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MILLER GUIA PARA ,.", A DISSECÇAO ~r ,.", DOCAO TERCEIRA EDiÇÃO EVANS & de LAHUNTA - INfRODUÇAO A anatomia é o estudo da estrutura e a fisiologia é o estudo da função. Estrutura e função são inseparáveis como a base da ciência e a arte da medicina. A anatomia deve conhecer primeiro determinadas partes do corpo, para que a fisiologia possa apreciar como essas funcio- nam. A anatomia macroscópica é o estudo das estruturas que podem ser dissecadas e observadas a olho nu, ou com o auxílio de lupas, e cons- titui o tema principal deste livro. A anatomia de uma região com relação a outras regiões do corpo é designada como anatomia topográfica. A aplicação prática do co- nhecimento em anatomia no diagnóstico e no tratamento de condições patológicas denomina-se anatomia aplicada. O estudo de estruturas extremamente pequenas, que para serem vistas requerem o emprego de microscópio, refere-se à anatomia microscópica. A observação deta- lhada de estruturas só é possível por meio do microscópio eletrônico e constitui a anatomia ultra-estruturaI. Quando um animal adoece ou alguns de seus órgãos funcionam de modo impróprio, a alteração do estado normal é estudada pela anatomia patológica. O estudo do de- senvolvimento do indivíduo desde o oócito fertilizado até o nascimento é realizado pela embriologia, e aquele do zigoto até a fase adulta, pela anatomia do desenvolvimento. A teratologia representa o estudo do desenvolvimento anormal. ETIMOLOGIA MÉDICA E NOMENCIATURAANATÔMICA O estudante de anatomia confronta-se com uma variedade des- conhecida de tern10S e nomes de estruturas anatômicas. Logo, uma in- terpretação melhor da linguagem empregada em anatomia faz com que o estudo seja mais compreensível e interessante. Para a publicação de trabalhos científicos e a comunicação entre profissionais, o conhecimento da terminologia anatômica é uma necessidade. Com o intuito de asse- gurar o entendimento dos termos anatômicos básicos, um dicionário médico deve estar acessível e ser consultado freqÜentemente. É muito importante aprender a grafia, a pronúncia e o significado de todos os termos novos encontrados. As estruturas dos vertebrados são numero- sas e, muitas vezes, os nomes usuais não são viáveis, podem ser vagos ou sem sentido. Uma vez que se entenda o porquê, é aconselhável ter um glossário de termos internacionais que possa ser compreendido por cien- tistas em todos os países. O aprendizado do vocabulário médico pode ser auxiliado pela habilidade no emprego das raízes e afixos gregos e latinos. Nosso vocabulário médico atual tem uma história de mais de 2.000 anos e reflete as influências de vários idiomas. Os primeiros escritos de anatomia e medicina foram quase que totalmente redigidos em latim e, como conseqÜência, a maioria das raízes dos termos anatômicos deriva dessa língua clássica. Os termos latinos são comumente traduzidos para o vernáculo do profissional que os emprega. ConseqÜentemente, o la- tim hepar torna-se tiver em inglês,foie em francês, higado em espanhol e leber em alemão." Embora a terminologia anatômica procure ser o mais uniforme possível, uma disparidade nos termos tem-se originado entre os diver- os campos da pesquisa e entre os diferentes países. Em 1895, um grupo composto principalmente de anatomistas germânicos sugeriu uma nova . do T.: Fígad(, em português. relação de termos, dos quais muitos estão em uso pelo mundo. Tal rela- ção, conhecida como Basle Nomina Anatomica (BNA), não foi aceita internacionalmente, porém determinou a base para a presente Nomina Anatomica (NA), que foi aprovada pelo Congresso Internacional de Ana- tomistas em Paris, em 1955. Dos 5.640 termos padronizados, mais de 80% foram mantidos da BNA. A revisão mais recente da Nomina Anatomica é a quinta edição, publicada pela Editora Williams & Wilkins em 1983. Os preceitos de nomenclatura a serem seguidos, expressos na Nomina Anatomica, são para não se fazerem alterações por motivos puramente pedantes ou etimológicos; manter termos curtos e simples; dar nomes similares a estruturas intimamente relacionadas; evitar o uso de epônimos; empregar termos com algum·valor informativo ou descri- tivo; utilizar adjetivos diferenciais e opostos (por exemplo: superficial e profundo); adotar termos simples como regra geral e permitir alterna- tivas somente como exceções; resistir a nominar estruturas insignifican- tes, mesmo que descobertas ou descritas, e usar o latim para todos os termos. Os anatomistas, reunidos em comissões, têm dedicado tempo e reflexão consideráveis, objetivando o aperfeiçoamento da terminologia anatômica. O Comitê Internacional sobre a Nomenclatura Anatômica Veterinária, indicado pela Associação Mundial de Anatomistas Veteri- nários, publicou a Nomina Anatomica Veterinaria dos animais domés- ticos em 1968. Essa Nomina foi revisada em sua terceira edição, de 1983, e serve como base para a nomenclatura utilizada neste livro. TERMOS DE DIREÇÃO A compreensão dos planos, posições e direções relativas ao cor- po do animal ou de suas regiões é necessária, a fim de atender aos pro- cedimentos das dissecções (Fig. I). PLANO:é uma superfície, real ou imaginária, ao longo da qual doi pontos quaisquer podem ser conectados por uma linha reta. Plano mediano: divide longitudinalmente a cabeça, o corpo ou os membros em metades iguais, direita e esquerda. Plano sagital: passa através da cabeça, do corpo ou dos membroJ. paralelamente ao plano mediano. Plano transversal: corta transversalmente a cabeça, o corpo ou o membros em um ângulo reto ao longo do seu eixo maior, ou transver- salmente, através do eixo maior de um órgão ou de uma região anatô- nuca. Plano dorsal: passa em ângulos retos aos planos mediano e trans- versal e, conseqÜentemente, divide o corpo, ou a cabeça, em porçõe" dorsal e ventral. DORSAL:na direção ou relativamente próximo ao dorso e às perfícies correspondentes da cabeça, do pescoço e da cauda; quanto membros, esse termo está indicado para a face superior do carpo. mer •• carpo, tarso, metatarso e dedos (lado oposto ao dos coxins). VENTRAL:na direção de ou relati vamente próximo ao ventre dome) e às superfícies correspondentes da cabeça, do pescoço. do tóra't e da cauda. Esse termo nunca deve ser empregado para os membros_ MEDlAL:na direção do ou relativamente próximo ao plano m...."<';~. no. LATERAL:estrutura distante ou relativamente afastada do ,ç mediano. CRANIAL:na direção da ou relativamente próximo à cabe'-. membros, usa-se esse termo como proximal para o cafTV' e Quando se refere à cabeça. o termo é substituído Dor ro· Plano mediano 2 Plano dorsal INTRODUÇÃO ca!Jdal -:> Plano transversal ----.J Fig. 1 Termos de direção. ROSTRAL:na direção do ou relativamente próximo ao nariz; usa- do somente para a cabeça. CAUDAL:na direção da ou relativamente próximo à cauda; nos membros, aplica-se distal para o carpo e o tarso. O mesmo termo tam- bém é usado com relação à cabeça .. Os adjetivos para os termos de direção podem ser modificados e utilizados como advérbios de modo, substituindo-se a terminação -al- pela terminação -mente-, como em dorsalmente .. Certos termos, cujos significados são mais restritos, são empre- gados para a descrição de órgãos ou dos apêndices locomotores. INTERNo:intimamente relacionado com, ou na direção do centro de um órgão, da cavidade corpórea ou de uma estrutura anatômica. EXTERNO:afastado do centro de um órgão ou de uma estrutura. SUPERHOAL:relativamente próximo à superfície do corpo ou à superfície de um órgão maciço (parenquirnatoso). PROFUNDO:relativamente próximo ao centro do corpo ou ao cen- tro de um órgão maciço. PROXIMAL:relativamente próximo à raiz ou origem principal; uti- lizado para a extremidade fixa dos membros e cauda unidos ao corpo. DISTAL:afastado da raiz ou origem principal; nos membros e cau- da, usa-se para a extremidade livre. RADIAL:sobre o lado do antebraço em que o rádio está localiza- do, logo medialmente nesta região. ULNAR:sobre o lado do antebraço em que a ulna está localizada, logo lateralmentenesta região. TIBIALEFIBULAR:correspondendo aos lados da perna, o lado tibial sendo medial e o fibular, lateral. No cão e nas espécies similares, a pata é a região dos membros, torácico ou pélvico, distal ao rádio e à ulna ou à tíbia e à fi.bula, respec- tivamente. A mão e o pé no homem são homólogos às extremidades distais dos membros torácico e pélvico do cão, respectivamente. PALMAR:face da mão em que os coxins estão localizados - a face que entra em contato com o solo quando o animal encontra-se com os quatro membros em estação. PLANTAR:a face do pé em que os coxins estão localizados, ou seja, face que entra em contato com o solo quando o animal encontra-se com os quatro membros em estação. A face oposta para mãos e pés é conhe- cida como. face dorsal. EDm: a linha central do corpo ou de qualquer de suas .regiões. Ax!AL,ABAXIAL:do eixo, pertencente ou relativo ao eixo. Quando se referir aos dedos, o eixo funcional dos membros deve passar entre o terceiro e o quarto dedos. A face axial de cada dedo volta-se para o eixo, enquanto a face abaxial afasta-se dele. Os termos a seguir são aplicados a vários movimentos básicos executados por partes do corpo. FLEXÃo:o movimento,de tim osso com relação a outro, de tal modo que o ângulo formado por sua articulação é reduzido. O membro está retraído ou dobrado, e o dorso e os dedos encontram-se curvados dor- salmente. EXTENSÃO:o movimento de um osso sobre outro, de maneira que o ângulo formado por sua articulação aumenta. O membro se alonga ou estende, e os dedos e o dorso estão alongados. A extensão além de 1800 é denominada hiperextensão. ABDUÇÃO:o movimenfo de uma porção do corpo afastando-se do plano mediano. ADuçÃo: o movimento em direção ao plano mediano. C1RcuNDuçÃo:o movimento de uma porção do corpo ao descre- ver a superfície de um cone (por exemplo: o braço estendido desenhan- do um círculo). ROTAÇÃO:o movimento de uma porção ao redor do seu eixo lon- gitudinal (por