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Didática do educador da EJA

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DIDÁTICA DO 
EDUCADOR DA EJA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Gilvan Charles Cerqueira de Araújo
Indaial - 2021
2ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
A663d
 Araújo, Gilvan Charles Cerqueira de
 Didática do educador da EJA. / Gilvan Charles Cerqueira de
Araújo. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 123 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-353-7
 ISBN Digital 978-65-5646-352-0
1. Educação. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 370
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
E A EDUCAÇÃO BÁSICA .................................................................7
CAPÍTULO 2
FORMAS DE OFERTA, PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÕES 
PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS .......45
CAPÍTULO 3
EJA: CURRÍCULO, AVALIAÇÃO E FORMAÇÃO DE
PROFESSORES ............................................................................85
APRESENTAÇÃO
A Educação de Jovens e Adultos é uma das modalidades mais importantes 
da Educação Básica. É por meio da EJA que os estudantes podem iniciar ou dar 
continuidade a seus percursos de escolarização, permitindo a construção ou 
retomada de seus projetos e histórias de vida pela escola e os estudos.
Há um debate de valorização das modalidades educacionais e a EJA está 
inserida nesse processo. A correlação com etapas e também outras formas 
de atendimento educacional faz parte da essência da Educação de Jovens e 
Adultos. Para que sua essência e objetivo sejam alcançados é preciso que a EJA 
esteja ao alcance de todos aqueles que dela precisam como porta de acesso ou 
continuidade do percurso de escolarização.
O Brasil possui condições específicas e históricas de desafios e dificuldades 
envolvendo a oferta educacional para sua população. A Educação Básica, em 
suas etapas, muitas vezes não alcança grande parcela da sociedade brasileira. 
Esses jovens, adultos e idosos que não tiveram acesso à escola, ou então 
a frequentaram de forma descontinuada, formam o principal público-alvo da 
Educação de Jovens e Adultos. 
Tendo essa característica especial, a EJA possui em seu ínterim aspectos 
que precisam ser levados em consideração a respeito do seu currículo, formas de 
avaliação, escolha de conteúdos, diversidade e complexidade de seus sujeitos, 
a importância de se pensar nas avaliações formativas e acompanhamento 
pedagógico, a formação específica para professores da modalidade, dentre outros 
aspectos que fazem parte do debate teórico e prático sobre a EJA.
Compreender a relação da Educação de Jovens e Adultos e seu papel 
como modalidade da Educação Básica é tanto essencial como imprescindível, 
envolvendo elementos como didática, diversidade dos sujeitos da EJA, formas de 
oferta, avaliação, construção curricular e formação dos professores que atuam na 
modalidade.
 
No Capítulo 1, “A Educação de Jovens e Adultos e a Educação Básica”, há 
a apresentação dos tópicos principais e basais da EJA em relação a sua própria 
estrutura e características, seus sujeitos e a relação com as etapas da Educação 
Básica. Buscar o protagonismo da EJA no âmbito da oferta educacional brasileira 
é o primeiro passo a ser dado em direção a um aprofundamento teórico e 
aperfeiçoamento da prática pedagógica direcionadas à EJA.
 
Em continuidade aos debates iniciados no primeiro capítulo, no Capítulo 2, 
“Formas de oferta, planejamento e organizações pedagógicas da Educação de 
Jovens e Adultos” serão tratadas, principalmente, a diversidade, complexidade 
e variabilidade de se pensar a oferta da EJA na realidade social e educacional 
brasileira.
 
No terceiro e último capítulo, intitulado “EJA: Currículo, Avaliação e Formação 
de Professores” serão tratados aspectos complementares do debate envolvendo a 
EJA. Formas de avaliação, construção curricular e as diferentes formas de avaliar 
os sujeitos da EJA são as diretrizes que fazem parte desse capítulo. Busca-se, 
portanto, contemplar a Educação de Jovens e Adultos com algumas das questões 
atuais e necessárias de toda a Educação Básica.
 
A partir desses três capítulos espera-se, portanto, que ao final dos estudos 
seja possível elencarmos um panorama dos estudos educacionais relacionados 
à Educação de Jovens e Adultos. Ao longo deste capítulo, a EJA será tratada em 
sua especificidade como modalidade educacional, o protagonismo na Educação 
Básica e a complexidade e diversidade dos seus sujeitos, junto à valorização dos 
professores que atuam na EJA.
Bons estudos!
Professor Gilvan Charles Cerqueira de Araújo.
CAPÍTULO 1
A Educação De Jovens E Adultos E A 
Educação Básica
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• compreender a EJA em suas etapas, segmentos e especificidades didático-
pedagógicas;
• ser capaz de integrar os desafios da EJA com as possibilidades de melhorias, 
e análise crítica, reflexiva e propositiva sobre a modalidade em suas 
diferenciações com o ensino regular;
• ter contato com os desafios e aspectos gerais da EJA como uma das 
modalidades da Educação Básica;
• fazer um percurso entre o histórico, aspectos e possibilidades de 
aperfeiçoamento, diálogo metodológico, aprofundamento teórico e implantação 
de melhores políticas públicas educacionais que atendam às especificidades 
da EJA.
8
 Didática do Educador da EJA
9
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Para que o debate sobre a Educação de Jovens e Adultos seja iniciado é 
preciso a delimitação de alguns temas principais para esse ponto de partida. 
Essencialmente, a EJA necessita ser alocada em seu lugar protagonista na 
totalidade da Educação Básica, como previsto tanto na Lei de Diretrizes Bases 
como na Constituição Federal (BRASIL, 1988; 1996). 
Assim como as demais modalidades educacionais, somente a partir do 
reconhecimento de sua importância no processo de ensino e aprendizagem é 
possível pensar em avanços para reflexões e práticas didático-pedagógicas a 
respeito da Educação de Jovens e Adultos.
 
Nesse sentido, este capítulo está dividido em duas partes que se 
complementam nessa introdução ao debate sobre a EJA. Inicia-se com questões 
pertinentes à modalidade, sua diversidade, importância e características 
específicas em relação às demais etapas da escolarização. A EJA é a porta de 
entrada ou trilha de continuidade para jovens, adultos e idosos que iniciam ou 
retomam seus estudos, buscando ressignificações para sua formação pessoal, 
cultural, escolar e profissional.
 
Busca-se também compreender as nuances características dos sujeitos 
da EJA, a história e diversidade da modalidade em relação ao seu público-
alvo. Pensar a Educação de Jovens e Adultos é compreender as mudanças 
contemporâneas que vivemos. Jovens, adultos e idosos estão presentes na 
sociedade e, em muitos casos, não tiveram oportunidades de iniciar ou dar 
continuidade ao seu percurso de escolarização, papel central da EJA nas redes 
de ensino espalhadas pelo país.
Inserir novos diálogos, reflexões e práticas para a modalidade, valorizar 
seu histórico de início de seus estudantes com a leitura eescrita, a importância 
da formação profissional para as histórias de vida dos sujeitos da modalidade, 
dentre várias questões que complexificam e definem a EJA como uma das mais 
importantes modalidades da Educação Básica.
2 AS MODALIDADES DA EDUCAÇÃO 
BÁSICA E A EJA
10
 Didática do Educador da EJA
FIGURA 1 – A DIVERSIDADE E IMPORTÂNCIA DA EJA
FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/8/eja-alfabetizacao-o-
que-muda-planejamento-aulas>. Acesso em: 9 mar. 2021.
A Educação de Jovens e Adultos é uma das principais modalidades da 
Educação Básica. Dentro da estrutura de organização educacional brasileira, 
jovens, adultos e idosos da EJA representam a oportunidade de retomar ou 
iniciar o percurso de escolarização que não realizaram nas etapas regulares, 
principalmente Ensino Fundamental e Ensino Médio, havendo a demanda 
considerável para o atendimento educacional desses sujeitos.
