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DEFINIÇÃO A anemia é caracterizada pela baixa concentra- ção de hemoglobina no sangue, assim, a capaci- dade do transporte de oxigênio são insuficientes para atender as necessidades fisiológicas, que va- riam de acordo com o sexo, idade, altura e gesta- ção. É uma patologia comum durante a gestação e 50% dos casos está associada a ingestão insufici- ente do ferro. Também está relacionada às deficiên- cias do folato, vit. B12 ou vit. A; bem como por infla- mação crônica, infecções parasitárias e doenças hereditárias. Na gestação ocorre a hemodiluição gestacional, que pode culminar em uma anemia na gestante: Deficiência de ferro e outros fatores : Os principais determinantes da anemia durante a gestação e os primeiros anos de vida incluem: CONSEQUÊNCIAS DA ANEMIA NA GESTAÇÃO: » Aumento do risco de abortamento espontâ- neo; » prematuridade; » restrição do crescimento intrauterino (RCIU); » hemorragia » Risco aumentado para parto pré termo em gestantes com anemia no 2° trimestre; » Dificuldade na vascularização placentária – alteração da angiogênese; » Anemia no 1° trimestre está relacionada com baixo peso ao nascer, bebês pequenos para a idade gestacional (PIG); VALORES DE REFERÊNCIA: Não grávidas: Concentração de hemoglobina (Hb) < 12g/dl Grávidas e Puérperas: » Cunningham et al (2012): Concentração de Hb < 10g/dl durante a gravidez e puerpé- rio; » CDC - Centers for Disease Control and Pre- vention (2013): Concentração de Hb ≤ 11 g/dl no 1º e no 3º trimestre e ≤ 10,5 g/dl no 2º trimestre; » OMS (2001) e Ministério da Saúde (2012): Valores de Hb < 11 g/dl: Ausência de anemia ≥ 11 g/dl: Anemia leve a mode- rada de 8 g/dl a 10 g/dl: Anemia grave < 8 g/dl Referência uti lizada em aula/prova: Leve: Hb> 10g/dL e Htc > 30% Moderada Hb = 7 g/dL a 10 g/dl com Htc = 21 a 30 % Grave Hb < 7 g/dL com Htc < 21% PRINCIPAIS CAUSAS DA ANEMIA: Elas são divididas em 2 grandes grupos: Adquiridas: Anemia por deficiência de ferro (Ferro- priva); Anemia causada por perda sanguínea aguda; Anemia por inflamação ou malignidade; Anemia megaloblástica; Anemia hemolítica adqui- rida; Anemia aplásica ou hipoplásica. Hereditárias: Talassemias; Hemoglobinopatias de células falciformes; outras hemoglobinopatias; Ane- mias hemolíticas hereditárias. SINAIS E SINTOMAS MATERNOS: » Cansaço, fadiga, palidez, déficit de con- centração, palpitações, taquicardia e dis- pneia. » Comprometimento do desempenho físico e mental; » Pré-eclâmpsia e alterações cardiovascula- res; » Diminuição da função imunológica; » Alterações da função da tireoide; » Queda de cabelos e enfraquecimento das unhas; » Menor tolerância às perdas sanguíneas do parto, resultando em maior risco de anemia pós-parto e hemo-transfusão. SINAIS E SINTOMAS FETAIS: » Morte (abortamento e óbito intrauterino); » Hipoxemia fetal; » Prematuridade; » Quadro séptico por ruptura prematura de membranas; » Restrição de crescimento intrauterino, muitas vezes com alterações irreversíveis do desen- volvimento neurológico da criança CONSEQUÊNCIAS GERAIS DA DEFICIENCIA DE FERRO: Comprometimento do sistema imune; aumento do risco de doenças e mortalidade perinatal e recém nascidos; aumento da mortalidade materna e infan- til; redução da função cognitiva; dificuldades de aprendizagem em crianças escolares e menor pro- dutividade em adultos; Alimentos fontes de ferro: O ferro é um micronutriente que participa da síntese das células vermelhas do sangue e no transporte de oxigênio. Ferro heme: encontrado em fonte animal (carnes ver- melhas, peixes) e é melhor absorvido; Ferro não heme: encontrado em fontes vegetais (hortaliças verdes escuras e leguminosas); O ferro não heme possui baixa biodisponibilidade, portanto, é recomendado que na mesma refeição tenham alimentos ricos em vitamina C e A, para me- lhorar a absorção desse tipo de ferro, como: la- ranja, acerola, mamão, manga etc. ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO: As mudanças hematológicas na gravidez decorrem ao aumento do volume sanguíneo. Ocorre o au- mento do plasma e diminui o volume de eritrócitos com hematócritos, assim, aumenta a necessidade de ferro para suprir o aumento dos eritrócitos. Assim, a quantidade não suprida pelas reservas de ferro deve ser incrementada pela suplementação do ferro. A principal causa é a carência alimentar de ferro e perda aguda de sangue. Diagnóstico Sinais e sintomas: palidez, astenia, sopro sistólico leve. Hemograma: microcitose (VCM < 80 fL) e hipocromia (HCM < 26 pg); Ferritina abaixo de 30 mcg/L; Ín- dice de saturação de transferrina abaixo de 15%; Ferro sérico abaixo de 60 mg/mL Ferritina: proteína produzida pelo fígado com a função de armazenar ferro. Transferrina: proteína transportadora do ferro. IST: razão entre o ferro sérico e a capacidade total de ligação do ferro PREVENÇÃO: Medidas complementares à alimentação saudável. De acordo com o manual do ministério da Saúde: PROGRAMA NACIONAL DA SUPLEMENTAÇÃO DE FERRO – PNSF. A suplementação profilática com sulfato ferroso é uma medida com boa relação de custo efetividade para a prevenção da anemia. O PNSF consiste na suplementação profilática de ferro para todas as crianças de seis a 24 meses de idade, gestantes ao iniciarem o pré-natal, independentemente da idade gestacional até o terceiro mês pós-parto, e na su- plementação de gestantes com ácido fólico. Suplementação de ferro elementar de 30 a 60mg/dia, sendo a recomendação (WHO, 2001) de suplementação de ferro para o tratamento da ane- mia ferropriva é: 1 - Adultos: 120 mg de ferro elementar/dia por três meses; 2 - Crianças menores de dois anos: 3 mg de ferro/kg/dia, não superior a 60 mg por dia. Nas crianças, a recomendação da suplementação de ferro deve respeitar suas características individu- ais: TRATAMENTO: Usar de 120 a 240mg de Fe elementar por dia. Deve-se repetir o hemograma a cada 4 semanas, e o resultado esperado é que aumente 1g de hemo- globina a cada 4 semanas. » Hb≥11g/dl: Sulfato ferroso 200 mg por dia, corresponde a 40mg de ferro elementar. Usar 30 a 60 mg de ferro elementar até o terceiro mês pós-parto ou pós-aborto. » Hb entre 8g/dl e 11g/dl(anemia leve a mo- derada): 120 a 240 mg de Fe elementar. Repetir entre 30 e 60 dias. Manter trata- mento até atingir 11g/dl e iniciar dose de suplementação. Solicitar parasitológico/tra- tar. » Hb <8g/dl (anemia grave): encaminhar para a avaliação de alto risco. Conduta: ÁCIDO FÓLICO: O ácido fólico é usado para evitar defeitos no fe- chamento do tubo neural, como anencefalia e espi- nha bífida. Usar 400mcg de ácido fólico por pelo menos 30 dias antes da concepção e manter no primeiro trimestre. As necessidades de ácido fólico aumentam durante a gravidez em função da rápida divisão celular no feto e aumento de perdas urinárias. Como o tubo neural se fecha no 28º dia de gestação, quando