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1 SUPERVISOR ESCOLAR: AÇÕES E PROJETOS NA SUPERVISÃO ESCOLAR 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................... 3 2 - SUPERVISÃO ESCOLAR .......................................................................... 7 3 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONCEPÇÃO DE SUPERVISÃO ESCOLAR ................................................................................................................................... 9 4 - A REALIDADE PRÁTICA DA AÇÃO SUPERVISORA EM UMA ESCOLA PÚBLICA .................................................................................................................. 15 5 - A AÇÃO DO SUPERVISOR ESCOLAR ................................................... 19 6 - TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA: UM SABER DOCENTE NECESSÁRIO À AÇÃO SUPERVISORA ............................................................................................ 21 PRÁTICAS E PROJETOS DE SUPERVISÃO ESCOLAR ............................. 22 7.1 - A PESQUISA COMO INSTRUMENTO DA AÇÃO SUPERVISORA ...... 24 7.2- PLANEJAMENTO E SUPERVISÃO ESCOLAR ..................................... 36 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 42 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1 – INTRODUÇÃO A escola é um espaço social que ainda necessita de grandes mudanças com a finalidade de cumprir o seu papel na sociedade, que é formar para a cidadania. A realidade educacional brasileira demonstra que a escola mesmo diante das transformações ocorridas com relação a sua estrutura e funcionamento, a maioria ainda se encontra no plano de suas concepções teóricas e práticas alienadas a modelos pré-estabelecidos e, até mesmo a modelos estereotipados. É fundamental entender que para a escola, transformar os modelos e concepções e, participar efetivamente do desenvolvimento de um trabalho pedagógico eficaz, precisa refletir sobre a concepção de educação estabelecida no seu Projeto Político Pedagógico com a participação coletiva visando atender as novas exigências que a sociedade estabelece para as pessoas. Muitos são os autores que com suas fundamentações teóricas contribuem para orientar e compreender o papel que o supervisor escolar deve desempenhar, entre eles é possível verificar que Ferreira (2007, p. 327) destaca que as transformações sociais e políticas remetem ao supervisor escolar o compromisso com a "formação humana" no processo educacional. Libâneo (2002, p. 35) refere-se ao supervisor educacional como "um agente de mudanças, facilitador, mediador e interlocutor", um profissional capaz de fazer a articulação entre equipe diretiva, educadores, educandos e demais integrantes da comunidade escolar no sentido de colaborar no desenvolvimento individual, social, político e econômico e, principalmente na construção de uma cidadania ética e solidária. A partir das reflexões de Libâneo (2002), é possível compreender que o supervisor necessita desenvolver dentro do espaço escolar uma visão crítica e construtiva do seu fazer pedagógico, trabalhando de forma coesa e articulada com os diretores escolares e coordenadores pedagógicos. Esta articulação possibilitará a melhoria da qualidade de ensino e da aprendizagem. Acreditamos que se a escola almeja atingir bons resultados na aprendizagem dos educandos, necessita planejar, avaliar e aperfeiçoar suas ações pedagógicas, para que o processo educacional seja de qualidade. Estas ações são algumas das diversas 4 funções do supervisor escolar, as quais devem garantir para a escola resultados positivos e mobilizar toda a comunidade escolar para participar ativamente na tomada de decisões referentes à organização do ensino no seu Projeto Político-Pedagógico. Isso nos remete entender que o supervisor escolar deverá desenvolver seu fazer pedagógico objetivando o aperfeiçoamento dos educadores que atuam no espaço escolar, valorizando os diferentes saberes e as suas contribuições para o planejamento de ações pedagógicas, respeitando a personalidade de cada um. Isso exige do supervisor escolar uma constante avaliação do seu desempenho profissional, conduzindo-o a busca de uma formação continuada. Outro fator importante com relação ao papel do supervisor está ligado à análise do planejamento do currículo escolar, sendo que este deve ser acompanhado desde a sua execução dando ênfase na avaliação contínua, isso reforça a necessidade, segundo Lück (2008, p. 20) na "somatória de esforços e ações desencadeadas com o sentido de promover a melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem". Neste processo de promoção o supervisor deve conhecer o funcionamento da educação escolar, suas relações com o contexto histórico-social e o desenvolvimento humano, seus níveis e modalidades de ensino. Além disso, precisa conhecer também: Os fundamentos teóricos que dão sustentabilidade no ensino e na aprendizagem; Os princípios e valores norteadores da prática pedagógica; As normas e diretrizes que orientam todos os níveis e modalidades de ensino; Socializar e conduzir as práticas pedagógicas e as possíveis interferências no cotidiano escolar; Promover a autonomia da instituição escolar envolvendo a comunidade; priorizar pela formação continuada dos educadores valorizando-os através de um trabalho coletivo respeitando as especificidades pessoais de todos os participantes. Fica evidente que muitas são as atribuições que o supervisor deve desempenhar para qualificar o trabalho pedagógico que desenvolve dentro da escola onde atua. Este desempenho se justifica através de ações motivadoras envolvendo o estímulo para que cada educador possa executar trabalhos com a colaboração das demais pessoas, os quais devem ser valorizados com objetividade, ética e diálogo. 5 O supervisor deve ser capaz de interpretar as carências reveladas pela sociedade, direcionando ações capazes de responder as demandas sociais, culturais, econômicas e políticas que fazem parte de uma sociedade que está em constantes transformações. Então, faz sentido considerar que o supervisor diante dessas transformações representa um dos principais responsáveis pela sobrevivência e sucesso das instituições de ensino, pois sua competência é desenvolver um trabalho pedagógico que visa o planejamento, a execução e a avaliação de toda a organização dos conhecimentos. A educação é um processo contínuo e permanente que exige cada vez mais dos profissionais da educação um compromisso que atenda as exigências de uma sociedade que está evoluindo rapidamente em todos os setores. Issorepresenta a necessidade da implementação de uma postura renovada envolvendo todos que compõem a estrutura organizacional de um sistema educacional. Sabe-se, no entanto, que o trabalho do supervisor depende do tipo de gestão que a equipe gestora implementa na instituição escolar, pois o sucesso da sua prática pedagógica depende da identificação dos diferentes interesses políticos que perpassam a organização do ensino. Diante disso, a eficácia do trabalho pedagógico do supervisor requer um compromisso de repensar formas de planejamento de ações e estratégias que irão contribuir de forma articulada com a realidade escolar tendo como premissa a nova visão de mundo e de sociedade contemporânea. É por isso, que o supervisor deve trabalhar de forma articulada com toda a comunidade escolar para a construção de uma proposta coletiva de um Projeto Político-Pedagógico. É este projeto que poderá garantir a sobrevivência e o sucesso das instituições escolares. Quando se fala de uma proposta coletiva na instituição escolar, entende-se que as pessoas que nela atuam constituem-se o princípio essencial de sua dinâmica, pois podem se posicionar de maneira cooperativa e diferenciada com as demais pessoas, com outras organizações e no ambiente educacional em geral. A partir do exposto acima, constata-se que o todo processo administrativo possuí políticas que sustentam a gestão educacional através de um conjunto de atividades, 6 ações e reestruturação de novos conceitos visando à implementação de mudanças na qualidade educacional. Para implementar mudanças na educação, Guimarães (2010), nos sugere que este espaço que trata das questões educacionais precisa cultivar o respeito mútuo entre seus membros, fortalecendo a construção de regras de boa convivência entre as partes. 