Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Biociências de Botucatu Departamento de Educação XLIV Turma do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas Dossiê Escolar da E.M.E.F. “Dr. João Maria de Araújo Jr.” Organizadores: Camila Pereira Gobette Marília Monteiro Quinalha Supervisores: M. Sc. Jaqueline Alves Barea Cantão Drª Lucia Maria Paleari Botucatu -SP 2012 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM. DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE Dossiê da E. M. E. F. “Dr. João Maria de Araújo Jr.” / organizadores Camila Pereira Gobette, Marília Monteiro Quinalha ; supervisores Jaqueline Alves Barea Cantão, Lucia Maria Paleari. – Botucatu : Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu, 2012 197 p. 1. Ensino fundamental. 2. Escolas públicas – Relatórios. 3. Licenciatura. 4. Prática de ensino. 5. Estágios supervisionados. 6. Ciências (Ensino fundamental) – Estudo e ensino. I. Título. II. Gobette, Camila Pereira. III. Quinalha, Marília Monteiro. IV. Cantão, Jaqueline Alves Barea. V. Paleari, Lucia Maria. CDD 371.01 Agradecimentos Agradecemos à Escola Municipal “Dr. João Maria de Araújo Jr.”, na pessoa de sua diretora Tânia Regina Baptista Gonçalves, pela oportunidade e espaço cedido para a realização deste trabalho; à coordenadora do Ensino Fundamental Jaqueline A. Barea Cantão pela disposição em nos ajudar e pela dedicação no decorrer dos levantamentos; à professora Lucia Maria Paleari pelo auxílio e orientação durante a realização desse projeto; aos professores Eliana Alves Pinto, Gilberto Luiz Borges de Azevedo, João Carlos Figueroa, Meire Gea, Miyoko Inoe, Nilza Rodrigues Lima, Vera Damato Burini e Vilma Chirinéria, bem como às senhoras Sônia Maria de Barros Almeida Innocenti (secretária), Zenaide Silva Fructuoso, Marilúcia Coelho da Silva Almeida (inspetoras da escola), Inês Felipe Rodrigues (merendeira), Magali Aparecida Leite Penteado Chaguri e Meire pelas valiosas informações que nos permitiram realizar este trabalho. PREFÁCIO Este Dossiê, da Escola Municipal de Ensino Fundamental "Dr. João Maria de Araújo Jr", é resultado de uma conjunção de fatores de especial significado, quando se pretende uma construção coletiva como esta, que reuniu os trabalhos de levantamento sócioambiental do ecossistema escolar e as atividades de Prática de Ensino dos Estágios Supervisionado I (Ciências) e Projeto Temático III. Concentramos nossos esforços em uma escola municipal, onde fomos recebidos com apoio para o desenvolvimento dos levantamentos que compõem esta publicação, e, posteriormente, para as observações e regência de aulas. E não foi apenas isso. Em atividades desenvolvidas no campus do Instituto de Biociências de Botucatu, com a XLIV turma do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, pudemos contar com a presença da diretora da escola profª Tânia Regina Baptista, da assistente de direção Profª Flora Tereza D’Errico Martins e da coordenadora pedagógica, também Bióloga, Profª Jaqueline Alves Barea Cantão. Essa aproximação permitiu-nos partilhar experiências e conhecimentos específicos, que alargaram o campo de visão e suportaram discussões enriquecedoras, imprescindíveis à compreensão de questões complexas que envolvem a docência e o ambiente escolar nos dias atuais. A dedicação da Profª Jaqueline, que merece destaque, foi mais do que a receptividade e o suporte técnico de qualidade que ela nos ofereceu como conhecedora das coisas da Ciência e do Ensino, foi o exemplo, o referencial de profissional respeitável, compromissado com a boa formação de adolescentes. Por outro lado, licenciandos dispostos a encarar o desafio do estágio com a seriedade, dignidade e entusiasmo, qualidades necessárias àqueles que atuam no ensino, significou a concretização de possibilidades educacionais idealizadas, que se traduziram neste Dossiê Escolar e nos resultados das diversificadas e valorosas experiências de observação e regência de aulas de Ciências, dos 6° s aos 9°s anos do Ensino Fundamental. Essa condição geral extremamente favorável e rara representou a antítese da situação costumeira, que o poeta, sem empalmar as agruras de um tempo de incertezas e desesperanças atrozes, revelou com profunda sensibilidade: "De repente, a gente se sente semente, sem terra pra semear (Adelidia Chiarelli1)" Que conjunções frutíferas como a deste Estágio Supervisionado de Ciências não sejam resultado de espera para que o acaso aconteça, mas resultado da ação consciente de profissionais competentes e empenhados em assegurar as condições adequadas à formação artístico-científica, atualmente tão comprometida, de crianças e adolescentes. Lucia Maria Paleari Responsável pelos Estágios Supervisionados I (Ciências) e Projeto Temático III 1 http://tudoeespanto.blogspot.com.br/search?q=semente Sumário Histórico da formação da Escola ..................................................................6 Estrutura Física da Unidade Escolar ..........................................................29 Gestão Escolar ............................................................................................42 Merenda Escolar .........................................................................................68 Ensino de Ciências .....................................................................................82 Apostilas NAME ..................................................................................96 Material Ciência e Tecnologia com Criatividade – Sangari ...............112 Experimentoteca .................................................................................118 Projetos Extra-Curriculares ......................................................................137 Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP 2011)........................................................................................165 Referências................................................................................................193 6 HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL “DR. JOÃO MARIA DE ARAÚJO JR.” Camila Pereira Gobette Liane Lima Mariana Dettmer de Castro Mello 1. Introdução O Estágio Supervisionado I (Ciências) da XLIV turma do curso de Ciências Biológicas Licenciatura, da Unesp de Botucatu, aconteceu na Escola Municipal de Ensino Fundamental "Dr. João Maria de Araújo Jr". Para a aproximação dos licenciandos do espaço escolar e de sua dinâmica de funcionamento foram previstas atividades de investigação, anteriores às etapas de observação e regência de aulas, para conhecimento de diversos aspectos históricos e socioambientais daquele estabelecimento de ensino. Para a concretização do referido trabalho, no que se refere ao histórico de formação dessa escola, foram duas as linhas de coleta de dados adotadas. Uma delas deu-se por meio de entrevistas informais com pessoas que tiveram ligação direta ou indireta com a formação da escola e condução das atividades ao longo dos anos, e a outra baseou-se na busca e análise de documentos oficiais depositados na Câmara Municipal, Prefeitura Municipal de Botucatu, Diretoria de Ensino, Secretaria Municipal de Ensino e Biblioteca do Centro Cultural e do Serviço Socialda Indústria (SESI). Os entrevistados que contribuíram com informações aqui reunidas sobre a EMEF " Dr. João Maria de Araújo Jr" foram: Jaqueline Alves Barea Cantão – professora e coordenadora da escola desde 2008; João Carlos Figueroa – historiador de Botucatu; Magali Aparecida Leite Penteado Chaguri – supervisora da Diretoria de Ensino de Botucatu Marilúcia Coelho da Silva Almeida- inspetora de alunos do EMEF Dr. João Maria de Araújo Jr. Nilza Rodrigues Lima – diretora da escola desde 1975 até 1979;. 7 Sônia Maria de Barros Almeida Innocenti – secretária da escola desde 1994; Vera DamatoBurini – diretora do SESI desde 1979 até 1982; Vilma Chirinéia – professora e diretora do SESI de 1983 até 1992. Zenaide Silva Fructuoso – inspetora de alunos EMEF Dr. João Maria de Araújo Jr. Com base nesse conjunto de dados resgatados é que organizamos e apresentaremos a seguir aspectos históricos da formação da EMEF "Dr. João Maria de Araújo Jr." 2. Um forasteiro que se tornou ilustre Dr. João Maria de Araújo Jr é o nome que recebeu uma das escolas municipais de ensino fundamental de Botucatu, em homenagem ao médico que, nascido em 04 de janeiro de 1899, na cidade de Niterói – RJ, cursou medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1918 e adotou Botucatu para residir e atuar profissionalmente como clínico geral. Casado com Dona Isabel Falcon Ruiz, com a qual teve cinco filhos (Figuras 1 e 2), o Dr. João Maria chegou a esta cidade em 1932 a convite do Dr. Sebastião de Almeida Pinto, a fim de integrar o corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia Botucatuense, onde exerceu o cargo de diretor clínico por dezoito anos. Em 1941, o Dr. João Maria foi nomeado prefeito municipal de Botucatu pelo Dr. Fernando Costa, interventor federal no Estado de São Paulo, durante o governo de Getúlio Vargas. O período de governo de Getúlio Vargas foi de grande ascensão econômica, devido à fundação da companhia siderúrgica nacional e à criação de leis trabalhistas, porém, no aspecto político, o Estado Novo caracterizou-se por falta de democracia, censura, e um governo de caráter populista. Na gestão desse prefeito a população botucatuense era de 41.408 habitantes, sendo metade dela urbana. A cidade detinha, nessa época, o título de 16ª cidade em tamanho populacional e 10ª posição no ranking de atividade industrial. O Dr. João Maria permaneceu no cargo de prefeito até 10 de junho de 1946, e neste período do seu mandato criou-se a Cooperativa de Laticínios de Botucatu, instalou-se no município a Delegacia do Imposto de Renda, e, através de um decreto 8 estadual, houve a criação de uma Comissão Municipal de Bibliotecas e Museus, bem como melhorias no sistema de abastecimento de água. Pela sua atuação e realizações relevantes, é que o médico e prefeito de Botucatu, João Maria de Araújo Jr., como homenagem, teve o nome cedido à primeira escola municipal de Botucatu e é, até hoje, lembrado na cidade. Figura 1- Dr. João Maria de Araújo Jr. acompanhado de sua esposa (à esquerda) e de um colega médico (à direita). Fotos: Centro Cultural de Botucatu 9 Figura 2 - Dr. João Maria de Araújo Jr. acompanhado da esposa e filhos. Foto: Centro Cultural de Botucatu. 