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Oxidação dos ácidos gordos
TRIGLICERÍDEOS (Ésteres de ácidos gordos + Glicerol)
* servem como reserva energética
ÁCIDOS GORDOS (maior constituinte das biomoléculas)
Diferem:
-comprimento da cadeia hidrocarbonada
-presença ou não de cadeias duplas (grau de insaturação)
*as duplas ligações tipo cis dão fluidez á membrana
Papéis fisiológicos principais dos ácidos gordos:
· Principais blocos constituintes de FOSFOLÍPIDOS e Glicolípidos das membranas celulares. 
· Ácidos Gordos ligados covalentemente a proteínas = Lipoproteínas (direcionando-as para locais alvo). 
· Percursores de muitas HORMONAS e outros mensageiros celulares 
· Reservas ENERGÉTICAS
 As células podem obter combustíveis de ácidos graxos de três fontes: gorduras consumidas na dieta, gorduras armazenadas nas células como gotículas de lipídeos e gorduras sintetizadas em um órgão para exportação a outro. Em algumas espécies utilizam as três fontes sob várias circunstâncias, outras utilizam uma ou duas delas. 
 Os vertebrados, por exemplo, obtêm gorduras na dieta, mobilizam gorduras armazenadas em tecidos especializados (tecido adiposo, consistindo em células chamadas adipócitos) e, no fígado, convertem o excesso dos carbohidratos da dieta em gordura para a exportação aos outos tecidos.
 Os triglicerídeos fornecem mais de metade das necessidades energéticas de alguns órgãos, particularmente o fígado, o coração e a musculatura esquelética em repouso. Os triglicerídeos armazenados são praticamente a única fonte de energia dos animais hibernantes e das aves migratórias. 
VERTEBRADOS
 Antes que triglicerídeos possam ser absorvidos através da parede intestinal, precisam de ser convertidos de partículas de gordura macroscópicas insolúveis em micelas microscópicas finamente dispersas. 
 
 ETAPA ➊-Essa solubilização é realizada pelos sais biliares, que são sintetizados a partir do colesterol no fígado, armazenados na vesícula biliar e libertados no intestino delgado após a ingestão. Os sais biliares são compostos anfipáticos que atuam como detergentes biológicos, convertendo as gorduras da dieta em micelas mistas de sais biliares e triglicerídeos ➋
 
 ETAPA ➋-A formação de micelas aumenta muito a fração das moléculas de lipídeo acessíveis à ação das lipases hidrossolúveis no intestino, a ação das lipases converte os triglicerídeos em monoglicerídeos e diglicerídeos. 
 ETAPA ➌-Esses produtos da ação da lípase difundem se para dentro das células epiteliais que revestem a superfície intestinal (a mucosa intestinal)
ETAPA ➍- Nas células epiteliais são reconvertidos em triglicerídeos e empacotados com o colesterol da dieta e proteínas específicas em agregados de lipoproteínas chamadas QUILOMICRAS. 
Estrutura molecular: á superfície é formada por uma camada de fosfolipídeos, com os grupos polares em contato com a fase aquosa. Os triglicerídeos sequestrados no interior (em amarelo) representam mais de 80% da massa do quilomicra. Várias apolipoproteínas projetam se da superfície (B-48, C-III, C-II) e atuam como sinalizadores na absorção e no metabolismo do conteúdo dos quilomicra.
 As apolipoproteínas são proteínas de ligação a lípidos no sangue, responsáveis pelo transporte de triglicerídeos, fosfolípidos, colesterol e ésteres de colesterol entre os órgãos. As apolipoproteínas (“apo” significa “destacado” ou “separado”, designando a proteína em sua forma livre de lípidos) combinam se com os lípidos para formar várias classes de partículas de lipoproteína, que são agregados esféricos com lípidos hidrofóbicos no centro e cadeias laterais hidrofílicas de proteínas e grupos polares de lípidos na superfície. 
 Várias combinações de lípidos e proteínas produzem partículas de densidades diferentes, as de densidade muito baixa (VLDL, de very low density lipoproteins) as de densidade muito alta (VHDL, de very high density lipoproteins), que podem ser separadas por ultracentrifugação. 