7 2 - SUPERVISÃO ESCOLAR Origens do conceito de Supervisão No início da industrialização, surgiu nas fábricas a função de supervisor, para controlar e melhorar a qualidade e quantidade da produção. Sua principal tarefa era de controlar a execução do que havia sido planejado em todo o processo de trabalho. Desde as condições gerais dos operários até as condições que a empresa oferecia para a efetivação do trabalho. O operário nada mais era que uma força de trabalho e o objetivo era o lucro. A palavra Supervisão é formada por vocábulos super (sobre) e visão (ação de ver). Indica a atitude de ver com mais clareza uma ação qualquer. Como significação do termo, pode-se dizer que significa olhar por cima, dando uma “ ideia de visão global “. (Giancaterino 2010). Segundo Bittel (1982, p.5), o termo supervisor tem suas raízes no latim, onde significa “olhar por cima”. Ainda Bittel (1982, p.4) “supervisor é qualquer pessoa no primeiro nível de gerenciamento que tem a responsabilidade de fazer com que seus supervisionados envolvidos na execução de um trabalho cumpram os planos e as políticas da gerência de nível mais elevado. ” 8 Entre os vários autores que conceituam a supervisão escolar, destacamos alguns deles: Nérici (p.28, 1976) “A Supervisão Escolar visa a melhoria do processo ensino aprendizagem, para o que tem de levar em conta toda a estrutura teórica, material e humana da escola”. Ainda Nérici (1976) “Supervisão Escolar significa mais visão sobre todo o processo educativa, para que a escola possa alcançar os objetivos da educação e os objetivos específicos da própria escola”. Para Przybylski (p. 24, 1985) “Supervisão Escolar “ é o processo que por objetivo prestar ajuda técnica no planejamento, desenvolvimento e avaliação das atividades educacionais, tendo em vista a unidade das ações pedagógicas, o melhor desempenho e o aprimoramento do pessoal envolvido na situação ensino aprendizagem. Para Libâneo (2010), a Supervisão educacional é responsável pela viabilização, integração e articulação do trabalho pedagógico-didático em articulação com os professores. No começo do século XX, a supervisão passa a enfatizar os métodos para verificação do rendimento escolar e a estruturação de padrões de acompanhamento com o objetivo de melhorar o ensino. A partir de 1970, com a Lei nº 5692/71 a função de supervisor educacional se tornou mais abrangente com inclusão dos serviços de assistência técnico-pedagógica e inspeção escolar. 9 3 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONCEPÇÃO DE SUPERVISÃO ESCOLAR Repensar a ação supervisora nas instituições escolares requer uma breve análise na linha do tempo, percorrendo fatos e conceitos da história da supervisão educacional, para entendê-la em suas origens e em seus avanços. No contexto brasileiro, a supervisão é uma profissão relativamente recente. O pressuposto do que vem a ser supervisão originou-se na indústria, relacionada com a produção. Antes de ser contemplada na educação, a supervisão era empregada na indústria como uma forma de melhoria da qualidade e da quantidade. Assim, a supervisão escolar teve início aqui nas terras brasileiras, por meio de cursos promovidos pelo Programa Americano-Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar (PABAEE), o qual foi o primeiro a formar supervisores escolares para atuarem no ensino elementar (primário) brasileiro. A finalidade era modernizar e melhorar a qualidade do ensino e a formação dos professores. De acordo com Medina, uma das ideias contidas nos objetivos do PABAEE era: Introduzir e demonstrar aos educadores brasileiros os métodos e técnicas utilizados na educação primária, promovendo a análise, aplicação e adaptação dos mesmos, a fim de atender às necessidades comunitárias em relação à educação, por meio do 10 estímulo à iniciativa do professor, no sentido de contínuo crescimento e aperfeiçoamento .Criar, demonstrar e adaptar material didático e equipamento, com base na análise de recursos disponíveis no Brasil e em outros países, no campo da educação primária (MEDINA, 2002 apud PABAEE, 1964, p.4-5). Mas afinal, quem é o supervisor? Qual o seu papel no processo educativo? Partindo deste questionamento, pode-se conceituar supervisor esclarecendo o sentido etimológico da palavra. O termo supervisão é formado pelos vocábulos super (sobre) e visão (ação de ver). Indica a atitude de ver com mais clareza uma ação qualquer. Como significado estrito da palavra pode-se dizer que significa olhar de cima, dando uma “ideia de visão global“. Então no âmbito educacional, escolar pode- se dizer que supervisor educacional/ escolar é o profissional da educação que atua junto ao corpo docente e discente da escola, visando “olhar”, acompanhar os envolvidos no ato educativo. Como diz Rangel (2001, p.66) “Pode-se, também, constatar que no núcleo central da função supervisora na escola encontram-se o estudo e a coordenação. ” Pode-se dizer também que supervisor é aquele que coordena, orienta, é parceiro do professor nos desafios diários em busca do sucesso dos alunos em sua aprendizagem. Como diz Lima in Rangel (2001, p.78) “...reconhece-se a necessidade, cada vez maior, de que o supervisor e o professor sejam parceiros, com posições e interlocuções definidas e garantidas na escola. ” 11 É alguém que observa, promove reflexão sobre as práticas adotadas, indica caminhos para sanar dificuldades, já que o importante é oferecer uma educação de qualidade, onde haja aprendizagem e os alunos fiquem preparados para os grandes desafios da sociedade contemporânea. Para Lima e Morel (2013, p.17) “O Supervisor é corresponsável pelo educar: possibilidade do indivíduo de ter condições essenciais para superar as limitações e concretizar os ideais sonhados, se capacitar para a vida adquirindo conhecimentos fundamentais para uma vida honrosa de sucesso. ” A atuação do supervisor no âmbito escolar tem por objetivo o aprender doaluno pela ação do professor e para que haja êxito é necessário um trabalho em equipe, onde um ajude o outro. Pode-se dizer que o supervisor passa a ser um grande dinamizador escolar As escolas, ao longo da história, vêm passando por várias mudanças e para evoluírem precisam adotar uma política de desenvolvimento. Oliveira (2013, p. 28) fala do conceito de desenvolvimento institucional, que consiste em uma série de ações que envolvem basicamente planejamento, acompanhamento e avaliação. Segundo ela, essas ações visam ao aprimoramento da instituição e têm efeitos benéficos, como dar maior organicidade às atividades administrativas e de planejamento, programar a modernização gerencial e contribuir para a segurança na tomada de decisões. E ainda esse processo tem como finalidade a mudança planejada e progressiva, além da construção de uma sólida identidade institucional. Então, passa a haver novos desafios para o supervisor educacional, fazendo-o trabalhar junto à gestão da escola, sem perder de vista as questões pedagógicas. Primando pelo desenvolvimento e mudança institucional que devem ser realizadas de forma coletiva e baseadas nas tendências pedagógicas que norteiam as práticas da escola. A supervisão educacional tem como ações, quanto ao planejamento, construir o Projeto Político Pedagógico, planejar e reformular o currículo escolar, bem como elaborar o calendário, entre outras funções que também devem ser realizadas de forma coletiva. Em relação ao acompanhamento (didática) é preciso estimular e contribuir para a formação continuada dos professores e favorecer a relação entre escola e comunidade. Além disso, promover ações para a permanência dos professores na 12 escola e organizar um banco de dados contendo memórias do processo desenvolvido na escola, bem como difundir as informações pedagógicas. Quanto à avaliação, o supervisor tem por incumbência coordenar a elaboração do sistema de avaliação de aprendizagem da escola, participar no projeto de avaliação institucional. Realizar uma análise de rendimento, de retenção e de evasão escolar, com o consequente levantamento de alternativas para sanar os problemas detectados; promover uma coordenação colaborativa, com os demais membros da Equipe técnico-Pedagógica da escola e dos Conselhos de Classe. Existem ainda outras ações que podem ser realizadas pelo supervisor, como: Contribuir para o processo de inclusão, apoiar a melhoria da qualidade de ensino. Além de facilitar o uso da tecnologia de informação e comunicação e incentivar a inovação educacional. Para melhor entender o papel do supervisor no contexto educacional, é importante analisar a conjuntura em que estamos vivendo. A sociedade mudou com a globalização, e com ela os avanços tecnológicos aumentam a cada dia. Mais recursos e ferramentas mais completas e poderosas vão surgindo, fazendo com que a atividades do cotidiano sejam realizadas cada vez mais rápidas. E na correria da era digital, as pessoas precisam se adaptar e conviver com uma nova cultura social, com a nova maneira de se relacionar e de aprender e de ensinar. Como diz Gebran (2009, p.14) As