3. Contexto de Fundação da Escola A criação da escola municipal de ensino de Botucatu, "Dr. João Maria de Araújo Jr.", deu-se durante uma época em que o Brasil passava pelo governo de ditadura militar do então general Emílio Garrastazu Médici, que fora escolhido por uma junta militar em 1969. Este foi um período marcado pela mais dura repressão militar, com censura aos meios de comunicação e denúncias de tortura. Apesar disso, foi uma época de ascensão econômica, denominada de “o milagre brasileiro”, durante a qual foram desenvolvidas obras vultosas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói. Na educação, foi lançado oficialmente o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), criado em 1967 por meio da lei número 5.379, de 15 de dezembro, para a alfabetização de adultos. Foi nesse contexto de Brasil, que, em 08 de fevereiro de 1972, criou-se a primeira Escola Municipal de 1º grau “Dr. João Maria de Araújo Jr”, por meio de um Projeto de Lei (Anexo 01) assinado pelo prefeito da época, Luiz Aparecido da Silveira, popularmente conhecido por "Lico". O local para a instalação da escola (Figura 3) foi caracterizado como perímetro urbano no Projeto de Lei (Anexo 01) com denominação de Vila Aparecida. Porém segundo o historiador entrevistado, João Carlos Figueroa, este bairro sempre foi denominado como Vila São Lúcio. Esta divergência na designação do bairro se deve, 10 provavelmente, pelo fato de haver nas proximidades a igreja de Nossa Senhora Aparecida, a qual popularmente servia de referência ao bairro. Figura 3 - Vista do loteamento onde foi instalado o prédio da Escola Municipal "Dr. João Maria de Araújo Jr.". Foto: Centro Cultural de Botucatu. A escola fica localizada à rua Carmem Barbosa Garcia, nome este em homenagem a primeira diretora da escola, cargo que ocupou até 1973. O prédio onde foi instalada a escola, em 1972, era de construção própria do município, que não contou com qualquer participação do Governo do Estado (Anexo 01). Ainda que houvesse permissão para o funcionamento de seis salas de aula, segundo informações da senhora Nilza Rodrigues Lima, diretora da escola entre 1975 e 1979, somente quatro salas estavam em funcionamento naquela época. Desde a criação até 1975, funcionaram na escola apenas os primeiros anos do ensino de primeiro grau, 1ª a 4ª série, que, anteriormente, era denominado de primário. Após a lei de 30 de dezembro de 1975 foi criada a quinta série e depois, gradativamente, as demais séries, até completar o primeiro grau de ensino, com a criação da 8ª série (Anexo 03). Estas 4 séries finais do primeiro grau integravam o que, anteriormente, denominava-se de curso ginasial. Com o risco de perder a unidade escolar para o Serviço Social da Indústria (SESI), que não dispunha de prédio próprio e atendia a muitos alunos, houve mobilização de parte da comunidade dessa escola em busca de uma área de 40.000 m 2 que pudesse ser obtida para abrigar as instalações do SESI. No entanto, diante das questões políticas e financeiras, que resultaram no impasse quanto a manutenção da unidade do SESI em Botucatu, uma decisão paliativa foi tomada em 1977, pelo então prefeito municipal Luiz Aparecido da Silveira. Ele, usando de um Decreto de lei (Anexo 11 4), concedeu ao SESI, por 3 anos, "a título precário, permissão especial de uso" do imóvel onde estava instalada a escola "Dr. João Maria”. Esta, foi fechada em 1978 pelo mesmo prefeito, e seus alunos foram incorporados aos do SESI (Anexo 05), sob a alegação de que havia grande número de escolas estaduais de primeiro grau na cidade, com três delas bem próximas ao bairro. Além disso, alegou também que era necessário dar maior assistência às escolas rurais, que estavam em grande número e eram mantidas pela prefeitura (Anexo 05 e 06). Na verdade, sobre esse assunto, há pelo menos duas outras interpretações, não necessariamente excludentes. Uma delas, apresentada por aqueles que vivenciaram o processo de busca pelo espaço de 40.000m 2 para instalação do SESI, que atesta teria sido de alto custo o espaço possível, próximo ao atual Hotel Chaillot, sem a contrapartida do destaque político desejado pelo prefeito, uma vez que toda a estrutura física seria financiada por outra instituição. Uma segunda interpretação, apresentada por João Carlos Figueroa e Magali Aparecida Leite Penteado Chaguri, refere-se à irregularidade de funcionamento da escola "Dr. João Maria", devido a morosidade na entrega da documentação para regulamentação da sua regência. A regularização da escola se deu somenteapós o seu fechamento, em 1985. Com o processo do Conselho Estadual de Educação, foram convalidadas as práticas escolares do período de 1972 a 1977 (Anexo 07). O SESI, que já ocupava o prédio municipal da extinta escola "Dr. João Maria", ficou autorizado, em 1979, a usar gratuitamente suas dependências, por 10 anos obrigando-se a cobrir as despesas de manutenção e funcionamento, além do corpo docente e administrativo (Anexo 08). De acordo com a senhora Nilza Rodrigues Lima, diretora daquela extinta escola municipal, todos os professores foram demitidos e ela foi remanejada para outra escola municipal. Ficaram no SESI, além dos alunos da escola "Dr. João Maria", a sua banda escolar, mais o dentista e a merendeira, apesar de serem contratados pela prefeitura. No ano de 1993, saiu publicado no Diário Oficial a mudança do SESI para as suas novas instalações de funcionamento no Km 247,4 da rodovia Marechal Rondon (Anexo 09), local este doado por Maria Amélia Blasi Toledo Piza, filha de Francisco Blasi. O reinício de funcionamento da escola municipal no antigo prédio, cedido ao SESI até 1993, aconteceu em 1994, através do Regimento Comum das Escolas Municipais, que aprovava o imediato funcionamento da unidade escolar (Anexo 10). Meses depois, esta autorização foi publicada em Diário Oficial (Anexo 11). Com a saída da gestão SESI do prédio municipal, apenas 50 alunos dos 600 matriculados, 12 continuaram a fazer parte do corpo discente. Para a profª Vilma Chirinéia, a escassez de recursos financeiros da comunidade local e a falta de transporte coletivo, que permitisse o deslocamento dos alunos até a nova sede do SESI, localizada no extremo oposto da cidade, podem ter sido as razões dessa grande desistência. Em entrevista concedida pelas funcionárias Marilúcia e Zenaide, soubemos que a Educação Infantil teve início na Escola "Dr. João Maria de Araújo Jr., no mesmo ano do seu ressurgimento, em 1993, por solicitação da comunidade local. Denominada de Pré I e Pré II, a educação infantil atendia alunos de cinco a seis anos, e funcionou no prédio municipal até o ano de 2010, quando teve de sair por duas possíveis razões: a demanda de alunos era maior do que o espaço físico comportava e havia necessidade de reforma das suas dependências. Atualmente, faz parte da Escola Municipal de Educação Infantil “Dr. Roberto Domingos Andreucci”, sediada em prédio alugado pela prefeitura e também localizado na Vila São Lúcio. Pouco depois do reinício de funcionamento da escola municipal “Dr. João Maria de Araújo Jr.” a secretária de educação, Nilza Maria Silveira Coine, solicitou ao delegado de ensino, em novembro de 1995, a implantação do 2º grau nesta escola (Anexo 12). Após esse pedido, uma vistoria foi realizada no local para avaliar as condições de salas de aula, laboratório, biblioteca, quadra poliesportiva, materiais didáticos, plano do curso e o regimento escolar (Anexo 13). Àquela época a escola não dispunha de laboratório e nem de biblioteca que atendessem ao 2° grau, porém, diante do compromisso do secretário municipal de providenciar essas instalações, a autorização de funcionamento foi concedida em 1996, nos moldes estabelecidos pelo Conselho Estadual de Educação. Com isto, a escola passou a se denominar “Escola Municipal de 1º e 2º graus Dr. João Maria de Araújo Jr” (Anexo 14), decisões essas publicadas no Diário Oficial de 23 de janeiro de 1996 (Anexo 15). Em entrevista concedida pela secretária mais antiga da escola, Sônia Maria de Barros Almeida Innocenti, soubemos que a demanda de alunos para o ensino de segundo grau não foi suficiente para garantir a sua continuidade. A carência de recursos financeiros da comunidade local, obrigava as famílias, cujos filhos completavam o ensino de primeiro grau, a encaminhá-los para o mercado de trabalho, o que resultava em abandono da escola. Essa situação determinou o fim do ensino médio na escola, até então denominada de Escola Municipal de 1° e 2° graus “Dr. João Maria de Araújo Jr.”