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NOTAS SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE BRASIL E RÚSSIA NA ERA PUTIN E 
PERSPECTIVAS PARA O GOVERNO DE JAIR BOLSONARO1 
Nayara de Oliveira Wiira2 
RESUMO 
Nos últimos meses do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, foi assinado entre 
Brasil e Rússia um acordo estabelecendo uma Parceria Estratégica, visando estimular uma 
relação bilateral mais ativa entre os países. Coincidindo com o início da chamada “era Putin”, 
a partir do início do século XXI é possível perceber uma aproximação, especialmente no 
âmbito multilateral, com uma atuação alinhada aparecendo na ONU e na OMC, no BRICS e 
no G20. Esse artigo procura pontuar alguns aspectos sobre a relação desenvolvida entre os 
dois países nos últimos 20 anos, realizando uma breve retomada histórica, e finalizando com 
algumas provocações para refletir sobre o futuro dessa relação. Para alcançar o objetivo de 
levantar uma discussão sobre o período, a metodologia utilizada foi um balanço da 
bibliografia selecionada, além da análise de pronunciamentos oficiais tanto do governo 
brasileiro como do governo russo. Para dar conta de apresentar perspectivas mais atuais, 
foram utilizados materiais jornalísticos produzidos a partir do segundo semestre de 2018. O 
artigo procura, assim, construir um quadro que dê conta de apresentar aspectos mais gerais 
dessa relação, apostando no papel fundamental que tanto Rússia como Brasil desempenha no 
cenário internacional. 
Palavras-chave: Política Externa. Rússia. Brasil. 
Notes about Brazil-Russia relations in Putin’s era. 
ABSTRACT 
In the last months of the government of Fernando Henrique Cardoso, in 2002, an agreement 
was signed between Brazil and Russia establishing a Strategic Partnership, aiming to 
stimulate a more active bilateral relationship between the countries. Coinciding with the 
beginning of the so-called "Putin era", from the beginning of the twenty-first century it is 
 
1 Artigo submetido para apresentação no XIX Fórum de Análise de Conjuntura: "Os novos rumos do Brasil e 
da América Latina", realizado na Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP, campus de Marília, nos dias 18 
e 19 de novembro de 2019. 
2 Mestranda em Ciências Sociais no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP 
– Marília), linha de pesquisa “Relações Internacionais e Desenvolvimento”. Graduada em Relações 
Internacionais pela mesma instituição. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. 
nayara.wiira@gmail.com 
possible to perceive an approximation, especially in the multilateral sphere, with an aligned 
role appearing in the UN and the WTO, in the BRICS and in the G20. This article seeks to 
highlight some aspects of the relationship developed between the two countries over the last 
20 years, making a brief historical recovery and ending with some provocations to reflect on 
the future of this relationship. To reach the objective of raising a discussion about the period, 
the methodology used was a balance of the selected bibliography, besides the analysis of 
official pronouncements of both the Brazilian government and the Russian government. 
Journalistic materials produced from the second half of 2018 were used to account for more 
current perspectives. The article seeks to construct a framework that presents more general 
aspects of this relationship, betting on the fundamental role that both Russia and Brazil plays 
on the international scene. 
Keywords: Foreign Policy. Russia. Brazil. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Após eleição realizada em 18 de março de 2018, o presidente da Federação Russa 
Vladimir Putin foi reeleito com 76,6% dos votos, consolidando uma trajetória de 19 anos no 
poder. Putin exerceu a presidência entre 2000 e 2008, além de ter sido presidente de governo 
(“primeiro-ministro”) em duas oportunidades, a primeira entre 1999 e 2000, nos últimos 
meses da gestão de Bóris Yeltsin, e a segunda entre 2008 e 2012, no mandato presidencial de 
Dmitri Medvedev. Tal jornada de Putin no poder representou, além de reestruturações 
internas, uma significativa mudança na condução da política externa russa, após as 
indefinições da década de 1990, quando a Rússia se encontrou em um período de disputa 
entre correntes que buscavam encontrar qual seria o seu papel na nova ordem mundial pós-
Guerra Fria. 
