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Direito Constitucional I


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Resumo 1 Bimestre Constitucional 
 
Classificação das Constituições: 
 
Quanto ao conteúdo: 
Material: É um conjunto de regras que regulam matérias tipicamente 
constitucionais. 
Formal: É um conjunto de normas solenemente reunidas em um elemento, não 
interessando se são tipicamente constitucionais ou atipicamente constitucionais. 
Atipicamente constitucional: ordem social, ordem econômica, finanças, orçamento, 
tributos... 
 
Quanto a forma: 
Escrita: As normas estão devidamente codificadas e, comumente, condensadas em 
um único documento. 
Não escrita: Ocorre quando as normas não estão em texto único, mas sim em 
costumes, jurisprudências. Exemplo: países que usam common law, Constituição 
dos Estados Unidos. 
 
Quanto a origem: 
Promulgada/Democrática: Aquela feita por representantes do povo. Ex: CF de 
1988 
Outorgada/Ditatorial: Fruto do autoritarismo, sem participação popular. Ex: CF de 
1824 
Cesarista: Aquela formalmente ratificada pelo povo após uma manifestação 
autoritária de vontade. 
Pactuada: Acordada por duas ou mais forças, como um monarca e poder 
legislativo. Monarquias Constitucionais. 
Quanto a estabilidade: 
Imutável: Não prevê nenhum processo de alteração de suas normas e não tem 
órgão competente para fazê-lo. 
Rígida: Ocorre quando não se pode alterar a constituição com a mesma 
simplicidade que se altera uma lei. Logo, demandando procedimento especial para 
sua modificação. É o caso da Constituição do Brasil. 
 
 
 
 
Flexível: É aquela que pode ser alterada pelo mesmo procedimento de leis 
infraconstitucionais. 
Semirígida/Semiflexível: Quando a constituição possui parte rígida e outra flexível. 
CF de 1824. 
 
 
Eficácia das Normas Constitucionais: 
 
Plena: São as normas que possuem eficácia social e jurídica, tendo aplicabilidade 
imediata (direta). A norma é autoaplicável, produzindo efeitos no momento em que 
entra em vigência, não sofrendo restrição. Em regra, essas normas criam órgãos ou 
atribuem competência aos elementos da Federação. 
Contida: Assim como as normas constitucionais de eficácia plena, apresentam 
aplicabilidade imediata (direta), entretanto não são integrais. Isso ocorre porque a 
norma em questão pode sofrer redução de sua eficácia e aplicabilidade, reduzindo 
seu alcance por meio de norma infraconstitucional, por norma da própria 
Constituição, por motivo de ordem pública, bons costumes e paz social. Todavia, 
enquanto os motivos de redução não forem divulgados, a norma possui eficácia 
plena. 
Limitada: A eficácia limitada possui aplicabilidade mediata (indireta), uma vez que 
essa norma precisa de uma lei integrativa infraconstitucional ou uma integração por 
emenda constitucional para produzir todos os seus efeitos de forma completa, 
portanto, a norma é de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida (aplicabilidade 
diferida). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Poder Constituinte: 
 
O Poder Constituinte é aquele que emana do povo (art 1º CF) que o exerce por 
meio de seus representantes eleitos direto ou indiretamente. É o Poder que cria ou 
revisa a Constituição do Estado. Instrumento que estabelece a constituição, a forma 
de Estado, a organização e estrutura da sociedade política. 
Originário: É quando se cria uma nova Constituição. Ele é incondicionado, 
supremo. 
 
Derivado: Ele é decorrente do poder originário. Dentro dele há: 
Derivado Reformador: Poder de emendar a constituição; 
Derivado Decorrente: obrigação dos estados de terem suas próprias constituições; 
Decorrente Revisor: ele tem poder de revisão constitucional. 
 