. O histórico de formação de uma escola, como qualquer outro evento histórico, exige, para sua reconstituição e interpretação, documentos (fotos, escritos, gravações de 13 rádio, em vídeo etc.) que permitam análises. No entanto, nem sempre esses materiais são encontrados e, se encontrados, nem sempre estão devidamente arquivados para consulta. Quando possível, recorre-se a pessoas que vivenciaram determinados acontecimentos, e que, com seus depoimentos, ajudam a compor os fatos e a construir novos registros, que devem ser devidamente arquivados. Porém, não podemos nos esquecer de que cada testemunha ocular não está isenta de interpretações a partir do recorte da história que ela presenciou e dos seus próprios valores e sentimentos envolvidos. Sendo assim, é sempre necessário coletar diversos relatos, principalmente quando há falta de documentações, como aconteceu com a Escola Municipal de Ensino Fundamental “Dr. João Maria de Araújo Jr.” que nos permitam aclarar os fatos dentro de um ideal de objetividade, necessário em qualquer busca criteriosa. Hoje, 2012, a Escola Municipal de Ensino Fundamental “Dr. João Maria de Araújo Jr.” permanece no mesmo local de origem. Ela possui classe de alunos do primeiro ao nono ano, distribuídas nos períodos da manhã e tarde. Dos 740 alunos, 443 deles frequentam o período matutino, do 6º ao 9º ano, e 297, do 1º ao 5º ano frequentam a escola no período vespertino. No período noturno as instalações são cedidas para funcionamento do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), mantido pelo governo estadual, que contempla 600 alunos matriculados. Algumas mudanças na estrutura física, educacional e administrativa ocorreram ao longo dos anos e serão, em parte, tratadas nos capítulos a seguir. 14 4. Anexos Anexo1 - Documento de criação da Escola Municipal de Ensino Fundamental " Dr. João Maria de Araújo Jr.", lei 1826/72 15 Anexo2 - Mapa do loteamento da Vila São Lúcio, onde foi instalado o prédio municipal que abrigou a Escola Municipal de Ensino Fundamental "Dr. João Maria de Araújo Jr.". 16 Anexo 3 – Documento de criação da 5ª série de primeiro grau, lei nº2012 17 Anexo 4 - Decreto nº 2528 que cede o prédio para o Serviço de Industria SESI 18 Anexo 5 - Documento de justificativa para o fechamento da escola municipal em 1978, pelo processo nº 69/78 19 Anexo 6 – Documento de solicitação de cessação das atividades escolares, processo nº 2659/74 20 Anexo 7 – Documento do Conselho Estadual de Educação convalidado os atos escolares, parecer nº 0033/85. 21 Anexo 8 – Documento de autorização do SESI para utilização do prédio municipal, lei nº 2194 22 Anexo 9 – Nota do Diário Oficial de 21/12/1992 sobre a mudança do SESI para Km 247,4 da Rodovia Marechal Rondon 23 Anexo 10 – Documento do Conselho Estadual de Educação que encaminha o Regimento Comum das Escolas Municipais, processo nº 13/91 24 Anexo 11 – Nota do Diário Oficial de 12/07/94 de autorização do funcionamento da escola municipal “ Dr. João Maria de Araujo Jr.” 25 Anexo 12 – Documento solicitando a instalação do ensino de 2º grau e mudança do nome para Escola Municipal de 1º e 2ºgraus “Dr. João Maria de Araújo Jr.”, ofício nº 59/95 26 Anexo 13 – Documento de vistoria da escola municipal para as instalações do ensino de 2° grau, processo nº 813/95 27 Anexo 14 – Documento autorizando o funcionamento do ensino de 2º grau na unidade escolar pela Delegacia de Ensino 28 Anexo 15 – Nota do Diário Oficial de 23/01/1996 autorizando o funcionamento do ensino de 2º grau na escola municipal 29 ESTRUTURA FÍSICA Adriana Fernandes Claraline Godoy Gabriel Mendes Lucas Borges Tarsila Franckin 1. Introdução Os primeiros indícios de arquitetura escolar no Brasil vieram com a Companhia de Jesus, que tinha por objetivo catequizar os índios e ganhar trabalhadores para a Coroa Portuguesa (Nascimento et al.). Porém, foi a partir da Proclamação República, em 1889, que houve maior preocupação com um local específico para a educação. Segundo Souza (cit. in Dorea, 2000): "(...) em determinado momento, políticos e educadores passaram a considerar indispensável a existência de casas escolares para a educação de crianças, isto é, passaram a advogar a necessidade de espaços edificados expressamente para o serviço escolar. Esse momento coincide com as décadas finais do século XIX e com os projetos republicanos de difusão da educação popular." Neste momento histórico, a escola passou a ser vista como progresso histórico e a monumentalidade das construções dos grupos escolares tornou-se representativa de um ideal de modernidade ou de República. E, segundo Souza (cit. in Dorea, 2000), "a arquitetura escolar haveria, pois, de simbolizar as finalidades sociais, morais e cívicas da escola pública. O lugar de formação do cidadão republicano teria que ser percebido e compreendido como tal." É possível perceber que a arquitetura escolar foi influenciada pelo momento histórico e cultural da sociedade e sofreu com as mudanças e reformas desses períodos, como na Proclamação da República com a arquitetura neoclássica, caracterizada por 30 “(...) edifício imponente, hall de entrada primoroso, escadarias, eixo simétrico, duas alas, pátio interno (como o dos claustros), corredores internos, janelas verticais grandes e pesadas, acabamento com materiais nobres.” Um outro momento de transformação na arquitetura escolar estaria relacionado ao movimento escolanovista , mais centrado nas questões dos alunos e no quantitativo escolar: “(...) Formas geométricas simples, uso de novos materiais como o concreto armado, novas técnicas construtivas, não mais simetria perfeita, ausência de colunas e ornamentos, pátios internos sob pilotis e grandes aberturas envidraçadas.” (Buffa, 2005, p. 108). As décadas de 50 e 60 estiveram relacionadas às políticas públicas e às necessidades de aumento do número de escolas no Estado e devido à necessidade do aumento do número de vagas nas escolas, foram projetados edifícios mais utilitários, baratos e de construção rápida. A partir da década de 1960, houve uma mudança do “qualitativo” para o “quantitativo”. E possível perceber que este discurso arquitetônico esteve em todo o Brasil, onde a arquitetura escolar foi também um reflexo das políticas governamentais, do discurso pedagógico e das necessidades da comunidade local, isto de acordo com Bencosta (2000) e Buffa (2005). Sabe-se que para o desenvolvimento de um processo de ensino-aprendizagem de qualidade, não basta, apenas ter professores dedicados para ensinar e alunos interessados em aprender, deve existir um local agradável onde esse encontro possa acontecer. A estrutura física de uma escola é de extrema importância para um melhor desempenho dos alunos, professores, direção, coordenação e funcionários. O lugar onde essas pessoas passam quase todas as horas de seus dias precisa ser bem estruturado e conservado por todos que nele trabalham e circulam, para que o ambiente escolar seja um lugar agradável e que permita o desenvolvimento de trabalhos bons e que eles possam ser desenvolvidos de forma prazerosa. Considerando que o estudo de cada ambiente escolar pode ajudar a entender parte do que nele acontece, além de ajudar a criar e conservar espaços adequados, propícios as atividades de ensino e convivência, o presente trabalho teve por objetivo conhecer e analisar a estrutura física, organização dos espaços e a relação destes com 31 a comunidade que faz parte da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) “Dr. Joao Maria de Araújo Jr.”, pertencente ao município de Botucatu/SP. Este estudo fez parte do estágio curricular obrigatório da da XLIV turma do curso de Ciências Biológicas Licenciatura, da Unesp de Botucatu. 2. Etapas de desenvolvimento deste estudo Para a realização deste trabalho de levantamento e estudo de aspectos da estrutura física da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Dr. João Maria de Araújo Júnior.”, visitamos suas dependências, à rua Professora Carmem Barbosa Garcia, número 242, Vila São Lúcio, no município de Botucatu, SP. Lá observamos e registramos, por meio de fotos e filmagens, a estrutura externa e interna e as condições atuais do prédio. Procuramos também ter acesso à planta original da escola e, travamos conversas com alunos, professores, diretores, coordenadores e funcionários da escola, para saber qual a opinião deles a respeito das condições que a estrutura física do local possibilitam para todos que ali trabalham e estudam. A primeira visita à escola serviu para nos familiarizarmos com as dependências, que conhecemos e registramos em pormenores nas visitas seguintes. Acreditamos que os resultados desse trabalho de levantamento e análise de dados acerca do espaço físico e edificações da escola “Dr. João Maria”, apresentados a seguir, poderão proporcionar melhor compreensão de toda a organização e dinâmica escolar, conforme fundamentos teóricos apresentados na introdução deste capítulo. 