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4o trimestre 1986 (48) F .Ep 73 70 26 Presidente envia novo embaixador aos EUA Do Sucursal de Broslllo Negociar com os bancos norte-a- mericanos sobre redução da remessa de dólares para o pagamento da divida externa brasileira e impedir que o govemo de Ronald Reagan adote retaliações comerciais cont:ra o Brasil devido ã manutenção da re- serva de mercado para a informáti- ca. Estas foram as principais reco- mendações -que o presidente Jose Samey transmitiu ontem ao novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Marcilio Marques Moreira, 54, ex-vice-presidente do Unibanco, com quem conversou durante qua- renta minutos no Palácio do Plana to. Em entrevista, Marques Moreira disse que “a negociação da divida será feita de forma altiva" e admitiu que “alguns detalhes" da lei de informatica “poderão ser reavalia- dos". O embaixador define o atual relacionamento entre Brasil e EUA da seguinte maneira: “Acho line neste momento os dois paises t m contenciosos de natureza comercial importantes, mas não se pode subs- timar as convergências. Terei uma missão pesada, mas este é certamen- te um desafio encorajador". 0 govemo deseja, segundo Mar- ques Moreira, que os bancos credores reduzam os “spreads" (taxas de risco) que cobram sobre o montante da divida brasileira, a exemplo do que fizeram com o Mexico. 0 Brasil paga taxas de risco de 1,125%, sendo que o México teve as suas baixadas para 0,8125%. Com a redução que pretende obter, o Brasil, ainda de acordo com Marques Moreira, eco- nomizará no próximo ano “de US$ 1 bilhão a US$ i,5 bilhões". O novo embaixador disse Ba;-'que o govemo brasileiro quer me tra- tamento que o dispensado para o México: “Vamos buscar taxas ainda menores, uma vez que o Brasil tem tido inn desempenho econõmicodas suas contas externas e da sua economia intema bem superior ao do México. Nós utilizamos grande parte dos recursos captados, que resulta- ram na divida externa, na década de 70, para realizar no Brasil uma das reformas estruturais mais profundas de que se tem noticia entre os paises em desenvolvi|nento". Margem de manobra Marques Moreira nãd está levando à sério o prazo estabelecido pelo govemo dos EUA -até 31 de dezem- bro-, para adotar sançõä comerci- ais contra o Brasil, caso o governo brasileiro não abrande a reserva de mercado da informatica. “Todo pra- zo é, por natureza, prorrogável", diz. Segundo ele, "em qualquer negocia- ção internacional sempre hã um espaço de manobra para se chegar a uma solução de consenso". A determinação do governo brasi- leiro, de acordo com Marques Morei- ra, “e de manter a reserva de mercado". Ele diz, porém, que “os detalhes da lei de infonnática pode- rão ser revistos, mediante a interpre- tação de uma outra disposição. Não para atender a pressões quãlrufssam haver, mas para atender aq ' o que é uma necessidade da própria indús- tria brasileira". Sobre a conversa que teve com Samey, o embaixador disse que “foi apenas um contato preliminar". O embaixador esteve reunido com o ministro da Fazenda, Dilson Funaro, na quinta-feira, informando-se sobre o andamento das negociaçõns com os credores. Explicou gue sua condição de vice-presidente o Unibanco, até aqui, vai permitir a ele encontrar mais espaços para atuar nos contatos com os banqueiros. “Evidentemente que vou gocurar utilizar todos os meios à ' posição da diplomacia e também aqueles que transcendem as relaçös meramente com o executivo para encontrarmos as melhores solu- çõesni Escolha reedíta a diplomacia de Juscelino Do Redução do Folha No atual cenario de divergências entre os govemos dos dois paises no campo da informática, Sarnef reedi- tou com a escolha desse dip omata, banqueiro e acadêmico de 55 anos as iniciativas de Vargase Juscelino que escolheram para a mesma função Walter Moreira Sales, 74,dpresidente do grupo Moreira Sales on e Marcílio exerceu até o aãrement a função de vice-presidente oUnibanco. Sales tratou com competência as divergências da época entre Brasil _e os EUA e em missões especiais garantiu o sucesso d entendimentos para explicar aos banqueiros credo- rs as aperturas do Brasil para pagar a divida. A mesma serenidade do hábil negociador, experiencia e com- petència técnica e administrativa se encont:ram em Marcilio. Este vai alem como doutor em Ciência Politi- ca pela Universidsde de Georgetown depois de ter sido dlssuadldo por um amigo a estudar economia sob o argumento de que “as coisas no Brasil não funcionam não por falta de espiecxahs'' tas em economia, mas em po tica. Biblia, Goethe, Machiavelli, Weber e Rilke tem em Marcilio um leitor incamãvel. Primeiro lugar no vesti- bular do Instituto Rio Branco (onde lecionou depois por dez anos politica a diplomatas) ele deixou o Itamaraty há 2! anos após uma boa experiencia como secretario no exterior, especi- almente nos EUA, para trabalhar no Unibanco. Tancredo, amigo de am- bos, queria Walter Moreira Salles como o negociador da divida externa pela Nova República. Marcilio por pouco não foi chamado por Sarney parapresidiroBanco Central. Com livre trãnsito na comunidade financeira internacional e amigo dos principais negociadores oficiais, banqueiros e acadêmicos do ramo, o novo embaixador não deixou de conviver com el nos últimos anos, especialmte nos mais importantes congressos. Tudo isso, com a reco- nhecida experlència diplomática re- de Sarney de quem torišššägšâã devinteanosOdilo Costa .l
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