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Desafios na relação China-América Latina

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1 
 
CHINA E AMÉRICA LATINA: DESAFIOS EM MEIO AO DESENVOLVIMENTO. 
 Allana Ceará1. 
 
 
 
RESUMO 
Com a entrada da China em 2001 na Organização Mundial do Comércio (OMC) em termos 
comerciais o país acelerou sua ascensão na ordem internacional tornando-se um dos 
principais jogadores globais e alcançando o patamar de segunda maior economia do mundo. 
Por se tratar de um país em desenvolvimento que precisa de recursos que lhe falta e não 
produz, a América Latina foi um mercado encontrado para satisfazer tais objetivos, 
contudo também se trata de uma região em desenvolvimento e vigia dos Estados Unidos. O 
objetivo deste artigo é debater alguns pontos de desafio ao relacionamento China – 
América Latina em meio ao capitalismo global. 
 
Palavras- Chave: Desenvolvimento; China; América Latina. 
 
 
ABSTRACT 
 
With China's entry into the World Trade Organization (WTO) in 2001 in trade terms the 
country has accelerated its rise in international order by becoming one of the leading global 
players and reaching the second-largest economy in the world. For this reason, a 
developing country that needs resources that lack and does not produce, a Latin America. 
The objective of this article is to discuss some points of challenge to the China - Latin 
America relationship in the midst of global capitalism. 
Keywords: Development; China; Latin America. 
 
 
 
1
 Mestranda em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista 
“Júlio de Mesquita Filho” – UNESP. 
2 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Tão importante quanto crescer é se desenvolver. Divididos em níveis de 
desenvolvimento os países a seu modo lutam para sobreviver à dura e impiedosa atuação 
do capitalismo global. E como não poderia ser diferente, China e América Latina fazem 
parte desta realidade sistêmica, envolvidos por um relacionamento crescente, que apesar 
das crises econômicas persiste e que lida com problemas estruturais, principalmente por 
parte dos países latino-americanos. 
Nos últimos anos, principalmente após sua entrada em 2001 na Organização 
Mundial do Comércio (OMC) a China tornou-se peça fundamental nas relações 
internacionais, o país mais populoso do mundo, com um sistema de governo adverso da 
maioria dos países ocidentais ganhou capacidade de mudar cenários e liderar parte da 
economia mundial. E para tal, para se desenvolver um fator determinante: recursos. Sem 
isso, não há país que se desenvolva, claro, há outros determinantes, mas a base começa por 
ai, e no caso da China onde seria um bom lugar para conseguir o que lhe falta e não 
produz?. 
A América Latina se tornou um mercado promissor para o mercado chinês, tanto 
que se tornou o principal parceiro comercial e o principal investidor externo da grande 
maioria dos países latino-americanos, fato é que o inverso também foi visto, a priori, com 
bons olhos pelas economias latino-americanas, uma vez que significou diversificar seu 
mercado, beneficiar sua balança comercial e uma alternativa de saída para a dependência 
única e exclusiva ao mercado norte-americano. 
Entretanto, nem todos veem essa relação com bons olhos, já que se acredita que 
junto aos benefícios vem o ônus como perda de competitividade do mercado latino-
americano, invasão dos produtos chineses, a previsão de que em curto espaço de tempo a 
demanda da China por recursos primários diminuirá, o que afetará diretamente as 
economias latino-americanas ligado ao problema de estrutura importação/exportação e 
principalmente ao que aqui se produz. 
Em meio a este cenário, ambos precisam se desenvolver e construir um 
relacionamento sustentável sem que o sistema ganha-perde se torne um imperativo neste 
relacionamento. E é justamente este ponto que o trabalho aborda os desafios que é se 
desenvolver em meio a uma relação proveitosa e ao mesmo tempo desigual. 
3 
 