3. Olhares sobre os espaços escolares construídos Os princípios que regem as edificações escolares devem seguir recomendações pedagógicas baseadas nas necessidades das pessoas e das atividades específicas que estas desenvolverão em cada ambiente escolar. Sendo assim, consideramos, além da adequação do número e dimensão dos espaços por número de pessoas que os utilizam, a existência de ambientes específicos e necessários ao desenvolvimento das diversas atividades de ensino e de recreação, as condições de iluminação, ventilação estética e de manutenção dos espaços. Podemos dizer, no geral, que a Escola Municipal de Ensino Fundamental “Dr. João Maria de Araújo Jr.” é constituída de três edificações independentes - que aqui 32 denominaremos de anexo 1, anexo 2 e anexo 3. Além delas, há uma quadra poliesportiva, sala de atividades complementares e uma construção hoje desativada, onde antigamente funcionava uma creche. Nos tópicos seguintes detalharemos o que foi observado em cada local da escola e apresentaremos as nossas considerações a respeito de cada uma delas. 3.1. Anexo 1 Na figura 1, é possível ver a fachada do prédio mais novo da EMEF “Dr. João Maria de Araújo Jr.” Nele registramos a melhor infraestrutura do conjunto das edificações. O prédio é constituído por três andares, mais o térreo. Nos pisos superiores, 2º e 3º andares, há seis salas e 1 banheiro feminino e 1 masculino, em cada andar. No primeiro andar, encontram-se a sala da direção, sala da coordenação, secretaria, sala de vídeo, sala de informática, biblioteca, 1 banheiro masculino e 1 feminino para os professores e 1 escada de acesso para o 3º e 4º andares. O acesso a todos os andares pode ser feito, também, por meio uma rampaque é extensa e íngreme demais, o que não permite acessibilidade facilitada para cadeirantes (figura 2). Além disto, toda ela é trabalhada com janelas de vidro que não são adequadas para um local com tantas crianças e, ainda, foi observado que, entre algumas janelas de vidro e o chão das rampas, há espaços em que uma criança pode, facilmente, colocar o pé e acabar se machucando. Figura 1: Vista da entrada principal d EMEF "Dr. João Maria de Araújo Jr.”, Botucatu, SP (Foto: Lucas Borges). Figura 2: Rampa extensa e íngreme, que liga todos os andares da escola "Dr. João Maria" (Foto: Gabriel Mendes). 33 No térreo é onde se localiza o pátio da escola. Em todos os andares há extintores de incêndio, que encontram-se dentro do prazo de validade, e hidrantes. O anexo 1 também conta com um sistema de alarme, para o caso de sinistro. Verificamos em suas paredes a existência de rachaduras em lugares variados, como: próximas a sala da direção (figura 3) e na fachada da escola. A escola carece de áreas verdes, contando com apenas um pequeno jardim, que fica ao lado da cozinha (figura 4). Verificamos que os bebedouros existentes nas dependências da escola são altos demais para crianças pequenas. Na secretaria da escola, não foi observado nenhum problema estrutural. A sala é ampla e apresenta boa mobília, aparentemente adequada às atividades ali realizadas. Em conversa com os funcionários, não houve nenhuma reclamação sobre a infraestrutura da secretaria, que é bem organizada e, ao que tudo indica, se trata de um ambiente agradável às pessoas que nele trabalham. Na sala da direção, foi possível observar que existem móveis e computadores adequados às atividades realizadas pelas duas pessoas que ali trabalham, mas a sala fica um tanto pequena quando é preciso receber alguma visita. Além disto, localizada ao lado da quadra poliesportiva, a sala não oferece boas condições para o desenvolvimento dos trabalhos devido ao barulho que os alunos fazem quando estão ali durante as aulas de Educação Física ou brincando nos horários de intervalo. A sala da coordenação, é um local pequeno quase todo ocupado pelo mobiliário não deixando espaço suficiente para as duas coordenadoras que ali trabalham, em meio a materiais escolares (livros e apostilas, por exemplo) empilhados. Figura 3: Rachadura em parede da escola "Dr. João Maria", indicadas com as 6 setas (Foto: Lucas Borges). Figura 4: Jardim ao lado da cozinha da escola "Dr. João Maria" (Foto: Lucas Borges). 34 A sala de vídeo da escola “Dr. João Maria de Araújo Jr.” é um local amplo que, segundo relatos, é bastante utilizado para apresentação de vídeos usados como recursos para aulas ou outras atividades, principalmente quando algum professor falta e não há professores substitutos. Nestas ocasiões os alunos podem ser levados até lá para assistir algum filme ou documentário educativo. Nessa sala há um armário, uma televisão, um datashow, um aparelho de DVD, uma lousa, vários filmes e documentários educativos, uma mesa e várias cadeiras. Aproveitando-se da existência desta mesa e das cadeiras, localizadas mais ao fundo da sala, os professores as utilizam para tomar café e conversar durante seus horários de intervalo. A sala de informática (figura 5) é ampla e tem aproximadamente 25 computadores, que seriam suficientes para que uma sala de aula inteira os utilizasse para as atividades didáticas e, no entanto, nunca foram usados. Há, aproximadamente, dois anos esta sala recebeu computadores novos, mas com sistema operacional Linux, que inviabilizou o uso dos computadores devido às dificuldades encontradas para se trabalhar com este sistema que tem configurações diferentes do sistema mais usual, além de não permitir a instalação de alguns programas nos computadores, por ser um sistema que fornece maior segurança ao usuário, dificultando a facilidade de algumas ações que são feitas normalmente no sistema mais comumente utilizado. Até o momento, não foi realizada a troca do sistema e a sala encontra-se desativada, servindo de depósito para alguns materiais. Neste local a infiltração nas paredes sé de relativamente grande proporção, como se pode verificar na figura 5. A biblioteca (figura 6) é um local pequeno, com 4 mesas e menos de 20 cadeiras, número este insuficiente em relação ao número de alunos da escola, embora o local receba, no máximo, uma turma de alunos por vez. O acervo de livros chega aos dez mil exemplares e, assim como na sala de informática, a biblioteca também apresenta problemas de infiltração nas paredes (figura 6). Figura 5: Sala de informática da escola "Dr. João Maria" com infiltrações evidentes (Foto: Gabriel Mendes) 35 Ainda no 1º andar do anexo 1, existem 1 banheiro masculino e 1 feminino, para os professores. As salas de aula do anexo 1 (localizadas no 2º e 3º andares) são amplas (7,20m x 7,20m e altura de 3,11m) se considerarmos que há um espaço médio de 1,20m 2 por aluno - as salas têm 51,84m² e, descontando-se a área do professor (aproximadamente 15m²), obteve-se uma área 36,84m² que foi dividida pelo número de carteiras (30). Sabendo que a recomendação (Sousa, 1999) é de que haja, no mínimo, 1m² por aluno, as salas da EMEF "Dr. João Maria" estão adequadas às turmas que as ocupam. Há uma média de 30 carteiras por sala, lousas bem conservadas e armários, sendo um destinado a guardar o material didático do projeto Sangari. Um problema detectado em relação ao teto de algumas salas é que estão cedendo, o que oferecem um grande risco aos alunos, professores e funcionários que frequentam os locais. Por este motivo, elas têm sido menos utilizadas. Nos 2º e 3º andares do anexo 1, também há, em cada um deles, 1 banheiro masculino e um feminino para os alunos. Um problema observado foi que, em algumas portas dos reservados onde ficam os vasos sanitários, não existiam trancas. No térreo fica o pátio utilizado pelos alunos nos intervalos de aulas. Neste local é onde se encontram a cozinha da escola, mesas para refeições e dois banheiros para alunos, sendo 1 masculino e outro feminino. 3.2. Anexo 2 O anexo 2 (figura 7) foi o local onde se registrou o maior número de problemas relacionados à estrutura física. Neste espaço, estão localizadas as salas de 8º e 9º anos no período da manhã, e que no período noturno são utilizadas pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Figura 6: Biblioteca da escola "Dr. João Maria", com infiltrações nas paredes (Foto: Gabriel Mendes). Figura 7: Vista do anexo 2 da escola "Dr. João Maria", prédio claro visto ao fundo (Foto: Gabriel Mendes). 36 O prédio tem dois andares, com quatro salas de aula por andar, sendo que no primeiro, além das salas há 1 banheiro masculino e 1 feminino, duas salas onde são guardados materiais de limpeza e uma sala onde alguns funcionários guardam seus pertences. O anexo 2, segundo informações, foi construído em um ano eleitoral e, por isto, feito às pressas, sem grande preocupação com sua estrutura, o que resultou em diversas falhas estruturais. Além disto, não possui extintores de incêndio e nem hidrantes. Segundo relatos, quando chove forte ou por um longo período de tempo, entra água nos pontos onde estão colocadas as luminárias do teto (figura 8), inundando corredores e salas. Um outro problema identificado neste prédio, é o da escada que dá acesso ao 2º andar, que além de estreita, é íngreme e com degraus pequenos, que não comportam o pé todo. Este anexo 2 conta com oito salas de aulas amplas (6,07m x 6,98 e altura de 3,78m) e tem, em média, 28 carteiras, um armário do Sangari e lousa bem conservada. Nestas salas não havia interruptores de luz e nem tomadas (figura 9). Os únicos interruptores observados foram os dos ventiladores,instalados em local muito alto, de difícil acesso. Foram notáveis as pichações (figura 10) feitas nas paredes e a falta de fechaduras nas portas (figura 11). Segundo relatos, durante o ano de 2011 foram colocadas quatro vezes fechaduras novas nas portas, que pouco tempo resistiram ao vandalismo praticado por alunos. Figura 8: Teto do anexo 2 da escola "Dr. João Maria", com evidente ocorrência de fortes infiltrações (Foto: Lucas Borges). Figura 9: Ausência de interruptores em salas do anexo 2 da escola "Dr. João Maria" (Foto: Gabriel Mendes). Figura 10: Pichações em parede do anexo 2 da escola "Dr. João Maria" (Foto: Gabriel Mendes). 