 
 ETAPA ➎- As porções proteicas das lipoproteínas são reconhecidas por recetores nas superfícies celulares. Na absorção de lípidos no intestino, as quilomicra, que contêm a apolipoproteína C-II (apoC-II), deslocam se da mucosa intestinal para o sistema linfático e entram no sangue, que os carrega para os músculos e tecidos adiposos
 ETAPA ➏- Nos capilares desses tecidos, a enzima extracelular lipase lipoproteica, ativada pela apoC-II, hidrolisa os triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol 
 ETAPA ➐-Absorção pelas células do tecido alvo
 ETAPA ➑- No músculo, os ácidos graxos são oxidados para obter energia; no tecido adiposo, eles são reesterificados para armazenamento na forma de triglicerídeos
	
 
Os remanescentes dos quilomicra, desprovidos da maioria dos seus triglicerídeos, mas ainda contendo colesterol e apolipoproteínas, deslocam se pelo sangue até o fígado, onde são captados por endocitose mediada pelos recetores específicos para as suas respetivas apolipoproteínas. Os triglicerídeos que entram no fígado por essa via podem ser oxidados para fornecer energia ou percursores para a síntese de corpos cetónicos.
 Quando a dieta contém mais ácidos gordos do que o necessário imediatamente como combustível ou como percursores, o fígado converte os em triglicerídeos, empacotados com apolipoproteínas específicas formando VLDL. As VLDL são transportadas pelo sangue até o tecido adiposo, onde são removidos da circulação e armazenados em gotículas lipídicas dentro dos adipócitos.
 Os lípidos neutros são armazenados nos adipócitos (e nas células que sintetizam esteroides do córtex da suprarrenal, dos ovários e dos testículos) na forma de gotículas lipídicas, com um centro de ésteres de esteróis e triglicerídeos envolvidos por uma monocamada de fosfolípidos. A superfície dessas gotículas é revestida por perilipinas, família de proteínas que restringem o acesso às gotículas lipídicas, evitando a mobilização prematura dos lípidos. 
 Quando as hormonas sinalizam a necessidade de energia metabólica, os triglicerídeos armazenados no tecido adiposo são mobilizados (retirados do armazenamento) e transportados aos tecidos (musculo esquelético, coração e córtex renal) nos quais os ácidos gordos podem ser oxidados para a produção de energia.
1. As hormonas adrenalina e glucagon, segregados em resposta aos baixos níveis de glicose ou atividade iminente ligam-se ao recetor.
2. Dá se a estimulação da enzima adenilil ciclase na membrana plasmática dos adipócitos que produz o segundo mensageiro intracelular AMP cíclico (cAMP).
3. Isso ativa a proteína cinase A (PKA), que fosforila a lipase sensível a hormona (HSL)
4. O PKA também é sensível as moléculas de perilipina na superfície da gotícula lipídica as quais sofrem a fosforilação 
5. A fosforilação causa a dissociação da proteína CGI da perilipina. A CGI associa se com a enzima triglicerídeo lipase (ATGL) no adipócito ativando-a
6. A ATGL ativada converte triglicerídeos em diglicerídeos. A perilipina fosforilada associa se á HSL fosforilada, permitindo o acesso á superfície da gotícula lípidica
7. A HSL hidrolisa os diglicerídeos em monoglicerídeos
8. Uma terceira lipase, a monoglicerídeos lipase (MGL) hidrolisa os monoglicerídeos resultando daqui ácidos gordos e glicerol.