Existe um debate na literatura de orientação construtivista nas Relações Internacionais 
sobre a característica dual da identidade russa, que apresenta características de uma grande 
potência (um colossal potencial bélico e energético) e, ao mesmo tempo, de uma potência 
regional (estatísticas socioeconômicas de um país em desenvolvimento) - que ainda busca 
através de sua política externa equilibrar o descompasso entre o protagonismo russo na “alta 
política” (questões de segurança global) face à tímida representatividade na governança 
econômica global. De tal maneira, encontra-se na literatura produzida a constatação de que o 
governo russo prezaria por uma ordem multipolar, pois tal seria o ambiente em que o país 
conseguiria resguardar seus interesses e também garantir a eficácia das normas e instituições 
internacionais, através das quais pretende recuperar e concretizar seu papel de grande 
potência, Putin sustentando um projeto político que visaria catapultar a Rússia via 
modernização econômica de corte liberal. 
Assim apresentados brevemente alguns aspectos gerais da condução da política 
externa russa nos últimos anos, o trabalho aqui apresentado tem o objetivo de realizar um 
balanço das relações entre Brasil e Rússia durante o governo Putin, tendo em vista que ocorre 
uma aproximação entre os dois países, especialmente na esfera multilateral, coincidindo com 
o período em que o Partido dos Trabalhadores do Brasil esteve no poder (primeiramente com 
Luís Inácio Lula da Silva, e depois dois mandatos de Dilma Rousseff). 
Com o marco da visita de Fernando Henrique Cardoso a Moscou em 2002, inicia-se 
um período em que os países buscaram estabelecer e fortalecer uma parceria estratégica, que 
se desdobra em um mosaico de mecanismos que estruturam as relações bilaterais, e também 
em um alinhamento anti-hegemônico no âmbito multilateral. 
Não podemos deixar de mencionar a importância do BRICS, a consolidação da 
reunião das maiores potências emergentes do mundo. A partir de 2015, percebe-se o 
fortalecimento do bloco, com o objetivo de transformá-lo de fórum de diálogo e coordenação 
de políticas em um mecanismo pleno de coordenação estratégica. Podemos apontar que ocorre 
um ganho vertiginoso de densidade na relação política entre Brasil e Rússia, mas tal avanço 
não se reflete na área econômica. 
Assim, o trabalho buscará compreender a trajetória das relações entre Brasil e Rússia, 
focando em uma primeira seção no histórico dessas relações, enquanto a segunda seção 
buscará pontuar aspectos mais atuais dessa aproximação entre os dois países. Ainda em uma 
última seção, o presente artigo tentará traçar algumas perspectivas sobre o futuro dessa 
relação, debatendo se Putin seguirá consolidando sua política externa, e considerando que o 
Brasil passa por um período de transição política, após a vitória do novo presidente brasileiro 
Jair Bolsonaro em outubro de 2018, momento que pode representar tanto uma ruptura quanto 
uma renovação. 
 
1 BREVE HISTÓRICO DAS RELAÇÕES ENTRE BRASIL E RÚSSIA 
 
Ao buscarmos um histórico de mais longo alcance sobre as relações entre Brasil e 
Rússia, podemos perceber que no século XIX essa relação foi marcada pelo distanciamento 
geográfico, e no século XX foi marcada pelo distanciamento ideológico. Após o império russo 
reconhecer o Brasil independente em 1828, as relações foram tímidas – e continuaram sem 
um maior desenvolvimento após a revolução de 1917 (momento em que as relações sãointerrompidas, reestabelecidas em 1945, interrompidas novamente em 1947 e reestabelecidas 
somente em 1961). Mesmo durante o governo militar, as relações entre União Soviética e 
Brasil foram mantidas, e até mesmo foram desenvolvidos projetos conjuntos no setor 
energético3. 
A reaproximação concreta só ocorre a partir de 1985, e em 1988 é realizada a primeira 
visita em caráter oficial de um chefe de Estado brasileiro à Rússia, por José Sarney, uma 
visita de caráter político. A partir de 1990, no entanto, as instabilidades políticas internas em 
ambos países prejudicavam as relações bilaterais: a década de noventa foi marcada como uma 
fase pouco produtiva, com sérias dificuldades econômicas enfrentadas pelos dois países, 
agravadas pela instabilidade política, e o contexto resultou em uma falta de prioridade de um 
governo em relação ao outro – o que Jubran (2012) chama de um “desinteresse recíproco”. 
