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André Hayashida - RA: 191322814 Cristielly de Campos dos Santos - RA: 201322226 Giovana Correia Medeiros - RA: 201323893 Lília dos Anjos de Freitas - RA: 201320691 A extração de areia no Vale do Paraíba: análise qualitativa de São José dos Campos e Jacareí Guaratinguetá, 2021 2 1. INTRODUÇÃO A expansão urbana vivenciada nos últimos anos proporcionou o aumento da exploração de agregados para a construção civil, segundo Fonseca Júnior e Ferreira (2012), esses agregados são as substâncias mais utilizadas e, portanto, mais significativas do mundo. Sendo a areia um recurso fundamental para a construção e para todos os setores da economia, a extração é uma atividade causadora de altos impactos ambientais que necessitam de recuperação. Segundo Mechi e Sanches (2010), a mineração pode acarretar em assoreamento dos corpos d’água do entorno, afeta a qualidade das águas dos rios e reservatórios, em razão da turbidez provocada pelos sedimentos finos em suspensão, além da poluição causada por substâncias lixiviadas, tais como óleos, graxas e metais pesados, como chumbo e arsênio, e até mesmo a poluição do ar por queima de combustível por parte do maquinário envolvido. Considerando a necessidade da extração de areia para o desenvolvimento urbano, econômico e social e seus prejuízos ambientais, o presente estudo evidenciou os municípios de São José dos Campos e Jacareí, localizados no Vale do Paraíba. Na segunda metade do século XX Jacareí iniciou sua atividade minerária com extração de areia em leito, sendo o precursor da atividade no Vale do Paraíba. A técnica disseminou-se para outros municípios da região, chegando a São José dos Campos por volta de 1960. Após os anos 70 a extração por meio de cavas submersas foi difundida pelo Vale e essa é mantida em Jacareí até os dias atuais. No Brasil a extração de areia é regulamentada por leis e decretos da Constituição Federal de 1988, Código de Mineração (CM), Secretária Estadual de Meio Ambiente (SMA) e Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), conjuntamente com a legislação estadual e municipal. Em São José dos Campos a extração de areia foi proibida pelo artigo nº 258 da Lei Orgânica do Município, posteriormente ocorreram tentativas de reverter o artigo, porém essas não tiveram sucesso. No município de Jacareí a mineração segue o artigo nº 58 da Lei Orgânica do Município, este prevê que a macrozona de mineração deve conservar o ambiente de várzea, manter a disponibilidade e qualidade da água do Rio Paraíba do Sul, preservar a flora e fauna e promover o desenvolvimento socioeconômico associado à preservação ambiental. Com o objetivo de analisar qualitativamente os municípios de São José dos Campos e Jacareí, o presente estudo apresentou os aspectos gerais, geomorfológicos e hidrológicos das regiões, usando os índices de avaliação de impacto, valores orientadores e as normas regulamentadoras como método de avaliação de impacto. Além disso, realizou-se uma breve análise sobre monitoramento e recuperação ambiental em São José dos Campos e Jacareí. 3 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 ÁREA DE ESTUDO 2.1.1 Aspectos gerais Os municípios de São José dos Campos e Jacareí são pertencentes a Sub-região 1 da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, de acordo com a Lei complementar nº 1.166, de 09 de Janeiro de 2012. O município de Jacareí, com aproximadamente 464,3 km² de extensão territorial, encontra-se localizado entre dois pólos econômicos, a cerca de 80 km de São Paulo e a 350 km do Rio de Janeiro (PMGIRS – JACAREÍ/SP, 2015). O crescimento acelerado da população do município, consequente da industrialização, foi responsável por intensificar a imigração dada a maior geração de emprego nas áreas urbanas. Já São José dos Campos, município limítrofe a Jacareí, está localizado na região leste do Estado de São Paulo e encontra-se a cerca de 97 km da capital, além de ocupar uma área de 1.099,6 km², sendo que desta cerca de 70% do território constituem a zona rural. (PMSJC, 2016). 