9. Os ácidos gordos assim que libertados (ácidos gordos livres, FFA, de free fatty acids) passam dos adipócitos para o sangue, onde se ligam à albumina sérica
10. Entram num miócito por meio de um transportador específico de ácidos gordos
11. No miócito, os ácidos graxos são oxidados a CO2, e a energia da oxidação é conservada em ATP, que abastece a contração muscular e outros tipos de metabolismo que necessitam de energia no miócito. (beta-oxidação, que iremos falar depois)
NOTA:
-a professora no power point salta do ponto 5 para o 9, fazendo apenas referência á ativação das lípases e consequente degradação (hidrólise dos triglicerídeos)
O glicerol liberado pela ação da lipase é fosforilado pela glicerol-cinase e o glicerol-3-fosfatoresultante é oxidado a di-hidroxiacetona fosfato. A enzima glicolítica triose-fosfato-isomerase converte esse composto em gliceraldeído-3-fosfato, que é oxidado na glicólise.
 No miócito...os ácidos gordos são ativados e transportados para dentro da mitocôndria, pois nas células animais as enzimas de oxidação dos ácidos gordos encontram-se na matriz mitocondrial.
Os ácidos gordos com comprimento de cadeia de 12 carbonos ou menos entram na mitocôndria sem a ajuda de transportadores de membrana. Aqueles com 14 carbonos ou mais, que constituem a maioria dos ácidos gordos livres obtidos na dieta ou libertados do tecido adiposo, não conseguem passar livremente através das membranas mitocondriais – primeiro eles precisam passar pelas três reações enzimáticas do ciclo da carnitina. 
 A primeira reação (ATIVAÇÃO) é catalisada por uma família de isoenzimas (isoenzimas diferentes, específicas para ácidos gordos de cadeia carbonada curta, intermediária ou longa) presente na membrana mitocondrial externa, as acil-CoA-sintetases, que catalisam a reação geral:
Ácido gordo + CoA + ATP ‹—› acil-CoA gordo +AMP + PPi
 Assim, as acil-CoA-sintetases catalisam a formação de uma ligação tioéster (de elevada energia livre de hidrólise) entre o grupo carboxil do ácido gordo e o grupo tiol da coenzima A para produzir um acil-CoA gordo, acoplado à clivagem do ATP em AMP e PPi.
A reação ocorre em dois passos e envolve um intermediário acil-gordo-adenilato.
 É quebrada uma ligação de alta energia (AMP + Pi) e é formada outra na forma de Acil-CoA .
Os ésteres de acil-CoA graxo formados no lado citosólico da membrana externa da mitocôndria podem ser transportados para dentro da mitocôndria e oxidados para produzir ATP, ou podem ser utilizados no citosol para sintetizar lípidos de membrana. 
Os ácidos gordos destinados a oxidação mitocondrial estão transitoriamente ligados ao grupo hidroxil da carnitina, formando acil-gordo-carnitina, catalisada pela carnitina aciltransferase I, na membrana externa– a segunda reação do ciclo.
A passagem para o espaço intermembranar ocorre por meio de grandes poros (formados pela proteína porina) na membrana externa. O éster de acil-gordo-carnitina então entra na matriz por difusão facilitada através do transportador acil-carnitina/carnitina da membrana mitocondrial interna.
No terceiro e último passo do circuito da carnitina, o grupo acil-gordo é enzimaticamente transferido da carnitina para a coenzima A intramitocondrial pela carnitina-aciltransferase II. Essa isoenzima, localizada no interior da mitocondria, regenera a acil-CoA gordo e a liberta juntamente a carnitina livre, dentro da matriz.
A carnitina retorna ao espaço intermembrana por meio do transportador acil-carnitina/carnitina.
TRANSLOCASE
1. as acil-CoA-sintetases catalisam a formação de uma ligação tioéster (de elevada energia livre de hidrólise) entre o grupo carboxil do ácido gordo e o grupo tiol da coenzima A para produzir um acil-CoA gordo
2. os ácidos gordos destinados a oxidação mitocondrial estão transitoriamente ligados ao grupo hidroxil da carnitina, formando acil-gordo-carnitina, catalisada pela carnitina-aciltransferase I, na membrana externa
3. o grupo acil-gordo é enzimaticamente transferido da carnitina para a coenzima A intramitocondrial pela carnitina-aciltransferase II
* reacção é termodinâmicamente favorável porque a Acyl-carnitina tem um elevado potencial de transferência do grupo Acyl
Caimbras musculares 
Fraqueza geral 
Morte 
· Terapia com dieta enriquecida em Carnitina
· Dieta sem Triglicerídeos 
· Suplementação da dieta com Ácidos Gordos de cadeia curta
resulta numa deficiência na oxidação dos ácidos gordos de cadeia longa 
Qualquer defeito a nível da Transferase, da Translocase ou uma deficiência em Carnitina 
	
No interior da mitocôndria...
