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Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS
Antonio Rodolfo de Siqueira
Viviane Guidotti
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
M278e Siqueira, Antonio Rodolfo de.
Educação de jovens e adultos / Antonio Rodolfo de 
Siqueira, Viviane Guidotti. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
216 p. : il. ; 22,5 cm. 
ISBN 978-85-9502-052-8
1. Educação de jovens. 2. Educação de adultos I. 
Guidotti, Viviane. II. Título. 
CDU 37.022
Educacao_Jovens_e_Adultos_1-4.indd 2 16/03/2017 11:48:13
Orientações curriculares 
para EJA
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Identifi car as diferentes dimensões que compõem o currículo da EJA,
considerando o educando jovem/adulto em sua totalidade.
 Analisar a importância da elaboração de um currículo para EJA fun-
damentado na realidade social em que o educando jovem/adulto
está inserido.
 Identifi car a estrutura do currículo, de modo a compreender as dife-
rentes relações entre a linguagem do educando e seu contexto de
mundo e os espaços em que vivem.
Introdução
Para iniciar este capítulo reflita sobre a seguinte frase: “Quando somos 
jovens, não escolhemos nossos professores, mas quando somos adultos, 
escolhemos de quem aprenderemos e naquilo que creremos” (FERREIRA, 2013). 
A EJA é considerada uma educação voltada para alunos que estão no 
mercado de trabalho, mas que querem melhorar suas condições profis-
sionais. Esses alunos veem na EJA uma chance de inserção no mercado de 
trabalho. Assim, um currículo para a EJA deve ser multicultural, pautado 
em propostas educativas que levem em conta os alunos em sua diversi-
dade. Para tanto, é necessário considerar as diferenças culturais, sociais, 
éticas e de gênero. Na EJA, o currículo apoia-se em uma base comum 
nacional e uma parte diversificada, como vemos no ensino fundamental 
regular. Mas nessa modalidade, não é positivo nem aconselhável limitar 
um currículo arbitrário sobre o que o aluno deve aprender. O impor-
tante é que o currículo desenvolvido busque trabalhar conhecimentos, 
habilidades e valores, que auxiliem o aluno a integrar-se na sociedade 
e a ter participação consciente e ativa no meio em que se insere. O que 
hoje é concebido como Educação de Jovens e Adultos corresponde à 
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Lápis
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Realce
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Realce
aprendizagem e qualificação permanentes, não suplementares, mas 
fundamentais que favoreçam a emancipação. 
Neste texto você vai acompanhar as orientações curriculares que orga-
nizam a Educação de Jovens e Adultos, verificando as formas utilizadas para 
que o currículo contemple as diferentes dimensões da formação humana.
Os desafios na organização do conteúdo 
a ser trabalhado
A população brasileira, é de aproximadamente, 190 milhões de pessoas, e deste 
total, 72% desses cidadãos apresentam algum tipo de analfabetismo funcional. 
Embora a educação seja o fator que mais contribui para determinar o nível de 
alfabetismo de um indivíduo, ela não é o único, pois sujeitos com escolaridade 
semelhante apresentam níveis diferentes de alfabetismo. Os conhecimentos de 
uma pessoa, são inúmeros e adquiridos ao longo de sua história de vida. Com 
relação à EJA, o grande problema está no alto índice de evasão escolar. O aumento 
da escolaridade, também implica nova realidade, para uma população que antes 
não tinha acesso ao ensino, gerando diferentes desafi os. Para Schwartz (2012), 
sujeitos com menos recurso vão à escola enfrentando desafi os para aprender, 
por conta tanto de condições de vida mais precárias como a vivência de um 
ambiente alfabetizador mais empobrecido. Os investimentos prioritários na 
educação, têm como objetivo diminuir o número de analfabetos jovens e adultos.
Embora já se percebam algumas mudanças nos discursos sobre alfabeti-
zação, os índices elevados de não aprendizagem e evasão nessa modalidade 
de ensino ainda permanecem. A responsabilidade recai muitas vezes sobre 
o professor, que continua reproduzindo ações, concepções e atitudes, sem 
demonstrar compreensão das videntes mudanças necessárias para a prática 
pedagógica que as novas e crescentes demandas da educação requerem. A 
compreensão de que os conceitos de aprendizagem e de ensino mudaram desde 
a época em que os professores foram alfabetizados, bem como as diferentes 
demandas sociais que a escrita busca atender, o mundo, a vida, a realidade. 
