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Aula 02 - Aplicação na Lei Penal

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Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
INTRODUAÇÃO AO ESTUDO DO 
DIREITO PENAL 
 
CONTEÚDO 
Aplicação da Lei Penal 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 2 
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Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Aplicação da Lei Penal ----------------------------------------------------------------------------------- 4 
2.1 Tempus regit actum ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 6 
2.2 Conflito intertemporal na aplicação da lei penal no tempo -------------------------------------------------- 8 
2.2.1 Abolitio criminis -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 9 
2.2.2 Novatio legis in mellius --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 11 
2.2.3 Novatio legis incriminadora --------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
2.2.4 Novatio legis in pejus ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14 
2.3 Lei de vigência temporária e leis excepcionais ---------------------------------------------------------------- 15 
2.4 Tempo do crime -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 
3 Aplicação da lei penal no espaço --------------------------------------------------------------------- 18 
3.1 Conceito de território ------------------------------------------------------------------------------------------------- 20 
3.1.1 Território por equiparação ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 21 
4 Lugar do crime --------------------------------------------------------------------------------------------- 22 
4.1 Extraterritorialidade -------------------------------------------------------------------------------------------------- 23 
4.2 Extraterritorialidade incondicionada ----------------------------------------------------------------------------- 24 
4.2.1 Vedação ao bis in idem --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 25 
4.3 Extraterritorialidade condicionada ------------------------------------------------------------------------------- 26 
4.4 Extraterritorialidade hipercondicionada ------------------------------------------------------------------------ 27 
5 Contagem de prazos ------------------------------------------------------------------------------------- 27 
6 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 29 
7 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 29 
 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
Seguindo a máxima estabelecida pelo princípio da legalidade, não há crime sem lei 
anterior que o defina, ou seja, uma conduta só pode ser punida quando houver uma 
lei incriminadora anterior ao fato, que considere determinada ação como criminosa. 
Assim, presume-se que, em regra, a norma aplicável ao caso em questão é aquela 
vigente a época dos fatos, independentemente de qualquer inovação jurídica, pois, a 
lei penal não retroage no tempo, ressalvada algumas possibilidades. 
 
Desta forma, quando falamos sobre a aplicação da lei penal no tempo e no espaço, é 
necessário fazer alguns questionamentos: quando uma lei entra em vigor? Diante de 
uma inovação jurídica, qual lei se aplicará ao caso em questão? A lei penal brasileira 
só se aplica aos crimes cometidos em território nacional? Ao longo desta unidade, 
reuniremos conteúdo suficiente para sanar todas as questões que possam surgir a 
respeito desse assunto. 
 
2 Aplicação da Lei Penal 
De acordo com o art. 1º do Código Penal não há crime sem lei anterior que o defina, 
nem pena sem prévia cominação legal, esse dispositivo, que possui redação idêntica 
ao inciso XXXIX do art. 5º da Constituição Federal, serve para expressar não só o 
princípio da anterioridade da lei, conforme descrito no Código Penal, mas também os 
princípios da legalidade e da reserva legal, os quais, em apertada síntese, determinam 
que as normas penais sejam tratadas apenas por meio de Lei Federal ou Estadual, em 
casos excepcionais. 
 
Em outras palavras, o indivíduo só poderá ser responsabilizado por uma conduta 
criminosa, se esta for tipificada em lei, devidamente aprovada e sancionada, 
respeitando o procedimento legislativo cabível. No entanto, como o direito é uma 
ciência social e a sociedade está em constante evolução, todos os dias surgem novas 
alterações legislativas. Portanto, após superar todas as fases do procedimento 
legislativo e o período de vacância, quando determinado, uma norma já está apta a 
produzir efeitos no ordenamento jurídico. 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Aplicação da Lei Penal 
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De acordo com o princípio da continuidade das leis, a partir do momento que uma 
norma entra em vigência, ela só será revogada por outra lei, exceto no caso das leis 
temporárias e das excepcionais, que são autorrevogáveis. Conforme destaca Cleber 
Masson (2020) a revogação de uma lei ocorre quando a sua vigência é retirada, em 
regra, por outra lei. O autor afirma ainda que, “toda e qualquer lei, por mais relevante 
e conhecida que seja, pode ser revogada. A atividade legislativa, como decorrência da 
soberania popular, é irrenunciável”. 
 
 
 
No mais, para seguirmos adiante com nosso estudo,é necessário fazermos alguns 
apontamentos a respeito do período de vacância da norma. Em alguns casos, a Lei 
publicada tem a sua eficácia contida e só começa a produzir efeitos depois de superar 
o período de vacância – lapso temporal entre a promulgação da norma e sua vigência 
– que será definido pelo legislador no momento de publicação da referida lei. 
Contudo, caso o legislador se mantenha omisso quando a vigência da norma, se entra 
em vigor a partir da data de publicação ou se deve aguardar o período de vacância, 
utiliza-se a referência colocada no artigo 1º da Lei de Introdução às Normas de Direito 
Brasileiro (LINDB). 
 
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta 
e cinco dias depois de oficialmente publicada. 
 
Não obstante, atualmente o período de vacância ou no termo em latim vacatio legis 
como também é conhecido, não é utilizado com frequência. Geralmente, o legislador 
já faz constar no texto legislativo que determinada lei “entra em vigor na data de sua 
Uma lei só pode ser revogada por outra Lei, jamais por costumes, por mais 
consagrados que sejam, ou por eventuais decisões judiciais, nem mesmo 
aquelas oriundas do Supremo Tribunal Federal, pois, a declaração de 
inconstitucionalidade atinge apenas a eficácia da norma contrária aos 
mandamentos constitucionais, sem revogá-la. A revogação da norma trata-se 
de uma atribuição exclusiva do Poder Legislativo (MASSON, 2020). 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Aplicação da Lei Penal 
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publicação”, conferindo eficácia ao regramento desde logo. 
 
2.1 Tempus regit actum 
O princípio do tempus regit actum (o tempo rege o ato) determina que, em regra, a 
lei aplicável ao fato criminoso é aquela vigente a época da realização da conduta. Essa 
máxima decorre do princípio da legalidade, de modo que nenhuma conduta será 
caracterizada como criminosa senão através de lei. 
 