Mesmo que em seu início como modalidade, a EJA tenha passado por um 
momento de foco no processo de alfabetização e letramento (FREIRE, 1991; 
2003; GADOTTI, 2014; PAIVA, 2005), ao longo das últimas décadas, a modalidade 
passou por transformações em sua estrutura e demandas. A incorporação de 
novos segmentos e modalidades ocorreu de forma natural, acompanhando, 
de forma espelhada, a estruturação das etapas educacionais, para que fosse 
possível ofertar aos estudantes da EJA a oportunidade de iniciar ou continuar 
seus estudos.
As etapas da Educação Básica são estruturas com a finalidade de 
proporcionar um caminho a ser trilhado pelos estudantes em sua escolarização. 
Séries, anos e semestres estão presentes em gradações de complexidades 
quanto às aprendizagens a serem alcançadas pelos estudantes. Do mesmo 
modo, questões como construção curricular, diferentes propostas de avaliação, 
formação inicial e continuada de professores, diálogo e aproximação com as 
modalidades também fazem parte da estruturação das etapas educacionais.
11
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
FIGURA 2 – ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
FONTE: O autor
Na Figura 2 temos as etapas educacionais da organização escolar brasileira. 
Observa-se que há uma linearidade ao longo de tais etapas que as configuram 
como o percurso no qual os estudantes terão seus estudos e experiências 
escolares. 
Do início da alfabetização e letramento dos primeiros anos do Ensino 
Fundamental até as aprendizagens mais complexas do Ensino Médio ocorrem, 
por meio da estruturação das etapas educacionais, gradações de complexidade 
nas aprendizagens nessas etapas. Tais gradações, estruturadas nas propostas de 
construção curricular e objetivos de aprendizagem, principalmente, nos permitem 
ter um panorama completo de como a Educação Básica está organizada no país.
A garantia do direito à educação básica para todos exige que se realize 
também uma avaliação rigorosa da escolarização oferecida a crianças e 
adolescentes. Para atingir o direito à educação para todos, é fundamental que 
haja políticas de EJA significativas, as quais assegurem acesso e permanência, 
pois a maioria dos jovens e adultos não alfabetizados, bem como dos que não 
terminaram o ensino fundamental, já passou pela escola e segue não alfabetizada. 
Cabe aos gestores públicos identificar essas pessoas em suas características 
peculiares, para a definição de uma política de expansão da escolaridade. Isso 
significa conhecer onde residem e quais são os limites de acesso às classes 
de educação de jovens e adultos; quais possuem necessidades especiais 
de aprendizagem e demandariam atendimentos diferenciados; quais estão 
em situação de vulnerabilidade social e demandariam outras políticas sociais 
integradas à oferta de escolaridade (BRASIL, 2016).
12
 Didática do Educador da EJA
FIGURA 3 – MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
FONTE: O autor
Já na Figura 3 temos as modalidades educacionais, que são representadas 
pelas ofertas educacionais que possuem como objetivo e papel principal 
complementar, adicionar ou suprir demandas específicas das etapas da Educação 
Básica. 
A EJA possui relação direta com as demais modalidades 
educacionais. No caso da Educação Especial há muitos jovens, 
adultos e idosos que necessitam de atendimento educacional 
inclusivo. Nesse sentido, EJA e Educação Especial caminham juntas 
para a garantia do acesso à educação desses sujeitos, seja em 
atendimentos especializados ou em iniciativas e estruturação das 
redes de ensino para a inclusão desses estudantes.
13
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
As modalidades educacionais, muitas vezes, ficam em segundo 
plano nas organizações e destinação de recursos governamentais 
para Educação. Com a EJA, o cenário não é diferente. Por representar 
uma grande diversidade de público, material didático e diferentes 
componentes curriculares e especialidades de professores, a EJA 
possui um custo de implantação elevado nas redes educacionais, 
fazendo com que haja a necessidade de compromisso e esforço dos 
agentes públicos no fornecimento de recursos para a modalidade.
Secretarias de educação municipais, estaduais e os órgãos federais de 
regulação, acompanhamento e estruturação da Educação Básica no Brasil 
orientam-se a partir dessa complementariedade entre etapas e modalidades 
educacionais. Para que a EJA alcance seus objetivos como oferta educacional 
para o público específico de jovens, adultos e idosos é preciso que haja o 
conhecimento, experiência, vivência e aprofundamento da realidade, contexto, 
especificidades e diversidade desses sujeitos da modalidade.
 
A busca por reconhecimento, valorização e expansão da oferta da EJA é uma 
realidade nas redes de ensino brasileiras. A preconização de atenção, recursos, 
esforços governamentais e acompanhamento de gestão e didático-pedagógico 
para as etapas educacionais faz com que as modalidades precisem rumar a 
caminhos de fortalecimento próprio. 
Desse modo, é importante acompanhar os movimentos de valorização da 
EJA como modalidade educacional, dos sujeitos que compõem seu público-alvo, 
da formação voltada aos profissionais que nela atuam e, principalmente, ao papel 
fundamental que a Educação de Jovens e Adultos possui na oferta de um início e 
continuidade do direito à educação a jovens, adultos e idosos.
14
 Didática do Educador da EJA
2.1 DESAFIOS DIDÁTICO-
PEDAGÓGICOS DA EJA PARA O 
SÉCULO XXI
FIGURA 4 – DESAFIOS DA EJA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/aluno-aprendendo-
aprender-aprendiz-159844/>. Acesso em: 9 mar. 2021.
Pensar a educação para o século XXI é colocarmo-nos em desafio único, 
complexo e multifacetado. Partindo da premissa de que temos atualmente 
uma necessidade dialógica, geracional e de produção e acesso a informação 
e conhecimento diferenciados, temos diante dos processos de ensino e 
aprendizagem tanto aberturas como óbices para seus sucessos como propostas 
didático-pedagógicas (MORAN; BACICH, 2018; PERRENOUD, 2000; LUCKESI, 
2011).
Diferentes autores buscaram problematizar, refletir e propor práticas 
educacionais para o século XXI, especialmente na passagem do século passado 
para o atual (LUCKESI, 2011; SOARES; GIOVANETTI; GOMES, 2005; DI 
PIERRO, 2001). Em termos gerais, o que se produziu e defendeu nos últimos 
anos para a educação como um todo é a busca por um conhecimento que seja 
interdisciplinar, complexo, dialógico, multimodal, inovador, acessível e que permita 
às diferentes gerações e singularidades de estudantes ter acesso ou iniciar seus 
percursos de escolarização.
No caso da Educação de Jovens e Adultos para o século XXI, uma das 
prerrogativas mais frequentemente encontradas para jovens, adultos e idosos 
dessa modalidade educacional é a necessidade de inserção formativa para o 
mundo do trabalho de forma integrada à formação básica. 
15
A EducaçãoDe Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
Também há demandas mais específicas como aperfeiçoamento da 
estruturação da acessibilidade da EJA Interventiva, que é a associação dessa 
modalidade com a inclusão e educação especial, a complexidade da educação 
nas prisões, novas formas de se pensar e colocar em prática os processos 
de alfabetização e letramento, dentre outras questões que fazem parte da 
organização, estrutura e desafios da EJA.
Ir à escola, forma institucionalizada de educação da sociedade 
moderna, não tem por objetivo a permanência no estágio 
cultural em que se está, mas, sim, a aquisição de um patamar 
novo, a partir da ruptura que se processa pela assimilação ativa 
da cultura elaborada. A cultura espontânea é insuficiente para 
a sociedade moderna que exige dos indivíduos novos níveis 
de entendimentos através da educação formalizada. Isso não 
significa uma condenação ao autodidatismo. Ocorre que o 
autodidatismo, no que se refere ao acesso à cultura elaborada, 
exige iniciação escolar ou, ao menos, iniciação preliminar de 
leitura, escrita, raciocínio numérico etc. A cultura elaborada, 
hoje, exige a escolarização, como instância pedagógica 
(LUCKESI, 2011, p. 118).