37 Outro problema é o das portas das quatro salas de aula de cada andar serem situadas uma de frente para a outra (figura 12), o que traz problemas para o trânsito de pessoas, especialmente em situações de emergência, além do barulho de uma sala interferindo diretamente nas atividades desenvolvidas nas outras. Os banheiros do anexo 2 (1 feminino e 1 masculino) encontram-se em condições precárias, com portas sem trancas, pichações e falta de água, além de não ter qualquer marca que permita identificar qual é o banheiro masculino e qual o feminino. Existem, também, duas salas bem pequenas e simples que servem para o depósito de materiais de limpeza. Ambas foram encontradas com os materiais bem acondicionados e organizados em armários. Além desta sala, existe uma outra sala que era utilizada pelos professores, mas que atualmente serve de depósito para alguns materiais escolares e pertences de funcionários. 3.3. Anexo 3 Na foto da figura 13 pode-se observar a unidade mais antiga do conjunto de edificações existente no espaço da EMEF “Dr. João Maria de Araújo Jr.” Foi ela que abrigou as primeiras séries da escola primária, e, mais tarde, em 1977, o SESI (ver Histórico de Formação da Escola). Atualmente, funciona nesse prédio, no período noturno, a Direção da EMEJA (Escola Municipal de Educação de Jovens e Adultos). Figura 11: Porta sem fechadura no anexo 2 da escola "Dr. João Maria" (Foto: Gabriel Mendes). Figura 12: Portas de salas de aula mal dispostas (uma de frente para a outra), no anexo 2 da escola "Dr. João Maria" (Foto: Gabriel Mendes). 38 O prédio possui duas salas de aula, sala de professores, secretaria, sala da direção, 1 banheiro feminino e 1 masculino para professores e 1 banheiros masculino e 1 feminino para alunos, laboratório de Ciências e Matemática e sala Lego, sendo que estes três últimos são espaços diferentes numa única sala, e são utilizados pela escola no período da tarde. Alguns pontos positivos desse anexo são que, mesmo sendo o mais antigo e só sendo usado para a EJA (exceto a sala de laboratórios e Lego), não apresenta graves problemas estruturais, como os vistos no anexo 2 e, além disto, possui extintor e hidrante, que também não foram encontrados no anexo 2. Esta unidade da escola “Dr. João Maria” é a que se encontra na condição mais precária de pintura, o que provavelmente reforça atitudes de desrespeito, que resultam em sujeira, pichação e depredação. As salas de aula do anexo 3 são, comparativamente, menores em relação às dos outros anexos. Elas possuem 2,94m de altura e 6,98 x 6,07 de tamanho, com 18 carteiras e não contém armário com material do Sangari. Das duas salas de aula existentes, uma delas é atualmente usada como biblioteca da EJA. A sala dos professores é ampla e pode-se dizer que é bem equipada com mesas, cadeiras e armários. A secretaria e a sala da direção ficam localizadas no corredor desse anexo, próximas à porta de entrada. São salas pequenas, mas são bem equipadas com materiais de escritório, mesas, cadeiras e computadores. Os banheiros dos professores (1 masculino e 1 feminino) encontram-se ao lado da secretaria e são bem pequenos, com apenas um vaso e uma pia, mas estavam organizados. Os banheiros dos alunos (1 masculino e 1 feminino) ficam no pátio do anexo 3, mas aparentemente não são muito utilizados, pois encontramos materiais de limpeza guardados em ambos e, também, os encontramos fechados algumas vezes. A sala destinada aos laboratórios de Ciência e Matemática e sala Lego, localizadas neste prédio, é utilizada pelos alunos do período da tarde (1º a 5º anos). O projeto Lego garante aos alunos um ensino interdisciplinar, com um trabalho voltado ao Figura 13: Frente do anexo 3, da escola "Dr. João Maria" (Foto: Lucas Borges). 39 desenvolvimento do raciocínio lógico, inovação e criatividade. A sala é ampla, com carteiras unidas de quatro em quatro para poderem ser utilizadas por grupos de quatro crianças. Possui dois armários com materiais de laboratório de Ciências e de Matemática, mas que estão trancados por falta de chaves, que foram perdidas. Além destes armários, há a estante da Experimentoteca, produzida pela da USP, que, apesar de ser um recurso didático muito interessante e adequado ao ensino de Ciências (ver capítulo - Ensino de Ciências), foi encontrado mal cuidado e empoeirado devido à falta de uso. 3.4. Sala de atividades extracurriculares, antiga creche e área verde A sala de atividades extracurriculares (figura 14) é utilizada para projetos, tais como o do Coral, que é desenvolvido pela professora Jaqueline A. Barea Cantão. O exterior da sala encontra-se mal cuidado, com problemas nas paredes - como observado na figura 12 - evidenciando a falta de manutenção. Internamente, a sala possui várias cadeiras para crianças e uma lousa. 3.5. Quadra poliesportiva A quadra poliesportiva da EMEF “Dr. João Maria de Araújo Jr.” (figura 15) é um amplo espaço para as aulas de educação física, recreação e outras atividades, como apresentações artísticas e festas juninas. A quadra faz limite com a rua, onde se encontram muros altos contendo obras de grafitagem realizadas pelos alunos; tem arquibancada e é coberta. Esta cobertura que deveria proteger as pessoas do sol e da chuva, não o faz porque a cobertura é apenas superior, ficando abertas as laterais. Desta forma, não Figura 14: Frente da sala de atividades extracurriculares da escola "Dr. João Maria" (Foto: Lucas Borges). Figura 15: Quadra com poças de água, devido a cobertura que não a protege totalmente (Foto: Lucas Borges). 40 abriga adequadamente de chuva, vento e nem mesmo do sol. Por não possuir vestiários e sala de materiais dificulta os trabalhos dos professores de Educação Física. 4. Conclusão Neste trabalho buscou-se compreender a arquitetura do prédio escolar como um componente importante, que interfere em diversos aspectos da dinâmica escolar, precisando, por isso, fazer parte do planejamento para adequações ao currículo escolar, que implicará no desenvolvimento de certos conteúdos práticas de ensino desenvolvidas no interior da escola. Na escola “Dr. João Maria Araújo Jr.” é notável a diferença entre prédios e salas do anexo mais novo ao mais antigo. Foram observadas evidentes diferenças estruturais. Neste trabalho buscou-se compreender a arquitetura do prédio escolar como um componente importante que interfere em diversos aspectos da dinâmica escolar, precisando, por isso, ser levada em conta no planejamento para adequações ao currículo escolar, o qual implicará no desenvolvimento de certas práticas de ensino desenvolvidas no interior da escola. Os diversos problemas estruturais da escola, que resultaram primeiramente de planejamento inadequado, somado posteriormente à falta de manutenção e de vandalismo de alunos, precisam ser encarados com mais atenção e cuidado na busca de soluções, dado que interferem diretamente no processo de ensino-aprendizagem. 41 5. Anexo Anexo 1: Planta baixa da EMEF “Dr. João Maria de Araújo Jr.”,que não representa a estrutura existente atualmente no local, evidenciando áreas que não foram construídas e áreas que se encontram em localizações diferentes. 42 Gestão Escolar Amanda Moreti Rongetta Amanda Ungari Machado Camila Fernanda Zorzella Creste Marcella Gonçalves Mazutti Nilson Augusto Carnietto Júnior 1. Introdução A gestão escolar tem como objetivo organizar, mobilizar e articular todas as condições necessárias, materiais e humanas, que possam gerar avanço dos processos sócio-educacionais dentro dos estabelecimentos de ensino. Tais avanços visam uma aprendizagem efetiva pelos alunos, por meio da qual possam inserir-se na atual sociedade globalizada e com capacidade de enfrentar adequadamente os desafios que ela impõe (LÜCK, 2000). Além disso, é por meio do aperfeiçoamento da gestão que se pode ter visão estratégica e de conjunto do ambiente escolar, pois todas as ações escolares estão interligadas, funcionando como uma rede. A gestão precisa ser democrática, portanto, destituída da ideia autoritária de ações baseadas em poder absoluto, que se fecha às críticas. A gestão democrática tende a compartilhar decisões e informações, se preocupa com a qualidade da educação e com a transparência do destino dos recursos escolares (ESTEVÃO, 2001). O objetivo final da gestão é a aprendizagem efetiva e significativa dos alunos, por meio principalmente, de um sistema escolar organizado e que permita que os alunos, no cotidiano escolar, desenvolvam as competências que a sociedade demanda, sem, contudo, negligenciar os anseios pessoais de realização. Entretanto, sejam quais forem os ideais individuais, é necessário que os alunos se tornem cidadãos críticos e competentes. Para tal, precisam adquirir conhecimentos e desenvolver certas habilidades que os levem a, por exemplo, pensar criativamente; analisar informações e proposições diversas, de forma contextualizada; expressar ideias com clareza, tanto oralmente como por escrito; empregar a aritmética e a estatística para resolver problemas; ser capaz de tomar decisões fundamentadas e resolver conflitos, dentre muitas outras competências necessárias para a prática de cidadania responsável. Portanto, o processo de gestão escolar deve voltar-se à aprendizagem dos alunos sobre o 43 seu próprio mundo e sobre si mesmos; qual a relação que desejam ter com esse mundo e de qual maneira pretendem inserir-se nele. É importante que adquiram conhecimentos e aprendam a trabalhar com informações da realidade social, econômica, política e científica (LIBÂNEO, 2001). Em uma gestão escolar eficaz os dirigentes, ao liderarem as ações da escola, devem ser orientados por uma visão global e abrangente do seu trabalho. Para tanto, é necessário que o dirigente conheça quais são os aspectos que, em conjunto, favoreçam o desenvolvimento da escola e da qualidade de suas ações (ESTEVÃO, 2001). O presente trabalho objetivou conhecer e analisar como se dá a gestão escolar na EMEF “Doutor João Maria De Araújo Junior”, conhecendo a opinião da comunidade escolar em relação à gestão atual, para que o material levantado e a interpretação dos resultados sirvam como uma ferramenta de auto-análise pelos gestores, ajudando a levantar seus pontos críticos e realçando os pontos positivos, visando em um gradativo aperfeiçoamento. 