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SUMÁRIO
 
PROCINÉTICOS
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Farmacoterapia .......................................................... 5
3. Anticinéticos ..............................................................12
ANTIEMÉTICOS
1. Introdução ..................................................................12
2. Farmacoterapia .........................................................18
3. Revisão ........................................................................28
Referências bibliográficas ........................................30
3PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
PROCINÉTICOS 
1. INTRODUÇÃO
Fármacos procinéticos são capazes 
de estimular seletivamente a função 
motora do intestino, apresentan-
do significativa utilidade clínica. Por 
exemplo, fármacos que aumentam a 
pressão do esfíncter esofágico inferior 
são úteis na doença do refluxo gas-
troesofágico (DRGE), já os que me-
lhoram o esvaziamento gástrico são 
úteis na gastroparesia e no retardo do 
esvaziamento gástrico pós-cirúrgico, 
enquanto os agentes que estimulam 
o intestino delgado são benéficos 
para o íleo pós-operatório ou para a 
pseudo-obstrução intestinal crônica. 
Por fim, os agentes que intensificam 
o trânsito colônico podem ser úteis no 
tratamento da constipação.
O controle da atividade contrátil do 
trato gastrointestinal (TGI) é comple-
xo e tem contribuições dos próprios 
músculos e epitélio deste trato, as-
sim como dos nervos locais do sis-
tema nervoso entérico (SNE), do 
sistema nervoso autônomo (SNA) e 
hormônios circulantes. Entretanto, o 
regulador mais importante da função 
intestinal fisiológica é o SNE - exten-
so conjunto de nervos que constitui a 
terceira divisão do SNA e sua única 
parte constituinte verdadeiramente 
capaz de funcionar autonomamente 
se separada do sistema nervoso cen-
tral (SNC).
HORA DA REVISÃO!
O SNE está localizado dentro das pare-
des do trato gastrointestinal e organiza-
-se em duas redes de neurônios e fibras 
nervosas interligadas: o plexo mioenté-
rico, localizado entre as camadas mus-
cular circular e longitudinal; e o plexo 
submucoso, localizado na submucosa. 
Enquanto o plexo mioentérico é o maior 
responsável pelo controle motor, o plexo 
submucoso regula a secreção, transpor-
te de líquidos e fluxo sanguíneo.
A liberação de serotonina estimula os 
receptores de serotonina (5-HT) nos 
nervos aferentes extrínsecos, estimu-
lando a ocorrência de náusea, vômitos 
ou dor abdominal. A serotonina também 
estimula os receptores 5-HT1P submu-
cosos dos nervos aferentes primários 
intrínsecos (NAPI), que contêm o pep-
tídeo relacionado com o gene da calci-
tonina (CGRP) e a acetilcolina, que se 
projetam para interneurônios do plexo 
mioentérico. 
Os interneurônios mioentéricos são im-
portantes no controle do reflexo peris-
táltico, promovendo a liberação de me-
diadores excitatórios proximalmente e 
de mediadores inibitórios distalmente. 
Já a motilina pode estimular diretamen-
te os neurônios excitatórios ou as célu-
las musculares, enquanto a dopamina 
atua como neurotransmissor inibitório 
no trato gastrintestinal, diminuindo a in-
tensidade das contrações esofágicas e 
gástricas.
4PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Figura 1, Peristalse. A estimulação da mucosa provoca a liberação de serotonina pelas células enterocromafins (8), 
que excitam os neurônios aferentes primários intrínsecos (1) que, por sua vez, comunicam-se com os interneurô-
nios ascendentes (2) e descendentes (3) das vias reflexas locais. O reflexo resulta na contração do segmento oral via 
neurônio motor excitatório (6) e no relaxamento do segmento aboral via neurônio motor inibitório (5). Nessa imagem, 
o complexo mioelétrico migratório está ilustrado como se fosse conduzido por uma cadeia diferente de interneurônios 
(4). Além disso, a figura ilustra outro neurônio aferente primário intrínseco com seu corpo celular na submucosa (7). 
Legenda: PM, plexo mioentérico; MC, músculo circular; ML, músculo longitudinal; SM, submucosa; Muc, mucosa. Fon-
te: Brunton, L.L. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica, 2012.
Os agentes procinéticos são fárma-
cos que estimulam a motilidade do 
TGI de modo coordenado, favorecen-
do o trânsito do bolo alimentar. Embo-
ra a acetilcolina (ACh) liberada pelos 
neurônios motores primários do plexo 
mioentérico seja o mediador imediato 
principal da contratilidade muscular, 
a maior parte dos fármacos prociné-
ticos age “antes” da ACh, nos locais 
receptores do próprio neurônio motor, 
nos neurônios ou células não neuro-
niais situadas uma ou duas posições 
distantes dele. 
O fluxograma a seguir demonstra as 
principais classes dos agentes prociné-
ticos mais utilizados na prática clínica e 
seus respectivos fármacos. Discutire-
mos adiante cada uma das classes.
5PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
2. FARMACOTERAPIA 
Antagonistas dopaminérgicos 
A dopamina está presente em quan-
tidades significativas no TGI, produ-
zindo efeitos inibitórios na motilidade, 
incluindo redução das pressões do 
esfíncter esofágico inferior e intra-
gástricas, que resultam da supressão 
da liberação da ACh pelos neurônios 
motores mioentéricos, sendo estes 
efeitos mediados pelos receptores 
dopaminérgicos D2. Há também blo-
queio dos receptores dopamínicos D2 
na zona de gatilho quimiorreceptora 
do bulbo (área postrema), resultan-
do em poderosa ação antináusea e 
antiemética.
Os três principais fármacos represen-
tantes dessa classe são metoclopra-
mida, domperidona e bromoprida. 
Destes, apenas a metoclopramida 
está atualmente disponível no Siste-
ma Único de Saúde (SUS).
A metoclopramida apresenta meia 
vida entre 4 a 6 horas após o uso e 
pode ser prescrita nas formas oral, in-
travenosa ou intramuscular. Apresen-
ta majoritariamente excreção renal. 
PROCINÉTICOS
Metoclopramida
Domperidona
Neostigmina
Bromoprida
Cisaprida
Prucaloprida
Eritromicina
Antagonistas 
dopaminérgicos 
Moduladores 
serotoninérgicos
Macrolídeos
Colinomiméticos
PRINCIPAIS FÁRMACOS PROCINÉTICOS
6PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Para adultos, a dose máxima diária 
recomendada é 30 mg com dura-
ção de tratamento máxima de 5 dias. 
Após a dose oral, o pico plasmático é 
alcançado em 30 a 60 minutos. 
A dose de Domperidona deve ser 
a menor dose eficaz para a situação 
individual (tipicamente 30 mg/dia) e 
pode ser aumentada, se necessário, 
a uma dose diária oral máxima de 40 
mg. A duração inicial do tratamento 
é de quatro semanas, devendo o pa-
ciente ser reavaliado após esse pe-
ríodo quanto a necessidade de con-
tinuação do tratamento. A posologia 
desta droga é: 10 mg (1 comprimido 
ou 10 mL da suspensão), 3 vezes ao 
dia, 15 a 30 minutos antes das refei-
ções e, se necessário, 10 mg ao dei-
tar-se, respeitando a dose diária má-
xima de 40 mg (4 comprimidos de 10 
mg ou 40 mL de suspensão oral).
Em relação a bromoprida, a dose 
máxima recomendada é de 60 mg/
dia, devendo ser administrado 10 mL 
(10 mg) de 12/12h ou de 8/8h.
SE LIGA! O efeito colateral resultante 
do bloqueio dos receptores D2 na zona 
de gatilho quimiorreceptora produz ação 
antiemética importante, colaborando 
para a eficácia terapêutica do tratamen-
to instituído com uso de antagonistas 
dopaminérgicos para pacientes com 
distúrbios de motilidade no TGI, já que 
náuseas e êmese são sintomas comuns 
nestes pacientes. 
