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GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO Aline Carneiro Silverol Migrações internas no Brasil Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os movimentos populacionais no Brasil. Analisar as motivações para as migrações. Explicar as consequências das migrações internas no Brasil. Introdução Os fluxos migratórios no Brasil iniciaram-se ainda no período colonial, motivados pelos ciclos econômicos da cana-de-açúcar, do algodão, da mineração, da borracha e do café, que se constituíram em fatores de atração. À medida que os ciclos alteravam o seu eixo geográfico, uma pequena parte da população livre migrava em busca de novas oportu- nidades, enquanto outros grupos permaneciam nos locais estagnados desenvolvendo uma agricultura de subsistência. A partir do ciclo do café no século XIX, os ciclos migratórios internos tornaram-se mais intensos, e essas áreas de subsistência, especialmente no Nordeste, se transformaram em polos de repulsão populacional. Esses deslocamentos populacionais ocasionaram várias consequências tanto nos locais de origem de migrantes quanto nos locais de destino. Dentre os impactos, podemos destacar a redução da parcela economi- camente ativa das áreas de origem, empobrecendo e estagnando cada vez mais a economia dessas regiões, em oposição ao enriquecimento do local de destino, com aumento da sua força de trabalho e geração de renda, mas com maior oferta de trabalhadores em relação à demanda, o que reduzia os salários e aumentava as desigualdades sociais e regionais. Neste capítulo, você vai examinar os movimentos populacionais no Brasil a partir de uma escala temporal, de forma que possa compreender tanto as motivações para tais movimentos quanto as consequências das migrações internas no Brasil. 1 Movimentos populacionais no Brasil A movimentação da população no Brasil está relacionada à distribuição das atividades econômicas ao longo da história do país, que infl uenciou, ao mesmo tempo, os processos de desruralização, urbanização e regionalização da sociedade brasileira. Essas transformações, portanto, estão associadas a fatos históricos relacionados à situação do Brasil como colônia de explo- ração, que fomentou alguns dos seus ciclos econômicos, como do açúcar, do algodão, da mineração e do café, bem como algumas políticas gover- namentais a partir da década de 1940 de incentivo à ocupação do Centro- -Oeste e do Norte, que são de grande importância no entendimento dos movimentos migratórios. As migrações internas são fenômenos sociais amparados e condicionados por processos globais, regionais e locais. Sendo assim, diferentes lugares tendem a se adequar às exigências do capital e, como consequência, os fluxos populacionais seguem nessa esteira. Nesse sentido, a acumulação de capital molda os deslocamentos populacionais tanto no sentido migratório (espacial) quanto também social. Assim, para a melhor compreendermos os movimentos migratórios no Brasil, podemos avaliá-los de acordo com seu período histórico. Movimentos migratórios do período colonial até o século XIX O período compreendido entre a chegada dos colonizadores, em 1500, até meados do século XIX foi marcado por deslocamentos populacionais que contribuíram de forma decisiva na confi guração do território brasileiro (OLI- VEIRA, 2006). Os primeiros movimentos populacionais ocorreram em função dos ciclos econômicos impulsionados pelas atividades econômicas desenvolvidas em períodos específicos, como, inicialmente, a exploração do pau-brasil e o escambo com os indígenas (Figura 1). Migrações internas no Brasil2 Figura 1. As primeiras atividades comerciais foram estabelecidas entre os índios e os portugueses, por meio do escambo. Fonte: Marzolino/Shutterstock.com. Em seguida, outros ciclos se estabeleceram, como do açúcar, nos séculos XVI e XVII; da borracha, entre 1870 e 1910; da mineração, no século XVIII; do algodão, entre os séculos XVIII e XIX; da pecuária (século XVI no Nordeste e século XVIII no Sul do Brasil); e do café, no final do século XIX e início do século XX. Eles influenciaram os fluxos migratórios, que ocorreram de forma irregular, e moldaram o estabelecimento dos núcleos populacionais no território (FURTADO, 2010). À medida que novos ciclos se iniciavam, a população livre migrava para a região onde essas atividades econômicas estavam efervescentes em busca de oportunidades de trabalho e de negócios. Posteriormente, com a decadência dos ciclos econômicos em decorrência da exaustão da exploração do produto ou ainda em virtude da concorrência por parte de outras colônias de explora- ção, alguns grupos permaneciam nas áreas decadentes, realizando atividades de subsistência, enquanto outros buscavam novos lugares para garantir sua sobrevivência e sua subsistência. É importante observar que, além do movimento de pessoas livres, também havia outro f luxo muito importante e expressivo associado à mi- gração interna, que era composto por escravos e indígenas. Muitos