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TUTORIA METABOLISMO PROBLEMA 2

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OBJETIVO 1 – DEFINIR E CLASSIFICAR LIPIDIOS
· LIPÍDIOS
Os lipídeos biológicos são um grupo de compostos quimicamente diversos, cuja característica em comum que os define é a insolubilidade em água. 
- Gorduras e óleos são as principais fontes de armazenamento de energia em muitos organismos; 
- Os fosfolipídeos e os esteróis são os principais elementos estruturais das membranas fisiológicas; 
- Outros lipídeos desempenham papéis cruciais como cofatores enzimáticos, transportadores de elétrons, pigmentos fotossensíveis, âncoras hidrofóbicas para proteínas, chaperonas para auxiliar no enovelamento de proteínas de membrana, agentes emulsificantes no trato digestivo, hormônios e mensageiros intracelulares. 
Lipídeos de armazenamento: as gorduras e os óleo utilizados de modo quase universal como formas de armazenamento de energia nos organismos vivos são derivados de ácidos graxos.
· Ácidos graxos 
Os ácidos graxos são derivados de hidrocarbonetos, com estado de oxidação quase tão baixo quanto os hidrocarbonetos nos combustíveis fósseis. A oxidação celular dos ácidos graxos (a Co2 e H2O) é altamente exergônica. 
Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas de comprimento variando de 4 a 36 carbonos. Alguns ácidos graxos possuem cadeia totalmente saturada (sem ligações duplas) e não ramificada; em outros, a cadeia contém uma ou mais ligações duplas. Alguns poucos contêm anéis de três carbonos, grupos hidroxila ou ramificações de grupos metila. 
Em quase todos os ácidos graxos insaturados que ocorrem naturalmente, as ligações duplas encontram-se em configuração cis. Ácidos graxos trans são produzidos pela fermentação no rúmen de animais leiteiros, e são obtidos dos laticínios e da carne. 
As propriedades físicas dos ácidos graxos, e dos compostos que os contêm, são determinadas em grade parte pelo comprimento e pelo grau de insaturação da cadeia hidrocarbonada. A cadeia hidrocarbonada apolar é responsável pela baixa solubilidade dos ácidos graxos na água. Quanto mais longa for a cadeia acila do ácido graxo e quanto menos ligações duplas ela tiver, mais baixa é a solubilidade em água. O grupo ácido carboxílico é polar e conta para a pequena solubilidade dos ácidos graxos de cadeia curta em água. 
À temperatura ambiente (25°C), os ácidos graxos saturados de 12 a 24C têm consistência de cera, enquanto os insaturados de mesmo comprimento são líquidos olesos. Essa diferença nos pontos de fusão deve-se a diferentes graus de empacotamento das moléculas dos ácidos graxos. 
· Triacilgliceróis 
Os lipídeos mais simples construídos a partir de ácidos graxos são os triacilgliceróis, também chamados de triglicerídeos, gorduras ou gorduras neutras. Eles são compostos por três ácidos graxos, cada um em ligação éster com uma molécula de glicerol. 
- Triacilgliceróis simples – contêm o mesmo tipo de ácido graxo em todas as três posições. 
- Triacilgliceróis mista – contém dois ou três ácidos graxos diferentes. 
Os triacilgliceróis são moléculas apolares, hidrofóbicas, essencialmente insolúveis em água. 
Na maioria das células eucarióticas, os triacilgliceróis servem como depósitos de combustível metabólico. São armazenados nos adipócitos, pelos vertebrados; armazenados como óleos nas sementes de vários tipos de plantas, fornecendo energia e servem como precursores biossintéticos durante a germinação da semente. Os adipócitos e as sementes em germinação contêm lipases, enzimas que catalisam a hidrólise dos triacilgliceróis armazenados, liberando ácidos graxos para serem transportados para os locais onde são necessários como combustível. 
Há duas vantagens significativas em se usar triacilgliceróis para o armazenamento de combustível em vez de polissacarídeos, como o glicogênio e o amido. Primeiro, os átomos de carbono dos ácidos graxos estão mais reduzidos do que os açúcares, e a oxidação de uma grama de triacilgliceróis libera mais do que o dobro de energia do que a oxidação de uma grama de carboidratos. Segundo, como os triacilgliceróis são hidrofóbicos e, portanto, não hidratados, o organismo que carrega gordura como combustível não precisa carregar o peso extra da água da hidratação que está associada aos polissacarídeos armazenados. 
As pessoas moderadamente obesas, com 15 a 20 kg de triacilgliceróis depositados em seus adipócitos, poderiam suprir suas necessidades energéticas por meses utilizando seus depósitos de gordura. Em contrapartida, o corpo humano consegue armazenar na forma de glicogênio menos do que a quantidade de energia utilizada em um dia. Os carboidratos, como a glicose, oferecem certas vantagens como fontes rápidas de energia metabólica, uma das quais é a solubilidade imediata em água. 
A maioria das gorduras naturais, como a dos óleos vegetais, dos laticínios e da gordura animal, são misturas complexas de triacilgliceróis simples e mistos, que contêm uma variedade de ácidos graxos que diferem no comprimento da cadeia e no grau de saturação. 
· Ceras biológicas 
São ésteres de ácidos graxos saturados e insaturados de cadeia longa com álcoois de cadeia longa. Possui função de armazenamento de combustível metabólico; às suas propriedades impermeabilizantes e sua consistência firme; protege os pelos e a pele e mantê-los flexíveis, lubrificados e impermeáveis; impede a evaporação excessiva de água e as protege contra parasitas. 
· Lipídeos estruturais em membranas: 
A dupla camada de lipídeos das membranas biológicas atua como barreira à passagem de moléculas polares e íons. Os lipídeos de membrana são anfipáticos: uma extremidade da molécula é hidrofóbica e a outra é hidrofílica. 
· Glicerofosfolipídeos: são lipídeos de membrana nos quais dois ácidos graxos estão unidos por ligação éster ao primeiro e ao segundo carbono do glicerol e um grupo fortemente polar ou carregado está unido por ligação fosfodiéster ao terceiro carbono. 
· Esfingolipídeos: contém esfingosina, um aminoálcool alifático de cadeia longa, mas não contêm glicerol. 
· Esterois: têm quatro anéis fusionados e um grupo hidroxila. O colesterol, o principal esterol em animais, é tanto um componente estrutural das membranas quanto um precursor para uma ampla variedade de esteroides. 
· Lipídeos como sinalizadores, cofatores e pigmentos: 
· Fosfatidilinositol-bifosfato 
· Eicosanoides: prostagladinas, tromboxanos e os leucotrienos, são hormônios extremamente potentes. 
· Esteróis: os hormônios esteroides servem como poderosos sinalizadores biológicos, alterando a expressão gênica nas células alvo. 
· Vitaminas D, A, E e K 
· Isoprenoides: ubiquinonas e as plastoquinonas, são transportadores de elétrons nas mitocôndrias e nos cloroplastos, respectivamente. 
· Dolicóis: ativam e ancoram os açúcares às membranas celulares. 
OBJETIVO 2 – COMPREENDER O PROCESSO DE DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE LIPIDIOS
As células podem obter combustíveis graxos de três fontes: 
- Gorduras consumidas na dieta; 
- Gorduras armazenadas nas células como gotículas de lipídeos; 
- Gorduras sintetizadas em um órgão para exportação a outro. 
Os vertebrados, obtêm gorduras na dieta, mobilizam gorduras armazenadas em tecidos especializados (tecido adiposo, constituídos de adipócitos) e, no fígado, convertem o excesso dos carboidratos da dieta em gordura para a exportação aos outros tecidos. 
