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TRANSCRIÇÃO Mayra Choaib PARTICIPANTES Martha Mayra Choaib TEMPO DE GRAVAÇÃO 42 minutos e 21 segundos MODALIDADE DE TRANSCRIÇÃO Padrão LEGENDA ... à pausa ou interrupção. (inint) [hh:mm:ss] à palavra ou trecho ininteligível. (palavra) [hh:mm:ss] à incerteza da palavra transcrita / ouvida. ____________________________________________________________ (INÍCIO) [00:00:00] Mayra Choaib: Oi, Martha. Martha: Oi, Mayra. Tudo bem? Mayra Choaib: Tudo bom e você? Martha: Tudo bom. Está tranquila aí? Podemos falar agora? Mayra Choaib: Estou, podemos sim. Martha: Que bom. Bom, então primeiro obrigada por participar e dar aí um pouquinho do seu tempo. Mayra Choaib: Imagina, é um prazer. Martha: Eu vou fazer mais ou menos as perguntas que eu te mandei no questionário, mas a gente também pode sair delas, emendar uma na outra, vamos ver como é que a coisa vai. Mayra Choaib: Perfeito. Martha: Então começa só me falando o seu nome inteiro, a sua profissão, função nesse momento e, se você quiser, a sua idade. Mayra Choaib: Meu nome é Mayra (inint) [00:00:54] Choaib, eu sou médica generalista e eu estou trabalhando como médica na regulação da Central do Coronavírus da Secretaria Municipal de Saúde. Eu tenho 27 anos. Martha: Legal. Então vamos começar aqui pelas primeiras perguntas, que já vou fazer duas em uma aqui. Quais foram as primeiras manifestações da chegada da pandemia na Faculdade de Medicina, no hospital? E como é que você vivenciou isso, a chegada? Mayra Choaib: Eu, antes de começar a trabalhar na central, eu trabalhava em plantão, dava plantão, e principalmente nos plantões das unidades no período noturno, e a gente começou a ter a questão, assim, da precaução, dos cuidados, de como a gente ia receber esses pacientes, de como ia ser o acolhimento, o que é que a gente esperaria. E, assim, o aumento de um... eu não cheguei a atender muitos pacientes (inint) [00:01:56] respiratórios porque eu já comecei a trabalhar na central. Mas o que eu mais notei assim era a questão da preocupação que a gente estava, de vendo a repercussão no mundo, de como isso ia chegar no Brasil, que como eu não estava dentro da UNESP. Quando eu comecei a trabalhar na central foi no dia 23 de março, então era muito o começo assim, não tinham casos confirmados ainda em Botucatu. Então a gente começou um trabalho bem precoce, então eu não tive muita experiência na questão do atendimento assim, na linha de frente assim, foi mais dentro da central mesmo que eu comecei a ter esse contato. Martha: E me conta então como é que foi, assim, como é que foi a criação da central, como é que foi esse projeto, quem que fez, como é que vocês foram chamados? Enfim, imagina, e é mais ou menos verdade, que eu não sei absolutamente nada sobre a central. Mayra Choaib: Está bom. Não, é um serviço muito novo. Então foi num plantão no PA noturno de uma UBS e a enfermeira que estava dando o plantão comigo trabalha na Secretaria Municipal e na Pirangi, que é o serviço terceirizado que foi destinado a criação da central. E a princípio era para ser uma central de atendimentos telefônicos para sanar dúvidas, orientar os pacientes a qual serviço de saúde procurar. E aí nesse plantão ela comentou comigo, perguntou se eu teria interesse, eu falei que sim, e aí a gente teve uma reunião em um sábado falando qual que era o objetivo da central, discutindo de como a gente montaria a ficha clínica para as formações que a gente precisaria desses pacientes para discutir o caso, pensar qual serviço a gente regularia, qual orientação a gente daria, e na segunda-feira no dia 23 começou a funcional. Foi uma questão assim de uma semana eu recebi a proposta e eu estava trabalhando lá. E aí no começo era só isso, era uma central de atendimento telefônico para a população, porque tinham muitas dúvidas, foi bem no começo que adiantou a campanha da vacina, então as pessoas estavam alvoroçadas querendo saber da vacina, quem iam tomar vacina, onde tomaria. Então a gente recebia muitas ligações, e tem eu e mais um médico, que são seis atendentes que são auxiliares e técnicos de enfermagem que atendem as ligações, montam a ficha do paciente com os dados, com as queixas, a data do início dos sintomas e aí eles discutem o caso com a gente, "Olha, o paciente tem essas queixas", e aí a gente dá a orientação, se ele pode ficar em casa para reforçar o isolamento ou se tem a necessidade de já procurar uma unidade de saúde ou até um pronto-socorro, dependendo da gravidade. E a gente foi nisso as primeiras duas semanas. Martha: Só uma coisinha. Esse início foi... essas reuniões para dar esse start foram vocês com a prefeitura? Quem que era essa primeira equipe inicial? [00:05:00] Mayra Choaib: A primeira equipe era a coordenação da Pirangi, que é o serviço que está contratado para montar a equipe, eu mais uma médica e as auxiliares que iam fazer os atendimentos telefônicos. E aí eles expuseram todo o trabalho. O professor Carlos Magno participou dessa reunião para nos dar as orientações. Desculpa, eu tenho uma questão. Também