grupos indígenas foram dominados e escravizados no início da colonização para a 3Migrações internas no Brasil extração do pau-brasil. Entretanto, havia diversos conflitos entre índios e colonizadores, e por isso a mão-de-obra era escassa para empreendimentos do porte das grandes lavouras de produtos voltados para a exportação, como a cana-de-açúcar. Com a implantação do modelo da grande lavoura de exportação no ciclo da cana-de-açúcar, escravos africanos passaram a ser adotados para compor a massa trabalhadora do empreendimento açucareiro, por constituírem uma mão-de-obra mais barata, nascendo assim o tráfico de escravos. Quando o ciclo do açúcar entrou em decadência, muitos desses escravos se deslocaram com seus donos para o interior do Nordeste, onde já existiam áreas utilizadas na pecuária (FURTADO, 2010). No século XVI, a atividade pecuarista no Nordeste era destinada tanto ao abastecimento dos engenhos com força animal quanto para alimentação (Figura 2). Figura 2. Os escravos acompanhavam seus donos durante a migração em busca de outras oportunidades econômicas. Fonte: Everett Historical/Shutterstock.com. Até a abolição da escravatura, em 1888, os fluxos migratórios para os escravos eram, na verdade, movimentos forçados, já que não constituíam uma mão-de-obra assalariada e livre, e seguiam de forma compulsória os seus proprietários (OLIVEIRA, 2006). Migrações internas no Brasil4 Por três séculos, até o ano de 1850, cerca de 4 milhões de escravos africanos foram trazidos para o Brasil (OLIVEIRA, 2006). Tanto no período em que os ciclos econômicos eram extrativistas quanto na passagem do extrativismo para a economia agroexportadora, os fluxos migratórios internos funcionavam no sistema de atração–repulsão, ou seja, quando o ciclo econômico estava em ascendência, atraía indivíduos, e quando entrava em decadência, os repelia para outras regiões mais prósperas. Entretanto, uma das características dos ciclos econômicos no Brasil era que as novas atividades econômicas não absorviam toda a população resultante da atividade anterior, sugerindo que cada ciclo tinha uma dinâmica populacio- nal própria (OLIVEIRA, 2006). Os ciclos, ao deslocarem o eixo geográfico da atividade exportadora, promoviam a ocupação de novos territórios e o surgimento de novos núcleos de assentamento, que poderiam motivar ou não fluxos migratórios de uma região para outra, de acordo com a necessidade de mão-de-obra. Como essa demanda de trabalhadores era suprida pelos colo- nos e pelos escravos africanos, não sobravam oportunidades para os demais indivíduos, como os trabalhadores livres. Nesse sentido, a maioria dos indivíduos permanecia nos núcleos popula- cionais que foram formados em função da atividade econômica, exercendo ali alguma atividade de subsistência. Essa peculiaridade é importante para entender a falta de articulação entre os núcleos populacionais durante séculos, que somente foi estabelecidacom o surgimento de um ciclo econômico mais forte: o ciclo do café e o processo de industrialização. A vinda da família real portuguesa em 1808 mudou a questão do tráfico e compra de escravos. D. João VI não sabia quanto tempo permaneceria em território brasileiro, mas sabia que a quantidade de escravos existentes no Brasil poderia causar má impressão em outras monarquias. Mais tarde, como resposta à promulgação da Lei Bill Aberdeen, em 1845, pela Inglaterra, que proibia o tráfico de escravos e previa a perseguição, interceptação e apreensão de navios negreiros no Oceano Atlântico, o poder legislativo brasileiro, já no Segundo Reinado, promulgou em 1850 a lei Eusébio de Queiroz, que proibia a entrada de novos escravos no Brasil. Além disso, em novembro de 1850 foi aprovado um decreto incentivando a vinda de imigrantes do exterior para trabalhar no país. Entre 1808 e 1850, houve alguns fluxos migratórios da Europa para o Brasil, 5Migrações internas no Brasil mas eram muito pequenos, já que o tráfico de escravos ainda acontecia. Como se não bastasse, potenciais migrantes percebiam a instabilidade da monarquia e temiam ser escravizados (DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011). O primeiro influxo populacional estrangeiro recebido pelo Brasil na primeira metade do século XIX tratava-se de mão-de-obra livre. Portugueses, alemães, suíços, entre outros, chegaram para trabalhar na cafeicultura do oeste paulista, sob regime de parceria, e não de assalariamento. A experiência na forma de parceria não foi bem sucedida, e muitos migrantes retornaram para seus países ou ainda migraram internamente em busca de outras oportunidades (OLIVEIRA, 2006). O fim do tráfico negreiro e, posteriormente, o fim da escravidão, em 13 de maio de 1888, associados ao acelerado desenvolvimento da economia cafeeira, impuseram uma grande demanda por mão-de-obra, o que novamente estimulou a busca por imigrantes estrangeiros. A vinda de imigrantes para Brasil no final do século XIX e início do século XX foi financiada por fazendeiros, que lhes ofereciam subsídios