Mesmo com o momento desfavorável para uma aproximação proveitosa, em 1994 o então 
chanceler Celso Amorim visitou Moscou, lançando as sementes e iniciando a discussão sobre 
a criação de uma parceria. (SOUZA, 2017). 
Em setembro de 1995, dando continuidade às tentativas de aproximação, ainda que de 
forma vagarosa, Yeltsin e Cardoso se encontraram às margens da abertura da Assembleia 
Geral da ONU, momento em que Yeltsin fez a proposta de criar uma Comissão de Alto Nível 
(CAN)4 para orquestrar o avanço das relações bilaterais dos países. Contudo, como já 
mencionado, essas relações só avançariam a partir dos anos 2000. (JUBRAN, 2012). 
As relações entre Brasil e Rússia na década de 1990 podem ser resumidas da seguinte 
forma: um começo com baixo interesse político mútuo, raríssimos encontros políticos entre 
altas autoridades, pouco dinamismo das negociações a respeito da cooperação bilateral, que se 
manteve estancada. A partir do fim de 1993 até meados de 1995, deu-se um maior interesse 
brasileiro em estabelecer as relações; de meados de 1995 até meados de 1998, os russos 
demonstraram um maior interesse. Entre 1998 e 2000, problemas econômicos e políticos, 
 
3 Sobre o tema das relações entre Brasil e União Soviética durante o governo militar, buscar a referência: 
CATERINA, G. Expectativas promissoras: comércio e perspectivas de cooperação bilateral nas relações Brasil – 
União Soviética (1964-1967). Carta Internacional, Belo Horizonte, v. 13, n. 2, p. 76-93, 2018. 
4 A proposta de Yeltsin foi muito bem recebida, já que a Rússia só mantém mecanismos de cooperação bilateral 
similares com nações como Estados Unidos, França, China e Ucrânia. Trata-se de um mecanismo de alto nível, 
já que é coordenado pelo vice-presidente brasileiro e o presidente de governo (“primeiro-ministro”) russo (os 
dois cargos são, segundo a hierarquia de seus respectivos governos, o segundo cargo mais importante no Poder 
Executivo). 
especialmente na Rússia, fizeram o país focar em parceiros considerados prioritários, como a 
China. (JUBRAN, 2012). 
Conforme Rosa (2014) procura demonstrar, a política externa russa na década de 1990 
foi caracterizada por uma maior timidez, especialmente ao considerarmos sua atuação nas 
instituições internacionais. Considerando que a Rússia ainda enfrentava os impactos do 
colapso soviético e todas as consequências do desmantelamento do bloco, associados à uma 
severa crise econômica e deterioração das condições de vida da população russa, a antiga 
potência assistiu seu poder encolher e sua capacidade de ação externa ser retraída. Assim, 
Rosa destaca que, nesse período, a política externa russa acabou servindo como assistência às 
políticas internas de reforma, e também ficou concentrada em sua esfera de influência mais 
direta, a Comunidade dos Estados Independentes (CEI). 
A política externa russa só voltará a buscar espaço em outras regiões, dentre as quais a 
América Latina, a partir do fim da década de 1990 e início dos anos 2000, momento em que a 
Rússia recupera as condições e capacidades para elaborar uma política externa mais arrojada. 
Esse momento é inaugurado com a publicação da nova “Concepção de Política Externa” 
russa, em junho de 2000, após eleito Vladimir Putin como presidente. A nova política externa 
apresentada demonstra o ensejo de uma política externa independente, marcada por relações 
com grandes países (como China, Índia, Brasil) e com todos os membros do chamado “Eixo 
do Mal” (Irã, Iraque, Coreia do Norte). (JUBRAN, 2012). 