De acordo com Bitencourt (2020) o princípio do tempus regit actum defende que “a 
lei aplicável à repressão da prática do crime é a lei vigente ao tempo de sua execução. 
Essa é uma garantia do cidadão: além da segurança jurídica, garante-se-lhe que não 
será surpreendido por leis ad hoc, criminalizando condutas, inclusive a posteriori, que 
até então não eram tipificadas como crime”. 
 
Contudo, embora a regra seja a aplicação da lei vigente a época dos fatos, seguindo 
os princípios do tempus regit actum e da irretroatividade, expresso no art. 5º, inciso 
XL da Constituição Federal – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu –, é 
possível que a lei penal se movimente no tempo, fenômeno chamado de extra-
atividade da lei penal, do qual decorrem duas subespécies, a retroatividade e a ultra-
atividade da norma. 
 
A retroatividade ocorre quando a lei penal é aplicada a fato cometidos antes de sua 
vigência, porém, o efeito da retroatividade, como veremos melhor no decorrer desta 
unidade, só será empregado quando a nova lei for mais benéfica do que a anterior, é 
a chamada novatio legis in mellius. Por outro lado, o efeito da ultra-atividade da lei 
ocorre quando a lei penal é aplicada ao fato mesmo após sua revogação, geralmente 
ocorre quando a nova lei é mais severa e não pode retroagir para alcançar os fatos 
pretéritos a sua vigência. 
 
Neste sentido, Bitencourt (2020) afirma que ambos os efeitos, tanto a retroatividade 
quanto a ultra-atividade da lei penal, ocorrem da seguinte forma: “quando a lei 
revogada for mais benéfica, ela terá ultratividade, aplicando-se ao fato cometido 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Aplicação da Lei Penal 
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durante sua vigência; no entanto, se a lei revogadora for a mais benigna, esta será 
aplicada retroativamente”. 
 
EXEMPLO ULTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL 
Mévio matou Caio no dia 15 de janeiro de 2008 e foi preso em flagrante na cena do 
crime, o processo foi instaurado e segue tramitando na justiça. Dois anos após a 
prática do crime, uma nova lei é promulgada e aumenta a pena do crime de 
homicídio de 6 a 20 anos para 10 a 30 anos. Em 2015, Mévio será julgado e, com 
base no princípio do tempus regit actum e na ultra-atividade da lei penal, será 
considerada para a prolação da sentença a lei vigente a época dos fatos, pois, em 
que pese estar revogada, a lei vigente não pode retroagir para alcançar fatos 
pretéritos, uma vez que representaria prejuízo ao réu. 
 
 
 
EXEMPLO RETROATIVIDADE DA LEI PENAL 
Considere a mesma situação apresentada acima, Mévio pratica o crime de 
homicídio durante a vigência da Lei A, que considera para o crime a pena de 
reclusão de 6 a 20 anos. Porém, em 2010, a Lei B é publicada revogando a antiga 
lei e reduzindo a pena do homicídio de 6 a 20 anos para 4 a 10 anos. Durante o 
julgamento de Mévio, em 2015, será considerada a Lei B, com base no princípio da 
retroatividade da lei penal, pois, como se mostra mais benéfica ao réu, a lei poderá 
retroagir e alcançar fatos pretéritos a sua promulgação. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Aplicação da Lei Penal 
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Assim, de acordo com Bitencourt (2020) os princípios da retroatividade e da ultra-
atividade, “consagrados pela Constituição, que configurarem lei penal mais benigna, 
aplicam-se às normas de Direito Penal material, tais como nas hipóteses de 
reconhecimento de causas extintivas da punibilidade, tipificação de novas condutas, 
cominação de penas, alteração de regimes de cumprimento de penas, ou a qualquer 
norma penal que, de qualquer modo, agrave a situação jurídico-penal do indiciado, 
réu ou condenado, conforme já reconheceu o próprio Supremo Tribunal Federal”. 
 
2.2 Conflito intertemporal na aplicação da lei penal no tempo 
Considerando a volubilidade da sociedade e, consequentemente, das normas do 
direito penal, diante da promulgação e da revogação de diversas normas, é possível 
que ocorra algumas situações de atrito, são os chamados conflitos intertemporais da 
norma penal no tempo. 
 
Nas palavras de Cleber Masson (2020) quando uma nova lei é promulgada revogando 
a antiga, é inevitável que ocorram conflitos, até pela divergência no conteúdo de uma 
para outra, afinal, a revogação não faria sentido se fossem idênticas. Assim, diante de 
eventual conflito, defende o autor que, “a regra geral é a da prevalência da lei se 
encontrava em vigor quando da prática do fato, vale dizer, aplica-se a lei vigente 
quando da prática da conduta (tempus regit actum). Dessa forma, resguarda-se a 
reserva legal, bem como a anterioridade da lei penal, em cumprimento às diretrizes 
do texto constitucional”. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Aplicação da Lei Penal 
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Todavia, podemos verificar algumas exceções quanto ao princípio do tempus regit 
actum, conforme vimos acima, com a aplicação da extra-atividade da lei penal no 
tempo, através de quatro conflitos intertemporais: 
• Abolitio Criminis 
• Novatio Legis Incriminadora 
• Novatio Legis in Mellius 
• Novatio Legis in Pejus 
 
Ainda, é possível classificar essas quatro possibilidades em dois grupos, o lex mitior e 
o lex gravior. Estão compreendidas na lex mitior – lei mais suave ou lei melhor – o 
abolitio criminis e a novatio legis in mellius, já no grupo lex gravior – lei mais grave – 
estão afixadas a novatio legis incriminadora e a novatio legis in pejus. 
 
 
Figura 1 – Lex mitior e lex gravior. 
Fonte: Núcleo Editorial Faculdade Focus 
 
2.2.1 Abolitio criminis 
Traduzido do latim, abolitio criminis significa a abolição do delito, através da 
superveniência de uma lei penal descriminalizadora. Essa possibilidade está prevista 
no art. 2º do Código Penal, o qual determina que “ninguém pode punido por fato que 
lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos 
penais da sentença condenatória”. 
 