para virem trabalhar no Brasil. Outro elemento motivador para os imigrantes estrangeiros foi a crise econômica na Europa em decorrência da automação das indústrias, sem contar com a transição demográfica experimentada por seus países de origem (OLIVEIRA, 2006). Os imigrantes europeus que chegaram ao Brasil acabaram gerando ainda fluxos migratórios internos. Os deslocamentos domésticos se basearam, pri- meiramente, em fluxos rurais–rurais entre fronteiras agrícolas, em que os migrantes se movimentavam de uma fazenda para outra em busca de trabalho ou de melhores salários. Em um segundo momento, esses fluxos passaram a ser rurais–urbanos, o chamado êxodo rural, pois com o dinheiro acumulado pelos migrantes, muitos deles foram para as cidades, compondo novos espaços. As migrações internas de meados do século XIX ao século XXI Com a Independência do Brasil e a expansão do ciclo do café a partir de 1850, o Brasil passou a integrar a nova divisão internacional do trabalho, relacionada ao capitalismo industrial, em que os países subdesenvolvidos Migrações internas no Brasil6 eram fornecedores de matérias-primas e produtos primários, que em muitos casos eram manufaturados nas metrópoles ou em países desenvolvidos, sendo depois revendidos para os países subdesenvolvidos com maior valor agregado. A população continuava a determinar seus fl uxos em função da economia, buscando, portanto, as áreas produtoras que demandavam mais mão-de-obra, localizadas na região centro-sul do país, entre Rio de Janeiro, Zona da Mata mineira e São Paulo. Até 1888, a necessidade de trabalhadores era suprimida pelos escravos africanos e pelos poucos imigrantes que aqui chegavam. Com a proibição do tráfi co de escravos, a demanda por outros trabalhadores aumen- tou, estimulando a migração interna e especialmente a imigração estrangeira (OLIVEIRA, 2006). O estímulo à imigração estrangeira ocorreu em função da pouca oferta de mão-de-obra disponível na região sudeste. Apesar da economia açucareira ter estagnado, os f luxos populacionais com origem na região Nordeste se destinaram para outros ciclos mais próximos, como o ciclo do algodão no Maranhão, que atraía os indivíduos para trabalharem no cultivo e na indústria de fiação e tecelagem. Ademais, alguns f luxos migratórios foram para o sul da Bahia, onde o cultivo do cacau estava em pleno desenvolvi- mento (Figura 3). Figura 3. A produção de cacau no Sul da Bahia originou um ciclo eco- nômico regional a partir século XVII, e que se estende até os dias atuais. Fonte: Neja Hrovat/Shutterstock.com. 7Migrações internas no Brasil Também existiu um fluxo espontâneo de não escravos, composto por trabalhadores de outras regiões do Brasil e vindos de Portugal que haviam se aventurado na exploração de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais. No período de decadência do ciclo da mineração, no final do século XVIII, dirigiram-se para São Paulo, mas não foram para as áreas cafeeiras, e sim em busca de terras livres. Dessa forma, não existia um excedente populacional que pudesse ser transferido para as regiões produtoras de café, sendo necessário o estímulo à imigração estrangeira. Mais tarde, mesmo com a crise da superprodução de café e a Primeira Guerra Mundial (1914– 1918), que afetaram as exportações, a economia ca- feeira continuou expandindo suas plantações e influenciando as dinâmicas migratórias do país. Essa fase durou até 1930, quando o período agroexportador brasileiro foi sendo substituído por um processo descontínuo de industriali- zação, que ainda era ditado pela dinâmica do capital cafeeiro. O processo de industrialização iniciado a partir de 1930 promoveu a ocu- pação e o desenvolvimento de uma rede urbana pré-existente desde o período colonial, formada pelos centros que haviam se constituído em mercados para a importação de fabris (PATARRA, 2003). Nesse sentido, a industrialização intensificou a urbanização das regiões que eram impulsionadas pela economia do café, como São Paulo, Rio de Janeiro, algumas cidades do Vale do Paraíba e da Zona da Mata mineira. Ao mesmo tempo, os núcleos urbanos do sul do país, que eram responsáveis pelo fornecimento de mantimentos para as populações do centro-sul, também começaram a se desenvolver, bem como os núcleos do Nordeste (Salvador e Recife) e do Norte (Manaus e Belém), como exportadores de produtos primários. A atividade agroexportadora do café, que redundou em grande acumulação de capital e industrialização, gerou um crescimento da população de São Paulo. Ela representava 9,7% da população do país em 1890 e alcançou, em 1950, 17,6%. Ao mesmo tempo, a população do Nordeste e do estado de Minas Gerais sofreu um decréscimo, sinalizando a mudança do eixo geográfico do fluxo migratório para o estado de São Paulo (PATARRA, 2003). Na década de 1940, foram observados diversos fluxos migratórios rumo à região Centro-Oeste e ao norte do Paraná. Para o Centro-Oeste, as principais regiões fornecedoras de migrantes foram o Sudeste, com aproximadamente