já tinha a questão do monitoramento e da equipe domiciliar que ia ser montada, já (inint) [00:05:35] todo qual que seria o projeto, mas o início foi a central telefônica. Então já estavam as equipes que iam montar a equipe domiciliar para ser orientado em relação de uso de EPI, então o Doutor Carlos Magno foi explanar isso para a gente, a gente discutiu bastante quais são os sintomas que a gente buscaria nos pacientes, quais seriam os critérios de gravidade. Então ele fez como se fosse uma palestra para a gente e aí depois a coordenação explicou como que seriam as três equipes, que ia começar com a central telefônica, mas ia ter uma central de monitoramento e, também, a equipe domiciliar, e a frente seria a central telefônica. E aí eles explanaram como seria a ficha, a questão dos atendimentos, registro de ligações e a gente foi conversando de ideias do que a gente sugeria, porque era uma construção de uma coisa nova, que ninguém ali tinha vivenciado antes. Então nesse sábado foi mais ou menos isso assim, foi uma palestra e a questão da coordenação de como seria o serviço, porque o serviço ele está sendo montando, eu digo assim, conforme as coisas estão evoluindo assim, mudou completamente do que começou em março já. Martha: Então vamos lá. Então daí começou, as primeiras semanas era isso, aí era atendimento. Mayra Choaib: E aí algumas das fichas que a gente atendia na central, se a gente achava que é um paciente de grupo de risco, um idoso com comorbidade a gente passava para o monitoramento, que era uma equipe que iam ligar para esses pacientes diariamente para a gente acompanhar a evolução do caso. E a gente também poderia acionar uma equipe domiciliar para ir na casa para avaliar o paciente em domicilio, ver o estado geral, os sinais vitais para ver se havia necessidade de ir para um pronto-socorro, para uma USB. O nosso maior objetivo era reforçar o isolamento, que as pessoas ficassem em casa e não começassem a procurar o pronto- socorro e a UBS e a gente tivesse uma piora da evolução aqui em Botucatu. Então a gente começou desse jeito. Então a gente passava essas fichas para o monitoramento e as meninas, que também são agentes comunitárias, técnicas em enfermagem e enfermeiras, iam ligando para esses pacientes para a gente ir acompanhando, e a gente também discutia os casos com as meninas que estavam monitorando, "O paciente melhorou, ele piorou. Ele não teve mais esse sintoma", e a gente ia até ter uma evolução, parasse o sintoma e a gente pudesse dar alta do monitoramento para esse paciente. E aí em caso que precisasse de uma avaliação, a gente pedia avaliação da equipe domiciliar, que ia para domicílio, a gente tem uma equipe com o médico e outras equipes comenfermeiros, e eles iam fazer essa avaliação para a gente poder tomar uma conduta, se poderia manter o paciente em casa e no monitoramento ou se teria que encaminhar para um serviço de referência. E aí quando foi no começo, aí em abril a situação mudou muito porque iniciou a testagem, o swab na comunidade. E aí a proposta, na verdade, se tornou de a gente ser uma triagem para os pacientes que teriam critério para fazer esse exame e a equipe domiciliar começou a ser uma equipe que ia fazer a coleta em domicílio. Então o serviço mudou completamente depois que começou a testagem, porque a demanda aumentou muito e a gente começou a identificar os casos positivos na comunidade, então as coisas foram tomando uma proporção muito grande, tanto que a equipe, a gente começou com três equipes domiciliares, nós já estamos com cinco, indo para seis e as coisas já estão crescendo. E aí quando começou, em abril, fizemos uma capacitação em cinco unidades de saúde de Botucatu, Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro, capacitou a equipe para fazer a coleta, e foram capacitadas as equipes domiciliares. Quando a gente começou a fazer essa testagem a gente começou a triar os pacientes pela central telefônica, aqueles que tinham critério a gente ou agendava a [00:10:00] coleta do exame na unidade mais próxima da residência dele, ou se fosse um paciente muito idoso, de baixa mobilidade a gente envia a equipe para fazer a coleta em domicílio. E foi o que está sendo assim, que ganhou a maior proporção. E aí quando a gente começou a identificar os pacientes positivos a gente começou a monitorar esses pacientes positivos, então aí tem que começar a monitorar os contactantes, então os domicílios e onde esse paciente foi, e aí as coisas começaram a ganhar uma proporção muito grande. Então a equipe domiciliar, hoje, além de fazer coleta, ela avalia em domicílio os pacientes que são positivos, avalia se tem critério para encaminhar para o pronto-socorro, e o monitoramento acompanha todos os pacientes que tiveram resultados positivos e todos os familiares, inclusive dos pacientes que estão internados. Então é um serviço que ele acolhe qualquer familiar e qualquer pessoa que tem o resultado positivo em Botucatu, pode ser tanto do particular quando da UNESP. Martha: Entendi. Mayra Choaib: E aí a gente começou a fazer uma busca ativa, a