De acordo com Rogério Sanches (2020) “a abolitiocriminis é fenômeno verificado 
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Aplicação da Lei Penal 
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sempre que o legislador, atento às mutações sociais (e ao princípio da intervenção 
mínima), resolve não mais incriminar determinada conduta, retirando do 
ordenamento jurídico-penal a infração que a previa, julgando que o Direito Penal não 
mais se faz necessário à proteção de determinado bem jurídico”. 
 
Além disso, nas palavras de Cleber Masson (2020) “a configuração do abolitio criminis 
reclama revogação total do preceito penal, e não somente de uma norma singular 
referente a um fato que, sem ela, se contém numa incriminação penal. Inclusive, de 
acordo com o parágrafo único do mesmo artigo, “a lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado”, ou seja, cessam os efeitos penais e da execução. 
Essa medida tem natureza jurídica de causa de extinção da punibilidade, nos termos 
do art. 107, III do Código Penal, não subsistindo nem mesmo os efeitos penais da 
sentença condenatória, de modo que não será considerado para fins de reincidência 
ou no registro de antecedentes criminais. 
 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
[...] 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
 
No entanto, para configurar essa medida, conforme destaca Cleber Masson (2020) são 
necessários dois requisitos: a) revogação formal do tipo penal; e b) supressão material 
do fato criminoso. Isto é, não basta a mera revogação do tipo penal, o delito ora 
abolido deve se tornar irrelevante para o ordenamento jurídico, como ocorreu com o 
crime de adultério (art. 240, CP) no ano de 2005. Assim, quando presente a 
possibilidade do abolitio criminis, estando o processo em qualquer fase, inclusive na 
execução da pena, deve-se aplicar, de forma imediata, a retroatividade da norma penal 
que extinguiu o delito, retirando a tipicidade do fato praticado. 
 
Ademais, precisamos fazer algumas considerações a respeito da coisa julgada e sobre 
o pleito de eventual indenização. Embora o parágrafo único do art. 2º considere que 
a medida favorável retroaja e atinja fatos anteriores a sua vigência, fazendo cessar até 
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Aplicação da Lei Penal 
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os efeitos da sentença penal condenatória transitada em julgado, os efeitos 
extrapenais da conduta subsistem. Assim, se da prática criminosa resultou alguma 
obrigação cível, como, por exemplo, se na esfera cível o indivíduo for condenado a 
indenizar o dano causado a vítima, ainda que a conduta praticada seja 
descriminalizada, a obrigação cível se mantém, isso ocorre pela independência das 
esferas cíveis, penais e administrativas. 
 
Neste sentido, Rogério Sanches (2020) afirma que “mesmo com a revogação do crime, 
subsiste, por exemplo, a obrigação de indenizar o dano causado, enquanto que os 
efeitos penais terão de ser extintos, retirando-se o nome do agente do rol dos 
culpados, não podendo a condenação ser considerada para fins de reincidência ou de 
antecedentes penais”. 
 
Por fim, ainda é válido destacar que, uma parcela da doutrina sustenta a 
impossibilidade do autor que foi beneficiado com a abolição de um tipo penal 
incriminador, pleitear eventual indenização sobre eventuais danos sofridos. Nas 
palavras de Guilherme Nucci (2019) “o fato de o Estado abolir um tipo penal 
incriminador, beneficiando várias pessoas acusadas ou já condenadas, não faz nascer 
um erro judiciário, sujeito à indenização. Cuida-se de fator externo à vontade do juiz, 
fruto da política criminal do legislador, razão pela qual se apaga o delito do passado 
do acusado, mas não tem ele direito a reparação”. Isto é, depois do indivíduo cumprir 
a pena que lhe cabe ou de sobrevir o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, o abolitio criminis garante que o sujeito tenha a sua folha de 
antecedentes criminais inteiramente corrigida, afastando a condenação que, em tese, 
nunca deveria ter existido. 
 
2.2.2 Novatio legis in mellius 
Diferente do que ocorre no abolitio criminis, no caso da novatio legis in mellius, o fato 
não deixa de existir, mas é substituído por uma norma mais favorável, assim, mesmo 
sem descriminalizar o fato considerado crime, a nova lei confere algum benefício ao 
acusado, devendo ser aplicada imediatamente ao caso concreto, ainda que se 
encontre na fase de execução. 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Aplicação da Lei Penal 
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Nas palavras de Cleber Masson (2020) o instituto se “verifica quando, ocorrendo 
sucessão de leis penais no tempo, o fato anterior, e o novel instrumento legislativo 
seja mais vantajoso ao agente, favorecendo-o de qualquer modo”. Assim, “a lex mitior 
— seja abolitio criminis, seja qualquer alteração in mellius — retroage e aplica-se 
imediatamente aos processos em andamento, aos fatos delituosos cujos processos 
ainda não foram iniciados e, inclusive, aos processos com decisão condenatória já 
transitada em julgado” (BITENCOURT, 2020). 
 
 
Figura 2 – Novatio legis in mellius. 
Fonte: Núcleo Editorial Faculdade Focus 
 
Neste aspecto é válido destacar que, embora exista a previsão no inciso XXXVI do art. 
5º da Constituição Federal de que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada, ambas as situações – tanto o abolitio criminis quanto 
a novatio legis in mellius – não ferem esse princípio, pois, a máxima constitucional age 
em favor da garantia individual e não sobre o direito de punir do Estado. 
 
Além disso, outra questão muito debatida a respeito da novatio legis in mellius é o 
momento de sua aplicação, se é possível considerá-la durante o período de vacatio 
legis. Conforme suscita Rogério Sanches (2020) existem duas correntes no mundo 
jurídico que tratam sobre a possibilidade de aplicação da lei penal mais benéfica antes 
de efetivamente entrar em vigência. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Aplicação da Lei Penal 
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A primeira corrente, defendida por Alberto Silva Franco e por Cezar Roberto Bitencourt 
afirma que, embora seja importante o período de vacatio legis, o seu fundamento 
primordial está relacionado com a ideia de todos conhecerem a lei antes dela 
efetivamente entrar em vigência, é para que todos possam se preparar e se acostumar 
com o novo regramento para prestar-lhe obediência. Então, não faria sentido 
postergar a aplicação dos benefícios trazidos pela nova lei aos casos pretéritos, se isso 
ocorrerá mais cedo ou mais tarde. 
 