Os triacilgliceróis fornecem mais da metade das necessidades energéticas de alguns órgãos, particularmente o fígado, o coração e a musculatura esquelética em repouso. 
Hidrólise de gorduras: quase todas as gorduras da dieta consistem em triglicerídeos (gorduras neutras) formadas por três moléculas de ácidos graxos condensadas com uma só molécula de glicerol. Durante a condensação, três moléculas de água são removidas. 
A digestão dos triglicerídeos consiste no processo inverso: as enzimas digestivas de gorduras reinserem três moléculas de água na molécula de triglicerídeo e, assim, separam as moléculas de ácido graxo do glicerol. 
Digestão de gorduras: 
Gorduras na dieta: as gorduras mais abundantes da dieta são as gorduras neutras– triglicerídeos. 
Na dieta usual também existem quantidades pequenas de fosfolipídios, colesterol e ésteres de colesterol. 
- Os fosfolipídios e os ésteres de colesterol contêm ácidos graxos e, portanto, podem ser considerados gorduras; 
- O colesterol, no entanto, é um composto esterol que não contém ácido graxo, mas exibe algumas das características químicas e físicas das gorduras; além disso, é derivado das gorduras e metabolizado como elas. Por isso, do ponto de vista dietético, o colesterol é considerado gordura. 
Digestão de gorduras no intestino: pequena quantidade de triglicerídeos é digerida no estômago pela lipase lingual secretada pelas glândulas linguais na boca e deglutida com a saliva. Essa digestão é menor que 10% e, em geral, sem importância. Essencialmente, toda a digestão das gorduras ocorre no intestino delgado. 
Nos vertebrados, antes que os triacilgliceróis possam ser absorvidos através da parede intestinal, eles precisam ser convertidos de partículas de gordura macroscópicas insolúveis em micelas microscópicas finamente dispersas. Essa solubilização é realizada pelos sais biliares, como o ácido taurocólico, que são sintetizados a partir do colesterol no fígado, armazenados na vesícula biliar e liberados no intestino delgado após a ingestão de uma refeição gordurosa (Lehninger). 
A primeira etapa na digestão da gordura por ácidos biliares: a primeira etapa, na digestão das gorduras, é a quebra física dos glóbulos de gordura em partículas pequenas, de maneira que as enzimas digestivas hidrossolúveis possam agir nas superfícies das partículas – emulsificação da gordura. A emulsificação inicia pela agitação no estômago que mistura a gordura com os produtos da secreção gástrica. 
- A maior parte da emulsificação ocorre no duodeno, sob a influência da bile. 
- A bile é uma secreção do fígado que não contém enzimas digestivas. Porém contém grande quantidade de sais biliares, assim como o fosfolipídeo lecitina. 
- Os sais biliares e a lecitina (principalmente), são extremamente importantes para a emulsificação da gordura. 
- A principal função dos sais biliares e da lecitina, especialmente da lecitina na bile, é tornar os glóbulos gordurosos rapidamente fragmentáveis, sob agitação com água, no intestino delgado. 
- Com a redução do diâmetro dos glóbulos de gordura, a área superficial total aumenta bastante. 
- As enzimas lipases são compostos hidrossolúveis e podem atacar os glóbulos de gordura apenas em suas superfícies. Consequentemente, essa função detergente dos sais biliares e da lecitina é muito importante para a digestão das gorduras. 
Os triglicerídeos são digeridos pela lipase pancreática: a lipase pancreática é a enzima mais importante na digestão dos triglicerídeos, está presente em enorme quantidade no suco pancreático, suficiente para digerir em 1 minuto todos os triglicerídeos. 
- Os eritrócitos do intestino delgado contêm a lipase entérica, mas esta não é normalmente necessária. 
Etapa 2 – Os produtos finais da digestão de gordura são ácidos graxos livres: a lipase pancreática hidrolisa grande parte dos triglicerídeos em ácidos graxos livres e 2-monoglicerídeos. 
Os sais biliares formam micelas que aceleram a digestão de gorduras: o acúmulo de monoglicerídeos e de ácidos graxos livres na vizinhança do que está sendo digerido impede a continuação da digestão 
- Os sais biliares têm o importante papel adicional de remover os monoglicerídeos e os ácidos graxos das adjacências das partículas em digestão. 
- Os sais biliares, quando em concentração elevada o suficiente na água, tendem a formar micelas. As micelas se desenvolvem porque cada molécula de sal biliar é composta por núcleo esterol, muito lipossolúvel e grupo polar muito hidrossolúvel. 
- O núcleo esterol envolve os produtos da digestão das gorduras, formando pequeno glóbulo de gordura, no meio da micela resultante, com os grupos polares dos sais biliares se projetando para fora, para cobrir a superfície da micela. Como esses grupos polares têm cargas negativas, eles permitem que todo o glóbulo de micela se dissolva na água dos líquidos digestivos e permaneça em solução estável até a absorção da gordura. 
- As micelas de sais biliares também são meios de transporte carreando monoglicerídeos e ácidos graxos, ambos seriam, de outra maneira, relativamente insolúveis na borda em escova das células epiteliais intestinais. 
- Os produtos da digestão da gordura emulsificada são absorvidos pelo sangue. 
- As micelas, livres dos produtos da digestão, voltam ao quimo para serem usadas nesse processo de transporte. 
Digestão dos ésteres de colesterol e dos fosfolipídios: grande parte do colesterol na dieta está sob a forma de ésteres de colesterol, combinações de colesterol livre e uma molécula de ácido graxo. Os fosfolipídios também contêm ácidos graxos nas suas moléculas. 
- Ambos são hidrolisados por duas outras lipases na secreção pancreática, que liberam ácidos graxos: 
 Hidrolase de éster de colesterol – hidrolisa o éster de colesterol 
 Fosfolipase A2 – hidrolisa fosfolipídios. 
Etapa 3 
Absorção de gorduras: os produtos finais da digestão das gorduras (monoglicerídeos e ácidos graxos livres) são imediatamente incorporados na parte lipídica contra as micelas de sais biliares, as quais são solúveis no quimo.
- Após serem incorporadas as micelas, os produtos são carreados para a borda em escova das células intestinais. As micelas penetram os espaços entre os vilos em constante movimento. 
- Os monoglicerídeos e os ácidos graxos se difundem das micelas para as membranas das células epiteliais, o que é possível porque os lipídeos são, também, solúveis na membrana da célula epitelial. 
- As micelas dos sais biliares continuam no quimo, onde são reutilizadas para a incorporação dos produtos da digestão de gorduras. 
- As micelas, portanto, realizam função “carreadora” importante para a absorção de gordura. 
Etapa 4: Após entrar na célula epitelial, os ácidos graxos e os monoglicerídeos são captados pelo REL; aí, são usados para formar novos triglicerídeos que serão, sob a forma de quilomícrons (proteínas específicas em agregados de lipoproteínas), transferidos para os lactíferos das vilosidades. 
- Apoliproteínas: são proteínas de ligação ligadas a lipídeos no sangue, responsáveis pelo transporte de triacilgliceróis, fosfolipídeos, colesterol e ésteres de colesterol entre órgãos. 
Etapa 5: as porções proteicas das lipoproteínas são reconhecidas por receptores nas superfícies celulares. Na absorção de lipídeos no intestino, os quilomícrons, que contêm a apolipoproteína C-II, se deslocam da mucosa intestinal, pelo ducto linfático torácico, para o sistema linfático e então entram no sangue, que os carrega para os músculos e o tecido adiposo. 
Etapa 6: Nos capilares desses tecidos, a enzima extracelular lipase lipoproteica, ativada pela apoC-II, hidrolisa os triacilgliceróis em ácidos graxos e glicerol. 