exemplo: a ação do rádio no antebraço humano ao se usar uma chave de fenda). A direção de rotação de um membro ou do seg- mento de um membro sobre seu eixo longitudinal é designada pela di- reção do movimento de sua face cranial ou dorsal (por exemplo: na ro- tação medial do braço, a crista do tubérculo maior do úmero gira me- dialmente). SUPINAÇÃO:rotação lateral de um apêndice, de maneira que as faces palmar ou plantar das mãos e pés voltam-se em sentido medial ou dorsal. INTRODUÇÃO Fig. 2 Esqueleto do cão adulto. PRONAÇÃO: rotação medial de um apêndice da posição supina, de modo que as faces palmar ou plantar fiquem voltadas ventralmente. Nas radiografias, a incidência é descrita com relação à direção de penetração pelos raios X: desde o ponto de entrada até o ponto de saída de uma parte do corpo. Incidências oblíquas são descritas com uma combinação de termos (exemplo: uma incidência do carpo com o tubo de raios X perpendicular à face dorsal e o filme na face palmar será uma incidência dorsopalmar. Se o tubo de raios X for posicionado na dire- ção da face dorsomedial do carpo e o filme, na face palmolateral, a in- cidência será oblíqua dorsomediopalmolateral). DISSECÇÃO O cão, quando indicado como uma espécie para dissecção, deve ser preparado de modo humanitário. É anestesiado com pentobarbital por punção da veia cefálica, seguindo-se a exsangüinação por meio de cânula introduzida na artéria carótida comum. Tal método permite a ação de bombeamento do coração, com a finalidade de esvaziamento dos vasos sanguíneos, antes da injeção com o líquido conservador, consis- tindo em 8% de formalina e 2% de fenol em solução aquosa. O líqui é então injetado sob cinco libras de pressão, por um período de aproxi- madamente 30 minutos. Após esse procedimento, as artérias são injerz- das utilizando-se uma seringa de 50 ml com látex vermelho, també~ pela artéria carótida comum. O animal preparado representa um in\'e;;- timento considerável de material e trabalho e, por isso, deve ser man::- seado com cuidado, pois facilitará a dissecção e o estudo durante todo período letivo. Uma gaze com 2% de fenoxietanol, 1% de fenol ou tro agente antifúngico e um envoltório plástico são indicados para ume- decer e envolver as extremidades distais dos membros e a cabeça, e cob;:_ todo o cadáver entre os períodos de dissecção. A refrigeração é de gra.;;.- de auxílio para o armazenamento, porém não é essencial. Há certas condutas e procedimentos que geralmente são reconhe- cidos como favoráveis ao aprendizado da anatomia. O propósito da cEs- secção é o entendimento bem definido das estruturas normais do cof?C e uma apreciação da variação individual. MILLER GUIA PARA ,."" A DISSECÇAO '. ,."" DOCAO - TERCEIRA EDIÇAO EVANS & de LAHUNTA •• PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO Inicialmente, faça uma incisão da linha médio-ventral, no nível do membro torácico, até o lado medial da articulação do cotovelo direi- to. Faça uma incisão circular na pele na junta do cotovelo. Faça inci- sões na pele das linhas médio-ventral a médio-dorsal, no nível do umbi- go e na parte cranial do pescoço. Rebata a pele para o plano médio-dor- sal, deixando os músculos cutâneos e a fáscia superficial no cão. Na dissecção seguinte de nervos e vasos, as artérias podem ser reconhecidas pelo látex vermelho que foi injetado no sistema arterial. As veias, às vezes, conterão coágulos sangüíneos, de coloração escura. VASOS E NERVOS DO PESCOÇO No cão, existem oito pares de nervos espinhais cervicais. O pri- meiro nervo cervical passa pelo forame lateral do atlas. Os nervos res- tantes passam através dos forames intervertebrais que se sucedem. O oitavo nervo cervical emerge do forame intervertebral que fica entre a étima vértebra cervical e a primeira torácica. Imediatamente após dei- xarem os forames, os nervos se dividem em ramos ventrais grandes e ramos dorsais pequenos. Os ramos dorsais inervam estruturas dorsais às vértebras (ver Fig. 93) e não serão dissecados. Ao dissecar nervos, é útil separar, delicadamente, os tecidos mediante a inserção de uma te- oura e sua abertura posterior, para afastar os tecidos. Faixas fasciais de tecido conjuntivo se romperão, mas os nervos em geral resistem. Outro método para expor nervos consiste em raspar os tecidos moles, seguin- do o caminho mais provável sobre a superfície de um músculo ou entre músculos, com uma pinça de ponta fina. Logo que algum nervo seja visível, siga-o em ambas as direções. Palpe a asa do atlas e disseque a fáscia próxima à sua borda cau- doventral, para descobrir o ramo ventral do segundo nervo cervical (Fig. 9), que se encontra ao lado ou profundamente, com relação à borda audoventral do platisma, que é dorsal à veiajugular externa. Separe a fáscia que encobre o nervo até encontrá-lo. Ele emerge entre os múscu- los cleidomastóideo e omotransverso. O ramo ventral do segundo ner- \'0 cervical divide-se em dois ramos cutâneos: (1) O grande nervo au- ricular estende-se em direção à orelha. Ele se ramifica e inerva a pele do pescoço, da orelha e atrás da cabeça com ramos sensoriais. Rastreie o nervo até o ponto permitido pelas reflexões musculares e cutâneas presentes. (2) O nervo cervical transverso ramifica-se na pele da parte ranioventral do pescoço, e não precisa ser dissecado. A veia jugular externa (Fig. 90), bilateralmente no pescoço, é formada pelas veias linguofacial e maxilar. O corpo ovóide que se en- contra na bifurcação formada por aquelas veias é a glândula salivar mandibular (ver Fig. 13). Os linfonodos mandibulares (ver Fig. 13) encontram-se em ambos os lados da veia linguofacial, ventralmente à glândula salivar mandibular. Aplique uma ligadura e seccione transversalmente a veia jugu- lar externa aproximadamente em sua metade, rebatendo cada extremi- dade. Em algumas espécies, as veias omobraquial e cefálica (Fig. 90) podem ser observadas entrando na veia jugular, após cruzarem o om- bro. Elas podem ser seccionadase rebatidas. Livre o músculo ester- ::locefálico e seccione-o a 3 cm de sua origem. Rebata o músculo cra- niodorsalmente, até um ponto cranial ao local onde o segundo nervo cer- ical o cruza. Seccione o braquiocefálico transversalmente, 1cm cranial- mente à interseção clavicular. Rebata-o em direção a suas inserções cervical e mastóidea. Os linfonodos cervicais superficiais encontram-se em uma pe- quena área de tecido, cranial ao ombro. Eles se localizam profundamente às partes cervicais dos músculos braquiocefálico e omotransverso, e recebem drenagem linfática da área cutânea da cabeça, do pescoço e do membro torácico. O nervo acessório ou 11." nervo craniano (Fig. 90) é um nervo grande, encontrado profundamente às partes craniais do músculo ester- nocefálico. À medida que ele emerge do cleidomastóideo, cruza o se- gundo nervo cervical, corre ao longo da borda dorsal do orno transverso e termina na parte torácica do trapézio. Disseque o espaço entre o trapé- zio e o cleidocervical e identifique esse nervo passando caudalmente ao trapézio. O nervo acessório é o único nervo motor do trapézio. Além disso, ele inerva, em parte, o orno transverso e as porções mastóidea e cervical çlo braquiocefálico e do estemocefálico. Libere a borda ventral do omotransverso e a levante. Procure pelos ramos ventrais dos terceiro, quarto e quinto nervos cervicais (Fig. 89), que estão distribuídos de maneira segmentar para os músculos e a pele do pescoço. O terceiro e o quarto nervos, após emergirem dos forames intervertebrais, passam através da fáscia profunda e do omotransverso. Pode ser difícil identificar cada nervo cervical, e não é necessário fazê-lo. Seccione o estemoióideo e esternotireóideo, que estão fundidos, a uns 2 cm de sua origem, e rebata-os até as suas inserções. Partes da traquéia, da laringe, da glândula tireóide, do esôfago e da bainha da carótida estão expostas. Identifique essas estruturas em seu espécime. Note a artéria carótida comum dorsal ao estemotireóideo. Colado ao seu lado medial, está o tronco do nervo vagossimpático. O linfonodo re- trofaríngeo medial (ver Fig. 13) encontra-se no lado oposto à laringe, ventrolateralmente à bainha da carótida. TÓRAX Vasos superficiais e nervos da parede torácica Antes de dissecar as veias e nervos torácicos, estude as Figs. 91 e 94, que mostram o padrão de distribuição dessas estruturas. Note que a artéria e o nervo de cada espaço intercostal dividem-se em ramos dor- sais e ventrais. Os ramos dorsais entram nos músculos epaxiais. Os ra- mos ventrais descem os espaços intercostais, junto à borda caudal de cada costela. Os ramos arteriais dorsais e ventrais derivam das artérias inter- costais dorsais. As três primeiras artérias intercostais vêm de um ramo do tronco costocervical, e as nove restantes vêm da aorta. As attérias e veias intercostais dorsais têm ramos cutâneos laterais que perfuram os músculos intercostais e adjacentes para irrigar estruturas cutâneas, in- cluindo as glândulas mamárias torácicas. As artérias e veias intercos- tais dorsal passam ventralmente, onde se anastomosam com os ramos e/ou tributárias intercostais ventrais da artéria e das veias torácicas in- ternas, respectivamente. Na superfície ventral de cada espaço intercos- tal, ramos perfurantes dos vasos torácicos internos emergem e suprem estruturas cutâneas e as glândulas mamárias torácicas. 