Neste sentido, Bitencourt (2020) afirma que, “no momento em que é publicado um 
novo texto legal, este passa a existir no mundo jurídico, representa o novo 
pensamento do legislador sobre o tema de que se ocupa, produto, evidentemente, de 
novas valorações sociais. Assim, não sendo possível ignorar a existência do novo 
diploma legal, bem como as transformações que ele representa no ordenamento 
jurídico-penal, a sua imediata eficácia é inegável, e não pode ser obstaculizada a sua 
aplicação retroativa quando configurar lei penal mais benéfica, mesmo que ainda se 
encontre em vacatio legis”. 
 
Por outro lado, a segunda corrente acolhida Guilherme Nucci, Damásio de Jesus e por 
Paulo Queiroz defende a perspectiva de que, durante o período de vacatio legis a lei 
não possui eficácia alguma, muito pelo contrário, antes de estar vigente a nova lei é 
uma mera expectativa de direito. Portanto, ainda a vacatio legis sirva como um período 
de adaptação e, que posteriormente, a lei será aplicada definitivamente no 
ordenamento jurídico, durante o lapso temporal a nova lei, embora mais benéfica, não 
é válida e obviamente não pode ser aplicada. Esse é o posicionamento que prevalece 
na doutrina. 
 
2.2.3 Novatio legis incriminadora 
Na novatio legis incriminadoraum fato que antes não era considerado ilegal, é 
tipificado no ordenamento jurídico, logo, se tem uma nova lei que, de qualquer forma, 
“piora” a situação do acusado, evidentemente, não será aplicada. De acordo com 
Bitencourt (2020) “a novatio legis incriminadora é irretroativa e não pode ser aplicada 
a fatos praticados antes de sua vigência, segundo o velho aforisma nullum crimen sine 
praevia lege, hoje erigido a dogma constitucional (art. 5º XXXIX da CF)”. 
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Nas palavras de Rogério Sanches (2020) a nova lei que, de qualquer modo, prejudica 
o réu (lex gravior) será sempre irretroativa, devendo ser aplicada a lei vigente no 
tempo do crime, seguindo o princípio do tempus regit actum, da anterioridade da lei 
penal e da legalidade. Isto é, não é possível que o indivíduo seja responsabilizado uma 
conduta atípica, ainda que venha a ser considerada criminosa posteriormente. 
 
2.2.4 Novatio legis in pejus 
Como última possibilidade de lei mais grave temos a novatio legis in pejus que, 
diferente da novatio legis incriminadora não tipifica uma situação considerada 
anteriormente irrelevante, ela confere um tratamento mais rigoroso às condutas já 
classificadas como infrações penais. 
 
Nas palavras de Guilherme Nucci (2019) “há hipóteses em que o legislador, sem abolir 
a figura delituosa, mas com a aparência de tê-lo feito, apenas transfere a outro tipo 
incriminador a mesma conduta, por vezes aumentando a pena. Sem dúvida, em alguns 
casos, não se trata de uma singela transferência, porém há alguma modificação na 
descrição do preceito primário”. 
 
Assim, toda vez que uma lei penal é revogada por uma nova lei que prejudique o 
sujeito de qualquer forma, aplica-se a lei vigente a época dos fatos, através da 
ultratividade da lei. Como destaca Cleber Masson (2020) esse efeito é aplicado 
“quando o crime foi praticado durante a vigência de uma lei, posteriormente revogada 
por outra prejudicial ao agente. Subsistem, no caso, os efeitos da lei anterior, mais 
favorável. Isso porque, como já abordado, a lei penal mais grave jamais retroagirá”. 
 
Contudo, ainda que a regra seja a aplicação da norma mais favorável ao acusado, 
ainda que na fase de execução, não é isso que ocorre nos crimes continuados e 
permanentes, de acordo com a súmula 711 do Supremo Tribunal Federal “a lei penal 
mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência 
é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. 
 
Neste ponto, precisamos relembrar alguns conceitos básicos a respeito dos crimes 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
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cuja consumação se protrai no tempo. O crime continuado, encontra previsão no art. 
71 do Código Penal e ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, prática dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, 
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos 
como continuação do primeiro (ex.: a caixa da farmácia furta dinheiro do caixa toda 
sexta-feira ao final do expediente). Já, o crime permanente é aquele cuja consumação 
se prolonga no tempo (ex.: crime de sequestro). 
 
Portanto, nessas hipóteses, em que o crime se mantém ativo, ainda que a conduta se 
inicie durante a vigência de lei mais branda, esta não aproveitará o fenômeno da 
ultratividade da lei penal, uma vez que a conduta só foi efetivamente consumada 
durante a vigência de norma mais grave. 
 
2.3 Lei de vigência temporária e leis excepcionais 
Em regra, depois que uma lei é publicada ela segue o princípio da continuidade das 
normas, se mantendo vigente até que outra lei a revogue. Contudo, essa máxima não 
se aplica a leis excepcionais e as leis com vigência temporária, que permanecem em 
vigência apenas por um período, elas nascem para um fim específico, com uma 
espécie de data de validade, depois disso “expiram”. Em consonância, Bitencourt 
(2020) salienta que, “as leis excepcionais e temporárias são leis que vigem por período 
predeterminado, pois nascem com a finalidade de regular circunstâncias transitórias 
especiais que, em situação normal, seriam desnecessárias”. 
 
Assim, é possível definir a lei temporária, também conhecida como temporária em 
sentido estrito, como a norma instituída por um prazo determinado, ou seja, é a lei 
que tipifica uma conduta como criminosa, apenas por um período, ela traz em seu 
texto legal o início e o fim de sua vigência. Por outro lado, a lei excepcional é aquela 
editada em função de algum um evento transitório – ex.: estado de calamidade pública 
– e perdura apenas enquanto durar o estado que deu origem a lei (CUNHA, 2020). 
 
As leis temporárias e as excepcionais encontram previsão no art. 3º do Código Penal, 
o qual determina que, “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período 
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato 
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praticado durante sua vigência”. Com a leitura do dispositivo legal, é possível perceber 
que essas espécies legislativas mantêm em sua essência duas características que não 
estão presentes nas normas comuns, a autorrevogabilidade e a ultra-atividade. 
 