É preciso, nesses termos, que façamos o percurso da ressignificação 
da escola à reflexão dialógica, ampla, crítica e propositiva sobre os rumos 
da Educação de Jovens e Adultos para o século XXI. Contexto, diversidade, 
acessibilidade, realidades, início ou continuidade do ensino e aprendizagem na 
escolarização, essas grandes bandeiras e desafios devem fazer parte desse 
processo, como podemos observar nos seguintes apontamentos sobre esses 
desafios da modalidade:
• A alfabetização e letramento precisam ser incorporados às demandas 
contemporâneas de uma sociedade tecnológica em constante 
transformação, desigual e que precisa fornecer as habilidades, 
competências e aprendizagens necessárias para as diferentes gerações 
de estudantes, de como ler e compreender o mundo contemporâneo. A 
era digital e de instantaneidade na troca de informações oferece campos 
profícuos de exploração das aprendizagens, ao mesmo tempo em que 
reforça o papel crucial de uma alfabetização e letramento que fomente 
o olhar crítico e reflexivo da informação e conhecimento acessados, 
produzidos e, principalmente, compartilhados.
• A inserção da formação profissional não basta em sua forma tradicional 
de aprendizagem de profissões ou ocupações trabalhistas tradicionais. 
É preciso que as novas oportunidades e formas de geração de renda 
e empregabilidade façam parte de uma perspectiva de trabalho para o 
mundo contemporâneo, renovando estruturas formativas de profissões 
e ocupações já presentes no mercado e a inserção das novas formas 
de se obter renda e inserção nas múltiplas possibilidades surgidas 
16
 Didática do Educador da EJA
nas últimas décadas, especialmente após o advento do crescimento e 
avanços tecnológicos.
• O processo de juvenilização é uma realidade para a EJA. Em muitas 
redes de ensino já é possível encontrar formações inteiras de turmas 
voltadas a jovens em situação de distorção idade-série/ano. Isso significa 
que o papel da EJA, em muitos casos, mesclou-se com as de turmas 
de aceleração de aprendizagem ou correção de fluxo. Nesse caso, em 
não havendo como redefinir a EJA ao seu papel anteriormente destinado 
mais para adultos e idosos, torna-se necessária sua reconfiguração 
como modalidade que também recebe, e muito, a demanda de jovens 
em sua organização, demandando uma atenção didático-pedagógica 
específica, desafiadora e cada vez mais comum nas escolas brasileiras.
• A EJA é formada, em essência, pelo atendimento a um público-alvo 
formado por sujeitos diversificados, complexos e singulares. Isso significa 
que, em sua estrutura e organização, encontraremos diferentes focos 
que definem a modalidade. O atendimento a jovens, adultos e idosos em 
situação de rua, custodiados nos sistemas prisionais, em atendimento 
específico ou complementar pela Educação Especial e Inclusiva, ou 
ainda, que estejam na composição de turmas de outras modalidades 
como EaD, Educação Escolar Indígena ou Quilombola. Portanto, a EJA 
irá ao encontro dos pontos de atendimento educacional não alcançados 
pela Educação Básica em suas etapas.
As ações listadas anteriormente fazem parte das principais bandeiras e 
características da EJA no Brasil. Há, também, especificidades que fazem parte 
da modalidade, especialmente sua proximidade e complementação nas ações de 
continuidade de estudos de jovens, adultos e idosos que tiveram que interromper 
seu percurso de escolarização.
No site dos fóruns EJA é possível encontrar vídeos, livros, 
artigos, documentos, representantes da sociedade civil, poder público 
e parceiros da Educação de Jovens e Adultos. Destaca-se, também, 
a presença de todo o arquivo dos fóruns estaduais e regionais da 
modalidade que ocorrem no país, bem como os documentos das 
Conferências Internacionais de Jovens e Adultos (CONFINTEA), nas 
quais encontram-se alguns dos debates mais atuais e discussões 
envolvendo os sujeitos da EJA. Acesse http://www.forumeja.org.br/.
17
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
A EJA caracteriza-se, dessa maneira, como a abertura maior no âmbito da 
Educação Básica do ponto de vista de atendimento educacional. A universalização 
do acesso e direito à formação escolar perpassa pelo atendimento da EJA. Esse 
fato específico de presença da modalidade como ponto de apoio às etapas 
educacionais é um dos seus pontos mais marcantes de força e desafios, pelo fato 
de agregar em si muitas das questões e problematizações da oferta e qualidade 
educacional das redes de ensino.
• A política educativa deve ser suficientemente diversificada e 
concebida de modo a não se tornar um fator suplementar de 
exclusão social. 
• A socialização de cada indivíduo e o seu desenvolvimento 
pessoal não devem ser coisas antagônicas. Deve se tender 
para um sistema que procure combinar as vantagens da 
integração e o respeito pelos direitos individuais. • A educação 
não pode, por si só, resolver os problemas postos pela ruptura 
(onde for o caso) dos laços sociais. Espera-se, no entanto, 
que contribua para o desenvolvimento do querer viver juntos, 
elemento básico da coesão social e da identidade nacional. 
• A escola só pode ter êxito nesta tarefa se contribuir para a 
promoção e integração dos grupos minoritários, mobilizando 
os próprios interessados no respeito a sua personalidade. 
• A democracia parece progredir, segundo formas e fases 
adaptadas a situação de cada país. Mas a sua vitalidade é 
constantemente ameaçada. É na escola que deve começar a 
educação para uma cidadania consciente e ativa.
• A participação democrática depende, de algum modo, das 
virtudes cívicas. Mas ela pode ser encorajada ou estimulada 
pela instrução e por práticas adaptadas à sociedade dos meios 
de comunicação social e da informação. Trata-se de fornecer 
referências e grades de leitura a fim de reforçar as capacidades 
de compreensão e discernimento.
• Cabe à educação fornecer às crianças e aos adultos as bases 
culturais que lhes permitam decifrar, na medida do possível, as 
mudanças em curso. O que supõe a capacidade de operar uma 
triagem na massa de informações, a fim de melhor interpretá-
las, e de reconstituir os acontecimentos inseridos numa história 
de conjunto. 
• Os sistemas educativos devem dar resposta aos múltiplos 
desafios das sociedades da informação, na perspectiva de um 
enriquecimento contínuo dos saberes e do exercício de uma 
cidadania adaptada às exigências do nosso tempo (DELORS, 
2001, p. 67-68).
Na mesma linha de argumentação de Delors (2001) é que Gadotti (2014) 
reforça a necessidade e urgência de um direcionamento específico de elaboração 
e implantação de políticas públicas educacionaispara a EJA. Se o pensamento, 
prática e realidade colocados em debate dizem respeito aos avanços necessários 
para o direito à educação de toda sociedade, então é imprescindível que a EJA 
possua papel central nesse processo. 
18
 Didática do Educador da EJA
Em suas etapas e segmentos, a EJA contribuirá para que várias temáticas 
contemporâneas de renovação, proposição e atualização da oferta educacional 
sejam alcançadas de forma dialógica, democrática, diversificada e ampla e em 
todos os contextos e realidades dos ambientes escolares existentes no Brasil.
No artigo de Friedrich et al. (2010), Trajetória da escolarização 
de jovens e adultos no Brasil: de plataformas de governo a 
propostas pedagógicas esvaziadas, é possível encontrarmos 
importantes informações e reflexões sobre o histórico, importância 
e particularidades da Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Os 
autores tratam desde a realidade, contextos e sujeitos da modalidade 
até o seu histórico de implantação e necessidade constante de se 
pensar políticas públicas educacionais específicas para a EJA.
FRIEDRICH, M. et al. Trajetória da escolarização de jovens e 
adultos no Brasil: de plataformas de governo a propostas pedagógicas 
esvaziadas. Ensaio: aval. pol. públ. educ., Rio de Janeiro, v. 18, n. 
67, jun. 2010.
A EJA para o século XXI precisa estar alinhada, portanto, a uma perspectiva 
de desenvolvimento de políticas públicas educacionais pensadas especificamente 
para a modalidade. Somente a partir dessa compreensão ampla entre a tradição, 
história, inovação e contemporaneidade é que a modalidade irá dialogar e se 
encontrar com os desafios da educação no mundo atual.