68 PESCOÇO, TÓRAX E :MEMBRO TORÁCICO (I - - Esternocefálico - - -Cleidomastóideo I I Tronco vagossimpáticoI I Omotransversal Fig. 89 Ramos ventrais dos nervos espinhais cervicais que emergem da musculatura cervical. Os ramos nervosos dorsais e ventrais derivam de cada nervo es- pinhal, à medida que ele emerge do forame intervertebral. Os ramos ventrais dos primeiros 12 nervos torácicos são nervos intercostais e têm ramos cutâneos laterais e ventrais e ramos mediais. Estes é que vão majoritariamente para os músculos. Fileiras de ramos cutâneos laterais e dorsais dos nervos intercos- tais, das artérias e veias emergem a intervalos regulares entre as costelas e suprem o músculo cutâneo, o tecido subcutâneo e a pele. Os nervos do lado dorsal vêm dos ramos dorsais dos nervos torácicos. Uma fileira de ramos cutâneos ventrais emerge pela origem do músculo peitoral profun- do, após penetrar as suas terminações ventrais nos espaços intercostais. Esses vasos são ramos perfurantes da artéria 'e da veia torácicas internas. Os nervos são ramos terminais dos nervos intercostais. Embora eles emer- jam em intervalos regulares, nem todos serão vistos na dissecção. A mama torácica cranial é suprida pelos quarto, quinto e sexto vasos cutâneos ventrais e laterais respectivos e nervos, bem como por ramos dos vasos torácicos laterais. Os últimos são vasos suplementa- res, que serão dissecados mais tarde. A mama torácica caudal é suprida de maneira semelhante à anterior, pelos sétimo e sexto nervos e vasos cutâneos torácicos. Além disso, ramos mamários dos vasos epigástricos superficiais craniais su- prem essa mama. A axila é o espaço localizado entre o membro torácico e a parede torácica. Suas delimitações ventrais são os músculos peitorais, e dor- salmente seu limite é a inserção do serrátil ventral na escápula. Cranial- mente, estende-se abaixo dos músculos que vão do braço ao pescoço Caudal mente, uma extensão semelhante é encontrada abaixo dos mú culos grande dorsal e cutâneo do tronco. A artéria, a veia e os nervos torácicos laterais emergem dE axila, entre o grande dorsal e os músculos peitorais profundos. O nen', é motor para o cutâneo do tronco e pode ser encontrado em sua bordE ventral. Consiste em fibras dos ramos ventrais do oitavo nervo cerviez e do primeiro nervo torácico espinhal. Os vasos suprem o músculo. E pele e os tecidos subcutâneos, incluindo a mama torácica crania!. Even- tualmente, se esses vasos e nervos não forem prontamente identific.a- dos em sua dissecção, você poderá encontrá-Ios mais tarde, quando 05' vasos auxiliares e o plexo braquial estiverem dissecados. Seccione os músculos peitorais próximos ao estemo. Rebata-05' em direção ao membro torácico para expor a axila. O linfonodo axilar encontra-se dorsalmente ao músculo peitcr ral profundo e caudalmente à grande veia axilar, que vem do braço ..~~ maioria dos vasos linfáticos da parede torácica e de estruturas pro das do membro drena para este nodo. Cão vivo Palpe as estruturas no pescoço, ventrais às vértebras cervicais ....• laringe e a traquéia são prontamente palpáveis. O esôfago é geralmen~ muito mole para ser sentido, mas deve estar à esquerda da traquéia, c:: região médio-caudal cervical. Tente palpar o pulso na artéria carótie PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÃCICO 69 N. grande auricular (cervical li) - - N. radial, ramo superficial N. cervical I transverso I I V. jugular externa - - - - - V. omobraquial - - - - V. axilobraquial - - - - - V. cefálica - -- M. cleidobraql.!ial N. acessório A. e v. antebraquiais craniais superfiçiais V. mediana cubital - - -. N. cutâneo braquiallateral cranial (Axilar) - -- - - - V. cefálica A. e v. cervicais superficiais I I I N. cervical, ramo cutâneo medial N. antebraquial cutâneo caudal (Vlnar) N. intercostal 111, - ramo cutâneo ventral M. tríceps (cabeça lateral) A. e v. circunflexas umerais caudais N. torâcico li, ramo cutâneo lateral N. intercostobraquial - ~ .., V. e a. subescapular, ramos cutâneos V. e a. torác;cas internas, 111ramo cutâneo ventral A. e v. cervicais profundas, - ramos cutâneos Fig. 90 Estruturas superficiais da escápula e do braço, face lateral. Ela costuma seguir juntamente ao lado dorsolateral da traquéia, mas está muito profunda para permitir que se sinta um puIso regularmente. Cranial- mente, sinta a glândula salivar mandibular firme e ovalada e os linfono- dos mandibulares menores e mais soltos. Os últimos podem ser sentidos subcutaneamente, no ângulo da mandíbula. Caudalmente, no pescoço, sinta os linfonodos cervicais superficiais, craniais ao ombro e profundos aos músculos omotransverso e braquiocefálico.Estenda o pescoço e com- prima os vasos que entram no tórax, pelo acesso torácico, tentando distender a veiajugular externa, para deixá-Ia visível. Isso é mais difícil de se observar em raças com pêlos longos, sem remover antes os pêlos. Vasos e nervos profundos da parede torácica Exponha as origens lombares e costais do oblíquo abdominal externo e desprenda-as. Rebata o músculo ventralmente ao reto abdo- mina!. Rebata a mama, se for necessário. Libere a fixação torácica do reto abdominal, perto do esterno, e a primeira cartilagem costa!. Rebata o reto abdominal caudalmente, notando e cortando quaisquer nervos ou vasos que entrem na face profunda do músculo, no nível de qualquer um dos espaços intercostais. A artéria epigástrica cranial é um ramo terminal da artéria to- rácica interna, que emerge do tórax no ângulo entre o arco costal e o esterno. Ela passa caudal mente na face profunda do reto abdominal. A artéria epigástrica cranial dá origem à artéria epigástrica cranial su- perficial (ver Fig. 125), que perfura o músculo reto e corre caudalmen- te sobre a sua superfície. Essa artéria supre a pele acima do reto abdo- minal e da mama abdominal crania!. Os vasos epigástricos craniais con- tinuam na superfície profunda do reto abdomina!. A maioria de seus ra- mos termina nesse músculo. Faça incisões sagitais completas pela parede torácica, a I cm do plano mediano ventral de cada lado. Essas incisões devem estender-se 70 PESCOÇO, TÓRAX E lVIEMBRO TORÃCICO Ramo cutâneo lateral Ramo cutâneo lateral - Intercostal interno -- - - - Aorta A. intercostal dorsal Fig. 91 Transecção esquemática da parede torácica para mostrar a distribuição de uma artéria intercostal. / / Aorta Ramos intercostais ventrais A. intercostal Ramo cutâneo lateral A. torácica interna / /." / / / / : r Ramo cutâneo lateral ~ / Intercostal interna Ramos dorsais Vértebra torácica VII Intercostal interna Intercostal externa Fig. 92 Artérias intercostais vistas no interior da caixa torácica. PESCOÇO, TÓRAX E :MEMBRO TORÂCICO 71 I I Ramo comunicante para o tronco simpático Ramo cutâneo ventral Ramo ventral - I; N. intercostal -- Intercostal interno Ramodorsal Ramo lateral , Ramo cutâneo lateral Ramo cutâneo lateral -- Fig. 93 Esquema de um nervo espinhal torácico. N. torácico, ramo cutâneo, e ramos cutâneos laterais das a. e v. intercostais Tronco cutâneo A e v. epigástricas craniais superficiais N. intercostal, ramo cutâneo lateral Ramos perfurantes da artéria e da veia torácicas, e n. intercostal, ramo cutâneo ventral I I I I 1 A, v. e n. torácicos laterais - - A e v. subescapulares, ramos cutâneos N. intercostobraquial, h_ 2' n. intercostal, ramo cutâneo lateral Fig. 94 Vasos e nervos superficiais do tórax, face lateral direita. 72 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 2' vértebra torácica Es6fago A. subclávia esquerda Tronco braquiocefálico Cavidade pleural Timo 3' esternebra M. longo do pescoço Traquéia Veia cava cranial Pulmão direito, lobo cranial Pleura pulmonar Pleura parietal costal Pleura parielal mediastínica Mediastino cranial Fig. 95 Secção transversal esquemática do tórax através do mediastino cranial, face caudal. Aorta Mediastino dorsal Lobo caudal Ligamento pulmonar esquerdo Mediastino médio Lobo cranial do pulmão esquerdo, parte caudal Pleura pulmonar Pericárdio seroso parietal Pericárdio fibroso Pleura pericárdica mediastínica Cavidade pericárdica Pericárdio visceral seroso (epicárdio) Esterno, 5"segmento 6' vértebra torácica V. ázigos Esôfago Lobo caudal Lobo acessório Veia cava caudal Prega da veia cava Pleura pulmonar Pulmão direito, lobo médio Pleura parietal costal Fig. 96 Secção transversal esquemática do tórax através do coração, face caudal. PESCOÇO, TÓRAX E JYIEMBRO TORÂCICO 73 Brônquios Superfície diafragmática __ ~ . 1 Lobo caudal __ J I I I I 1 L __ Parte cranial do lobo cranial Parte caudal do lobo cranial L __ A. pulmonar Vv. pulmonares r- I , S A r- - I I I , I ,o alR Sulco aórtico - - l I I I Ligamento pulmonar __ , R G E 'M m Fig. 97 Pulmão esquerdo, face media!. - Baço - - Diafragma +.- - 13' costela - - - - Estômago Pulmão, lobo caudal , Lobo acessório do pulmão direito Coração Pulmão, parte caudal do lobo cranial 6' costela- Pulmão, parte cranial do lobo cranial Tronco costocervical _ . Fig. 98 Vísceras torácicas no interior da caixa torácica, face lateral esquerda. a partir do acesso torácico, através da oitava cartilagem costa!. O mús- culo transverso torácico se encontra na superfície interna do esterno e das cartilagens costais. Conecte as terminações caudais das incisões to- rácicas sagitais direita e esquerda e libere o estemo, exceto na prega larga e fina do mediastino, que é agora a única junção. Na metade direita do tórax, limpe e seccione a origem do grande dorsal e rebata-a em direção ao membro torácico. Localize e seccione a porção caudal de origem do serrátil ventral, expondo as costelas. Co- meçando no arco costal e utilizando cortadores de osso, corte as coste- las próximo de suas articulações vertebrais com o tórax, sem danificar o tronco simpático. Rebata a parede torácica sem removê-Ia. À medida que isso é feito, corte as junções do oblíquo abdominal interno do trans- verso abdominal e do diafragma com as costelas, junto ao arco costa!. Rebata a parede torácica esquerda de maneira semelhante. Na superfície interna da parede torácica, note os vasos e ner- vos intercostais, correndo junto à borda caudal das coste!as. Ventral- mente, os vasos se bifurcam e anastomosam com os ramos intercos- tais da artéria torácica interna, o mesmo ocorrendo com a veia cor- respondente. Os nervos intercostais suprem a musculatura intercos- tal. Seus ramos sensoriais foram considerados como ramos cutâneos lateral e ventral. A pleura (Figs. 95, 96) é uma membrana serosa que cobre os pulmões e delineia as paredes do tórax. As pleuras formam sacos direi- to e esquerdo, que alojam as cavidades pleurais. 