 
2 O NOVO SÉCULO E A APROXIMAÇÃO ENTRE OS DOIS PAÍSES 
(ESPECIALMENTE A CONVERGÊNCIA POLÍTICA PUTIN-LULA) 
 
Conforme introduzido na seção anterior, a ascensão de Putin à presidência da Rússia 
coincide com o período em que o país começa a superar a profunda crise que marcou a década 
anterior. Putin reúne as condições para, a partir de sua chegada ao poder, recolocar a Rússia 
no centro da política internacional, resgatando “o poder e o prestígio russo” (ROSA, 2014, p. 
71). Rosa (2014) resume os objetivos da política externa russa com base nos seguintes pontos: 
a) garantir sua posição de poder em sua esfera de influência imediata (o espaço pós-
soviético, atualmente reunidos na CEI); 
b) evitar a todo custo a expansão do Ocidente, via OTAN, para esses países; 
c) garantir papel preponderante na ordem internacional, pela via da defesa da ordem 
multipolar; 
e d) participar – embora de maneira crítica – das instituições de governança global, 
como forma de aumentar sua influência. 
 Ao considerarmos a relação entre Brasil e Rússia a partir desses quatro pontos centrais 
da política externa russa, podemos constatar que a relação com os brasileiros seria mais 
favorável para a Rússia alcançar os pontos c e d. A Rússia, com sua visão tipicamente realista, 
consagra a multipolaridade, militando no cenário internacional pela manutenção de uma 
ordem multipolar, para resguardar seus interesses e também a eficácia das normas e 
instituições internacionais. (SOUZA, 2017). É nessa defesa da multipolaridade que as 
relações entre Brasil e Rússia ganham mais notoriedade e espaço para alcançar sucesso. As 
relações com a China também representam uma alternativa, já que os chineses são hoje um 
dos mais importantes aliados para Moscou em sua posição anti-hegemônica, contando 
também com determinantes complementaridades econômicas, e consolidando-se na 
Organização para a Cooperação de Xangai. (SOUZA, 2017). 
O desejo da Rússia de criar laços privilegiados com o Brasil, portanto, parte de 
algumas semelhanças entre os países (são nações continentais que são atores-chaves em suas 
regiões, buscam o desenvolvimento de suas economias, dependem ainda da venda de produtos 
básicos e das reservas de recursos naturais), e também de algumas diferenças importantes, que 
garantem uma relação com complementaridades (Brasil não tem seu entorno caracterizado por 
conflitos envolvendo vizinhos, Brasil não atua tão diretamente em questões de paz e 
segurança, mas é protagonista [ou era] na dimensão econômica, âmbito em que os russos 
buscam adquirir maior protagonismo). (SOUZA, 2017). 
Entre 2000 e 2002, a Rússia continuou tentando estreitar os laços com os países da 
América Latina, e foi um período de visitas mútuas de alto nível, chegando à visita de 
Cardoso a Moscou em janeiro de 2002. Nessa visita é assinada a Parceria Estratégica entre os 
dois países, delineando uma série de planos de cooperação em diversas áreas, mas que só 
adquire mais substância e conteúdo a partir de 2010. Os dois países experimentarão maior 
convergência de posições e interesses no plano multilateral, como na concertação dos BRICS 
e na adoção de posições comuns na ONU. (JUBRAN, 2012). Por outro lado, o período de 
2003 a 2005 é marcado por ser um momento russo de política externa independente, em que o 
país buscava uma associação político-estratégica com a Índia e com a China, assim como uma 
diversificação dos contatos políticose econômicos em outras regiões – o Brasil era um dos 
alvos, mas o foco na América Latina estava em países como Venezuela e Cuba, com quem a 
Rússia já desenvolvia uma parceria mais sólida. (JUBRAN, 2012). 
A visita de Putin em 2004 ao Brasil foi marcada pela tentativa dos dois governos 
encontrarem uma solução ao então vigente “embargo” à carne bovina brasileira, uma série de 
limitações à importação desse produto que foi imposta pelo governo russo e atingiu o setor 
brasileiro. Além dos governos terem decidido sobre a flexibilização das barreiras 
fitossanitárias sobre a carne importada pela Rússia, foi firmado o apoio do Brasil à entrada da 
Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC), e a Rússia afirmou de forma concreta 
pela primeira vez o apoio à entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, o que 
representa um importante conjunto de avanços diplomáticos. (NUMAIR, 2009). 