Os níveis evolutivos que os jovens e adultos apresentam, sinalizam para os 
diferentes modos de organização conceitual e a maneira como interagem com 
o conhecimento que possuem. Destacamos duas espécies de conhecimentos, 
originados das experiências de vida dos cidadãos:
Saber sensível, diz respeito ao saber do corpo, originado na relação com 
o mundo e fundado na percepção das coisas e do outro. É um saber acessível 
a toda a humanidade: uma verdade mais antiga que todas as verdades con-
Educação de Jovens e Adultos54
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Realce
quistadas pela ciência. É sustentado pelos cinco sentidos, um saber que todos 
possuímos, mas que valorizamos pouco na vida moderna. É um conhecimento 
mais formal, mais reflexivo, que manifesta o encantamento com os novos 
saberes e com as vivencias experimentadas, precisando ser cultivada e utili-
zada pelo professor, para exercitar o raciocínio lógico, a reflexão, a análise, 
a abstração, construindo assim o conhecimento científico.
Saber cotidiano, uma reflexão crítica (instrumento de trabalho) que visa 
auxiliar o indivíduo (conhecimento e ação) no processo de formação da cida-
dania, é um saber da vida vivida, fruto da experiência, dos valores e princípios 
éticos, morais, já formados fora da escola. O saber cotidiano possui uma 
concretude, pensar com critérios, analisar seu processo de pensar e de agir no 
mundo, é o saber aprendido e consumado, no cotidiano de cada cidadão, dentro 
das suas realidades de vida. É regulado pelo senso comum e pouco valorizado 
no mundo acadêmico. É o conhecimento tácito, que passa de geração para 
geração, que está diretamente relacionado às suas práticas sociais.
A procura pela escola não é simples, como muitos pensam, trata-se de uma decisão 
que envolve famílias, patrões, as condições de acesso e a distância entre casa e escola; 
um processo de idas e vindas; de ingressos e desistências; de fracassos; incapacidade 
e outros problemas que o adulto alega para voltar a estudar.
O retorno ao ambiente escolar torna-se um projeto de vida, que precisa ser cuidado 
com muito carinho, pois contém todos os sonhos e anseios do estudante, como uma 
busca de ascensão social, emprego e qualidade de vida. Os alunos mais velhos se 
tornam mais resistentes à nova concepção da escola que os coloca como sujeitos ativos 
do processo educativo, com diversas práticas ativas de aprendizagem que respeitam 
seus conhecimentos e sua cultura. A escola precisa ser acolhedora e, à medida que 
o aluno se sentir confortável, com seus saberes valorizados, participará das reflexões 
dos conteúdos, oportunizando o conhecimento, a compreensão e o desenvolvimento 
de estratégias de alternativas de soluções.
As diferentes dimensões que compõem 
o currículo da EJA 
A Educação de Jovens e Adultos destina-se àqueles que não tiveram acesso ou 
continuidade aos estudos na idade apropriada, e possui a fi nalidade de reparar 
uma dívida social a uma parte da população que teve o direito à educação na idade 
55Orientações curriculares para EJA
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correta negado, possibilitando o seu reingresso no sistema educacional, assim, 
trazendo-lhes melhoria nos aspectos sociais, econômicos e educacionais; aumento 
da autoestima e a busca permanente da educação diversifi cada e universal.
A resolução CNE/CEB nº 1, de 5 de julho de 2000, estabelece as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, destacando 
a importância de considerar as situações, os perfise as faixas etárias dos 
estudantes (BRASIL, 2000).
