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veteduka.com.br Doença Renal Crônica em Cães e Gatos Heloíse Barbosa da Conceição Médica Veterinária – UFPR Curitiba Residência em Clínica Médica de Pequenos Animais – HV-UFPR Curitiba Pós Graduada em Nefrologia e Urologia de Pequenos Animais – ANCLIVEPA SP Aprimoramento em Terapias de Substituição Renal – UNICPET SP Membro CBNUV @heloisenefrovet veteduka.com.br Doença Renal Crônica “Alteração anatômica ou funcional presente em um ou ambos os rins, por um período de três meses ou mais” Polzin, D. J., 2011. veteduka.com.br Prevalência da DRC Cães 0,5 a 1,5% população geral Idade média: 7 anos 45% pacientes > 10 anos veteduka.com.br Prevalência da DRC Gatos Idade média: 7,4 anos 37% menos de 10 anos 31% entre 10 e 15 anos 32% mais de 15 anos 60% dos gatos > 15 anos tem algum grau de comprometimento renal 1 a 3% de morbidades que levam o gato ao atendimento vet veteduka.com.br Fisiopatogenia Origem congênita/familial veteduka.com.br Fisiopatogenia Adquiridas Nefrite túbulo intersticial crônica Pielonefrite crônica Glomerulonefrite crônica Hidronefrose Nefropatia hipercalcêmica Ação crônica de toxinas Hipertensão arterial primária Neoplasias Progressão após IRA veteduka.com.br Fisiopatogenia Lesão Morte do néfron Tecido renal substituído por tecido fibroso www.drzooecia.com.br/insuficiencia-renal-em-caes-e-gatos/ veteduka.com.br Fisiopatologia Doença crônica e progressiva Adaptação do Néfron remanescente Sobrecarga do Néfron Morte do Néfron veteduka.com.br Fisiopatogenia CHEW, D. J.; DiBARTOLA, A. P.; SCHENCK, P. A., 2011 veteduka.com.br Fisiopatogenia CHEW, D. J.; DiBARTOLA, A. P.; SCHENCK, P. A., 2011 veteduka.com.br Ativação do SRAA Aumenta Pressão de filtração Proteinúria Glomeruloesclerose Apoptose Progressão DRC Redução da perfusão renal veteduka.com.br vetsmart-parsefiles.s3.amazonaws.com/8db9c2dd728dcb81f90ef561815c1712_vetsmart_admin_pdf_file.pdf veteduka.com.br Fisiopatogenia Progressão espontânea Ou Exposição crônica do animal a estresse metabólico e/ou fisiológico Progressão decorrente de um processo lento e sustentado de Injúrias Agudas veteduka.com.br Manifestação Clínica Síndrome Urêmica Azotemia PU com PD compesatória Assintomática veteduka.com.br Azotemia Pré Renal Renal Pós Renal iowaveterinaryspecialties.com/student-scholars/acute-kidney-injury-aki veteduka.com.br Manifestação Clínica • Desequilíbrio hídrico • Desequilíbrio eletrolítico – Na+, K+, Cl-, Ca2+, P • Acidose metabólica • Desequilíbrio pressórico • Anemia • Uremia sinais gastroentéricos, anorexia/disorexia, sinais neurológicos, inflamatórios e imunológicos, diátese hemorrágica. veteduka.com.br Diagnóstico • Avaliação Anamnese PU e PD, redução de apetite, apetite seletivo, emagrecimento, vomito, diarreia veteduka.com.br Diagnóstico • Avaliação Exame físico alteração na palpação renal, halitose, desidratação, alterações de pelagem, sinais de uremia Aferição da pressão arterial veteduka.com.br Diagnóstico • Avaliação – Várias fontes de evidência Exames laboratoriais Hemograma Anemia, leucocitose Bioquímica sanguínea Creatinina, SDMA, uréia, P, Ca, K, Na, Cl Hemogasometria venosa Urinálise Densidade, pH, cilindros, proteinúria, glicosúria, infecções veteduka.com.br Diagnóstico • Avaliação – Várias fontes de evidência Imagem Cronicidade de lesões na DRC Alterações em forma, contorno renal Aumento difuso da ecogenicidade Redução ou perda da definição corticomedular Presença de cistos veteduka.com.br Diagnóstico • Avaliação – Várias fontes de evidência Imagem Exclusão de causas de agudização, IRA Obstrução ureteral – cálculos, plugs, iatrogênica Pielonefrite Nefrolitíase Dioctophyma renale Neoplasias Cistos em crescimento ou Pseudocisto perinéfrico veteduka.com.br Diagnóstico Exames