Etapa 7: os ácidos graxos e glicerol são absorvidos pelas células nos tecidos-alvo. 
Etapa 8: no músculo, os ácidos graxos são oxidados para obter energia; no tecido adiposo, eles são reesterificados para armazenamento na forma de triacilgliceróis. 
Os remanescentes dos quilomícrons, desprovidos da maioria dos seus triacilgliceróis, mas ainda contendo colesterol e alipoproteínas, se deslocam pelo sangue até o fígado, onde são captados por endocitose mediada pelos receptores específicos para as suas respectivas apolipoproteínas. Os triacilgliceróis que entram no fígado por essa via podem ser oxidados para fornecer energia ou precursores para a síntese de corpos cetônicos. 
Quando a dieta contém mais ácidos graxos do que o necessário imediatamente como combustível ou como precursores, o fígado os converte em triacilgliceróis, empacotados com apolipoproteínas específicas formando VLDL. As VLDL são transportadas pelo sangue até o tecido adiposo, onde os triacilgliceróis são removidos da circulação e armazenados em gotículas lipídicas dentro dos adipócitos 
Absorção de ácidos graxos direta pelo sangue porta: pequenas quantidadesde ácidos graxos de cadeias curta e média, como os da gordura do leite, são absorvidas, diretamente, pelo sangue porta, em vez de serem convertidos em triglicerídeos e transferidos para a linfa. 
Isso acontece porque os ácidos graxos de cadeias curta são mais hidrossolúveis pelo RE. Estas características levam à difusão desses ácidos graxos de cadeia curta das células do epitélio intestinal, diretamente, para o sangue no capilar das vilosidades intestinais (Gyton e Hall).
OBJETIVO 3 – CARACTERIZAR OS MECANISMOS DE TRANSPORTE DOS LIPIDIOS (VLDL,LDL,HDL)
O colesterol é sem dúvida o lipídeo que recebe maior publicidade, sendo famoso devido à forte correlação entre altos níveis de colesterol no sangue e incidência de doenças cardiovasculares em humanos. Muito menos divulgado é o papel crucial do colesterol como um componente das membranas celulares e como um precursor dos hormônios esteroides e dos ácidos biliares. Todas as células de mamíferos são capazes de sintetizar o colesterol a partir de precursores simples, não sendo necessário seu consumo através da dieta. 
A maior parte da síntese do colesterol em vertebrados ocorre no fígado. Uma pequena fração do colesterol sintetizado ali é incorporada em membranas dos hepatócitos, mas a maior parte dele é exportada em uma de três formas: ácidos biliares, colesterol biliar ou ésteres de colesterila. Em outros tecidos, o colesterol é convertido em hormônios esteroides. Tais hormônios são sinalizadores biológicos extremamente potentes agindo por meio de receptores nucleares proteicos. 
Uma das três formas do colesterol exportada do fígado é a bile, um fluido estocado na vesícula biliar e excretado no intestino delgado para auxiliar na digestão de refeições contendo gordura. Seus principais componentes são os ácidos biliares e seus sais, ambos relativamente hidrofílicos derivados do colesterol e sintetizados no fígado que servem como agentes emulsificantes no intestino, convertendo partículas grandes de gordura em pequenas micelas, dessa forma aumentando muito a superfície de interação com as lipases digestivas. A bile também contém quantidades muito menores de colesterol. 
Os ésteres de colesterila são formados no fígado pela ação da acil-CoA-colesterol aciltransferase (ACAT). Essa enzima catalisa a transferência de um ácido graxo da coenzima A para o grupo hidroxil do colesterol, convertendo o colesterol em uma forma mais hidrofóbica e prevenindo que eles entrem nas membranas. Os ésteres de colesterila são transportados em partículas lipoproteicas secretadas para outros tecidos que utilizam o colesterol ou são armazenados no fígado em gotículas de gorduras. 
O colesterol e os ésteres de colesterila, assim como os triacilgliceróis e os fosfolipídeos, são essencialmente insolúveis em água, e ainda assim devem ser transportados do tecido de origem para os tecidos nos quais eles serão armazenados ou consumidos. Para facilitar seu transporte, eles são transportados no plasma sanguíneo como lipoproteínas plasmáticas, que são complexos macromoleculares de proteínas transportadoras específicas, chamadas apolipoproteínas, e várias combinações de fosfolipídeos, colesterol, ésteres de colesterila e triacilgliceróis. 
As apolipoproteínas combinam-se com os lipídeos, formando diversas classes de partículas lipoproteicas, as quais são complexos esféricos com os lipídeos hidrofóbicos no centro e as cadeias laterais hidrofílicas de aminoácidos na superfície. As diferentes combinações de lipídeos e proteínas produzem partículas de diferentes densidades, variando de quilomícrons a lipoproteínas de alta densidade. 
Cada classe de lipoproteína tem uma função específica, determinada por seu local de síntese, por sua composição lipídica e por seu conteúdo apoliproteico. Pelo menos 10 apolipoproteínas são encontradas nas lipoproteínas do plasma humano, distinguíveis por seus tamanhos, suas reações com anticorpos específicos e sua distribuição característica nas classes de lipoproteínas. Esses componentes proteicos atuam como sinalizadores, direcionando as lipoproteínas para tecidos específicos ou ativando enzimas que agem nas lipoproteínas. Eles também têm sido envolvidos em doenças.
· Quilomícrons: São as maiores lipoproteínas e as menos densas, contendo alta proporção de triacilgliceróis. 
(1) São sintetizados a partir de gorduras da dieta no RE dos enterócitos, células epiteliais que recobrem o intestino delgado. Os quilomícrons se movem pelo sistema linfático e entram na corrente sanguínea pela veia subclávia esquerda. As apoliproteínas dos quilomícrons incluem as apoB-48, a apoE e a apoC-II. 
(2) A apoC-II ativa a lipase lipoproteica nos capilares do tecido adiposo, do coração, do músculo esquelético e da glândula mamária em lactação, permitindo a liberação de ácidos graxos livres (AGL) para esses tecidos. Portanto, os quilomícrons transportam ácidos graxos da dieta para os tecidos onde eles serão consumidos ou armazenados como combustível. 
(3) O que resta dos quilomícrons – apoE e apoB-48 – move-se pela corrente sanguínea para o fígado. Receptores existentes no fígado ligam a apoE nos remanescentes dos quilomícrons e controlam sua captação por endocitose. 
(4) No fígado, os remanescentes liberam seu colesterol e são degradados nos lisossomos. 
Essa via do colesterol da dieta até o fígado é a via exógena. 
· Lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL):
(5) Quando a dieta contém mais ácidos graxos e colesterol do que a quantidade necessária para uso imediato como combustível ou como precursores de outras moléculas, eles são convertidos em triacilgliceróis ou ésteres de colesterila no fígado e empacotados com apolipoproteínas específicas, formando as VLDL. 
- O excesso de carboidratos na dieta também pode ser convertido em triacilgliceróis no fígado e exportado como VLDL. 
- Além dos triacilgliceróis e ésteres de colesterila, as VLDL contêm apoB-100, apoC-I, apoC-III e apoE. 
- As VLDL são transportadas pelo sangue do fígado para o músculo e tecido adiposo. 
(6) Nos capilares desses tecidos, a apoC-II ativa a lipase lipoproteica, que catalisa a liberação dos ácidos graxos a partir dos triacilgliceróis das VLDL. 
- Os adipócitos captam esses ácidos graxos, reconvertem-nos em triacilgliceróis e armazenam os produtos em gotículas intracelulares de lipídeos; 
- Os miócitos, primariamente oxidam esses ácidos graxos para obterem energia. 