A autorrevogabilidade diz respeito ao lapso temporal em que a lei se mantém vigente 
no ordenamento jurídico, pois, ambas as espécies – lei temporária e excepcional – se 
mantêm ativas apenas por um tempo, sendo posteriormente revogadas de forma 
automática. A exemplo da Lei nº 13.284/16, a qual foi criada com o intuito de preservar 
o patrimônio material e imaterial das entidades organizadoras dos Jogos Olímpicos 
em 2016, que permaneceu vigente apenas enquanto durou o evento, sendo 
automaticamente revogada no dia 31 de dezembro de 2016. 
 
Além disso, é devido a segunda característica, a ultra-atividade, que as normas 
temporárias e excepcionais conseguem alcançar fatos ocorridos durante a sua 
vigência e puni-los após sua revogação. A ultra-atividade guarda relação com o papel 
intimidatório da esfera penal, pois, devido a vigência controlada das normas, assim 
que passado o período de vigência ou que cessada a situação excepcional, todos os 
fatos ocorridos durante a vigência seriam irrelevantes. É justamente por esse motivo 
que as leis temporárias e excepcionais não se confundem com o abolitio criminis, pois, 
este último descriminaliza certas condutas, retirando-a do ordenamento jurídico e 
fazendo cessar a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
2.4 Tempo do crime 
Mas, de nada adianta sabermos a respeito dos conflitos intertemporais da lei penal e 
não conseguir identificar quando efetivamente o crime ocorreu. No âmbito do direito 
penal, existem três teorias que indicam qual o tempo do crime, são elas: 
 
 
 
TEORIA DA ATIVIDADE 
Para a teoria da atividade, considera-se praticado o crime quando da ação ou 
omissão do indivíduo, pouco importando quando o momento do resultado. 
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Ex.: A, desafeto de B, efetua disparos em sua direção, B é socorrido e levado ao 
pronto-socorro, no entanto, em razão dos ferimentos causados pelos disparos de 
A, vem a óbito 10 dias depois. Para a teoria da atividade, considera-se praticado 
o crime no momento em que A efetuou os disparos e não 10 dias depois, quando 
B veio efetivamente a morrer. 
 
TEORIA DO RESULTADO 
Considera que o crime é praticado no momento em que ocorre sua consumação, 
sendo irrelevante, para essa teoria, quando a conduta é praticada. 
 
Ex.: no crime de homicídio, leva-se em consideração o momento que ocorreu a 
morte do indivíduo e não quando foram efetuados os disparos, por exemplo. 
 
TEORIA MISTA OU DA UBIQUIDADE 
A teoria mistabusca conciliar, unir as teorias da atividade e do resultado, de acordo 
com ela o momento do crime pode ser tanto no momento em que a conduta se 
realiza, quanto o momento em que ela efetivamente se consuma. 
 
Contudo, apesar das diversas possibilidades a respeito do tema, o nosso ordenamento 
jurídico, mais especificamente o Código Penal brasileiro, adota em seu art. 4º a teoria 
da atividade, ao passo que, “considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. Neste sentido, Bitencourt 
(2020) corrobora com o entendimento dizendo que, “adota-se, assim, a teoria da 
atividade, pois é nesse momento que o indivíduo exterioriza a sua vontade violando 
o preceito proibitivo. Isso evita o absurdo de uma conduta, praticada licitamente sob 
o império de uma lei, poder ser considerada crime, em razão de o resultado vir a 
produzir-se sob o império de outra lei incriminadora”. 
 
Assim, quando o Código Penal adota como regra a teoria da atividade, estabelece 
algumas situações, especialmente com relação ao princípio do tempus regit actum, 
com a imputabilidade ou inimputabilidade do agente infrator e com os crimes 
permanentes, continuados e habituais. A primeira situação, com relação a aplicação 
da lei penal, considera-se ao caso aquela vigente a época dos fatos, quando o sujeito 
manifesta a vontade de cometer o crime, praticando a ação ou omissão necessária 
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Aplicação da lei penal no espaço 
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para materializar seu interesse, ressalvada a possibilidade de sobrevier lei posterior 
mais benéfica. 
 
Com relação a imputabilidade do agente, pois, se o fato é praticado enquanto o sujeito 
é menor de idade, ainda que a conduta venha a se consumar depois que o indivíduo 
é plenamente capaz (maior de 18 anos), serão aplicadas as regras atinentes aos 
inimputáveis, seguindo a regra do art. 26 do Código Penal. 
 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. 
 
Além disso, outra situação que é alterada em virtude da teoria da atividade, é a 
aplicação da norma penal nos crimes permanentes e continuados, cujo a consumação 
se protrai no tempo. Essas condutas, conforme vimos anteriormente, não aproveitam 
do fenômeno da ultra-atividade da norma e, se o início da conduta ocorreu sob a 
vigência de lei mais branda e a sua consumação sob lei mais grave, aplica-se aquela 
válida a época dos fatos, ainda que prejudicial ao acusado. Ademais, em se tratando 
de crimes habituais, estes seguem a mesma lógica, se durante a prática delitiva houver 
sucessão de leis no tempo, aplica-se a conduta a nova, ainda que mais severa. 
 
Súmula 711 – STF. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao 
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
 
Por fim, é válido destacar que, embora a regra seja a teoria da atividade, em algumas 
situações excepcionais o Código Penal pode considerar outras teorias, é o caso, por 
exemplo, da prescrição abstrata, que segue a regra da teoria do resultado. 
3 Aplicação da lei penal no espaço 
A aplicação da lei penal no espaço é limitada por dois conceitos básicos, o da 
territorialidade e o da extraterritorialidade. O primeiro é limitado pelo art. 5º do 
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Aplicação da lei penal no espaço 
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Código Penal, o qual determina que, “aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional”. Já o conceito de extraterritorialidade vem expresso no art. 7 do 
Código Penal e, está relacionado com a possibilidade de aplicação das leis brasileiras 
a determinadas condutas, ainda que praticadas fora do território nacional. 
 