2. China e América Latina: desafios. 
 
Alguns pontos importantes surgiram após o fim da Segunda Guerra Mundial, no 
qual inicialmente a ordem internacional restou dominada pela bipolaridade EUA X URSS, 
período em que emergiram importantes instituições políticas e financeiras como as Nações 
Unidas, GATT (que posteriormente daria origem a Organização Mundial do Comércio – 
OMC), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Internacional para Reconstrução e 
Desenvolvimento (BIRD), que até a presente data ditam as diretrizes internacionais em tais 
áreas. 
Ocorre que, com o advento da multipolaridade em que ficou incontestável o 
predomínio militar norte-americano, ao mesmo tempo em que surgiram demais economias 
com poder de decisão internacional, novos campos de atuação tanto política como 
econômico deram novo fôlego aos países nas relações internacionais. O jogo de poder 
continua nas mãos das mesmas potências vencedoras da guerra, este cenário pouco mudou, 
todavia uma nova dinâmica econômica surgiu com as modificações no cenário comercial, 
devido principalmente a crises econômicas e desafios políticos, com destaque a ascensão 
da China. 
Diversificar parcerias foi a grande oportunidade para boa parte dos países, todavia 
há certos certames históricos que são mais difíceis de superar em pouco espaço de tempo e 
que interferem no desenvolvimento dos países, tendo em consideração que o processo de 
desenvolvimento econômico de cada país no sistema internacional foi marcado pelo 
contexto histórico, fatos e atos foram responsáveis por estabelecer um período maior e/ou 
menor de dependência externa (há àqueles que ainda lá estão), parâmetros 
macroeconômicos, e demais índices econômicos. 
 
O desenvolvimento econômico é assim um fenômeno histórico, de um lado 
relacionado com o surgimento das nações e a formação dos estados nacionais ou 
estados nação, e, de outro, com a acumulação de capital e a incorporação de 
progresso técnico ao trabalho e ao próprio capital, que ocorrem sob a 
coordenação das instituições e principalmente de mercados relativamente 
competitivos. O desenvolvimento é, portanto, um fenômeno relacionado com o 
surgimento das duas instituições fundamentais do novo sistema capitalista: o 
estado e os mercados. (BRESSER-PEREIRA, 2006, p.05). 
 
Um exemplo desta influência histórica está nos países da América Latina, região 
que por um bom período ficou sob o pacto colonial, passou a economias exportadoras 
4 
 
capitalistas e posteriormente segundo afirma Mello (2009) a região teve uma 
industrialização capitalista retardatária, justamente pela falta de forças produtivas na 
América Latina, e aponta o Brasil como exemplo do desdobramento do capital iniciado 
com o capital cafeeiro. 
Atualmente a conjuntura internacional é diversa do período anterior apontado, 
todavia quando se trata da relação da pauta comercial importação e exportação o tempo 
parece que não passou para os países latino-americanos, alguns problemas estruturais 
persistem e interferem diretamente nas demais áreas da sociedade, visto que antes do poder 
político vêm os interesses econômicos. 
 
 
No estudo da evolução a longo prazo das economias latino-americanas, nenhum 
aspecto chama tanto a atenção quanto a imutabilidade do quadro das exportações 
regionais. Se se deixam de lado uns poucos casos particulares, observa-se que, 
não obstante as transformações consideráveis ocorridas nas estruturas produtivas 
de vários países, por toda parte a capacidade para importar continua na 
dependência das exportações de uns poucos produtos primários que já se 
exportavam antes de 1929. (FURTADO, 2007, p. 325). 
 
 
 
Aliás, esse é um grande desafio das economias latino-americanas, modificar sua 
estrutura industrial. Há muita crítica e receio em meio a esse fator, investidores e 
empresários por vezes assumem uma postura de protecionismo,o que fora da medida é 
totalmente desvantajoso, tendo em vista que fechar mercados e colocar restrições 
comerciais nunca é a melhor solução, não há que se falar em progresso de 
desenvolvimento sem o outro, há sim que fortalecer sua economia internamente, todavia 
sem uma postura que separe e desagregue, haja em vista o posicionamento de Celso 
Furtado para tal problemática entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. 
 
 
Modificação significativa e irreversível nas relações econômicas internacionais – 
capaz de tornar mais equitativa a distribuição dos frutos do progresso 
tecnológico entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos e de criar condições 
para um mais rápido crescimento econômico destes – somente será conseguida 
mediante esforço prolongado e numa multiplicidade de frentes. As medidas que 
vêm sendo propostas com mais frequência na América Latina dizem respeito às 
seguintes frentes: a) comércio internacional de produtos de base; b) comércio 
internacional de manufaturas; c) fluxos financeiros; d) transportes internacionais 
e e) relações econômicas entre países subdesenvolvidos. (FURTADO, 2007, p. 
342). 
 