Quando o nível de insulina está alto, as VLDL atuam principalmente para transportar lipídeos da dieta para o tecido adiposo para armazenamento. No estado de jejum ou entre as refeições, os ácidos graxos usados para produzir as VLDL no fígado são originários principalmente do tecido adiposo, e o principal alvo das VLDL são os miócitos do coração e do músculo esquelético. 
 Lipoproteínas de baixa densidade (LDL): 
A perda de triacilgliceróis converte parte da VLDL em remanescentes de VLDL (IDL). A remoção adicional de triacilgliceróis da IDL produz lipoproteínas de baixa densidade (LDL). 
(7) Rica em colesterol e ésteres de colesterila e contendo apoB-100 como sua principal apolipoproteína, a LDL transporta colesterol para os tecidos extra-hepáticos, como músculo, glândulas suprarrenais e tecido adiposo. Esses tecidos têm receptores na membrana plasmática que reconhecem a apoB-100 e controlam a captação de colesterol e ésteres de colesterila. 
(8) A LDL também entrega colesterol para os macrófagos, algumas vezes os convertendo em células espumosas. 
(9) A LDL não captada pelos tecidos periféricos retornam ao fígado onde são captados via receptores de LDL na membrana plasmática dos hepatócitos. 
- O colesterol que entra no hepatócito por essa via pode ser incorporado nas membranas, convertido em ácidos biliares ou reesterificados pela ACAT para armazenamento nas gotículas lipídicas citosólicas. 
Essa via de formação da VLDL no fígado ao retorno de LDL para fígado é a via endógena no metabolismo e transporte do colesterol. 
- O acúmulo do excesso de colesterol intracelular é prevenido pela diminuição da velocidade de síntese quando colesterolsuficiente está disponível a partir de LDL no sangue. 
· Lipoproteína de alta densidade (HDL): 
(10) Origina-se no fígado e no intestino delgado como pequenas partículas ricas em proteína que contêm relativamente pouco colesterol e não contêm ésteres de colesterila. 
- As HDL contêm principalmente apoA-I e outras apoliproteínas. Elas contêm também a enzima lecitina-colesterol-aciltransferase (LCAT), que catalisa a formação de ésteres de colesterila a partir de lecitina e de colesterol. 
- A LCAT na superfície das partículas de HDL recém-formadas converte o colesterol e a lecitina dos remanescentes do quilomícron e da VLDL encontradas na corrente sanguínea em ésteres de colesterila, dando início à formação do núcleo da HDL, transformando a HDL nascente em forma de disco em uma partícula de HDL madura de forma esférica. 
(11) A HDL nascente também pode captar colesterol de células extra-hepáticas ricas em colesterol (inclusive de macrófagos e de células espumosas formadas a partir dele). 
(12) A HDL madura então retorna ao fígado, onde o colesterol é descarregado por meio do receptor SR-BI. 
- Quando o HDL se liga aos receptores SR-BI na membrana plasmática dos hepatócitos ou de tecidos esteroidogênicos, como a glândula suprarrenal, esses receptores controlam a transferência parcial e seletiva do colesterol e de outros lipídeos do HDL para a célula. A HDL descarregada então se dissocia e recircula na corrente sanguínea para extrair mais lipídeos dos remanescentes de quilomícrons e VLDL e de células sobrecarregadas com colesterol. 
(13) Parte dos ésteres de colesterila no HDL também pode ser transferida ao LDL pela proteína transportadora de éster de colesterila. 
O circuito da HDL é o transporte reverso do colesterol. 
A maior parte desse colesterol é convertido em sais biliares no fígado e armazenado na vesícula biliar. Quando uma refeição é ingerida, os sais biliares são excretados no intestino, onde ele dispersa pedaços macroscópicos de gordura em micelas microscópicas que podem ser atacadas pelas lipases. 
(14) Os sais biliares são reabsorvidos pelo fígado e recirculam pela vesícula biliar na circulação êntero-hepática. 
OBJETIVO 4 - DESCREVER O PROCESSO DE SINTESE E ARMAZENAMENTO DOS LIPIDIOS
LIPÍDEOS – funções: 
· Principal forma de armazenamento de energia na maioria dos organismos e os principais constituintes das membranas celulares; 
· Lipídeos especializados atuam como pigmentos (retinal, caroteno), cofatores (vitamina K), detergentes (sais biliares), transportadores (dolicóis), hormônios (derivados da vitamina D, hormônios sexuais), mensageiros extracelulares e intracelulares (eicosanoides, derivados do fosfatidilinositol) e âncoras para proteínas de membrana (ácidos graxos covalentemente ligados, grupos prenila e fosfatidilnositol). 
1.1. BIOSSÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS 
A biossíntese e a degradação dos ácidos graxos ocorrem por meio de diferentes vias, são catalisadas por diferentes grupos enzimáticos e localizam-se em compartimentos distintos na célula. Além disso, a biossíntese requer a participação de um intermediário de três carbonos, a malonil-CoA, que não está envolvido na degradação dos ácidos graxos. 
1.1.1. A malonil-CoA é formada a partir de acetil-CoA e bicarbonato: é um processo irreversível, catalisado pela acetil-CoA-carboxilase. 
A enzima acetil-CoA-carboxilase contém um grupo prostético, a biotina. Essa enzima catalisa duas etapas da reação: Primeiramente um grupo carboxil derivado do bicarbonato é transferido para a biotina em uma reação dependente de ATP. O grupo biotinila age como transportador temporário do CO2, transferindo-o para a acetil-CoA na segunda etapa, gerando malonil CoA.
Em todos os organismos, as longas cadeias de carbono dos ácidos graxos são construídas por uma sequência de reações repetitivas, em 4 etapas, catalisadas por um sistema coletivamente conhecido como ácido-graxo-sintase. Um grupamento acila saturado, produzido em cada série de reações em quatro etapas, torna-se o substrato da condensação subsequente com um grupo malonila ativado. Em cada uma das passagens pelo ciclo, a cadeia do grupo acila graxo aumenta em dois carbonos. 
Existem duas variantes principais da enzima ácido-graxo-sintase: 
- Ácido-graxo-sintase I (AGS I) – encontrada nos vertebrados, consiste em uma única cadeia polipeptídica multifuncional. 
Com os sistemas AGS I, a síntese dos ácidos graxos leva a um único produto, e não são liberados intermediários. Quando o comprimento da cadeia atinge 16 carbonos, esse produto (palmitato) deixa o ciclo. Os carbonos C-16 e C-15 do palmitato são derivados dos átomos de carbono dos grupos metil e carboxil, respectivamente, de uma acetil-CoA utilizada diretamente para iniciar o sistema; os outros átomos de carbono da cadeia são originados da acetil-CoA via malonil-CoA. 
- Ácido graxo-sintase II (AGS II) – de vegetais e bactérias. 
Os múltiplos domínios da AGS I de mamíferos atuam como enzimas distintas, porém ligadas. O sítio ativo de cada enzima é encontrado em um domínio separado dentro do polipeptídio maior. Ao longo do processo de síntese dos ácidos graxos, os intermediários permanecem covalentemente ligados como tio ésteres a um de dois grupos tiol. Um ponto de ligação é o grupo –SH de um resíduo de Cys em um dos domínios da sintase (β-cetoacil-ACP-sintase); o outro ponto é o grupo –SH de uma proteína transportadora de grupos acila, domínio distinto do mesmo polipeptídio. A hidrólise dos tioésteres é altamente exergônica, e a energia liberada ajuda a tornar termodinamicamente favoráveis dois passos distintos (etapas 1 e 5) da síntese dos ácidos graxos (condensação). 