2.1.2 Aspectos geomorfológicos e hidrológicos A área dos municípios de São José dos Campos e Jacareí apresenta-se no Planalto Atlântico e inclui subdivisões naturais em zonas, determinadas por feições morfológicas distintas: Serra da Mantiqueira, Médio Vale do Paraíba e Planalto de Paraitinga, com relevo em sua grande parte irregular, predominam no geral colinas em forma de tabuleiros. Quanto à hidrografia dos municípios, ambos estão localizados na região hidrográfica do Atlântico Sudeste e à bacia do Rio Paraíba do Sul, sendo o Rio Paraíba do Sul o principal das cidades. O Rio Paraíba do Sul resulta da confluência, próximo a Paraibuna, dos rios Paraibuna, cuja nascente é em Cunha, e Paraitinga, que nasce em Areias, ambos em São Paulo e tem o trajeto de cerca de 1.150 km até desaguar no Oceano Atlântico, no norte fluminense, na Praia de Atafona, em São João da Barra (PMSJC, 2016). A bacia também é responsável por drenar uma das regiões mais desenvolvidas do país, abrangendo parte do Estado de São Paulo, como o Vale do Paraíba Paulista, parte do Estado de Minas Gerais e metade do Estado do Rio de Janeiro (AGEVAP, 2006). Segundo dados fornecidos pela CEIVAP, parlamento responsável por questões relacionadas às águas da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, os principais usos da água na bacia são para abastecimento, diluição de esgotos, irrigação e geração de energia hidroelétrica e também, em menor escala, a pesca, aquicultura, recreação e navegação. 2.2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS O processo de extração de areia no Vale do Paraíba é comumente realizado através da remoção de camadas sedimentares superficiais, assim revela-se a superfície freática, responsável por preencher as cavas abertas para a retirada de areia. (TUBBS et al.,2011). 4 Conhecido que as características presentes na água são fruto de suas condições naturais atreladas ao uso e ocupação do solo, ou seja, a qualidade da água é consequência tanto de fenômenos naturais quanto da atuação antrópica (SCHNEIDER, 2017). Tubbs et al. (2011) também afirma que “a atividade de extração de areia é responsável pelas mudanças físico-químicas da água subterrânea aflorante nas cavas ”, neste sentido, faz-se necessário uma Avaliação do Impacto Ambiental, sendo um instrumento previsto por lei que caracteriza todos os estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma determinada atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a análise da licença requerida pela Resolução CONAMA 237/97 e Análise Preliminar de Risco. De acordo com o Decreto Estadual 8468/76 (Legislação o Estadual) e a Resolução CONAMA 357/05 (Legislação Federal) os usos preponderantes dos recursos hídricos são, entre outros, para fins de abastecimento público e preservação do equilíbrio das comunidades aquáticas. Em vista disso, percebe-se que a necessidade de instrumentos e medidas de avaliação da qualidade da água são fundamentais para o acompanhamento dos efeitos da extração de areia. No que tange à poluição das águas, considerando que esta pode ser identificada por diversos parâmetros, a CETESB a partir de 2002, passou a utilizar índices específicos para cada uso do recurso hídrico, são exemplos desses: IAP (Índice de Qualidade de Águas Brutas para Fins de Abastecimento Público) - é composto por três grupos principais de variáveis, sendo estes: [1] Grupo de variáveis básicas, ou seja, (temperatura, turbidez, oxigênio dissolvido, potencial hidrogeniônico, demanda bioquímica de oxigênio - DBO, nitrogênio, fósforo, coliformes totais e termotolerantes) ; [2] Variáveis que indicam a presença de substâncias tóxicas (Potencial de Formação de Trihalometanos - PFTHM, Número de Células de Cianobactérias, Cádmio, Chumbo, Cromo Total, Mercúrio e Níquel); [3] Grupo de variáveis que afetam a qualidade organoléptica (Ferro, Manganês, Alumínio, Cobre e Zinco). IVA (Índice de Preservação da Vida Aquática) - leva em consideração o Índice do Estado Trófico, classificaçãodos corpos d’água em diferentes graus de trofia (avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas e cianobactérias), além de dois grupos de variáveis, sendo estes: [1] Grupo de variáveis essenciais (oxigênio dissolvido, pH e toxicidade), que correspondem a padrões de qualidade de água estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05; [2] Grupo de substâncias tóxicas (cobre, zinco, chumbo, cromo, mercúrio, níquel, cádmio, surfactantes); Ademais, a Lei Estadual 13.577/09 e seu Decreto nº 59.263/13, que a regulamenta, determinam em seu artigo 3º os valores orientadores como instrumentos (Tabela 1: Valores orientadores para solo e água subterrânea no Estado de São Paulo, 2016), dentre outros, para 5 a implantação do sistema de proteção da qualidade do solo e para o gerenciamento de áreas contaminadas: VI - Valor de Intervenção: concentração de determinada substância no solo