Usos clínicos
Doença do refluxo gastreso-
fágico (DRGE) – Esses fárma-
cos podem ser usados para tra-
tamento da DRGE sintomática, 
porém não são efetivos para pa-
cientes com esofagite erosiva. 
Por conta da eficácia e segurança 
superiores dos agentes antisse-
cretores no tratamento da piro-
se, os fármacos procinéticos são 
prescritos, geralmente, em asso-
ciação com fármacos antissecre-
tores em casos de pacientes com 
regurgitação ou pirose refratária.
Comprometimento do esva-
ziamento gástrico – A meto-
clopramida e a domperidona 
são amplamente prescritas para 
o tratamento de pacientes com 
esvaziamento gástrico tardio, de 
etiologiapós-cirúrgica (vagoto-
mia, antrectomia) e para gastro-
paresia diabética. A metoclopra-
mida pode ser administrada em 
pacientes hospitalizados para fa-
cilitar a introdução de sondas de 
alimentação nasoentérica. 
Dispepsia não ulcerosa – Agen-
tes antagonistas da dopamina 
levam a uma melhora sintomá-
tica em um pequeno número de 
pacientes com dispepsia crônica.
Prevenção dos vômitos – Em virtu-
de de sua poderosa ação antiemé-
tica, a metoclopramida e a dompe-
ridona são usadas na prevenção e 
no tratamento dos vômitos.
1
2
3
4
7PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Efeitos colaterais
Em 10 a 20% dos pacientes em uso 
de metoclopramida, principalmente 
idosos, ocorre inquietação, sonolên-
cia, insônia, ansiedade e agitação. Em 
25% dos pacientes aos quais admi-
nistram-se altas doses da medicação, 
verifica-se a ocorrência aguda de efei-
tos extrapiramidais (distonia, acatisia, 
manifestações parkinsonianas), de-
vido ao bloqueio dos receptores do-
pamínicos centrais. Foi constatado o 
desenvolvimento de discinesia tardia, 
algumas vezes irreversível, em pa-
cientes tratados com metocloprami-
da durante um período de tempo pro-
longado. Assim, seu uso prolongado 
deve ser evitado, principalmente em 
indivíduos idosos. Já a domperido-
na costuma ser muito bem tolerada, 
com raros efeitos neuropsiquiátricos 
ou extrapiramidais, uma vez que não 
penetra a barreira hematoencefálica. 
A hiperprolactinemia é um efeito ad-
verso observado tanto com o uso 
da metoclopramida quanto com o a 
domperidona. As principais manifes-
tações do aumento do nível de pro-
lactina são galactorreia, ginecomas-
tia, impotência sexual e distúrbios 
menstruais.
HORA DA REVISÃO!
O sistema extrapiramidal é formado pelo 
tálamo, cerebelo e gânglios da base. 
Esse sistema está envolvido em vários 
processos, inclusive na modulação do 
controle motor e sua disfunção associa-
-se a transtornos dos movimentos. As 
principais síndromes clínicas, de acordo 
com os grupos talâmicos afetados, são: 
Grupo anterior: déficit de atenção, 
acinesia, alterações de linguagem e 
amnésia;
Grupo posterior: hemianestesia, dor, 
alterações no campo visual e déficit de 
atenção;
Grupo lateral: perda sensitiva, dores 
paroxísticas e hemiataxia contralaterais, 
distonia e mioclonias.
Grupo medial: apatia, agitação, sono-
lência e coma.
SAIBA MAIS!
Alguns estudos epidemiológicos demonstraram que a domperidona está associada a um 
aumento no risco de arritmia ventricular grave e morte cardíaca súbita. Esses riscos podem 
ser mais significantes em pacientes com idade superior a 60 anos e em pacientes que rece-
bem doses orais diárias superiores a 30 mg.
8PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Moduladores dos receptores 
de serotonina
A serotonina (5-HT) desempenha um 
papel fundamental nas funções moto-
ras e secretoras fisiológicas do intes-
tino. A célula enterocromafim produz 
a maior parte da 5-HT e a libera rapi-
damente em resposta aos estímulos 
químicos e mecânicos, desencadean-
do o reflexo peristáltico por meio da 
estimulação dos neurônios sensoriais 
intrínsecos do plexo mioentérico, bem 
como dos neurônios sensoriais vagais 
e espinais extrínsecos. Os receptores 
da 5-HT também estão presentes em 
outros neurônios do sistema nervoso 
entérico, onde podem exercer efei-
tos estimuladores (5-HT3 e 5-HT4) 
ou inibidores (5-HT1a). Além disso, a 
5-HT também estimula a liberação de 
outros neurotransmissores, depen-
dendo do subtipo de receptor. 
A disponibilidade de fármacos pro-
cinéticos serotoninérgicos nos últi-
mos anos foi restringida devido aos 
graves eventos cardíacos.
A cisaprida é uma benzamida pipe-
ridinílica substituída, que age esti-
mulando os receptores 5-HT4 a au-
mentar a atividade da adenililciclase 
dentro dos neurônios. Este fármaco 
tem como principal efeito colateral 
o prolongamento do intervalo QT, 
observado mais comumente quan-
do o fármaco é associado a outros 
compostos que inibem a CYP3A4. 
Devido a sua associação a arritmias 
ventriculares, a cisaprida está con-
traindicada para pacientes com histó-
ria de intervalo QT prolongado, insu-
ficiência renal, arritmias ventriculares, 
cardiopatia isquêmica, insuficiência 
cardíaca, insuficiência respiratória, 
distúrbios eletrolíticos não corrigidos, 
ou que estiverem usando fármacos 
que comprovadamente prolongam o 
intervalo QT. 
A prucaloprida é um derivado do 
benzofurano e agonista específico 
dos receptores 5-HT4, que atua fa-
cilitando a neurotransmissão colinér-
gica. Esse fármaco atua em toda ex-
tensão do intestino aumentando o 
trânsito oral-cecal e o trânsito colô-
nico sem afetar o esvaziamento gás-
trico. Em pacientes com constipação 
idiopática crônica a prucaloprida me-
lhorou o trânsito colônico e a frequên-
cia de evacuações. A posologia reco-
mendada para adultos é 2 mg, uma 
vez ao dia. A prucaloprida não deve 
ser administrada em pacientes com 
idade inferior a 18 anos e deve ser 
administrada com cautela em idosos 
com idade superior a 65 anos – ini-
ciar tratamento com 1 mg/dia e au-
mentar dose para 2mg/dia apenas se 
necessário. 
Os fármacos citados não estão dispo-
níveis no SUS.
9PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
SAIBA MAIS!
A recaptação da serotonina pelos neurônios e pelas células epiteliais é mediada pelo mesmo 
transportador de recaptação da 5-HT pelos neurônios serotoninérgicos do SNC. Por essa 
razão, tal recaptação também é bloqueada pelos inibidores seletivos da recaptação de se-
rotonina (ISRSs), o que explica o efeito adverso comum de diarreia associada ao uso desses 
fármacos. 
Macrolídeos
Antibióticos macrolídeos, como a eri-
tromicina, estimulam diretamente 
os receptores de motilina no múscu-
lo liso gastrointestinal, promovendo 
início de um complexo motor migra-
tório. Esse antibiótico exerce vários 
efeitos na motilidade do TGI anterior: 
aumenta a pressão esofágica distal e 
estimula a contratilidade do estôma-
go e do intestino delgado, mas de-
monstra pouca efetividade na motili-
dade do intestino grosso. O uso mais 
consagrado da eritromicina como fár-
maco procinético é em pacientes com 
gastroparesia diabética, nos quais ela 
pode melhorar o esvaziamento gás-
trico em pouco tempo.