19
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
A Educação de Jovens recebe esse nome mas possui também, 
como característica, o atendimento educacional de estudantes 
idosos. Portanto, como modalidade educacional, a EJA abrange 
jovens, adultos e idosos em seus segmentos níveis ou etapas. Por 
essa diversidade do seu público-alvo é que a EJA possui uma grande 
infiltração de importância e protagonismo nas demais etapas e 
modalidades educacionais. É comum, desse modo, vermos setores 
específicos nos órgãos de gestão educacional que destinam parte 
de suas atenções em atuação para a EJA como Ensino Médio 3º 
segmento da EJA, Educação Especial e Inclusiva, ações conjuntas 
com iniciativas educacionais de Educação Escolar Indígena ou 
Educação Ambiental, entre outros.
A origem da EJA, dessa maneira, está ligada à oferta da alfabetização e 
letramento, e também às iniciativas de educação popular. A partir desse ponto 
inicial é que a EJA foi inserida no âmbito das redes de ensino como modalidade 
educacional. Suas características originárias foram mantidas e ampliadas, de 
forma a dialogar, se aproximar e aperfeiçoar a diversidade e demandas dos 
sujeitos da EJA.
FIGURA 5 – DESAFIOS DA EJA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-premium/educacao-online-
cursos-de-formacao-educacao-a-distancia-e-educacao-global-estudo-
da-internet-livro-online-tutoriais-e-learning-fundo-do-conceito_10124770.
htm#page=2&query=escola&position=19>. Acesso em: 11 mar. 2021.
20
 Didática do Educador da EJA
Há, portanto, muitos desafios que acompanham a Educação de Jovens e 
Adultos, seja em sua aproximação e diálogo com as demais etapas e modalidades 
educacionais ou em sua oferta aos sujeitos que compõem seu público-alvo. 
No mundo contemporâneo, especialmente com o advento das tecnologias de 
informação e comunicação e diversificação do público da EJA houve um acréscimo 
das temáticas e discussões que envolvem a modalidade.
1) Qual a importância da EJA como modalidade para o percurso de 
escolarização da Educação Básica?
2) Cite dois desafios para a Educação de Jovens e Adultos no século 
XXI.
3 AS APRENDIZAGENS E 
DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA 
EJA
Pensar sobre a Educação de Jovens e Adultos é considerar a diversidade de 
seu público-alvo. Os sujeitos da EJA passaram por consideráveis transformações 
nas últimas décadas, de um cenário mais focado em estudantes com idade com 
faixa etária mais avançada e priorização da alfabetização e letramento para uma 
abertura maior para jovens e adultos na modalidade.
Essa alteração na composição dos sujeitos da EJA traz consigo desafios 
e também possibilidades de formação, estudo, prática, metodologias e toda 
uma complexidade de oferta educacional condizente com esse novo cenário. 
Contextos, realidades, histórias e projetos de vida, expectativas e experiências 
escolares diversas são alguns dos elementos que fazem parte desse processo de 
uma nova perspectiva acadêmica, de gestão, profissional e de formação para a 
Educação de Jovens e Adultos.
Diferentes autores trabalham atualmente com a perspectiva da EJA para o 
século XXI, aos jovens, adultos e idosos que por ela são atendidos e que estão 
presentes em diferentes realidades educacionais (SOARES; GIOVANETTI; 
GOMES, 2005; DI PIERRO, 2005; FRIEDRICH et al., 2010). A EJA define-se pela 
21
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
diversidade e multiplicidade de cenários de ensino e aprendizagem que existem 
na modalidade para além de seu cenário histórico e, principalmente, abarcando 
as características do mundo contemporâneo. 
Somente a partir desse passo em direção a novas perspectivas de ensino, 
aprendizagem, metodologias de ensino e as especificidades educacionais da EJA 
é que conseguiremos compreender o atual momento da composição dos sujeitos 
atendidos pela modalidade. Esses são os pontos que serão tratados neste tópico 
de nossos estudos, com o objetivo de apresentar e propiciar as aberturas de 
reflexões a respeito da temática envolvendo as aprendizagens e diversidade dos 
sujeitos da Educação de Jovens e Adultos.
3.1 OS SUJEITOS DA EJA E SUA 
DIVERSIDADE 
FIGURA 6 – A DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA
Os sujeitos da EJA são compostos por jovens, adultos e idosos, muitos deles 
trabalhadores ou em busca de uma formação ou ocupação profissional ou fonte 
de renda. Também há na EJA estudantes com necessidades especiais, de origem 
étnica, cultural e histórica tradicionais ou nativas, à abertura e diálogo com as 
demais etapas educacionais. 
Na essência da EJA está a oferta de alfabetização e letramento que a 
acompanha especialmente no 1º segmento. Em outros termos, houve um 
avanço da diversidade dos sujeitos da EJA, e as redes de ensino, professores, 
FONTE: <https://atividadesprofessores.com.br/atividades-
para-eja/>. Acesso em: 11 mar. 2021.
22
 Didática do Educador da EJA
gestores e comunidade escolar estão lidando com essas mudanças e desafios 
que abrangem toda Educação Básica. E é nesse sentido das histórias de vida 
que devemos compreender os sujeitos da EJA como sujeitos inseridos em sua 
sociedade cada vez mais complexa. Para além do ato e alfabetizar e letrar esses 
sujeitos é preciso que consideremos os seus percursos e escolhas, experiências 
e contextos, estruturas familiares diversificadas etc. 
O educando é um sujeito que necessita da mediação do 
educador para reformular sua cultura, para tomar em suas 
próprias mãos a cultura espontânea que possui, para 
reorganizá-la com a apropriação da cultura elaborada. Assim, 
o educando é um sujeito possuidor de capacidade de avanço 
e crescimento, só necessitando para tanto da mediação da 
cultura elaborada, que possibilita a ruptura com o seu estado 
espontâneo (LUCKESI, 2011, p. 118).
Pensar os sujeitos da EJA significa trabalhar para, com e na 
diversidade. A diversidade é constituída das diferenças entre 
os sujeitos, que os distinguem uns dos outros – mulheres, 
homens, crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, 
pessoas com necessidades especiais, privados de liberdade, 
indígenas, afrodescendentes, descendentes de europeus, 
de asiáticos,de latino-americanos e migrantes, entre outros. 
A diversidade que constitui a sociedade brasileira abrange 
formas de ser, de viver, de pensar e de agir que se enfrentam, 
entre tensões, com modos distintos de construir identidades 
sociais e étnico-raciais e cidadania – ou seja, em situações-
limite. O não reconhecimento das diferenças como diversidade 
cultural, que afirma as identidades, tem fortalecido um perfil 
homogêneo do direito à educação que descaracteriza os 
sujeitos. O reconhecimento da diversidade dos sujeitos da 
EJA, das diferenças culturais em contextos de sala de aula e 
das relações sociais afirmam identidades em políticas de EJA, 
buscando mecanismos políticos de luta pela igualdade sempre 
que as diferenças se tornarem desigualdades. No Brasil, as 
desigualdades econômicas e educacionais são significativas 
nas questões de gênero e etnia, conforme demonstrado no 
diagnóstico anterior. Potencializar a diversidade na educação 
escolar é um desafio pertinente às políticas de EJA, pois, 
embora tenham sido executados projetos, programas e 
ações, os impactos do atendimento não foram suficientes 
para contribuir para a superação das desigualdades sociais e 
educacionais (BRASIL, 2016, p. 73).
É importante que a EJA encontre um equilíbrio entre a diversidade etária e as 
particularidades de cada segmento da modalidade. A EJA possui em sua essência 
a multiplicidade de histórias, vivências, experiências e aprendizados. Conteúdos, 
metodologias, materiais didáticos, práticas e estudos voltados à modalidade 
devem estar inseridos nessa especificidade fundamental da EJA.
23
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
FONTE: <https://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/exercicios-redacao/
exercicios-sobre-interpretacao-charges-tirinhas.htm>. Acesso em: 11 mar. 2021.