- Proteína transportadora de grupos acila (ACP): é o transportador que mantém o sistema unido. A ACP de mamíferos tem função semelhante ao da E. coli e o mesmo grupo prostético – 4’-fosfopanteteína, que atua como um braço flexível, segurando a cadeia acila do ácido graxo em crescimento unida à superfície do complexo da ácido-graxo-sintase enquanto transporta os intermediários da reação do sítio ativo de uma enzima para a próxima; no entanto, ela está inserida como um domínio em um polipeptídio multifuncional muito maior. 
Antes que as reações de condensação que constroem a cadeia do ácido graxo possam iniciar, os dois grupos tióis do complexo enzimático devem ser carregados com os grupamentos acila corretos. 
- Primeiramente, o grupo acetila da acetil-CoA é transferido para o ACP, em uma reação catalisada pelo domínio malonil-acetil-CoA-ACP-transferase (MAT) do polipeptídio multifuncional. O grupo acila é, então, transferido para o grupo –SH da Cys da β-cetoacil-ACP-sintase (KS). 
- Na segunda reação, a transferência do grupo malonila da malonil-CoA para o grupo –SH da ACP, também é catalisada pela MAT. 
No complexo sintase carregado, os grupos acetila e malonila são ativados para o processo de alongamento da cadeia. 
Etapa 1- Condensação: Condensação de Claisen – envolvendo os grupos acetila e malonila ativados, formando acetoacetil-ACP, grupo acetoacetil ligado à ACP pelo grupo –SH da fosfopanteteína; simultaneamente, uma molécula de CO2 é produzida. 
Nesta reação, catalisada pela β-cetoacil-ACP-sintase, o grupamento acetil é transferido do grupo –SH da Cys da enzima para o grupo malonila ligado ao grupo –SH da ACP, tornando-se a unidade de dois carbonos metil-terminal do novo grupo acetoacetila. 
O átomo de carbono do CO2 formado nessa reação é o mesmo carbono orginalmente introduzido na malonil-CoA a partir do HCO3- pela reação da acetil-CoA-carboxilase. Assim, a ligação covalente do CO2 durante a biossíntese dos ácidos graxos é apenas transitória; ele é removido assim que cada unidade de dois carbonos é adicionada.
Etapa 2 – Redução do grupo carbonila: a acetoacetil-ACP formada na etapa de condensação sofre agora redução do grupo carbonil em C-3, formando D- β-hidroxibutiril-ACP. Essa reação é catalisada pela D-β -cetoacetil-ACP-redutase (KR) e o doador de elétrons é o NADPH. 
Etapa 3 – Desidratação: os elementos da água são agora removidos dos carbonos C-2e C-3 da D-β-hidroxibutiril-ACP, formando uma ligação dupla no produto, trans-Δ²-butenoil-ACP. A enzima que catalisa essa desidratação é a D-β-hidroxiacil-ACP-desidratase (DH). 
Etapa 4 – Redução da ligação dupla: finalmente, a ligação dupla da trans-Δ²-butenoil-ACP é reduzida (saturada), formando butiril-ACP pela ação da enzima enoil-ACP-redutase (ER); mais uma vez, NADPH é o doador de elétrons. 
As reações da ácido-graxo-sintase são repetidas para formar palmitato: a produção de acil-ACP saturada, com 4C, marca a conclusão de uma rodada por meio do complexo da ácido-graxo-sintase. 
Etapa 5: o grupo butirila é transferido do grupo –SH da fosfopanteteína da ACP para o grupo –SH de uma Cys da β-cetoacil-ACP-sintase, que sustentará inicialmente do grupo acetil. 
Etapa 6: outro grupo malonila liga-se ao grupo –SH da fosfopanteteína da ACP, agora desocupado. Inicia-se o próximo ciclo de quatro reações que alonga a cadeia em mais dois átomos de carbono. 
A condensação ocorre a medida que o grupo butirila, atuando como o grupo acetil no primeiro ciclo, é ligado aos dois átomos de carbono do grupo malonil-ACP, com a consequente perda de CO2. O produto dessa condensação é um grupo acila com 6C covalentemente ligado ao grupo –SH da fosfopanteteína. Seu grupo β-cetônico é reduzido nas três etapas seguintes do ciclo da sintase, formando o grupo acila saturado, exatamente como no primeiro ciclo de reações, formando um produto de 6C. 
Sete ciclos de condensação e redução produzem o grupo palmitoila de 16 carbonos saturados, ainda ligado à ACP. Nesse ponto, o complexo da sintase é interrompido e o palmitato é liberado da ACP pela ação de uma atividade hidrolítica (tioesterase; TE) da proteína multifuncional.
Etapas da reação global: 
1º - Formação de sete moléculas de malonil-CoA: 
7 Acetil-CoA + 7 CO2 + 7 ATP 7 malonil-CoA + 7 ADP + 7Pi 
2º - Sete ciclos de condensação e redução: 
Acetil-CoA + 7 malonil-CoA + 14 NADPH + 14 H+ palmitato + 7 CO2 + 8 CoA + 14 NADP+ + 6 H2O 
Apenas 6 moléculas de água são produzidas, porque uma é utilizada para hidrolisar a ligação tio éster entre o produto palmitato e a enzima. 
Processo global: 
8 Acetil-CoA + 7 ATP + 14 NADPH + 14H+ palmitato + 8 CoA + 7 ADP + 7 Pi + 14 NADP+ + 6 H2O
Assim, a biossíntese dos ácidos graxos como o palmitato requer acetil-CoA e o fornecimento de energia química de duas formas: 
- Potencial de transferência de grupos do ATP; 
- Poder redutor do NADPH. 
O ATP é necessário para ligar o CO2 à acetil-CoA formando malonil-CoA; as moléculas de NADPH são necessárias para reduzir o grupo α-ceto e a ligação dupla. 
A síntese de ácidos graxos ocorre no citosol de muitos organismos, mas nos cloroplastos das plantas: 
- Maioria dos eucariontes superiores: o complexo ácido graxo-sintase é encontrado exclusivamente no citosol, assim como as enzimas biossintéticas dos nucleotídeos, dos aminoácidos e da glicose. 
- O citosol dos hepatócitos é um ambiente fortemente redutor para a síntese redutora dos ácidos graxos e de outras biomoléculas, devido à alta relação da [NADPH]/[NADP+]. 
- Nos hepatócitos e adipócitos, NADPH citosólico é amplamente gerado pela via das pentoses-fosfato e pela enzima málica. 
- Nos hepatócitos e em glândulas mamárias de animais lactentes, o NADPH necessário para a biossíntese dos ácidos graxos é fornecido principalmente pela via das pentoses-fosfato. 
O acetato é transportado para fora da mitocôndria como citrato: 
- Em eucariontes não fotossintetizantes, praticamente toda a acetil-CoA utilizada na síntese dos ácidos graxos é formada na mitocôndria a partir da oxidação do piruvato e do catabolismo dos esqueletos de carbono dos aminoácidos. 
- A acetil-CoA gerada da oxidação dos ácidos graxos não é uma fonte significativa de acetil-CoA para a biossíntese dos ácidos graxos em animais, pelo fato de que as duas vias são reciprocamente reguladas. 
- A membrana interna da mitocôndria é impermeável a acetil-CoA, de modo que um transportador indireto transfere os equivalentes do grupo acetila pela membrana interna. 
- A acetil-CoA intramitocondrial reage primeiro com oxaloacetato formando citrato, uma reação do ciclo do ácido cítrico catalisada pela enzima citrato-sintase. 
- O citrato, então, atravessa a membrana interna pelo transportador de citrato. 