Difuso: também é conhecido como uma mutação constitucional, é aquele que altera 
o texto da Constituição de maneira informal, o texto continua o mesmo, mas o 
entendimento é alterado. 
 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil 
 
O Título I da Constituição, intitulado “Dos princípios fundamentais” é dividido em 
quatro tópicos. O art. 1º cuida dos fundamentos da República Federativa do Brasil, 
também conhecidos como princípios fundamentais propriamente ditos. 
I – a soberania; 
II – a cidadania; 
III – a dignidade da pessoa humana; 
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V – o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” 
1ª dimensão: direitos individuais; liberdade; 
2ª dimensão: direitos coletivos e difusos (estes não se pode individualizar, atinge 
todos o grupo); como sujeito de um grupo; fraternidade; 
3ª dimensão: direitos sociais; abrange o indivíduo socialmente; saúde, educação; 
4ª dimensão: direitos políticos; informações, democracia; 
 5ª dimensão: desarmamento nuclear, direitos do morador da lua... Soberania, 
cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa, pluralismo político. 
 
Controle de Constitucionalidade 
Controle Difuso de Constitucionalidade 
O Controle de Constitucionalidade pode ser dividido em Controle Difuso e Controle 
Concentrado. 
O controle difuso é o tipo de controle de constitucionalidade de leis e atos 
normativos que pode ser realizado por qualquer juiz ou órgão do Poder Judiciário. 
Ele ocorre diante de um caso concreto, em que há a declaração de 
inconstitucionalidade de forma incidental de qualquer lei ou ato normativo do poder 
público. 
Por exemplo, um juiz, ao julgar um caso concreto, pode afastar a aplicação de 
determinada lei, quando ele julgá-la inconstitucional. Porém, nesse caso, a lei não 
será expurgada do ordenamento jurídico, ela apenas deixará de ser aplicada 
naquele caso concreto. 
Desse modo, a sua eficácia, em regra, é inter partes, ou seja, apenas é aplicada às 
partes dentro do processo em questão, não vinculando os demais órgãos do 
https://www.aurum.com.br/blog/principio-da-dignidade-da-pessoa-humana/
 
 
 
 
Judiciário e a Administração, ou seja, não é aplicada no ordenamento jurídico como 
um todo. 
Assim, a principal finalidade do controle difuso não é a defesa da ordem 
constitucional, mas sim a proteção de direitos que estão tendo o seu exercício 
limitado pela norma em questão. 
Controle Concentrado de Constitucionalidade 
O Controle Concentrado, por sua vez, possui suas decisões concentradas apenas 
em um órgão, o Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição Federal. 
Porém, isso não afasta a competência dos Tribunais de Justiça, no plano estadual, 
de realizar este controle em face da Constituição Estadual. 
Diferentemente do Controle Difuso, aqui não há um caso concreto sendo julgado, 
mas sim, a lei em si, a qual tem a sua constitucionalidade julgada pelo STF, ou seja, 
o objeto principal do julgamento é a própria constitucionalidade. 
Desse modo, a sua eficácia é erga omnes, ou seja, vincula a todos, uma vez que, 
caso um ato normativo seja considerado inconstitucional, ele deixará de ser aplicado 
em todo o ordenamento jurídico brasileiro. 
O Controle Concentrado pode ser exercido por meio de quatro mecanismos: a Ação 
Direta de Inconstitucionalidade (ADI), a Ação Declaratória de Constitucionalidade 
(ADC), a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), Ação 
Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) e a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade interventiva (ADI-I). 
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 
A ADI é um instrumento utilizado para solicitar ao STF que alguma lei federal ou 
estadual seja declarada incompatível com a Constituição Federal, ou seja, que ela 
seja declarada inconstitucional. 
Mas é qualquer pessoa que pode propor essa ação? Não, a CF/88 é muito clara em 
relação a esse tema, a qual dispõe de apenas 9 legitimados para ajuizar uma ADI 
perante o STF, sendo eles: 
I – Presidente da República; 
II – Mesa do Senado Federal; 
III – Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV – Procurador-Geral da República – PGR;V – Governador de Estado ou do DF; 
VI – Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; 
VII – Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VIII – Partido político com representação no Congresso Nacional; e 
IX – Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 
 
