Buscar

coordenacao-pedagogica

Prévia do material em texto

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: DA BUROCRACIA AOS PROCESSOS DE 
ENSINO E DE APRENDIZAGEM. Uillians Eduardo Santos. UNESP/Presidente 
Prudente. Jessica Larissa Gomes. UNESP/Marília/ Lígia Perez Vilar. UNESP/Marília. 
ues0709@hotmail.com; lpvilar@hotmail.com. 
Eixo Temático: Gestão Escolar e Currículo. 
 
Resumo: O trabalho pedagógico é de extrema importância para o desenvolvimento dos 
processos de ensino e de aprendizagem no cotidiano escolar. Diante disso, conhecer a 
especificidade e o fazer do coordenador pedagógico se faz necessário para 
compreendermos quais tem sido suas demandas cotidianas e as tarefas que eles 
desenvolvem nas unidades escolares que atuam. Assim, desenvolvemos uma pesquisa 
qualitativa com o objetivo de identificar e analisar as atribuições, funções e os desafios 
enfrentados diariamente pelos coordenadores pedagógicos. A coleta de dados deu-se 
mediante a aplicação de questionários com questões fechadas e abertas. O questionário 
foi aplicado a três coordenadores de diferentes dependências administrativas. Constatou-
se com a pesquisa que o papel do coordenador pedagógico tem sua importância para o 
processo educacional e que suas atividades tem se voltado para os processos de ensino e 
de aprendizagem. Entretanto ainda observamos que suas funções ainda têm se centrado 
em aspectos burocráticos e administrativos, o que para nós, se torna uma lacuna que deve 
ser preenchida com atividades de cunho pedagógico. Por fim, esperamos que eles possam 
superar as barreiras da burocracia administrativa, repensando sua prática pedagógica e 
propor ações que possam ser traduzidas em efetivos processos de ensino e de 
aprendizagens. 
Palavras-chaves: Coordenação Pedagógica. Formação de Professores. Ensino e 
Aprendizagem. 
 
Introdução 
 
O texto apresentado originou de pesquisa que pretendeu discutir as demandas 
acerca do trabalho do coordenador pedagógico em escolas de diferentes níveis e etapa de 
ensino. E para essa discussão é preciso considerar, que a escola é um universo bastante 
complexo: há uma finalidade aparentemente conhecida e consagrada em torno da qual se 
aglutinam pessoas frequentemente muito diferentes, que desempenham funções variadas, 
com atribuições, expectativas e demandas diversas. 
Diante disso, apresentamos inicialmente as atribuições e funções realizadas 
pelos coordenadores pedagógicos nas respectivas unidades escolares que atuam. Na 
sequência, discutimos os modelos de formação profissional existentes para os professores 
que compõem o corpo docente das escolas e a própria formação dos coordenadores. Por 
fim, analisamos as novas demandas educacionais que requerem certo cuidado por parte 
dos coordenadores. 
Para o desenvolvimento dessa discussão, realizamos inicialmente uma pesquisa 
bibliográfica, levantando alguns artigos e livros que tratam da temática em estudo. 
Subsidiado de referencial e fundamentação teórica, elaboramos um questionário e um 
formulário com seis questões abertas para aplicação com os coordenadores pedagógicos. 
O questionário foi elaborado com questões que tratavam da formação acadêmica do 
profissional, tempo de efetivo exercício na função desempenhada, o nível e etapa de 
ensino que atuam, com o objetivo de traçarmos o perfil de cada coordenador participante 
da pesquisa. Já o formulário, apresentava questões que possuíam por objetivo verificar 
quais são as funções e atribuições realizadas pelos coordenadores pedagógicos, quais as 
formas de formação docente e da equipe pedagógica, além de verificar como tem se 
portado os coordenadores pedagógicos frente à política de avaliação externa e das 
tecnologias existentes no ambiente escolar. 
Os questionários e os formulários foram respondidos por três coordenadoras 
pedagógicas. Para facilitar as análises e a discussão durante o texto, e por uma questão de 
preservação de identidade das profissionais, apresentamos abaixo as caracterizações dos 
perfis de cada uma delas, chamando-as de C1, C2 e C3. 
A C1 é licenciada em História, atua há mais de dez anos no cargo de 
Coordenador Pedagógico. Atualmente desenvolve suas atividades numa escola da rede 
estadual de ensino do estado de São Paulo, atuando com o Ensino Médio. Possui outro 
cargo na Secretaria Municipal de sua cidade, atuando como Assistente Social. 
Já C2 é licenciada em Pedagogia com habilitação em Administração Escolar, 
atua há mais de seis anos no cargo, na rede municipal de ensino com os Anos Iniciais do 
Ensino Fundamental. 
E por fim C3 é formada em Pedagogia, atua há menos de cinco anos numa escola 
particular no cargo de coordenadora pedagógica. Sua atuação se dá com os Anos Iniciais 
do Ensino Fundamental. 
 