Migrações internas no Brasil8 96 mil pessoas oriundas dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, e o Nordeste, com cerca de 103 mil migrantes vindos do Nordeste oriental, Maranhão, Piauí e interior da Bahia (DANTAS; MORAIS; FER- NANDES, 2011). Os migrantes que se destinaram ao Centro-Oeste foram atraídos pela oferta de terras para o desenvolvimento agrícola da região, mediante incentivos estatais, para a produção de grãos e carne. Nessa região, o Governo Federal criou dois núcleos de colonização: a Colônia Agrícola Nacional de Goiás (atual município de Ceres) e a Colônia Agrícola Nacional de Dourados (no atual estado do Mato Grosso do Sul). Além disso, havia outros atrativos na região Centro-Oeste, como a exploração de diamantes e cristal de rocha na bacia hidrográfica do rio Araguaia e a exploração do babaçu no vale do rio Tocantins, quando este ainda pertenciaao estado de Goiás. Na década de 1940, a região norte do Paraná, com solos bastante férteis, também passou a atrair migrantes em função da venda de lotes de terra por uma incorporadora de origem inglesa, que criou núcleos de colonização pri- vados. Na região Nordeste também houve um fluxo similar de indivíduos que, fugindo das secas, foram em busca de terras para a agricultura de subsistência no Maranhão. Na década de 1950, a industrialização chegou ao Nordeste pela implantação de polos industriais próximos a Salvador, Recife e Fortaleza, por meio de incentivos fiscais às indústrias que se instalaram na região Sudeste na etapa de internacionalização industrial brasileira. Ainda assim, os fluxos migratórios internos partindo do Nordeste continuaram para diversas regiões do país e ainda para o interior da própria região, onde houve movimentos migratórios principalmente para o Maranhão devido à exploração de babaçu e cultivo de arroz (OLIVEIRA, 2006). Nesse contexto, existiram movimentos direcionados do Nordeste para o Sudeste (assinalados como fluxo 1 na Figura 4), especificamente para o munícipio de São Paulo e arredores, além da cidade do Rio de Janeiro, cujos deslocamentos foram incentivados pelo intenso processo de industrialização que essas regiões estavam vivenciando. 9Migrações internas no Brasil Figura 4. Os fluxos migratórios no Brasil, onde os números representam o grau de importância do destino. Fonte: Estuda.com (2016, documento on-line). Além disso, também houve movimentos do Nordeste para o Centro-Oeste e extremo Norte, principalmente para o Mato Grosso e Rondônia, em função do garimpo, e para Goiás, em decorrência da construção da capital do Brasil, Brasília, assinalados como fluxo 3 na Figura 4. Para a região Sul, houve deslocamentos populacionais tanto de nordestinos quanto de gaúchos para o estado do Paraná, para trabalhar na cafeicultura. Entre as décadas de 1960 e 1970, os movimentos migratórios internos principais, partindo da região Nordeste, continuaram para a região Centro- -Oeste e Amazônia, respectivamente assinalados como os fluxos 2 e 4 na Figura 4. Entretanto, a implantação do Regime Militar, em 1964, ampliou o incentivo à migração para a região Norte, com o objetivo de ocupação territorial (PATARRA, 2003). Devido à preocupação com a segurança nacional, o governo militar criou uma política de integração da Amazônia, que foi viabilizada por meio de projetos agropecuários e de incentivos fiscais. Essas ações foram essenciais para a ocupação da região e para o estabelecimento de fluxos migratórios rumo ao norte do país. Migrações internas no Brasil10 Os projetos governamentais das décadas de 1960 e 1970 para a região amazônica beneficiaram a iniciativa privada e os detentores de vasto capital para investimentos, que instalaram grandes propriedades rurais em detrimento dos interesses de indígenas, posseiros e pequenos proprietários. Nas décadas de 1960 e 1970, o Nordeste ainda configurava-se como a principal área de repulsão populacional, e os fluxos migratórios dessa região seguiam para todas as regiões do país, principalmente para o Sudeste, devido à sua industrialização, para os estados do Paraná, Mato Grosso e Goiás, em função da expansão agrícola e do cultivo do babaçu, e para a Amazônia, devido à necessidade de mão-de-obra. Ainda houve outros fluxos internos importantes na época devido à expansão da fronteira agrícola, levando indivíduos do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais rumo a terras no Mato Grosso. Além das migrações internas de caráter regional, é importante destacar a grande emigração do Sudeste rural para o Sudeste urbano na década de 1960 e 1970, fenômeno que também foi observado do Nordeste rural para o Nordeste Urbano e para o Sudeste urbano a partir de 1970, bem como do Sul rural para o Sul urbano e do Centro-Oeste rural para o Centro-Oeste urbano (PATARRA, 2003). Nas décadas de 1970 e 1980, os deslocamentos internos em direção à região amazônica prosseguiram, incentivados pelos programas e projetos governamentais para a ocupação da região. Um deles foi o Projeto de Integração Nacional, que