No citosol, a clivagem do citrato pela citrato-liase regenera Acetil-CoA e oxaloacetato em uma reação dependente de ATP. 
- O oxaloacetato não pode retornar à matriz mitocondrial diretamente, já que não existe um transportador de oxaloacetato. 
- Em vez disso, a malato-desidrogenase citosólica reduz o oxaloacetato a malato, o qual pode retornar à matriz mitocondrial pelo transportador malato-α-cetoglutarato na troca por citrato. 
- Na matriz, o malato é reoxidado a oxaloacetato, completando o ciclo. No entanto, a maior parte do malato produzido no citosol é utilizado para gerar NAPDH citosólico pela ação da enzima málica. 
- O piruvato produzido é transportado para a mitocôndria pelo transportador de piruvato, sendo convertido em oxaloacetato pela piruvato-carboxilase. 
O ciclo resultante consome dois ATP (pela citrato-lipase e pela piruvato-carboxilase) para cada molécula de acetil-CoA que entra para a síntese de ácidos graxos. 
Após a clivagem do citrato para gerar acetil-CoA, a conversão dos 4 carbonos remanescentes em piruvato e CO2 pela enzima málica gera aproximadamente a metade do NADPH necessário para a síntese de ácidos graxos. A via das pentoses-fosfato fornece o restante de NADPH necessário.
Regulação da biossíntese de ácidos graxos: 
- Quando uma célula ou um organismo tem combustível metabólico mais que suficiente para suprir suas necessidades energéticas, geralmente o excesso é convertido em ácido graxo e estocado como lipídeos, como os triacilgliceróis. 
- A reação catalisada pela acetil-CoA-carboxilase é a etapa limitante na biossíntese de ácidos graxos. 
- Nos vertebrados, o principal produto da síntese de ácidos graxos, a palmitoil-CoA, é um inibidor por retroalimentação da enzima acetil-CoA-carboxilase. O citrato é um ativador alostérico, desempenhando uma função central na alteração do metabolismo celular de consumo de combustível metabólico (oxidação) para o de armazenamento de combustível em forma de ácidos graxos. 
Quando as concentrações de acetil-CoA e ATP mitocondriais aumentam, o citrato é transportado para fora da mitocôndria; ele torna-se, então, tanto o precursor citosólico de acetil-CoA quanto um sinal alostérico para a ativação da acetil-CoA-carboxilase. Ao mesmo tempo, o citrato inibe a atividade da fosfofruto-cinase I, reduzindo o fluxo de carbono para a glicólise. 
- A acetil-CoA-carboxilase também é regulada por modificação covalente. A fosforilação promovida pelas ações de hormônios glucagon e adrenalina inativa a enzima e reduz sua sensibilidade à ativação por citrato, dessa forma reduzindo a velocidade da síntese de ácidos graxos. 
Síntese de ácidos graxos saturados de cadeia longa: ocorre a partir do palmitato. 
- O palmitato, é o precursor de outros ácidos graxos de cadeia longa. 
- Ele deve ser alongado formando estearato ou ácidos graxos saturados ainda maiores pela adição de grupos acetil, pela ação do sistema de alongamento de ácidos graxos presente no REL e na mitocôndria. 
- O sistema de alongamento mais ativo do RE alonga a cadeia de 16C da palmitoil-CoA em dois átomos de carbono, formando estearoil-CoA. 
- O mecanismo de alongamento no RE é idêntico àquele utilizado na síntese do palmitato: doação de dois carbonos a partir da malonil-CoA, seguindo-se redução, desidratação e nova redução do produto saturado de 18C, a estearoil-CoA. 
Os eicosanoides são formados a partir de ácidos graxos poli-insaturados de 20 carbonos: 
- Eicosanoides são moléculas sinalizadoras biológicas potentes, que atuam como mensageiros de curta distância, agindo sobre os tecidos próximos às células que os produzem. 
- Em resposta a hormônios ou a outro estímulo, a fosfolipase A2 ataca os fosfolipídeos de membrana, liberando araquidonato do carbono do meio do glicerol.As enzimas do RE liso, então, convertem o araquidonato em prostagladinas, iniciando a formação da prostaglandina H2 (PGH2), o precursor imediato de muitas outras prostaglandinas e de tromboxanos. 
- As duas reações que levam à PGH2 são catalisadas pela cicloxigenase (COX), também chamada de prostaglandina H2-sintase. 
- Etapa 1: a cicloxigenase introduz oxigênio molecular convertendo araquidonato em PGG2. 
- Etapa 2: catalisada pela atividade de peroxidase da COX, converte PGG2 em PGH2. 
- A COX-1 é responsável pela síntese de prostagladinas que regulam a secreção da mucosa gástrica. 
- A COX-2 pelas prostagladinas que controlam inflamação, dor e febre. 
- A inibição da COX-1 pode resultar em efeitos colaterais indesejáveis como irritação estomacal e condições ainda mais sérias. 
OBJETIVO 5 – DESCREVER O PROCESSO DE OBTENÇÃO DE ENERGIA PELA DEGRADAÇÃO DOS LIPIDIOS
Oxidação de ácidos graxos 
A oxidação mitocôndria dos ácidos graxos ocorrem em 3 etapas: 
1) Β-oxidação: os ácidos graxos sofrem remoção oxidativa de sucessivas unidades de 2C na forma de acetil-CoA, começando pela extremidade carboxílica da cadeia acil-graxo. A formação de cada acetil-CoA requer a remoção de 4 átomos de hidrogênio (dois pares de elétrons e 4 H+) da porção acil-graxo pelas desidrogenases. 
2) Os grupos acetil da acetil-CoA são oxidados a CO2 no ciclo do ácido cítrico, que também ocorre na matriz mitocondrial. A acetil-CoA derivada dos ácidos graxos então entra em uma via de oxidação final comum com a acetil-CoA derivada da glicose precedente da glicólise e da oxidação do piruvato. 
Nas duas etapas iniciais, a oxidação dos ácidos graxos produz transportadores de elétrons reduzidos NADH e FADH2. 
3) Os elétrons são doados para a cadeia respiratória mitocondrial, por meio da qual os elétrons passam para o oxigênio com a fosforilação concomitante de ADP a ATP. A energia liberada pela oxidação dos ácidos graxos é, portanto, conservada como ATP. 
A β-oxidação de ácidos graxos saturados tem quatro passos básicos: 
1º passo: a desidrogenação da acil-CoA graxo produz uma ligação dupla entre os átomos de carbono α e β (C-2 e C-3), produzindo uma trans-Δ²-enoil-CoA (Δ² posição da dupla). 
Três isoenzimas da acil-CoA desidrogenase catalisam esse passo, elas são flavoproteínas com FAD como grupo prostético: 
- Acil-CoA desidrogenase de cadeia muito longa (VLCAD): atuando em ácidos graxos de 12 a 18C; 
- Acil-CoA desidrogenase de cadeia média (MCAD): atuando em ácidos graxos de 4 a 14C; 
- Acil-CoA desidrogenase de cadeia curta (SCAD): atuando em ácidos graxos de 4 a 8C 
Os elétrons removidos da acil-CoA graxo são transferidos para o FAD, e a forma reduzida da desidrogenase imediatamente doa seus elétrons a um transportador de elétrons da cadeia respiratória mitocondrial, a flavoproteína de transferência de elétrons. 
A acil-CoA desidrogenase está ligada à membrana interna e, uma ligação dupla é introduzida em um ácido carboxílico entre os carbonos α e β, FAD é o aceptor de elétrons, e os elétrons das reações por fim entram na cadeia respiratória e passam para o oxigênio, com a síntese concomitante de cerca de 1,5 moléculas de ATP por par de elétrons.