• O papel da coordenação pedagógica: da burocracia aos processos de ensino 
e de aprendizagem 
 
A escola assumiu gradativamente várias funções por ser uma instituição social 
complexa, mas sua função substancial ainda é a de lidar com os conhecimentos. Para que 
isso seja realizado com exatidão é de extrema importância que o ambiente no qual o aluno 
experimenta as suas vivências, seja adequado para tal finalidade. Por isso, consideramos 
que pertence ao coordenador pedagógico a função de articulador dentro da escola, 
buscando um equilíbrio satisfatório em meio à realidade escolar. 
Consideramos ainda que o trabalho do coordenador pedagógico é de intermediar 
e subsidiar as relações, seja elas pedagógicas, pessoais ou de outras naturezas. O papel e 
as funções do coordenador pedagógico na escola são variados. Cabe a ele, para obter o 
seu objetivo, proporcionar uma diária formação continua do educador. Ele, no 
desempenho do papel de gestor, tem a responsabilidade de compreender a realidade social 
da escola, conhecer as qualidades e dificuldades da sua equipe docente, conhecer os 
alunos e suas realidades, assim como elaborar e desenvolver atividades relevantes que 
mostrem a importância da formação continuada para o docente, pois, o trabalho do 
professor não se esgota na sala de aula, ele continua nos debates durante as reuniões de 
ATPCs, na reflexão dos problemas que ocorrem na escola, no planejamento e na avaliação 
constante do seu trabalho. 
Para tanto, é preciso que ele, figura isolada em unidade escolar tenha também um 
espaço coletivo e formador, análogo ao HTPC, no qual possa apresentar as 
dificuldades inerentes à sua nova função, partilhar angústias, refletir sobre sua prática 
como coordenadores, trocar experiências [...] crescer profissionalmente, para exercer 
de forma plena sua função formadora e promotora do projeto pedagógico. 
(GARRIDO, 2008, p.11) 
 
O Coordenador Pedagógico, locuciona por intermédio de projetos, propostas e 
formações visando possibilidades de uma maior eficácia na transmissão do conhecimento 
para o aluno, esses projetos devem ser pensados para solucionar os problemas 
vivenciados pelos professores, a preparação do professor contextualizando-o com sua 
nova turma, semana de adaptação no início do ano, reuniões com pais e familiares, alunos 
com dificuldades de aprendizagem, utilização de tecnologias como ferramenta de 
aprendizagem e a motivação do professor. 
Segundo Guimarães e Vilella (2008), o coordenador tem, pelo menos, três níveis 
de atuação, que não se excluem. São eles: o de resolução dos problemas instaurados; o de 
prevenção de situações problemáticas previsíveis e o de promoção de situações saudáveis 
do ponto de vista educativo e sócio afetivo. Para que a estrutura pedagógica seja 
produtiva, é necessário que o coordenador pedagógico tenha esse conjunto de 
características para as atividades que possam ser desenvolvidas no contexto escolar. 
Consideramos que o papel do coordenador pedagógico na escola e em seus 
espaços é de suma importância para os processos de ensino e de aprendizagens, como 
podemos observar pela resposta da Coordenadora 2, quando indagamos: Quais são as 
suas atribuições na escola hoje? Você as considera essenciais ou elas poderiamser 
atribuídas a outro profissional da escola? Por quê? 
O professor coordenador pedagógico (PCP) visa orientar o processo 
pedagógico, garantindo integração e interação da Equipe Escolar com a 
Secretaria Municipal da Educação (SME), em sintonia com as necessidades 
inerentes do processo ensino aprendizagem. (C2, 2014). 
 