 
 
3 pessoas: Presidente, PGR e Governador; 
3 mesas: Mesa do Senado, Mesa da Câmara dos Deputados e Mesa da Assembleia 
Legislativa; 
3 órgãos: Conselho Federal da OAB, Partido Político e a Confederação sindical ou 
entidade de classe. 
Porém, para que 3 deles possam entrar com uma ADI, é necessário que haja a 
chamada pertinência temática, ou seja, é necessário que eles demonstrem o seu 
legítimo interesse na declaração da inconstitucionalidade da lei em questão. São 
eles: o Governador, a Mesa da Assembleia Legislativa e a Confederação Sindical ou 
Entidade de Classe. 
Apenas um Deputado ou um Senador não pode ajuizar uma ADI, mas apenas as 
Mesas da Câmara ou do Senado (não incluindo a Mesa do Congresso); 
É necessário que o Partido Político seja representado por pelo menos um 
parlamentar no Congresso; 
Confederações Sindicais e Entidades de Classe precisam ser de âmbito nacional, 
não sendo permitidas aquelas de âmbito local ou regional. 
Como dito no início deste tópico, apenas as leis federais e as estaduais podem ser 
objeto de um ADI perante o STF. 
NÃO CABE ADI: contra leis municipais, Súmulas Vinculantes, decisões judiciais, leis 
revogadas, leis editadas antes da CF/88 ou contra normas originárias da 
Constituição. 
Para que a norma seja declarada inconstitucional, é necessário a maioria absoluta 
dos ministros do STF. 
As decisões definitivas do julgamento do mérito da ADI possuem alguns efeitos, 
sendo eles: 
Efeitos “ex tunc”, ou seja, em regra, a ADI terá efeitos retroativos, sendo assim, a lei 
declarada inconstitucional será declarada inválida desde o seu início. Porém, pode 
haver a modulação temporária de efeitos, em que o próprio STF, por aprovação 
mínima de 2/3 dos ministros, poderá aprovar que a decisão apenas será aplicada a 
partir de determinado momento; 
Eficácia Erga Omnes, tendo eficácia perante todos, e não somente em relação às 
pessoas que são parte no processo; 
Efeito Vinculante, ou seja, a decisão vincula todos os demais órgãos do Poder 
Judiciário, além de toda a Administração Pública. Porém, ela não vincula o Poder 
Legislativo nem o próprio STF. 
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 
É consenso no mundo jurídico que as normas nascem com presunção relativa de 
constitucionalidade. Porém, para que tal norma possua uma presunção absoluta, ou 
 
 
 