e na água subterrânea acima da qual existem riscos potenciais diretos e indiretos à saúde humana, considerado um cenário de exposição genérico; VP - Valor de Prevenção: concentração de determinada substância acima da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo e da água subterrânea; VRQ - Valor de Referência de Qualidade: concentração de determinada substância no solo e na água subterrânea que define um solo como limpo ou a qualidade natural da água subterrânea. Tabela 1: Valores orientadores para solo e água subterrânea no Estado de São Paulo (2016) (Adaptado de CETESB, 2016) De acordo com Mechi e Sanches (2010), a maior parte das cavas de mineração abertas em várzeas para extração de areia resulta em lagoas, que embora com destino à usos urbano, agropecuário ou de preservação compatíveis, têm seus planos de recuperação ignorados, resultando em lagos abandonados e em processo de eutrofização. No caso da extração de areia no Vale do Paraíba, podemos observar também a influência das cavas no balanço hídrico regional devido a evaporação da água dos lagos artificiais. Segundo o estudo “A influência das cavas de extração de areia no balanço hídrico do vale do Paraíba do Sul”, considerando que o cultivo de arroz irrigado é uma das atividades mais importantes no Vale do Paraíba, observou-se que os cultivos de arroz irrigado consomem cerca de 4000 m^3/ha/ano e as cavas de extração de areia consomem 11.099,1 m^3/ha/ano, ou seja, estas consomem 2,8 vezes mais água do que o cultivo de arroz irrigado por unidade de área na região do Vale. 6 3. MONITORAMENTO AMBIENTAL Apesar de a areia ser um componente essencial para a construção civil, sua extração causa diversos danos ao meio ambiente e à sociedade, por isso a fiscalização e o monitoramento ambiental se tornam extremamente necessários nas regiões do Vale do Paraíba. Entretanto, para isso se concretizar devem-se distinguir as regiões conforme suas legislações, perfis ambientais, sociais e políticos, de forma que as decisões e punições sejam tomadas conforme o contexto regional. Sendo assim, este trabalho dará um enfoque maior para as legislações e normas dos municípios de São José dos Campos e Jacareí. Os principais órgãos responsáveis pela fiscalização dessas regiões são o Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais - DEPRN, a CETESB - Companhia Ambiental do Estado de SP, as Prefeituras e a Polícia Militar Ambiental - PMAmb. Entretanto, estes não são os únicos. Os integrantes do segundo, terceiro setor, como as indústrias, empresas e ONGs, e o povo também podem participar das decisões feitas pelo governo, a partir de debates. Porém, isto não foi o que realmente aconteceu em Jacareí, as ONGs e a população não deram o apoio necessário para deter a atividade mineradora, em detrimento da situação que ocorreu em São José dos Campos (RIBEIRO, 2010). 3.1. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS A Lei nº 3.666/89, artigo 1, estabelece o Município de São José dos Campos como integrante da Classe 2, de leitos de rios que atravessam o Município, assim, proíbe-se a atividade minerária em regiões que atravessam o perímetro urbano do Município, que estejam a menos de 400 metros da jusante e a montante de pontes, captações de água e obras de travessia que tenha seu apoio assentado sobre o leito do rio, margens de vegetação ciliar de significativa importância e que abrangem Áreas de Proteção dos Mananciais ou de Proteção Ambiental. Conforme a Lei Orgânica, nos artigos nº 22, IX e nº 230, VI , o Município em parceria com a União e/ou com o Estado deve registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direito de pesquisa e exploração dos recursos minerais e hídricos. Porém, por mais que em 1990 a atividade mineradora tenha sido proibida no município de São José dos Campos, há ainda diversos casos de extração ilegal de areia, e consequentemente conflitos entre agropecuários e mineradoras. De seis concessões de lavras apenas uma empresa (Mibracen - Proc. DNPM 820559/96) está devidamente licenciada e opera oficialmente na região restritiva do Zoneamento Territorial. (IPT, 2002) 7 A partir da proibição de extração de areia em São José dos Campos, o município foi alvo de grandes polêmicas como a disputa de terras entre a atividade areeira e os agropecuários, e os questionamentos relacionados ao consumo de areia sem haver produção, ou seja, para toda construção seria necessário importar areia de outro território. Em relação às disputas