Pela resposta da coordenadora, observamos que ela considera que suas funções 
está relacionado com os processos de ensino e de aprendizagens, levando em 
consideração uma análise das necessidades, que com um bom trabalho intenso e diário, 
será fácil identifica-las. Entretanto, observamos pela resposta, que ela considera também 
que seja necessário e importante ela fazer a mediação, o que ela chamou de integração e 
interação dos seus professores e funcionários com a SME, que para nós nos remete a 
questão da coordenadora pedagógica se considerar um preposto do Governo. 
A Coordenadora 1, assume uma postura diferente ao responder nossa indagação, 
e enumera todas as suas funções na escola, revelando uma postura que vai da burocracia 
às análises dos processos de ensino e de aprendizagens. 
Faço o acompanhamento diário da frequência dos alunos; realizo contatos com 
as famílias ou responsáveis quando necessário; elaboro e executo as pautas de 
A.T.P.C. – Atividade Pedagógica Coletiva; acompanho as aulas 
semanalmente; bimestralmente organizo e executo em conjunto com a direção 
da U.E as atividades do conselho de classe/série; bimestralmente comunico ao 
conselho Tutelar, Promotor e Juiz da Vara da Infância e da Juventude os alunos 
que excederam o número de faltas; bimestralmente organizo em conjunto com 
direção da unidade escolar e professores as reuniões de pais e mestre; organizo 
as solicitações de trabalhos domiciliares: licença saúde, licença maternidade; 
organizo em conjunto com a direção e outros membros da equipe escolar o 
planejamento, replanejamento, dia do estudo dos resultados do SARESP e dia 
da auto avaliação; organizo as solicitações de trabalhos de reposição de faltas; 
organizo as solicitações de trabalhos de P.P.P. – Promovido com Progressão 
Parcial; sempre que necessário atendemos pais ou responsáveis que buscam 
informações sobre os filhos; forneço apoio pedagógico aos professores sempre 
que necessário ou quando solicitado pelo professor; forneço e auxilio na 
instalação de equipamentos eletrônicos que serão utilizados nas aulas; realizo 
intervenções nos casos de indisciplina em sala de aula em conjunto com a 
Professora mediadora; organizo em conjunto com a direção e outros membros 
da equipe escolar eventos culturais e esportivos. (C1, 2014). 
 
Como podemos observar a coordenadora ao enumerar suas funções, utiliza-se de 
verbos ligados muito as demandas mercadológicas e empresariais da atualidade: executo, 
elabora, forneço, organizo, faço. Levando em consideração seu contexto e as cobranças 
das instâncias superiores, em especial, no que tange ao cumprimento das metas referentes 
aos indicadores escolares. E diante de uma complexidade estrutural e hierárquica que se 
implantou na educação brasileira, é até compreensível sua postura. 
A C3, responde a questão, seguindo a mesma linha de raciocínio das demais 
coordenadoras, apontando suas funções burocráticas e algumas de cunho pedagógico. 
A minha função como membro da coordenação pedagógica inclui: 
atendimento telefônico e pessoal das famílias e dos alunos e também 
atendimento a total comunidade escolar, acolhimento de informações que 
sejam da família do aluno, cuidado com a segurança dos alunos durante o 
momento em que eles estão fora da sala de aula (intervalo, saída e durante a 
aula), atendimento dos professores e suas necessidades. (C3, 2014). 
 
Pelas respostas das coordenadoras observamos que elas, vivem realidades 
distintas, e por isso, suas posturas, seu trabalho e suas funções são direcionados, e 
conduzidos por ações e caminhos distintos, mas nenhuma delas deixa de lado o trabalho 
pedagógico com os alunos, professores e comunidade escolar. 
 