tecnologias da comunicação, além de veículo de informação, possibilitam novas formas de ordenação da experiência humana, com múltiplos reflexos, particularmente no meio educacional, gerando com isso novas formas de produzir e transmitir conhecimento. A aprendizagem colaborativa vem ocupando espaço no panorama educacional, utilizando ferramentas que aproximam as pessoas e, consequentemente, diminuem distâncias e esforços, oportunizando a troca de experiências. Assim surge um novo paradigma educacional, as escolas equipadas com recursos tecnológicos, computadores, internet, entre outros, com alunos já acostumados a utilizar tais recursos, os quais já não aceitam um professor que se limita a ser um mero transmissor de conhecimento, pois através das tecnologias ele acessa qualquer tipo de informação. Mas este aluno precisa muito de um guia, de um orientador, alguém que vai mediar o processo, fazendo-o buscar e interpretar de forma crítica as informações. Mas grande parte dos professores não foram 13 preparados para atuar dessa forma, precisam aprender a lidar com as tecnologias e utilizá-las a favor de uma prática educativa que leve o aluno a ter maior eficiência na construção do conhecimento. Cada profissional da educação precisa ter consciência que não basta utilizar as tecnologias para oferecer um ensino tradicional, é preciso inovar, mudar sua forma de trabalhar. Gebran (2009, p. 18) cita Caldas 2008, que afirma “O professor não mais será apenas um propagador do conhecimento, como ocorria anteriormente, mas um incentivador da aprendizagem, gerenciando-a e propiciando uma troca no campo do saber. ” Sendo assim, é necessária uma atualização constante, estudo, reflexões, planejamento. Também o supervisor educacional tem que acompanhar toda essa evolução, para poder cumprir seu papel ajudando o professor a desenvolver uma prática inovadora e promover uma melhor qualidade na educação. MORAES,1997, citado por Gebran (2009, p.20) afirma: Não podemos continuar produzindo uma Educação onde as pessoas sejam incapazes de pensar e de construir seu conhecimento. Na nova escola, o conhecimento é produto de uma constante construção, das interações e de enriquecimentos mútuos de alunos e professores. Precisamos ter consciência que a educação contemporânea precisa melhorar em muitos aspectos. Conforme as ideias de Melchior (2001, p. 34-35), pode-se constatar que nas últimas décadas, há uma grande preocupação no sentido melhorar a qualidade da educação e de diminuir os índices de reprovação e evasão escolar. A forma como isso vai ser feito depende de cada professor, de cada equipe pedagógica, de cada instituição educacional Pensando em possibilidades para que haja o sucesso escolar, é imprescindível que os professores revejam o quadro referencial de suas práticas, os valores educativos e o manejo dos processos de ensino e de aprendizagem, ainda tão individualistas e fragmentários. Assim, espera-se que os professores estejam bem conscientes que mais importante do que a passar informação é o desenvolvimento da capacidade de pensar, de aprender a aprender e resolver problemas. O trabalho que a escola desenvolve deve estar voltado para o educando como integrante ativo da sociedade. Melchior (2001, p. 75) afirma que: A escola deverá ser cada vez mais atuante e criativa tanto no diagnóstico das necessidades de seu grupo e no conhecimento do contexto atual, como na busca de 14 aperfeiçoamento que dê condições aos profissionais da educação de acompanhar o desenvolvimento das ciências, sem deixar de considerar a formação do ser humano único e social. Isso comprova que é de suma importância a atuação da coordenação pedagógica, do supervisor escolar, para auxiliar os docentes a melhorar suas práticas. Lima e Morel (2013, p.17) diz: O supervisor, seja educacional, escolar, pedagógico, coordenador ou qualquer outra denominação é o profissional que, ao lado dos docentes, poderá reverter o triste quadro educacional existente hoje no contexto da educação em comparação à realidade de outros países. No entanto, percebe-se uma carência no apoio pedagógico, pois nem todas as escolas, principalmente na rede pública de ensino, possuem um supervisor escolar, ou quando possuem, nem sempre está bem preparado para tal função, ou ainda, muitas vezes, este tem suas funções desviadas por falta de recursos humanos. É imprescindível que o supervisor esteja bem preparado, com uma boa formação, que seja pesquisador, procurando atualizar-se sempre para melhorar sua prática. Entre o ideal (o sonho) e a ação há muito a se fazer, pois se pensa, planeja-se, mas na prática muitas vezes as coisas não acontecem. Às vezes, existem elementos externosque dificultam o trabalho do supervisor. Diante disso, percebe-se a necessidade deste profissional se dedicar em superar estes desafios, buscando novas alternativas e reinventando sua prática. O conhecimento, formação e prática são elementos que norteiam o trabalho do supervisor. Lima e Morel (2013, p. 18) consideram que O Supervisor deve acreditar, dar o exemplo e manter o foco. Desta maneira, irá contagiar a todos. Sua atenção deve estar baseada nas áreas do planejamento, da formação continuada e da avaliação. Além disso, se faz necessário, valorizar a realidade em que alunos e professores estão inseridos, visto que, desta forma é possível tornar mais rico o processo de ensino-aprendizagem. Para isso, podem ser utilizadas metodologias que facilitem as atividades diárias do professor. É importante que haja uma parceria entre supervisor e professor para haver sucesso no seu trabalho, o professor na tarefa de promover condições para que haja aprendizagem e o supervisor auxiliando, orientando, dialogando, contribuindo no 15 processo de ensinar e aprender. Entretanto, este trabalho não pode ser confundido simplesmente como uma assessoria, pois precisa envolvimento e comprometimento. 4 - A REALIDADE PRÁTICA DA AÇÃO SUPERVISORA EM UMA ESCOLA PÚBLICA Com o objetivo de analisar a atuação dos supervisores foi realizada uma pesquisa de campo em uma escola pública de Ensino Fundamental e Médio. Nesta escola existem três profissionais que atuam na supervisão escolar, já que a mesma oferece atendimento em três turnos diários. Esta pesquisa teve como metodologia a observação da rotina destes profissionais, bem como o questionamento a alguns docentes sobre a atuação supervisora na escola. O que se pôde observar é que das três supervisoras da escola, somente uma possui a graduação em supervisão escolar, no entanto, as outras duas estão em fase de 16 conclusão no curso de pós-graduação em supervisão escolar, apesar de já terem a formação com pós-graduação em áreas diferente. Percebeu-se que o grupo realiza um trabalho conjunto ao lado da equipe diretiva, também ficou evidente, que a ação supervisora desta escola é dinâmica, havendo a contribuição de todos os educadores. O grupo de supervisoras visa promover parceria com os docentes em busca de ações pedagógicas eficientes que valorizem as diversidades e a realidade do meio em que a escola está inserida. E também que contribuem para o processo de ensino- aprendizagem. Uma das alternativas que está se tentando desenvolver no momento, na tentativa de inovar, de propor mudança na educação, é a ênfase no trabalho com projetos interdisciplinares. Os educadores acreditam que através deste, o aluno torna-se sujeito do ato de aprender, trabalha com aquilo que é de seu interesse além de ser capaz de construir conhecimento de uma forma desafiadora, desde que bem orientado, é lógico. A sala de aula passa a funcionar como um local de pesquisa, onde ideias são trocadas, problemas resolvidos através de ações programadas. O professor passa a ser um facilitador da aprendizagem, torna-se mediador entre a proposta e a realização da mesma. Os conteúdos são trabalhados a partir de questões problematizadoras, numa perspectiva globalizadora, fazendo inter-relação de informações a partir de um determinado eixo temático. Mas, Segundo Fazenda (2012, p. 78) A construção de uma didática interdisciplinar pressupõe antes de mais nada a questão de perceber-se interdisciplinar. Na medida em que se pare para observar os aspectos que você caminhou, fica mais fácil de perceber a necessidade de caminhar em aspectos ainda duvidosos, seja no pensar seja no fazer a didática. Nesse sentido, o processo de passagem de uma didática tradicional para uma didática transformadora, interdisciplinar supõe uma revisão dos aspectos cotidianamente trabalhados pelo professor. Melhor dizendo, é na forma como esses aspectos são revistos que se inicia o processo de ingresso a uma didática interdisciplinar. Aquele educador que se propuser a adotar esta forma de trabalho