74 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO _ A. vertebral ~ ~ Pulmão, lobo craníal --Impressão cardíacaIII6ª costela I I I Pulmão, lobo médio Pulmão, lobo caudal I I Fígado' I Diafragma I Estômago' Fig. 99 Vísceras torácicas no interior da caixa torácica, face lateral direita. A pleura pulmonar reveste as superfícies dos pulmões, seguin- do todas as suas pequenas irregularidades, bem como as fissuras que dividem os dois lobos. A pleura parietal é ligada à parede torácica pela fáscia endoto- rácica e pode ser dividida em partes costal, diafragmática e mediastíni- ca. Cada uma dessas partes é denominada de acordo com a região ou superfície que cobre. Todas são contínuas entre si. A pleura costal co- bre as superfícies internas das costelas e dos músculos intercostais. As pleuras mediastínicas revestem os lados da divisão entre as duas cavi- dades pleurais. O mediastino inclui as duas pleuras mediastínicas e o espaço entre elas. Localizados no mediastino estão o timo, os linfono- dos mediastínicos, o coração, a aorta, a traquéia, o esôfago, os nervos vagos e outros nervos e vasos. A pleura mediastínica pericárdica é a porção que cobre o pericárdio e o coração. O mediastino pode ser dividido em uma parte cranial, encontra- da cranialmente ao coração; uma parte média, que contém o coração; e uma parte caudal, encontrada caudalmente ao coração. O mediastino caudal é estreito. Ele se liga ao diafragma à esquerda do plano mediano. Cranialmente, é contínuo com o mediastino médio. Note a passagem do esôfago pelo mediastino e pelo hiato esofá- gico do diafragma. No hiato esofágico, uma camada delgada de pleura e de tecido conjuntivo prende o esôfago ao músculo do diafragma. A prega de veia cava é uma dobra frouxa de pleura derivada da porção mediastínica direita do saco pleural que circunda a veia caudal. A raiz do pulmão é composta pela pleural e pelos brônquios, vasos e ner- vos que entram ou saem do pulmão. Aqui, a pleura mediastínica parietal é contínua com a pleura pulmonar.Caudalmente ao hilo, essa conexão forma uma borda livre, conhecida como ligamento pulmonar (Figs. 96, 97), localizado entre o lobo caudal do pulmão e o mediastino, no nível do esôfago. Observe esse ligamento. Em cirurgia torácica, o ligamento tem que ser seccionado, para rebater o lobo caudal do pulmão. O timo (Figs. 98, 99, 105) é uma estrutura bilobar e compacta, situada no mediastino cranial. É maior no cão jovem e, geralmente, se atrofia com a idade, até que restem apenas traços de sua estrutura. Quan- do no pico máximo do seu desenvolvimento, a parte caudal do timo é moldada na superfície cranial do pericárdio. A artéria torácica interna (Figs. 100-105) deixa a artéria sub- clávia, corre ventrocaudalmente no mediastino cranial e perde indivi- dualidade anatômica junto à borda crania! do músculo transverso torá- cico. Ela emite muitos ramos para estruturas adjacentes, tais como o nervo frênico, o timo, a pleura mediastínica e os espaços intercostais. Têm sido observados ramos perfurantes para as estruturas superficiais do terço ventral do tórax. Anastomoses com as artérias intercostais, no lado medial da parede torácica, foram vistas. Próximo à inserção do arco costal com o estemo, a artéria torácica interna termina nas artérias mus- culofrênica e epigástrica cranial maior. A última foi dissecada juntamente com o seu ramo epigástrico cranial superficial. A artéria musculofrê· nica corre dorsolateralmente, no ângulo formado entre o diafragma e parede torácica lateral. Disseque a sua origem. Corte o mediastino rebata o esterno cranialmente. Os pulmões O pulmão esquerdo (Figs. 97-99) é dividido em lobos cranial caudal, por fissuras profundas. O lobo cranial é ainda subdividido elL partes cranial e caudal. O pulmão direito (Figs. 98 e 99) é dividido elL lobos cranial, médio, caudal e acessório. Uma parte do lobo acessó- rio pode ser vista tanto através do medias tino caudal como junto à pre- ga da veia cava caudal, onde se encontra no espaço entre estas duas ec- truturas. Examine a impressão cardíaca do pulmão direito, no quarto ~ no quinto espaços intercostais. O ápice da impressão é contínuo com _ fissura entre os lobos pulmonares cranial e médio. Uma área maior convexidade ventral do coração é exposta no lado direito. O ventrícul direito ocupa essa área do coração e é acessível à perfuração cardía nesse lado. Remova os pulmões seccionando todas as estruturas que pene- tram o hilo. No lado direito, isso envolverá o desligamento do lobo aces- sível sobre a veia cava caudal. Faça a secção longe o suficiente do COr2.- ção, para que os nervos que cruzam o coração não sejam cortados, fi; faça-a também perto o suficiente para que os lobos pulmonares não <:.~- jam removidos individualmente. Examine as estruturas que se inserem nos pulmões. A traqué:- bifurca-se em brônquios principais direito e esquerdo. A carina é :. partição entre eles, na sua origem da traquéia. Cada brônquio princi divide-se em brônquios lobares que suprem os lobos do pulmão. Enc'H' tre-os nos pulmões que foram removidos. Eles podem ser identifical pelos anéis cartilaginosos em suas paredes. Observe que, geralmen;:o há uma única veia pulmonar de cada lobo, que drena diretamente no áIr.. esquerdo do coração. (As veias pulmonares contêm látex vermelho poc- que a peça foi preparada injetando-se látex na artéria carótida. Mo";o-' do-se numa direção retrógrada, o látex numa volta completa preenc a aorta, o ventrículo esquerdo, o átrio esquerdo e as veias pulmon= Normalmente, não há látex nas artérias pulmonares, porque o látex~- cruza os leitos capilares. Ocasionalmente, a pressão da injeção po PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 75 A. tireóidea caudal direita N. frênico Primeira a. intercostal A. vertebral Tronco costocetvical A. cetvical profunda I I { I Tronco braquiocefáfico I A. escapular dorsal I I A. vertebral torácicar---,-I I - A. subclávia direita Ramo broncoesofágico J I I IIiI I torácica interna Ramo dorsal 'Diafragma Esôfago " Fig. 100 Artérias do tórax, face lateral direita. 76 PESCOÇO, TóRAX E MEMBRO TORÃCICO Ramo dorsal intercostal I Ramo broncoesofágico esquerd:J I I Diafragma Veia cava caudal I I I I A. frênica Ramo espinhal, , I A Carótida comum esquerda A. tireóidea caudal " esquerda Primeira a. intercostal . Fig. 10 I Artérias do tórax, face lateral esquerda. PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO 77 V. jugular externa direita A. subclávia direita V. cervical superficial V. cefálica V. jugular interna Tronco braquiocefálico V. subclávia V. tireóidea caudal V. braquiocefálica direita V. torácica interna Tronco costocervicalvertebral direito Veia cava cranial Vv. hepáticas Veia cava caudal Aa. carótidas comuns direita e esquerda Tronco costocervlcal I D A. cervical superficial A. axilar A. vertebral A. torácica interna Ducto torácico V. subclávia V. braquiocefálica esquerda A. subclávia esquerda Tronco costocervicalvertebral esquerdo Arco aórtico Ligamento arterioso Tronco pulmonar Aorta torácica Fig. 102Coração e grandes vasos, face ventral. romper o septo interatrial, ou interventricular, do coração, inundando as câmaras direitas com o látex e, portanto, enchendo as artérias, bem como as veias, pulmonares.) O tronco pulmonar emite uma artéria pulmonar para cada pul- mão. Na raiz do pulmão, a artéria pulmonar esquerda em geral se situa cranialmente ao brônquio esquerdo. A artéria pulmonar direita é ventral ao brônquio direito. A artéria e os brônquios estão, bilateralmente, num nível mais dorsal que as veias pulmonares. Utilizando uma tesoura, ou bisturi, abra alguns dos brônquios principais para observar o lúmen. Observe os Iinfonodos traqueobrônquieos localizados na bifur- cação da traquéia e também externamente aos brônquios. Determine que estruturas formam os vários sulcos e impressões, recolocando os pulmões no tórax. Observe a longa impressão aórtica no pulmão esquerdo. As impressões mais acentuadas no pulmão direito estão no lobo acessório. Este lobo está interposto entre a veia caudal, de um lado, e o esôfago, de outro, e ambos deixam impressões nele. Ob- serve as impressões vasculares nos lobos craniais dos pulmões, e as impressões costais em cada pulmão. Veias craniais ao coração Cuidadosamente, exponha as grandes veias craniais ao coração. Rebata o esterno para um dos lados para facilitar a exposição. A veia cava eranial (Figs. 100-102) drena para o átrio direito após sua formação pela união das veias braquiocefálicas direita e esquerda, na entrada torácica. A veia braquioeefáliea é formada, de cada lado, pelas veias jugular externa e subclávia. Algumas vezes, o último ramo a entrar na veia cava cranial é a veia ázigos (Fig. 100), que pode pene- trar diretamente no átrio direito. Ela é vista à direita, no espaço medias- tínico, enrolando-se ventrocranialmente em volta da raiz do pulmão direito. Origina-se dorsalmente no abdome e coleta todas as veias inter- costais dorsais, de cada lado, até o nível do terceiro ou quarto espaço intercostal. O dueto torácieo é o canal principal para o retorno de linfa e dos ductos e capilares linfáticos para o sistema venoso. Ele começa na re- gião sublombar, entre os pilares do diafragma, como uma continuação cranial da cisterna do quilo. A última é uma estrutura dilatada que re- cebe a drenagem linfática das vísceras abdominais e dos membros pél- vicos. O ducto torácico corre cranialmente à borda dorsal direita da aorta torácica e à borda ventral da veia ázigos, no nível da sexta vértebra to- rácica. (O ducto torácico pode não ser visível.) Ele cruza a superfície ventral da quinta vértebra torácica e corre pelo lado esquerdo da pleura mediastínica média. Ele se continua cranioventralmente, pelo medias- tino cranial, em direção à veia braquiocefálica esquerda, onde costuma terminar (Fig. 102). O ducto torácico também recebe drenagem linfáti- 78 PESCOÇO, TÓRAX E NIEMBRO TORÁCICO Subclávia direita Aorta ascendente Cervical superficial Axilar Torácica interna Subclávia esquerda Arcoaórtico Aorta descendente Fig. 103Ramos do arco aórtico, face ventral. Intercostal Escapular dorsal Tronco costocervical Carólida comum direita Subclávia Cervical ~ superficial Axilar Tronco braquiocefálico Fig. 104Ramos do tronco braquiocefálico, face lateral direita. ca do membro torácico esquerdo e do ducto traqueal esquerdo (no lado esquerdo do pescoço e da cabeça). A drenagem linfática do membro torácico direito se faz pelo ducto traqueal direito (no lado direito da cabeça e do pescoço). Ele penetra o sistema venoso nas proximidades da veia braquiocefálica direita. Costuma haver múltiplas terminações linfáticas de natureza complicada, que podem incluir dilatações ou anas- tomoses. Todos os canais linfáticos são de difícil visualização, a não ser que estejam congestos com linfa rica em gordura, ou com refluxo de sangue. Os canais linfáticos quase sempre são duplos. Procure o dueto torácico. Ele nem sempre é visível, mas pode ser identificado pela cor marrom-avermelhada ou palha de seu conteúdo e pelas numerosas constrições, observadas ao acaso em sua parede. Os duetos traqueais podem ser encontrados em cada bainha carotídea, ou paralelos à bainha e ao seu conteúdo. Artérias craniais ao coração A aorta (Figs. 100-105) é o grande vaso ímpar que emerge ventrículo esquerdo, medialmente ao tronco pulmonar. Como ao ascendente, ela se estende cranialmente, coberta pelo pericárdio. ~- tão, faz uma curva acentuada dorsalmente e para a esquerda como aórtico; depois, corre caudalmente como aorta descendente, localizz:.