A oxidação mitocondrial dos ácidos graxos ocorre em três etapas:
-Etapa 1: Um ácido gordo de cadeia longa é oxidado para produzir resíduos de acetil na forma de acil-CoA. Esse processo é chamado de ß-oxidação. 
-Etapa 2: Os grupos acetil são oxidados a CO2 no ciclo do ácido cítrico. 
-Etapa 3: Os eletrões derivados das oxidações das etapas 1 e 2 passam ao O2 por meio da cadeia respiratória mitocondrial, fornecendo a energia para a síntese de ATP por fosforilação oxidativa.
ETAPA ➊ ß-oxidação de ácidos gordos
1. a desidrogenação da acetil-CoA gordo produz uma ligação dupla entre os átomos de carbono 2 e 3, produzindo uma trans-∆2 –enoil-CoA, este primeiro passo é catalisado pela acil-CoA desidrogenase. Os eletrões removidos do acil-CoA gordo (forma reduzida da desidrogenase imediatamente) são transferidos para o FAD
2. água é adicionada à ligação dupla da trans-∆2 -enoilCoA para formar o estereoisómero L da ß-hidroxiacil-CoA (3-hidroxiacil-CoA). Essa reação, catalisada pela enoil-CoA hidratase
3. L- ß-hidroxiacil-CoA é desidrogenada para formar ß-cetoacil-CoA, pela ação da ß-hidroxiacil-CoA desidrogenase; NAD+ é o aceitador de eletrões. Essa enzima é específica para o estereoisómero L da hidroxiacil-CoA
4. acil-CoA-acetiltransferase, mais comumente chamada de tiolase, promove a reação de ß-cetoacil-CoA com uma molécula de coenzima A livre para separar o fragmento de dois carbonos da extremidade carboxílica do ácido gordo original. O outro produto é o tioéster de coenzima A do ácido gordo, agora encurtado em dois átomos de carbono.
Numa passagem pela sequência da b-oxidação, uma molécula de acetil-CoA, dois pares de eletrões e quatro protões (H+) são removidos da acil-CoA graxo de cadeia longa, encurtando-a em dois átomos de carbono. 
Mais seis passagens pela via produzem mais sete moléculas de acetil-CoA, a sétima vinda dos dois últimos átomos de carbono da cadeia de 16 carbonos. Oito moléculas de acetil-CoA são formadas no total.
Cada molécula de FADH2 formada durante a oxidação do ácido gordo doa um par de eletrões para a cadeia respiratória, e cerca de 1,5 molécula de ATP são geradas durante a transferência de cada par de eletrões para o O2. Do mesmo modo, cada molécula de NADH formada doa um par de eletrões para a NADH-desidrogenase mitocondrial, e a transferência subsequente de cada par de eletrões para o O2 resulta na formação de aproximadamente 2,5 moléculas de ATP. Assim, quatro moléculas de ATP são formadas para cada unidade de dois carbonos removida em uma passagem pela sequência. Observe que água também é produzida nesse processo. A transferência de eletrões do NADH ou FADH2 para o O2 produz uma H2O por par de eletrões. A redução do O2 pelo NADH também consome um H+ por molécula de NADH: NADH + H+ + ½O2 —›NAD+ + H2O.