FIGURA 7 – O MUNDO CONTEMPORÂNEO A AS APRENDIZAGENS ESCOLARES
Apenas ofertar a educação para os sujeitos da EJA não é suficiente no sentido 
da garantia da formação cidadã, acadêmica, cultural, crítica e propositiva desses 
estudantes. É preciso que a modalidade seja pensada, praticada e implantada de 
acordo coma s múltiplas realidades socioculturais e contextos de seus sujeitos. 
Haverá jovens inseridos no mundo informacional, mesmo que de forma 
precária em muitos casos, questões de alfabetização presentes em todas as 
faixas etárias da EJA, a importância da formação integrada com ofertas de cursos 
de qualificação profissional. E, o mais importante a ser destacado é o fato de ser 
necessária a elaboração de uma visão própria de políticas educacionais para os 
sujeitos da EJA, em sua diversidade e particularidades. 
FONTE: <https://mundoeducacao.uol.com.br/upload/conteudo/
charge-de-ivan-cabral.jpg>. Acesso em: 11 mar. 2021.
FIGURA 8 – REALIDADES E CONTEXTOS DOS SUJEITOS DA EJA
24
 Didática do Educador da EJA
Nesse sentido de repensar as bases da oferta educacional para jovens, 
adultos e idosos é importante, também, ser colocado em evidência, a necessidade 
de integrar a EJA à Educação Profissional em todos seus segmentos. Essa 
ressignificação na modalidade deve contemplar os diferentes elementos da 
educação como um todo. Construção das propostas curriculares, diferentes 
maneiras de avaliar as aprendizagens, renovação e aprimoramento das 
metodologias de ensino que contemplem o ensino e aprendizagem integrados etc.
Na medida em que compreendemos a educação, de um 
lado, reproduzindo a ideologia dominante, mas, de outro, 
proporcionando, independentemente da intenção de quem tem 
o poder, a negação daquela ideologia (ou o seu desvelamento) 
pela confrontação entre ela e a realidade (como de fato está 
sendo e não como o discurso oficial diz que ela é), realidade 
vivida pelos educandos e pelos educadores, percebemos a 
inviabilidade de uma educação neutra. A partir deste momento, 
falar da impossível neutralidade da educação já não nos 
assusta ou intimida. É que o fato de não ser o educador um 
agente neutro não significa, necessariamente, que deve ser 
um manipulador. A opção realmente libertadora nem se realiza 
através de uma prática manipuladora nem tampouco por meio 
de uma prática espontaneísta. O espontaneísmo é licencioso, 
por isso irresponsável. O que temos de fazer, então, enquanto 
educadoras ou educadores, é aclarar, assumindo a nossa 
opção, que é política, e sermos coerentes com ela, na prática 
(FREIRE, 2001, p. 16).
Quando os estudantes da EJA encontram na escola as mesmas 
metodologias, práticas e aspectos didático-pedagógicos que os afastaram da 
escola anteriormente há o risco considerável de evasão e abandono escolar, uma 
realidade em muitas redes de ensino que ofertam a modalidade. A EJA integrada 
à Educação Profissional e Tecnológica é um dos caminhos possíveis para reverter 
essa realidade.
O filme Entre os muros da escola (Entre les murs / The Class, 
de 2009), do diretor Laurent Cantet, é um exemplo profundo de 
como a escola contemporânea precisa ser pensada para as novas 
gerações com experiências de escolarização descontinuadas. O 
cenário apresentado no filme também é observado e encontrado 
na realidade da EJA no Brasil, quando passamos por um momento 
de atualização, renovação e ressignificação de jovens e adultos 
para a modalidade, especialmente em cenários de novas propostas 
educacionais no mundo contemporâneo.
25
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
A aproximação da EJA com a diversidade, contextos, histórias e projetos 
de vida dos estudantes da modalidade também favorece para que a experiência 
de início ou continuidade dos estudos seja diferente, profícua e significativa 
para esses sujeitos. Por essa razão é preciso olhar para os sujeitos da EJA de 
forma diferente, específica, contextualizada, dialógica e com disposição crítico-
propositiva do que é ofertado, por exemplo, regularmente nas etapas educacionais, 
que possuem aspectos contextuais diferentes da Educação de Jovens e Adultos.
A tese de doutorado de Jane Paiva, intitulada Educação de 
jovens e adultos: direito, concepções e sentidos, é um dos melhores 
registros acadêmicos de estudo sobre os sujeitos da EJA. Questões 
didático-pedagógicas, teórico-conceituais, históricas, prático-
metodológicas e de implantação de políticas públicas educacionais 
para a modalidade são discutidas pela autora em sua pesquisa.
Em um país em que o acesso à educação é seletivo, guardando simetria 
com as profundas desigualdades geográficas e socioeconômicas, como é o caso 
do Brasil, a identidade político-pedagógica da educação de jovens e adultos não 
foi construída com referência às características psicológicas ou cognitivas das 
etapas do ciclo de vida (juventude, maturidade, velhice), mas sim em torno de 
uma representação social enraizada, de um lado, no estigma que recai sobre os 
analfabetos nas sociedades letradas e, de outro, em uma relativa homogeneidade 
sociocultural dos educandos conferida pela condição de camponeses ou migrantes 
rurais (ou sua descendência) e trabalhadores de baixa qualificação pertencentes 
a estratos de escassos rendimentos.
Outra questão debatida pelos fóruns e que interroga as políticas 
públicas é a permanente tensão entre o propósito de inserção 
orgânica da educação de jovens e adultos nos sistemas de 
ensino, o que implica o estabelecimento de normas e certo grau 
de institucionalização, e a necessidade de preservar elevada 
flexibilidade organizacional, curricular e metodológica para que 
os programas respondam às necessidades de formação de 
sujeitos sociais muito diversos (DI PIERRO, 2005, p. 1131). 
Como refletido por Arroyo (2005), em concordância com Di Pierro (2005), 
a EJA encontra-se no limiar da ressignificação não apenas da aprendizagem 
de jovens, adultos e idosos para toda a Educação Básica. O olhar para EJA 
vai ao encontro dessas reflexões, ou seja, de sepensar no que é particular e 
também específico na complexidade e diversidade que faz parte da essência da 
modalidade.
26
 Didática do Educador da EJA
Quanto mais se avança na configuração da juventude e da vida 
adulta teremos mais elementos para configurar a especificidade 
da EJA, a começar por superar visões restritivas que tão 
negativamente a marcaram. Por décadas, o olhar escolar os 
enxergou apenas em suas trajetórias escolares truncadas: 
alunos enviados, reprovados, defasados, alunos com 
problemas de frequência, de aprendizagem, não concluintes 
da 1° a 4° ou da 5° a 8°. Com esse olhar escolar sobre esses 
jovens-adultos, não avançaremos na configuração (ARROYO 
2005, p. 22-23).
História de vida – A ideia de história de vida aplicada à EJA 
diz respeito a uma expansão do conceito de projeto de vida. 
Compreende-se que os sujeitos da modalidade, em muitos casos, 
já tiveram passagens e oportunidades de iniciarem ou prosseguirem 
seus estudos. Desse modo, pensar a história de vida dos sujeitos da 
EJA é valorizar suas biografias, de modo a (re)inseri-las no percurso 
de escolarização da Educação Básica.
Ter acesso à leitura e escrita é, dessa maneira, se (re)encontrar na sociedade, 
lendo-a e interpretando-a para além da linguagem alfabética. O direito à educação 
é ofertado em sua condição mais essencial por meio da alfabetização e letramento. 
Por essa razão, a EJA recebe especial atenção, protagonismo e centralidade no 
âmbito da Educação Básica, por configurar esse acesso e continuidade do ato de 
ler e escrever, crítica e propositivamente pelos estudantes da EJA.