promoveu obras de caráter estrutural, como as grandes rodovias Transamazônica e Cuiabá–Santarém, além de um projeto de colonização da região por meio de assentamentos de migrantes ao longo dessas rodovias. A Transamazônica também foi projetada com o objetivo de facilitar a migração dos nordestinos para a região Norte, uma vez que o Sudeste já enfrentava problemas relacionados à população urbana e tensões sociais, além desses migrantes também constituírem mão-de-obra para os grandes projetos. De modo similar, a rodovia Cuiabá-Santarém também facilitaria o fluxo de migrantes do Sul e do Sudeste para o Centro-Oeste e Norte do país. 11Migrações internas no Brasil A partir da década de 1980, observou-se uma mudança na tendência migratória interna do país em termos de volumes, fluxos e características dos movimentos. Houve uma redução de fluxos populacionais em direção ao Sudeste, especialmente para as grandes cidades e metrópoles, passando a predominar migrações de curta distância e intra-regionais. Já os movimentos populacionais para a região amazônica e para os municípios de pequeno e médio porte se mantiveram estáveis. A redução do deslocamento populacional para a região Sudeste ocorreu em função da crise econômica que se instalou nas décadas de 1980 e 1990, além do fenômeno da descentralização industrial. A crise econômica afetou o mercado de trabalho, aumentando as taxas de desemprego e tornando in- certo para o migrante o sucesso do seu deslocamento. O próprio processo de descentralização industrial, em que as indústrias se transferiram da região metropolitana para outros locais, como o interior do estado de São Paulo e estados fora da região Sudeste, também contribuiu para a redução dos fluxos migratórios para o Sudeste (PATARRA, 2003). No caso da região amazônica, ela ainda permaneceu atrativa devido ao desenvolvimento de diversas atividades econômicas que estavam sendo fo- mentadas pelo Estado, como os incentivos ao aumento da relevância da Zona Franca de Manaus, além da expansão das fronteiras agrícolas e dos garimpos. Além da redução do fluxo migratório, também foi possível observar, a partir da década de 1990, o movimento de retorno dos migrantes para a região Nordeste. O movimento em sentido contrário deveu-se à crise econômica vivenciada pelo Sudeste, além do desenvolvimento das capitais e das cidades médias e pequenas da região Nordeste, que passaram a oferecer oportunidades de trabalho na agroindústria e no turismo, que absorveram parte da população. A crise vivenciada pelo Brasil na década de 1980 também ocasionou a emigração de bra- sileiros para o exterior, com fluxos importantes entre Brasil–Estados Unidos, Brasil–Japão e Brasil–Europa, além de emigrações rurais do Brasil para o Paraguai (PATARRA, 2003). As migrações inter-regionais para a região Centro-Oeste também perderam intensidade a partir dos anos 1980, devido a mudanças na forma de ocupação das terras e das áreas de fronteira. Com a modernização da agricultura, houve a incorporação de grandes áreas de terra, além da utilização de técnicas de cultivo Migrações internas no Brasil12 mais modernas e voltadas à produção em larga escala para exportação. A moder- nização da agricultura ocasionou a expulsão dos pequenos agricultores e colonos, que acabaram migrando do campo para a cidade, no chamado êxodo rural. O início da reação da economia brasileira, a partir de meados da década de 1990, também promoveu importantes reflexos nos movimentos migratórios, especialmente na região Nordeste e, em menor escala, no Norte do país. Os incentivos estatais para que instituições privadas com alto capital acumulado investissem no Nordeste resultaram no desenvolvimento de regiões com estru- turas econômicas modernas, ativas e dinâmicas, promovendo um desempenho positivo nessasáreas, com geração de empregos e renda. Dentre as atividades econômicas instaladas no Nordeste, destacam-se o complexo petroquímico de Camaçari; o polo têxtil e de confecções de Fortaleza; o complexo minero-metalúrgico de Carajás; o polo agroindustrial de Petrolina/ Juazeiro, que se desenvolveu a partir da agricultura irrigada com as águas do rio São Francisco; regiões onde há a agricultura moderna de grãos (cerrados baianos e o sul do Maranhão e do Piauí); o polo de fruticultura de Rio Grande do Norte, irrigado pelo Vale do Açu); o polo de pecuária intensiva do agreste de Pernambuco; e os diversos polos turísticos implantados nas principais cidades litorâneas do Nordeste (PATARRA, 2003). Já a região Centro-Oeste foi marcada por dois processos bastante expressivos e quase simultâneos: a ocupação e expansão das fronteiras agrícolas por grandes empresas, que realizaram vultuosos investimentos em tecnologia, mecanização e produção em larga escala; e o crescimento das cidades em decorrência do próprio desenvolvimento do campo e também com as migrações campo–cidade. A região Sudeste passou a vivenciar, em meados da década de 1990, uma redução do crescimento populacional, que foi ocasionada pela diminuição tanto da taxa de fecundidade quanto dos fluxos migratórios, com os chamados migrantes de retorno, que rumaram das regiões metropolitanas para suas cidades de origem. Outra região que também apresentou uma redução no crescimento populacional foi o sul do Brasil, devido aos reflexos do grande êxodo rural nas décadas de 1970 e 1980, que levou milhares de indivíduos a buscarem terras no Centro-Oeste. 