Para estimulação gástrica, a dosagem 
de eritromicina é de 3 mg/kg, por via 
intravenosa, ou 200-250 mg, por via 
oral, a cada 8 horas. Para induzir es-
timulação do intestino delgado, doses 
menores podem ser mais úteis, uma 
vez que doses elevadas podem re-
tardar a motilidade deste órgão. Pode 
também ser usada em pacientes com 
hemorragia digestiva alta aguda para 
promover o esvaziamento gástrico de 
sangue antes da endoscopia. Em do-
ses maiores que 3 mg/kg, pode cau-
sar um tipo de contração espástica 
no intestino delgado que resulta em 
cólicas, redução do trânsito e vômitos. 
SAIBA MAIS!
As contrações gástricas estimuladas pela eritromicina podem ser intensas e provocar a pas-
sagem dos alimentos relativamente não digeridos para o intestino delgado. Essa desvanta-
gem potencial pode ser explorada clinicamente para eliminar do estômago os resíduos indi-
geríveis como tubos plásticos ou bezoares. 
10PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
O efeito da eritromicina no TGI se dá 
por sua ação como um agonista dos 
receptores de motilina, promovendo 
contrações semelhantes às obser-
vadas na fase III do complexo motor 
migratório. Após estudos, foi obser-
vado, inicialmente em cães, o fenô-
meno de tolerância ao tratamento 
com eritromicina quando este era ins-
tituído a longo prazo. Acredita-se que 
tal fenômeno se deve ao mecanismo 
de down-regulation dos receptores 
de motilina no TGI. Este mecanismo 
consiste na supressão da resposta 
a estímulos específicos por meio da 
redução da resposta celular a uma 
molécula devido ao decréscimo do 
número de receptores expressos na 
superfície celular. O desenvolvimen-
to rápido de tolerância à eritromicina, 
assim como os efeitos indesejáveis 
do antibiótico neste contexto têm li-
mitado o uso desse fármaco como 
procinético.
HORA DA REVISÃO!
A motilina é um hormônio peptídico 
encontrado nascélulas M do TGI e em 
algumas células enterocromafins do in-
testino delgado proximal. É um agente 
contrátil potente do TGI alto. Além disso, 
os receptores da motilina estão presen-
tes nas células musculares lisas e nos 
neurônios entéricos. 
Os efeitos da motilina podem ser mi-
metizados pela eritromicina, bem como 
por outros antibióticos macrolídeos, in-
cluindo oleandomicina, azitromicina e 
claritromicina. 
11PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Vômitos cíclicos
Causas infecciosas
Vômitos pós-cirúrgicos
Uso abusivo de álcool
Outros quadros 
infecciosos com toxemia
Gastroenterites
Causas endócrinas e 
metabólicas
Alterações 
peritoneais e intestinais
Outras Causas
Associada a 
medicações
Causas do SNC
Obstrução mecânica
Alteração funcional gastrointestinal
Inflamação peritoneal
Úlcera péptica
Pancreatite
Colecistite
Isquemia mesentérica
Hepatite
Doença inflamatória intestinal
Carcinoma gastrointestinal
Metástases peritoneais
Infarto agudo do 
miocárdio e outras causas
Insuficiência adrenal
Hipertireoidismo
Hipo e hiperparatireoidismo
Uremia
Porfiria
Enxaqueca
Hipertensão 
intra-craniana
Pós-convulsão
Doenças psiquiátricas 
associadas
Doenças vestibulares
Analgésicos e anti-inflamatórios
Vômitos pós-radioterapia
Quimioterápicos
Sulfassalazina
Antibióticos
Teofilina
Opioides
Digoxina
12PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
3. ANTICINÉTICOS
Os anticinéticos são os fármacos que 
promovem relaxamento da muscula-
tura lisa do TGI. Nitratos orgânicos e 
antagonistas do canal de cálcio po-
dem ser utilizados para alivio tempo-
rário dos sintomas relacionados aos 
distúrbios de motilidade como, por 
exemplo, a acalasia. 
SAIBA MAIS!
Acalasia é um distúrbio de motilidade esofágica congênito que se caracteriza por peristaltismo 
esofágico defeituoso, bem como pela falta do relaxamento do esfíncter esofágico inferior duran-
te a deglutição. O quadro cursa com disfagia de progressão lenta, em geral tanto para sólidos 
quanto para líquidos, e regurgitação de alimento não digerido. A avaliação classicamente é feita 
por manometria, esofagograma com ingestão de bário e endoscopia. O tratamento inclui dilata-
ção, denervação química, miotomia cirúrgica e miotomia endoscópica perioral.
Uma abordagem mais recente baseia-se no uso da toxina botulínica injetada diretamente 
dentro do esfíncter esofágico inferior por um endoscópio. Esse agente potente inibe a libera-
ção de ACh pelas terminações nervosas, gerando paralisia parcial da musculatura do esfíncter 
e consequente melhora significativa dos sintomas e esvaziamento esofágico. Entretanto, os 
efeitos da toxina botulínica desaparecem em alguns meses, o que requer injeções repetidas.
ANTIEMÉTICOS 
1. INTRODUÇÃO 
Náuseas e vômitos são efeitos colate-
rais indesejáveis de diversos fármacos 
clinicamente úteis, principalmente os 
usados para quimioterapia, opioides, 
anestésicos gerais e digoxina. Ocor-
rem também na cinetose (qualquer 
distúrbio causado por um movimento 
não habitual do corpo), durante o iní-
cio da gestação e em inúmeras doen-
ças e infecções. Para compreender a 
ação dos medicamentos antieméticos 
é necessário entender previamente a 
fisiopatologia da êmese. 
Náusea corresponde à primeira fase 
da êmese, o estômago se relaxa e 
ocorre a inibição da secreção do ácido 
gástrico – esta é chamada de fase 
pré-ejeção. Durante a náusea a pres-
são intratorácica diminui e a pressão 
abdominal aumenta. A próxima fase é 
a de ejeção, o reflexo do vômito com-
preende uma grande contração re-
trógrada do intestino delgado para o 
estômago; contrações dos músculos 
abdominais e do diafragma tornam-
-se coordenadas; e há aumento da 
pressão no tórax e no abdome, com-
primindo o estômago e forçando seu 
conteúdo através da boca e nariz.
O vômito é a expulsão violenta e for-
çada do conteúdo gástrico, acompa-
nhada de contração do diafragma e da 
musculatura abdominal, com relaxa-
mento da cárdia e contração do piloro. 
É precedido, geralmente, por náusea e 
acompanhado de palidez, taquicardia, 
sialorreia, sudorese e lassidão. 
13PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Hioscina 
(escopolamina)
Antagonistas 
serotoninérgicos
Receptores 5-HT3
Proclorperazina
Antagonistas 
dopaminérgicos
Receptores D2 
Antagonistas 
dos receptores de 
neurocinina
Receptores NK-1
Antagonistas 
histamínicos
Receptores H1
CorticosteróidesBenzodiazepínicos
Antagonistas 
muscarínicos
Receptores M1
Cinarizina
Ciclizina
Meziclina
Aprepitanto
Fosaprepitanto
Dexametasona
Metilprednisona
Lorazepam
Diazepam
Alprazolan
Metroclopramida
Antipsicóticos 
fenotiazínicos
Butiferonas 
antipsicóticas
Domperidona
Prometazina
Corprometazina
Haloperidol
Droperidol
Levomepromazina
Ondansetrona
Granisetrona
Dolasetrona
14PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
O chamado “centro do vomito”, lo-
calizado no tronco encefálico, não 
sendo identificado como uma estru-
tura anatômica única, mas por inter-
neurônios medulares, é uma região 
neuronal organizada dentro da for-
mação reticular lateral do bulbo, que 
coordena o ato do vômito por meio de 
interações com os nervos cranianos 
VIII e X e redes neurais no núcleo do 
trato solitário. Existem quatro fontes 
importantes de influxo aferente para 
o centro do vômito:
• “Zona de gatilho quimiorrecep-
tora” (ZGQ) ou área postrema: 
localizada na extremidade caudal 
do quarto ventrículo, encontra-se 
fora da barreira hematoencefáli-
ca, porém acessível a estímulos 
emetogênicos no sangue ou no 
líquido cerebrospinal. Recebe es-
tímulos predominantemente por 
via hematogênica, em resposta a 
drogas e toxinas circulantes, como 
apomorfina, opiáceos, citotoxinas, 
amônia, cetonas, entre outras. A 
ZGQ também recebe estímulos do 
labirinto no ouvido interno, através 
do núcleo vestibular, o que expli-
ca o mecanismo da cinetose; e de 
aferentes vagais vindos do trato 
gastrointestinal. A ZGQ é rica em 
receptores D2 dopamínicos e re-
ceptores opioides e, possivelmen-
te, receptores 5-HT3 de serotonina 
e receptores NK1. Portanto, este é 
o principal local de ação de muitos 
fármacos eméticos e antieméticos.
• Sistema vestibular: importante 
na cinetose por meio do nervo cra-
niano VIII (vestibulococlear). É rico 
em receptores M1 muscarínicos e 
H1 histamínicos.
• Nervos aferentes vagais e es-
pinais do trato gastrointestinal: 
são ricos em receptores 5-HT3. A 
irritação da mucosa gastrointesti-
nal por quimioterapia, radioterapia, 
distensão ou gastroenterite infec-
ciosa aguda determina a liberação 
de 5-HT da mucosa e a ativação 
desses receptores, que estimu-
lam o influxo aferente vagal para 
o centro do vômito e para zona de 
gatilho quimiorreceptora.
• Sistema nervoso central: desem-
penha papel no vômito de etiologia 
psiquiátrica, causado por estresse 
e êmese antecipatória antes da 
quimioterapia para o câncer, por 
exemplo. 
15PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Figura 2. Vias neurológicas envolvidas na patogênese da náusea e êmese. Fonte: KATZUNG, Bertram G.; TREVOR, 
Anthony J. Farmacologia básica e clínica, 2017.
16PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
HORA DA REVISÃO!
Como abordado, diversos receptores 
participam do mecanismo da êmese, 
dentre eles:
• Receptores serotoninérgicos 
5-HT3: encontrados principalmente 
na área postrema e outras partes do 
tronco encefálico. Alguns antagonis-
tas específicos para estes receptores, 
como por exemplo, a ondansetrona, 
são utilizados na clínica para tratar 
náuseas e vômitos principalmente 
em casos induzidos pela quimiote-
rapia, como também para se obter 
efeitos ansiolíticos por mecanismos 
ainda indefinidos. O sistema nervo-
so entérico transmite sinais ao cére-
bro através do nervo vago. É através 
deste sistema que a radioterapia, a 
quimioterapia e a gastroenterite ati-
vam os receptores 5-HT3 que con-
duzem à êmese.
• Receptores de Dopamina D2: ge-
ralmente ligados à proteína Gi ou Gq, 
levam à uma diminuição dos níveis 
AMPc, aumento das correntes de 
potássio e diminuição das correntes 
de cálcio, levando assim ao fecha-
mento dos canaisde cálcio voltagem 
dependentes. Os receptores da do-
pamina são ativados por esforço físi-
co e por diversas circunstâncias psi-
quiátricas, induzindo à êmese.
• Receptores de Histamina H1: pre-
sentes na entrada do sistema ves-
tibular da orelha interna. Quando 
ativados, seu sinal atravessa por 
meio do VII par craniano ou do nervo 
vestibulococlear, e está diretamente 
envolvido na fisiopatologia das náu-
seas e vômitos por cinetose. Há uma 
abundância do tipo H1 de receptores 
da histamina neste sistema. Esses 
receptores também participam como 
mediadores da contração na muscu-
latura lisa.
• Receptores muscarínicos M1: loca-
lizados no sistema nervoso central, 
células parietais gástricas e gânglios 
autônomos. Estão acoplados à pro-
teína Gq, uma subunidade excitató-
ria, que ativa uma cascata, levando 
ao aumento do cálcio intracelular. 
O Sistema vestibular também é rico 
em receptores histamínicos H1 e re-
ceptores muscarínicos colinérgicos. 
Acredita-se que as fibras H1 e as 
muscarínicas M1 são estimuladas 
por movimento, como o que ocor-
re em viagens de automóveis, por 
exemplo. 
• Receptor substância P/neurocinina 
NK1: a substância P, uma neurocini-
na, é produzida e liberada no ribos-
somo de células distribuídas em di-
ferentes tecidos, estando envolvida 
com inúmeras respostas fisiológicas, 
entre elas dor, inflamação e vômi-
tos. Liberada de modo mais lento e 
em menor quantidade que os neu-
rotransmissores, apresenta maior 
potência de ação, sendo responsá-
vel pelos estímulos agudos e tar-
dios do vômito. Está presente tam-
bém na mucosa gástrica e intestinal, 
promovendo a liberação de muco e 
contribuindo para a regulação dos 
movimentos peristálticos. Os recep-
tores NK1 desempenham papel im-
portante nas contrações gástricas e 
abdominais no reflexo do vômito, au-
mentando a pressão dentro do trato 
gastrointestinal e invertendo o senti-
do do trajeto dos alimentos.
17PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Não há evidências de que um fárma-
co seja mais eficaz que outro para 
controle da êmese. Assim, o critério 
de seleção, geralmente, é empírico 
ou baseado no mecanismo de ação 
farmacológica. A escolha baseada no 
critério empírico recai sobre a expe-
riência do prescritor, que deve consi-
derar a idade do paciente, tolerância 
aos efeitos adversos, resposta indivi-
dual e custo do tratamento. A seleção 
baseada no mecanismo de ação do 
antiemético considera a etiologia do 
vômito. Entretanto, o segundo critério 
de escolha demonstra-se limitado nos 
casos em que a origem do vômito é 
de difícil identificação ou multifatorial. 
Para ambas terapias, se o paciente 
não responde à monoterapia, é reco-
mendável a combinação de fármacos 
com diferentes mecanismos de ação.
Os objetivos da terapia antiemética 
incluem o alívio de sintomas agudos 
e tardios, bem como redução de risco 
de complicações como, por exemplo, 
a desidratação. É importante lembrar 
que a náusea e êmese são sinais/
sintomas, devendo a causa primária 
do quadro ser sempre investigada e 
abordada adequadamente, instituin-
do terapêutica específica sempre que 
necessário e possível. Uma situação 
especial é a êmese relacionada à qui-
mioterapia. Neste caso, é sempre im-
portante saber quais quimioterápicos 
serão utilizados, já que o potencial 
emetogênico destes é variável, mas 
bem conhecido. É de acordo com este 
potencial que se faz a escolha para 
controle de náuseas e vômitos indu-
zidos por quimioterápicos.
Figura 3. Comparação do potencial emético de antine-
oplásicos. Fonte: WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; 
PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia ilustrada, 
2016.
18PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
SAIBA MAIS!
Cerca de 30% dos pacientes em quimioterapia experimentam em algum momento a ocor-
rência de náuseas ou vômitos antecipatórios (NVA). O mecanismo clássico proposto para ex-
plicar essa ocorrência baseia-se no modelo pavloviano de aprendizado condicionado. Acre-
dita-se que a náusea e vômito decorrentes da quimioterapia sejam associados pelo paciente 
à estímulos desagradáveis decorrentes do tratamento. NVA podem ser desencadeadas por 
imagens de recordações do tratamento quimioterápico, sons específicos, cheiros ou gostos. 