De acordo com essas diretrizes, a EJA deve pautar-se pelos princípios de 
equidade, diferença e proporção, propondo um modelo pedagógico próprio, 
de modo a assegurar (BRASIL, 2000):
  a distribuição específica dos componentes curriculares, a fim de pro-
piciar um patamar igualitário de formação e restabelecer a igualdade 
de direitos e de oportunidades diante do direito à educação;
  a identificação e o reconhecimento da alteridade, própria e inseparável, dos 
jovens e dos adultos em seu processo formativo, da valorização do mérito 
de cada qual e do desenvolvimento de seus conhecimentos e valores;
  a proporcionalidade, com disposição e alocação adequadas dos com-
ponentes curriculares às necessidades próprias da Educação de Jovens 
e Adultos, com espaços e tempos nos quais as práticas pedagógicas 
assegurem aos seus estudantes identidade formativa comum aos demais 
participantes da escolarização básica.
A EJA é uma modalidade de educação básica e como tal tem as suas es-
pecificidades, sendo necessário diversificar os programas da EJA, em função 
do o aumento dos interessados que procuram esta modalidade de ensino e sua 
heterogeneidade, estabelecendo tempos de ensino, conteúdos e métodos que 
atendam ao perfil do aluno. O ensino profissional deverá integrar os programas 
da EJA com o intuito de aumentar sua eficácia.
É importante destacar que a escola é a forma mais organizada e elevada de acesso 
ao conhecimento e à cultura, sendo ela a grande responsável pela formação plena 
do cidadão. A educação oferece condições para que o cidadão conheça a com-
plexidade do mundo e nele intervir, através de suas ações, transformando a si 
próprio e suas experiências vividas no mundo.
Educação de Jovens e Adultos56
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A EJA contempla todas as idades e épocas de vida, com vistas o aumento da 
escolarização, promovendo o acesso à educação como um direito de todos em 
qualquer momento da vida. Quanto mais o homem se educa, mais necessidade 
ele sente de educar-se, pois percebe que é um ser inacabado.
O papel da EJA deve ser o de promover a conscientização crítica do 
trabalhador-estudante, através de uma reflexão sobre os processos sociais, 
econômicos e políticos.
Um currículo baseado na cultura dos alunos, necessita de uma nova postura 
dos profissionais da educação, em relação às culturas dos educandos. Entender 
a diversidade cultural dos alunos propicia uma melhor escolha dos conteúdos 
educativos e das metodologias de ensino, visando um melhor aproveitamento. 
Não se pode definir o que o aluno da EJA espera da escola e da educação, mas podemos 
elaborar melhor nossas propostas curriculares para um melhor aproveitamento do 
processo ensino-aprendizagem, ressaltando que as propostas curriculares da EJA e do 
Ensino Fundamental devem ser as mesmas, fundamentadas na Base Comum Nacional, 
além de uma parte diversificada.
O currículo precisa propiciar o desenvolvimento dos valores, conhecimentos 
e habilidades, que ajudem os alunos a interpretar, de maneira crítica, a sociedade 
em que vivem e sentir um ser ativo, consciente e participativo, conduzindo o 
jovem estudante à reflexão, com o objetivo de aprimorar as concepções sobre 
ele mesmo, sua participação na sociedade, integrando-se progressivamente.
Com a crescente complexidade da vida moderna e o exercício da cidadania 
plena impõem o domínio de certos conhecimentos sobre o mundo a que os 
jovens e adultos têm acesso desde a primeira etapa do ensino fundamental.
Os conhecimentos favorecem a integração dos alunos com o seu ambiente social e 
natural, proporcionando a melhoria da sua qualidade de vida.
57Orientações curriculares para EJA
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Com relação ao currículo, o docente não possui autonomia, ficando limitado 
entre o que ele acredita que deva ser ensinado e o cumprimento do currículo 
programado para a EJA. O currículo é engessado, dificultando o professor 
de elaborar situações diversas em sala de aula para dinamizar suas aulas, 
atendendo as demandas e necessidades dos alunos.
Para a elaboração de um currículo que atenda a realidade social e de acordo 
com as conversas e interações com os alunos e seus conhecimentos, é neces-
sário um trabalho coletivo, respaldado pelo diálogo entre os componentes da 
comunidade escolar. O diálogo deve ser conduzido por intenções educativas 
dos docentes, gestores e pais de alunos.