5 
 
Do outro lado do planeta encontra-se a segunda maior economia do mundo, a 
República Popular da China que mudou sua participação no sistema econômico 
internacional a partir de sua entrada em 2001 na Organização Mundial do Comércio 
(OMC), contudo outras tomadas de atitude foram fundamentais para que segundo o 
Shenkar (2005) afirme que o país é um jogador global com plenas capacidades de mudar 
cenários econômicos, políticos, tecnológicos e sociais, como por exemplo com suas 
reformas que impulsionaram seu crescimento econômico. 
Em 1978 China deu início ao processo de reformas em seu sistema econômico, uma 
vez que “tendo a economia planificada como base, passou a salientar o papel do mercado 
para a alocação de recursos e de atividades econômicas. Esta reforma do sistema 
econômico passou por três fases” (SHIXIU, 2003, p. 305), fases a saber: a primeira 1978 – 
1983 no qual o objetivo do governo estava no campo, segunda fase 1984 – 1991 que 
segundo Shixiu (2003) o foco do governo estava em reformar empresas estatais, separando 
das empresas de setores administrativos e por fim a terceira fase de 1992 aos dias atuais. 
 
 
O crescimento do país mais populoso do mundo, dirigido pelo Partido 
Comunista da China, foi intensificado pelas políticas de “Reforma e Abertura”, 
iniciadas em 1978, que souberam aproveitar os ventos da reestruturação 
produtiva mundial. [...] Vivia-se a época sob o slogan de Deng Xiaoping: “não 
importa a cor do gato, mas que ele pegue o rato”. [...] Para atingir esses objetivos, 
uma das táticas adotadas foi a atração de empresas multinacionais, com o intuito 
de atrair investimentos e tecnologia, para formar internamente um poderoso e 
diversificado parque industrial. Além disso, à medida que o país crescia a taxas 
médias de 9,5% a.a., entre 1978 e 2010, seu mercado de consumo se expandia, 
tornando-se atrativo para novos investimentos locais e estrangeiros. Como 
consequência, a China se transformou em um grande polo exportador e, 
simultaneamente, em um grande importador, tanto de tecnologia como de 
matérias-primas e alimentos. Somente entre 2000 e 2010, o volume das 
exportações chinesas cresceu 633%. A participação no comércio mundial subiu 
1,4%, em 1986, para 8,33%, em 2010, essa tendência continua em ascensão. 
(PIRES, 2014, p. 297). 
 
 
Assim sendo, inegável o papel de grande preponderância da China no mundo, e que 
só tenderá a crescer nos próximos anos, contudo China apesar de sua participação na 
arquitetura comercial global é um país em desenvolvimento, e todo país para se 
desenvolver precisa de recursos que foram no caso da China encontrados na América 
Latina, visto pelos chineses como um bom lugar para alcançar tais objetivos, tendo se 
tornado o principal parceiro comercial e o principal investidor externo de inúmeros países 
latino-americanos. 
6 
 
O relacionamento China – América Latina é tão intrínseco que segundo Pires e 
Paulino (2014) o desempenho econômico da China tornou-se um condicionante importante 
para o desempenho macroeconômico dos países latino-americanos. 
 
 
China es la pieza clave en el proceso de diversificación de mercados para 
América Latina y el Caribe en la región de Asia y el Pacífico, pero el dinamismo 
de esta área no radica solo en China. Esta región se ha transformado en un socio 
comercial de gran importancia para América Latina y el Caribe, principalmente 
como mercado importador. En esa dinámica comercial, China desempeña un 
papel cada vez más relevante, tanto en las exportaciones como en las 
importaciones, y desplazó rápidamente al Japón como principal socio comercial 
en Asia y el Pacífico al inicio de la pasada década, a pesar de la leve 
recuperación del comercio nipón en los últimos años en el ámbito de las 
exportaciones. Además, los países de la Asociación de Naciones del Asia 
Sudoriental (ASEAN-6) han alcanzado un nivel similar al de la República de 
Corea —o incluso lo han superado— como fuente de importaciones para 
América Latina y el Caribe y destino de exportaciones de la región. (CEPAL, 
2012, p. 76). 
 