2º passo: água é adicionada à ligação dupla da trans-Δ²-enoil-CoA para formar o esteroisômero L da β-hidroxiacil-CoA. 
Essa reação é catalisada pela enoil-CoA hidratase. 
3º passo: L-β-hidroxiacil-CoA é desidrogenada para formar β-cetoacil-CoA, pela ação da β-hidroxiacil-CoA desidrogenase. NAD+ é o aceptor de elétrons. 
O NADH formado na reação doa seus elétrons para a NADH-desidrogenase, um transportador de elétrons da cadeia respiratória, e ATP é formado a partir de ADP à medida que os elétrons passam para o O2. 
4º passo: catalisado pela acil-CoA-acetiltransferase (tiolase), que promove a reação de β-cetoacil-CoA com uma molécula de Coenzima A livre para separar o fragmento de dois carbonos da extremidade carboxílica do ácido graxo original como acetil-CoA. 
O outro produto é o tioéster de coenzima A do ácido graxo, agora encurtado em dois átomos de carbono. Essa reação é chamada de tiólise, já que a β-cetoacil-CoA é clivada pela reação com o grupo tiol da coenzima A. 
A reação da tiolase é o reverso da condensação de Claisen. 
As três últimas etapas dessa sequência de quatro passos são catalisadas por dois conjuntos de enzimas, sendo que as enzimas utilizadas vão depender do comprimento da cadeia acil-graxo. 
- Cadeias com 12C ou +: as reações são catalisadas por um complexo multienzimático associado à membrana interna da mitocôndria, a proteína trifuncional (TFP). 
- Quando a TFP tiver encurtado a cadeia acil-graxo para 12C ou menos, as próximas oxidações são catalisadas por um conjunto de quatro enzimas solúveis na matriz. 
As três primeiras reações da β-oxidação criam uma ligação C-C muito menos estável, na qual o carbono α (C-2) está ligado a dois carbonos carbonílicos (o intermediário β-ceto-acil-CoA). A função cetona do carbono β (C-3) faz dele um bom alvo para ataque nuclefílico pelo –SH da coenzima A, catalisada pela tiolase. 
 
Os quatros passos da β-oxidação são repetidos para produzir acetil-CoA e ATP: 
Em uma passagem pela sequência da β-oxidação, uma molécula de acetil-CoA, dois pares de elétrons e quatro prótons (H+) são removidos da acil-CoA graxo de cadeia longa, encurtando-a em dois átomos de carbono. 
Palmitoil-CoA + CoA + FAD + NAD+ + H2O miristoil-CoA + acetil-CoA + FADH2 + NADH + H+ 
Seguindo a remoção de uma unidade de acetil-CoA da palmitoil-CoA, o tioéster de coenzima A do ácido graxo encurtado (miristato 14C) permanece. A miristoil-CoA pode agora passar por outro conjunto de quatro reações da β-oxidação, exatamente análogo ao primeiro, para produzir outra molécula de acetil-CoA e lauroil-CoA, o tioéster de coenzima A do laurato de 12 C. Atodo, sete passagens pela sequência da β-oxidação são necessárias para oxidar uma molécula de palmitoil-CoA em oito moléculas de acetil-CoA.
- Cada molécula de FADH2 formada durante a oxidação do ácido graxo doa um par de elétrons para a ETF da cadeia respiratória, e cerca de 1,5 moléculas de ATP são geradas durante a transferência de cada par de elétrons para o O2. 
- Cada molécula de NADH formada doa um par de elétrons para a NADH-desidrogenase mitocondrial, e a transferência subsequente de cada par de elétrons para o O2 resulta na formação de aproximadamente 2,5 moléculas de ATP. 
- Assim, 4 moléculas de ATP são formadas para cada unidade de dois carbonos removida em uma passagem pela sequência. 
- Observe que a água também é produzida nesse processo. A transferência de elétrons do NADH ou FADH2 para o O2 produz uma H2O por par de elétrons. 
- A redução de O2 pelo NADH também consome um H+ por molécula de NADH 
Equação total: oxidação do palmitoil-CoA em 8 moléculas de acetil-CoA 
Palmitoil-CoA + 7CoA + 7O2 + 28 Pi + 28 ADP 8acetil-CoA + 28ATP + 7H2O 
A acetil-CoA pode ser oxidada ainda mais no ciclo do ácido cítrico: 
- A acetil-CoA produzida a partir da oxidação dos ácidos graxos pode ser oxidada a CO2 e H2O pelo ciclo do ácido cítrico. 
- Como a ativação do palmitato a palmitoil-CoA quebra duas ligações fosfoanidrido do ATP o custo energético de ativar um ácido graxo é equivalente a 2 ATP e o ganho líquido por molécula de palmitato são 106 ATP. 
OBJETIVO 6 – DESCRVER METABOLISMO DO COLESTEROL E DISLIPIDEMIAS
Dislipidemia é a elevação de colesterol e/ou de triglicerídios no plasma ou uma baixa concentração de HDL que contribui para o desenvolvimento de aterosclerose. As causas podem ser primárias (genéticas) ou secundárias. O diagnóstico é realizado pela medida das concentrações totais de colesterol, triglicerídios e lipoproteínas individuais. O tratamento envolve alterações alimentares, atividade física e drogas hipolipemiantes.
Não há um ponto de corte natural entre as concentrações de lipídios normais e anormais, pois as medidas de lipídios são contínuas. Provavelmente, existe uma relação linear entre as concentrações de lipídios e o risco cardiovascular, de forma que vários indivíduos com concentrações“normais” de colesterol se beneficiam ao atingir concentrações ainda mais baixas. Por conseguinte, não há definições numéricas de dislipidemia; o termo se aplica a concentrações de lipídios para as quais o tratamento se mostrou benéfico. O benefício comprovado é maior para redução de LDL. Na população geral, as evidências são menos fortes para redução de concentrações elevadas de triglicerídios e aumento de concentração de HDL.
As concentrações de HDL nem sempre predizem o risco cardiovascular. Por exemplo, concentrações elevadas de HDL causadas por algumas doenças genéticas podem não propiciar proteção de doenças cardiovasculares, e baixas concentrações de HDL decorrentes de alguns distúrbios genéticos podem não aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Apesar de as concentrações de HDL predizerem o risco cardiovascular na população geral, o aumento do risco pode ser ocasionado por outros fatores, como anormalidades lipídicas e metabólicas associadas, mais que a concentração de HDL em si.
Classificação
As dislipidemias eram tradicionalmente classificadas por padrões de elevação de lipídios e lipoproteínas no plasma (fenótipos de Fredrickson — Padrões de lipoproteínas (fenótipos de Fredrickson)). Um sistema mais prático categoriza as dislipidemias como primárias ou secundárias e classifica-as por
· Aumentos apenas do colesterol (hipercolesterolemia pura ou isolada)
· Aumentos apenas dos TGs (hipertrigliceridemia pura ou isolada),
· Aumentos de colesterol e triglicerídeos (dislipidemias mistas ou combinadas)
Esse sistema não leva em consideração anormalidades específicas das lipoproteínas (p. ex., baixo HDL ou alto LDL) que podem contribuir para doenças, apesar das concentrações normais de colesterol e triglicerídios.
OBJETIVO 8 – ENTENDER COMO O CONSUMO DE LIPIDIOS E O SEDENTARISMO CONSTITUEM FATORES DE RISCO PARA O INFARTO MIOCÁRDICO.