bioquímicos Biomarcadores da Taxa de Filtração Glomerular – TFG Creatinina SDMA veteduka.com.br Creatinina Metabolismo muscular Biomarcador da TFG Variação racial Jejum alimentar de 8 horas veteduka.com.br iris-kidney.com/education/creatinine_dogs.html veteduka.com.br SDMA Biomarcador de TFG Metabolismo do núcleo de todas as células Inicialmente considerado mais precoce que creatinina veteduka.com.br veteduka.com.br SDMA em cães Alteração na TFG com SDMA > 18 µg/dL, não 14 µg/dL veteduka.com.br DRC DRC AGUDIZADA IRA Azotemia por mais de 3 meses ? Azotemia há menos de 3 meses PU/PD > 3 meses ? PU/PD recente? Oligúria? Perda de peso ? ECC normal ou sobrepeso Alerta mesmo com azotemia grave ? Apático, depressão ou estupor Apetite caprichoso ? Anorexia Alteração em imagem renal ? Rins aumentados ou normais Sinais gastrentéricos esporádicos ? Vômitos e/ou diarreia frequente ECC baixo ? ECC normal Pelame opaco ou quebradiço ? Pelame adequado Hidratado ou desidratação leve ? Desidratado Anemia crônica? ? Anemia por comorbidades? Sinais de HPTSR ? Sem sinais de HPTSR veteduka.com.br IRIS Sociedade Internacional de Interesse Renal Diagnóstico Estadiamento Tratamento Monitoração veteduka.com.br IRIS Diagnóstico Análise de todas as informações clínicas obtidas no paciente estável veteduka.com.br Diagnóstico Precoce 1. Elevação de Creatinina e SDMA, ao longo do tempo, dentro do intervalo de referência IRIS, 2019 veteduka.com.br Diagnóstico Precoce 2. Aumento persistente do SDMA > 14 µg/dL 3. Alteração em imagem renal IRIS, 2019 veteduka.com.br Diagnóstico Precoce 4. Proteinúria de origem renal patológica documentada em avaliação seriada Cães: RPC > 0,5 Gatos: RPC > 0,4 IRIS, 2019 veteduka.com.br Diagnóstico Estágio 2 em diante Creatinina e SDMA Nível sérico elevado Azotemia de origem renal Avaliação da densidade urinária Isostenúria a leve hiperestenúria IRIS, 2019 veteduka.com.br Estadiamento IRIS Facilitar tratamento e monitoração da DRC Prever alterações esperadas Mínimo 2 avaliações de Creatinina e SDMA Animal estável, hidratado e em jejum alimentar Subestádio: Hipertensão e Proteinúria veteduka.com.br Estadiamento - IRIS Estádio 1 Estádio 2 Estádio 3 Estádio 4 CÃES Creatinina (mg/dL) < 1,4 1,4 - 2,8 2,9-5,0 >5 GATOS < 1,6 1,6 - 2,8 2,9 – 5,0 >5 CÃES SDMA (µg/dL) < 18 18-35 36 - 54 >54 GATOS <18 18-25 26 - 38 >38 veteduka.com.br Subestadiamento - IRIS RPC no Cão RPC no Gato Subestádio < 0,2 < 0,2 Não Proteinúrico 0,2 – 0,5 0,2 – 0,4 Limítrofe > 0,5 > 0,4 Proteinúrico Proteinúria veteduka.com.br Subestadiamento - IRIS Hipertensão arterial sistêmica Pressão Arterial (mmHg) Risco de lesão em órgão alvo Sistólica Diastólica < 140 < 95 Risco mínimo 140 – 159 95 – 99 Baixo risco 160 – 179 100 – 119 Risco moderado > 180 > 120 Alto risco veteduka.com.br Aferição da PAS – método não invasivo veteduka.com.br Aferição da PAS – método não invasivo veteduka.com.br Tratamento Cada caso deve ser avaliado individualmente Objetivos Qualidade de vida Longevidade A DRC é irreversível e progressiva veteduka.com.br Tratamento Descontinuidade do uso de fármacos com potencial nefrotóxico Ajuste de doses de medicamentos que dependem da via renal para eliminação Investigar e eliminar causas passíveis de correção: pielonefrite, urolitíase, obstruções veteduka.com.br Tratamento Hidratação Incentivar a ingesta de líquidos inserção de novas fontes Facilitar acesso à água animais idosos dificuldade de mobilidade veteduka.com.br veteduka.com.br Tratamento Hidratação Fluidoterapia parenteral com solução isotônica Alguns casos de pacientes estádio 3 Maior número de pacientes estádio 4 Ringer com lactato Gatos 20 a 40 ml/kg, sem exceder 150 ml/dia/gato Cães 20 a 60 ml/kg veteduka.com.br Tratamento Hidratação DRC descompensada ou agudizada