O currículo da EJA deve privilegiar a inteligência cognitiva e o raciocínio 
lógico, baseado na vida em diferentes dimensões da cultura, da emoção, da 
própria história de vida dos educandos e isso nem sempre são valorizados.
A reflexão sobre o currículo necessita de um estudo mais aprofundado das 
concepções da escola e dos sujeitos da EJA, e principalmente das intenções 
e objetivos da escola. O currículo para atender plenamente às necessidades 
dos educandos, deverá envolver toda a comunidade escolar, existindo um real 
significado na vida dos alunos.
Conforme as críticas de Paulo Freire, a educação atual, referida por ele como educação 
bancária, não respeita o jovem, pois o considera um mero recebedor de informações, 
com reduzido envolvimento na dinâmica curricular. O discurso de que “currículo é 
coisa de professor” caracteriza uma posição autoritária.
É preciso conhecer e entender o currículo como criação cotidiana daqueles 
que fazem as escolas e como prática que envolve todos os saberes e conhe-
cimentos interativos do trabalho pedagógico construído pelos educandos e 
docentes. O currículo, portanto, deve ter como base o conhecimento que o aluno 
possui e sobre quem ele é, contemplando a sua materialidade social, os saberes 
e conhecimentos relacionados aos elementos de sua cultura, do seu trabalho 
e da sua comunidade. O docente não poderá restringir ao ensino da leitura e 
da escrita, mas sim respeitar os conhecimentos que o aluno traz consigo. De 
acordo com Nascimento e Vilar (2012) muitos alunos sentem a necessidade de 
aprender algo mais, estão em busca de descobertas, de novos conhecimentos 
Educação de Jovens e Adultos58
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e experiências, e muitas vezes não são estimulados a pesquisar e questionar, 
se conformando com a aprendizagem de leitura, escrita e alguns cálculos. Os 
alunos da EJA têm o direito de aprender a ler, a escrever e a fazer contas; têm 
o direito ao acesso aos históricos saberes sistematizados pela humanidade e de 
dialogar com a linguagem e a racionalidade científica presentes nos conteúdos 
escolares como requisito para o exercício pleno da cidadania.
Enfim, os educandos da EJA têm direito a uma escolarização ampla e de 
qualidade, que abranja todas as áreas do conhecimento. A questão central é 
que o aluno jovem/ adulto da EJA tem sérias dificuldades no domínio dessas 
habilidades, oriundas do perverso histórico de fracasso escolar a que foi 
submetido. Assim, a tarefa primeira do professor da Educação de Jovens e 
Adultos, de qualquer disciplina que lecione, é voltar-se para os processos de 
alfabetização e letramento.
A importância da elaboração de um currículo para 
EJA de acordo com a realidade social do aluno
A questão do ensino destinado aos jovens e adultos não é um problema 
novo no contexto social brasileiro. Muitos alunos precisaram abandonar 
seus estudos, por diversos motivos, e por terem de optar pelo trabalho. 
Esses alunos, que buscam retomar seus estudos, são providos de muita 
carência e isso é um grave problema que a sociedade brasileira enfrenta. 
É evidente, que não é apenas a condição fi nanceira que afasta os alunos da 
escola; os altos índices de reprovação também colaboram para os alunos 
abandonarem seus estudos. O fracasso escolar está diretamente ligado 
à desmotivação por parte dos alunos. Para atender este aluno, a escola 
pública adota a Educação de Jovens e Adultos, que é uma modalidade 
de ensino noturno, para todos os alunosque não puderam concluir seus 
estudos na época correta. 
A EJA contempla uma faixa etária, a partir dos quinze anos de idade, com 
uma diversidade cultural muito grande, mas com o mesmo objetivo de ascensão 
social, profissional e ampliação de conhecimentos, através dos estudos.
O Brasil possuiu outras formas de ensino, voltado para o público que não 
conseguiu cursar o ensino regular na época correta. Anterior ao EJA tínha-
mos o Ensino Supletivo, destinados aos alunos maiores de 18 anos, que na 
maioria das vezes abandonou a escola, por motivo de trabalho. Estes alunos 
voltavam para estudar no período noturno, mas com uma realidade totalmente 
diferente da sua, pois não existia uma política pública específica para os 
59Orientações curriculares para EJA
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cursos noturnos. Utilizavam do mesmo sistema único de ensino, padronizado 
e homogeneizado, o que pode afastar o aluno da EJA, pois as suas carências 
não eram respeitadas, desmotivando-os.