No site indicado é possível encontrar diferentes atividades 
didático-pedagógicas que podem ser utilizadas com estudantes da 
EJA. É sempre bom lembrarmos que há uma grande diversidade dos 
sujeitos na modalidade, sejam eles jovens, adultos e idosos. Essa 
diversidade do público-alvo da EJA faz com que professores e gestores 
sejam criativos e inventivos em sua ação, de modo a contemplar 
os pontos necessários de contextualização didático-pedagógica 
para os estudantes da EJA. Acesse: https://www.espacoeducar.
net/2009/06/200-atividades-diversificadas-para-eja.html.
27
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
3.2 EJA ENTRE SUAS ETAPAS E 
SEGMENTOS
FIGURA 9 – A EJA NAS ETAPAS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/aluno-aprendiz-
atividade-balcao-159774/>. Acesso em: 11 mar. 2021.
A Educação de Jovens e Adultos possui como uma de suas principais 
características ofertar a formação escolar das etapas da Educação Básica em 
formatos específicos para jovens, adultos e idosos. Outro ponto importante dessa 
organização específica da EJA se dá na temporalidade da formação escolar. Se 
nas etapas a periodicidade formativa do estudante ocorre no intervalo de um 
ano letivo, seguindo o ano-calendário (mesmo no caso de estruturas de Ensino 
Médio semestrais, encontradas em diferentes locais do país), no caso a EJA, a 
temporalidade para todas as etapas, séries e anos é a semestral.
Esse aspecto temporal da semestralidade precisa ser reforçado pelo 
fato de definir a EJA em um dos pontos que lhe é mais característico, que é a 
formação diferenciada dos sujeitos que serão os estudantes da modalidade, e que 
buscam tanto retomar como iniciar seus estudos em uma realidade e contexto 
diferenciados do que ocorre nas etapas da Educação Básica. 
Ampliação dos segmentos da EJA nas redes de ensino, segundo Haddad e 
Di Pierro (2005), se deve a um longo histórico de precarização do atendimento 
educacional regular, seja no início ou continuidade dos estudos, fazendo com que 
haja um número maior de jovens e adultos que buscam novos caminhos para sua 
formação escolar na EJA.
28
 Didática do Educador da EJA
A ampliação da oferta escolar não foi acompanhada de uma 
melhoria das condições do ensino, de modo que, hoje, temos 
mais escolas, mas sua qualidade é muito ruim. A má qualidade 
do ensino combina-se à situação de pobreza extrema em 
que vive uma parcela importante da população para produzir 
um contingente numeroso de crianças e adolescentes que 
passam pela escola sem lograr aprendizagens significativas 
e que, submetidas a experiências penosas de fracasso e 
repetência escolar, acabam por abandonar os estudos. Temos 
agora um novo tipo de exclusão educacional: antes as crianças 
não podiam frequentar a escola por ausência de vagas, hoje 
ingressam na escola mas não aprendem e dela são excluídas 
antes de concluir os estudos com êxito (HADDAD; DI PIERRO, 
2000, p. 125-126).
Outro ponto característico e importante a respeito dos segmentos da EJA 
é o fato de ser necessária uma elaboração didático-pedagógica própria para a 
modalidade. Muitas das questões de construção de propostas educacionais para 
jovens, adultos e idosos partem do cenário regular das etapas da Educação 
Básica, o que pode gerar diferentes equívocos de diagnósticos e visualização 
do cenário e contexto específico da EJA. Vejamos a seguir, por exemplo, como 
é possível identificar alguns desses traços didático-pedagógicos nos diferentes 
segmentos da EJA.
QUADRO 1 – 1º SEGMENTO
Ensino Fundamental Anos Iniciais EJA 1º segmento
1º Ano 1ª Etapa/Série2º Ano
3º Ano 2ª Etapa/Série
4 º Ano 3ª Etapa/Série
5 º Ano 4ª Etapa/Série
FONTE: O autor
O 1º segmento da EJA é marcado pela característica de retomada ou início 
da alfabetização e letramento em seus níveis ou etapas. Um ponto importante 
a ser destacado é a diferenciação entre as divisões do Ensino Fundamental em 
seus anos iniciais, sendo que no primeiro caso mantém-se a estrutura anterior de 
8 séries (ou etapas/níveis) e no atual Ensino Fundamental Anos Iniciais há cinco 
anos de escolarização que o compõem.
Outro ponto importante do primeiro segmento é que todas as etapas, níveis 
ou séries devem ter em sua estrutura e proposta o objetivo de alfabetizar e letrar 
os estudantes da modalidade. Mesmo que haja a concentração de tais atividades 
iniciais de alfabetização e letramento nos dois primeiros níveis, etapas ou 
29
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
séries, essa continuidade é fundamental para os jovens, adultos e idosos desse 
segmento.
Destaca-se, também, o fato de ser possível, desde o 1º segmento da EJA, 
haver a inserção de cursos de formação profissional para a EJA, fomentando 
também diferentes demandas de qualificação para o mundo do trabalho, desde os 
primeiros passos de início ou retomada do processo de escolarização.
QUADRO 2 – 2º SEGMENTO
Ensino Fundamental Anos Finais EJA 2º segmento
5º Ano 5ª Etapa/Série
6º Ano 6ª Etapa/Série
7º Ano 7ª Etapa/Série
8º Ano 8ª Etapa/Série
FONTE: O autor
O 2º segmento da EJA é talvez o período de transição mais complexo da 
modalidade. Nesse segmento encontramos a correspondência com os anos finais 
do Ensino Fundamental, ou seja, 6º, 7º, 8º e 9º anos. A equivalência entre anos 
e níveis e etapas da EJA se torna mais natural do que, por exemplo, os primeiros 
passos do 1º segmento da EJA.
Um ponto marcante do 2º segmento da EJA diz respeito ao cenário cada 
vez mais comum de juvenilização da modalidade. Em outras palavras, é nesse 
segmento da modalidade que encontramos muitos jovens que tiveram seus 
estudos interrompidos na etapa Ensino Fundamental e estão na EJA para retomar 
o processo de escolarização. Há, portanto, um desafio geracional latente que se 
aprofunda e complexifica no 2º segmento da EJA, junto às diferentes visões de 
mundo, interesses e sociabilidade uns com os outros entre o atual público que 
compõe essa fase intermediária da modalidade. 
No artigo de Ferreira et al. (2013), intitulado Práticas dos 
professores alfabetizadores da EJA: o que fazem os professores, 
o que pensam os seus alunos?, os autores tratam de alguns dos 
óbices e possibilidades presentes no processode alfabetização da 
EJA, especialmente na correlação de proximidade e importância 
de especificação dos métodos didático-pedagógicos para o 1º 
segmento. Essa mesma lógica tratada pelos autores do estudo pode 
ser ampliada para os demais segmentos e etapas da EJA em suas 
particularidades.
30
 Didática do Educador da EJA
FERREIRA, A. T. B. et al. Práticas dos professores alfabetizadores 
da EJA: o que fazem os professores,, o que pensam os seus alunos? 
Educ. rev., Belo Horizonte, v. 29, n. 3, set. 2013.
Os desafios da juvenilização devem ser discutidos, portanto, com a etapa 
do Ensino Fundamental, especialmente em seus anos finais, por meio de 
oportunização de turmas de aceleração de aprendizagem, por exemplo, para 
depois haver o encaminhamento dos estudantes para a EJA, dentre outras 
possibilidades de diálogo e resolução desse cenário didático-pedagógico cada 
vez mais comum.
É também no 2º segmento que as formações profissionais integradas podem 
ser potencializadas de acordo com os interesses dos estudantes jovens, adultos e 
idosos da EJA. Como inserção qualificada ao mundo do trabalho, nesse segmento 
será possível ofertar opções mais específicas de formações voltadas a diferentes 
oportunidades de ocupação profissional para os estudantes da modalidade.
QUADRO 3 – 3º SEGMENTO
Ensino Médio EJA 3º segmento
1º Ano 1ª Ano/Série
2º Ano 2ª Ano/Série
3º Ano 3ª Ano/Série
FONTE: O autor
O 3º segmento da EJA também possui correspondência direta com a etapa 
que o estrutura, ou seja, o Ensino Médio. Dessa maneira, os três anos da etapa 
serão os semestres que comporão os anos, séries ou níveis do terceiro segmento 
da modalidade. Muitas instituições de ensino, inclusive, ofertam tanto a etapa 
como a modalidade, a depender da formação das turmas, especificidades e 
necessidades particulares dos estudantes que compõem o público-alvo da EJA.