De acordo com Guilherme Nucci (2019) “territorialidade significa a aplicação das leis 
brasileiras aos delitos cometidos dentro do território nacional. Essa é uma regra geral 
que advém do conceito de soberania, ou seja, a cada Estado cabe decidir e aplicar as 
leis pertinentes aos acontecimentos dentro do seu território”. Bitencourt (2020) vai 
além, dizendo que “pelo princípio da territorialidade, aplica-se a lei penal brasileira 
aos fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da 
nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado”. 
 
Assim, de forma suscinta, é possível dizer que, para os efeitos de aplicação da lei 
brasileira, considera-se território nacional todo espaço terrestre, aéreo, marítimo ou 
fluvial onde o País exerce sua soberania. Contudo, essa premissa, como inúmeras 
outras no direito, não é absoluta e, em que pese o Direito Penal adotar o princípio da 
territorialidade como regra, existem algumas exceções para as quais não se aplica a 
lei brasileira. E, por esse motivo, vamos nos referir a máxima como o princípio da 
territorialidade mitigada, ou princípio da territorialidade temperada, porque 
flexibiliza a aplicação normativa e a soberania. 
 
Ocorrerá a flexibilização da aplicação da lei penal brasileira, nos termos do art. 5º, 
quando o Brasil for o signatário de alguma convenção, tratado ou quando houver 
alguma regra de direito internacional. Assim, nestes casos, quando sobrevir uma 
situação excepcional, a lei brasileira não será aplicada ao caso concreto. Ademais, 
existem algumas hipóteses de imunidade quanto a aplicação a lei penal brasileira, 
como, por exemplo, na hipótese do diplomata e do cônsul. Veja bem, como o Brasil é 
signatário da Convenção de Viena, acordou em não exercer soberania sobre os 
diplomatas de outros países, tampouco ter exercida a soberania destes sobre os 
nossos diplomatas quando em missão. 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Aplicação da lei penal no espaço 
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Além disso, de acordo com o nosso ordenamento penal pátrio, quando se tem um 
diplomata em missão, a imunidade, que é absoluta uma relação a ele, se estende aos 
seus familiares também, ou seja, se um diplomata comete algum crime contra o nosso 
ordenamento, ele não será responsabilizado pela lei brasileira. 
 
 
 
Quanto ao cônsul, ele tem uma imunidade relativa, isto é, não é para todo crime por 
ele cometido em território nacional que deixaremos de exercer soberania. Ele só não 
será punido quando cometer crimes que estejam atrelados a sua atividade consular, 
ou a sua seara administrativa, dado que, nesses casos, deverá responder perante o seu 
Estado acreditante. 
 
Muito bem, antes de movermos adiante, gostaria de esclarecer o conceito de 
território dentro do contexto do Direito Penal. 
 
3.1 Conceito de território 
Seguindo o conceito de territorialidade, é possível afirmar que o território nacional 
corresponde à parte terrestre, aérea e marítima equivalente a doze milhas além-mar 
ou fluvial onde o País exerce sua soberania. Assim, se o crime ocorreu no Brasil, não 
importa a nacionalidade de quem o cometeu, não importa de quem é o bem jurídico, 
se é de outro país ou não, a soberania nacional poderá ser exercida. 
 
Nas palavras de Régis Prado e Bitencourt (1995) “o território nacional – efetivo ou real 
– compreende: a superfície terrestre (solo e subsolo), as águas territoriais (fluviais, 
lacustres e marítimas) e o espaço aéreo correspondente. Entendese, ainda, como 
sendo território nacional – por extensão ou flutuante – as embarcações e as aeronaves, 
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Aplicação da lei penal no espaço 
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por força de uma ficção jurídica”. 
 
No mesmo sentido, Rogério Sanches (2020) afirma que, “entende-se por território 
nacional a soma do espaço físico (ou geográfico) com o espaçojurídico (espaço físico 
por ficção, por equiparação, por extensão ou território flutuante)”. Desta forma, “por 
território físico entende-se o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à soberania 
do Estado (solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da 
costa – 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do 
litoral continente e insular – e espaço aéreo correspondente”. Assim, digamos, por 
exemplo, que dois aviões privados se choquem no espaço aéreo nacional, aplicar-se-
á ao caso a lei brasileira, devido ao princípio da soberania e da territorialidade. 
 
3.1.1 Território por equiparação 
Além disso, existem situações em que se falará em territórios por equiparação (art. 
5º, §1º). São situações que envolvem elementos considerados “pedaços” do nosso 
território, como as aeronaves e embarcações brasileiras de natureza pública ou à 
serviço do governo. A estas, independentemente de onde se encontrem, será aplicada 
a lei penal brasileira. 
 
 Art. 5º [...] 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional 
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
 
Alguns cuidados são necessários quanto a esse tema: se houver uma aeronave 
privada, por exemplo, que esteja sobrevoando o nosso espaço aéreo, é óbvio que ela 
também responderá pela lei brasileira. Digamos, ainda, que ocorra um crime dentro 
de uma aeronave estrangeira, por exemplo, ao sobrevoar nosso espaço aéreo, o crime 
será julgado, pelo princípio da territorialidade, pela lei brasileira, mesmo tendo 
ocorrido dentro de uma aeronave estrangeira. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Lugar do crime 
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Existem vários princípios que regem a questão da territorialidade e o exercício da 
soberania. Portanto, embora estes outros princípios sejam também observados no 
que diz respeito à aplicação da lei penal brasileira, em regra, fundamentamo-nos na 
máxima apresentada pelo art. 5º. 
 
No mais, é válido destacar uma particularidade a respeito das embaixadas. Já tem 
algum tempo que essas instalações não são mais consideradas extensões dos 
territórios do País que representam, ressalvada apenas a inviolabilidade do domicílio. 
Isso quer dizer que a embaixada norte-americana em território brasileiro, por exemplo, 
é do território brasileiro, portanto, se acontecer algum crime dentro dela, será plicada 
a lei brasileira. É óbvio que se houver alguma convenção em sentido contrário ou se 
o crime envolver o próprio diplomata, estará afastada a aplicação da lei penal 
brasileira. 
 
4 Lugar do crime 
Excepcionando a regra que vimos a pouco, o art. 6º trata sobre a temática dos crimes 
cometidos a distância, ou seja, aquelas condutas que têm início em um território e 
terminam em outro ou vice-versa, lembrando que o começo e o fim vão acontecer 
dentro do território nacional. Para essas condutas, contrariando a regra da teoria da 
atividade, será considerado no lugar do crime a teoria da ubiquidade, também 
conhecida como teoria mista. 
 