• Formação de professores continuada e o coordenador pedagógico 
 
Não é de hoje, que nossos professores carecem de formação profissional, seja 
ela, inicial, continuada ou em serviço. Mas, na atualidade, frente às novas demandas, 
exigindo do professor novos conhecimentos (práticos e/ou teóricos), urge a necessidade 
de levar em consideração nos espaços escolares a formação desse profissional, pois 
a educação continuada se faz necessária pela própria natureza do saber e do 
fazer humanos como práticas que se transformam constantemente. A realidade 
muda e o saber que construímos sobre ela precisam ser revisto e ampliado 
sempre. Dessa forma, um programa de educação continuada se faz necessário 
para atualizarmos nossos conhecimentos, principalmente para analisarmos as 
mudanças que ocorrem em nossa prática, bem como para atribuirmos direções 
esperadas a essas mudanças. (CHRISTOV, 2008, p. 9-10). 
 
Por considerarmos os coordenadores pedagógicos, profissionais de extrema 
importância dentro da escola, por mediar esses momentos de formação, indagamos a eles: 
Há na escola que você trabalha uma proposta pedagógica bem definida quanto à formação 
continuada dos professores? Se sim, em que momentos isso ocorre, de que forma, e qual 
a contribuição dessa formação para o processo de ensino e de aprendizagem dos alunos? 
As coordenadoras pedagógicas são assertivas em suas respostas, de que suas 
escolas apresentam uma proposta bem definida quanto à formação continuada dos seus 
professores. A C1 e C2 vão além dizendo que a referente formação se dá nos encontros 
semanais realizado na escola com a coordenação e condução delas e a participação dos 
professores. Já a C3, em sua resposta, apresenta condições mais amplas de formação, seja 
entre os pares, com outros profissionais e especialistas convidados pela unidade escolar. 
Sim na minha escola existe uma proposta pedagógica que é o fio condutor de 
nossas ações e dentre elas está a formação continuada dos professores. Nos 
encontros semanais de A.T.P.C. trabalho temas levantados a partir da 
necessidade e solicitação dos professores; também incentivo a participação de 
todo o corpo docente em cursos presenciais, como em EAD. A formação 
continuada é de extrema importância e tem uma contribuição muito importante 
e efetiva no processo ensino aprendizagem, uma vez que sentimos os efeitos 
no desenvolvimento das atividades em sala de aula. (C1, 2014) 
 
Sim, por meio da organização dos HECs (Horário de Estudo em Conjunto) 
semanais que são responsáveis pela formação continuadas em nível de 
Unidade Escolar. Esses encontros são planejados anualmente (constam no 
Projeto Político Pedagógico). Podem e devem sofrer alterações mediante as 
necessidades da equipe com intenção de auxiliar as práticas pedagógicas e, 
consecutivamente, aprimorar o desempenho discente. (C2, 2014). 
 
Sim, a formação continuada no colégio se refere a “formação permanente” que 
ocorre mensalmente com uma proposta de integrar toda a comunidade escolar. 
Desde educação infantil até o cursinho. Onde também são desenvolvidas 
atividades referentes a cada seguimento. Para, além disso, o colégio tem o 
plano de convivência que gera outros momentos de encontro além destes 
mensais. E semestralmente temos muitas palestras e encontros de formação 
como, por exemplo: Dr. João Carlos. A contribuição é total porque mobiliza 
os professores para novos aprendizados e traz novos horizontes e perspectivas. 
(C3, 2014) 
 
Consideramos relevantes os encontros semanais realizados pelos coordenadores 
pedagógicos na escola, como meio, instrumento de formação, “uma vez que experiências 
comprovam a importância de contarmos com o mínimo de duas horas e meia-relógio por 
semana para reflexões coletivas.” (CHRISTOV, 2008, p. 12). Entretanto precisamos 
pensar em outros fatores importantes para a formação dos professores e demais 
profissionais da educação, uma vez que 
para serbem sucedido, qualquer projeto de formação contínua realizado na 
escola ou em outro local precisa ter assegurado algumas condições. É preciso 
que os educadores sejam valorizados, respeitados e ouvidos. É preciso também 
que o saber advindo de sua experiência seja valorizado. (FUSARI, 2008, p. 
22). 
 