 
Entretanto, com a crise econômica de 2008 e a diminuição do crescimento chinês, 
este relacionamento enfrenta alguns desafios, o primeiro impacto está na balança comercial, 
os números não continuam os mesmos, ao contrário retraíram consideravelmente em 
relação a períodos anteriores, o que já era esperado, pois a ascensão da China “afetou de 
forma direta e indireta toda a estrutura produtiva das economias latino-americanas, seja 
pela elevada demanda por commodities agrícolas e minerais [...] seja pelo deslocamento 
das exportações industriais de alguns países da região, principalmente o México e o Brasil” 
(PAULINO, 2011, p. 387). Vejamos os dados abaixo: 
 
 
Dado el menor ritmo de crecimiento previsto para los próximos años tanto en 
China como en la región, el comercio bilateral no seguirá expandiéndose a tasas 
tan elevadas como las observadas en la última década y media. Entre 2000 y 
2013, el valor del comercio de bienes entre América Latina y el Caribe y China 
se multiplicó por 22, creciendo a una tasa media anual del 27%. A modo de 
comparación, en igual período, el valor del comercio de la región con el mundo 
se multiplicó sólo por 3, creciendo a una tasa media anual del 9%. Sin embargo, 
durante el presente decenio se ha registrado una ralentización del comercio con 
China. Este se expandió solo al 5% anual entre 2011 y 2013, para caer un 2% en 
2014. Si el comercio bilateral se expandiera en los próximos años al mismo 
ritmo al que lo hizo en 2013 (un 6%), alcanzaría los 500.000 millones de dólares 
entre 2023 y 2024. Esta cifra fue planteada como un objetivo a alcanzar en 10 
años en el marco del Plan de Cooperación 2015-2019 acordado en enero de 2015 
entre la Comunidad de Estados de América Latina y el Caribe (CELAC) y China. 
(CEPAL, 2015, p. 38). 
7 
 
Portanto, fica latente que o desenvolvimento de ambos está interligado mesmo que 
a América Latina não esteja no topo da lista de prioridade da política externa chinesa, 
todavia a região a cada ano que passa se torna mais importante segundo apontam Pires e 
Paulino (2014) pelos seguintes motivos: 1) a região é um importante fornecedor de 
matérias-primas, alimentos e combustíveis, além de ser um grande receptor de 
investimentos diretos; 2) diante da estagnação das economias desenvolvidas, crise de 2008 
que afetaram de modo negativo as exportações chinesas, o mercado latino-americano 
adquiriu maior importância para a exportação de produtos manufaturados na China e 3) 
China está em processo de urbanização e a América Latina serve de referência uma vez 
que passou pelo mesmo processo nos últimos 50 anos, já que o governo chinês quer evitar 
o crescimento desordenado desuas grandes metrópoles tais como aconteceu na América 
Latina. 
Indícios de tal postura estão em alguns relacionamentos como com o Chile que foi 
o primeiro país da “América do Sul a reconhecer a República Popular da China como a 
legítima representante do povo chinês e em respaldar o princípio de “uma única China”, 
isto é, sua legitimidade para reclamar Taiwan como parte de seu território” (MATTA, 2011, 
p. 57), além de outras importantes ações que Matta (2011) trata como pioneiras uma vez 
que foi o primeiro país latino-americano a apoiar a China na OMC, primeiro em 
reconhecer China como economia de mercado e o primeiro do mundo a ter um tratado 
bilateral de livre comércio com Pequim; de forma geral o Chile vê com bons olhos um 
relacionamento com China já que “acredita na integração latino-americana, para além dos 
obstáculos que às vezes cruzam o seu caminho, e avalia possível um diálogo com a China 
nesse âmbito, no presente e no futuro” (MATTA, 2011, p. 70), ou seja, Chile não vê China 
como um empecilho ao projeto de integração dos países latino-americanos. 
Outro relacionamento de destaque encontra-se entre Brasil e China, um 
relacionamento construído desde séculos passados, contudo que apenas em 1993 obteve o 
status de parceria estratégica e mais recentemente China tornou-se o principal parceiro 
comercial do Brasil. 
 
