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GESTAÇÃO PRÉ-TERMO E PÓS-TERMO AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO GESTAÇÃO PRÉ-TERMO - Gestação pré-termo é aquela com IG abaixo de 37 semanas (259 dias) a partir da DUM (OMS, 2006) · Limite inferior acima de 20-22 semanas (154 dias) e em 500g, abaixo disso é abortamento - Como avaliar a idade gestacional (IG)? · O dado mais fiel que a paciente pode nos dar é a DUM · A forma mais adequada é a USG corrigida – forma mais precoce na gestação, com base na primeira USG da gestação · A forma é contestar a DUM pela USG, para isso soma-se a quantidade de dias que se passaram da 1ª USG até o momento da consulta e divide por 7, isso vai fornecer a IG em semanas. · Outra forma de medir a IG – é pegar a AFU multiplicar por 8 e dividir por 7 · O método de Capurro é quando o bebê já nasceu, quem faz é o pediatria - Classificação quanto à idade gestacional · Prematuridade extrema <28 semanas (5% das gestações) · Prematuridade grave 28-30 semanas (15%) · Prematuridade moderada 31-33 semanas (20%) · Prematuridade quase termo 34-36 semanas (60%) - Classificação quanto ao peso ao nascer – baixo peso ao nascer é todo aquele com peso superior a 500g e inferior a 2500g · Baixo peso <2.500h · Muito baixo peso <1500g · Extreme baixo peso <1000g - 2/3 dos RN com baixo-peso são pré-termos, quando o RN a termo está com baixo peso o tal é chamado de PIG (Pequeno para Idade Gestacional). - Fatores de risco · História de parto prematuro anterior · RPMO · Infecções · Gestação múltipla · Polidramnia Epidemiologia - Pré-termo respondem por 11,7% das gestações no Brasil (2013) de acordo com UNICEF e MS · Aumento no nordeste brasileiro 14,7% e sudeste 11,1% - 10º colocação do Brasil no Ranking mundial (OMS) - Os países desenvolvidos os pré-termos respondem por 5-15% das gestações, enquanto países de baixa renda 11,8%, e 9,4% aqueles de renda média. - A prematuridade perfaz 75% da mortalidade perinatal, com mais de 50% de morbidade perinatal · Complicações – SAR, enterocolite necrotizante, paralisia cerebral e hemorragia intraventricular · Procedimentos e internação Mecanismo de parto - O parto é uma interação equilibrada entre a contração uterina, ativação das membranas e dilatação cervical (via comum). Se alguma delas desequilibra, ocorre o parto, que pode ser a termo ou pré-termo. - Formas clínicas de ativação da via comum · RPMP · Contração pré-termo · Insuficiência cervical Fisiopatologia - Espontânea – na grande maioria das vezes, o parto prematuro é multifatorial · Membranas íntegras – 45% dos casos de gestação pré-termo · Membranas rotas – 25-40% dos casos de gestação pré-termo - Eletiva (30%) · Indicação materno-fetal – situações de mulheres com pré-eclâmpsia, IC, DMG · Iatrogênico – social (cede a pedidos da mãe, ou erro de cálculo por exemplo) ou econômico - Etiologias - Tentamos buscar a causa para o trabalho de parto prematuro para agir, e evitar o nascimento pré-termo. - Risco de parto prematuro · Nenhum parto prematuro anterior – 9% de risco · 01 parto prematuro <35 semanas – 16% de risco · 02 partos prematuro <35 semanas – 41% de risco · 03 partos prematuros <35 semanas – 67% de risco Clínica - Alguns marcadores podem ser usados como predição da gestação pré-termo marcadores clínicos, bioquímicos (secreção cervical, sangue materno, saliva) e USG transvaginal. - Marcadores clínicos · Parto prematuro prévio · Sangramento genital · Monitorização das contrações uterinas · Modificações cervicais (toque) · Índice ou escores (BISHOP) · Índice menor ou igual a 6 – Amadurecimento do colo · Índice >6 – Indução com ocitocina · Índice >8 – a probabilidade de parto vaginal após a indução é semelhante ao trabalho de parto espontâneo - Marcadores bioquímicos · Secreção cervical da Fibronectina fetal – é uma glicoproteína da matriz extracelular, ausente a partir de 24 semanas até o termo, serve para adesão entre as membras fetais e tecidos uterinos · Sensibilidade de 89% e especificidade de 86% · Sendo assim vai ser liberada pela matriz extracelular quando há ruptura na interface uteroplacentária. · Alto valor preditivo negativo – se negativo indica que a chance de um parto pré-maturo em 1ª semana é mínima. · Se positivo – não indica que vai nascer antes do tempo. · Sangue materno – fosfatase alcalina, CRH (hormônio liberador de corticotrofina) e PCR · Saliva – estradiol - USG – é um exame que dá muito subsídio, pois nos ajuda na predição do parto prematuro · Apagamento e afunilamento do colo de útero – achado ultrassonográfico · A avaliação cervical com USG do comprimento do colo é feito com 18/22 a 24 semanas. O rastreio é feito: · USG obstétrico morfológico 20 a 24 semanas (normalmente de 22 semanas); E · USG transvaginal para medir o colo do útero. · A medida do colo: · Abaixo de 22 semanas é acima de 4 cm · Entre 22 e 32 semanas é igual a 3,4 cm · Acima de 32 semanas é igual a 3 cm · O risco de parto prematuro é quando o colo atinge valores menores ou iguais a 2,5 cm (ou 25 mm), ou quando nota dilatação e afunilamento. - Em resumo (Medcurso) – podemos utilizar o USG e a Fibronectina. Mas