deve, antes de tudo, buscar informação, estudar, se preparar para tal desafio. Para que o educador esteja bem preparado para esta prática é preciso investir em pesquisas, leituras e reflexões. Aí entram os momentos de formação pedagógica e consequentemente a 17 ação do supervisor, da equipe pedagógica, que deve promover muitos momentos de estudos e de planejamento. E também pesquisar, buscar conhecer mais esta prática para poder organizar efetivos momentos de formação. Além da observação, realizou-se entrevista com alguns docentes. Em relação à importância da ação supervisora na escola, os profissionais concordam em suas respostas quando afirmam que a ação supervisora na escola é fundamental. Se o pedagógico está bem, a escola vai bem. Para eles o pedagógico é considerado o coração da escola. O supervisor é aquele que estabelece o posicionamento de fazer, agir, movimentar e envolver-se, interagindo na comunidade escolar, além de ser um mediador, elo entre as esferas da escola. Quanto ao perfil ideal de supervisor, os docentes acreditam que o supervisor ideal é um profissional aberto a buscar soluções aos problemas que surgem, que seja comprometido com o processo ensino-aprendizagem, motivador, incentivador, inovador, e articulador de práticas pedagógicas que auxiliem o aluno a buscar a construção do conhecimento. Que ao perfil ideal de supervisor, os docentes acreditam que o supervisor ideal é um profissional aberto a buscar soluções aos problemas que surgem, que seja comprometido com o processo ensino-aprendizagem, motivador, incentivador, inovador, e articulador de práticas pedagógicas que auxiliem o aluno a buscar a construção do conhecimento. Além de ser alguém que tenha conhecimento, experiência da sala de aula e que seja mediador. Com relação ao trabalho dos supervisores estar ou não contribuindo para melhorar a prática pedagógica da escola, consideram que o papel do supervisor contribui muito na ação pedagógica, pois é o responsável por organizar o tempo, a formação e orientar os professores, incentivando-os a desenvolver práticas inovadoras. Também buscam auxiliar e promover atualizações necessárias para o bom funcionamento do grupo. Sobre a importância de o supervisor acompanhar o trabalho do professor, os entrevistados responderam que é necessário acompanhar para contribuir e colaborar, incentivando práticas mais construtivas e humanizado rãs, visando à formação integral do estudante. Além de que toda ação conjunta é válida, é para somar, para melhorar. E muitas vezes o professor sente-se inseguro, depara-se com dificuldades que necessitam de uma direção, uma orientação. Então é importante o acompanhamento e apoio do supervisor para que o professor consiga desenvolver boas práticas. 18 Quanto ao questionamento sobre a atuação dos supervisores e a respeito da realização de reflexões sobre a prática educativa com o grupo de professores, os educadores dizem que há preocupação e comprometimento nas reuniões pedagógicas. Também promovem reflexões que resultam em ações posteriores com o propósito de melhorar a prática pedagógica e consequentemente, melhoria da aprendizagem que é o objetivo principal, fazer com que o aluno aprenda. Segundo os entrevistados, o grupo de supervisores conduz de forma coerente os estudos e reflexões para que o grupo desenvolva uma boa prática em sala de aula, apesar de em alguns momentos não falarem a mesma linguagem e muitas vezes estarem ocupados com atividades de caráter burocráticos como controle de livros de chamada, organização de horários, entre outros. No momento a equipe da escola está procurando introduzir e desenvolver a prática através de projetos interdisciplinares e para isso precisam discutir, planejar e principalmente do apoio da equipe pedagógicaque organiza momentos para isso. As supervisoras mostram-se preocupadas em promover momentos de estudos e discussão de novas alternativas para tornar o processo de aprendizagem mais eficaz. Em relação à realização de práticas através de projetos interdisciplinares que está se desenvolvendo da escola, uma das supervisoras contribui dizendo: “Nós supervisores, temos um papel importante, o de promover os encontros dos profissionais para que o planejamento coletivo aconteça. Mas, para que a interdisciplinaridade ocorra é necessário ter um novo olhar sobre os limites nas diferentes disciplinas ou áreas do conhecimento. Temos a função mediadora entre os profissionais de educação, envolvidos neste processo, permear a comunicação necessária para o desenvolvimento e planejamento do projeto interdisciplinar. Podemos e devemos incentivar o professor a ser um sujeito pesquisador, inovador e buscar novas alternativas na construção da aprendizagem e trabalhar com projetos interdisciplinares e esta é uma alternativa, uma mudança possível. Esta possibilidade foi muito discutida na formação pelo Fortalecimento do Ensino Médio, onde várias atividades e projetos interdisciplinares foram planejados e estão sendo desenvolvidos. É preciso o engajamento num processo de investigação e construção coletiva do conhecimento, não mais individualizado, mas coletivo”. 19 5 - A AÇÃO DO SUPERVISOR ESCOLAR A escola trabalha numa organização sistêmica aberta, a fim de conhecer, analisar e controlar o que se passa dentro da escola e direcionar as inovações necessárias ao bom desempenho das suas funções. Em virtude disso que a escola dispõe de profissionais com diferentes papeis, possibilitando a interação e a troca de conhecimentos entre os membros da instituição. É necessário que a escola trabalhe buscando uma prática coletiva, para que os educadores, especialistas, pais e funcionários possam trabalhar juntos e com isso estarem envolvidos com a escola. É necessário ter parceria, isso contribuirá para o desenvolvimento da escola, possibilitando a comunidade uma escola mais participativa, onde cada um deve se comprometer em atuar na sua função com responsabilidade, pensando sempre no coletivo. esforços e ações A ação do supervisor visa o professor, as ações concretizam-se em reuniões, visitas, entrevistas, tudo o que pode contribuir para uma escola organizada e de qualidade. De acordo com MEDINA: 20 Cabe ao supervisor, elaborar o plano do setor de supervisão, a documentação do setor, cronograma de atividades para a escola, as pautas das reuniões, controlar o cumprimento da carga horária dos professores, e as aulas dadas e previstas na grade curricular, realizar levantamentos estatísticos de rendimento dos alunos, organizar o mural da escola, controlar o preenchimento do diário escolar dos professores, providenciar substituição dos professores nos casos de absenteísmo, confeccionar material didático para os professores e entre outras [...] (1997. p.19). Atualmente, a ação do supervisor não é vista mais como uma ação de autoritarismo e poder, o supervisor tem a função de auxiliar os professores e se colocar a disposição da escola no que for preciso, e construir através do seu trabalho um ambiente escolar mais organizado e cooperativo, onde todos se ajudam, independente do cargo que ocupa. O supervisor leva consigo no seu trabalho, princípios, conceitos e valores que fizeram parte de sua formação, fatores estes, que podem contribuir para uma discussão coletiva dentro da escola. Entretanto, pode-se avaliar a ação do supervisor na escola, e perceber como é importante e fundamental para a mesmo poder contar com esse profissional, pois o seu trabalho de cooperação e integração contribui para uma escola mais participativa, organizada, e articulada com os professores, alunos e a comunidade. 