Conforme destaca Rogério Sanches (2020) “da mesma forma que uma infração penal 
pode se fracionar em tempos diversos, é possível que ela se desenvolva em lugares 
diversos, percorrendo, inclusive, territórios de dois ou mais países igualmente 
soberanos”. Neste sentido, Bitencourt (2020) afirma que, “com a doutrina mista evita-
se o inconveniente dos conflitos negativos de jurisdição (o Estado em que ocorreu o 
resultado adota a teoria da ação e vice-versa) e soluciona-se a questão do crime a 
distância, em que a ação e o resultado realizam-se em lugares diversos”. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Lugar do crime 
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Assim, para que o sujeito infrator seja punido com a lei brasileira, por obvio, deve ter 
tocado o solo nacional, seja na ação ou omissão ou no resultado da conduta. Digamos, 
por exemplo, que o sujeito A que está na fronteira Brasil e Paraguai atira no sujeito B 
que está do lado de lá da fronteira, A poderá ser processado tanto pela lei do Brasil 
como pela lei do Paraguai, pois, para a aplicação da lei brasileira, é indiferente o local 
em que se praticou a ação ou onde ela se consumou. 
 
4.1 Extraterritorialidade 
Superadas nossas considerações a respeito do princípio da territorialidade e do local 
do crime. Falamos agora, sobre os fatos típicos que ocorrem fora do nosso território 
nacional, mas, que ainda assim, são submetidos ao ordenamento jurídico brasileiro. A 
esse fenômeno damos o nome de extraterritorialidade da lei penal e, ela pode ser 
classificada em três situações distintas, as quais abordaremos na sequência: 
 extraterritorialidade incondicionada; 
 extraterritorialidade condicionada; 
 extraterritorialidade hipercondicionada. 
 
LUGAR DO CRIME
Art. 6º. "Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou
em parte, em como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado".
• É importante que você se lembre que a teoria
adotada quanto ao lugar do crime é a teoria da
ubiquidade, ou seja, ela determina que será a
jurisdição brasileira a competente para o
processamento e julgamento do crime. Atente-se
que, apesar de ser a justiça brsileira competente
poderá deixar de ser aplicada caso haja convenções,
tratados e regras de Direito Internacional
Teoria mista ou 
da ubiquidade
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Lugar do crime 
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4.2 Extraterritorialidade incondicionada 
A extraterritorialidade incondicionada, como seu próprio nome já diz, não exige 
nenhuma condição, o mero cometimento do crime em território estrangeiro autoriza 
a aplicação da lei nacional. Essa possibilidade está prevista no art. 7º, inciso I do 
Código Penal, ao passo que as condutas típicas estão relacionadas nas alíneas do 
referido inciso. 
 
Desta forma, como podemos observar na letra da lei, nos casos dos crimes previstos 
no inciso I, o agente deverá ser punido pela lei brasileira, ainda que tenha sido 
absolvido ou condenado no estrangeiro, dado que a extraterritorialidade 
incondicionada não exige que seja necessário cumprir qualquer condição para que o 
sujeito seja processado. 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, 
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
 
 
 
Um exemplo dessa hipótese é quando ocorre um crime contra a vida ou a liberdade 
do presidente da República. Imagine que um chinês, por exemplo, tenha atentado 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Lugar do crime 
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contra a vida do Presidente durante uma visita a Alemanha. Neste caso, embora o 
crime tenha sido praticado em território estrangeiro, será aplicada a lei brasileira, 
desconsiderando-se a lei do País em que ocorreu o atentado ou do agente infrator, 
independente se condenado ou absolvido por lei estrangeira. Especialmente, quando 
se tratar do Presidente da República, este será sempre considerado uma extensão do 
território nacional, onde quer que esteja. 
 
4.2.1 Vedação ao bis in idem 
Na extraterritorialidade incondicionada, quando o sujeito é condenado em solo 
estrangeiro, dispõe o art. 8º do Código Penal, em atenção a vedação ao princípio do 
bis in idem que, “a pena cumprida no estrangeiro atenuaa pena imposta no Brasil pelo 
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas”. 
 
Isto é, se no caso do exemplo mencionado acima, que o chinês atentou contra a vida 
do Presidente da República durante uma visita a Alemanha, supondo que o sujeito 
infrator tenha sido condenado no local em que cometeu o crime a uma pena de 
reclusão de 6 anos e, depois de cumprido o período, vem a ser condenado no Brasil a 
10 anos de reclusão, a pena cumprida na Alemanha atenuará a pena brasileira, 
restando para o indivíduo cumprir apenas 4 anos da pena. 
 
Pena
Idênticas
Abate a pena cumprida no 
exterior.
Diversas
Pena a ser cumprida no Brasil 
deve ser atenuada considerando a 
pena cumprida no estrangeiro.
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Lugar do crime 
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Da mesma forma que, se o indivíduo for sentenciado na Alemanha a uma pena de 15 
anos de reclusão e, depois de cumpri-la, vem para o Brasil, onde é sentenciado a mais 
10 anos de reclusão. Em observância a vedação ao princípio do bis in idem, o sujeito 
não será punido no Brasil, pois, conforme dispõe o 8º, quando as penas são diversas, 
devem ser atenuadas, e quando idênticas, computadas. 
 