O período 2005 a 2010 foi marcado por novos fóruns de discussão política, mas 
poucos resultados práticos. Nesse período também podemos destacar a maior proximidade 
entre a Rússia e a América Latina, em especial com a Venezuela, que comprou muitos 
armamentos russos, além de fortalecerem uma cooperação no âmbito energético, sobretudo no 
setor de hidrocarbonetos – petróleo e gás natural. (JUBRAN, 2012) Dentro desse período, no 
entanto, podemos destacar Rússia e Brasil aparecendo como principais entusiastas sobre a 
formação do BRIC: em 2008 ocorre a primeira reunião ministerial em Ecaterimburgo, fora do 
âmbito da ONU5; em 2009, na mesma cidade, ocorre a I Cúpula dos Chefes de Estado. 
(JUBRAN, 2012). 
Entre 2006 e 2009 foi evidente a baixa prioridade que Rússia e Brasil conferiam-se 
mutualmente em questões concretas da relação bilateral, um franco contraste com a fluidez 
no diálogo político em âmbito multilateral. Ainda assim, é um período em que ocorre um 
aumento vertiginoso da exportação de carnes brasileiras para a Rússia, e os russos se 
queixavam do tremendo desequilíbrio comercial entre os países (o Brasil continuamente 
apresenta um significativo saldo positivo na balança comercial com a Rússia). 
Sobre a questão específica do BRICS, a Rússia utiliza essa plataforma para defender a 
reforma das estruturas de governança global, e trata-se de uma importante ferramenta de 
ampliação ainda maior da voz da diplomacia russa, uma tentativa de equilibrar as relações 
com as potências estabelecidas no sistema internacional: 
 
(...) o BRICS busca influir decisivamente na governança dos 
diferentes temas da agenda global. Para tanto, essas países que, de maneira 
isolada, não poderiam alcançar certos resultados ou obter voz em 
determinados foros, passam a adquirir maior status ao integrar tais arranjos 
políticos. (ROSA, 2014, p.105) 
 
 
5 Desde 2006, os representantes de Brasil, Rússia, Índia e China buscavam realizar encontros simultâneos à 
abertura da Assembleia Geral da ONU, realizada anualmente em setembro, em Nova Iorque. 
Assim, o governo Lula foi marcado pela convergência com Putin nos foros 
multilaterais – o período em que ambos cumpriram seus mandatos de presidente foi marcado 
por um aumento do perfil dos dois países no cenário internacional: suas políticas externas 
encontrarão ressonância nas iniciativas multilaterais levadas a cabo pelos países emergentes. 
Dessa maneira, Rússia e Brasil intensificarão suas relações no plano multilateral, 
aproximando suas agendas e colhendo resultados importantes. 
Essa aproximação de agendas é refletida na definição do Plano de Ação da Parceria 
Estratégica, assinado em 2010 durante a visita de Lula à Rússia, em que foram reiterados os 
pontos de diálogo político, o desejo de uma ordem internacional mais democrática, o destaque 
ao papel central da ONU ressaltando a necessidade de reforma do seu Conselho de Segurança, 
e declarações sobre BRICS, negociações de clima, etc. 
Entre 2008 e 2013, intensificam-se os encontros de alto nível e as reuniões das 
comissões de cooperação; o Plano de Ação é atualizado em 2012, durante a visita de Dilma à 
Rússia, reforçando a convergência em temas da agenda política internacional. (ROSA, 2014). 
Apesar de toda aproximação política que ocorre entre as duas nações, o aspecto 
econômico dificilmente consegue ser desenvolvido. Essencialmente, o Brasil exporta carne e 
a Rússia exporta fertilizantes – “o comércio não retém o elemento estratégico da parceria, 
uma vez que outras áreas de cooperação apresentaram maiores resultados e, também, maiores 
possiblidades de avanço, e de modificação do status quo, o que é elemento fundamental de 
motivação para a conformação desse tipo de aliança no sistema internacional” (ROSA, 2014, 
p. 121-2). 