- do-se ventralmente às vértebras. A parte cranial ao diafragma é a a~ torácica e a parte caudal é a aorta abdominal. Craniais ao coração e~ diversos ramos da aorta. Rebata as veias que estão dissecadas cr~ ao coração e observe essas artérias. As artérias coronárias direita e esquerda são ramos da a ascendente e irrigam o músculo cardíaco. Elas serão estudadas cor;:: coração. PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO Fig. 105 Nervos torácicos autônomos, face lateral esquerda, após remoção do pulmão. 79 1. Artéria e nervo vertebrais 2. Ramos comunicantes do gânglio cervicotorácico para ramos ventrais de nervos cervicais e torácicos 3. Gânglio cervicotorácico esquerdo 4. Alça subc1ávia 5. Artéria subc1ávia esquerda 6. Nervo vago esquerdo 7. Nervo recorrente laríngeo esquerdo 8. Linfonodo traqueobrônquico esquerdo 9. Tronco ganglionar simpático 10. Tronco simpático I!. Ramo comunicante 12. Aorta 13. Ramo dorsal do nervo vago 14. Esôfago 15. Tronco ventral do nervo vago 16. Lobo acessório do pulmão (pelo mediastino caudal) 17. Nervo frênico para o diafragma l7a. Sulco interventricular paraconal 18. Tronco pulmonar 19. Artéria e veia torácicas internas 20. Tronco braquiocefálico 21. Nervos cardíacos autônomos 22. Timo 23 . Veia cava cranial 24. Gânglio cervical médio 25. Veia subclávia esquerda 26. Tronco costocervical 27. Veia jugular externa 28. Tronco vagos simpático VD - Ventrículo direito VE - Ventrículo esquerdo 80 PESCOÇO, TóRAX E MEMBRO TORÁCICO o tronco braquiocefálico (Figs. 100-105), o primeiro ramo do arco aórtico, passa obliquamente à direita, pela superfície ventral da tra- quéia. Ele origina a artéria carótida comum esquerda e termina como artéria carótida comum direita e artéria subclávia direita. A artéria subclávia esquerda (Figs. 10 1-105) origina-se do arco aórtico, abaixo do nível de origem do tronco braquiocefálico, e passa obliquamente, à esquerda, pela superfície ventral do esMago. Os ramos das artérias subclávias direita e esquerda são semelhan- tes; será descrita apenas a artéria subclávia direita. Para cada artéria des- crita há uma veia comparável, com uma área de drenagem venosa seme- lhante à distribuição arterial. As terminações das veias,são variáveis e, portanto, não serão dissecadas. Remova-as quando necessário, para expor as artérias. A artéria subclávia direita tem quatro ramos que chegam medialmente à primeira costela ou primeiro espaço intercostal. Eles são a artéria vertebral, o tronco costocervical, a artéria cervical su- perficial e a artéria torácica interna. Não corte os nervos ou as artérias. A artéria vertebral (Figs. 100-105) cruza a superfície medial da primeira costela e desaparece dorsalmente entre os músculos longo do pescoço e escaleno. Ela passa pelos forames transversos das primeiras seis vértebras cervicais. Ela emite ramos musculares para ambos os músculos cervicais e também dá ramos espinhais em cada forame inter- vertebral para a medula espinhal e suas imediações. No nível do atlas, ela termina, entrando no canal vertebral pelo forame vertebral lateral, e contribui para a formação das artérias basilar e espinhal ventral. Estas serão vistas posteriormente, na dissecção do sistema nervoso. O tronco costocervical (Figs. 100-105) fica distalmente à arté- ria vertebral, cruza o seu lado lateral e se estende dorsalmente até a ter- minação vertebral da primeira costela. Através de seus vários ramos, ele supre as estruturas dos primeiro, segundo e terceiro espaços intercos- tais, os músculos da base do pescoço e os músculos dorsais às primeiras vértebras torácicas. Esses ramos não precisam ser dissecados. A artéria cervical superficial (Figs. 100-104) procede da sub- clávia, opostamente à origem de artéria torácica interna, medialmente à primeira costela. Ela emerge da entrada torácica, vascularizando a base do pescoço e a região escapular adjacente. A artéria torácica interna já foi estudada. Ramos da aorta torácica O número e a origem das artérias brônquicas e esofágicas va- riam. Geralmente, a pequena artéria broncoesofágica deixa a quinta artéria intercostal direita, próximo à sua origem, e cruza a face esquer- da do esMago, que ela irriga. Ela termina pouco depois nas artérias brônquicas, qUI::vascularizam o pulmão. Há nove pares de artérias intercostais dorsais que saem da aor- ta (Figs. 91,94). Essas artérias começam como quarta ou quinta artéria intercostal e continuam caudalmente. Há uma artéria em cada um dos espaços intercostais restantes. Cada artéria localiza-se próximo à borda caudal das costelas. O tronco costocervical vasculariza os primeiros três ou quatro espaços intercostais. A artéria costoabdominal dorsal corre ventrocaudalmente à última costela. Os nervos frênicos (Figs. 100, 10 1, 105) inervam o diafragma. Encontra cada nervo à medida que ele passa pela entrada torácica. O nervo frênico é formado por ramos ventrais do quinto, do sexto e, geral- mente, do sétimo nervos cervicais. Siga os nervos frênicos até o diafrag- ma. Cada nervo frênico é tanto motor quanto sensorial para a metade cOITespondente do diafragma, exceto na periferia diafragmática. Esta par- te do músculo recebe fibras sensoriais dos nervos intercostais caudais. INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO O sistema nervoso é altamente organizado, tanto em termos ana- tômicos quanto funcionais. É composto pelo sistema nervoso central e pelo sistema nervoso periférico. O sistema nervoso central inclui o cérebro e a medula espinhal. O sistema nervoso periférico compreen- de os nervos cranianos, que conectam a base do cérebro (pedúnculo cerebral) com estruturas da cabeça e do corpo, e os nervos espinhais, que conectam a medula espinhal com estruturas do pescoço, do tronco. da cauda e das extremidades livres (apêndices locomotores). O sistema nervoso periférico pode ainda ser classificado com bases anatômica e funcional. Os nervos periféricos contêm axônios que conduzem impulsos para o sistema nervoso central - axônios senso- riais, aferentes - e axônios que conduzem impulsos do sistema ner- voso central para músculos e glândulas - axônios motores, eferentes. A maioria dos nervos periféricos tem ambos os axônios, sensoriais e motores. Quando se fala de um nervo motor, isto é uma indicação da função primária da maioria dos neurônios, mas se subentende que neu- rônios sensoriais também estão presentes. Da mesma forma, os chama- dos neurônios sensoriais também contêm motoneurônios. Tal dualida- de é a base de regulação do tipo retroalimentaçãoou feedback. Todo os nervos espinhais que você dissecar são conjuntos de processos neu- ronais, pertencentes a ambos os neurônios, sensoriais e motores. A porção motora do sistema nervoso periférico é classificada de acordo com o tipo de tecido que é inervado. Motoneurônios que su- prem músculos esqueléticos, estriados ou voluntários são os neurônio somáticos eferentes. Somático refere-se ao corpo, parede corporal ou pescoço, tronco e membros, onde os músculos estriados esquelético estão localizados. Aqueles neurônios que suprem músculos lisos, invo- luntários, de vísceras'e de vasos sangüíneos, o músculo cardíaco e as glândulas são neurônios viscerais eferentes. Um neurônio é composto por um corpo celular e seus proces- sos. Comumente, um motoneurônio do sistema nervoso periférico tem o seu corpo celular localizado na substância cinzenta da medula espi- nhal (ou pedúnculo cerebral), e seus processos longos, ou axônios, cor- rem pelo nervo espinhal periférico (ou craniano), para terminar no mús- culo inervado. Portanto, há apenas um neurônio cruzando a distância do sistema nervoso central à estrutura inervada. O sistema visceral eferente é a parte motora periférica do siste- ma nervoso autônomo. Ele difere anatomicamente dos outros sistemas motores periféricos, por apresentar um segundo neurônio interposto entre o sistema nervoso central e as estruturas inervadas. Um neurônio tem o seu corpo celular, geralmente, localizado na substância cinzenta do sis- tema nervoso central. Seu axônio corre nos nervos periféricos apenas uma parte do caminho a ser percorrido, em direção à estrutura a ser iner- vada. Ao longo do trajeto do nervo periférico, há uma grande dilataçã chamada gânglio. Este é um conjunto de corpos celulares neuronais localizados fora do sistema nervoso central. Alguns gânglios têm um=. função motora, outros uma função sensorial. Grupos de corpos celula- res neuronais dentro do sistema nervoso central são os chamados nú- cleos. Gânglios autônomos contêm os corpos celulares do segun motoneurônio, no trajeto do sistema