gente que antes só recebia ligação e esperava ser acionado, a gente começou a fazer uma busca ativa. Bom, o paciente positivou, ele trabalha onde? Onde esse paciente vai? Então vamos entrar em contato com o trabalho e ver se alguém lá tem sintoma. Então por isso que acho que com a testagem e tendo a possibilidade de encontrar essas pessoas positivas, a gente conseguiu começar a montar uma rede e ver que a gente precisa... tem muito trabalho a se fazer. O isolamento não está sendo feito como o esperado, então a cada busca ativa a gente descobre mais desafios, uma proporção muito grande de pessoas que podem ter se contaminado, então o trabalho ele está crescendo muito, muito assim. Então eu acho que a cada semana a gente fala que é uma nova discussão. A gente tem uma reunião semanal para ver assim: "E aí, o que é que a gente vai ter que mudar essa semana? O que é que a gente vai precisar melhorar? Quais que são as novas demandas?", porque é muito dinâmico, o serviço ele está sendo formado conforme a necessidade. Martha: E essas novas dinâmicas, além de ter que dar conta do que aparece de novo, mantêm-se dando conta de tudo que já se descobriu de ontem para trás? Mayra Choaib: Exato. Tem paciente que liga ainda para orientação, tem paciente que liga com sintomas que não tem muita relação com o Coronavírus, a gente também, assim, começou a acionar o serviço do NASF e de psicologia, porque a gente viu essa necessidade de que o isolamento ele trouxe uma descompensação de outras comorbidades, que são indiretamente relacionadas ao Covid, mas que chegavam como uma demanda para a gente pela central. Então a gente foi tendo que fazer braços disso porque a gente ainda tinha que manter a demanda que a gente já estava atendendo e acolhendo todas essas novas funções. E então, assim, eu falo que daqui a pouco, se a gente conversar daqui um mês eu posso te falar um cenário completamente diferente. Martha: Diferente. Eu acho que é muito legal a gente falar sobre essa questão das ligações, dessa relação com os pacientes, mas antes eu fiquei só com uma curiosidade. Essa busca ativa ela é bem respondida, as pessoas respondem, as pessoas se deixam ser avaliadas ou vocês têm muito quadro de "Imagina. Não, eu não estou. Não quero falar sobre isso. Eu trabalhei com o cara, mas eu não peguei", existe isso ou a aceitação é... como é que tem sido? Mayra Choaib: Na verdade a gente tem uma aceitação muito grande, as pessoas estão se preocupando porque elas também estão notando que tem casos positivos próximos. Então as vezes, assim, nessa busca ativa a gente entra em contato com um paciente, ou até a gente fala com o paciente positivo, a gente nunca quebra o sigilo, a gente sempre conversa com o paciente, normalmente ele conversa com os colegas de trabalho e aí as vezes a gente liga para um e depois disso dois já estão entrando em contato porque souberam que era positivo e a gente entrou em contato com o colega e eles também querem saber quais são as orientações. Então questão, assim, isso não está sendo um problema, o nosso maior problema é em relação aos próprios pacientes com resultado positivo e os seus familiares, essas pessoas não estão cumprindo o isolamento. Martha: Um dos maiores problemas é esse? Mayra Choaib: É esse, não são os contactantes, pelo contrário, os contactantes tem as vezes mais preocupação do que a própria pessoa que está positiva ou os familiares, a gente está tendo muita dificuldade de fazer eles cumprirem o isolamento depois que o exame positiva. Martha: E como é que tem sido isso? Como é que é essa conversa [00:15:00]? Como é que essa resistência deles? Como é que para vocês, trabalhando, conviver com isso? Mayra Choaib: É muito frustrante porque a gente já teve sete óbitos em Botucatu, e a gente monitora as famílias dos óbitos também, e principalmente as meninas que fazem o monitoramento, são famílias que elas já estavam acompanhando e aí tem a notícia do óbito e elas continuam tendo que ligar e chora o paciente no telefone. E aí eu vim vendo tudo isso, ao mesmo tempo eu tenho paciente que desliga o telefone na cara quando eu falo que o resultado é positivo. É muito difícil. Martha: E aí? Aí vocês... Mayra Choaib: Então a gente anseia por ter uma posição mais dura do governo, que a gente realmente possa ter sanções que possam ser aplicadas, porque até o momento a gente tem um decreto do ministério de que o paciente ele pode ser autuado, mas a gente não tem nada que realmente nos embase para a gente poder fazer isso. Então a gente está tendo problema nessa questão, assim, legal de como a gente realmente pode fazer sansões para essas pessoas. O que a gente mudou no serviço foi que no momento que o paciente vai fazer a coleta ele assina um Termo de Isolamento, e é um Termo de Isolamento de uma portaria do Ministério da Saúde e que ele faz um termo de declaração de que o paciente está ciente de que ele foi orientado a fazer o isolamento, podendo sofrer as sanções penais, ele fala do decreto da questão de saúde pública e de você desacatar uma ordem de um funcionário público. E que aí