a gestação pode não ter sido detectada ainda, a suplementação do ácido fólico após o primeiro mês da gestação eventualmente não impedirá a ocor- rência de defeitos do tubo neural. Todavia, irá con- tribuir para outros aspectos da saúde materna e fe- tal. Os suplementos de ferro deverão ser administra- dos mesmo se não houver disponibilidade de ácido fólico. Recomendação: Os grupos de risco para a deficiência de folato in- cluem: antecedentes de defeitos no tubo neural (pessoal ou familiar); paciente em uso de drogas anticonvulsivantes (acido valpróico e carbamaze- pina); DM, polimorfismos genéticos, doenças inflama- tórias intestinais e pós cirurgia bariátrica. Pós aborto: As mulheres que sofreram abortamento devem ser orientadas a fazer a suplementação de 40mg de ferro elementar por dia até o terceiro mês pós aborto. ANEMIA MEGALOBLASTICA: Ocorre por deficiência de ácido fólico ou de vita- mina B12. Nesse tipo de anemia, A suplementação de ácido fólico,na dose de 0,4 a 0,8 mg/dia, iniciada pelo menos 1 mês antes da concepção e mantida du- rante toda a gestação, é suficiente para a preven- ção de deficiência materna de folato. A Deficiência de vitamina B12 decorre de: gastrec- tomia, doenças de Crohn e usuárias crônicas de ini- bidores de bomba de prótons. Diagnostico: » Níveis baixos de hemoglobina com VCM > 100 fL. » Dosagem de ácido fólico e vitamina B12 para diagnóstico diferencial. Tratamento: » Ácido fólico 1 mg/dia até normalização dos exames. » Vitamina B12 IM 1.000 mcg semanal até nor- malização e, a seguir, 1 vez ao mês. HEMOGLOBINOPATIAS: São doenças de origem genética, que alteram a produção da hemoglobina e são divididas em 2 grupos: doença falciforme e talassemia; Doença falciforme: A formação da hemoglobina é mutante, formando as chamadas hemoglobina S e C. A mais comum é a homozigose da hemoglobina S (SS). A hemólise é a característica comum responsável pelas manifesta- ções clinicas da anemia, causa dor e lesão de ór- gãos. Ela é classificada como anemia crônica, com os ní- veis de hemoglobina entre 6 e 9g/dl. Ocasiona fe- nômenos trombo-oclusivos na microcirculação. Complicações da doença falciforme: Infecções; Crises álgicas; Colelitíase; Síndrome torá- cica aguda; Osteomielite; Hipertensão pulmonar; AVE; Retinopatia; Insuficiência rena Tratamento: Deve-se fazer a Transfusão se: » Queda do nível de Hb superior a 30% » Hb < 6 g/dl ou hematócrito < 18% » Pré-eclâmpsia grave » IRA » Bacteremia » Síndrome torácica aguda » Hipoxemia » Pré-operatório Outras complicações : Crises vaso-oclusivas: se manifestam por dor in- tensa. Afastar fatores predisponentes, investigar in- fecções, promover hidratação, garantir analgesia. Transfusão pode ser necessária. Síndrome torácica aguda: se manifesta com tosse, dor torácica, taquipnéia, febre e leucocitose. Atento a diagnósticos diferenciais. Hidratação, analgesia, antibioticoterapia, oxigenioterapia e transfusão san- guínea. Sequestro esplênico: Queda súbita de hemoglo- bina, choque hipovolêmico e aumento do tamanho do baço. TALASSEMIAS: Caracterizada por anemia microcítica e hipocrômi- cas, os níveis de ferro sérico podem estar normais. O diagnostico é feito por eletroforese da hemoglo- bina e cinética do ferro. Tratamento: se necessário, é recomendado fazer transfusão sanguínea. Pode-se fazer a suplementa- ção de ácido fólico 1mg/dia FLUXOGRAMA
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