21 6 - TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA: UM SABER DOCENTE NECESSÁRIO À AÇÃO SUPERVISORA Medina (2002, p. 35) afirma, fundamentada nos estudos do professor americano Kimball Wiles, cujo pensamento está registrado na obra “Supervisão para melhores escolas” que “para ser supervisor é necessário primeiro ser educador”. Nesta perspectiva, almejando uma supervisão escolar repensada, acredita-se que o exercício da docência é uma possibilidade de consolidar uma ação supervisora mais efetiva nas escolas, pela experiência adquirida e vivida pelo profissional da educação ao longo de sua regência de classe, uma vez que se aposta na ideia de que a docência tem a potencialidade de gerar maior sensibilidade às relações pedagógicas a serem desenvolvidas pela supervisão. Ao abordar os saberes docentes necessário à ação supervisora escolar tem-se a intenção de situar a função do professor neste cenário de supervisão escolar repensada, bem como o compromisso desse profissional da educação com a transposição didática, uma estratégia de ensino capaz de auxiliar o professor nesta concepção de supervisão (re) elaborada. Considerando esse cenário, acredita-se ser possível uma reflexão sobre o papel do supervisor como articulador de um espaço de 22 promoção de conhecimento e de construção de saberes. Para tanto, faz-se necessário se debruçar sobre os conhecimentos e saberes pertinente a profissão, para que, munido deles e inserido no contexto educacional, possa desenvolver seu papel com maior propriedade e segurança, contribuindo efetivamente com o processo educacional. Paulo Freire (1996), afirma que não há saber mais ou saber menos, o que existe são saberes diferentes. Essa ideia intensifica os saberes da escola, ou melhor, das pessoas que produzem saberes no ambiente educacional. Considerando que existem diferentes situações promotoras de aprendizagem, ainda é na instituição educativa que acontecem os grandes movimentos de transformação dos saberes através da aprendizagem. E como isso acontece? Primeiramente pela verificação de questões pertinentes ao processo, como a função da instituição educacional, seu compromisso com o ensino e a ação do professor na transposição didática. PRÁTICAS E PROJETOS DE SUPERVISÃO ESCOLAR PRÁTICA DA SUPERVISÃO ESCOLAR: SISTEMAS DE ENSINO E UNIDADES ESCOLARES EM SEUS ASPECTOS CULTURAIS E ORGANIZACIONAIS E A DIMENSÃO DA PESQUISA PARA A AÇÃO SUPERVISORA Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. Paulo Freire A prática supervisora vem nos últimos tempos passando por transformações, assim como a cada dia, no mundo em que vivemos, torna-se mais necessária a conscientização de que se vivem mudanças significativas nas mais diversas áreas, sejam econômicas, políticas, sociais ou culturais. De tal modo têm ocorrido tais transformações que múltiplos desafios precisam ser vencidos a fim de que se cumpram as funções sociais na contemporaneidade, principalmente no espaço da escola como campo de atuação em prol da socialização de saberes instituídos, na construção de saberes em um processo criativo e inovador de compreensão dos 23 Fenômenos educativos em toda a sua complexidade, seja humana, técnica ou científica. Nesse sentido, trazer para a prática da supervisão escolar o esclarecimento da importância da pesquisa como ação mobilizadora de reflexão sobre as perspectivas educacionais, o conhecimento das normas legais que organizam e estruturam o funcionamento das organizações escolares, o significado das políticas e do trabalho pedagógico, proporcionando subsídios teóricos e práticos que propiciem a reflexão sobre a dimensão da ação supervisora é de fato fundamental à formação do profissional que atua na supervisão escolarem nível de sistema de ensino, bem como em instituições escolares únicas. Para tanto, como nos diz Ferreira (2008, p. 89, 90, 99), são conteúdo do trabalho profissional da supervisão: •-à política — coordenação da interpretação/implementação e da “coleta” De subsídios para o desenvolvimento de novas políticas mais Comprometidas com as realidades educacionais; •-ao planejamento — coordenação, construção e elaboração coletiva do Projeto acadêmico/educacional, implementação coletiva, coordenação da “vigilância” sobre seu desenvolvimento e necessárias reconstruções; •-à gestão — coordenação, propriamente dita, de todo o desenvolvimento das políticas, do planejamento e da avaliação (projeto acadêmico/educacional, construído e desenvolvido coletivamente); •-à avaliação — análise e julgamento das práticas educacionais em desenvolvimento com base em uma construção coletiva de padrões que se alicercem em três princípios/posturas intimamente relacionados: a avaliação democrática, a crítica institucional e a criação coletiva e a investigação participante e contínua; •-a todos esses elementos — estudar muito e continuamente, individual e coletivamente, discutindo conceitos e formas de elaboração prática de estratégias de ação pedagógica. (...) faz-se necessária uma educação de novo tipo, estando em curso a construção de uma nova pedagogia e, portanto, de outro perfil de professor, de supervisor, de orientador O controle necessário é o que se fará na construção coletiva do projeto acadêmico/educacional à luz dos princípios e elementos mencionados e do saber científico na sua forma mais elaborada, que possibilite o domínio de conteúdos e de habilidades cognitivas superiores, que devem ser estudados, discutidos, rediscutidos 24 e incorporados à prática supervisora que o profissional da educação deverá exercer no âmbito educacional/ escolar. 7.1 - A PESQUISA COMO INSTRUMENTO DA AÇÃO SUPERVISORA A importância da pesquisa para a ação supervisora dá-se na proporção em que os supervisores escolares iniciam suas observações, formulam questões ou hipóteses de pesquisa, bem como ao selecionar dados e instrumentos que possam elucidar tais questões. Para tanto, André (1999, p. 353) adverte que a pesquisa deve obedecer a critérios, tais como: Em primeiro lugar, propiciar o acesso aos conhecimentos científicos •-orientar os docentes na busca de fontes, escolha de métodos e seleção de informações relevantes; •-propor aos professores modos de sistematizar, interpretar e relatar os dados. 25 Daí, considerar, como André (1999, p.354), que a finalidade do processo de ensino- aprendizagem “é a formação de sujeitos autônomos, capazes de compreender a realidade que os cerca e de agirem sobre ela”. Para tanto, ele propõe a utilização da metodologia como elemento formador, de modo a desenvolver habilidades como: • observar; • formular questões; • formular hipóteses; • selecionar dados; • selecionar instrumentais; • elucidar questões e hipóteses; • expressar suas descobertas; • expressar suas novas dúvidas. A pesquisa possibilita, assim, um processo significativo da construção da prática da supervisão. E isso é possível, como bem diz André (1999, p. 354), porque é na problematização da realidade que se originam as questões a serem perseguidas, e é a partir delas que são escolhidos métodos de trabalho e técnicas de coleta de dados — o que requer um aprendizado de observação e análise da realidade e um conhecimento de instrumentais para sua apreensão. À luz dessa perspectiva, exige-se um envolvimento ativo de todos os atores, de modo que seja possível haver o compartilhar de experiências e, caso necessário, reelabora- las, por meio de estudo e reflexão. Além disso, André (1999) destaca o papel fundamental das interações sociais no processo de formação do profissional da educação investigador, por meio do diálogo e da partilha de saberes e experiências. A interação é necessária “tanto na definição dos temas e problemas de interesse comum quanto na busca conjunta de alternativas para seu equacionamento” (André, 1999, p. 355). Trazer aos professores consumidores da pesquisa as novas conquistas no campo específico de conhecimentos. Deve, além disso, levar o aluno-professor a assumir um papel ativo no seu próprio processo de formação, e mais, a incorporar uma postura investigativa que acompanhe continuamente sua prática profissional. De sorte que a autora apoia sua visão nas chamadas pedagogias ativas, razão pela qual defende que os programas de formação e aperfeiçoamento docente incluam entre seus objetivos o desenvolvimento das habilidades básicas de investigação. 26 Parafraseando ainda André (1999), cabe ao supervisor escolar o papel de planejar e orientar o processo de ensino ao professor e de aprendizagem para o aluno, e junto com ambos, avaliar os resultados alcançados, tanto no decorrer da ação quanto na fase final do processo. Como o professor tem relevante papel no processo de ensino e aprendizagem, o supervisor escolar tem um papel importante no planejamento, no acompanhamento e na avaliação das atividades realizadas na escola, cabendo-lhe, mais especificamente, de acordo com a referida autora, as seguintes tarefas: •-coordenar todo o processo; •-dar os estímulos iniciais; Diante das diversas concepções e práticas de supervisão escolar, a abordagem reflexiva de supervisão, desenvolvida sob a ótica de Schön e Zeichner, explicitada por Alarcão (2008, p. 18), “alicerça a metodologia formativa da reflexão como forma de desenvolver um conhecimento profissional contextualizado e sistematizado numa permanente dinâmica interativa entre a ação e o pensamento”. Assim, no quadro demonstrado por Alarcão (2008, p. 51), serão explicitadas as características fundamentais da supervisão numa escola reflexiva: De acordo com Toschi (2003), sistema de ensino tende a ser considerado o conjunto de escolas das redes, ou seja, o sistema de ensino compreende uma rede de escolas e sua estrutura de sustentação. Se tomarmos o significado da palavra, sistema supõe um conjunto de elementos ou unidades relacionadas, que são coordenadas