 
Em relação ao 3º segmento, também se destaca o fato de haver, muitas 
vezes, uma proximidade etária elevada entre a etapa de origem, o Ensino 
Médio, e a modalidade em seu terceiro segmento. Essa situação é verificada 
principalmente nos dois anos finais do Ensino Médio ofertados nos semestres 
equivalentes da EJA. 
Não há, por exemplo, uma definição exata para que as redes de ensino 
direcionem seus estudantes do Ensino Médio para a EJA, independentemente de 
31
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
seu rendimento escolar, faixa etária ou demais elementos que façam com que tal 
direcionamento se torne possível. Esse é um quadro cada vez mais comum nas 
instituições de ensino e que demanda uma reflexão e proposições de solução 
para que possamos repensá-lo e estruturar da melhor forma possível a oferta do 
Ensino Médio regular ou o 3º segmento da EJA.
 
É também no 3º segmento da EJA que teremos a inserção das formações 
profissionais mais complexas. Essa qualificação profissional se dará por meio 
de cursos técnicos integrados ou não à formação básica dos estudantes. Para 
que alcancemos a ressignificação da EJA, especialmente na questão de uma 
oferta educacional contextualizada às realidades dos estudantes que a compõem 
é necessária a reflexão e ação voltada a uma EJA integrada à qualificação 
profissional e, no caso, específico do 3º segmento. 
A oferta de cursos técnicos se configuram como a melhor maneira de alcançar 
tal objetivo de reestruturar a modalidade e, também, proporcionar aos estudantes 
da EJA a formação profissional mais qualificada para o mundo do trabalho ou, 
no melhor dos cenários, a continuidade de sua formação escolar e profissional 
iniciada também no 1º ou 2º segmentos da modalidade.
A formação técnica e profissional da EJA é uma das principais 
características de busca por uma redefinição e ressignificação da 
modalidade. Ofertar possibilidades de qualificação profissional para 
os estudantes da EJA possui o duplo papel de oferecer a esses 
jovens, adultos e idosos aspectos de diferenciação de seu contato 
e vivência escolar e, também, possui uma formação que o permita 
encontrar novas oportunidades no mundo do trabalho.
32
 Didática do Educador da EJA
FIGURA 10 – A EJA EM SEUS DIFERENTES SEGMENTOS
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/images/stories/noticias/2010/livros_didaticos.
jpg>. Acesso em: 11 mar. 2021.
É importante destacar que as nomenclaturas das correlações entre a EJA 
como modalidade educacional com as etapas correspondentes podem variar entre 
cidades e unidades da federação. Dessa forma, a EJA possui tanto proximidade 
como também características específicas em seus segmentos, destinados a 
faixas etárias diversificadas e aspectos didático-pedagógicos singulares.
Os segmentos da EJA também perpassam um longo ciclo de escolarização 
da Educação Básica. Essa condição de contemplar todas as etapas educacionais 
regulares faz com que vários elementos sejam alocados em ponto central de 
pensamento, elaboração e implantação para a EJA como construção curricular, 
formação inicial e continuada, material didático, dentre outros aspectos que 
necessitam de direcionamento específicos para os sujeitos da EJA.
33
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
3.3 ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO 
E AS APRENDIZAGENS DE JOVENS, 
ADULTOS E IDOSOS
FIGURA 11 – ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EJA
FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/guy-homem-leitura-livro-
neg%C3%B3cios-2557251/>. Acesso em: 11 mar. 2021.
A alfabetização e letramento compõem uma das principais bandeiras da EJA, 
desde sua origem como modalidade educacional (FREIRE, 2001; SOARES, 2004; 
HADDAD; DI PIERRO, 2005). Universalizar a alfabetização e letramento sempre 
fez parte das prerrogativas estruturantes da EJA. Apesar de haver a centralidade 
de tais processos no 1º segmento da modalidade, é importante destacarmos que 
somente por meio da alfabetização e letramento é que poderemos vislumbrar a 
continuidade do início ou retomada da escolarização por jovens, adultos e idosos 
que fazem parte do público-alvo da EJA.
Alfabetizar e letrar são processos didático-pedagógicos que estão presentes 
no âmbito da Educação Básica mas que a ultrapassam em protagonismo e 
centralidade sociocultural. É por meio da leitura e escrita que os indivíduos 
possuem acesso ao arcabouço teórico de suas sociedades à cultura elaborada 
presente, por exemplo, nas propostas curriculares que estruturam etapas 
e modalidades educacionais. Os códigos e normas presentes no idioma e 
transpostos como percursos e níveis de escolarização constituem a formalização 
do caminho necessário para se ter alcance a toda construção histórica, cultural, 
geográfica, econômica e sociopolítica de uma sociedade.
A leitura deve ser um dos principais fatores e vetores do fomento às 
aprendizagens do processo de alfabetização. É pela leitura que a palavra e a 
34
 Didática do Educador da EJA
escrita ganharão significado para os estudantes, e por meio desta será possível 
dialogar com os contextos, histórias de vida, realidades e diferentes situações de 
aprendizagem nas quais os saberes-fazer da leitura e escrita encontrarão novos 
significados para os estudantes da EJA:
Inicialmente me parece interessante reafirmar que sempre vi 
a alfabetização de adultos como um ato político e um ato de 
conhecimento, por isso mesmo, como um ato criador. Para mim 
seria impossível engajar-me num trabalho de memorização 
mecânica dos ba-be-bi-bo-bu, dos la-le-li-lo-lu. Daí que 
também não pudesse reduzir a alfabetização ao ensino puro da 
palavra, das sílabas ou das letras. Ensino em cujo processo o 
alfabetizador fosse “enchendo” com suas palavras as cabeças 
supostamente “vazias” dos alfabetizandos. Pelo contrário, 
enquanto ato de conhecimento e ato criador, o processo da 
alfabetização tem, no alfabetizando, o seu sujeito. O fato de 
ele necessitar da ajuda do educador, como ocorreem qualquer 
relação pedagógica, não significa dever a ajuda do educador 
anular a sua criatividade e a sua responsabilidade na construção 
de sua linguagem escrita e na leitura desta linguagem. Na 
verdade, tanto o alfabetizador quanto o alfabetizando, ao 
pegarem, por exemplo, um objeto, como laço agora com 
o que tenho entre os dedos, sentem o objeto, percebem o 
objeto sentido e são capazes de expressar verbalmente o 
objeto sentido e percebido. Como eu, o analfabeto é capaz de 
sentir a caneta, de perceber a caneta e de dizer caneta. Eu, 
porém, sou capaz de não apenas sentir a caneta, de perceber 
a caneta, de dizer caneta, mas também de escrever caneta e, 
consequentemente, de ler caneta. A alfabetização é a criação 
ou a montagem da expressão escrita da expressão oral. Esta 
montagem não pode ser feita pelo educador para ou sobre o 
alfabetizando. Aí tem ele um momento de sua tarefa criadora 
(FREIRE, 2001, p. 9).
Essa metodologia da conexão entre o teórico-metodológico e prático-
contextual é dos diferenciadores do ensino e aprendizagem na EJA como um 
todo, para além até da alfabetização e letramento. No entanto, é preciso que 
reflitamos de qual alfabetização e quais sujeitos da EJA estamos nos referindo, 
especificamente se tratando da realidade que vivemos na contemporaneidade.
35
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
Alfabetização: diz respeito ao ensino e aprendizado voltado para 
as diretrizes em representações de sons, fala, fonemas, formação de 
grafemas e construções gráficas, e as questões ortográficas e seus 
sistemas alfabéticos.