2 Motivações para as migrações As migrações, de maneira geral, podem ser motivadas por fatores econômicos, naturais, políticos, étnicos, religiosos, culturais e laborais, sendo as causas econômicas consideradas as motivações primárias e principais. Nesse caso, 13Migrações internas no Brasil as migrações acontecem devido ao desejo do indivíduo ou de seu grupo de usufruir de melhores condições de vida, proporcionadas por salários mais elevados, condições dignas de trabalho e atendimento das necessidades básicas, como saúde e educação. As causas naturais estão relacionadas aos fenômenos ambientais, que podem ser de ordem natural ou antrópica, cuja manifestação promove a migração forçada dos indivíduos devido aos riscos de permanência na região. As causas naturais ou ambientais que motivam os processos migratórios podem ser relacionadas ao clima e às condições dos ecossistemas, como baixa fertilidade do solo, ausência ou baixa oferta de água, secas, arenização, entre outros. As causas antrópicas podem ser provocadas exclusivamente pelo homem, como a degradação e contaminação do solo e das águas, ou potencializadas, como as mudanças climáticas em função do aumento da emissão de gases do efeito estufa. Já as causas políticas estão associadas, por exemplo, a mudanças de governo ou no sistema político, que podem diminuir a liberdade e a participação das pessoas nos processos decisórios, além da geração de conflitos, que podem forçar a migra- ção. Por sua vez, as razões étnicas e religiosas estão relacionadas aos conflitos e perseguições ocasionados por discordâncias entre etnias e manifestações religiosas. As motivações culturais são aquelas em que os indivíduos se deslocam para conhecer outras culturas ou estudar, como os intercâmbios acadêmicos, linguísticos e culturais. Já as causas laborais estão associadas aos desloca- mentos realizados por motivos profissionais. Considerando as motivações gerais para a migração, podemos perceber que os movimentos migratórios internos no Brasil foram estimulados princi- palmente pelos elementos econômicos e pelas desigualdades socioeconômicas existentes entre as regiões. As diferenças econômicas e até mesmo a impossibi- lidade de geração de renda facilitava o surgimento dos fluxos migratórios, que se manifestaram em ciclos de acordo com o aparecimento das oportunidades, relacionadas às atividades econômicas das regiões (Patarra, 2003). Durante o período colonial e imperial, os deslocamentos populacionais pautaram-se nos ciclos econômicos, que foram responsáveis pela formação de uma estrutura territorial com uma rede primitiva de cidades. Esses ciclos necessitavam de mão-de-obra, e a busca pela subsistência levou uma parte Migrações internas no Brasil14 pequena da população a constituir os movimentos migratórios, de um ciclo para outro, enquanto outros grupos permaneciam nos núcleos urbanos mesmo após findado do ciclo, desenvolvendo atividades de subsistência e migrações curtas entre áreas rurais. Os fluxos migratórios tornaram-se mais robustos a partir do ciclo da mineração, no século XVIII, e do café, entre os séculos XIX e XX, que demandavam não apenas mão-de-obra, mas também mantimentos, o que promoveu fluxos comerciais e, como consequência, mais fluxos migratórios. A partir da década de 1930, as motivações seguiram relacionadas aos aspectos econômicos e à busca por melhores condições de vida e de geração de renda. Contudo, a direção dos movimentos migratórios se diversificou: além do fluxo rural–rural, também passou a existir, de forma mais contundente, o fluxo rural–urbano, especialmente para a região Sudeste, que vivenciava o início do processo de industrialização e urbanização. Nesse sentido, passaram a existir duas correntes de distribuição populacional: enquanto as migrações rurais abriam fronteiras agrícolas e povoavam o interior do Brasil, outros fluxos concentravam os indivíduos nas cidades (PATARRA, 2003). A atração de fluxos migratórios para as regiões mais desenvolvidas, como o Sudeste e o Sul, também ocorreu devido à oferta de políticas sociais nas cidades, que podem ser consideradas motivações sociais, como os serviços nas áreas de saúde pública, previdência social e assistência médica, educação básica e ordenamento do mercado de trabalho que passaram a ser oferecidos a partir da década de 1940. O sentido das setas migratórias, portanto, dependia das dinâmicas eco- nômicas vigentes no território. No campo, isso redundou em situações de expulsão em função da concentração fundiária e do sistema de produção para o atendimento do mercado capitalista, que não comportava os pequenos agricultores e proprietários de terra. As próprias políticas estatais acabaram expulsando a população rural a partir do momento em que passaram a fomentar a grande empresa agroexportadora, aumentando os fluxos migratórios para as cidades, especialmente na década de 1970. Além da concentração fundiária, a modernização da agricultura, com a inserção de tecnologias e insumos agrícolas que aumentavam a produtividade, também contribuiu para a migração rural–urbana, já que os pequenos proprietários não conseguiam acompanhar e produzir de forma competitiva. 