ele tem que discriminar as pessoas que residem com ele, que são os contactantes do domicilio, que a gente tem que ter o conhecimento para também fazer o isolamento caso o exame positive. Então, assim, tem pacientes que não colocam os familiares porque não quer que o pai, que o irmão, que o marido ou a esposa pare de trabalhar, então eles não discriminam. Ou mesmo assinando, quando euligo, a passagem do resultado é por telefone, então eu ligo, checo as informações e passo, e aí tem a dificuldade de eu confirmar que o paciente está em casa. Então as vezes eu tenho que mandar a equipe na casa, falar assim: "Checa se a pessoa está em casa". Já teve vez que a equipe chegou e o paciente estava chegando junto. Então, assim, a gente tem que fazer um flagrante, o que é muito difícil você fazer um flagrante, a gente não tem uma multa que a gente possa aplicar, então a gente tem que depender da colaboração e que as pessoas entendam a importância do serviço que a gente está fazendo. Mas a gente teve algumas dificuldades assim, de a equipe ter que ir no domicilio várias vezes porque a gente recebe denúncia, "Olha, eu estou sabendo que tal paciente positivo está andando aqui na minha rua". Martha: Recebe denúncia também? Mayra Choaib: Recebe também. Então a nossa maior dificuldade tem sido essa assim, as vezes de conseguir... porque no momento que a gente tem um resultado positivo na mão assim é sabido que a pessoa está transmitindo, então, assim, é uma angústia de você falar: "Bom, como eu vou convencer essa pessoa...". Martha: Exato. Mayra Choaib: "...Que ela vai ficar em casa? E como que eu vou garantir que ela está em casa? Como que eu vou ter esse controle?". Então a gente tem discutido, a parte do jurídico da prefeitura tem também buscado com o ministério, com a secretaria para ver o que pode ser feito, porque até na nossa Constituição não tem nada concreto em relação a uma pandemia, a um isolamento obrigatório. Então é algo que ainda... Martha: E vocês conseguem... É possível afirmar que há um perfil de pessoas que têm essa postura de negacionaista? Mayra Choaib: Não. Martha: Assim: "É porquê..." tem um perfil político, ou um perfil religioso ou um perfil... enfim, ou não? Mayra Choaib: Olha, que eu tenha notado, assim, similaridades entre os casos não. Eu tenho pacientes instruídos, com boa condição, que foram muito resistentes, e eu tenho famílias muito simples que a resistência foi: "Se eu não trabalhar eu não vou ter o que comer". Então, assim, a gente também aciona a assistência social para levar cesta básica, tudo. Então a gente tem esses N cenários, pessoas que não querem fazer o isolamento porque não acreditam, não acreditam que o exame é positivo, não acreditam na necessidade, questionam que tomando uma medicação vai resolver, a gente tem as pessoas que não querem... principalmente o contactante do domicílio, não quer fazer o isolamento porque não é ele que está positivo. Martha: Ok. Mayra Choaib: Então por que é que ele não vai trabalhar? Então por não entender talvez como as coisas se dão, [00:20:00] mesmo que a gente explique. E tem a questão social, que também é um peso muito grande, é muito difícil, já teve no monitoramento, de a gente ligar, perguntar como o paciente está, ele falar: "Não, eu estou bem, mas eu estou com fome". Então, assim, a gente tem todas essas questões que dificultam isso, mas eu não tive, assim, um padrão, assim, foi bem diversificado as resistências assim que a gente encontrou. Até a questão social é mais fácil de a gente sanar e resolver do que uma questão de a pessoa acreditar e ter consciência ou não, porque a gente consegue acionar serviços que podem dar um suporte para a gente conseguir auxiliar nesse tempo de isolamento, mas quando uma pessoa não acredita no serviço, quando a pessoa não acredita no que a gente está falando vira uma (inint) [00:20:49] de convencimento. Martha: Sim. Mayra Choaib: Então é bem complicado. Martha: E você acha que, assim, lá no seu trabalho como médica, você acha que se o Governo Federal, por exemplo, apoiasse o isolamento, uma maneira... Mayra Choaib: Com certeza. Martha: ...Séria, isso facilitaria? Podemos dizer... Mayra Choaib: Sim. Martha: ...Que é uma influência lá do Governo Federal aqui, pontualmente aqui na nossa cidade aqui? Mayra Choaib: Com certeza, com certeza. De ter questionamentos, de as pessoas realmente questionarem assim, de que não acreditam e que a gente não está fazendo o que poderia fazer, que se a gente entrasse com uma medicação profilática para todo mundo não precisaria nada disso. Então as pessoas questionam muito e as vezes não fazem o isolamento com essa justificativa de que... eu já ouvi assim: "Eu me submeto só ao Governo Federal". Martha: É, porque eu ia falar, porque a gente tem o governo do estado e o governo municipal que o... não sei... Qual é a sua opinião sobre o trabalho do governo do estado e do governo municipal? Mayra Choaib: Eu estou, assim, orgulhosíssima. Nossa, eu acho que Botucatu está me dando assim orgulho mesmo de ver o que está sendo feito. Eu acho que o governo do