visceral eferente. Seus axôni~ completam o caminho para a estrutura a ser inervada. Graças à sua rela- ção com os corpos celulares nos gânglios autônomos, o primeiro nemô- nio com o seu corpo celular no sistema nervoso central é chamado de neurônio pré-ganglionar. O corpo celular do segundo neurônio es;;: no gânglio autônomo. Seu axônio é pós-ganglionar. OcoITe uma sinap~ entre os dois neurônios, quando o axônio pré-ganglionar encontra o corpo celular do axônio pós-ganglionar. O sistema visceral eferente é dividido em duas subdivisões, corr:. base em características anatômicas, funcionais e farmacológicas. Ela;: são as divisões simpática e parassimpática. (Deve-se ter em mente qllE os nervos autônomos observados também possuam axônios visceraS aferentes, ou sensoriais, dentro deles.) Na divisão simpática, os corpos celulares pré-ganglionares li- mitam-se aos segmentos da medula espinhal localizados aproximad2- mente do primeiro segmento torácico (TI) ao quinto lombar (L5). porção toracolombar. Os corpos celulares dos axônios pós-ganglion; res estão localizados em gânglios, que geralmente ficam a pequena dis- tância da medula espinhal. Na maioria das terminações nervosas pós- ganglionares dessa porção de sistema nervoso autônomo, uma substân- cia neurotransmjssora humoral, a noradrenalina, é liberada, o que ca uma resposta nas estruturas inervadas. O efeito geral desse sistema e auxiliar o organismo a resistir a condições ambientais desfavoráveis, oc às condições de tensão ou estresse. Na divisão parassimpática, os corpos celulares pré-gangliona- res estão localizados em núcleos específicos do pedúnculo cerebral, as- sociando-se aos pares de nervos cranianos m, VII, IX, X e XI, e aos PESCOÇO, TÓRAX E :ME1VffiROTORÂCICO 81 três segmentos sacrais da medula espinhal, caracterizando a porção craniossacral. Os corpos celulares dos axônios pós-ganglionares estão localizados geralmente em gânglios terminais, ou na parede da estrutu- ra que é inervada. Outros são encontrados nos gânglios próximos às es- truturas inervadas. Nas terminações nervosas pós-ganglionares, uma substância neurotransmissora humoral, a acetilcolina, é liberada, o que causa uma resposta nas estruturas inervadas. Esse sistema está associa- do com a atividade homeostática normal das funções viscerais, e com a conservação e restauração das fontes e das reservas corporais. A anatomia da divisão simpática do sistema nervoso autônomo requer maiores descrições, antes de ser dissecada. Os corpos celulares pré-ganglionares estão localizados na substância cinzenta dos segmen- tos torácicos (TI a TI3) e cinco primeiros segmentos lombares (LI a L5) da medula espinhal. Seus axônios deixam a medula espinhal junta- mente com os de outros neurônios-motores, nas raízes ventrais de cada um desses segmentos da medula espinhal. Cada raiz ventral une-se com a raiz dorsal sensorial correspondente, no nível do forame interverte- bral, para formar o nervo espinhal. O ramo dorsal do nervo espinhal separa-se imediatamente. Logo após esse ponto, um ramo nervoso dei- xa o ramo ventral do nervo espinhal, o ramo comunicante. Ele cursa uma pequena distância ventralmente, para se unir ao tronco simpático, que corre numa direção craniocaudal, bem lateral à coluna vertebral. Em geral, um gânglio está localizado no tronco, no ponto onde um ramo se une a ele. É o gânglio do tronco simpático e contém os corpos celula- res dos axônios pós-ganglionares. Deixando as porções torácica e lombar do tronco simpático es- tão nervos que correm dentro da cavidade abdominal, os nervos esplânc- nicos, que formam p1exos em volta dos principais vasos sangüíneos dos órgãos abdominais. Gânglios simpáticos adicionais estão localizados em associação com esses plexos e vasos sangüíneos. Os corpos celulares de axônios pós-ganglionares simpáticos estão localizados neles. Esses axônios seguem a ramificação terminal dos vasos sangüíneos dos ór- gãos abdominais, para alcançar o órgão inervado. Esses plexos e gân- glios são denominados, geralmente, de acordo com a principal artéria à qual eles se associam. Eles serão dissecados posteriormente. Cada axônio pré-ganglionar simpático tem que passar pelo ramo comunicante de seu nervo espinhal para alcançar o tronco simpático. Seu destino a partir do tronco é variável, e depende principalmente da estru- tura a ser inervada. Alguns exemplos irão ilustrar isso. Os músculos lisos de vasos, músculos piloeretores e glândulas sudoríparas são inervados por axônios simpáticos pós-ganglionares de nervos espinhais. O axônio pré-ganglionar entra no tronco simpático, via o ramo comunicante. Ele pode fazer alguma sinapse no gânglio onde entrou, ou passar acima ou abaixo do tronco simpático em alguns seg- mentos e fazer sinapse no gânglio desse segmento. O axônio pós-gan- glionar retoma então para o nervo espinhal segmentar, através do ramo comunicante, procedendo geralmente do segmento onde ocorreu a si- napse. O axônio pós-ganglionar cursa depois com a distribuição do ner- vo espinhal para um músculo liso ou glândula sudorípara. POltanto, os ramos comunicantes dos segmentos da medula espinhal de TI a L5 contêm ambos os axônios pré e pós-ganglionares. Para os músculos lisos e glândulas da cabeça, os axônios pré- ganglionares entram no tronco simpático na região torácica cranial. Alguns podem fazer sinapse em gânglios, assim que entram no tronco simpático. Muitos outros continuam como axônios pré-ganglionares subindo o tronco simpático no pescoço, onde ele con:e na mesma bai- nha fascial que a artéria carótida comum e o nervo vago. Na terminação cranial desse tronco, ventralmente à base do crânio, está localizado um gânglio nervoso: o gânglio cervical cranial. Todos os axônios pré-gan- glionares restantes para a cabeça farão sinapse nele. Os axônios pós- ganglionares são distribuídos com os vasos sangüíneos para as estrutu- ras da cabeça, inervadas pelo sistema simpático. O tronco simpático está localizado junto ao eixo maiorda coluna vertebral bilateralmente. Nos níveis torácico, lombar e sacral, é acres- cido a cada nervo espinhal segmentar um ramo comunicante. Apenas aqueles nervos dos segmentos da medula espinhal de TI a L5 contêm axônios pré-ganglionares. Para o músculo liso e glândulas nas cavidades abdominal e pé l- vica, o axônio pré-ganglionar alcança o tronco simpático através do ramo comunicante. Ele pode fazer sinapse com um neurônio pós-ganglionar em um gânglio do tronco simpático, porém, mais freqüentemente, con- tinua pelo gânglio sem fazer sinapse e penetra num nervo esplâncnico. O axônio pré-ganglionar (ou, ocasionalmente, pós-ganglionar) cursa pelo nervo esplâncnico apropriado para os plexos abdominais e seus gângli- os. Axônios pré-ganglionares fazem sinapse em um desses gânglios com o corpo celular de um axônio pós-ganglionar. Os axônios pós-gan- glionares seguem os ramos terminais de vasos sangüíneos abdominais, para os órgãos inervados. Dissecção Porções selecionadas do sistema nervoso autônomo serão disse- cadas à medida que forem expostas nas regiões estudadas. Examine o aspecto dorsal do interior das cavidades pleurais (Fig. 105). Observe o tronco simpático se estendendo longitudinalmente pela superfície ventral do colo das costelas. As pequenas dilatações nesses troncos, em cada espaço intercostal, são gânglios do tronco simpático. Disseque uma porção do tronco e alguns gânglios em um dos dois la- dos. Note os finos filamentos que correm dorsalmente entre as vérte- bras para se unir ao nervo espinhal daquele espaço - são os ramos comunicantes do tronco simpático. Siga a porção torácica do tronco simpático cranialmente. Obser- ve a dilatação irregular do tronco medialmente à terminação distal do primeiro espaço intercostal, no lado lateral do músculo longo do pesco- ço. Ela corresponde ao gânglio cervicotorácico (gânglio estrelado), formado por um conjunto de corpos celulares decorrentes da fusão do gânglio cervical caudal e dos primeiros dois ou três gânglios torácicos. Localize esse gânglio, em ambos os lados. Muitos ramos deixam o gânglio cervicotorácico. Ramos comu- nicantes conectam os ramos ventrais do primeiro e do segundo nervos espinhais torácicos e os ramos ventrais do sétimo e do oitavo nervos espinhais cervicais. Esses nervos espinhais contribuem para a forma- ção do plexo braquial, e fornecem um caminho para que os axônios pós-ganglionares alcancem o membro torácico. Um ramo, ou plexo, do gânglio cervicotorácico segue a artéria vertebral pelo forame transver- so: o nervo vertebral. Este é uma fonte de axônios pós-ganglionares para os demais nervos espinhais cervicais emitidos como ramos, em cada espaço intervertebral, desde o nervo vertebral até o nervo cervical cor- respondente. Axônios pós-ganglionares podem deixar o gânglio cervi- cotorácico e seguir diretamente para o coração. Cranialmente ao gânglio cervicotorácico, um ramo do tronco sim- pático, a alça subclávia, passa ventralmente à artéria subclávia. O tron- co simpático e a alça se reúnem e se juntam no gânglio cervical médio. Este gânglio localiza-se na junção da alça e do tronco vagossimpático, aparecendo como uma dilatação das estruturas combinadas. Localize essas estruturas em ambos os lados. Numerosos ramos, os nervos car- díacos, deixam a alça e o gânglio cervical médio e prosseguem para o coração. O tronco vagossimpático no pescoço localiza-se na bainha ca- rotídea. Sua porção simpática carrega axônios pré e pós-ganglionares simpáticos, destinados cranialmente a estruturas da cabeça. O gânglio cervical cranial está localizado em sua terminação mais cranial. Ele fica no nível da base da orelha, caudo-medialmente à bula timpânica, e será dissecado posteriormente. O 10.