É preciso considerar também o que Paro (2010) traz de que a formação docente 
em serviço pode apresentar uma multiplicidade de opções em termos de práticas e ações 
adrede concebidas para a elevação intelectual e moral dos educadores escolares, mas 
dificilmente terá concretizadas todas as suas potencialidades se não fizer parte de um 
programa estruturado coerentemente como elemento de uma política educacional com o 
fim de melhoria da qualidade de ensino. 
Chama atenção nas falas das coordenadoras a importância de levar em 
consideração na formação dos professores as necessidades, demandas do cotidiano 
escolar deles. Para elas a discussão e a análise desses pontos podem auxiliar os processos 
de ensino e de aprendizagens dos alunos e na sala de aula. 
Diante disso, porque não propor momentos fora da escola para que os 
professores pesquisem, analisem suas próprias ações cotidianas, reflitam sobre sua 
prática, tendo em vista que 
 o ideal é que a formação contínua ocorra num processo articulado fora e 
dentro da escola. Por um lado, a prática da formação contínua no cotidiano 
da escola apresenta muitos pontos positivos, mas, por outro lado, a saída dos 
educadores para outros locais formadores também pode ser bastante 
enriquecedora. (CHRISTOV, 2008, p. 19). 
 
Quando a C1 diz que incentiva a participação de todo o corpo docente em cursos 
presenciais, como em EAD, ela está reforçando a necessidade de se buscar outros espaços 
de formação. O que para o processo de ensino e de aprendizagem é muito importante. 
Outro momento interessante de formação são as parcerias realizadas pelas universidades 
e as redes de ensino. Quando essas possuem uma proposta bem definida de trabalho, 
possivelmente alcançarão excelentes objetivos, colhendo bons frutos. 
 Sabemos que é importante a formação dos professores, mas a formação da 
coordenação pedagógica também é importante e necessária, pois “o trabalho do professor-
coordenador é fundamentalmente um trabalho de formação continuada em serviço” 
(GARRIDO, 2008, p. 9). Observando as respostas dada a questão: Quanto a sua formação 
continuada, como ocorre, em que momentos, você concorda com todos os momentos ou 
sugeriria outros? Por quê?, podemos tecer algumas análises. 
Para organizar os encontros de A.T.P.C. realizo leituras e isso já contribui com 
minha formação, ela também acontece através de cursos que faço aos finais de 
semana, por minha própria conta. Gostaria de ter uma formação durante o 
horário de trabalho, assim como já ocorreu em anos anteriores, em que os 
coordenadores pedagógicos se reuniam semanalmente para estudar. (C1, 2014) 
 
A minha ocorre por meio de cursos de capacitação a nível de SME, ora com 
curso específico ao PCP ora em aspectos (levantados a partir dos dados da 
Rede) pontuais relacionados às áreas, específicas, do conhecimento com 
intenção de promover embasamentos teóricos funcionais e satisfatórios para 
complementar a prática do PCP, no momento de organização do HEC, em 
relação ao atendimento das necessidades reais da escola. Além desses há uma 
busca pessoal em relação a ampliação de conhecimento sobre as diferentes 
deficiências (D.A/D.F/D.I) abrangidas em nossa escola por meio de parcerias 
(como CEEs) com o propósito de auxiliar professores, pais, alunos e, também, 
a formação em Coordenação Pedagógica por meio do curso de pós graduação 
pela UFSCAR. (C2, 2014). 
 
Como ainda estou terminando o curso me vejo bastante atualizada, mesmo 
assim penso que como profissional da educação devo me aprofundar ainda 
mais em outras áreas como: resolução e mediação de conflitos, avaliação e etc. 
Mesmo apesar de ter feito o aprofundamento em gestão. Concordo sim, mas 
vejo que o sistema brasileiro deveria dar mais ênfase a educação e a formação 
de professores. Sinto-me privilegiada pois na escola em que trabalho existe os 
conselhos, momentos de estudo e troca “Formação Permanente”. Mas, se 
houver incentivo do sistema a situação seria muito melhor. (C3, 2014). 
 