estado tem feito o melhor que poderia, acho que está sempre podendo fazer mais, mas dentro de todo o cenário que está acontecendo eu acho que a gente não está tão desamparado assim. Mas eu digo, assim, que eu fiquei muito... assim, entrar no serviço foi uma oportunidade, mas eu fiquei muito feliz de ver a mobilização das equipes, a secretaria, até de recurso assim, de que esse é o foco, de que a gente precisa focar nisso, de que a gente testando, a gente isolando a gente vai poder controlar a epidemia na nossa cidade. Então eles são bem alienados nessa postura, mas aí a gente tem uns entraves de como vamos instituir isso de uma forma concreta com toda a resistência da parte econômica, dos comerciantes. É muito frustrante você sair do trabalho e ver a cidade movimentada como se nada tivesse acontecendo. Martha: Tivesse acontecendo, sim. Mayra Choaib: E já teve vez que eu liguei para paciente para falar que o resultado era positivo e ele estava no supermercado, tipo: "Espera aí que eu estou terminando de passar a minha compra", "Está bom", e aí você está com o termo assinado dele e você fica: "O que é que eu vou fazer?". Sabe? Então... Martha: Porque você não tem nenhuma medida de coerção real, não é? Mayra Choaib: Sim, sim, exatamente. Mais assim, o que eu mais percebo, que na repetição, ir falando, ir explicando e as vezes a gente consegue convencer um familiar na casa, que faz aquele assim: "Não, calma. Vamos fazer o que está certo". Então é um trabalho de formiguinha mesmo assim, tipo ir um por um. As meninas do monitoramento também, toda vez que elas ligam, as vezes tem ligação que dura meia hora, 40 minutas, porque você tem que falar com o tio, e você vai vendo N realidades. Então a gente tem realidade que tem 14 pessoas que moram na mesma casa, e aí você tem um positivo, você tem que isolar 13. Martha: Sim. Mayra Choaib: E aí como você convence 13 pessoas? Então, assim, todas as ligações, todos os dias. E é engraçado que até as meninas do monitoramento elas criam vínculos, tipo: "E a Dona Maria como que está?", porque você já conhece o nome dos familiares, já sabe quem que é quem, casado com quem, você já tem até a visão da arvore genealógica da família na cabeça. Martha: Da família. Mayra Choaib: Então, assim, é um trabalho que... por isso que eu achei que seria muito legal que você conversasse com cada uma das pessoas dos três grupos, porque eles vão ter experiências completamente diferentes da minha, eu tenho uma visão meio que externa assim, eu fico vendo um pouquinho de tudo, mas eles que... Martha: Só para a gente ter gravado aqui, me fala bem detalhadamente [00:25:00] quais são os três grupos e a função de cada um, só para ficar aqui registrado. Mayra Choaib: A gente tem a Central de Atendimento Telefônico que ela funciona de segunda a segunda das sete as sete, e aí ela que registra as ligações de todas as pessoas que ligam e as atendentes discutem o caso com o médico, de qual vai ser a conduta tomada, vai marcar exame, vai marcar exame no domicílio, vai ser na unidade, não precisa nesse momento, vai se orientar, então todo atendimentoé discutido com o médico. E aí a gente tem a Central de Monitoramento, que são as meninas que vão fazer o monitoramento tanto dos pacientes que entram pela central e tem critérios que a gente acompanha a evolução, quantos dos casos positivos dos familiares, dos familiares dos pacientes internados, dos familiares dos óbitos, elas fazem todo esse monitoramento. E a gente tem a equipe domiciliar, que são cinco equipes agora que vão em domicílio para avaliar o paciente, se tem uma necessidade, no caso piore, ou para fazer a coleta em domicilio. Martha: E você trabalha na... Mayra Choaib: Eu trabalho hoje mais na supervisão do monitoramento, então eu fico mais discutindo em relação as famílias, aos sintomas das pessoas que testaram positivo. A gente tem o Doutor Paulo que fica na parte mais da regulação das fichas da central, então ele fica em contato mais direto com as pessoas da central telefônica. E a gente tem a enfermeira Elisangela que coordena as equipes domiciliares. Martha: Legal. Mayra Choaib: E eu que regulo as equipes domiciliares também, então eu regulo qual equipe vai, não qual, mas qual a visita tem que ser feita no dia, ou se é para coleta, se é só para avaliação, se é para os dois, se é para um flagrante, a gente tem vários atendimentos. Martha: É uma emoção imagino eu assim. Mayra Choaib: É uma emoção, cada dia é um dia diferente. Martha: Então, assim, só para eu imaginar um caso. Eu ligo lá e falo: "Estou ligando para vocês porque eu estou com febre, estou com dificuldade de respirar", daí vão pedir meus dados perguntar, fazer (inint) [00:27:11], e aí depois vão me retornar falando: "Faça isso, faça aquilo", porque daí vocês já avaliaram. Mayra Choaib: Não, na própria ligação a atendente ela muta o telefone, e o Doutor Paulo ele fica sentado ali atrás delas, das atendentes. Martha: Já é na hora para não perder. Mayra Choaib: Na hora. Aí o Doutor Paulo discute "Olha, ela está com dificuldade para respirar? Ela está