de terras é previsto no art. 259 da Lei Orgânica de São José dos Campos que “as áreas de várzea dos Rios Paraíba do Sul e Jaguari deverão ser protegidas como patrimônio ambiental e paisagístico destinados às atividades agrícola, pecuária, minerária, de lazer e recreação, estas duas últimas apenas no caso de planos de recuperação das áreas mineradas.” Já em relação à questão de que se é correto ou não a extração de areia de outros municípios, pode-se atentar às diretrizes e programas do desenvolvimento econômico minerário. No qual a partir do Plano de desenvolvimento integrado de São José dos Campos, deve-se: - Promover a elaboração do Plano Minerário do Município, integrando neste processo a participação dos municípios do médio Vale do Paraíba; - Promover a regulamentação do zoneamento minerário baseada nas diretrizes estabelecidas no "Plano Minerário"; - Mover gestões junto ao Governo Federal no sentido de ampliar a ação fiscalizatória, objetivando incrementar a arrecadação, diminuindo a evasão de receita; Em suma, conclui-se que as etapas do processo de extração vêm desde o estudo sobre a área, planejamento, monitoramento, recuperação de áreas degradadas e punição dos infratores, de modo que englobe os Municípios do médio Vale do Paraíba. 8 Figura 1: Ilustração da região de São José dos Campos , (Adaptado em Google Earth, 2021) 3.2. JACAREÍ O Rio Paraíba na região do município de Jacareí era usado para a população beber água e se banhar, atualmente ele é entornado por cavas inativas, águas poluídas e eutrofizadas. Parte disso tudo, tem origem na extração de areia no Vale do Paraíba, como um todo. Essa região no ano de 2006, conforme a ALESP - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo em 2016, abrangia 5% da produção nacional de areia e 25% da produção do Estado de SP, no qual 80% desta era utilizada na capital. Conforme o estudo de verificação da situação das cavas de areia de alguns municípios do Vale do Paraíba, realizado pelo INPE (2009), o município de Jacareí abrange 38 cavas, nas quais 10 estão ativas e 28 estão inativas, já São José dos Campos apresentou um total de 13 cavas, todas desativadas. Ao comparar os anos de 2004 e 2008, pode-se notar um aumento de 23% da área de cavas em Jacareí, representando aproximadamente 66 ha. Conforme a Lei nº 5867/14, seção V, da Macrozona de Mineração - MM, o art. 58, deve-se conservar o ambiente das várzeas e das áreas urbanizadas, manter a disponibilidade e a qualidade das águas do Rio Paraíba do Sul, preservar a fauna e flora, promovendo odesenvolvimento socioeconômico da região junto à preservação ambiental. No entanto, o maior empecilho para o meio ambiente é o fato de que os empreendedores não fazem a devida recuperação ambiental da área degradada. Segundo a Lei nº 2811/90 das disposições finais e transitórias, art. 149, é da obrigação daquele que explora 9 os recursos minerais realizar a devida recuperação do meio ambiente. Por isso, a fiscalização concomitantemente à punição dos infratores é extremamente necessária. Figura 2: Ilustração da região de Jacareí (Adaptado de Google Earth, 2021) 4. RECUPERAÇÃO AMBIENTAL O processo de recuperação ambiental de áreas degradadas compreende dois tipos de operações (AGRA, 2002), sendo elas: - Recuperação física referente à adoção de medidas para a estabilização do terreno minerado com a constituição de bermas e taludes; - Recuperação biológica referente à implantação de vegetação nativa ao redor da área minerada. No que tange à região do Vale do Paraíba, especificamente o subtrecho da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul compreendendo os municípios de São José dos Campos, Jacareí, Caçapava, Pindamonhangaba, Taubaté e Tremembé, tem-se o amparo legal da Resolução SMA, n° 28, de 22 de setembro de 1999, a qual fala sobre o zoneamento ambiental para mineração de areia e acrescenta que a zona de recuperação compreende as áreas definidas como prioritárias à recuperação ambiental, objetivando compatibilizá-las com os usos urbanos, agropecuário ou de preservação, segundo sua localização específica, observados os seguintes critérios : 10 - Apresenta empreendimentos em processo avançado de esgotamento das reservas de areia, com grande número de cavas que inviabilizam a sua ampliação; - Existência de empreendimentos desativados; - Localização de empreendimentos lindeiros à zona de proteção - ZP; - Proximidade de áreas urbanizadas. Segundo o Plano Diretor do município de Jacareí (2003), a