entre si e constitui um todo. 27 Afirma-nos a mesma autora que, embora “o sistema escolar se estruture em um conjunto de organizações de ensino, as escolas não perdem sua especificidade de estabelecimentos pautados em regulamentos e leis que regulam sua organização e o funcionamento como unidade escolar. “Todavia, ao se organizarem em um sistema, esses elementos materiais (conjunto das instituições de ensino) e ideais (conjunto das leis e normas que regem as instituições educacionais) passam a formar uma unidade, no caso, um sistema de ensino” (Toschi, 2003, p. 228). Sistema de ensino é visto “como o conjunto de instituições de ensino que, sem constituírem uma unidade ou primarem por seu caráter coletivo, são interligadas por normas, por leis educacionais, e não por uma intencionalidade” (Toschi, 2003, p. 235). Ainda segundo Toschi (2003, p. 235), entende-se sistema de ensino “como o conjunto de instituições de ensino que, sem constituírem uma unidade ou primarem por seu caráter coletivo, são interligadas por normas, por leis educacionais, e não por uma intencionalidade”, no sentido administrativo, ao qual a legislação educacional se refere. Cabe ressaltar que o sistema de ensino é composto por três partes: • as instituições de ensino; • o órgão de administração (ministério ou departamento da educação, ou órgão equivalente) e; • o conselho de educação. No instrumento da legislação educacional, qual seja, a LDBEN 9.394/1996, em seu art. 8º, estabelece que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios devem organizar, em regime de colaboração, seus respectivos sistemasde ensino, cabendo à União a coordenação da Política Nacional de Educação, articulando os diferentes níveis e sistemas. O sistema de ensino compreende: a) uma rede de escolas; b) uma estrutura de sustentação. Rede de escolas: é o subsistema que se dedica à atividade-fim do sistema. - Dimensões: - Dimensão vertical: graus de ensino; - Dimensão horizontal: modalidades de ensino (Dias, 2004, p. 95-6). 28 Estrutura de sustentação do sistema de ensino: constitui a estrutura administrativa do sistema de ensino e apresenta: a) Elementos não materiais: - Normas (disposições legais, disposições regulamentares e disposições consuetudinárias); - Metodologia de ensino; - Conteúdo do ensino: currículos e programas. b) Entidades mantenedoras: - Instituições escolares mantidas pelo poder público federal, estadual e municipal; - Instituições escolares particulares — leigas ou confessionais; - Entidades mistas: autarquias etc. c) Administração: compreende os organismos que têm por finalidade a gestão do sistema de ensino (Dias, 2004, p. 96). Assim, é possível verificar em uma representação gráfica o sistema de ensino da seguinte forma: SISTEMA FEDERAL DE ENSINO De acordo com o artigo 16 da LDBEN 9.394, o sistema federal de ensino diz respeito às instituições, aos órgãos, às leis e às normas que são de responsabilidade da União, do governo federal e são realizadas nos estados e municípios. Assim, além da 29 responsabilidade pela manutenção das instituições federais, por meio do Ministério da Educação, supervisiona e inspeciona as diversas instituições de ensino superior particulares. A normatização deste sistema é realizada pelo órgão colegiado, Conselho Nacional de Educação (CNE). SISTEMA ESTADUAL DE ENSINO De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu art. 24, cabe à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar sobre educação, cultura, ensino e desporto. Assim, no artigo 17 da referida lei educacional vigente, fazem parte do sistema estadual de ensino as instituições de ensino estaduais. Entretanto, além da manutenção de suas escolas, cabe a este sistema a função de disciplinar e controlar a educação particular, fundamental e média, ensino supletivo e cursos livres que acontecem fora do âmbito escolar, por meio da Secretaria Estadual de Educação e do Conselho Estadual de Educação (CEE), que exerce função normativa, deliberativa, consultiva e fiscalizadora da rede oficial e particular. A Secretaria Estadual de Educação possui, em sua estrutura, as diretorias regionais de ensino que têm como função precípua “implementar as políticas públicas estaduais dentro de sua área de abrangência” (Lanza, 2003). SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO Fazem parte do sistema municipal de ensino, as unidades escolares municipais, o órgão administrativo da Secretaria Municipal de Educação e as instituições de ensino particulares de educação infantil, também compõe o sistema municipal de ensino o Conselho Municipal de Educação, que em conformidade com a legislação educacional estadual e federal, exerce função normativa, deliberativa, consultiva e fiscalizadora da rede municipal de ensino e das escolas particulares de educação infantil. Unidades escolares como organizações aprendentes: aspectos culturais e organizacionais. A cultura organizacional corresponde, de certo modo, a clima organizacional, ambiente, clima, entretanto a utilização do termo cultura sugere uma abordagem antropológica, como expõe Libâneo (2003). O conhecimento cultural dos atores pertencentes à escola contribui sobremaneira para a definição de cultura 30 organizacional da instituição de que fazem parte, o que pode significar a formação de uma cultura própria. Daí dizer-se que essa cultura pode ser modificada, discutida, avaliada, planejada em um rumo que responda aos interesses e anseios do grupo, e, então, falar-se em organização aprendente, na qual, segundo Thurler (2007, p. 178), o raciocínio construtivo e argumentativo decorrente leva os atores individuais e coletivos a defenderem suas posições, a empreenderem avaliações, a emitirem atribuições, buscando sistematicamente explicar seus propósitos, confrontar seus raciocínios e testar a validade destes últimos. (...) A organização passa, então, a ser um sistema em que a aprendizagem em dupla espiral (pela reflexão em ação) pode intervir de modo duradouro: ela se habitua a interrogar e a explicitar as representações sociais. Portanto, cultura organizacional pode ser definida como o conjunto de fatores sociais, culturais e psicológicos que influenciam os modos de agir da organização como um todo e o comportamento das pessoas em particular. Isso significa que, além daquelas diretrizes, normas, procedimentos operacionais e rotinas. Administrativas que identificam as escolas, há aspectos de natureza cultural que as diferenciam uma das outras, não sendo a maior parte deles nem claramente perceptíveis nem explícitos. (...) A cultura organizacional aparece de duas formas: como cultura instituída e como cultura instituinte. A cultura instituída refere-se às normas legais, à estrutura organizacional definida pelos órgãos oficiais, às rotinas, à grade curricular, aos horários, às normas disciplinares etc. A cultura instituinte é aquela que os membros da escola criam, recriam, em suas relações e na vivência cotidiana (Libâneo, 2003, p. 320). Assim, a unidade escolar como organização aprendente, discute, reflete, avalia e planeja de modo que as respostas às necessidades correspondam aos almejos e aspirações da comunidade de aprendizagem. A cultura organizacional como ponto de ligação com as áreas de atuação dos atores da organização aprendente, logo, a ação supervisora constitui-se em fator de grande importância para a tomada de decisão, seja em termos de escola ou sistema. 31 Certo é que, para o desenvolvimento escolar como processo contínuo e espiralado, dentro do qual as mudanças individuais ocorram em benefício do coletivo, a cultura organizacional seja elo entre os atores. É preciso que a unidade escolar se torne uma organização aprendente, na qual o ambiente seja de aprendizagem coletiva, como disposto na espiral do desenvolvimento escolar de Thurler (2007, p. 180). 