2. Etapas do levantamento realizado Para a obtenção de dados sobre a gestão atual, na E.M.E.F. Dr. João Maria de Araújo Júnior, foram elaborados e aplicados questionários aos componentes que participam das diversas instâncias da gestão escolar (direção, coordenação e auxiliares de escritório), bem como aos professores da escola. O questionário aplicado à direção (anexo 1) foi elaborado com base no livro intitulado “Organização e Gestão da Escola: teoria e prática” (LIBÂNEO, 2001). Para a coordenação, o questionário também foi baseado no livro de Libâneo (2001) e acrescido de questões levantadas por alunos do 5º ano, turma XLIV do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, da UNESP, Botucatu (anexo 2). O questionário aplicado às auxiliares de escritório foi elaborado a partir de diversos questionários, que foram adaptados para atender ao interesse de compreender o papel deste segmento de profissionais na comunidade escolar (anexo 3). O artigo “Indicadores para a qualidade na gestão escolar e ensino” (LÜCK, 2000), forneceu a base para a elaboração do questionário aplicado a cinco professores (anexo 4). Além dos dados obtidos por meio desses questionários preparados por nós, analisamos também as respostas dadas por pais e alunos às perguntas específicas sobre a 44 gestão (anexo 5), existente no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP, 2010). 3. Os atores e suas respectivas ações em prol do ensino O grupo gestor da EMEF "Dr. João Maria de Araújo Jr", é composto por uma diretora e uma assistente de direção, duas coordenadoras pedagógicas. A escola conta também com três auxiliares de escritório. A equipe de gestão tem a responsabilidade de conduzir a escola de maneira organizada, envolvendo três atribuições: administrativas, pedagógicas e sociais, por meio de contato direto com os alunos e com toda a comunidade escolar, com a realização de reuniões periódicas, que envolva todo o corpo administrativo da escola. 3.1. A direção da escola A Diretora e a assistente de direção EMEF "Dr. João Maria de Araújo Jr." possuem ensino superior completo em pedagogia e Pós-Graduação (Sistema de Ensino COC) em gestão escolar. Atuam na educação há 20 e 30 anos, respectivamente, tendo começado como professora, requisito básico para exercer o cargo de diretor (Tabela 1). Tabela 1. Dados sobre o diretor e vice-diretor da EMEF "Dr. João Maria de Araújo Jr." Cargo Sexo Tempo total de atuação na educação Tempo total de atuação na escola Tempo no cargo atual Diretora Feminino 20 anos 5 anos 8 anos Vice-Diretora Feminino 30 anos 20 anos 3 anos Quando pedido para citarem três razões que as levaram a querer exercer os cargos de direção e vice-direção, ambas apontaram os mesmos motivos: maior salário, vocação profissional e busca por ascensão profissional. Ambas admitiram também ter vontade de exercer outras profissões que não estejam ligadas a área escolar. 45 O papel da diretora da presente escola é liderar e reger uma equipe a fim de cuidar da dinâmica escolar através de leis e normas administrativas. O papel da assistente de direção não se resume apenas a substituir a diretora em sua ausência, está ligado diretamente à coordenação pedagógica geral. A diretora e sua assistente estão sempre em contato direto, e em caráter de cunho decisório, acionam reuniões de trabalho coletivo. Como podemos observar na tabela 2, segundo a diretora e vice-diretora da escola “Dr. João Maria”, o tema “gestão escolar” é raramente discutido entre os gestores e demais membros da escola. No entanto, esse assunto deveria ser tratado periodicamente nas reuniões realizadas pelos gestores, devido a sua importância para a escola. Pois a gestão é o espelho para a escola, e tem como objetivo propiciar às instituições uma administração eficiente, além de ser a porta de entrada para os pais participarem de assuntos da escola. Temas Frequência de acontecimento Nunca Raramente Algumas vezes Muitas vezes Sempre Gestão Escolar ( ) ( x ) ( ) ( ) ( ) Prática pedagógica do corpo gestor ( ) ( ) ( ) ( x ) ( ) Condições de trabalho ( ) ( ) ( ) ( x ) ( ) Formação dos profissionais do corpo geral da escola ( ) ( ) ( ) ( x ) ( ) Acesso, permanência e sucesso escolar dos alunos ( ) ( ) ( ) ( ) ( x ) Avaliação do trabalhodos membros da escola ( ) ( ) ( ) ( ) ( x ) Avaliação escolar dos alunos ( ) ( ) ( ) ( ) ( x ) Condições escolares ( ) ( ) ( ) ( ) ( x ) Outro dado levantado com a diretora e com a sua assistente referiu-se à efetivação de uma gestão democrática. Segundo elas, é difícil de alcançar essa condição, por causa da Tabela 2. Frequência com que alguns temas educacionais são introduzidos em reuniões para discussão pelo corpo escolar, segundo as resposta dos questionários respondidos pela diretora e vice-diretora da presente escola. (Participam das reuniões: direção, professores, pais e funcionários). 46 “Divergência de ideias”; “Visão dos responsáveis (pais) em relação ao papel da escola”; “Falta de diálogo construtivo entre professores, pais e alunos”. Com relação ao planejamento geral da escola, que tem por objetivo organizar o conteúdo a ser aplicado durante o ano letivo, perguntou-se qual a ordem a ser seguida no planejamento, como é feito organização de cronograma etc. Verificamos que é realizado após o inicio das aulas e é revisto para ajustes no meio do ano. Ele é efetivado como componente curricular. Servindo para organizar de forma lógica o conteúdo anual, que irá ser regido durante o ano letivo, a fim de maximizar o processo ensino aprendizagem, que é dividido por ano/ciclo nesta escola. Entende-se por Planejamento Escolar a elaboração de programas, metas para toda a escola, que envolve a sua organização, funcionamento e a proposta pedagógica da instituição (BAFFI, 2002). "É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social” (LIBÂNEO, apud BAFFI, 2002). Procuramos saber sobre a participação dos membros da comunidade escolar nas decisões orçamentárias da escola EMEF "Dr. João Maria de Araújo Jr" e os dados obtidos (Tabela 3) indicam que os pais, os alunos e professores da escola ficam à margem desse processo. No entanto, deveriam participar dessas decisões já que é uma de suas funções. De acordo com os dados obtidos no site da Secretaria de Estado de Educação (www.educacao.sp.gov.br), da Governadoria do Estado de São Paulo, o conselho de escola é um colegiado, de natureza consultiva e deliberativa, constituído por representantes de pais, professores, alunos e funcionários, que tem função de atuar, articuladamente com o núcleo de direção, no processo de gestão pedagógica, administrativa e financeira da escola. A eleição do Conselho de Escola é feita anualmente, durante o primeiro mês do primeiro semestre letivo. Os representantes de professores, especialistas de educação (diretor, vice-diretor, coordenador), funcionários, pais e alunos serão eleitos pelos seus pares, através de assembléias distintas, convocadas pelo Diretor de Escola. A eleição dos membros do Conselho de Escola deve ser lavrada em ata, registrada em livro próprio, com a assinatura de todos os participantes, e afixada em local visível para toda a comunidade escolar. Todas as unidades escolares estaduais deverão encaminhar às Diretorias de Ensino, a composição do Conselho de Escola até 31 de março de cada ano letivo. O Conselho de Escola é presidido pelo Diretor da Escola e terá um total mínimo 47 de 20 (vinte) e máximo de 40 (quarenta) componentes. O número de componentes é fixado proporcionalmente ao número de classes da unidade escolar. A composição do Conselho de Escola segue a seguinte proporção: 40% de docentes; 5% de especialistas de educação, excetuando-se o Diretor de Escola; 5% dos demais funcionários; 25% de pais de alunos; 25% de alunos. Categoria Frequência na participação das decisões Nunca Raramente Algumas vezes Muitas vezes Sempre Docentes ( ) ( ) ( ) ( x ) ( ) Alunos ( ) ( x ) ( ) ( ) ( ) Grêmio estudantil ( x ) ( ) ( ) ( ) ( ) Conselho da escola ( x ) ( ) ( ) ( ) ( ) Associação de Pais e Mestres ( x ) ( ) ( ) ( ) ( ) Funcionários ( ) ( ) ( ) ( ) ( x ) Supervisor escolar ( x ) ( ) ( ) ( ) ( ) Coordenador pedagógico ( ) ( ) ( ) ( ) ( x ) Dirigente regional ( x ) ( ) ( ) ( ) ( ) Ainda sobre o conselho de escola, foi perguntado à direção sobre a existência dele na escola, quem são seus participantes, quando se reúne e quais suas funções. Diretora e vice-diretora responderam que sim e que participam a direção, professores, pais e funcionários. Elas disseram ainda que alunos não tem participação devido à faixa etária que é atendida na escola e que o conselho é acionado sempre que necessário, em “demandas de cunho decisório”. Tabela 3. Frequência com que cada categoria da comunidade escolar participa das decisões orçamentárias 48 Foram levantados também, dados sobre a existência de APM (Associação de Pais e Mestres), com que frequência as reuniões ocorrem, e se os pais costumam participar. As respostas da diretora e da assistente foram similares, informando que há APM e que dificilmente são feitas reuniões. Acrescentaram que pais, alunos e professores mantêm contato com a direção e a equipe de professores, o que facilita as tomadas de decisões. “A APM é uma entidade jurídica de direito privado, criada com a finalidade de colaborar para o aperfeiçoamento do processo educacional, para a assistência ao escolar e para a integração escola-comunidade” (Site da Secretária do Estado de São Paulo – Coordenadoria do Ensino do Interior - cei.edunet.sp.gov.br). Atualmente, sua principal função é atuar, em conjunto com o Conselho de Escola, na gestão da unidade escolar, participando das decisões relativas à organização e funcionamento escolar nos aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros. A convocação dos pais para reuniões na escola acontece no fim de cada bimestre, em geral para apoiar campanhas, festas, reuniões pedagógicas. Verificamos que poucos pais procuram pela escola por iniciativa própria. 