atividade de mineração deve ter uma distância de 100 metros das margens do Rio Paraíba do Sul e ao longo das áreas de vegetação remanescentes, respeitando as áreas de preservação ambiental. Além disso, a instituição que exercer atividade minerária na região, deve possuir e apresentar um Projeto de Recuperação das Áreas Degradadas. Para exemplificar, pode-se citar um estudo de Recuperação da Paisagem do Bairro Lagoa Azul - Jacarei SP. Conforme o Ordenamento Territorial do Município de Jacareí, ele se localiza em uma Zona de Interesse Social (Figura 2), mas é cercado por cavas de areia inativas e lixos domésticos jogados. As etapas para recuperação da área degradada foram cercar a área a ser recuperada, recuperar a margem de 100 m estabelecida pelo Plano Diretor, e realizar o aterramento das cavas inativas. Após o manejo e conservação da área degradada, é de extrema importância a implementação de programas de conscientização e sensibilização da poluição doméstica, especialmente nesta região que possui baixo grau de escolaridade. Além disso, deve-se realizar uma recuperação biológica a partir do reflorestamento das espécies nativas por conta do desmatamento pré-exploração de areia. E por fim, realizar o devido aterramento da área, a partir das condições socioeconômica, ambiental e política da região. Uma das propostas da Secretaria do Meio Ambiente do Município foi o aterramento de entulhos da construção civil sem contaminantes, a sedimentação e a solidificação. (MONTOIA & BASTOS, 2007). Neste sentido, pode-se levantar uma discussão em relação aos riscos apresentados tanto à saúde quanto ao meio ambiente, uma vez que um ambiente preservado, é adequado para uma população disposta e saudável. São, portanto necessárias, providências a fim de diminuir os impactos que esta degradação causa à população, tais como a influência na paisagem e a proximidade das cavas com as casas, o que pode causar acidentes. Ademais, as cavas possuem aspectos de eutrofização, os quais influenciam em impasses como crescimento exorbitante da vegetação, constante florações das águas, presença de insetos e eventual odor forte, o que afeta a população (MONTOIA & BASTOS, 2007). 11 5. CONCLUSÃO Conforme exposto, é comum a atividade de extração de areia na região metropolitana do Vale do Paraíba e, ainda que a mesma tenha sido proibida no município de São José dos Campos, é evidente o impacto causado pelas cavas desativadas, levando anos para a recuperação de tal área degradada, em que as cavas são preenchidas por água inutilizada, poluída e sem vida. Figura 3: Cavas inativas em São José dos Campos (Thiago Leon, 2013). Além disso, deve-se considerar a questão da vulnerabilidade ambiental, a qual está intimamente relacionada à situação econômica dos habitantes da região analisada; a expansão urbana influenciou fortemente no fenômeno de ocupações, às quais ocorriam muitas vezes em locais impróprios, sujeitos a deslizamentos, próximos a rodovias, etc, havendo pouca fiscalização em relação às áreas preservadas ou institucionais, que foram habitadas sem qualquer tipo de infraestrutura adequada. (Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - Jacareí/SP, 2015). Logo, como a situação que o meio ambiente oferece é consequência da condição econômica que a população apresenta, pode-se considerar que a pobreza é um dos agentes principais que influencia na presença de bairros clandestinos, ocasionando um risco ambiental (MONTOIA & BASTOS, 2007). Propõe-se, portanto, que junto ao manejo e conservação da área degradada, haja algum programa ou campanha de educação ambiental, para que a população possa ter a consciência e sensibilidade em relação à sua localidade (há situações em que, por falta de conhecimento, 12 a população influencia no impacto, ao utilizar uma cava desativada como recipiente de lixo doméstico, por exemplo), respeitando as etapas de recuperação da área. Além disso, podem ser promovidas, através de ações governamentais, outras formas de recuperação de áreas degradadas, como a transformação das cavas em lagoas para lazer, como a piscicultura e a prática de esportes náuticos, para a população que vive ao entorno, ou até mesmo transformar em um lago artificial, como foi realizado no Parque Ibirapuera. REFERÊNCIAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Elaboração e apresentação de projeto de reabilitação de áreas degradadas pela mineração. ABNT NBR 13030:1999, 1999. 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