Observamos que a formação das coordenadoras se dá de formas distintas, de 
acordo com a rede de ensino que atuam. Tanto C1, quanto C2 consideram que o trabalho 
que realizam na escola (condução dos encontros semanais com os professores) contribui 
para sua formação. Mas elas possuem outras formas de formação profissional. C1, por 
exemplo, realiza cursos por conta própria, C 2, além de realizar curso de pós graduação 
na área, recebe de sua rede capacitações específicas para sua atuação e C3, considera que 
o sistema deveria dar mais ênfase e incentivo para sua formação. Entretanto 
não podemos relegar a formação contínua exclusivamente à responsabilidade 
do Estado. Cada educador é responsável por seu processo de desenvolvimento 
pessoal e profissional; cabe a ele o direcionamento, o discernimento e a decisão 
de que caminhos percorrer. (FUSARI, 2008, p.23) 
 
• O coordenador pedagógico e as demandas da atualidade 
 
A escola de ontem, não é mais a mesma. Essa frase já virou um clichê nos dias 
de hoje. E que bom que ele faz parte do nosso cotidiano. Que bom que a escola não é 
mais a mesma de ontem, que bom que o aluno não é mais o mesmo. Que bom que as 
coisas mudaram. 
Hoje o aluno encontra muita informação, tem muito mais acesso a 
conhecimentos fora dos muros da escola. E para isso, professores e equipe gestora 
precisam estar preparados para atender a nova clientela e estarem subsidiados de 
instrumentos necessários para lidarem com as novas demandas educacionais. 
A respeito das tecnologias, perguntamos as coordenadoras: Como você se porta 
diante das novas tecnologias? Há uma proposta pedagógica na escola quanto a isso? E 
elas responderam: 
Me porto bem, sempre busco me aperfeiçoar e buscar novas ferramentas de 
trabalho, na escola tem a sala de informática que esta sendo organizada para 
ser utilizada e portanto existe uma proposta pedagógica que prevê uma 
consonância com as situações de aprendizagem do caderno de atividades do 
aluno. (C1, 2014). 
 
Procuro me capacitar e aperfeiçoar, na medida do possível, haja vista a 
evolução dessas tecnologias. Nos encontros de HECs é utilizado os recursos 
que a escola dispõe (kits multimídia doado por um supermercado, multimídia 
entregue pela rede de ensino e máquinas fotográficas), na intenção de capacitar 
a equipe docente para que possam se apropriar na dinâmica, além de capacita-
los para o uso e, utiliza-los nas propostas de sala de aula. (C2, 2014). 
 
Vejo que a tecnologia esta cada vez mais no meio escolar, nas nossas lousas 
digitais, notebooks em sala de aula, sala de informática. E vejo que a educação 
em si tem estado mais próxima e não contra. Porém é claro que não se pode 
perder a medida e a nossa proposta pedagógica vai de encontro no sentido do 
que é importante pedagogicamente para os nossos alunos, que é a formação 
integral, política, ética. (C3, 2014). 
 
Observamos que elas buscam se adaptar às tecnologias, buscando conhecer seu 
funcionamento, suas funções. Se pegarmos a resposta dada pela C1, quanto as suas 
funções na escola, ela cita, reforçando a resposta dada a essa questão. “[...] forneço e 
auxilio na instalação de equipamentos eletrônicos que serão utilizados nas aulas [...]” (C1, 
2014). 
Diante disso, ficamos contentes de ver que as coordenadoras pedagógicas estão 
levando em consideração as tecnologias em seu trabalho pedagógico. E cada dia essa 
temática demanda mais atenção e associação no trabalho pedagógico na escola e em salas 
de aulas, mas devemos ter a noção alertada por Postman (Barato, 1997, p. 115) de que “a 
mudança tecnológica não é nem aditiva nem subtrativa”. Sarmento (2008, p. 64),vai além 
e diz que a mudança deve ser total, de ruptura, pois 
em si, ela não acresce nem diminui competências ou incompetências da escola, 
não vai desatar os nós do enfadamento do ensino, muito menos “salvar” o 
sistema educacional da crise didático-pedagógica instaurada. (SARMENTO, 
2008, p. 65). 
 
Mesmo percebendo que as coordenadoras apresentam familiaridade com as 
novas tecnologias, devemos observar que “tecnologia não pode ser confundida com 
aparato tecnológico, com máquina” (SARMENTO, 2008, p. 65), elas possuem outras 
funções ricas para o processo de ensino e de aprendizagem dos alunos. 
Tecnologia é conhecimento aplicado, é saber humano embutido em um processo, 
seja esse processo automático ou não, implique artefato ou não. Nova tecnologia 
é, antes, uma mudança no fazer que frequentemente embute uma correspondente 
mudança de concepção. (SARMENTO, 2008, p. 65) 
 