ETAPA ➋ oxidação da acetil-CoA no ciclo do ácido cítrico (TCA)
A acetil-CoA produzida a partir da oxidação dos ácidos gordos pode ser oxidada a CO2 e H2O pelo ciclo do ácido cítrico gerando NADH, FADH2 e GTP 
 8 Acetil-CoA + 16O2 + 80Pi + 80ADP —›8CoA + 80ATP + 16CO2 + 16H2O
ETAPA ➌ cadeia respiratória de eletrões 
OXIDAÇÃO DE NADH, FADH2 com formação de ATP
Muitos animais dependem da gordura armazenada para obter energia durante a hibernação, em períodos migratórios e em outras situações envolvendo ajustes metabólicos radicais. Um dos ajustes mais pronunciados do metabolismo de gorduras ocorre nos ursos-pardos em hibernação. Esses animais permanecem em estado contínuo de dormência por períodos de até sete meses. Diferente da maioria das espécies hibernante, o urso mantém a temperatura corporal entre 32 e 35°C, próxima ao nível normal (não hibernando). Embora gaste aproximadamente 25.000 kJ/dia (6.000 kcal/dia), o urso não come, bebe, urina ou defeca por meses seguidos. Estudos experimentais mostraram que os ursos- -pardos em hibernação utilizam a gordura corporal como seu único combustível. A oxidação das gorduras produz energia suficiente para manter a temperatura corporal, a síntese ativa de aminoácidos e proteínas e outras atividades que requerem energia, como o transporte de membrana. A oxidação das gorduras também libera grandes quantidades de água, como descritono texto, que repõem a água perdida na respiração. O glicerol liberado pela degradação dos triglicerídeos é convertido em glicose sanguínea pela gliconeogénese. A ureia formada durante a degradação de aminoácidos é reabsorvida nos rins e reciclada, os grupos amina são reutilizados para produzir novos aminoácidos para manter as proteínas corporais. Os ursos armazenam uma enorme quantidade de gordura corporal quando em preparação para o seu longo sono. Um urso-pardo adulto consome cerca de 38.000 kJ/ dia durante o final da primavera e o verão, mas à medida que o inverno se aproxima ele come durante 20 horas por dia, consumindo até 84.000 kJ por dia. Essa mudança na alimentação é uma resposta a uma mudança sazonal na secreção de hormônios. Grandes quantidades de triglicerídeos são formadas a partir da grande ingestão de carboidratos durante o período de engorda. Outras espécies hibernantes, incluindo o minúsculo arganaz (camundongo silvestre), também acumulam grandes quantidades de gordura corporal.
Rendimento em ATP associado à oxidação de uma molécula de palmitoil-CoA (16 C) em CO2 e H2O
TCA
Regulação coordenada da síntese e da degradação dos ácidos gordos
Quando a dieta disponibiliza uma fonte imediata de carboidratos como combustível, a ß-oxidação dos ácidos gordos é desnecessária, sendo, portanto, desativada. Duas enzimas são essenciais na coordenação do metabolismo dos ácidos gordos: a acetil-CoA-carboxilase (ACC), primeira enzima na síntese dos ácidos gordos e a carnitina-aciltransferase I, que limita o transporte de ácidos gordos para dentro da matriz mitocondrial para a ß-oxidação. A ingestão de uma refeição rica em carboidratos aumenta o nível de glicose no sangue e, portanto, ➊ ativa a liberação de insulina. ➋ A proteína-fosfatase dependente de insulina desfosforila a ACC, ativando-a. ➌ A ACC catalisa a formação de malonil-CoA (o primeiro intermediário da síntese de ácidos gordos), e ➍ o malonil-CoA inibe a carnitina-aciltransferase I, impedindo assim a entrada de ácidos gordos na matriz mitocondrial. Quando baixam os níveis de glicose no sangue, entre as refeições, ➎ a libertação de glucagon ativa a proteína-cinase dependente de cAMP (PKA), que ➏ fosforila e inativa a ACC. Com a baixa concentração de malonil-CoA, a inibição da entrada de ácidos gordos na mitocôndria é aliviada, e ➐ os ácidos gordos entram na matriz mitocondrial e ➑ tornam-se o principal combustível. 
O Acetoacetato tem também um papel regulador. Altos níveis de Acetoacetato no sangue significam abundância de unidades Acetil e resultam num decréscimo na velocidade da lipólise (tecido adiposo).