Tais estímulos acabam, eles próprios, por desencadear os sintomas posteriormente, mesmo 
sem o estímulo “quimiotóxico”. 
2. FARMACOTERAPIA
Antagonistas dopaminérgicos 
Antipsicóticos fenotiazínicos 
As fenotiazinas são fármacos antipsi-
cóticos que podem ser utilizados por 
suas potentes propriedades antiemé-
ticas e sedativas. As propriedades 
antieméticas das fenotiazinas são 
mediadas por meio da inibição dos 
receptores dopamínicos. Eles atuam, 
principalmente, como antagonistas 
dos receptores D2 da dopamina na 
ZGQ. As propriedades sedativas de-
vem-se à sua atividade anti-histamí-
nica. Os agentes mais comumente 
usados como antieméticos são a pro-
clorperazina, a prometazina, tietil-
perazina, clorpromazina, perfena-
zina e trifluoperazina.
São antieméticos eficazes, comu-
mente usados para tratar as mani-
festações mais intensas de náuseas 
e vômitos associados a câncer, radio-
terapia, citotóxicos, opioides, anesté-
sicos e outros fármacos. Podem ser 
administrados por via oral, intraveno-
sa ou por supositório. 
A proclorperazina é eficaz contra a 
êmese resultante do uso de quimio-
terápicos pouco ou moderadamen-
te emetogênicos (p. ex., fluorouracil 
e doxorrubicina). Embora o aumen-
to da dosagem melhore a atividade 
antiemética, os efeitos adversos são 
dose-limitantes.
Seus efeitos adversos são comuns e 
incluem sedação (especialmente clor-
promazina), hipotensão e sintomas 
extrapiramidais, inclusive distonias e 
discinesia tardia. 
Butirofenonas antipsicóticas 
Outros fármacos antipsicóticos, como 
o haloperidol, o composto relacio-
nado droperidol e a levomepro-
mazina, também atuam como an-
tagonistas D2 na ZGQ e podem ser 
usados para êmese aguda induzida 
por quimioterapia. 
O droperidol é o principal agente uti-
lizado e pode ser administrado tanto 
19PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
por injeção intramuscular quanto in-
travenosa. Em doses antieméticas, 
o droperidol é um sedativo extrema-
mente forte. Era muito utilizado, an-
teriormente, para tratamento de náu-
seas e vômitos pós-operatórios e em 
associação com opiáceos e benzo-
diazepínicos para sedação em proce-
dimentos cirúrgicos e endoscópicos, 
neuroleptoanalgesia, assim como 
para indução e manutenção de anes-
tesia geral.
Seus principais efeitos adversos in-
cluem efeitos extrapiramidais e hipo-
tensão. O droperidol pode prolongar 
o intervalo QT, resultando, raramen-
te, em episódios fatais de taquicar-
dia ventricular, incluindo torsades de 
pointes que é uma forma específica 
de taquicardia ventricular polimórfica. 
SE LIGA! O droperidol não deve ser 
administrado em pacientes com prolon-
gamento do intervalo QT e só deve ser 
usado em pacientes que não respon-
deram de modo satisfatório a fármacos 
alternativos.
A metoclopramida é antagonista do 
receptor D2 e está intimamente rela-
cionada ao grupo dos fenotiazínicos, 
atuando centralmente sobre a ZGQ 
e tendo ação periférica sobre o pró-
prio trato gastrointestinal, uma vez 
que aumenta a motilidade esofágica, 
gástrica e entérica. Isso não apenas 
se acrescenta ao efeito antieméti-
co, mas também explica seu uso no 
tratamento do refluxo gastresofági-
co e de distúrbios hepáticos e bilia-
res. Como a metoclopramida também 
bloqueia os receptores de dopamina 
em outras regiões do sistema nervo-
so central, produz alguns efeitos ad-
versos, inclusive distúrbios do movi-
mento (mais comuns em crianças e 
adultos jovens), cansaço, inquietação 
motora, torcicolo espasmódico e cri-
ses oculógiras (movimentos oculares 
para cima involuntários). Além disso, 
estimula a liberação de prolactina, 
causando galactorreia e distúrbios 
menstruais.
Já a domperidona é um fármaco se-
melhante, usado para tratar êmese 
causada por citotóxicos e sintomas 
gastrointestinais. Diferentemente da 
metoclopramida, não atravessa facil-
mente a barreirahematoencefálica. 
Portanto, tem menos propensão a 
produzir efeitos colaterais centrais. 
Ambos fármacos são administrados 
por via oral, têm meias-vidas plasmá-
ticas de 4-5 horas e são eliminados 
na urina.
Estão disponíveis no SUS: prome-
tazina, clorpromazina, haloperidol e 
metoclopramida.
Antagonistas serotoninérgicos 
(receptores 5-HT3)
Os antagonistas seletivos dos recep-
tores 5-HT3 possuem propriedades 
antieméticas potentes, mediadas, em 
20PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
parte, por bloqueio dos receptores 
5-HT3 centrais no centro do vômito 
e na zona de gatilho quimiorrecepto-
ra. Porém, sua ação se deve princi-
palmente ao bloqueio dos receptores 
5-HT3 periféricos nos nervos afe-
rentes espinais e vagais intestinais 
extrínsecos. Os antagonistas dos re-
ceptores 5-HT3 não inibem os recep-
tores dopamínicos ou muscarínicos e 
não exercem efeitos sobre a motili-
dade esofágica ou gástrica.
A ação antiemética desses fármacos 
é limitada à êmese atribuível à esti-
mulação vagal – a exemplo de pós-
-operatórios - e à quimioterapia, não 
sendo fármacos de escolha para tra-
tamento de êmese por outros estímu-
los, como a cinetose.
Os quatro principais fármacos dessa 
classe são: ondansetrona, granise-
trona, dolasetrona e palonosetrona. 
Enquanto os três primeiros (ondan-
setrona, granisetrona e dolasetrona) 
têm meia-vida sérica de 4 a 9 horas 
e podem ser administrados uma vez 
ao dia, por via oral ou por via intrave-
nosa, a palonosetrona é um agente 
intravenoso mais recente, que exibe 
maior afinidade pelo receptor 5-HT3 
e apresenta meia-vida sérica longa 
de 40 horas. Todos esses fármacos 
apresentam eficácia e tolerabilidade 
comparáveis quando administrados 
em doses equipotentes e sofrem ex-
tenso metabolismo hepático, sofren-
do excreção renal e hepática. 
Apenas a ondansetrona está disponí-
vel no SUS atualmente.
SE LIGA! Não há necessidade de redu-
ção da dose em pacientes geriátricos ou 
naqueles com insuficiência renal. Entre-
tanto, para pacientes com insuficiência 
hepática, pode ser necessário reduzir a 
dose de ondansetrona.
Usos clínicos
• Náuseas e vômitos induzidos por 
quimioterapia: Os antagonistas 
serotoninérgicos são os principais 
agentes para a prevenção das 
náuseas e dos vômitos agudos 
induzidos pela quimioterapia. São 
eficazes contra todos os graus de 
tratamentos emetogênicos. A on-
dansetrona e a granisetrona evi-
tam a êmese de 50 a 60% dos pa-
cientes tratados com cisplatina.
Os fármacos antieméticos são mais 
efetivos quando administrados em 
dose única por injeção intravenosa, 
30 minutos antes da administração 
da quimioterapia, nas seguintes 
doses: ondansetrona, 8 mg; gra-
nisetrona, 1 mg; dolasetrona, 100 
mg; ou palonosetrona, 0,25 mg. 