3.2. Coordenação Pedagógica Por meio da coordenadora, soubemos sobre o número de profissionais atuantes na escola “Dr. João Maria”, seus respectivos cargos e exigências mínimas para ocupá- los (tabela 4). Sobre a sua formação, a coordenadora nos informou que fez: • Licenciatura - Ciências Biológicas - FC Bauru • Aprimoramento em Hematologia - Hemocentro FMB - UNESP • Mestrado em Fisiopatologia em Clínica Médica FMB - UNESP • Pedagogia – UNINOVE/Botucatu • Extensão em Gênero e Diversidade na Escola • Cursando Gestão Escolar - especialização - UNISEB Interativo • A coordenadora atua na área da Educação desde 1994, na Escola João Maria desde 2008 e na coordenação desde dezembro de 2009. Além disso, a coordenadora sempre atuou e ainda atua como professora de Ciências. 49 Cargos Quantidade Formação mínima exigida Diretor(a) 1 Pedagogia e pelo menos 3 anos no magistério Vice-diretor(a) 1 Pedagogia e pelo menos 3 anos no magistério Coordenador (a) 2 Pedagogia e pelo menos 3 anos no magistério Docentes 36 Ciclo I - Pedagogia Ciclo II - Licenciatura na área que ministra Auxiliar de escritório 3 Ensino Médio completo Agente de atividades escolares 1 Ensino Médio completo Inspetor de alunos 4 Ensino Médio completo Auxiliar de serviços gerais 6 Ensino Fundamental completo Questionada sobre as funções exigidas pelo seu cargo e as funções que realmente exerce na Escola “Dr. João Maria”, ela apresentou: a) Exigências do cargo • Função complexa de articulação entre Direção e professores; • Assessoria pedagógica; • Organização de espaços e materiais pedagógicos; • Gestão de projetos educacionais; • Compromisso com a formação continuada dos docentes. b) Atividades além do que é exigência do cargo • Substituir professores; • Limpar, organizar; • Inspetorar alunos da sala de vídeo; • Passar recados nas salas de aula. Para ela, asmaiores dificuldades encontradas para o exercício do cargo são: Tabela 4. Cargos existentes na EMEF “Dr. João Maria de Araújo Jr.” e formação mínima exigida para cada um deles. 50 • Resistência ao “novo” por parte dos professores e de toda a estrutura educacional da cidade; • Escola se diz inclusiva, mas não oferece condições mínimas necessárias; • Dificuldade de comunicação com professores e direção devido às diferenças nos horários de atividades na escola; • Excesso de trabalho; • Falta de professores de reforço; • Falta de professor para sala de atendimento educacional especializado; • Ausência de metade do corpo docente no HTPC, que faz em outras escolas. Como a coordenadora insistiu em dizer que mesmo com tantos obstáculos existentes na atualidade, não gostaria de exercer outra profissão a não ser a de professora, perguntamos o que a levou a assumir a coordenação. Uma das razões foi o maior salário que recebem os coordenadores e também porque gosta de desafios e pensou poderia fazer mais pelos alunos. Como a coordenadora insistiu em dizer que mesmo com tantos obstáculos existentes na atualidade, não gostaria de exercer outra profissão a não ser a de professora, perguntamos o que a levou a assumir a coordenação. Uma das razões foi o maior salário que recebem os coordenadores e também porque gosta de desafios e pensou poderia fazer mais pelos alunos. Sobre a inexistência de Grêmio Estudantil na Escola “Dr. João Maria”, acreditamos que possa ser resultado da dificuldade que se tem de lidar com posicionamentos políticos e reivindicações dos adolescentes, que, no entanto, precisam aprender a se manifestar e com atitudes respeitosas. Quanto à Associação de Pais e Mestres (APM) e o Conselho de Escola, são instituições existentes oficialmente na escola, mas que, segundo a coordenadora, ainda não tem o papel efetivo e frequente que os documentos oficiais sobre o assunto apregoam. Ainda acrescentou que nunca viu tal fato ocorrer em nenhuma das dez escolas em que já trabalhou, independente do sistema de ensino. As reuniões de Pais e Mestres acontecem bimestralmente, e os pais de alunos indisciplinados, com excesso de faltas ou com baixo rendimento frequentam a escola regularmente e recebem orientações da direção escolar. A documentação dos alunos é padronizada, com programas de digitação e organização de dados. As matrículas, transferências e rendimento ao final do ano são organizados pelo Sistema PRODESP (Companhia de Processamento de Dados do 51 Estado de São Paulo). As notas são acompanhadas pela Secretaria Municipal de Educação, por meio de planilhas, porque há grande interesse em obter bons índices no IDEB (Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico) e IDESP (Índice de Desenvolvimento do Ensino do Estado de São Paulo). Visando esse bom desempenho, duas estudantes de Pedagogia foram contratadas através Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) como estagiárias. Uma atua durante as manhãs e outra no período da tarde, para auxiliar no reforço (quando há formação mínima para tal), organização de materiais e substituição de professores em sala quando possível. Falando sobre a Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), a coordenadora disse acreditar ser estar aí uma das suas principais atribuições, que é a de conduzir uma reunião semanal com os professores da escola para conversar sobre os alunos e a escola, como também para orientá-los quanto à formação continuada. Normalmente, a Secretaria do Municipal da Educação reúne semanalmente os coordenadores de todas as escolas e a coordenadora dos coordenadores estuda vários textos e conteúdos e sugere aos coordenadores que usem esse mesmo material nas reuniões de HTPC em suas respectivas escolas, porém, na escola “Dr. João Maria”, a coordenadora pedagógica pediu para que os professores sugerissem temas que os interessasse, para serem discutidos nesses encontros. O grupo que se reúne às segundas-feiras, composto por quatro professores, escolheu trabalhar com os temas “identidade do professor e identidade do aluno”, os mundos diferentes, a inversão de valores. Esses temas estão sendo discutidos com base em materiais do curso de Pedagogia da UNIVESP e do livro “Nos labirintos da moral” de Yves de La Taille (2005). O grupo das quintas-feiras, composto por seis professores, escolheu trabalhar com o tema “educação sexual”. Os professores querem elaborar um projeto e colocá-lo em prática, porém, eles ainda não têm todo o embasamento teórico necessário sobre educação sexual. O grupo das sextas-feiras, composto também por seis professores, escolheu trabalhar com as teorias de desenvolvimento, porém, por novamente não possuírem todo o embasamento teórico necessário as leituras são demoradas, para que os esclarecimentos necessários sejam feitos. O tema é muito interessante, pois mesmo com todas essas dificuldades encontradas pelos professores, eles conseguem perceber de onde vêm, o que está na base das teorias que fundamentam o ensino atual. Essas reuniões possibilitam aos professores enxergarem com mais maturidade o tema, o que enquanto graduandos ainda não conseguiam compreender 52 claramente. O andamento das reuniões está mais lento do que deveria, mas os professores estão se mostrando interessados, mas queixam-se pelo fato de ter de estudar, porque alegam não ter tempo disponível para se dedicarem aos estudos ou à leitura. A coordenadora conta com um quadro composto por 26 professores e, dentre eles alguns apresentam despreparo até mesmo para o uso de recursos básicos de informática, como usar o Power Point. Desses 26 docentes, apenas seis são vistos como inovadores, que buscam por novas práticas de aula. Ela ainda disse que na maioria das vezes, os professores mais inovadores são os menos compreendidos ou os mais criticados. 