A doença aterosclerótica é apontada como primeira causa de morte no mundo, sendo responsável por infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral, além de atuar sinergicamente sobre o desenvolvimento de doenças como hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM). O principal fator envolvido no seu desenvolvimento é o colesterol e o lipídio plasmático em altas concentrações. A low-density lipoprotein (LDL) se constitui no maior reservatório de colesterol no plasma
humano, representando 60% a 70% do colesterol plasmático total. Os estudos têm demonstrado haver uma associação positiva entre a ingestão de gordura saturada e o aumento de eventos cardiovasculares, bem como uma associação negativa destes, com a ingestão de gorduras insaturadas. Visto o impacto da doença e suas implicações sobre a população mundial, o objetivo deste estudo foi, por meio de revisão bibliográfica, reunir alguns estudos e informações, de maneira precisa, sobre como os lipídios da dieta se relacionam com tal evento. Concluímos que a dieta atua de maneira benéfica ou não, dependendo do tipo e
quantidade de lipídio ingerido. Uma dieta equilibrada e saudável, com aumento de gorduras insaturadas e diminuição de gorduras saturadas, é benéfica não só para a prevenção e tratamento da aterosclerose, mas também para a prevenção e controle de outros fatores de risco associados, tais como a HAS e o DM
OBJETIVO 9 – DEFINIR AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS DOS LIPIDIOS NA ALIMENTAÇÃO
Os lipídios são importantes na nutrição, pois concentram, em média, 2,25 vezes mais energia do que o peso equivalente de proteínas ou carboidratos. Por serem abundantes em animais e vegetais, sua obtenção na dieta natural é facilitada e, na dieta industrializada, o custo para sua adição é reduzido. O lipídio mais importante na nutrição é o ácido linoléico, que deve constar obrigatoriamente na alimentação. As gorduras também podem ser sintetizadas pelo organismo a partir de ácidos graxos da dieta, de carboidratos e de produtos de degradação de proteínas.
Além de fornecerem energia, os lipídios são importantes na alimentação por influenciar na palatabilidade e textura dos alimentos e carrearem vitaminas lipossolúveis (solúveis em gordura). O tipo e a quantidade de óleos e gorduras na dieta são extremamente importantes, pois podem influenciar: 1) o apetite e a ingestão dos alimentos; 2) os níveis exigidos de minerais, vitaminas e proteínas na dieta; 3) a velocidade e a eficiência de ganhos e perdas de peso; 4) a capacidade de realizar trabalho muscular; 5) estado da pelagem; 6) aparência física; 7) o tipo de gordura depositada no organismo; 8) patologia dos tecidos.
Um desbalanço na quantidade de gordura na dieta, mesmo em pequenas proporções, podem provocar desequilíbrios metabólicos e conseqüentes enfermidades. Filhotes, principalmente os de crescimento rápido, quando alimentados com dietas desbalanceadas em gorduras, podem ficar susceptíveis a infecções e alteração na pelagem e na pele, por exemplo.
Em razão de seu alto teor calórico, são os lipídios que determinam a densidade energética de um alimento. Como dito anteriormente, também contribuem para o aumento da palatabilidade. Isso leva a uma série de cuidados como, por exemplo, tentar promover um equilíbrio entre a quantidade ideal de gordura e a moderação do paladar, ou seja, evitar um consumo excessivo de alimento. Os carnívoros suportam bem níveis elevados de gorduras e as digerem perfeitamente. No entanto, esse possível excesso deve ser estritamente reservado aos cães ativos ou que possuem necessidades energéticas elevadas, por exemplo cadelas em lactação. A grande freqüência de cães obesos é em geral associada à utilização abusiva de alimentos bastante energéticos em animais pouco ativos, sem um adequado controle de consumo. Com relação ao crescimento, deve-se estar sempre atento a escolher um alimento com nível energético (logo, de lipídios) moderado, a fim de evitar um crescimento muito rápido e indução precoce da obesidade, que é difícil de corrigir na idade adulta.
Duas famílias de ácidos graxos merecem particular atenção:
– a série “ômega 6”: o precursor do ácido linoléico, que se encontra mais naturalmente nos vegetais e pouco nos produtos animais, com exceção da gordura de frango. Sua carência provoca o ressecamento da pele, descamação, alopecia (falta de pêlos) e pêlos sem brilho.
– a série “ômega 3”: o precursor do ácido linolênico. Essa série não seria indispensável, pois pode ser sintetizada a partir do ácido linoléico. No entanto esses ácidos graxos têm uma função metabólica importante na integridade da membrana celular, no funcionamento do sistema nervoso e na indução da imunidade. Um aporte em ácidos graxos dessa série é, pois, recomendada. Podem ser encontrados em óleos de peixes.
OBJETIVO 6 – RELACIONAR A PRÁTICA DE EXERCÍCIO FISICO COM O METABOLISMO DOS LIPÍDIOS
A prática de atividade física com o objetivo de redução ponderal ou de gordura corporal, além de permitir a mudança estética, proporciona a redução da pressão arterial e aumento da captação de glicose pela maior sensibilidade à insulina, fazendo com que a prática de exercícios auxilie o controle glicêmico de pacientes portadores de DM. 
Quanto maior é a intensidade de um exercício, maior é o gasto de energia obtido da oxidação de nutrientes e, consequentemente, maior é o consumo de oxigênio. Desta forma, a intensidade de um exercício é medida através do consumo de oxigênio. Por exemplo, exercícios de baixa intensidade, como uma caminhada, proporcionam um menor consumo de oxigênio que uma corrida em alta velocidade. 
A utilização da gordura como fonte energética irá depender diretamente da intensidade e duração do exercício. 
Assim que o exercício físico é iniciado, sinais são enviados através das vias eferentes pelo sistema nervoso até os músculos em movimento, provocando adaptação metabólica ao exercício. Para que o músculo obtenha energia através da quebra da molécula de ATP, esta tem que ser produzida a partir da degradação de carboidratos, lipídios e proteínas. Isso é intensificado por alguns hormônios durante o exercício, como as catecolaminas (epinefrina e norepinefrina),glucagon, hormônio do crescimento e cortisol. 
- A epinefrina, assim como o glucagon, liga-se a receptores beta-adrenérgicos que promovem a ativação da enzima lipase hormônio-sensível, que promove a degradação lipídica no tecido adiposo. A quebra das moléculas de triacilgliceróis encontradas no tecido adiposo libera ácidos graxos e glicerol na circulação, de forma que com a lipólise é aumentada durante o exercício, os níveis de ácidos graxos e glicerol no sangue ficam aumentados. 
- O hormônio do crescimento reduz a captação de glicose pelo tecido adiposo, disponibilizando-a ao tecido muscular. 
- Durante os exercícios, a insulina, que é o hormônio que inibe a lipólise, é menos produzido, isto é, não impede um aumento da quebra de gorduras. A insulina é fundamental para a captação de glicose pelas células em situações normais, porém durante o exercício físico, tal captação torna-se relativamente independente da insulina, o que é percebido pela redução da glicemia. Esse efeito é explicado por uma translocação do GLUT-4 causada pelo exercício. 
Os ácidos graxos são captados por diversos tecidos, especialmente os músculos durante o exercício, onde ele é convertido em acil-CoA graxo. Tais moléculas necessitam atravessar a membrana mitocondrial interna e chegar à matriz da mitocôndria, onde são oxidadas na via β-oxidação. Como são impermeáveis a membrana, o transporte é realizado pela carnitina-acil transferase I (CAT-I) que torna sua entrada na matriz mitocondrial possível e consequente oxidação para a produção de ATP. 
Através de uma série de reações β-oxidação cada ácido graxo é degradado em moléculas de acetil-CoA, que podem ser oxidadas no ciclo de Krebs para gerar energia ou ser convertidas em corpos cetônicos.

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