° nervo craniano, ou nervo vago, con- tém axônios pré-ganglionares paras simpáticos que seguem caudalmen- te para o pescoço e para os órgãos torácicos e abdominais. No nível do gânglio cervical médio, observe o nervo vago, à medida que ele deixa o tronco parassimpático para continuar seu trajeto caudalmente. Nervos cardíacos deixam o nervo vago para inervar o coração. Estude o trajeto caudal do nervo vago em cada um dos lados. No gânglio cervical médio, ou algo caudalmente a ele, o nervo laríngeo recorrente direito sai do vago, curva-se dorsocranialmente ao redor da artéria subclávia direita, chega à superfície dorsolateral da traquéia e segue cranialmente para a laringe. Ele pode ser encontrado no ângulo entre a traquéia e o músculo longo do pescoço. No lado es- querdo, o nervo laríngeo recorrente esquerdo sai do vago caudalmente ao gânglio cervical médio, curva-se medialmente ao redor do arco aór- tico e se toma relacionado com a superfície ventrolateral da traquéia e a borda ventromedial do esMago. Nessa posição, ele segue pelo pescoço para chegar à laringe. À medida que ascende, ele alcança a superfície 82 PESCOÇO, TÓRAX E lVffilVffiROTORÁCICO dorsolateral da traquéia. Cada nervo recorrente manda ramos para o coração, a traquéia e o esMago, antes de terminar nos músculos larínge- os como nervo laríngeo caudal. Os nervos laríngeos serão dissecados posteriormente. Siga cada nervo vago à medida que ele passa sobre a base do coração e emite nervos cardíacos. Ramos são fornecidos aos brônquios, à medida que o nervo vago passa sobre as raízes dos pulmões. Entre a veia ázigos e o brônquio direito, à direita, e na área caudal junto à base do coração, à esquerda, cada vago se divide em ramos dorsal e ventral. Os ramos ventrais direito e esquerdo logo se unem um ao outro para formar o tronco vagar ventral, disposto junto ao esMago ventralmen- te. Os ramos dorsais de cada nervo vago não se unem até mais caudal- mente. Próximo ao diafragma, eles se unem e formam o tronco vagar dorsal, que se localiza dorsalmente ao esMago. A terminação desses troncos no abdome será estudada posteriormente. CORAÇÃO E PERICÁRDIO o pericárdio (Fig. 96) é a cobertura fibrosserosa do coração. É uma camada delgada, consistindo em três componentes inseparáveis, localizada na parte média do mediastino, no nível da terceira à sexta costelas. O pericárdio fibroso é o tecido conjuntivo entre o pericárdio parietal seroso e a pleura mediastínica pericárdica adjacente. A conti- nuação do pericárdio fibroso para o esterno e o diafragma forma o liga- mento frenopericárdico. O pericárdio seroso é um saco fechado que envolve a maior parte do coração. A camada parietal adere ao pericár- dio fibroso. Na base do coração, ela é contínua com a camada visceral, ou epicárdio, que adere firmemente ao miocárdio do coração. Entre os pericárdios seroso parietal e visceral está a cavidade periférica, que con- tém uma pequena quantidade de líquido pericárdico. lncise a pleura mediastínica pericárdica, o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso pa- rietal, que estão combinados, para expor o coração. O coração (Figs. 105-107) consiste em uma base dorsal, onde os grandes vasos se encontram presos, e um ápice que fica ventralmente, caudalmente e, em geral, voltado para a esquerda, dependendo do for- mato do tórax. O lado do coração voltado para a parede torácica esquer- da é chamado superfície auricular, porque as pontas das duas aurícu- Ias projetam-se nesse lado. O lado oposto, voltado para a parede toráci- ca direita, é a superfície atriaI. O ventrículo direito, de parede delgada, se insinua pela superfície cranial da superfície atrial do coração. Rastreie o sulco coronário em volta do coração. Ele se localiza entre os átrios e os ventrículos, e contém os vasos coronários e gordura. Os sulcos interventriculares são as separações superficiais dos ventrí- culos direito e esquerdo. O sulco interventricular subsinuoso é um sulco curto que se localiza caudodorsalmente na superfície atrial e mar- ca a posição aproximada do septo interventricular. Ele contém a parte terminal da artéria coronária esquerda, o ramo interventricular subsinuo- so. Obliquamente transversal à superfície auricular do coração está o sulco interventricular paraconal. Mais longo e distinto que o sulco subsinuoso, ele seinicia na base do tronco pulmonar, onde é coberto pela aurícula esquerda. Ele contém o ramo interventricular paraconal da artéria coronária esquerda. O átrio direito recebe o sangue das veias sistêmicas e a maior parte do sangue do próprio coração. Ele se situa dorsocranialmente ao ventrículo direito; divide-se numa parte principal, o seio venoso, e numa parte cranial cega, a aurícula direita. Abre o átrio direito por meio de uma incisão longitudinal, pela sua parede cranial, desde a veia cava cranial até a veia cava caudal. Estenda um corte da metade da primeira incisão à ponta da aurícula. Há quatro aberturas dentro do seio venoso do átrio direito. A veia cava caudal entra no átrio caudalmente. Ventralmente a essa abertura, está o seio coronário, o retorno venoso alargado para a maior parte do sangue drenado do próprio coração. O sulco interventricular subsinuo- so é ventral a esse seio, na superfície atrial do coração. A veia cava cra- nial entra no átrio direito dorsal e cranialmente. Ventral e cranialmente ao seio coronário está uma grande abertura do átrio direito para o ven- trículo direito, o orifício atrioventricular direito. A valva será descri- ta com o ventrículó direjto. Examine a parede dorsomedial do seio venoso, o septo intera- triaI. Entre as duas aberturas das veias cavas, está uma prega transver- sal de tecido cardíaco, o tubérculo intervenoso. Ele desvia o sangue proveniente das veias cavas em direção ao orifício atrioventricular di- reito. Caudalmente ao tubérculo intervenoso, há uma depressão seme- lhante a uma fenda, a fossa oval. No feto, há uma abertura local da fos- sa, o forame oval, que permite que o sangue passe do átrio direito para o esquerdo. , A aurícula direita é a bolsa cega, com formato de orelha, do átrio direito que está voltada cranialmente. A superfície interna da parede da aurícula direita é reforçada por bandas musculares entrelaçadas, os músculos pectiniformes, também encontrados na parede lateral do átrio. A superfície interna do coração é delineada em toda a sua extensão por uma membrana fina e brilhante, o endocárdio, que se continua nos vasos sangüíneos como túnica íntima. A crista terminal é a porção grossa da superfície lisa do músculo cardíaco, tendo a forma de uma crista semi- lunar localizada na entrada da aurícula direita. Bandas de músculos pectíneos se irradiam dessa crista para dentro da aurícula. Localize o tronco pulmonar que deixa o ventrículo direito, no ângulo craniodorsal esquerdo do coração. Comece uma incisão na ter- minação cortada da artéria pulmonar esquerda e a estenda pela parede dessa artéria, até o tronco pulmonar e a parede do ventrículo direito, ao longo do sulco interventricular paraconal. Continue esse corte ao redor do ventrículo direito, seguindo o septo interventricular até a origem do sulco interventricular subsinuoso. Corte através do ângulo-caudal da valva atrioventricular direita e rebata a parede ventricular. A maior parte da base do ventrículo direito se comunica com o átrio direito pelo orifício atrioventricular. Essa abertura contém a valva atrioventricular direita (Figs. 106, 108). Há duas partes principais para a valva no cão: uma dobra larga mas curta que vem da margem parietal do orifício, a cúspide parietal, e uma dobra da margem septal, a cúspi. de septal, que é quase tão larga quando longa. Dobras subsidiárias são encontradas em cada terminação da dobra septal. Os pontos das dobras da valva são contínuos com a parede septal do ventrículo pelas cordoa- lhas tendíneas. As cordoalhas tendíneas são presas à parede septal por meio de projeções musculares cônicas, os músculos papilares, que se apresentam em número de três ou quatro. As trabéculas cárneas são as irregularidades musculares do interior das paredes ventriculares. A trabécula septomarginal é uma faixa muscular que se estende através do lúmen ventricular da parede septal à parede parietal. A fixação do septo é feita geralmente no músculo papilar. O ventrículo direito passa cruzando a superfície cranial do coração e termina com cone arterial afunilado, que dá origem ao tronco pulmonar. O cone arterial está na· face craniodorsal esquerda do coração. O sulco interventricular paraco- nal é adjacente à borda caudal do cone arterial, na superfície auriculaT do coração. Na junção entre o ventrículo direito e o tronco pulmonar está a valva pulmonar, consistindo em três cúspides semilunares. Um pequeno nódulo fibroso está localizado no meio da extremidade livre de cadz cúspide ou válvula. O tronco pulmonar bifurca-se em artérias pulmona- res direita e esquerda, cada uma indo em direção ao pulmão respectim. Abra o lado esquerdo do coração com um corte longitudinal pel!. parede lateral do átrio esquerdo; a valva atrioventricular esquerda e ventrículo esquerdo estão a meio caminho entre os sulcos interventr:- culares subsinuosos. Estenda a incisão à aurícula esquerda. O átrio esquerdo está situado na parede dorsocaudal esquerd:. da base do coração, dorsalmente ao ventrículo esquerdo. Cinco ou seis aberturas marcam a entrada das veias pulmonares no átrio esquerdo .. -'>. superfície interna desse átrio é lisa, exceto pelos músculos pectíneCJi confinados à aurícula esquerda. Uma aba fina de tecido está presenr= na parte cranial da parede septal interatrial. Esta é a valva do foram oval, um resquício da passagem de sangue entre o átrio direito e o átri esquerdo, existente no feto. Observe a espessura da parede ventricular esquerda, quando com- parada à direita. A valva atrioventricular esquerda é composta de dU25 cúspides principais, a septal e a parietal, mas a divisão não é distiIl~ (Fig. 108). Cúspides secundárias estão presentes nas terminações duas cúspides principais. Note os dois grandes músculos papilares e s~ cordoalhas tendíneas, presas às cúspides. As trabéculas cárneas não - tão numerosas no ventrículo esquerdo, quando no ventrículo direito. Remova a gordura, a pleura e o pericárdio da aorta. Ao fazer i< isole o ligamento arterioso, uma conexão