Uma dose oral única administrada 
uma hora antes da quimioterapia 
pode ser igualmente efetiva nos 
seguintes esquemas: ondansetro-
na, 8 mg, 2 vezes ao dia ou 24 mg, 
1 vez ao dia; granisetrona, 2 mg; 
dolasetrona, 100 mg.
21PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Embora os antagonistas dos recepto-
res 5-HT3 sejam efetivos como fár-
macos isolados para a prevenção das 
náuseas e dos vômitos induzidos por 
quimioterapia, sua eficácia é poten-
cializada pela terapia de combinação 
com um corticosteroide (dexameta-
sona) e um antagonista dos recepto-
res NK1.
Quando usados isoladamente, esses 
fármacos têm pouca ou nenhuma efi-
cácia na prevenção das náuseas e dos 
vômitos tardios, ou seja, que ocorrem 
> 24 horas após a quimioterapia.
• Náuseas e vômitos pós-operató-
rios e pós-radioterapia.
Por conta dos efeitos colaterais 
e das restrições aumentadas no 
uso de outros fármacos antieméti-
cos, os antagonistas dos recepto-
res 5-HT3 estão sendo cada vez 
mais utilizados para esta indicação. 
Também são efetivos na preven-
ção e no tratamento de náuseas e 
êmese em pacientes submetidos 
à radioterapia corporal total ou do 
abdome.
Efeitos colaterais
Essa classe de fármacos costuma ser 
bem tolerada, apresentando excelen-
te perfil de segurança. 
Os efeitos colaterais mais relatados 
são cefaleia, tontura e constipação 
intestinal. Todos os quatro fármacos, 
principalmente a dolasetrona, pro-
vocam um prolongamento pequeno, 
porém estatisticamente significativo, 
do intervalo QT. 
SE LIGA! Embora as arritmias cardíacas 
não tenham sido associadas ao uso da 
dolasetrona, esse fármaco não deve ser 
administrado a pacientes com prolonga-
mento do intervalo QT nem em associa-
ção a outras medicações passíveis de 
prolongar esse intervalo.
Interações medicamentosas
Não foi relatada nenhuma interação 
medicamentosa significativa com os 
antagonistas dos receptores 5-HT3. 
Embora os quatro fármacos sofram 
certo grau de metabolismo pelo sis-
tema hepático do citocromo P450, 
não parecem afetar o metabolismo de 
outros fármacos. Mas, é importante 
ressaltar que outros fármacos podem 
reduzir a depuração hepática dos an-
tagonistas dos receptores 5-HT3, al-
terando a sua meia-vida.
22PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
SE LIGA! A síndrome serotoninérgica é 
um quadro potencialmente fatal, induzi-
do por fármacos que induzem hiperati-
vidade serotoninérgica no sistema ner-
voso. A síndrome é caracterizada pela 
tríade: instabilidade autonômica, hipera-
tividade muscular e alteração de estado 
mental, podendo variar de manifesta-
ções leves a letais. 
O diagnóstico é clínico, não havendo, 
atualmente, exames laboratoriais para 
comprovar a síndrome serotoninérgica. 
Entretanto, é possível haver leucocitose, 
aumento de CPK e aumento da creatini-
na e transaminases. Em alguns pacien-
tes a acidose metabólica também está 
presente. A história clínica é o principal 
fator de suspeição para o diagnóstico 
quando recente introdução de substân-
cia serotoninérgica, aumento da dose 
ou ainda adição de um novo fármaco ao 
tratamento.
É necessário atenção redobrada ao ad-
ministrar antagonistas serotoninérgicos 
em pacientes que já fazem uso conco-
mitante de medicações que influenciam 
diretamente em receptores de serotoni-
na como, por exemplo, antidepressivos 
tricíclicos e inibidores seletivos da re-
captação de serotonina. Outros fárma-
cos também são relatados na literatura, 
principalmente fármacos amplamente 
administrados em pacientes no pré-ope-
ratório e antibióticos como Linezolida. 
Antagonistas dos receptores de 
neurocinina (receptores NK1)
Suas propriedades antieméticas são 
mediadas por meio do bloqueio cen-
tral na área postrema. Inibem vômitos 
produzidos por quimioterapia com po-
tencial altamente emetogênico, tanto 
na fase aguda quanto na tardia. Além 
de seu efeito antiemético na quimio-
terapia, os antagonistas seletivos de 
receptores NK1, como aprepitanto, 
fosaprepitanto, casopitanto e rola-
pitanto, são efetivos na profilaxia de 
náuseas e êmese no pós-operatório.
Usos clínicos
O aprepitanto é um antagonista al-
tamente seletivo dos receptores NK1, 
que atravessa a barreira hematoen-
cefálica e ocupa os receptores NK1 
cerebrais. Não tem nenhuma afini-
dade pelos receptores de serotonina, 
dopamina ou corticosteroides. Geral-
mente, é usado em associação com 
antagonistas dos receptores 5-HT3 
e corticosteroides na prevenção das 
náuseas e dos vômitos tardios e agu-
dos em consequência de esquemas 
quimioterápicos muito emetogênicos. 
O fosaprepitanto é uma formulação 
intravenosa convertida em aprepitan-
to dentro de 30 minutos após a sua 
infusão.
A terapia combinada com aprepitan-
to, um antagonista dos receptores 
5-HT3, e dexametasona impede a 
ocorrência de vômitos agudos em 80 
a 90% dos pacientes. A biodisponibi-
lidade oral do aprepitanto é de 65%, 
e a sua meia-vida sérica é de 12 ho-
ras, sendo metabolizado pelo fígado, 
principalmente pela via CYP3A4. Os 
antagonistas dos receptores NK1 po-
dem ser administrados por 3 dias, de 
acordo com o seguinte esquema: 125 
23PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
mg de aprepitanto oral ou 115 mg 
de fosaprepitanto intravenoso, ad-
ministrados 1 hora antes da quimio-
terapia e seguidos de aprepitanto 
oral, 80 mg/dia, durante 2 dias após a 
quimioterapia.Efeitos colaterais e interações
Os principais efeitos adversos do 
aprepitanto incluem fadiga, tontura, 
dor abdominal, anorexia, soluços e 
diarreia. Pode haver pequena eleva-
ção de aminotransferases hepáticas, 
sem indícios de hepatotoxicidade.
Por ser metabolizado pela CYP3A4 
pode inibir o metabolismo de outros 
fármacos metabolizados pela mesma 
via. Os fármacos que inibem o meta-
bolismo da CYP3A4 podem aumen-
tar de forma significativa os níveis 
plasmáticos de aprepitanto (p. ex., ce-
toconazol, ciprofloxacino, claritromici-
na, nefazodona, ritonavir, nelfinavir, 
verapamil e quinidina). Além disso, o 
aprepitanto pode afetar a biotransfor-
mação de outros fármacos por essa 
enzima, como varfarina, diminuindo a 
razão normalizada internacional (INR) 
em pacientes em uso de varfarina. 
Tanto o aprepitanto quanto o fosa-
prepitanto podem reduzir a concen-
tração de noretisterona e sua eficácia 
contraceptiva, sendo recomendado 
método contraceptivo alternativo du-
rante e no primeiro mês após o trata-
mento com esses antieméticos. 
É importante lembrar que nenhum 
dos quatro fármacos está disponível 
atualmente no SUS.
Agonistas canabinóides
Evidências clínicas apontam a efi-
cácia de derivados canabinóides 
como nabilona e dronabinol no alí-
vio da dor, no aumento do apetite e 
na redução de náuseas induzidas por 
quimioterápicos. 
A nabilona diminui os vômitos cau-
sados por agentes que estimulam a 
ZGQ e, algumas vezes, é eficaz na 
vigência da falha de outros fármacos. 