cansada? Porque se ela estiver ela precisa de avaliação médica no momento", "Ela consegue ir no pronto-socorro?", "Consegue", então encaminha ela para o pronto-socorro para avaliação. Ou não, ela é uma senhora que mora sozinha, vamos enviar a equipe domiciliar para avaliar ela em domicílio. Martha: Entendi. Mayra Choaib: E aí seria uma conduta. Se, por exemplo: "Eu estou com tosse, coriza e tive febre, mas, assim, estou bem, sintomas leves", essa pessoa a gente fala: "A gente vai agendar o seu exame, aguarde em domicilio", e a gente coloca esse pedido de exame no sistema, aí o (inint) [00:28:05], que é um setor da secretaria, agenda, vai ver qual que é a região do paciente, qual que é a unidade de colega mais próxima e aí liga para o paciente, "Você tem um exame para fazer, agendado no dia 20 às 08:30 na COHAB quatro". E aí o paciente vai na COHAB quatro no dia e na hora marcada, faz a coleta do exame, aí ele recebe um atestado, normalmente a gente dá de cinco dias, que é o tempo para a gente conseguir processar e dar o resultado para o paciente, e aí ele assina o Termo de Isolamento e ele vai para casa. Martha: Que teoricamente ele ficaria esses dias em casa. Mayra Choaib: Isso, isso. Aí quando a gente recebe o resultado, se o resultado é negativo a gente pergunta como o paciente está e aí a gente fala: "Bom, se o exame é negativo a gente pode retornar para o seu trabalho", agora se o paciente tem algum sintoma a gente ainda mantêm ele em isolamento porque qualquer sintomático respiratório, a gente não quer que nenhuma gripe também comum fique se transmitindo para não confundir diagnóstico. Então se o paciente está muito sintomático a gente mantêm ele em isolamento até os sintomas melhorarem e ele poder retornar para a atividade. Martha: Entendi. Mayra Choaib: O paciente que já melhorou, está esperando o resultado, está negativo, ele volta. Se ele é positivo, eu dou o resultado, no mesmo dia ele ganha uma visita em domicílio que vai reforçar as orientações do isolamento, vai avaliar os contactantes do domicilio, vai entregar um atestado de 14 dias com um CID de Coronavírus e vai fazer ele assinar o Termo de Isolamento, e aí ele começa a ser monitorado pela nossa central. Martha: Diariamente? Mayra Choaib: Na verdade a cada 48 horas, um dia sim e um dia não. Martha: Aí eles ligam para saber como é que você está, como é que você não está e tal? Mayra Choaib: Sim, exato. A gente tem um prontuário em que elas vão anotando horário da ligação, o que o paciente relatou, se ela sente que o paciente se refere [00:30:00] uma piora , aí eu estou sentada com as meninas do monitoramento, elas falam: "Olha, doutora, o paciente tal, tal, referiu que voltou a ter febre, está com um pouco de falta de ar", aí eu posso mandar a equipe na casa para avaliar ele e a gente vai discutindo o paciente até terminar os 14 dias, cada família, a gente fala que é casa, vamos discutir a casa até completar os 14 dias e a gente vai acompanhando caso a caso. E aí quando termina os 14 dias, se o paciente tem as 72 horas sem sintomas a gente fala que ele pode retornar mantendo todas as precauções do isolamento e aí meio que a gente dá alta no paciente da nossa equipe e vamos continuando acompanhando os outros casos. Martha: Aquele dia, a primeira vez que a gente conversou você falou assim, que apesar de ser um desafio e ter todas essas dificuldades, que você estava achando muito interessante. O que é que está sendo mais interessante para você nesse trabalho assim? Mayra Choaib: Eu acho que ver um serviço funcionar assim, eu acho que é muito diferente a gente ter um contato, a telemedicina, conversar com o paciente é uma coisa, uma experiência que eu nunca tinha tido, de meio que tirar atendimento por telefone, e você poder assistir um paciente meio que a distância e ter vários braços que você pode deslocar para você ter a informação que você precisa. Já teve vez que eu falei: "Bom, não, eu já vou enviar o SAMU. O paciente, pela avaliação, pela evolução, eu acredito que ele vai precisar realmente ir para o pronto-socorro". Já teve paciente que eu enviei a equipe e a equipe chegou: "Nossa, a (inint) [00:31:48] do paciente estava muito baixa, a gente encaminhou para a UNESP e internou". Então, assim, é meio como se eu tivesse braços e que eu pudesse acionar assim. Então é muito diferente eu poder assistir e, assim, é poder assistir muitos pacientes ao mesmo a distância, então isso para mim está sendo um desafio e um aprendizado diário assim, cada história, cada paciente é um aprendizado, e é muito legal assim poder fazer um serviço assim diferente, de ter essa possibilidade. Para mim está sendo uma experiência muito única. Martha: Que bom. Bom, aqui tem uma pergunta que fala: Qual é a maior dificuldade até o momento, até hoje que vocês enfrentaram? É essa que você já falou ou tem mais alguma coisa? Isso dessa descrença, de não ter nada que segure. Mayra Choaib: Eu acho que é essa. Eu acho que é essa até porque a gente, quando começa a monitorar um paciente, a gente monitora por duas semanas, então ali são pelo menos umas