na aula o professor deu todas essas opções. - Sludge – é um achado ultrassonográfico mostrando um grupamento de partículas semelhantes a lama ou barro próximo ao canal cervical, que resulta de uma invasão microbiana. · Tem um risco de corioaminionite mesmo com as membranas íntegras. · Deve-se tratar com antibiótico, pois o objetivo de toda gestação é chegar adequada aos 9 meses. Diagnóstico clínico - Trabalho de parto prematuro · 4 contrações em 20 minutos OU 8 contrações em 60 minutos; E · Dilatação cervical >2cm OU Apagamento cervical >=80%. Tratamento - O objetivo é postergar o parto, para fazer a corticoterapia e se necessário transferência da gestante para uma unidade de referência. · O corticoide serve para que caso ele venha a nascer, ele tenha maturidade pulmonar adequada. Por isso, se tem risco de parto prematuro, eu faço o corticoide · Meu objetivo é que o bebê chegue até o termo, ou mais próximo possível. - Qual é a forma de prevenção? · Repouso – não faz diferença do ponto de vista estatístico, mas é uma recomendação quase que universal · Tratamento da vaginose bacteriana · Circlagem uterina · Progesterona (IM ou intravaginal) – é a medicação mais importante, se: · Histórico de parto prematuro anterior · Colo curto no USG - Quem eu vou conseguir tratar e retardar o parto? · Trabalho de parto não avançado · Vitalidade fetal preservada · Ausência de infecção intrauterina · IG <34 semanas · Ausência de patologias maternas graves - Tocolíticos – parar o trabalho de parto para permitir o corticoide · 1ª linha) Nefedipina – para reduzir a dor, por isso se usa um BCC (é a droga preferencial) · Dose de ataque 10mg 15’/15’ até 4 doses · Dose de manutenção 20mg 8/8h até 48-72h · Indometacina – inibe a cicloxigenase · Risco de fechamento do ducto arteriolar · Sulfato de magnésio – inibidor dos canais de cálcio no miométrio (é um tocolítico fraco) · Serve para neuroproteção entre 24-34 semanas · Atosibano – antagonista específico da ocitocina, com menos efeito colateral (mais caro) · Progesterona – profilaxia do colo curto · 200mg/dia ou 2x/dia · Beta-adrenérgicos – é uma droga que se usa, mas tem muito efeito colateral (taquicardia, tremores e náuseas), a preferência é pelos outros tocolíticos · Salbutamol, terbatalina e ritodrina - O objetivo da tocólise é permitir a corticoterapia, pois a tocólise consegue inibir o trabalho de parto por 48h até no máximo 7 dias · Ao iniciado o trabalho de parto, a tendência é seguir, independente da tocólise ou não. O nosso objetivo é ganhar um tempinho para iniciar a Betametasona ou Dexametasona. - Corticoterapia · Dose – Betametasona 12mg IM 24/24h 2 doses · Idade gestacional – entre 24 e 34 semanas (atualmente se indique até 36,6 semanas) · Diminui a frequência e gravidade da: · SAR e doença da membrana hialina · Hemorragia intracraniana, ou intraventricular. · Enterocolite necrotizante · Mortalidade neonatal - Profilaxia do estreptococo do grupo B · Penicilina cristalina é a 1ª escolha, feito comuma dose de ataque de 5 milhões, com uma manutenção de 2,5 milhões de 4/4h até o nascimento. · Outras opções (se alergia) – Ampicilina, Cefazolina, Clindamicina, Eritromiicna ou Vancomicina · Só não faz se a cultura vaginal e retal for negativa a menos de 5 semanas - Profilaxia de hemorragia intracraniana – para gestações acima de 30 semanas · Sulfato de Magnésio 4g de ataque, seguida de manutenção - Cerclagem · Condição – se for gravidez única, e o colo <25 mm desde 16 semanas até 23 semanas. · Em geral, se você tiver uma incompetência istmo-cervical · É feito com fio Prolene e fechamento do colo de útero, a partir de 37 semanas retira o fio. - Pressário – peça de plástico para evitar a dilatação - Tratamento de patologias associadas – ITU e vaginose bacteriana PÓS-TERMO - É uma gravidez prolongada, alcança 42 semanas de idade gestacional (294 dias) - Pode ser · Fisiológica – não há disfunção da placenta · Patológica – insuficiência da placenta – SFA crônico ou agudo - É uma condição que eleva a mortalidade perinatal e neonatal - A mortalidade quando · Alcança 42 semanas é 2x maior do que o termo · Alcança 43 semanas é 6x maior do que o termo - A frequência é de 13-14% das gestações (dados de 2010) · Quando considerado a DUM é de 10% · E quando usado do USG do 1º trimestre é de 8-9% - Nos EUA · 14% das gestações alcançam 41 semanas · 6% das gestações alcançam 42 semanas ou mais Etiologia - A principal é o erro de cálculo da idade gestacional (é o mais comum) - Causas desconhecidas - Fatores maternos · Primiparidade · Gravidez prolongada anterior 50% - Fatores fetais · Anencéfalos · Deficiência de Sulfatase placentária – doença recessiva ligada ao cromossomo X, com diminuição do estriol · Hipoplasia suprarenal Evolução Diagnóstico - Confirmar a IG – DUM e USG precoce - Exame líquido amniótico - Avaliar a vitalidade fetal · Cardiotopografia basal · PBF simplificado · Doppler das artérias umbilicais Conduta - Gestação de alto risco – interrupção da gestação com 38-39 semanas · Cardiopatas, pneumopatas, DMG, hipotireoidismo - Gestação de baixo risco – interrupção da gestação com 41 semanas