O efeito antiemético é antagonizado 
pela naloxona, o que significa que os 
receptores opioides podem ser im-
portantes no mecanismo de ação. A 
nabilona é administrada por via oral, 
sendo bem absorvida no trato gas-
trointestinal e metabolizada em mui-
tos tecidos. Sua meia-vida plasmática 
é de aproximadamente 120 minutos, 
e seus metabólitos são eliminados na 
urina e nas fezes.
O dronabinol é o Δ9-tetra-hidroca-
nabinol (THC) - principal substância 
psicoativa da maconha. Após inges-
tão oral, o fármaco é em sua maior 
parte absorvido, porém sofre meta-
bolismo hepático de primeira pas-
sagem significativo. Os metabólitos 
são excretados lentamente duran-
te vários dias a semanas nas fezes 
e urina. À semelhança da maconha 
24PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
não purificada, o dronabinol é um 
fármaco psicoativo utilizado clinica-
mente como estimulante do apetite 
e como antiemético. O dronabilol é, 
geralmente, administrado em uma 
dose de 5 mg/m2, antes da quimio-
terapia, e a cada 2 a 4 horas, quando 
necessário. 
SAIBA MAIS! 
Devido à disponibilidade de fármacos mais efetivos, o dronabinol, atualmente, é pouco usado 
na prevenção das náuseas e dos vômitos induzidos por quimioterapia. A terapia de combi-
nação com fenotiazinas proporciona uma ação antiemética sinérgica, parecendo atenuar os 
efeitos colaterais de ambos agentes.
O mecanismo antiemético do drona-
binol ainda não é bem elucidado, mas 
acredita-se que exerça efeito periféri-
co e central como agonista de recep-
tores CB1 - expresso principalmente 
em diferentes áreas encefálicas - e 
CB2 - expresso no sistema imune e 
no complexo dorso-vagal -, modulan-
do negativamente a função de outros 
sistemas neurotransmissores. 
Efeitos colaterais e interações
Os efeitos adversos observados pelo 
uso de canabinóides incluem hipoten-
são ortostática, tonturas, prurido, dis-
tonia focal, xerostomia, alterações de 
humor, disforia, sedação, aumento do 
apetite, taquicardia, alucinação e pa-
ranoia, limitando seu uso em pacien-
tes idosos ou por período prolongado. 
Em função disso, canabinóides são 
indicados apenas em casos refratá-
rios ao tratamento convencional com 
antagonistas 5-HT3 e NK1.
Interações com esses fármacos são 
incomuns, mas os efeitos depresso-
res do SNC podem ser potencializa-
dos quando utilizados em associação 
com outros fármacos psicoativos, se-
dativos e/ou etanol. 
É importante ressaltar que estudos 
demonstram janela terapêutica muito 
estreita, não havendo ainda doses se-
guras estabelecidas para tratamen-
to de náuseas e inapetência. Apesar 
de serem drogas regulamentadas em 
alguns países, incluindo Estados Uni-
dos, seu uso ainda não é aprovado no 
Brasil, portanto, não está disponível 
no SUS.
SAIBA MAIS: 
Alguns pacientes apresentam alucinações e reações psicóticas que fazem lembrar o efeito de 
outros canabinóides. Esse efeito é conhecido como marijuana-like highs.
25PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
SE LIGA! Adesivos transdérmicos de-
vem ser utilizados com cautela em ido-
sos, hepatopatas, nefropatas e crianças. 
Efeitos anticolinérgicos centrais como 
confusão, ataxia, desorientação, inquie-
tação, sedação e psicose aguda são 
mais frequentes entre idosos. 
A hioscina (escopolamina) não está 
disponível no SUS.
Antagonistas dos receptores H1
Os fármacos mais usados desse gru-
po são cinarizina, ciclizina e prome-
tazina. São eficazes contra náuse-
as e vômitos de diversas etiologias, 
incluindo cinetose e a presença de 
substâncias irritantes no estômago. 
Mas, nenhuma das drogas é ampla-
mente eficaz contra substâncias que 
atuam diretamente sobre a ZGQ. Os 
antagonistas dos receptores H1 de 
primeira geração, como os derivados 
da piperazina, etanolamina e feno-
tiazina, atuam nos núcleos vestibula-
res, zona de gatilho e centro do vômi-
to, sendo eficazes contra náuseas e 
vômitos resultantes de hipercinetose 
e labirintopatias. Possuem também 
propriedades antialérgica e sedativa. 
Muitos desses fármacos apresentam 
efeito antagonista sobre receptores 
colinérgicos, contribuindo para seus 
efeitos antiemético e adversos. Mas, 
como agentes isolados, esses fárma-
cos possuem atividade antiemética 
fraca e embora úteis no tratamento 
Antagonistas dos receptores 
muscarínicos
Os anticolinérgicos inibem o estímulo 
do vômito por ação sobre receptores 
de acetilcolina (mACh) expressos no 
centro do vômito e nos núcleos ves-
tibulares. Já na periferia, reduzem se-
creções gastrointestinais e relaxam a 
musculatura lisa, promovendo efeito 
antiespasmódico, reduzindo cólicas 
intestinais associadas, ou não, à pre-
sença de toxinas alimentares. 
São fármacos efetivos no controle de 
náuseas e vômitos por intoxicações 
alimentares, cinetose ou no pós-ope-
ratório, mas pouco efetivos no quadro 
emético já instalado. 
A hioscina (escopolamina) é empre-
gada principalmente para profilaxia 
e tratamento de cinetose e pode ser 
administrada por via oral ou em ade-
sivo transdérmico.
Efeitos colaterais e interações
Os efeitos adversos mais comuns são 
xerostomia e visão embaçada. Pode 
ocorrer também ação sedativa. 
A hioscina (escopolamina), um pro-
tótipo dos antagonistas dos recepto-
res muscarínicos, é um dos melhores 
agentes para a prevenção da cinetose. 
Entretanto, apresenta uma incidência 
muito alta de efeitos anticolinérgicos 
quando administrada por via oral ou 
parenteral. É mais bem tolerada na 
forma de adesivo transdérmico. 
26PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
de vômitos de origem local ou labi-
ríntica, não são efetivos quando o 
quadro emético já está instalado. São 
preferidos na profilaxia da cinetose 
em crianças e no vômito em gestan-
tes por apresentarem menos efei-
tos adversos que os antagonistas 
muscarínicos.
A prometazina pode ser usada para 
náuseas matinais da gestação e tem 
sido usada pela NASA para o trata-
mento da cinetose do espaço, porém 
possui importante efeito sedativo.
A meclizina é um fármaco anti-his-
tamínico H1 com propriedades an-
ticolinérgicas mínimas, que também 
produz menos sedação. É utilizada na 
prevenção da cinetose e no tratamen-
to da vertigem causada por disfunção 
do labirinto.
Em virtude de suas propriedades 
sedativas, a difenidramina é muito 
utilizada em associação com outros 
antieméticos para o tratamento dos 
vômitos induzidos pela quimioterapia. 
Efeitos colaterais e interações
 Os principais efeitos adversos dos 
fármacos antagonistas do receptor 
H1 são sonolência e sedação, que 
possivelmente contribuem para sua 
eficácia clínica. O uso pode ser limita-do pela ocorrência de tontura, seda-
ção, confusão, boca seca, cicloplegia, 
sintomas extrapiramidais, cefaleia, 
constipação, retenção urinária e dimi-
nuição do limiar de convulsão. 
SE LIGA! É recomendado limitar o uso 
de prometazina em idosos em função 
dos efeitos adversos anticolinérgicos, já 
que podem causar ou agravar quadros 
de confusão, especialmente naqueles 
pacientes que já apresentam sinais de 
demência. 
Os antagonistas H1 devem ser usa-
dos com cuidado em pacientes com 
glaucoma de ângulo estreito, hiper-
plasia prostática, doenças cardiovas-
culares, hipertensão severa, compro-
metimento respiratório, insuficiência 
hepática e epilepsia. 