15Migrações internas no Brasil A concentração da atividade econômica no Sudeste, associada ao excedente populacional desocupado gerado pelo campo em função da concentração fun- diária, além dos fluxos das pequenas e médias cidades com economias mais estagnadas, contribuíram para os movimentos migratórios para o Sudeste até a década de 1970. Tais fluxos apresentavam uma motivação econômica, que se tornou ainda mais intensa devido às mudanças na estrutura agrária e no desempenho econômico das regiões, que obrigaram os indivíduos a migrarem em busca de melhores condições de vida (PATARRA, 2003). Além da concentração fundiária, responsável por gerar excedente populacional de- socupado ou com baixa capacidade de geração de renda, ainda havia a transição democrática que o Brasil estava vivenciado, com o crescimento mais acelerado da população. As altas taxas de natalidade e a redução da taxa de mortalidade geram famílias numerosas no campo, o que também reduziu a renda per capita familiar, contribuindo para o processo migratório. A partir da década de 1980, os movimentos migratórios e a distribuição da população se pautaram porcrises econômicas de ordem estrutural, relacionadas às políticas desastradas e também à transição do Regime Militar e conjuntural. A concentração urbana e industrial no Sudeste começou a perder força com os incentivos à instalação de indústrias fora das regiões metropolitanas e também em outras regiões do país. Nessa época houve também uma especialização do espaço urbano: áreas industriais nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, ou seja, de atividades secundárias, tornaram-se áreas com atividades terciárias, voltadas para os serviços, que exigiam novas habilidades, qualificação e competências dos trabalhadores. Essa transição permitiu o fortalecimento das redes urbanas em torno dos grandes centros, de forma que as cidades passaram a desenvolver relações de interdependência e complementaridade. Assim, novas rotas de deslocamentos foram estabelecidas em função das mudanças do mercado de trabalho e dos custos de vida, aumentando as migrações de retorno, de curta distância, das metrópoles para as cidades médias, e também migra- ções pendulares ou diárias, em que as pessoas trabalham em uma cidade e residem em outra. Migrações internas no Brasil16 3 Consequências das migrações internas Os movimentos populacionais internos que ocorreram e que ainda ocorrem no Brasil são motivados principalmente por elementos econômicos, seja em busca de melhores oportunidades de trabalho e geração de renda e/ou por melhor qualidade de vida. Todos esses fluxos populacionais ocasionaram uma série de impactos nos locais de origem e de destino dos migrantes, cujas consequências também foram influenciadas pelo momento histórico vivido pelo país em cada ciclo de migração interna. Assim, podemos categorizar essas consequências em seus aspectos econômicos, demográficos, políticos, sociais e culturais, que se inter-relacionam a todo o tempo. Com relação aos impactos econômicos, podemos citar que a saída de in- divíduos de uma determinada região provoca a diminuição da sua população economicamente ativa e também da força de trabalho, o que pode promover a estagnação econômica dos lugares de origem. Ao mesmo tempo, a transferência de mão-de-obra indica que o lugar de destino encontra-se mais dinâmico, de forma que o seu progresso e o seu desenvolvimento também geram impactos positivos em torno dessas regiões, como pode ser observado no município de São Paulo e no desenvolvimento da sua região metropolitana. O mesmo se aplica ao êxodo rural, cujos indivíduos foram forçados a mi- grar em decorrência da expansão das fronteiras agrícolas, e ainda a migração rural–rural. A expansão das fronteiras provocou a mudança da estrutura fundiária, que priorizou a grande propriedade com produção voltada para a exportação em detrimento dos pequenos proprietários, o que forçou as famílias agricultoras a migrarem para as cidades. Além disso, a própria mecanização da agricultura reduziu os postos de trabalho nas grandes lavouras, o que também foi um fator motivador da migração para outras áreas rurais em busca de sobrevivência (PATARRA, 2003). Com o processo de industrialização do país, os f luxos de indivíduos do campo para cidade promoveram impactos importantes. Essas pessoas participaram ativamente como mão-de-obra na construção de toda a infra- estrutura básica, tanto para o