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ANÁLISE ECONÔMICA DA CULTURA DO ABACAXIZEIRO (Ananas comosus) NO MUNICÍPIO DE GUARAÇAÍ (SP). Mauro Henrique Hideo Okura Sato, Maria Aparecida Anselmo Tarsitano, Jorge Luiz Lombardi Jorge, Thiago Antiqueira Dini – Fitotecnia – Agronomia – Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de alimentos e Sócio-Economia – Faculdade de Engenharia – Campus de Ilha Solteira. O abacaxizeiro (Ananas comosus) é planta tropical originária de regiões de clima quente e seco ou com chuvas irregulares. Até poucos anos, era cultivado em áreas virgens, recém-desmatadas, e por isso considerado rústico, pouco exigente de tratos. Contudo, a experiência mostrou que quando se quer produzir para o mercado, o abacaxizeiro requer tratos culturais freqüentes e cuidadosos. O fruto pode ser consumido ao natural, fresco, cortado em fatias (rodelas) ou em cubos, sob forma de sorvetes, doces, picolés, refrescos, sucos caseiros; industrializado o fruto apresenta-se como polpa, xarope, geleia, doces em calda, suco engarrafado. Em regiões secas e quentes obtém-se vinho do fruto doce e fermentado. Em alguns países o suco do fruto verde é tido como vermífugo. Ainda o fruto contêm o enzima bromelina de propriedades digestivas e tido como amaciante de carne (SECRETARIA ...2007). A cultura do abacaxi no Brasil obteve um significativo aumento de produção no período de 2001 a 2006. Em área cultivada diminuiu, passou de aproximadamente de 63 mil ha para 60 mil ha, mas nesse período a produção aumentou de 3 milhões de toneladas para mais de 3,3 milhões em 2006, obtendo um ganho de produtividade. Em 2006 a região nordeste foi a maior produtora de abacaxi, seguida pela região sudeste e norte (AGRIANUAL, 2007). De acordo com o Agrianual (2007), em relação a produtividade média das regiões em 2006, o destaque é o sudeste com 73,7 t/ha, as regiões nordeste e norte obtiveram produtividade de 50,6 e 43,5 t/ha respectivamente. O Estado de São Paulo produz próximo de 46 t/ha/ano, correspondendo a 102.002 toneladas, em uma área de 3.336 ha. Na região do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Andradina apresenta uma produção de 33 t/ha/ano, com produção de 76.000 toneladas. Desse EDR, o município de Guaraçaí, apresenta uma produtividade média de 30 t/ha, e uma produção média anual de 45.000 toneladas. Este total representa 91 % da produção total da região de Andradina e 70% da produção do Estado de São Paulo (INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 2007). Nesta região a agricultura é predominantemente familiar, sendo o abacaxi a fonte principal de renda do município (APAMG ...2007). A APAMG, Associação dos Produtores de Abacaxi do Município de Guaraçaí mantém unidos esses pequenos produtores para tentar fixar um preço mínimo ao produto, afim de que não ocorram “quebras” dos produtores, já que não possuem tal força no mercado como os grandes produtores de abacaxi da região de Bauru. O preço da fruta varia dependendo do tamanho, da qualidade e da oferta e demanda da fruta durante o ano, variando de R$0,30/kg a R$1,00/kg. Entre os anos de 2001 a 2006 o preço médio não alterou, foi de R$ 0,55/kg. O conhecimento do custo de produção é essencial para o sucesso de todo e qualquer empreendimento agrícola. O objetivo desse trabalho foi estimar os custos de produção e a rentabilidade da fruta no município de Guaraçai, região Noroeste do Estado de São Paulo. A fonte de dados para o trabalho é o produtor Koitiro Sato, residente do Sitio 3M, no Bairro Formosa. Os dados coletados são referentes à cultura do abacaxi, cuja área plantada do produtor é de 20 alqueires. A produção é toda destinada para o comércio de varias regiões, no próprio