É de fundamental importância termos alunos motivados. O ser humano motivado, 
supera seus limites. E como despertar nos alunos da EJA, esse desejo de superar seus 
limites? Faz-se necessário, fazê-lo compreender que isso é o centro motivador, que é 
essa consciência que lhe faz ir em frente, superando os obstáculos e as dificuldades 
encontradas durante a vida.
O aluno da EJA possui um diferente e amplo universo de conhecimen-
tos práticos da realidade social e natural das coisas. Tem compromissos 
e responsabilidades bem definidas, que os movem de acordo com sua 
situação de vida. 
A concepção simplificadora do processo de educação de adultos tende a ver 
o alfabetizando como alguém que não se desenvolveu culturalmente. A prática 
orientada apenas para a lógica do ensino, utilizando, muitas vezes, os mesmos 
procedimentos didáticos inadequados empregados também para ensinar as 
crianças. Essa forma de ver a questão parece menosprezar o conhecimento do 
sujeito analfabeto, porque a alfabetização de adultos como uma “[...] retomada 
de crescimento mental de um ser humano que estacionou na fase infantil [...]” 
(PINTO, 1994). Ela não considera o conhecimento prévio do alfabetizando, os 
saberes adquiridos através de sua história de vida. É fundamental reconhecer 
que os tempos e as formas de aprendizagem do jovem e do adulto são diferentes 
das crianças; em função das experiências vividas, o adulto tem compreensões 
mais amplas dos novos fatos incorporados.
Os conteúdos escolares da EJA, considerando os estabelecidos pelas Dire-
trizes Curriculares Nacionais, devem ser reorganizados em função do lugar 
social, político e histórico em que as pessoas estão inseridas.
Para Schwartz (2012) a educação da EJA deverá contemplar as necessidades 
e interesses dos alunos-trabalhadores, tomando por referência a realidade 
em que os alunos estão inseridos. Diagnosticar o conhecimento prévio dos 
aprendizes é uma das condições necessárias para a eficiência dos processos de 
Educação de Jovens e Adultos60
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ensino e de aprendizagem. Em relação aos alfabetizandos da EJA, é importante 
pensar e responder alguns questionamentos: 
Como vivem? 
O que pensam? 
O que fazem? 
Por que resolveram voltar a estudar? 
Buscar estas respostas, nos leva a renunciar a visão de que os analfabetos 
são ignorantes, carentes, ingênuos, incompetentes, preguiçosos. É preciso 
enxergá-los como pessoas inteligentes, que desenvolveram estratégias de 
sobrevivência em uma cultura escrita e sem estar preparados para isso, con-
tribuindo para a superação das formas de saber cotidiano.
A Educação de Jovens e Adultos não pode ser pensada como algo para com-
pensar o prejuízo daquilo que não aprendeu no momento correto, e tampouco 
seguir os critérios e referencias da educação regular de crianças e adolescentes.
Quais seriam os motivos que levariam esse sujeito adulto e analfabeto a 
buscar algo que viveu até agora sem ter? Ele busca aprender conhecimentos 
importantes no momento atual de sua vida, que contribuirão na sua formação 
global, como cidadão.
1. A identidade da EJA vem sendo 
construída e modificada ao longo 
dos últimos anos. O que hoje é 
concebido como EJA corresponde à:
a) aprendizagem e qualificação 
permanentes, não suplementares, 
mas fundamentais que 
favoreçam a emancipação.
b) educação tradicional.
c) educação baseada 
somente no letramento.
d) educação não inclusiva.
e) educação especial.