Frente ao exposto, o coordenador pedagógico possui um papel muito importante 
na introdução das novas tecnologias nos espaços escolares, seja buscando capacitações 
para si, como capacitar professores e funcionários, analisando e (re) pensando suas 
utilizações para o processo de ensino e de aprendizagem dos alunos. 
Outra demanda da atualidade na educação são os processos avaliativos externos. 
Hoje é impossível pensar em educação, sem levar em consideração a política de avaliação 
externa. Os sistemas de ensino, sejam eles públicos ou privados, valorizam os processos 
avaliativos, os indicadores, os índices, as metas projetadas pelos organismos 
internacionais, pela legislação educacional. Diante disso, indagamos as coordenadoras: 
Como você encara os processos avaliativos externos? A proposta pedagógica da escola 
os contempla? De que forma e em que momentos? 
Os processos avaliativos externos são muito bons para mensurar e propor 
reflexões sobre a prática desenvolvida, considerando que a proposta 
pedagógica segue em cima do currículo do estado de São Paulo que traça a 
linha a ser seguida, sendo permitida a complementação caso necessária. Temos 
a avaliação externa – avaliação da aprendizagem em processo – que acontece 
semestralmente, SARESP – anual, Prova Brasil anual. (C1, 2014). 
 
Pensar em avaliação é pensar em várias situações e instrumentos no processo 
de ensino/aprendizagem significativos. As avaliações externas, normalmente 
estão em harmonia com o referencial nacional, PCN, e nós planejamos as ações 
tendo ele como referência, além da Proposta Curricular do Município. Diante 
disso, elas podem auxiliar e (re) direcionar o nosso trabalho ou abordagem, à 
medida que “diagnosticamos” aspectos defasados e que, essencialmente, 
precisam ser aprimorados. Sem perder a proficiência e fluxo que são aspectos, 
normalmente, condutores dessas avaliações. (C2, 2014, grifos da 
coordenadora). 
 
Pela resposta da C1, observamos que sua escola já aderiu a política de avaliação 
em larga escala realizada pela sua rede de ensino e provavelmente as incorporou em sue 
trabalho pedagógico. Ela cita as avaliações que sua unidade escolar participa e enfatiza 
as suas utilidades: reflexão da prática, mensuração e (re) orientação de currículo. C2 
enfatiza que as avaliações externas podem (re) direcionar o trabalho pedagógico realizado 
pela escola e que essas são associadas ao referencial nacional e PCNs, com apoio da 
proposta curricular da rede que ela atua. C3, por se tratar de coordenadora da rede privada 
de ensino, não respondeu a questão, alegando que sua unidade não trabalha com as 
avaliações externas. Entretanto, consideramos que sua concepção de avaliação externa 
esteja pautada somente nos processos avaliativos externos implementados pelo Estado 
que visem cobranças e que tragam implicações e consequências diretas para a unidade 
escolar, ou seja, em nossa análise a coordenadora vê a avaliação externa somente a partir 
da ótica da terceira geração exposta por Bonamino e Sousa (2012). Para as autoras, esses 
tipos de avaliações “referenciam políticas de responsabilização forte ou higs stakes, 
contemplando sanções ou recompensas em decorrência dos resultados de alunos e 
escolas”. (BONAMINO; SOUSA, 2012, p. 375). 
Diante disso, a coordenadora, acaba esquecendo que sua rede de ensino também 
dá ênfase em processo avaliativo externos. Um exemplo é o caso do ENEM (Exame 
Nacional do Ensino Médio). Frequentemente observamos que as unidades escolares da 
rede particular costumam divulgar seus rankings na mídia, evidenciando os rendimentos 
de seus alunos em tal avaliação. 
Assim, observamos certa contradição quando C3 não responde a questão 
alegando que a unidade escolar em que atua não trabalha com avaliações externas. A 
escola conta sim com avaliações externas em seu bojo educacional. O que não podemos 
afirmar, é que o trabalho pedagógico seja direcionado para elas, ou que as avaliações 
externas têm trazido implicações e consequências para a escola e a sala de aula. Tal 
dúvida, abre margem para futuras pesquisas. 
Frente ao exposto, consideramos que os coordenadores pedagógicos devem estar 
muito bem preparados e subsidiados de conhecimentos diversos para saberem analisar, 
discutir, propor ações e intervenções para e com as demandas educacionais. Apesar de 
concentramos nossa discussão em alguns aspectos, outros exemplos de demandas 
poderiam ser discutidas: sexualidade, diversidade, educação ambiental e tantas outras, 
proporcionando assim momentos ricos de formação para os docentes e de trocas de 
experiências entre eles, os alunos e a equipe escolar como um todo. 
 