sete, oito, dez, porque se o paciente ele fala que ele está pior a gente vai ligar no dia seguinte, a gente não vai pular o dia. Então, assim, é 48 horas se o paciente está bem, então, às vezes, a gente faz 10, 20 ligações para o mesmo paciente, você cria um vínculo e aí é muito difícil quando você tem um desfecho, aquele paciente que vai a óbito ou de um familiar do paciente, então é um desafio lidar com esse luto, porque aí eu não posso realmente assistir a família da forma que eu poderia, você tem que confortar pelo telefone também. Então isso é um desafio e isso é bem difícil. E aí ao mesmo tempo na ligação seguinte você ouve toda aquela descrença, então acaba sendo uma questão machuca, você sentir uma dor de uma família queestá em luto, que acabou de perder uma pessoa que ama tanto e logo depois está falando com uma pessoa que está com o exame positivo e está indo trabalhar e não está nem aí com a situação. Então acaba sendo um sentimento de dor e frustração, eu acho soma um pouco dos dois. Martha: E vocês estão ali recebendo tudo e de repente é uma ligação depois da outra, não é, não dá tempo nem de digerir... Mayra Choaib: Não. Martha: ...A assistência de luto de um, tem que lidar com a frustação do outro que não está acreditando no que vocês... não é? Mayra Choaib: Exatamente. Martha: No que acabou de acontecer. Mayra Choaib: Sim. Martha: Nossa, que interessante. Muito legal. Espero que a gente possa conversar mais sobre o trabalho e que ele continue sendo promissor. Mayra Choaib: Sim. Eu ia falar, até se um dia você tiver interesse e quiser conhecer como é lá, eu acho que são (inint) [00:34:18]... Martha: Então, onde é? Onde vocês estão? Mayra Choaib: Nós temos dois pontos. A central e o monitoramento a gente fica na Secretaria de Saúde ali na Major, são duas salas, e a equipe domiciliar ela fica sediada no Sorocabano, ali atrás do PSI. Então são esses dois locais. Assim, se um dia você quiser passar lá para ver como que é a central, como a gente fica e passar lá na equipe domiciliar. Lá, na verdade, é um ponto de coleta e também onde a equipe domiciliar fica. Passa lá e vê como que é um ponto de coleta e tudo, eu acho que a equipe ia ficar muito feliz de te receber. Martha: Com certeza. Mayra Choaib: A gente ia adorar. Porque eu comentei com eles e o pessoal: "Meu Deus, vai ser muito legal [00:35:00]. Vamos ser reconhecidos", porque, assim, as pessoas não sabem, assim, como é o serviço, as pessoas acham as vezes que só eu fico lá atendendo e desligando telefone, não entendem assim tudo que está acontecendo. Então isso é muito legal, poder contar como que está sendo montado tudo isso. Martha: E a gente pode dizer que esse foi um projeto... dá para dizer que foi um projeto do HC com a prefeitura? Porque tem pessoas que são do Hospital das Clínicas e tem funcionários da prefeitura, assistente social da prefeitura. São essas duas grandes estruturas juntas ou tem mais? Mayra Choaib: Olha, vou te falar que não sei. Eu acho, assim, muita secretaria, que aí seria a Pirangi, que é a terceirizada, que são as pessoas contratadas e também trabalham nas Unidades Básicas, muitas pessoas foram realocadas (inint) [00:35:54]. Martha: Das Unidades Básicas? Mayra Choaib: Isso, são agentes da... as meninas do monitoramento que ficam comigo são agentes comunitárias que foram realocadas de unidade. E aí o HC ele entra como o nosso hospital de referência e o processamento dos exames. Eu acho que o grande ponto ali de elo que a gente conseguiu fazer da equipe com o HC foi quando a gente começou a fazer as coletas. Martha: Legal. Mayra Choaib: Porque aí a gente consegue, além de eles, ter a possibilidade de a gente identificar um... teve paciente lá que a gente coletou na comunidade, estava bem, e aí quando ele foi, ele foi evoluindo para uma piora e a gente pôde acionar a UNESP falando: "Olha, o paciente está positivo e teve essa piora". Então, assim, o fluxo desse atendimento do paciente eu acho que beira o ideal assim. Martha: Claro. Mayra Choaib: De você conseguir identificar precocemente e dar uma assistência precoce. Então quando conseguiu fazer esse... que a Rejane conseguiu autorizar o Hemocentro de processar o exame, eu acho que aí as coisas se amarraram e fez esse elo bem forte entre os dois serviços, porque a gente depende completamente, é o nosso hospital de referência, e para eles a gente conseguiu identificar na comunidade também é o que auxilia eles. Martha: Claro. Mais você e o outro médico vocês trabalham no HC ou não? Isso eu não entendi. Mayra Choaib: Não, não, o Doutor Paulo é um médico de unidade de saúde e eu fui contratada pela prefeitura. Martha: Legal. Mayra Choaib: Eu não trabalhava no HC. Martha: Então o elo mesmo é conseguir agora coordenar esse fluxo e ele foi, vamos dizer assim, o casamento foi na hora dos testes, aí oficializou-se vamos dizer assim? Mayra Choaib: Sim, aí oficializou, exatamente. Porque, assim, no começo a gente teve várias reuniões com a Letícia, com o Doutor Alexandre sobre... eles dando orientação para a gente repassar para as equipes, multiplicar