32 . A escola — atuais funções, caracterização e ação supervisora Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas gaiolas prendem. Escolas asas ensinam a voar. Rubem Alves Observando-se o objeto da ação supervisora, a qualidade do ensino e da aprendizagem deve ser vista em sua completude, não só no contexto da sala de aula, mas na totalidade da escola como organização aprendente para todos (alunos, professores, funcionários, equipe gestora). Na atualidade, a democratização da educação traz, para o ambiente escolar, traços de uma sociedade globalizada, em virtude dos avanços tecnológicos, reestruturação do sistema de produção e desenvolvimento, o que exige da escola para além de 33 transmissora do saber, que seja cada vez mais um local de orientação ao escolar e contributiva da construção do conhecimento do ser humano. A multiplicação de funções exercidas pela escola contribui para que cada vez mais se conheça em profundidade essa unidade escolar em que se atua, onde não se pode ver uma turma isoladamente, mas é preciso que a unidade escolar seja vista como um todo, como uma organização que trata do ensino e da aprendizagem. Diante disso, de acordo com Alarcão (2008, p.35), a ação supervisora deve ter seu objeto redefinido como o desenvolvimento qualitativo da organização escolar e dos que nela realizam seu trabalho de estudar, ensinar ou apoiar a função educativa por meio de aprendizagens individuaise coletivas, incluindo a formação dos novos agentes. (...) considero ainda que as instituições, à semelhança das pessoas, são sistemas abertos e complexos em permanente interação com o ambiente que as rodeia, que as estimula ou condiciona, que lhes cria contextos de aprendizagem. A compreensão do fenômeno desenvolvimento, em ambos os casos, poderá ganhar uma dimensão explicativa se a enquadramos na perspectiva ecológica do desenvolvimento humano. De sorte que o conhecimento da realidade escolar se impõe como primordial. O conhecimento da realidade não significa apenas coletar dados e informações, mas, por meio de diversos instrumentos, é possível aproximar-se da realidade e, assim, detectar quais são efetivamente as necessidades, as perspectivas e as possíveis alternativas e soluções para determinada organização escolar. André (1995, p. 111) afirma com veemência que conhecer a escola mais de perto significa colocar uma lente de aumento na dinâmica das relações e interações que constituem seu dia-a- dia, apreendendo as forças que a impulsionam ou que a retêm, identificando as estruturas de poder e os modos de organização do trabalho escolar, analisando a dinâmica de cada sujeito nesse complexo interacional. Nessa perspectiva, a caracterização de uma escola como possível avaliação denota ir além do que a instituição já sabe sobre seu desempenho, sobre as características de seu cotidiano. Refletir sobre a escola direciona na busca para caracterizá-la, explicitando suas concepções internas, visto que a diversidade de identidades na construção coletiva busca indicadores nem sempre perceptíveis. Diante dessa premissa, o conhecimento da realidade da escola é importante para a ação supervisora. Padilha (2003, p. 83) expõe que esta fase de conhecimento da realidade exige os seguintes passos: 34 1.-avaliação dos resultados do ano anterior; 2.-definição do autorretrato da escola (leitura de mundo); 3.-definição dos compromissos a serem assumidos para mudar, ou aperfeiçoar, aquele retrato. Também, é possível perceber o quão importante é a articulação teoria-prática, o que tem sido um desafio nos cursos e programas de formação docente, pelo pouco uso, entre outras razões, de procedimentos teórico-metodológicos que captem os processos e a dinâmica das práticas da forma em que acontecem no cotidiano escolar, atribuindo-lhes significado, no vai-e-vem entre saberes de referência e saberes da prática. No artigo sobre o papel do sujeito na pesquisa, André (1999, p. 357) enfatiza que uma das contribuições da pesquisa de tipo etnográfico foi ter aproximado o professor das situações concretas da escola, rompendo com certo abstracionismo com que as questões escolares costumavam ser tratadas pela pesquisa educacional. Tal metodologia de pesquisa, além de poder focalizar a prática pedagógica na sua totalidade e complexidade, e em seu caráter nem sempre negativo, é de extrema importância para que os problemas do dia-a-dia sejam tomados como objeto de reflexão e estudo pelos profissionais da educação, de forma contextualizada, para que seja possível compreender as suas raízes, condição para a sua superação. André (1999) dá destaque para o lugar que a teoria deve ocupar quando se pretende utilizar o enfoque etnográfico de pesquisa na área educacional. Nesse sentido, propõe um “garimpo teórico”, ou seja, “tomar a pesquisa como ponto de partida para um esforço de reflexão, de garimpagem dos aspectos críticos da realidade que precisam ser aprofundados” (André, 1999, p. 359). Trata-se de inverter a relação com o saber, buscando na literatura educacional e em outras áreas do conhecimento as explicações para os fenômenos ou problemas encontrados na “garimpagem” dos aspectos críticos da realidade. De tal sorte que analisar uma situação é conhecê-la a fundo, é uma fase essencial para a identificação e caracterização da unidade escolar, e isto implica observação e reflexão coletiva a respeito da escola e seu contexto em uma prática refletida. De acordo com Perrenoud (apud André, 1999, p. 359), prática refletida diz respeito à disposição e competência dos professores para a análise individual ou coletiva de suas práticas, para um olhar introspectivo, para pensar, decidir e agir, tirando conclusões. Diz respeito, ainda, à capacidade de antecipar os resultados de 35 determinados processos ou atitudes. Em outras palavras, concordando com André (1999), trata-se da capacidade de pensar o próprio trabalho. Para tanto, a fim de que isso seja possível, ele apresenta as seguintes indicações: • no início, usar a metodologia investigativa por meio do desenvolvimento de projetos coletivos, centrados em temas relacionados à prática docente cotidiana; • iniciar com observação e coleta de dados de campo; • na fase mais adiantada do estágio, os projetos podem evoluir para o exercício da reflexão sobre a prática. É necessário, também, caracterizar a ação para que se possa ter clareza sobre o que se busca e o que se pode esperar do fato. Assim, pode ser problematizado da seguinte forma: 1. Que tipo de ação será desenvolvida? 2. Quais seus propósitos? 3. A quem beneficiará? 4. Em que medida se constitui uma atividade de pesquisa ou extensão? Que indicadores podem ser úteis para tal conhecimento? Sem dúvida, dados gerais da escola, condições de seu prédio, materiais e recursos disponíveis, dados sobre seus alunos (relação idade/série, evasão e repetência, dificuldades de aprendizagem apresentadas nos vários componentes curriculares etc), dados sobre os educadores, situação de transporte e habitação, trabalho das famílias... Os indicadores escolhidos possibilitam uma visão global da situação da escola em seu contexto, analisá-los poderá facilitar a detecção de pontos fortes, fracos e medianos que carecem de melhoria. A seguir, apresenta-se, conforme os subsídios à ação supervisora (2004, p. 33), um quadro-síntese de identificação escolar e organização das ações de supervisão: 36 7.2- PLANEJAMENTO E SUPERVISÃO ESCOLAR Segundo Vasconcellos (2007), para se dar conta ao desafio da ação supervisora, o profissional deverá ser capacitado em três dimensões básicas da formação humana: conceitual, procedimental e atitudinal. • dimensão atitudinal: é a dimensão que envolve valores, interesses, sentimentos, disposição interior, convicções. Assim, o supervisor escolar deve basear-se na relação humana autêntica, acreditando na possibilidade do outro. Acreditar que o outro pode mudar. Princípios orientadores para a prática: a) criticidade: envolve o pesquisar e a investigação do por que as coisas estão acontecendo de determinada mane ira. Criticar é ser capaz de ver e resgatar os aspectos positivos, valorizar o saber do outro; 37 b) totalidade: trata-se da percepção das múltiplas relações, das várias partes envolvidas; c) historicidade: diz respeito à localização no movimento histórico de determinada questão, ou seja, saber a história do profissional, do grupo, da instituição, entre outros conhecimentos. • dimensão procedimental: trata-se do saber fazer, encontrar caminhos para a realização do que se busca (métodos, técnicas, procedimentos, habilidades). Categorias de intervenção: a) práxis: é preciso mudar a prática, transformar ideias em ações concretas. O que se visa é ao estabelecimento na escola de uma dinâmica constante de ação-reflexão, para isso o acompanhamento individual e o trabalho coletivo constante são de grande valia; b) método: é preciso metodologia para se construir a práxis e atingir os objetivos, assim, para a qualificação da ação mediadora do supervisor escolar, é preciso: - Compreender a realidade, construir a rede de relações, conhecer, mapear, aprender oque está por detrás dos limites das práticas ou das queixas; - Ter clareza de objetivos, saber a serviço de que e de quem se coloca; ganhar clareza em relação à intencionalidade do trabalho; - Estabelecer o plano de ação, a partir da tensão entre a realidade e o desejo; - Agir de acordo com o planejado; - Avaliar a prática. c) - diálogo problematizado: o supervisor deve ter a preocupação de legitimar as falas, as perguntas, as dúvidas, aprender a escutar, saber problematizar as questões para que haja sentido nas ações serem realizadas. Certo é que o supervisor escolar possibilita um desencadear de ações que devem estar pautadas em certas categorias como: ética, visão do processo, avaliação e participação. • dimensão conceitual: é preciso buscar clareza conceitual, conhecer, discernir e elaborar a síntese das diversas concepções acerca das temáticas da educação. Para aprofundar sobre o papel da supervisão educacional/coordenação pedagógica, leia: VASCONCELLOS, C. S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2007, cap. 4, p. 85-118. 