarro de tabaco, a nicotina é absorvida rapidamente e alcança o cérebro dentro de 10 a 20 segundos, onde se liga a receptores nicotínicos colinérgicos (nAChRs). Esses receptores são oligômeros transmembranares constituídos por diferentes combinações de 5 subunidades, presentes nos gânglios autonômicos, na junção neuromuscular e no sistema nervoso central (SNC). As várias combinações de subunidades dos nAChRs diferem nas suas propriedades farmacológicas e cinéticas. A estimulação desses receptores resulta no aumento da liberação de vários neurotransmissores. A liberação de dopamina é crítica para os efeitos reforçadores da nicotina e outras drogas de abuso. A liberação de outros neurotransmissores, como norepinefrina, acetilcolina, glutamato, serotonina, endorfinas e GABA, também medeia vários comportamentos observados em fumantes. Em baixas concentrações, a nicotina tem pouca influência na autoadministração, mas produz uma estimulação do sistema nervoso central e periférico, com aumento do estado de alerta, frequência cardíaca ou pressão sanguínea. Com a elevação da dose, é ativado o centro de recompensa, causando um aumento de sensações agradáveis. No entanto, em doses mais elevadas, a nicotina produz um efeito aversivo, com bloqueio ganglionar resultando em bradicardia, hipotensão e uma diminuição do estado mental. Por esse motivo, fumantes titulam, isto é, dosam a quantidade de nicotina capaz de manter os níveis plasmáticos correspondentes às experiências gratificantes. INTOXICAÇÃO E ABUSO: Embora uma pessoa possa com certeza se sentir doente pelo uso agudo de tabaco (p. ex., náusea, tontura, taquicardia), a intoxicação por nicotina não é um transtorno induzido por substância reconhecido, pois raras vezes há sequelas sociais mal- adaptativas ou clinicamente significativas prolongadas. De maneira semelhante, o abuso de nicotina também não é um transtorno por uso de substância admitido. INTOXICAÇÃO AGUDA: A nicotina é o princípio ativo que causa intoxicação nessas situações. Nas intoxicações leves ou moderadas, podem-se observar desconforto gastrintestinal, náusea, vômitos, tontura, cefaleia, tremor, palidez, diaforese e hipertensão. As intoxicações graves são mais raras e podem ser acompanhadas de convulsões, confusão, fraqueza, bradicardia, hipotensão e paralisia dos músculos respiratórios. DIAGNÓSTICO: Embora o diagnóstico de dependência de nicotina seja feito de acordo com os critérios do DSM-IV-TR, outras escalas de avaliação podem ser úteis no tratamento dessa condição. O número de cigarros fumados por dia correlaciona-se negativamente com a facilidade em abandonar o hábito e, em muitos estudos, com a resposta ao tratamento formal. O Teste Fagerström para Dependência de Nicotina prognostica a dificuldade em parar de fumar
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