3.3. Auxiliares de Escritório O questionário abordou primeiramente as funções das auxiliares de escritório na escola, a importância de suas funções e a coerência das atividades realizadas por elas em relação às que são propostas pelo cargo. As respostas obtidas não foram aprofundadas, sem muitos detalhes. A respeito da função que exerciam responderam apenas que tinham a função de secretárias. Já quanto à importância dessa função, duas delas responderam que essa função era importante e somente uma respondeu que era parcialmente importante. E com relação à coerência das atividades que faziam, duas delas responderam que suas atividades eram coerentes com as propostas pelo cargo e somente uma respondeu que era parcialmente coerente. Quando abordadas sobre as dificuldades encontradas no cargo responderam que não existia nenhuma. Também perguntamos para quem elas recorriam na presença de algum problema, todas responderam que recorriam à direção, porém, somente uma acrescentou também a coordenação. Todas avaliaram a gestão da direção e da coordenação como sendo muito boa. E quando perguntamos sobre a presença de um mural para anexar recados, todas responderam que existia um mural visível na escola onde eram afixadas as programações e atividades. Avaliamos também o clima escolar, e as respostas variaram entre: bom; muito bom; normal. 3.4. Professores Elaboramos um questionário destinado aos professores no intuito de saber suas opiniões a cerca da Gestão Escolar e de seus atores. Os professores foram questionados 53 sobre características específicas que os líderes do corpo escolar ou que o conjunto da comunidade escolar precisa ter para que a Gestão seja eficiente e desenvolva bem suas funções. No entanto, poucos professores puderam responder a tais perguntas, o que limitou nosso estudo. Porém, buscamos, mesmo que limitados pela quantidade de respostas, analisar abaixo os dados recolhidos. Sabendo que dirigentes de escolas eficazes que desempenham de maneira adequada sua função na sociedadesão líderes que estimulam professores, funcionários da escola, alunos, pais e comunidade adjacente a desenvolverem seu potencial, estimulando, para tanto, a criatividade e proatividade na resolução de problemas e enfrentamento de dificuldades, perguntamos sobre a avaliação da liderança educacional na escola em questão. De um modo geral, a avaliação foi positiva, pois a maioria dos professores aos quais aplicamos o questionário elogiaram os dirigentes, dizendo que colaboram e que são preocupados com o andamento escolar. Somente um professor avaliou como satisfatório o trabalho desenvolvido pelos dirigentes (primeira pergunta - anexo 4). Falando sobre a escola em si, para que seja considerada competente, as comunidades, interna e externa, devem assumir certa responsabilidade por seu destino e ações. Essa autonomia deve ser conquistada pela competência desses participantes em assumir tais responsabilidades para que o envolvimento na tomada de decisões transformadoras das práticas escolares seja efetivo e a gestão seja democrática. Sobre isso, elaboramos duas perguntas (segunda e terceira perguntas - anexo 4), uma quanto a abertura dada pela gestão da escola à comunidade, interna e externa, para assumir essas responsabilidades, e a outra, tinha relação com a primeira, onde perguntamos sobre o retorno da comunidade a essa abertura caso ela existisse. Analisando as respostas dadas à primeira questão, verificamos certa contradição. Apesar de a grande maioria responder que existe abertura à comunidade, obtivemos muitas respostas que afirmavam não existir ou não saber sobre a existência de tal abertura. Como a segunda pergunta era relacionada com a primeira, uma boa parte dos professores não a respondeu, a mesma quantidade que disse não existir ou não saber sobre a existência da abertura à comunidade. Dentro das respostas obtidas, a maioria disse que gostaria que o retorno da comunidade fosse maior e somente uma pequena parte disse que o retorno é positivo. 54 Analisamos, também, a interação existente entre a comunidade e o pessoal da escola, observando se atuam em conjunto como um elemento de apoio da aprendizagem e da própria gestão, e não apenas como apoiadores para condições materiais e financeiras da escola (quarta pergunta - anexo 4). De um modo geral, as respostas foram negativas, acusando uma interação ruim entre a comunidade e o corpo escolar. A maioria dos professores respondeu não saber sobre a existência do apoio da comunidade à escola e a outra parte disse que esse apoio não existe. Questionando-os sobre o clima escolar que envolve aspectos como: expectativas dos professores em relação aos alunos; da direção e equipe técnico-pedagógica em relação aos professores; ordem, disciplina e sistema de premiação e incentivo aos alunos, onde vivenciando um clima escolar positivo, os alunos aprendem comportamentos importantíssimos para o seu desenvolvimento como cidadãos, perguntamos como eles avaliavam esse quesito (quinta pergunta - anexo 4). A maioria dos professores diz que o clima escolar é satisfatório, parcelas menores porem iguais entre si dizem que o clima escolar dentro da escola é excelente, médio e insatisfatório. Pudemos perceber respostas contraditórias quanto a esse assunto também. Quando falamos sobre processo de ensino-aprendizagem, entendemos que esse processo se caracteriza por: maximizar o tempo dedicado à aprendizagem, de modo a evitar desperdício de tempo em atividades de pouco valor formativo e informativo, onde os alunos sabem o que é esperado deles, recebem orientações específicas e são acompanhados continuamente no que fazem. Essas são ações que devem ter total atenção dos dirigentes da escola. E para saber a opinião dos professores sobre a eficiência dos gestores nessas características, elaboramos uma questão que perguntava se os dirigentes da escola dão atenção necessária ao processo de ensino – aprendizagem (sexta pergunta - anexo 4). Ao analisar as respostas, percebemos que a grande maioria disse que sim, os gestores são eficientes. Porém, alguns professores disseram que não era satisfatório. Observamos também respostas incoerentes com a pergunta, o que pode ser um indicador de desatenção ou até mesmo desinteresse. Como a avaliação do desempenho acadêmico mostraria falhas nesse processo de ensino-aprendizagem, perguntamos se a avaliação é aplicada de maneira correta (sétima pergunta - anexo 4). A quantidade de professores que respondeu de maneira inadequada é grande, apontando mais uma vez uma possível falta de interesse ou falta de atenção. Outro dado surpreendente é a existência de uma parcela que diz desconhecer sobre 55 avaliação do desempenho acadêmico. E também aparecem respostas contraditórias, uma parcela diz que a avaliação é feita de maneira correta e outra diz não ser. Essas falhas até aqui observadas já deveriam ser notadas pelos gestores antes mesmo de obtermos esses dados. No intuito de conhecer como é feita essas averiguações pelos dirigentes, fizemos uma questão para saber se a supervisão era feita de maneira adequada (oitava pergunta - anexo 4). Quando questionados sobre a supervisão de professores a maioria respondeu que é feita de maneira adequada. Alguns acreditam não terem condições para responder essa pergunta e outros responderam de maneira incoerente com a pergunta. Vemos aqui um possível desconhecimento a cerca dessa supervisão que deve ser feita pelos gestores, e que apontaria possíveis falhas dos professores e também daria incentivos a eles. Nesse mesmo panorama que analisa o apoio aos professores no processo ensino- aprendizagem, perguntamos como os professores avaliavam o sistema de uso e as condições de materiais e textos de apoio pedagógicos na escola (nona pergunta - anexo 4). Alguns professores afirmaram que as condições e o uso desse tipo de material é satisfatório, porém a mesma quantidade afirmou que há muito pouco desse tipo de material na escola. Outro resultado intrigante foi uma parcela responder que desconhece esse tipo de material. Finalizamos a pesquisa com os professores buscando saber suas opiniões a cerca do espaço físico. Sabendo que as escolas não necessitam ser grandes, elas apenas necessitam utilizar de forma criativa o espaço existente, formando ambientes adequados às diferentes atividades exercidas na escola como: leitura, vídeo, representações, etc. Elaboramos uma pergunta para avaliar a utilização do espaço físico da escola (décima pergunta - anexo 4). A grande maioria dos professores afirma que a utilização do espaço físico não é ideal, porém uma parcela significativa diz que o espaço é bem aproveitado. Esses dados evidenciam que melhorias precisam ser feitas para melhorar a utilização do espaço físico. 3.5. Pesquisa de opinião de Pais e Alunos, retirada do Questionário SARESP. Buscando saber a opinião dos Pais e dos alunos com relação à Gestão Escolar da Escola João Maria, utilizou-se o questionário SARESP de 2010. Através de algumas questões desse questionário que são voltadas para a avaliação da gestão escolar, obteve- se, superficialmente (visto que seria necessária uma pesquisa mais detalhada e recente 56 para terem-se dados fidedignos), a opinião de pais e alunos quanto à eficiência da gestão escolar da Escola João Maria. Portanto, todos os resultados dessa parte da pesquisa foram retirados do questionário SARESP de 2010, e apenas avaliados sem qualquer alteração nos gráficos e tabelas disponibilizados por este questionário. Sabendo que a Gestão Escolar é responsável por informar aos pais o progresso de seus filhos, perguntou-se se eles estavam recebendo estas informações (questão 1 – anexo 5). Nesta avaliação, a maioria dos pais concordou plenamente (42,71%) ou parcialmente (41,67%) dizendo que recebiam informações sobre o progresso de seus filhos. Porém, os pais que
Compartilhar