fibrosa existente entre o t PESCOÇO, TÓRAX E :MEMBRO TORÁCICO 83 Arco aórtico Veia cava cranial Aurícula direita Sulco coronário Cúspides septais da valva atrioventricular direita Cúspides parietais da valva atrioventricular direita Músculos papilares Tronco pulmonar Aurícula esquerda Válvula semilunar ventral da valva pulmonar Sulco interventricular paraconal Fig. 106 Interior do ventrículo direito, face ventral. co pulmonar e aorta. No feto, ele era útil, como dueto arterioso, e ser- via para desviar o fluxo do sangue dos pulmões, não-funcionais, para a aorta. Observe o nervo recorrente laríngeo esquerdo, à medida que ele se dobra ao redor da superfície caudal do ligamento arterioso. Isole as origens do tronco pulmonar e da aorta. Pelo ventrículo esquerdo, coloque uma tesoura dentro da válvula aórtica, localizada abaixo da cúspide septal da valva atrioventricular esquerda, e corte a valva aórtica e o primeiro centímetro da aorta des- cendente. A valva aórtica, como a valva pulmonar, consiste em três cúspides semilunares. Note os nódulos das cúspides semilunares, no meio Qe suas bordas livres. Atrás de cada cúspide, a aorta está ligeiramente expandida, nos seios aórticos. A artéria coronária direita (Figs. 102, 108) sai do seio aórtico direito. Ela circunda o lado direito do coração no sulco coronário e, geralmente, se estende ao sulco subsinuoso. Ela manda muitos peque- nos e um ou dois grandes ramos descendentes sobre a superfície do ventrículo direito. Remova o epicárdio e a gordura de sua superfície e siga a artéria até sua terminação. A artéria coronária esquerda (Figs. 102, 108) é aproximada- mente duas vezes mais larga do que a direita. É um tronco curto que sai do seio coronário direito e imediatamente termina em: (I) um ramo circunflexo, que se estende caudalmente na parte esquerda do sulco coronário, e (2) um ramo interventricular paraconal, que cruza obliquamente a superfície auricular do coração no sulco interventricu- lar paraconal. Ambos os ramos enviam grandesramos sobre a superfí- cie do ventrículo esquerdo. Exponha a artéria e seus grandes ramos re- movendo o epicárdio e a gordura. Um ramo septal corre dentro do sep- to interventricular, o qual vasculariza. O seio coronário é a porção terminal dilatada de grande veia cardíaca. A grande veia cardíaca, que se inicia no sulco interventricu- lar paraconal, retoma o sangue distribuído ao coração pela artéria coro- nária esquerda. Limpe a superfície da grande veia cardíaca e abra o seio coronário. Geralmente, uma ou duas válvulas francamente desenvolvi- das estão presentes no seio coronário. Cão vivo Observe o tórax e como ele se expande e contrai a cada inspira- ção e expiração, respectivamente. Coloque o dedo médio de uma das mãos sobre a superfície dorsal do nono ou 10.0 espaço intercostal. Dê pancadinhas na terminação distal desse dedo, logo acima da unha, com o dedo médio da outra mão. Ouça o som produzido por esse método de percussão. Compare esse som com o de uma área sobre os músculos epaxiais ou aquele sobre o abdome. Um som ressonante resultará, onde o pulmão normal está abaixo da região percutida. Esse método de exa- me pode ser utilizado para definir a extensão do tecido pulmonar nor- mal no interior do tórax. Coloque as suas mãos sobre o tórax ventralmente, e sinta o bati- mento cardíaco. Ele deve ser mais evidente à esquerda, para onde está direcionado o ápice do coracão. É importante saber-s~ a relação entre as câmaras cardíacas e as áreas das valvas para a auscultação. Uma simples regra manual pode ser útil. Faça um punho fechado com a mão esquerda e estenda seu po- legar na articulação interfalangiana proximal. Seu punho representa o ventrículo esquerdo e seu polegar é a aorta saindo dele. A articulação metacarpofalangiana do seu polegar está na posição da valva atrioven- tricular. Deixe a sua mão direita com os dedos estendidos. Coloque a palma de sua mão direita contra os dedos fechados do seu punho esquer- do. Sobreponha os dedos de sua mão direita em volta da frente do seu punho esquerdo, e curve o segundo dedo de sua mão direita em volta de seu polegar esquerdo. Sua mão direita está na posição do ventrículo direito (lados direito e cranial do coração). Seu segundo dedo direito representa a valva e o tronco pulmonares na face craniodorsal esquerdo do coração, à esquerda da valva aórtica. Seu polegar direito está na po- 84 PESCOÇO, TÓRAX E JYIEJYIBROTORÁCICO Válvula semilunar septal da valva aórtica Tronco braquiocefálico\ \.~,Nódulo da válvula semilunar Tronco pulmonar Válvula semilunar direita da valva aórtica Gúspide septal da valva atrioventricular esquerda Trabéculas cárneas Arco aórtico Vv. pulmonares esquerdas A. coronária esquerda Aurícula esquerda Válvula semilunar esquerda da valva aórtica Gúspide parietal da valva atrioventricular esquerda Mm. papilares Fig. 107 Interior do ventrículo esquerdo, face lateral esquerda. Valva pulmonar: Válvula semilunar direita Válvula semilunar intermediária Válvula semilunar esquerda Ramo interventricular paraconal Ramo septal A. coronária esquerda Ramo circunflexo Trígono fibroso esquerdo Valva atrioventricular esquerda Ventrículo esquerdo A. coronária direita Válvula semilunar septal da valva aórtica Ventrículo direito Gúsplde angular ] Gúsplde panetal Gúsplde septal Trígono fibroso direito Ramo interventricular subsinuoso Valva atrioventricular direita Fig. 108 Valvas atrioventriculares, aórtica e pulmonar, face dorsoventral. PESCOÇO, TÓRAX E 1\1EMBRO TORÁCICO 85 Vasos primários do membro torácico VASOS E NERVOS DO MEMBRO TORÁCICO sição da valva atrioventricular direita. O sulco interventricular paraco- nal está entre as terminações de seus dedos direitos e as articulações me- tacarpofalangeanas de seu punho esquerdo. O sulco interventricular subsinuoso está entre a base das palmas de suas duas mãos. A attéria principal para o membro torácico chega do tórax como um ramo terminal da artéria braquiocefálica no lado direito, e direta- mente da croça da aorta no lado esquerdo. Ela se divide em três partes. A que se estende de sua origem à primeira costela é a artéria subclávia (Fig. 105). Da primeira costela aos tendões unidos dos músculos redon- O plexo braquial (Fig. 110) é formado pelos ramos ventrais dos sexto, sétimo e oitavo nervos cervicais e primeiro e segundo nervos to- rácicos. Em alguns cães, há uma pequena contribuição do ramo ventral do quinto nervo cervical. Esses ramos passam entre as vértebras, emer- gem junto à borda ventral do músculo escaleno e se estendem, através do espaço axilar, para o membro torácico. Na axila, numerosos ramos dos nervos comunicam-se entre si para formar o plexo braquial. Do plexo saem nervos, de origens mistas, que inervam as estruturas do membro torácico, os músculos adjacentes e a pele (Fig. 110). " O padrão de permuta de fibras nervosas no plexo braquial é variá- vel, mas a composição específica dos ramos espinhais dos nervos que se continuam no membro torácico e adjacências é consistente. Tais ner- Plexo braquial do maior e grande dorsal, o vaso é a artéria axilar. O vaso de lá até a attéria mediana terminal, distal ao cotovelo, denomina-se artéria bra- quial. A artéria cervical superficial (Figs. 98-104, 109) é emitida pela subclávia para dentro da entrada torácica. Ela corre dorsocranialmente entre a escápula e o pescoço. Ela supre os músculos superficiais da base do pescoço, os linfonodos cervicais superficiais e os músculos da escá- pula e do ombro. Há geralmente dois linfonodos cervicais superficiais, que se situam cranialmente ao músculo supra-espinhoso, cobertos pelos mús- culos transverso e braquiocefálico. Esses nodos recebem os vasos lin- fáticos aferentes da parte mais externa da superfície lateral do pescoço, da superfície caudal da cabeça, incluindo a orelha e a faringe, e da su- perfície lateral do membro torácico. Braquiais Colateral ulnar Braquial superficial Interóssea comum Ulnar Interóssea cranial Interóssea caudal Antebraquial profunda Mediana Radial Arco palmar superficial Subclávios Vertebral Costocervical Torácico interno Cervical superficial Axilares Torácica externa Torácica lateral Subescapular Toracodorsal Circunflexa umeral caudal Circunflexa umeral cranial V. cervical superficial V. jugular externa A. carótida comum Ramos ascendentes A. cervical superficial M. peitoral profundo Ramo deltóideo Linfonodos cervicais superficiais M. esternocefálico M. peitoral superficial M. omotransverso A. supra-escapular M. deltóideo Ramo dista I Ramo pré-escapular M. trapézio V. cefálica Membro anterior Ramo proximal M. supra-espinhoso Ramo acromial Fig. 109 Ramos da artéria cervical superficial 86 PESCOÇO, TÓRAX E MEMBRO TORÁCICO vos incluem o supra-escapular, o subescapular, o axilar, o musculocu- tâneo, o radial, o mediano, o ulnar toracodorsal, o torácico lateral e os peitorais. Exponha o plexo braquial na axila. Rebata os músculos peitorais profundos e superficiais em dire- ção à sua inserção, para expor os vasos e nervos na superfície medial do braço. Artéria axilar A artéria axilar (Figs. 110-112) é a continuação da subclávia e estende-se da primeira costela para os tendões combinados do redondo maior e grande dorsal. Ela tem quatro ramos: artéria torácica externa, artéria torácica lateral, artéria subescapular e a artéria circunflexa ume- ral cranial. Na dissecção seguinte, poderá ser encontrada alguma variabili- dade na origem de vasos sangüíneos e dos nervos específicos. Embora a origem possa variar, a área ou estrutura suprida é consistente. Para o nervo frênico N. subescapular N. supra-escapular Para o m. braquiocefálico Para o m. peitoral superficial M. supra-espinhoso N. musculocutâneo Para o m. coracobraquial A. axilar M. coracobraquial A. circunflexa umeral cranial Para o m. bíceps braquial M. tríceps, cabeça acessória M. bíceps braquial A. colateral ulnar A. braquial superficial N. radial superficial, ramo medial M. extensor carporradial N. cutâneo antebraquial
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