A bibliografia consultada aponta que a dificuldade de desenvolver uma relação 
bilateral forte nos setores militar, tecnológico e energético, deve-se a uma profunda 
divergência de interesses – a Rússia busca um mercado para tecnologia que produz, enquanto 
o Brasil busca oportunidades de desenvolver projetos conjuntos, que contem com a 
participação de ambos países em todo processo. Essas expectativas equivocadas geram uma 
certa frustração no âmbito bilateral. Além disso, apesar da aproximação no âmbito 
multilateral, no que concerne à relação bilateral a Rússia concede prioridade a alguns 
relacionamentos específicos na região latino-americana, os quais são, inclusive, considerados 
mais estratégicos, por conter elementos políticos importantes, em detrimento de fatores 
puramente econômicos. Países como Venezuela e Cuba, com que a Rússia estabeleceu uma 
política que vai da venda de armamentos e exploração conjunta de recursos a financiamento e 
ajuda econômica. (ROSA, 2014). 
 
3 AS PERSPECTIVAS PARA O FUTURO DA RELAÇÃO ENTRE OS DOIS PAÍSES 
 
O ano de 2018 foi ano de eleições presidenciais tanto na Rússia como no Brasil. Os 
russos decidiram pela continuidade do governo Putin, que com o novo mandato deverá 
permanecer na presidência ao menos até 2024. Já no caso brasileiro, foi eleito o candidato Jair 
Bolsonaro, o que representou uma importante ruptura na condução política brasileira, após o 
Partido dos Trabalhadores (PT) ter vencido quatro eleições consecutivas. 
Com a ascensão do novo governo no Brasil, foram levantadas diversas questões sobre 
qual seria a condução da política externa brasileira, já que o período de campanha foi 
carregado por um forte viés ideológico, o que poderia enfraquecer o pragmatismo 
característico das últimas gestões do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Durante 
seu discurso de posse, o novo Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, 
apresentou um conteúdo que refletiu, de fato, o viés ideológico da campanha presidencial – ao 
citar países que seriam “exemplares”, o ministro menciona Israel, Estados Unidos, Itália, 
Hungria e Polônia; ao mencionar relações bilaterais, o ministro destaca o aspecto comercial 
dessas relações, focando na “geração de resultados concretos para o emprego, a renda e para a 
segurança dos brasileiros”; ao tratar das relações multilaterais, o ministro menciona a 
Organização Mundial do Comércio, e que “no sistema multilateral político, especialmente na 
ONU, vamos reorientar a atuação do Brasil em favor daquilo que é importante para os 
brasileiros” – não houve qualquer menção aos BRICS, à China, e muito menos à Rússia. 
O alinhamento completo com os Estados Unidos se apresenta como peça central da 
nova política externa brasileira. (STUENKEL, 2019). Esse alinhamento pode ser visto, em um 
primeiro momento, como um possível fator de enfraquecimento das relações do Brasil com 
países como China e Rússia. Por mais que ainda seja cedo para realizar uma avaliação da 
política externa do governo Bolsonaro, após esse primeiro ano de mandato podemos perceber 
que esse alinhamento com os americanos de fato foi defendido, e a relação do Brasil com ospaíses do BRICS sofreu certo estremecer. 
Em meio a um novo confronto comercial entre Estados Unidos e China, o BRICS 
proporcionaria “acesso privilegiado aos líderes políticos chineses, oferecendo uma plataforma 
única para defender os interesses do Brasil em relação à China.” (STUENKEL, 2019). 
Stuenkel afirma que “Com o grupo BRICS, o Brasil já tem a vantagem de ser parte de uma 
plataforma institucionalizada que facilita a adaptação a essa nova realidade. A importância 
geopolítica do bloco hoje é maior do que nunca”. (STUENKEL, 2019). Assim, o Brasil 
poderia utilizar essa proximidade para atuar ativamente das negociações comerciais entre as 
duas maiores potências do mundo. Contudo, podemos avaliar que, ao menos no decorrer de 
2019, a plataforma oferecida pelo BRICS não foi utilizada dessa maneira, e algumas das 
negociações bilaterais entre Estados Unidos e China inclusive surgem como ameaça às 
exportações brasileiras – já que os Estados Unidos concorrem diretamente com o Brasil por 
parte do mercado chinês. 