 
seja, para que não haja mais questionamentos quanto à sua constitucionalidade, é 
utilizada a Ação Declaratória de Constitucionalidade. 
Ela é utilizada quando há uma controvérsia judicial entre juízes e demais tribunais 
em relação à constitucionalidade da norma. Desse modo, é solicitado ao STF, por 
meio de uma ADC, que seja declarada, de maneira definitiva, a constitucionalidade 
da norma, de modo que não haja mais nenhuma dúvida em relação à sua 
adequação à Constituição. 
A ADC é similar à ADI, sendo o rol de legitimados, por exemplo, para a proposição 
de uma ADC, o mesmo da ADI. Entretanto, uma importante diferença é que apenas 
leis federais podem ser objetos de ADC perante o STF, não cabendo, em nenhuma 
hipótese, o ajuizamento de leis estaduais ou municipais via ADC. 
PARA FIXAR: 
ADI: Leis Estaduais e Federais perante a CF; 
ADC: Apenas Leis Federais perante a CF. 
Um ponto que merece destaque é que não pode haver a desistência do impetrante 
de ADC e ADI já propostas. 
Além disso, as ações julgadas em face de ADI e ADC são irrecorríveis, salvo a 
interposição de embargos declaratórios, não cabendo, também, ação rescisória 
contra as decisões proferidas. 
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 
Dando sequência ao nosso resumo sobre o Controle de Constitucionalidade para a 
SEFAZ-AL, iremos analisar agora a Ação Direta de Inconstitucionalidade por 
Omissão (ADO). 
A ADO é um mecanismo utilizado quando há a inércia do Poder Legislativo ou da 
Administração em elaborar determinada norma para regulamentar algum dispositivo 
constitucional, o qual não é autoaplicável. 
Ela é muito similar ao mandado de injunção, porém, enquanto este é utilizado 
apenas em determinado caso concreto, a ADO é utilizada para o controle abstrato 
de constitucionalidade. 
Perceba que a ADO é um tipo de ADI, porém, a ADO pode ser considerada uma 
Ação Direta de Constitucionalidade por ação, enquanto a ADO é uma Ação Direta 
de Constitucionalidade por omissão. Desse modo, os seus procedimentos são 
extremamente similares. 
Por exemplo, os legitimados para ajuizar uma ADO são os mesmos da ADI, sendo, 
também, apenas permitida impugnações de omissões de órgãos federais e 
estaduais em face da CF/88. 
Caso seja julgada procedente a ação, o STF não irá editar o ato normativo, mas 
dará ciência ao poder competente para que o faça, sendo que, caso a omissão 
esteja relacionada a órgão administrativo, este deverá adotar as providências dentro 
 
 
 
 
de 30 dias a partir da ciência da decisão, caso outro prazo não seja estipulado pelo 
STF. 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 
Preceitos fundamentais são os princípios e normas consideradas essenciais ao 
ordenamento jurídico, sejam elas implícitas ou explícitas na Constituição. 
Alguns exemplos de preceitos fundamentais são o direito à vida, à saúde, ao meio 
ambiente, os direitos e garantias individuais, entre outros. 
Assim, surgiu a ADPF, um mecanismo utilizado para suprir lacunas não 
contempladas pelas ADI e ADC. Desse modo, ela é considerada como uma ação 
subsidiária, de caráter residual, ou seja, apenas será utilizada quando não for 
possível a utilização de qualquer outro mecanismo de controle concentrado. 
Os legitimados para propor a ADPF são os mesmos da ADI, sendo que ela poderá 
ser utilizada para: 
Analisar interpretações judiciais que violam os preceitos fundamentais; 
Questionar leis e atos normativos municipais em face da Constituição; 
Verificar a compatibilidade de normas pré-constitucionais, ou seja, para analisar se 
as leis editadas antes da CF/88 são compatíveis com a Constituição atual (não 
utiliza ADPF para analisar leis em face de Constituições passadas); 
Analisar normas pós-constitucionais revogadas ou cujos efeitos já estão exauridos. 
FIQUE SABENDO: Não cabe ADPF contra veto do chefe do Poder Executivo ou 
contra súmulas vinculantes. 
As decisões de ADPF são irrecorríveis, não cabendo, também, ação rescisória. 
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI-I) 
Para finalizar o nosso resumo sobre o controle de constitucionalidade para a 
SEFAZ-AL, iremos falar sobre a ADI-I. 
Esse tipo de ação é utilizada quando há violação dos direitos constitucionais 
sensíveis, sendo utilizada para propor a ação de intervenção federal ou estadual. 
Mas quais são esses princípios? Bom, eles estão presentes no Art. 34, inciso VII da 
CF/88: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de 
saúde. 
 
 
 
 
Desse modo, quando houver a violação de qualquer princípio acima, o Procurador-
Geral da República, único legitimado para propor essa ação, poderá ajuizar uma 
ADI-I perante o STF, de modo que este solicitará que o Presidente da República 
decrete a Intervenção Federal no ente federativo violador. 
No âmbito estadual, o Procurador-Geral de Justiça pode entrar com a ADI-I perante 
o Tribunal de Justiça, o qual solicitará que o Governador decrete Intervenção 
Estadual.

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