38 Tomando as palavras de Boas (apud Alves, 2006, p. 70), a supervisão é uma atividade essencialmente cooperativa. Não basta que se preveja a articulação de ações. Isso de nada valerá se as pessoas a quem essas ações estão confiadas não se articularem também, porque é dividindo tarefas por todos e somando os esforços de cada um que se diminui o dispêndio de energias e se multiplica o resultado final. Esta é a fórmula que viabiliza a prática efetiva da supervisão em educação. Diante disso, é possível afirmar que dentre as funções e papéis exercidos pelo supervisor escolar está o de contribuir para a melhoria do processo educacional, considerando-se o processo relacional existente entre professor-supervisor, professor-gestor, professor-professor e, sobretudo, entre professor-aluno. Cabe ao supervisor escolar desenvolver uma visão crítica do trabalho pedagógico a fim de viabilizar ações educativas mais produtivas. Para isso, o supervisor deve planejar, avaliar e aperfeiçoar o andamento das questões pedagógicas, com vistas a garantir a eficiência do processo educacional, a eficácia e efetividade de seus resultados. As atribuições da supervisão escolar estão distribuídas em duas áreas: a curricular e a administrativa. Ao mesmo tempo, suas atribuições devem estar atentas para as questões genéricas da escola, também deve atentar-se para as questões pedagógicas em todo o seu planejamento e execução. Conheçam, em profundidade, as características desses profissionais da escola. Para tanto, as reuniões pedagógicas de trabalho “ocupam um espaço de destaque no cenário das relações, não só por sua ocorrência, mas também por sua sistematização e seu tempo de duração” (Torres, 2006, p. 45). Essas reuniões também são espaços para a reflexão dos professores, momento de avisos, informativo de diretrizes, discussão de situações-problema, aprendizagem. É relevante para o coordenador organizar, previamente, a pauta das reuniões de trabalho coletivo, tornando-as, assim, mais produtivas. Dicas para se alcançar o sucesso nas reuniões de trabalho: •-reveja os fatos que motivaram a reunião e certifique-se de que você está “por dentro” dos assuntos a serem tratados; •-não se esqueça de munir-se de todas as informações necessárias para fundamentar decisões — deve-se decidir objetivamente e não a partir de impressões ou opiniões; 39 •-tenha uma noção antecipada do perfil das pessoas que vão participar: se são tímidas, expansivas, desconfiadas, receptivas, a fim de prever reações, preparar respostas e argumentos; •-reveja seus conceitos de liderança e autoridade. Lembre-se de que as pessoas produzem melhor quando respeitadas na sua individualidade, estimuladas na sua capacidade e orientadas nas suas falhas e limitações; •-esquematize uma forma de conduzir a reunião que crie oportunidades para a participação efetiva de todos; •-comece fazendo perguntas que estimulem o diálogo — O quê? Onde? Por quê? De que modo? —, evitando aquelas que possam ser respondidas com sim e não; •-não demonstre impaciência nos momentos de silêncio posteriores a uma pergunta. Deixe que o pessoal decida quem vai responder. Alguém sempre acaba falando para diminuir a tensão; •-quando a reunião estiver fugindo dos temas propostos, sugira o resgate do assunto com as expressões: alguém pode nos indicar qual a relação desse assunto com o que estamos tratando? Bem, onde estávamos mesmo?; •-observe a expressão de cada membro do grupo para perceber se os tópicos da reunião estão sendo entendidos e estão mantendo o interesse na reunião. Esse cuidado permite que você note quando alguém tem ideias sobre o assunto, podendo encorajá-lo a expô-las. Também fica mais fácil selecionar informações das quais o grupo tem necessidade; •-evite que duas pessoas travem conversas paralelas que possam perturbar o andamento da reunião; •-observe que reuniões muito longas e sem resultados desestimulam o grupo; •-não deixe a sensação de que nada foi decidido, reserve algum tempo ao final da reunião para resumir as conclusões atingidas; •-oriente a definição de responsabilidades. Não deixe que elas sejam concentradas e que certas pessoas fiquem sobrecarregadas e outras sem nenhuma responsabilidade; •-se se promete que providências serão tomadas e não se cumpre, o grupo perde a confiança e passa a acreditar que as reuniões são inúteis (Gestão em rede, apud UDEMO, 2001, p. 19). A comunicação entre os atores é sumariamente importante para o desenvolvimento da cultura organizacional, visto que muitas organizações escolares não têm uma 40 cultura que leve em consideração as diferentes vozes, pontos de vista distintos, ou mesmo diversidade de ações e atitudes. A função da supervisão escolar é, no contexto de sistema estadual ou municipal, articular o grupo gestor na implementação das políticas educacionais nacionais, estaduais, regionais e locais, identificando aspectos possíveis de aperfeiçoamento, revisão ou inovação encontrados nos processos de aplicação de tais políticas. Em sua ação supervisora está incluído o processo de avaliação nos variados aspectos educacionais. Para tanto, sua análise não deve ser realizada de modo estagnado, desvinculada do contexto escolar real. Para, então, sugerir uma proposta de mudança, pode-se tomar como base os estudos de Glatter (1992, p. 146) sobre o processo de mudança. O autor divide o processo de mudança em três fases: •-iniciação: que trata da introdução de novas ideias e práticas e procura o apoio institucional; •-implementação: que operacionaliza as ideias na tentativa de colocação das inovações em prática; •-institucionalização (ou estabilização): quando as inovações são constituídas em processos de rotina e normas, ou seja, tornam-se parte integrante da vida cotidiana da escola. Nessa perspectiva, para que o processo de acompanhamento e mudança seja instituído, o supervisor escolar necessita elaborar um planejamento a fim de motivar os profissionais da unidade a encararem a mudança a partir da análise pessoal, em seguida, do grupo e, por fim, desenvolver uma cultura organizacional desafiadora rumo ao sucesso escolar. Isso significa que é recomendável a elaboração de um planejamento de gestão estratégica para o grupo. O supervisor escolar, para isso, precisa atentar que em todo trabalho em grupo há aspectos que precisam ser cuidados, como: •-conteúdo: relaciona-se às ideias e ideais, aos conceitos, às informações e opiniões trazidas nas individualidades de cada membro do grupo; •-processo: diz respeito à forma, aos passos e procedimentos pelos quais seguem a reflexão e discussão; •-interação: o que ocorre entreas pessoas, as relações, o ambiente do grupo. Os três aspectos — conteúdo, interação e processo — acontecem ao mesmo tempo no trabalho em grupo, influenciando-se mutuamente. 41 Não é possível, na prática, isolá-los — é preciso reconhecer sua existência e desenvolver a capacidade de lidar com os três simultaneamente. Num processo de planejamento, a arte consiste em manter-se consciente de cada um deles e de tomar as providências certas para tratá-los de forma eficaz. O esquecimento ou a pouca atenção a apenas um desses elementos pode comprometer todo o esforço anterior e a melhor das intenções (Silva, 2003, p. 32). A prática da supervisão escolar, além do planejamento de suas ações, exige uma constante avaliação de seu próprio desempenho. Desse modo, é possível haver um aperfeiçoamento como técnico e como pessoa. É necessário, desde o processo de planejamento, conhecer a natureza, a organização, a cultura e o funcionamento da educação escolar, suas relações com o contexto situacional da escola. 42 BIBLIOGRAFIA CANDAU, Vera Maria. Magistério Construção Cotidiana (Org.). FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Supervisão educacional para uma escola de qualidade. São Paulo: Cortez, 2007. GUIMARAES, Maria Helena. É preciso cultivar o respeito no ambiente escolar. NOVA ESCOLA, Ano I, Nº 6, Fev/Mar, 2010. LIBANEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos para quê? 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002. LIBANEO, José Carlos. 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