O Brasil e a China – situados na extremidade ocidental, um, e outro, na 
extremidade oriental do globo – aparecem ambos como gigantes do mundo em 
desenvolvimento, com características que os singularizam perante os demais 
países. O primeiro, o Brasil, é a “megapotência energética e alimentar do 
mundo”; o segundo, a China, é simplesmente a “fábrica do mundo”. Desde o ano 
de 1993, com a dupla visita ao Brasil de Jiang Zemin e Zhu Rongji, que os dois 
países deram início a sua “parceria estratégica”, a qual já havia sido antecipada 
8 
 
quando das primeiras visitas de altas autoridades brasileiras e chinesas nos anos 
de 1984, 1985, 1988 e 1990. No século XXI esses laços foram reforçados com a 
visita dos Chefes de Estado brasileiro e chinês [...] e a consequente retomada do 
diálogo estratégico sino-brasileiro [...]. Entre as resoluções tomadas [...] 
encontra-se a da criação de um Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de 
Concertação e Cooperação (COSBAN), [...] destinada a promover no mais alto 
plano político-estratégico as políticas de desenvolvimento que, no plano 
econômico, comercial, financeiro, científico e técnico, acadêmico e cultural, 
aproximem e adensem a cooperação entre Brasil e China. (CABRAL, 2009, p. 
77). 
 
 
Veja não se quer com esses dois exemplos afirmar que não há problemas e 
divergências entre eles, muito pelo contrário, pelos motivos já explanados anteriormente o 
relacionamento China – América Latina está longe de ser ideal, entretanto os dois acima 
demonstram os esforços de ambos para firmar uma cooperação e desta forma conseguirem 
se desenvolver. 
Um detalhe que não pode ficar de fora desta análise diz respeito da influência dos 
Estados Unidos na região, uma vez que a presença chinesa não é vista tão bem assim pelos 
EUA, na verdade enquanto estiver o relacionamento dentro de uma esfera que não afete os 
interesses norte-americanos as coisas poderão ser mantidas como estão, todavia se os EUA 
acreditarem que a China está indo além do que deve em território que acredita – por todo 
um histórico – ser seu provável que ocorra rusga entre eles. 
 
A influência dos EUA se manifesta principalmente por meio da sua política, que 
não vê com bons olhos a proximidade entre China e América Latina, pois os 
EUA veem a China como uma ameaça à sua “segurança”. Uma ameaça cada vez 
maior, particularmente após a Guerra Fria, e também porque os norte-americanos 
sempre veem a América Latina como seu próprio quintal. (ZHIWEI, 2012, p. 88). 
 
 
Logo, um dos desafios em vista é sobreviver a todas as externalidades que 
corroboram para o aumento das barreiras a serem superadas rumo ao desenvolvimento, e, 
que principalmente se construa um relacionamento sustentável e mais diversificado. 
 
 
 
3. CONCLUSÃO. 
 
Deste o fim da Guerra Fria muitas áreas de influência política e econômica 
mudaram e contribuíram para a construção da arquitetura financeira global, em meio a este 
9 
 
cenário China e América Latina parecem distantes de concluir seus percalços por causa de 
uma realidade sistêmica que não é tão inclusiva como deveria ser nas relações 
internacionais, interesses econômicos postos à primeiro plano. 
Portanto, China e América Latina ainda tem um longo caminho a percorrerem com 
seu relacionamento em meio a todo o desenvolvimento que ainda está por vir, o que se 
pode concluir é que o maior desafio para América Latina dentre esses é modernizar seu 
parque industrial, bem como atrair investimentos chineses, dois condicionantes que fariam 
muita diferença na estrutura de seu desenvolvimento, já o da China é lidar com seu 
crescimento vertiginoso ou até mesmo com uma possível desaceleração, com produtos 
essenciais que não produz e principalmente tratando-se de América Latina evitar um 
embate direto com os Estados Unidos. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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2006. Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/papers/2006/06.7-
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CABRAL, Severino. As Relações Brasil-China e os Desafios do Século XXI. In: 
PAULINO, Luís Antonio; PIRES, Marcos Cordeiro. (Org.). Nós e a China. O impacto da 
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CEPAL. América Latina y el Caribe y China. Hacia una nueva era de cooperación 
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FURTADO, Celso. A economia latino-americana. Formação histórica e problemas 
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Marcos Cordeiro. As relações entre China e América Latina num contexto de crise. 
Estratégias, Intercâmbios e Potencialidades. São Paulo: LCTE Editora, 2011. 
10 
 
PAULINO, Luís Antonio. Presença Econômica e Comercial da China no Brasil. In: 
PAULINO, Luís Antonio; PIRES, Marcos Cordeiro. As relações entre China e América 
Latina num contexto de crise. Estratégias, Intercâmbios e Potencialidades. São Paulo, 
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