Podemos também aplicar essa lógica pragmática à questão venezuelana. O último ano 
foi marcado por um acirramento das tensões ao redor do governo Nicolas Maduro, e uma 
divisão global em que países como Estados Unidos, Brasil e outros não reconhecem o novo 
mandato presidencial de Maduro, após eleições que foram consideradas fraudulentas, e países 
como China, Rússia, Turquia e outros, que reconhecem o governo Maduro e julgam que 
qualquer país que não o faça está interferindo diretamente em questões internas. Em 
dezembro de 2018, Maduro anunciou um investimento russo bilionário na Venezuela, mais de 
US$ 6 bilhões que serão destinados ao setor do petróleo e do ouro; além disso, Maduro teria 
assinado um contrato de compra de 600 mil toneladas de trigo russo. 
Assim como no caso da China, a plataforma do BRICS poderia ser utilizada como 
uma oportunidade de diálogo, em que o Brasil poderia buscar algum protagonismo atuando 
como mediador com China e Rússia para negociar a situação da Venezuela. Ainda assim, na 
última cúpula dos BRICS realizada no Brasil, os chefes de Estado evitaram a pauta de 
assuntos de maior discordância, como o caso da Venezuela. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
É importante destacar que o presente artigo não tem a pretensão de dar conta de todos 
os aspectos relacionados a cooperação existente entre Brasil e Rússia. O objetivo foi pincelar 
algumas notas que deem conta de apresentar um panorama geral das tendências diplomáticas 
entre os países, os momentos de aproximação e os momentos em que a relação bilateral 
acabam enfraquecidas. De tal forma, questões importantes como aspectos da cooperação 
bilateral espacial e tecnológica, o posicionamento alinhado de Rússia e Brasil em questões 
importantes no cenário internacional, o crescimento dos BRICS (como a criação do Novo 
Banco de Desenvolvimento) podem não ter sido devidamente apresentadas. 
De forma geral, podemos concluir que de 2000 a 2010 percebe-se uma “tendência 
genérica” de aproximação entre Brasil e Rússia, uma aproximação que se mantém 
essencialmente na política, que não foi acompanhada por um desenvolvimento das relações 
comerciais. Jubran (2012) avalia que não há uma consolidação da chamada “Parceria 
Estratégia”, e destaca percepções errôneas por parte das autoridades dos dois países: os 
brasileiros, por um lado, interpretavam a relação com a Rússia como uma relação “sul-sul” 
(no sentido de “sul político”), nutrindo expectativas de cooperação que seriam frustradas – 
por outro lado, a Rússia via de forma errônea que o Brasil seria apenas possível consumidor 
dos seus produtos. A divergência de percepções pode ajudar a explicar a ausência de 
concretização de projetos. 
A Parceira Estratégica entre os países não é estratégica per se no plano bilateral, 
devido a vários fatores, como a falta de complementaridade entre as duas nações em questões 
bilaterais; mas a parceria parece ganhar um real sentido “estratégico” no âmbito multilateral, 
por se configurar como ferramenta de alteração do status quo. 
Sobre o futuro da relação entre os países, ainda é cedo para emitir conclusões muito 
elaboradas, e os eventos estão sendo desenrolados enquanto este artigo é finalizado. Contudo, 
podemos destacar que a relação entre Brasil e Rússia tanto no âmbito bilateral e 
especialmente no âmbito multilateral continua sendo de primeira importância, especialmente 
se a diplomacia brasileira tem a pretensão de atuar como protagonista em questões de “alta 
política”. É uma relação com potencial para desenvolvimento, especialmente como 
ferramenta política. Ainda que o Brasil pareça estar apostando em um distanciamento do 
BRICS e da Rússia com uma justificativa ideológica de alinhamento com os Estados Unidos, 
é cedo para afirmar categoricamente se esse governo está pronto para comprar as 
consequências desse distanciamento - apenas o tempo dirá. 
 
LISTA DE REFERÊNCIAS 
 
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