 
 
Considerações 
 
Após a análise dos questionários e formulários respondidos pelas coordenadoras 
pedagógicas e pela discussão realizada ao decorrer desse texto, podemos tecer algumas 
considerações. Em primeiro lugar, quando as coordenadoras mencionam suas funções e 
atribuições na escola, elas se esquecem de funções e atribuições que deveriam realizar e 
que possivelmente contribuiriam para os processos de ensino e de aprendizagem e para a 
dinâmica da escola, tais como: desenvolvimento de atividades no início do ano letivo, 
auxílio na adaptação de novos alunos e professores na escola, montagem de sala de aulas, 
preparação dos professores para receber os alunos, orientação profissional, entre outras. 
Em segundo lugar, quando elas dizem que em suas escolas possuem propostas 
pedagógicas bem definidas, é preciso realizar uma análise maior, com o objetivo de 
verificar as formas que essas formações estão sendo realizada. Consideramos que urge 
ainda uma necessidade de formações mais coerentes e condizentes com os processos de 
ensino e de aprendizagens desenvolvidos dentro das escolas, focando nas problemáticas 
e particularidades de cada segmento, o que para nós, não são contempladas pelas políticas 
públicas de formação de professores, em especial da rede pública de ensino. 
Por fim, esperamos que os coordenadores pedagógicos a cada dia se 
aperfeiçoem, busquem novos conhecimentos e ferramentas para lidar com as demandas 
educacionais exigidas pela sociedade e pela sua clientela. Que nossos coordenadores 
possam ir além de suas salas, de seus status quo. Que eles possam superar as barreiras da 
burocracia administrativa e propor ações que possam ser traduzidas em efetivos processos 
de ensino e de aprendizagens. 
 
Referências 
 
BARATO, J. N. Informação e Comunicação do Ensino Superior: novos apoios ao 
ensino e à pesquisa. In: RODRIGUES, M. L; FRANCO, M. L. B (Orgs.). Novos 
Rumos do Ensino Superior. São Paulo, PUC –NEMESS, 1997. 
BONAMINO, A; SOUSA, S. Z. Três gerações de avaliação da educação básica no 
Brasil: interfaces com o currículo da/na escola. Educação e Pesquisa. São Paulo: v. 38, 
n.2, p. 373-388, abr./jun. 2012. 
CHRISTOV, L. H. da S. Educação continuada: função essencial do coordenador 
pedagógico. In: MATE, C. H. et al – O coordenador pedagógico e a educação 
continuada. São Paulo, Loyola, 11ª ed., 2008, p. 9-13. 
FUSARI,J. C. Formação contínua de educadores na escola e em outras situações. In: 
BRUNO, E. B. G. (Org) – O coordenador pedagógico e a formação docente. São 
Paulo, Loyola, 9ª ed. 2008, p. 17-24. 
GARRIDO, E. Espaço de formação continuada para o professor-coordenador. In: 
BRUNO, E. B. G. (Org) – O coordenador pedagógico e a formação docente. São 
Paulo, Loyola, 9ª ed. 2008, p. 9-15. 
GUIMARÃES, A. A.; VILLELA, F. C. B. O professor-coordenador e as atividades de 
início de ano. In: BRUNO, E. B. G. (Org) – O coordenador pedagógico e a formação 
docente. São Paulo, Loyola, 9ª ed. 2008, p. 37-53. 
PARO. V. H. Crítica da estrutura da escola. São Paulo, Cortez, 2011. 
SARMENTO, M . L. de M. O coordenador pedagógico e o desafio das novas 
tecnologias. In: BRUNO, E. B. G. (Org) – O coordenador pedagógico e a formação 
docente. São Paulo, Loyola, 9ª ed. 2008, p. 63-69.

Continue navegando

Outros materiais