CORPOS CETÓNICOS 
Nos humanos, e na maior parte dos mamíferos, o acetil-CoA formado no fígado durante a oxidação dos ácidos gordos pode entrar no ciclo do ácido ou sofrer conversão a “corpos cetónicos”, acetona, acetoacetato e D-b-hidroxibutirato, para exportação para outros tecidos. (O termo “corpos” é ocasionalmente aplicado a partículas insolúveis, mas esses compostos são solúveis no sangue e na urina.)
A acetona, produzida em menor quantidade do que os outros corpos cetónicos, é exalada. O acetoacetato e o D-ß-hidroxibutirato são transportados pelo sangue para outros tecidos que não o fígado (tecidos extra-hepáticos), onde são convertidos a acetil-CoA e oxidados no ciclo do ácido cítrico, fornecendo muito da energia necessária para tecidos como o músculo esquelético e cardíaco e o córtex renal. 
O cérebro, que usa preferencialmente glicose como combustível, pode se adaptar ao uso de acetoacetato ou D-ß-hidroxibutirato em condições de jejum prolongado, quando a glicose não está disponível. A produção e exportação dos corpos cetónicos do fígado para tecidos extra-hepáticos permite a oxidação contínua de ácidos gordos no fígado quando acetil-CoA não está a ser oxidada no ciclo do ácido cítrico.
Síntese de corpos cetónicos (FÍGADO)
1. condensação enzimática de duas moléculas de acetil-CoA, catalisada pela tiolase (esta reação é simplesmente o inverso da última etapa da ß-oxidação)
2. o acetoacetil-CoA condensa se com acetil-Coa formando ß-hidroxi-ß-metilglutaril-CoA (HMG-CoA), através da ß-hidroxi-ß-metilglutaril-CoA sintase (HGM-CoA sintase)
3. formaçao acetoacetato livre através da ß-hidroxi-ß-metilglutaril-CoA liase (HGM-CoA liase)
Degradação de corpos cetónicos (TECIDOS EXTRA-HEPÁTICOS)
1. o D-ß-hidroxibutirato é oxidado a acetoacetato pela D-ß-hidroxibutirato-desidrogenase
2. O acetoacetato é ativado ao seu éster de coenzima A pela transferência da CoA do succinil-CoA, intermediário do ciclo do ácido, numa reação catalisada pela ß-cetoacil-CoA-transferase, também chamada tioforase. 
3. O acetoacetil-CoA é então clivado pela tiolase gerando dois acetil-CoA, que entram no ciclo do ácido cítrico. 
Assim, os corpos cetónicos são usados como combustível em todos os tecidos, exceto o fígado, que carece de ß-cetoacil-CoA-transferase. 
O fígado é, consequentemente, um produtor de corpos cetónicos para os outros tecidos, mas não um consumidor. 
A produção e exportação dos corpos cetónicos pelo fígado permite a oxidação contínua de ácidos gordos com mínima oxidação de acetil-CoA. 
Além disso, o fígado contém apenas uma quantidade limitada de coenzima A, e quando a maior parte está comprometida com acetil-CoA, a ß-oxidação desacelera esperando por coenzima livre. A produção e a exportação de corpos cetónicos libertam a coenzima A, permitindo a contínua oxidação dos ácidos gordos.
Acetoacetato e β-hidroxibutirato, formados no Fígado, são importantes fontes de energia no Coração, Músculo e Cérebro. (que podem usar acetoacetato em vez de glicose). 
Em situações de privação de alimento 75% das necessidades energéticas do cérebro são preenchidas por Acetoacetato
Em situação normal a produção pelo Fígado de Acetoacetato e β- hidroxibutirato é mínima,0.2 mM no sangue. 
Em situação de privação de alimento a síntese de Corpos Cetónicos é acelerada hormonalmente, subindo os níveis para ( 3-5 mM). 
Na fase inicial de privação de alimento estes Corpos Cetónicos são usados em vez de Glicose, nomeadamente no coração e no rim e mais tarde no cérebro. 