2. Um currículo desenvolvido para 
a EJA deve ser pensado em um 
contexto educacional que valoriza:
a) a habilidade para a leitura 
e o cálculo básico.
b) sobretudo a experiência de 
vida dos alunos, a visão crítica 
de mundo e as particularidades 
culturais onde eles se inserem.
c) a cultura clássica para que o aluno 
possa entender grandes obras.
d) a capacidade de entender 
as ciências naturais.
e) a forma como o aluno irá 
escrever para se expressar, 
priorizando sua caligrafia.
3. Analisando um currículo da EJA 
e pensando nos conteúdos a 
serem desenvolvidos, temos 
que ter em mente que o adulto 
aprende mais e melhor quando:
a) o professor solicita exercícios 
sistemáticos para a memorização.
61Orientações curriculares para EJA
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fferreira
Callout
CORRIGIR A BORDA
aalan
Realce
b) a escola lhe disponibiliza material 
didático para manusear.
c) oferece meios digitais 
para interagir.
d) percebe que lhe é dada 
a autonomia para o seu 
crescimento pessoal e profissional, 
aliando a sua vivencia à prática.
e) o a escola separa as turmas com 
hegemonia de idades e gênero.
4. A Educação de Jovens e Adultos/
EJA, terá mais chances de 
sucesso quando o currículo a 
ser desenvolvido seja orientado 
por ações que estabeleçam 
uma conexão entre os objetivos 
e as metas a serem alcançados 
na aprendizagem do adulto, 
destacando questões como:
a) situação econômica dos alunos.
b) questões familiares pessoais 
de cada um dos alunos.
c) visão de planejamento de acordo 
com o perfil dos alunos, análise das 
realidades em que estão inseridos, 
limitações pessoais e profissionais.
d) perfil psicológico dos alunos.
e) estado civil dos alunos.
5. Quando se fala em Educação de 
Jovens e adultos/EJA, é necessário 
reconhecer as possibilidades de 
o adulto aplicar na vida pessoal 
e profissional aquilo que ele está 
aprendendo ou aprendeu. Sem essa 
perspectiva de valor agregado:
a) o aluno compreenderá mais 
facilmente o que for lhe ensinado.
b) o aluno desenvolverá uma 
compreensão global e 
profunda do conteúdo.
c) será fácil a compreensão do 
processo sócio/educativo.
d) torna-se difícil a 
aceitação, compreensão e 
comprometimento do adulto 
no processo de aprendizagem.
e) o aluno desenvolverá uma 
aprendizagem mais completa
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CEB nº 1, de 5 de julho de 2000. Estabe-
lece as diretrizes curriculares nacionais para a educação e jovens e adultos. Brasília: 
MEC, 2000. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB012000.
pdf>. Acesso em: 12 mar. 2017. 
FERREIRA, I. O. Sobre nós e mais nada 99. In: Blog Arriscado. [S. l.: s. n.], 2013. Disponível em: 
< https://arriscado.wordpress.com/category/frases/page/31/>. Acesso em: 13 mar. 2017.
NASCIMENTO, A. S.; VILAR. J. C. O ensino de ciências naturais nas turmas de jovens e adultos: 
perspectiva e visão docente. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em 
Pedagogia) – Universidade Federal de Sergipe, Itabaiana, 2012.
PINTO, A. V. Sete lições sobre educação de adultos. 9. ed. São Paulo: Cortez, 1994.
SCHWARTZ, S. Alfabetização de jovens e adultos: teoria e prática. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
Educação de Jovens e Adultos62
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Leituras recomendadas
BRASIL. Lei nº 9394, de 26 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. Brasília: Presidência da República, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. ConselhoNacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº 
11, 10 de maio de 2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens 
e Adultos. Brasília: MEC, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Educação para jovens e adultos: ensino fundamental: 
proposta curricular - 1º segmento. - São Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros 
curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: MEC, 1997.
MURTA, M. O Projeto Pedagógico da escola e o currículo como instrumento de sua 
concretização. Revista Educação e Tecnologia, Belo Horizonte, v. 9, n. 1, p. 21-28, jan./
jun. 2004.
PAGEL, S. D.; NASCIMENTO, A. R. Indagações sobre currículo. Brasília: MEC, 2007.
63Orientações curriculares para EJA
Educacao_jovens_U1_C04.indd 63 16/03/2017 11:49:48
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