estado de São Paulo e Paraná. Apesar do produtor ter sua área própria, a área cultivada é totalmente arrendada. Tais arrendamentos são alugados na região a um preço fixo de R$ 2.500.00/alqueire, independente da produção. O produtor cultiva abacaxi a 15 anos e prepara o solo por volta dos meses de novembro a dezembro, para que a área a ser plantada esteja pronta antes de janeiro, que é a melhor época de plantio, onde há uma melhor produção devido ao clima da região. As atividades são realizadas pelo produtor e familiares e também por mão-de-obra contratada e assalariada. O preparo do solo inicia-se nos meses de novembro dezembro, começando pela aração, seguida de uma gradagem leve, e depois o enleiramento para o plantio das mudas que são obtidos dos rebentões dos cultivos anteriores. A variedade cultivada na região é a Smooth Cayenne, popularmente chamada de Havaí. As mudas são próprias do produtor, que é o encarregado de retirar e fazer a cura das mudas. Após sofrer o processo de cura, as mudas, são transportadas para o local de plantio e plantadas em espaçamento duplo de 1,8 x 0,4 m. As pulverizações são realizadas quando necessárias para controle de doenças (preventivo) e pragas na cultura. Para a análise dos custos de produção e da viabilidade econômica da cultura utilizou-se o modelo desenvolvido pelo Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, e utilizado por Matsunaga et al. (1976) do Custo Operacional Total (COT). O método consiste em obter as despesas com operações em geral, mais despesas com material consumido, determinando assim o Custo Operacional Efetivo (COE). Ao COE somando-se juros de custeio a 8,75% a.a., encargos sociais relativos aos trabalhadores assalariados e outras despesas como 5% do COE, obtém-se o Custo Operacional Total. Nas operações mecanizadas e manuais, foram relacionados os materiais consumidos e o tempo necessário de máquinas e mão-de-obra para a realização de cada operação, resultando nos coeficientes técnicos em termos de hora máquina (HM) e homens dia (HD). Para determinar a lucratividade da cultura, foram estimados a receita bruta como o produto da produção pelo preço de venda de um quilo; o lucro operacional pela diferença entre a renda bruta e o custo operacional total e o índice de lucratividade igual à proporção da receita bruta que se constitui em recursos disponíveis. O custo operacional do trator é calculado através de seu consumo de óleo diesel por hora trabalhada, além de reparos e manutenção (8% a.a. do valor inicial da máquina) e lubrificantes (20% do consumo de óleo diesel). São calculadas ainda as depreciações pelo Método Linear, abrigo (1% a.a. do valor inicial da máquina), seguro (1% a.a. do valor inicial da máquina) e juros (6% a.a.) em relação ao capital médio novo da máquina. Para os cálculos foram adotadas os valores de vida útil da máquina de 10 anos e horas trabalhadas de 1000 horas por ano. As despesas manuais são separadas no cálculo do custo de produção, pois o produtor possui 4 funcionários assalariados, onde recebem um salário da ordem de R$ 550,00. Os encargos sociais representam quase 1/3 do salário bruto. Os diaristas recebem por rendimento de trabalho, ou seja, referente ao número de plantas plantadas ou frutos protegidos durante sua jornada de trabalho. Os resultados obtidos na tabela 1 referem-se a safra de 2006/2007 da cultura do abacaxi, onde as despesas operacionais mecanizadas referem-se a 3% do COT, as despesas dos custos de operações manuais correspondem a 57% do COT, indicando como essa operação é de alto custeio para a cultura, já que os gastos com tratamento de mudas e o próprio plantio serem de alto custo para o produtor, mesmo produzindo as próprias mudas. Os gastos com