Por efeito inibidor moderado de CI-
P2D6, a difenidramina pode reduzir o 
efeito terapêutico da codeína, do tra-
madol e do tamoxifeno. 
Dos fármacos citados, apenas a pro-
metazina está disponível no SUS.
Benzodiazepínicos 
Intrinsecamente, as benzodiazepinas 
como o lorazepam, diazepam e o al-
prazolam são antieméticos pouco 
eficazes, mas seus efeitos sedativos, 
amnésicos e ansiolíticos podem ser 
úteis para reduzir o componente an-
tecipatório das náuseas e dos vômi-
tos dos pacientes, sendo administra-
dos antes do início da quimioterapia.
27PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
O uso concomitante com álcool deve 
ser evitado devido ao efeito depres-
sor aditivo no SNC.
Dos fármacos citados, apenas o dia-
zepam está disponível no SUS.
Corticosteroides 
Os corticosteroides (dexametaso-
na, metilprednisolona) possuem 
propriedades antieméticas, porém a 
base desses efeitos permanece des-
conhecida, sugerindo-se ação por 
bloqueio de prostaglandinas. Esses 
fármacos parecem aumentar a eficá-
cia dos antagonistas dos receptores 
5-HT3 para a prevenção das náu-
seas e êmese agudos e tardios em 
pacientes submetidos a esquemas 
de quimioterapia moderada a muito 
emetogênicos. 
Costuma-se administrar dexameta-
sona, em uma dose de 8 a 20 mg por 
via intravenosa antes da quimiotera-
pia, seguida de 8 mg por dia, por via 
oral, durante 2 a 4 dias.
A dexametasona e a metilpredniso-
lona, usadas sozinhas, são eficazes 
contra quimioterapia leve ou modera-
damente emetogênica. Ambas estão 
disponíveis no SUS.
Regimes associados
Antieméticos são frequentemente 
associados para aumentar a atividade 
antiemética ou diminuir a toxicidade e 
ocorrência de efeitos adversos. Por 
exemplo, corticosteroides - princi-
palmente dexametasona - aumen-
tam a atividade antiemética quando 
administrados com dose elevada de 
metoclopramida, um antagonista da 
5-HT3, fenotiazínico, butirofenona 
ou um benzodiazepínico. Anti-hista-
mínicos, como a difenidramina, com 
frequência são administrados juntos 
com doses elevadas de metoclopra-
mida para diminuir as reações ex-
trapiramidais, ou administrados com 
corticosteroides para evitar a diarreia 
induzida por metoclopramida.
Figura 4. Eficácia antiemética de algumas associações 
de fármacos contra episódios eméticos nas primeiras 
24 horas após a quimioterapia com cisplatina. Fonte: 
WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; PANAVELIL, Tho-
mas A. Farmacologia ilustrada, 2016.
28PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
SAIBA MAIS!
A associação do dimenidrinato com a piridoxina (vitamina B6) é largamente utilizada na 
clínica para prevenir e tratar náuseas, tontura e vômitos em geral, incluindo os vômitos e en-
joos da gestação, pré e pós-operatórios e após tratamento com radioterapia; na prevenção e 
tratamento de tonturas, enjoos e vômitos causados cinetose e para prevenção e tratamento 
das labirintites e vertigens em geral.
O mecanismo exato pelo qual o dimenidrinato age é desconhecido, mas acredita-se que este 
atue diretamente no centro do vômito. Já a pirodoxina participa na síntese de neurotransmis-
sores, atuando no labirinto, cóclea, vestíbulo e centro do vômito, além de possuir ação hepá-
tica, impedindo que proteínas que possuem ação emética sejam formadas.
3. REVISÃO
CLASSE FÁRMACOS LOCAIS DE AÇÃO USO
Antihistamínicos
Cinarizina, ciclizina, 
prometazina
Receptores H1 no SNC causando 
sedação e possíveis ações antico-
linérgicas no aparelho vestibular
Amplamente eficaz
independentemente da cau-
sa da êmese
Antimuscarínicos Hioscina
Ações anticolinérgicas no aparelho 
vestibular e possivelmente outros 
locais
Principalmente cinetose
Canabinóides Nabilona
Provavelmente receptores CB1 no 
trato gastrointestinal
Vômito induzido por fárma-
cos citotóxicos
Antagonistas da
dopamina
Fenotiazinas: proclorfena-
zina, perfenazina, trifluor-
fenazina, clorpromazina
Receptores D2 na ZGQ Vômito induzido por fárma-
cos citotóxicos; náuseas e 
vômitos do pós-operatório; 
doença da radiaçãoFármacos relacionados:
droperidol, haloperidol
Receptores D2 no trato GI
Metoclopramida Receptores D2 na ZGQ e trato GI
Vômito induzido por fárma-
cos citotóxicos; náuseas e 
vômitos do pós-operatório
Domperidona Receptores D2 na ZGQ
Vômito induzido por fárma-
cos citotóxicos
Glicocorticoides Dexametasona
Provavelmente múltiplos lo-
cais de ação, incluindo o trato 
gastrointestinal
Vômito induzido por fárma-
cos citotóxicos, frequente-
mente usado em combina-
ção com outros fármacos
Antagonistas da
5-HT3
Granisterona, ondasetrona,
palonosetrona
Receptores 5-HT3 na ZGQ e trato 
GI
Náuseas e vômitos do pós-
-operatório; vômito induzido 
por fármacos citotóxicos
Antagonistas da
neurocinina-1
Aprepitant, fosaprepitant
Receptores NK1 na ZGQ, centro do 
vômito e possivelmente no trato 
gastrointestinal
Vômito induzido por fárma-
cos citotóxicos, frequente-
mente usado em combina-
ção com outros fármacos
Tabela 1. Locais de Ação e Uso dos Fármacos Comuns. Tabela adaptada de RANG, H. P. et al. Rang & Dale Farmaco-
logia, 2016.
29PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
Rash cutâneo 
Antagonistas 
dopaminérgicos
Moduladores 
serotoninérgicos
Colinomiméticos Macrolídeos
PROCINÉTICOS
Sudorese
Cólicas abdominais
Incontinência urinária
Miose
Cefaleia
Salivação
Broncoespasmo
Lacrimejamento
Efeitos colaterais
Hipotensão
Bradicardia
Cólicas
Náuseas
Vômitos
Diarreia
Inquietação
Sonolência
Insônia
Ansiedade
Agitação
Cefaleia
Tontura
Constipação
Efeitos colaterais
Tolerância à motilina
Seleção de bactérias 
resistentes 
Efeitos colaterais
Efeitos extrapiramidais 
(metoclopramida)
Hiperprolactinemia
(metoclopramida e 
domperidona)
Efeitos colaterais
Alargamento do intervalo 
QT (dolasetrona)
Síndrome 
Serotoninérgica
30PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 
KATZUNG, Bertram G.; TREVOR, Anthony J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto 
Alegre: AMGH, 2017.
RANG, H. P. et al. Rang & Dale Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
WHALEN, Karen; FINKEL, Richard; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2016.
GOMEZ, Rosane; TORRES, Iraci L. S. (Ed.). Farmacologia clínica. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2017.
Brunton, L.L. Goodman & Gilman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12ª ed. Rio de 
Janeiro: McGraw-Hill, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais 2020. Mi-
nistério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em 
Saúde, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília, 2019.
DELGADO, Gilson Luchezi et al. Náuseas e Vômitos Antecipatórios: Pontos Fundamen-
tais. Rev. Bras. Oncologia Clínica. V. 3, n. 8, p. 7-11, 2006. 
 WANG RZ. et al. Serotonin syndrome: preventing, recognizing, and treating it. Cleve 
Clin J Med, 2016. 
31PROCINÉTICOS E ANTIEMÉTICOS

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