4.3 Extraterritorialidade condicionada 
Diferente da possibilidade anterior, na hipótese de extraterritorialidade condicionada 
é necessário que se cumulem as cinco situações previstas no inciso II, § 2º, do art. 
7º, para que a lei brasileira seja aplicada ao caso. Assim, para a aplicação da lei 
brasileira, nos casos definidos em lei, depende do concurso das seguintes condições: 
✓ entrar o agente no território nacional; 
✓ ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
✓ estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
✓ não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
✓ não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
Em relação aos crimes que podem ser punidos dessa forma são: 
→ que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
→ praticados por brasileiro; 
Rogério Sanches Cunha (2020) cita Luiz Flávio Gomes e Antonio Molina: 
“Por força do princípio do ne bis in idem penal (material) ninguém pode ser 
condenado duas vezes pelo mesmo crime. Essa regra, entretanto, não é absoluta. 
É relativa. A exceção está precisamente na hipótese de extraterritorialidade da lei 
penal brasileira: nesse caso, pode o país onde se deu o crime condenar o agente 
e o Brasil também. São duas condenações pelo mesmo fato. Por força do art. 8º 
do CP, a pena cumprida no estrangeiro deve ser compensada na pena fixada no 
Brasil”. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Contagem de prazos 
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→ praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
 
No entanto, quando estamos diante de uma situação prática, é muito difícil de se 
obter todas essas cinco condições exigidas em lei, para o sujeito possa ser punido nos 
termos do ordenamento jurídico brasileiro. Portanto, ainda que plenamente possível, 
na prática essa condição não é muito empregada. 
 
4.4 Extraterritorialidade hipercondicionada 
Por fim, o parágrafo terceiro trata das hipóteses de extraterritorialidade 
hipercondicionada. Alguns doutrinadores trazem essa circunstância e afirmam que 
essa forma de extraterritorialidade é hipercondicionada porque, além de ser 
necessário reunir as condições previstas no §2º, ou seja, além de o sujeito ter que 
entrar no território, ser punível, autorizar a extradição, nem ser absolvido, para que 
seja possível aplicar a lei brasileira a um crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro, fora do território nacional, é necessário que se cumpram as seguintes 
exigências: 
 Não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 Houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
5 Contagem de prazos 
Com relação a contagem de prazos, é interessante destacar algumas regras, pois, ela 
se difere daquela estabelecida no Código de Processo Penal, ou seja, o prazo 
processual é diferente do prazo material. Assim, na contagem dos prazos penais 
considera-se o dia de início, desprezando o do final. Diferente do que ocorre nos 
prazos processuais, que não se inclui o dia de início, mas sim o do vencimento. 
 
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, 
não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. 
§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do 
vencimento. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Contagem de prazos 
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Além disso, conforme estabelece o § 3º do mesmo artigo, o prazo que terminar em 
domingo ou dia feriado, este será prorrogado até o próximo dia útil imediato. Da 
mesma forma que, no caso das intimações cumpridas na sexta-feira, o prazo 
processual só começa a correr na segunda-feira seguinte, nos termos da súmula 310 
do STF. 
 
Súmula 310 – STF. Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a 
publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início 
na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que 
começará no primeiro dia útil que se seguir. 
 
Conforme destaca Rogério Sanches (2020) “a diferença na contagem dos prazos foi 
fixada apenas e tão somente para favorecer o réu. Na contagem dos prazos 
processuais, não se considerando o dia de início, dá-se ao agente "um dia a mais" para 
lançar mão da providência processual adequada. Em contrapartida, como os prazos 
penais sempre correm em favor do réu, começam a ser contados um dia antes, sem 
possibilidade de prorrogação”. 
 
Outro aspecto relevante na contagem dos prazos penais é o calendário utilizado. Para 
o computo do prazo penal utiliza-se o calendário gregoriano, no qual não 
consideramos o prazo por número de dias, mas sim o dia anterior aquele determinado 
no mês correspondente. Nas palavras de Guilherme Nucci (2019), no calendário 
gregoriano “os meses não são contados por número de dias, mas de certo dia do mês 
à véspera do dia idêntico do mês seguinte, desprezando-se feriados, anos bissextos 
etc.”. Por exemplo, considerando que no dia 26 de março de 2020 A foi vítima de um 
crime de injuria praticado por B. A vítima pode ingressar com uma queixa-crime contra 
B, seu agressor, até o dia 25 de setembro de 2020. 
 
 
Com relação às penas de prisão, liberdade e multa, não lidamos com frações do 
dia ou de centavos. 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Conclusão 
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6 Conclusão 
Nesta unidade falamos a respeito da aplicação da lei penal, primeiramente tratamos 
da aplicação da lei no tempo, especialmente no que diz respeito ao princípio do 
tempus regit actum e dos eventuais conflitos que podem surgir, como, por exemplo, 
o abolitio criminis, a novatio legis in mellius, novatio legis incriminadora e a novatio 
legis in pejus, trazendo a ideia da retroatividade e da ultratividade da lei penal. 
 
Além disso, discorremos sobre a aplicação da lei penal no espaço, abordando o 
conceito de território nacional. Encerramos a unidade falando sobre o local do crime, 
relacionando com a possibilidade de aplicação da norma nos casos de 
extraterritorialidade e finalizamos com a contagem dos prazos, diferenciando os 
prazos penais dos processuais. 
 
7 Referências Bibliográficas 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Parte geral: coleção tratado de direito penal volume 1. 
26 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1° ao 120). 8 ed. 
rev., ampl. e atual. Salvador: JusPODIVM, 2020. 
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12 ed. rev., atual, 
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LIMA, Renato Brasileiro de.Manual de processo penal: volume único. 8 ed. rev., ampl. 
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MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120). 14 ed. Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: Método, 2020. 
NUCCI. Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: parte geral: arts. 1º a 120 do 
Código Penal. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. 
PRADO, Luiz Régis. BITENCOURT. Cezar Roberto. Elementos de Direito Penal: parte 
especial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. 
 
Introdução ao Estudo do Direito Penal | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 30 
 
 
	Sumário
	1 Introdução
	2 Aplicação da Lei Penal
	2.1 Tempus regit actum
	2.2 Conflito intertemporal na aplicação da lei penal no tempo
	2.2.1 Abolitio criminis
	2.2.2 Novatio legis in mellius
	2.2.3 Novatio legis incriminadora
	2.2.4 Novatio legis in pejus
	2.3 Lei de vigência temporária e leis excepcionais
	2.4 Tempo do crime
	3 Aplicação da lei penal no espaço
	3.1 Conceito de território
	3.1.1 Território por equiparação
	4 Lugar do crime
	4.1 Extraterritorialidade
	4.2 Extraterritorialidade incondicionada
	4.2.1 Vedação ao bis in idem
	4.3 Extraterritorialidade condicionada
	4.4 Extraterritorialidade hipercondicionada
	5 Contagem de prazos
	6 Conclusão
	7 Referências Bibliográficas

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