funcionamento dos centros urbanos quanto das indústrias. Entretanto, o espaço construído pelos migrantes não era voltado para seu próprio consumo, e sim para outras classes sociais, gerando um dos principais problemas urbanos, que foi a ocupação desordenada das áreas periféricas, com a consequente favelização. Com o avanço da industrialização, a oferta de empregos em áreas que exigiam baixa quali- 17Migrações internas no Brasil ficação foi sendo reduzida, pressionando ainda mais a população migrante para as periferias e para os subempregos, aumentando as desigualdades econômicas e sociais (Figura 5). Figura 5. As periferias das cidades são formadas por trabalhadores que não têm condições de consumir o espaço geográfico que ajudam a produzir. Fonte: cifotart/Shutterstock.com. Os deslocamentos populacionais também provocam impactos demográficos nos locais de origem, que tendem a testemunhar a partida de jovens do sexo masculino, o que promove desequilíbrio de gênero e uma redução das taxas de natalidade e de crescimento vegetativo (DANTAS; MORAIS; FERNANDES, 2011). Nos lugares de destino, a chegada de migrantes ocasiona o aumento da natalidade e o rejuvenescimento da população, além da concentração da força de trabalho. Ao mesmo tempo em que a população ativa aumenta, gerando mais riquezas para a região de destino, a concentração de trabalhadores também eleva a oferta em relação à demanda, o que provoca a redução dos salários e o aumento da pobreza. A concentração das atividades relacionadas a indústria e agropecuária no centro-sul do país, verificada a partir da década de 1930, promoveu um atraso no desenvolvimento econômico das regiões Nordeste, Norte e extremo sul em função da concentração das políticas prioritárias estatais naquela região. Migrações internas no Brasil18 Somente a partir de 1960, novamente por meio de incentivos estatais, as regiões Norte e Nordeste foram inseridas nos fluxos econômicos já estabele- cidos no país, mas sempre em benefício da região hegemônica (PATARRA, 2003). Com isso, as desigualdades regionais ainda permaneceram, e os efeitos nos deslocamentos populacionais só foram observados a partir de 1980, com a crise econômica e a descentralização industrial. Entre 1945 e 1980, o intenso desenvolvimento em função do aquecimento da economia, associado a um processo acelerado e pouco planejado de urba- nização, também contribuiu para o deslocamento populacional, o que alterou de forma importante a estrutura demográfica das cidades. Entretanto, apesar da expansão do mercado de trabalho e da inserção dessa parcela da população na dinâmica da cidade, o modelo econômico apresentava características con- centradoras, tanto de renda quanto de população. Além disso, caracterizava-se por ser também excludente, já que o espaço urbano não apresentava os mesmos elementos e oportunidades para todos. As diferenças de renda entre a população trabalhadora e os responsáveis pelos meios de produção eram enormes, originando uma sociedade urbana com uma estrutura social complexa e fragmentada. Essa fragmentação, como consequência, ref letiu no espaço urbano, com a segregação dos espaços de acordo com a renda e a atividade econômica. Nesse contexto, surgiram as periferias urbanas, que representavam o espaço urbano desti- nado e possível de ser consumido pela classe trabalhadora urbana, graças à especulação imobiliária e aos interesses empresariais e políticos na gestão do território. Seja como for, os movimentos populacionais no Brasil foram inicia- dos na época colonial, devido aos ciclos econômicos e à necessidade de sobrevivência e busca de oportunidades. Tais movimentos se estenderam durante séculos, sendo a região Nordeste a principal fonte de emigrantes, enquanto a região centro-sul do país foi a maior receptora de migrantes. Os deslocamentos populacionais no país foram motivados majoritariamente por questões econômicas, na busca por melhores condições de vida e de trabalho. Essas movimentações promoveram uma série de consequências, que intensificaram as desigualdades regionais e fomentaram problemas sociais associados ao êxodo rural, em que pessoas com pouca qualificação não conseguiam boas colocações no mercado de trabalho urbano. O mesmo se aplica às migrações entre cidades, que geralmente envolve pessoas menos qualificadas que buscam novas oportunidades. 19Migrações internas no Brasil DANTAS, E. M.; MORAIS, I. R.; FERNANDES, M. J. C. Geografia da população. 2. ed. Natal: EDUFRN, 2011. ESTUDA.COM. Questão 159819. 2016. Disponível em: http://www.estudavest.com.br/ questoes/?id=159819. Acesso em: 28 abr. 2020. FURTADO, C. Formação econômicado Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. OLIVEIRA, A. T. R. Dos movimentos populacionais à pendularidade: uma revisão do fenômeno migratório no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIO- NAIS, 15., ABEP, Caxambú, MG, Brasil, 2006. PATARRA, N. L. Movimentos migratórios no Brasil: tempo e espaços. 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