fertilizantes, corretivos, herbicidas, defensivos e indutores correspondem a 19% do Custo Operacional Total. O uso relativamente baixo de insumos, é explicado pelo produtor, que a cultura estar plantada em área virgem, que nunca sofrera cultivo da cultura anteriormente, além de ser uma área isolada, não indagou a necessidade de altos gastos com os insumos para uma boa produção. Tabela 1. Custo de produção anual por alqueire da cultura do Abacaxi (3nanáscomosus) variedade Havaí, na região de Guaraçaí (SP), em Junho 2007. Operações Quant. Valor Unit. (R$) Valor Total R$ A – Operações mecanizadas (HM) Preparo de solo 1,00 319,59 319,59 Pulverizações 11,00 58,52 643,72 Colheita mecânica 1,00 48,32 48,32 Enleirador 1,00 46,52 46,52 Subtotal A 1.058,15 B – Operações manuais Proteção de frutos (R$/planta) 60.000,00 0,01 780,00 Capina Manual (HD) 1,00 23,00 23,00 Colheita (HD) 1,00 23,00 23,00 Adubação manual (HD) 1,00 23,00 23,00 Tratamento de mudas (R$/planta) 60.000,00 0,10 6.000,00 Plantio (R$/planta) 60.000,00 0,20 12.000,00 Calagem (HD) 0,38 30,00 11,25 Subtotal B 18.860,25 C – Insumos C.1 – fertilizantes e corretivos (Kg) Sup. Simples ou 04-14-08 800,00 0,70 560,00 KCl 1.000,00 0,80 800,00 Sulf. Amônio 3.000,00 0,70 2.100,00 Uréia 100,00 1,00 100,00 Calcário 2.300,00 0,07 161,00 C.2 – Fitossanitários Inseticidas Decis (L) 3,00 43,72 131,16 Tamaron (L) 2,00 17,44 34,88 Regente (Kg) 0,30 800,00 240,00 Fungicidas Folicur (L) 1,00 70,41 70,41 Bayfidan (L) 1,00 84,07 84,07 Indução Ethrell 72% (L) 8,00 160,00 1.280,00 C.3 – Herbicidas (Kg) Karmex 22,50 23,17 521,33 Krovar 5,00 72,00 360,00 Subtotal C 6.442,85 D – Arrendamento Aluguel (R$/ano) 1,00 2.500,00 2.500,00 Subtotal D 2.500,00 Custo Operacional Efetivo (COE) (R$) 28.861,25 Juros de custeio 2.525,36 Outras despesas 1.443,06 Encargos sociais 167,18 Custo Operacional Total (COT) (R$) 32.996,85 COT/kg (R$/kg) 0,50 Os indicadores de lucratividade da cultura do abacaxizeiro podem ser observados na Tabela 2. Verifica-se que mesmo com os altos custos de implantação e produção da cultura, os resultados são satisfatórios. O preço de mercado obtido pela fruta, além da boa produtividade, o lucro operacional foi de R$3.303,15/alqueire e o índice de lucratividade de 9,10%. O lucro pode se alterar, favoravelmente ao produtor, se conseguir produzir em uma época de baixa oferta do produto. Tabela 2. Indicadores de lucratividade por alqueire da cultura do Abacaxi na região de Guaraçaí na Safra 2006/2007. Itens Valores PRODUÇÃO (kg) 66.000 PREÇO MÉDIO (R$/kg) 0,55 RECEITA BRUTA (R$) 36.300,00 CUSTO OPERACIONAL TOTAL (COT) (R$) 32.996,85 LUCRO OPERACIONAL (R$) 3.303,15 ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE (%) 9,10 Os resultados econômicos obtidos mostram que a cultura do abacaxizeiro é rentável na região, apresentando-se como uma opção viável aos produtores. Referências Bibliográficas ÁREA e produção dos principais produtos da agropecuária do estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/banco/menu.php>. Acesso em: 20 maio de 2007. Associação dos Produtores de Abacaxi do Município de Guaraçaí – APAMG. Disponível em: <http://www.apamg.com.br/>. Acesso em: 15 junho de 2007. CUSTO de produção do abacaxi . AGRIANUAL - Anuário da agricultura brasileira, São Paulo: FNP Consultoria & Agroinformativos, 2007. MATSUNAGA, M. et al. Metodologia de custo utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v.23, n.1, p.123-139, 1976. SECRETARIA de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária Disponível em: <http://www.seagri.ba.gov.br/Abacaxi.htm>. Acesso em: 16 jun. 2007. http://www.apamg.com.br/ http://www.iea.sp.gov.br/out/banco/menu.php
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