No caso da Diabetes a produção de Corpos Cetónicos (estimulada hormonalmente) pode atingir os 20 mM, provocando acidose —› morte. 
Baixa de Insulina 
Aumento de Glucagon 
Jejum e diabetes não tratado leva à superprodução de corpos cetônicos, com vários problemas médicos associados. Durante o jejum:
- a gliconeogénese consome os intermediários do ciclo do ácido cítrico, desviando acetil-CoA para a produção de corpos cetónicos. 
Na diabetes não tratado: 
-quando o nível de insulina é insuficiente, os tecidos extra-hepáticos não podem captar a glicose do sangue de maneira eficiente, para combustível ou para conservação como gordura
-os níveis de malonil-CoA (o material de início para a síntese de ácidos gordos) caem
-a inibição da carnitina-aciltransferase I é aliviada
-os ácidos gordos entram na mitocôndria para serem degradados a acetil-CoA – que não pode passar pelo ciclo do ácido cítrico, já que os intermediários do ciclo foram drenados para uso como substrato na gliconeogénese. 
-o acumulo resultante de acetil-CoA acelera a formação de corpos cetónicos além da capacidade de oxidação dos tecidos extra-hepáticos
-o aumento dos níveis sanguíneos de acetoacetato e D-ß-hidroxibutirato diminui o pH do sangue, causando a condição conhecida como acidose. 
A acidose extrema pode levar ao coma e em alguns casos à morte. 
Os corpos cetónicos no sangue e na urina de indivíduos com diabetes não tratado pode alcançar níveis extraordinários. Essa condição é chamada cetose. Indivíduos em dietas hipocalóricas, utilizando as gorduras armazenadas no tecido adiposo como sua principal fonte de energia, também têm níveis elevados de corpos cetônicos no sangue e na urina. Esses níveis devem ser monitorados para evitar os riscos da acidose e da cetose (cetoacidose).
CETOACIDOSE/CETOSE
Cetoacidose: Esta é a condição frequentemente associada com diabetes tipo 1. Aqui, a pessoa consomeos níveis normais de carboidratos na dieta, no entanto eles são incapazes de usar a glicose obtida a partir de seu alimento. Isso ocorre porque diabéticos tipo 1 não produzem a hormona insulina para transportar a glicose. Sob circunstâncias normais, a insulina é responsável pela redução dos níveis de açúcar no sangue após uma refeição, permitindo que as células do organismo possam absorver e metabolizar a glicose. 
Quando as células não recebem glicose, o corpo utiliza os depósitos de gordura armazenados transformando-os em corpos cetónicos.
A cetoacidose é extremamente perigosa por causa dos níveis cronicamente elevados de açúcar no sangue que não são capazes de ser controlados pois há uma falta de insulina no corpo, e por consequência cada vez mais corpos cetónicos são produzidos no organismo.
Cetose: Esta condição é responsável por alguns praticantes do estilo de vida low-carb que se referem a essa condição como "a vantagem metabólica". 
Lembra-se como cetonas não podem ser armazenada para uso posterior são eliminadas através da urina? Bem, as pessoas em dietas de baixo carboidrato vão ter o benefício da sua gordura corporal ser transformada em cetonas e eliminada através da urina se não for usada. Os baixos níveis de insulina são necessárias para a mobilização do tecido adiposo, e a insulina é produzida a partir do pâncreas, principalmente como resultado do consumo de hidratos de carbono na dieta. 
A razão pela qual praticantes do estilo de vida low carb não desenvolvem algum dos sintomas negativos como alguém com diabetes tipo 1 é porque uma pessoa em uma dieta low- carb não tem níveis cronicamente elevados de açúcar no sangue. De fato, os low carbers consumem muito poucos carboidratos, e o pouco que eles consomem faz gerir de forma eficaz a insulina de que essas pessoas são capazes de produzir. 
A cetose nada mais é do que um estado normal do metabolismo, que ocorre na ausência de glicose. É bastante diferente da cetoacidose, condição decorrente da diabetes, devido à ordem de grandeza da concentração de corpos cetónicos no sangue.

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