de que como que era a doença, o que a gente precisava fazer, como era o isolamento. Então, assim, toda a instrução, todo o embasamento veio do HC. Martha: Entendi. Mayra Choaib: E aí quando a gente conseguiu, a prefeitura adquiriu os kits e a Rejane conseguiu autorização, eu fui lá na UNESP para acompanhar lá o ambulatório para a coleta, eles me fizeram a capacitação para eu poder multiplicar isso nas unidades. Então eu acho que todo esse embasamento, assim, veio da UNESP e aí casou o serviço e então eu acho que agora... e o fluxo a gente espera que a gente consiga cada vez mais fazer isso. Martha: Claro. Mayra Choaib: Identificar precocemente e poder assistir precocemente. Martha: Que legal. Nossa, muito legal. Agora uma coisa que é a angústia de todos e deve ser a de vocês também, por isso que eu tenho que perguntar. Esse serviço não tem data para terminar, não é? Como é que vocês trabalham essa coisa do ninguém tem um horizonte? Porque a pandemia implica isso. Mayra Choaib: Então, eu... esse ano, eu tenho três anos de formada, estava trabalhando em plantão, eu decidi que eu ia estudar para prestar a minha prova de residência, eu falei: "Esse ano vou prestar" e aí comecei a trabalhar, e aí a gente criou um lema que é: contando os dias sem saber quantos dias faltam. Martha: É um bom lema. Mayra Choaib: Acho que é o que a gente sente assim, e a gente está vendo que, na verdade, cada vez a gente vai ter que contar mais dias, porque a gente está entendendo a proporção, uma coisa que a gente achava que ia ser para agosto, para setembro, a gente já acha que já vai ser o ano inteiro. Então, assim, a gente não sabe quando vai acabar, mas a nossa... o que a gente tem vivenciado é que não vai acabar tão cedo o quanto a gente achava na verdade, a gente acha que o negócio vai se estender. Então é mais ou menos isso, contando os dias sem saber quantos faltam e a cada dia um novo desafio e, sei lá, acho que enquanto o serviço for necessário a equipe vai estar lá assim, eu acho que eles... e também o que o Secretário de Saúde fala é de ver [00:40:00] o que funcionou muito, que foi muito bom, e até de pensar de manter o serviço. Então eles pensam até de talvez, depois que passar a pandemia, de como esse serviço poderia ser transformado para continuar prestando uma assistência à cidade. Martha: De saúde a comunidade. Que legal. Mayra Choaib: Isso, isso. Martha: Que legal. Bom, está ótimo. Nossa, obrigada. Mayra Choaib: Imagina. Martha: Gostei muito de falar com você. Mayra Choaib: O prazer foi meu. Martha: E faz uma coisa então, me manda uma mensagem com os contados para eu fazer isso com as outras pessoas. Mayra Choaib: Mando. Martha: Você conseguiu falar com eles, identificar quem que gostaria de falar? Mayra Choaib: Sim, a Elisangela, que é do (inint) [00:40:40] porque, além de ela coordenar, ela vai nas visitas, ela também faz as coletas, então ela amou e ela já topo. A equipe do monitoramento, que são três meninas, elas vão decidir quem é porque as três querem, aí eu falei: "Bom, vocês escolhem entre vocês e aí eu vou passar o seu contato". A da central, como são duas equipes, uma de manhã e uma da tarde, eu acabei ainda não conversando qual seria a pessoa que gostaria de participar, mas aí já te passo. Eu já tenho o contato da Elisangela, mas amanhã eu te passo mais o do monitoramento e o da central. Martha: Está bom, mas, assim, se as três quiserem falar eu tambémposso falar com as três, não tem problema, porque cada um... Mayra Choaib: Então perfeito. Martha: Fala para elas, para elas não terem que escolher. Mayra Choaib: Não, está bom então, porque eu falei assim: "Bom, eu não quero também ficar ocupando muito seu tempo". Martha: Não, não. Mayra Choaib: Mas eu acho que elas vão adorar, elas vão adorar. Martha: Não, fala que pode ser para as três, assim, até poderia ser as três juntas, mas acho que é mais legal ter uma para cada uma ter o seu momento de protagonismo, acho que é importante isso. Mayra Choaib: Sim. E que cada uma também teve uma experiência, como é uma família elas vão ter vivências ali muito diferentes para poder relatar. Martha: Diferentes, isso. Então está bom. Mayra Choaib: Não, legal, então eu te passo os contatos. Martha: Então me passa os nomes e os contatos, eu fico aguardando, aí eu ligo para eles, que já estão sabendo, e já agendo. E a gente vai conversando também, daqui um tempo acho que era legal a gente conversar de novo. Mayra Choaib: Sim, sim. Martha: E eu vou pensar aí nessa questão de ir lá visitar um dia, para ir in loco. Mayra Choaib: Seria um prazer. Martha: Para a gente... vamos fazer isso, que eu acho que é muito importante dar visibilidade. Mayra Choaib: Não, vai ser legar. Sim, sim, vai ser um prazer. Perfeito então. Combinado. Martha: Então está bom, Mayra. Muito obrigada, viu? Mayra Choaib: Eu que agradeço (inint) [00:42:16]. Martha: Um beijo. Boa noite. Tchau, tchau. Mayra Choaib: Beijo. Boa noite. Tchau, tchau. Transcrição realizada pela Audiotext Serviços e Cia. LTDA, em Fevereiro de 2021.
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