Desidratação clínica prontamente corrigida Hemogasometria venosa e perfil eletrolítico ajustes necessários veteduka.com.br Tratamento Hipertensão arterialsistêmica Documentada em avaliações seriadas Evidência de lesões em órgão alvo Requer terapia de uso contínuo e monitoramento frequente Objetivo da terapia Redução lenta e gradual da PAS Importante: Paciente estável e hidratado veteduka.com.br Tratamento Hipertensão arterial sistêmica em cães Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECAs) Enalapril, Benazepril Bloquadores do receptor de angiotensina (BRA)n Telmisartana Risco ↑Azotemia: se > 0,5 mg/dl creatinina e 2µg/dL de aumento – Revisar terapia veteduka.com.br Tratamento Hipertensão arterial sistêmica em cães PAS persistentemente > 170 mmHg Associação de Bloqueador de canal de cálcio Amlodipina Atenção a sinais de hipotensão veteduka.com.br Tratamento Hipertensão arterial sistêmica em gatos Bloqueador de canal de cálcio Amlodipina 0,625 mg/gato SID a BID Telmisartana (BRA) parece boa opção Monoterapia com IECA pouco efetividade veteduka.com.br Tratamento Proteinúria Em cães e humanos associada à glomerulopatias Em gatos associada à hiperfiltração glomerular Origem renal e patológica Investigação de doenças causadoras passíveis de correção Biópsia renal veteduka.com.br Tratamento Proteinúria Gatos: terapia com inibidor do SRAA BRA (telmisartana); IECA (enalapril, benazepril) + Dieta renal clínica Cães: IECA + Dieta renal clínica BRA - estudo recente mais eficaz Associações veteduka.com.br Tratamento Proteinúria Monitoramento RPC urinária e avaliação sérica da Creatinina e SDMA Boa resposta: estabilidade da creatinina e redução da RPC urinária Reação adversa: aumento da creatinina > 15% Progressão da doença: aumento da creatinina e RPC veteduka.com.br Tratamento Proteinúria Terapia contínua Concentração sérica de albumina < 2 g/dL terapia antitrombótica clopidogrel veteduka.com.br Tratamento Nutrição Ponto chave na terapia da DRC Ajustes necessários: fonte e quantidade de proteínas redução do fósforo adição de ômega 3, bicarbonato de sódio e vitaminas adequada quantidade de calorias alta digestibilidade até 3x mais qualidade de vida e longevidade veteduka.com.br Tratamento Nutrição Dieta renal clínica indicada a partir de estádio 2 Alimentação Natural balanceada e acompanhada veteduka.com.br Tratamento Anorexia e disorexia Náuseas e vômitos Causas multifatoriais veteduka.com.br Crivellenti & Giovaninni, 2021 veteduka.com.br Crivellenti & Giovaninni, 2021 veteduka.com.br Arquivo pessoal veteduka.com.br Tratamento Nutrição DRC descompensada e agudizada alimentar é o ponto mais importante Assim que houver estabilização reintrodução da dieta terapêutica veteduka.com.br Tratamento Nutrição Colocação de tubo de alimentação esofágico Cães e gatos manter adequada ingesta energética e nutricional facilita administração de medicamentos controle da ingesta hídrica veteduka.com.br Tratamento Hipocalemia comum em gatos letargia, constipação, andar plantígrado, ventroflexão cervical vetsmart-parsefiles.s3.amazonaws.com/8db9c2dd728dcb81f90ef561815c1712_vetsmart_admin_pdf_file.pdf veteduka.com.br Tratamento Hipocalemia Suplementação oral profilática para cães e gatos com DRC manter potássio sérico em 4 mEq/L Com potássio sérico < 3,5 mEq/L Suplementação oral Gluconato de potássio: cães 0,5 mEq/Kg VO SID ou BID gatos 2 a 6 mEq/gato VO SID 1 a 4 mEq/gato VO BID Citrato de Potássio: 40 a 75 mg/kg VO dividido em 2 a 3 doses veteduka.com.br Tratamento Distúrbio mineral e ósseo na DRC (DMO) Hiperparatireoidismo secundário renal (HPTSR) Hiperfosfatemia Elevação do PTH e FGF23 Mineralização de tecidos moles veteduka.com.br Tratamento Distúrbio mineral e ósseo na DRC (DMO) Hiperparatireoidismo secundário renal (HPTSR) Estádio Nível Sérico de Fósforo (mg/dL) 1 - 2 Até 4,5 3 Até 5,0 4 Até 6,0 veteduka.com.br Tratamento Distúrbio mineral e ósseo na DRC (DMO) Hiperparatireoidismo secundário renal (HPTSR) 1. Dieta: redução de 75% do nível de fosfato após 30 dias reavaliação 2. Uso de quelantes intestinais de fósforo veteduka.com.br Tratamento DMO e HPTSR – quelantes intestinais de fósforo Fármaco Dose Diária Observações Cão Gato Hidróxido de Alumínio Até 90 mg/kg Até 90 mg/kg Seguro, não ultrapassar dose diária, risco de intox por Al. Constipação Carbonato de Cálcio 90 – 150 mg/kg 90 mg/kg Seguro. Não usar com inibidores da secreção gástrica e calcitriol. Não usar em hipercalcamia Acetato de Cálcio 60 a 90 mg/kg 60 a 90 mg/kg Seguro. Não usar com calcitriol e em hipercalcemia Cloridrato de Sevelamer Até 160 mg/kg/dia Até 160 mg/kg/dia Constipação, redução da absorção de vitaminas e acidose metabólica veteduka.com.br Tratamento Hipocalcemia 1. Corrigir a hiperfosfatemia 2. Carbonato de cálcio ou Calcitriol Calcitriol Cães DRC - IRIS 2, 3 e 4 Monitoramento dos níveis de cálcio iônico e fósforo séricos Apenas após correção da hiperfosfatemia Dose diária de 2,5 nanogramas/kg, no período noturno veteduka.com.br Tratamento Anemia Multifatorial Avaliar possíveis causas Desnutrição Perda gastrointestinal Má absorção de ferro Deficiência de eritropoetina Terapia hormonal Ht persistentemente abaixo de 20% veteduka.com.br Tratamento Anemia EPO alfa (rhEPO) recombinante humana + Ferro 75 a 100 UI/kg SC 3x/semana até chegar Ht 25%. Manutenção 1 a 2x/semana Darbepoetina (DPO) + Ferro 1µg/kg/semana SC até Ht 25% Manutenção 1,5 µg/kg SC a cada 2 a 3 semanas ou 0,5 µg/kg semanalmente veteduka.com.br Tratamento Acidose Metabólica Acidose metabólica simples frequentemente observada DRC – IRIS 3 e 4 principalmente Pode contribuir para progressão da DRC Importante fator de morbidade veteduka.com.br Tratamento Acidose Metabólica 1. ajuste nutricional e manutenção da hidratação 2. suplementação de álcali via oral Bicarbonato de sódio 8 – 12 mg/kg VO BID ou TID Citrato de potássio cães 40 a 60 mg/kg VO BID/TID gatos 45 a 75 mg/kg VO BID Objetivo [HCO3 -] entre 18 e 24 mmol/L 3. DRC descompensada com acidemia - Hospitalar veteduka.com.br Tratamento Terapias com células tronco Evidências de benefícios para IRA, não em DRC veteduka.com.br Tratamento Terapias de Reposição Renal Hemodiálise Diálise peritoneal DRC descompansada/agudizada Ausência de resposta a terapia conservativa Oligúria/anúria veteduka.com.br Tratamento Transplante renal Banco de doadores Triagem dos doadores Painel de compatibilidade Drogas imunossupressoras sbn.org.br/orientacoes-e-tratamentos/tratamentos/transplante-renal/ veteduka.com.br Monitoramento do paciente DRC Quanto ao subestadiamento Normotenso e não-proteinúrico minimamente a cada 6 meses Hipertenso, proteinúrico ou não proteinúrico não há recomendação fixa Normotenso e proteinúrico Sem síndrome nefrótica: a cada 4 meses Com síndrome nefrótica: mensal ou até quinzenal a semanal veteduka.com.br Monitoramento do Paciente DRC Quanto ao Estadiamento DRC – IRIS 1: semestral DRC – IRIS 2 : no mínimo a cada 4 meses DRC – IRIS 3 : no mínimo a cada 3 meses DRC – IRIS 4 : no mínimo a cada 30 dias veteduka.com.br Prognóstico Estádio da doença Marcadores negativos: Hipertensão arterial Proteinúria Hiperfosfatemia Anemia Desnutrição e emagrecimento veteduka.com.br Estádio da Doença Nível sérico de fósforo Hematócrito Escore de condição corporal e de massa muscular Tipo de alimento Forma de alimentação Apetite veteduka.com.br DRC Doença irreversível e progressiva qualidade de vida e longevidade Fundamental o monitoramento periódico Avaliação e tratamento individualizado
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