Letramento: vai ao encontro da alfabetização, com maior foco na 
contextualização e correlação das aprendizagens de alfabetização 
aos contextos e realidades de estudantes e professores. As 
experiências e inserção de tais aspectos nas estratégias didático-
pedagógicas é uma das marcas características do letramento.
Muitas vezes, o fator de descontinuidade das aprendizagens é desconsiderado 
na alfabetização e letramento dos jovens, adultos e idosos, sujeitos da EJA. 
Seja como início do percurso de escolarização ou retorno a uma continuidade 
interrompida nas etapas da Educação Básica, é preciso que tais fatores sejam 
relevados. A cultura escrita, como abertura ao letramento desses sujeitos, se 
complexifica ainda mais, merecendo especial atenção por aqueles que trabalham 
com a modalidade, especialmente em sua prática pedagógica cotidiana:
[…] na aprendizagem inicial da língua escrita, com sérios 
reflexos ao longo de todo o ensino fundamental, parece ser 
necessário rever os quadros referenciais e os processos de 
ensino que têm predominado em nossas salas de aula, e 
talvez reconhecer a possibilidade e mesmo a necessidade 
de estabelecer a distinção entre o que mais propriamente 
se denomina letramento, de que são muitas as facetas – 
imersão das crianças na cultura escrita, participação em 
experiências variadas com a leitura e a escrita, conhecimento 
e interação com diferentes tipos e gêneros de material escrito 
– e o que é propriamente a alfabetização, de que também 
são muitas as facetas – consciência fonológica e fonêmica, 
identificação das relações fonema-grafema, habilidades de 
codificação e decodificação da língua escrita, conhecimento e 
reconhecimento dos processos de tradução da forma sonora 
da fala para a forma gráfica da escrita (SOARES, 2004, p. 15).
A aprendizagem dos códigos e normas na alfabetização, portanto, deve 
respeitar a questão da contextualização gráfica fonética e escrita no âmbito 
sociocultural. Também é possível levar tais especificidades, no caso da EJA, para 
a questão contextual da aprendizagem pela alfabetização e letramento, ou seja, 
quando entra em cena o fator das histórias de vida dos sujeitos da modalidade 
em seu início ou retorno para o processo de escolarização, demandando desafios 
particulares e diferenciados em suas aprendizagens da leitura e escrita:
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 Didática do Educador da EJA
Em síntese, o que se propõe é, em primeiro lugar, a necessidade 
de reconhecimento da especificidade da alfabetização, 
entendida como processo de aquisição e apropriação do 
sistema da escrita, alfabético e ortográfico; em segundo lugar, 
e como decorrência, a importância de que a alfabetização se 
desenvolva num contexto de letramento […] particularmente 
a alfabetização, em suas diferentes facetas – outras 
caracterizadas por ensino incidental, indireto e subordinado a 
possibilidades e motivações das crianças; em quarto lugar, a 
necessidade de rever e reformular a formação dos professores 
das séries iniciais do ensino fundamental, de modo a torná-los 
capazes de enfrentar o grave e reiterado fracasso escolar na 
aprendizagem inicial da língua escrita nas escolas brasileiras 
(SOARES, 2004, p. 16).
A partir dessas premissas teórico-conceituais levantadas pela autora é 
possível elencarmos alguns aspectos definidores e estruturantes tanto da 
alfabetização como do letramento, para que assim possamos visualizá-los no 
cerne das singularidades da Educação de Jovens e Adultos. Vejamos a seguir 
alguns desses pontos de definição.
A escolarização é um direito universal. Essa premissa de acesso à 
educação deve ser compreendida no sentido mais amplo possível, ou seja, em 
como podemos e devemos ofertar os meios pelos quais estudantes das etapas 
e modalidades da Educação Básica iniciarão ou retomarão seus estudos e 
aprendizados. É nesse sentido que a alfabetização e letramento são direcionados 
como os primeiros e mais importantes passos de um longo, complexo e profícuo 
caminho de formação tanto do estudante como do cidadão.
A universalização do ensino elementar, a garantia de domínio 
dos códigos básicos de leitura e escrita e a superação do 
fracasso escolar terão que ser por nós enfrentados de forma 
tal que o propósito conteúdo do ensino, receba tratamento 
adequado ao mais pleno desenvolvimento cognitivo. Não 
se trata mais de alfabetizar para o mundo no qual a leitura 
era privilégio de poucos ilustrados, mas sim para contextos 
culturais nos quais a decodificação da informação escrita é 
importante para o lazer, o consumo e o trabalho. Este é um 
mundo letrado, no qual o domínio da língua é também pré-
requisito para a aquisição da capacidade de lidar com códigos 
e portanto, ter acesso a outras linguagens simbólicas e não 
verbais, com as da informática e as das artes (MELLO, 1993, 
p. 28).
A leitura do mundo demanda do estudante a apropriação teórico-conceitual 
e prática-metodológica de visualização dos elementos sociais e naturais que 
o circundam. Esse ato de ler o mundo significa, ao mesmo tempo, mobilizar o 
conhecimento científico-acadêmico adquirido em sua formação escolar como 
também correlacioná-los de forma crítica, analítica e propositiva ao mundo que 
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A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
habitam, modificam e fazem parte. Ao realizarmos ou proporcionarmos tal ponte 
no processo de escolarização, então teremos alcançado muitos dos objetivos de 
aprendizagem que estão presentes na estruturação de uma leitura do mundo, que 
permeia toda a Educação Básica, em suas etapas e modalidades.
 
Ler o mundo é inseri-lo em seu contexto, experiência, prática, memória, 
cultura e vivência. É nesse sentido que Freire (1991, p. 22) realiza a reflexão 
sobre tal processo quando coloca que: “Não basta saber ler que Eva viu a uva. 
É preciso compreender a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem 
trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”.
FIGURA 12 – O MUNDO DA LEITURA E ESCRITA NA EJA
FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/aprendendo-aprender-
biblioteca-capa-dura-220326/>. Acesso em: 11 mar. 2021.
E mais que o comentário de Freire (1991), muito assentado na experiência da 
EJA e educação popular na realidade adulta, é preciso haver uma ressignificaçãoda EJA contemporânea, muito marcada por elementos como a juvenilização, a 
necessidade de oferta da modalidade integrada à formação profissional e inserção 
de novos elementos para o século XXI como ensino híbrido, TDICs, metodologias 
ativas etc.
 
Essa busca por uma nova identidade e identificação para a EJA é trabalhado 
amplamente por autores contemporâneos. A realidade da alfabetização e 
letramento foi um dos pontos de partida da modalidade em seu processo de 
maturação e afirmação no Brasil, mas o cenário atual nos trouxe novos desafios e 
realidades, que precisam ser colocadas em questão quando pensamos em novas 
perspectivas para a modalidade.
38
 Didática do Educador da EJA
 
Um aspecto que também faz parte dessas conceituações sobre as novas 
identidades e sujeitos da EJA diz respeito ao analfabetismo funcional. Essa 
condição está presente também nas etapas da Educação Básica, mas possui 
especial condição de agravante no caso da EJA por um dos aspectos definidores 
dos sujeitos dessa modalidade, que é a descontinuidade de estudos ou percurso 
de escolarização.
O projeto MOVA de São Paulo é uma das experiências de 
alfabetização e letramento de maior referência no Brasil. Tendo como 
característica a adoção do método Paulo Freire e o olhar diferenciado 
para o público que compõe, a Educação de Jovens e Adultos é um 
dos traços da iniciativa, presente em seu site: “A ação pedagógica 
se desenvolve com base na Leitura do Mundo do(a) educando(a), 
que busca mapear as situações significativas do contexto em que 
estão inseridos. Desse processo surgem os Temas Geradores que 
orientam a escolha dos conteúdos”. Acesse https://www.paulofreire.
org/programas-e-projetos/projeto-mova-brasil.
Para Haddad e Di Pierro (2000) é justamente esse caráter de descontinuidade 
e falta de uma atenção quanto às políticas públicas educacionais para a EJA 
que fez com que a situação do analfabetismo funcional se tornasse um dos 
mais graves desafios da modalidade. Esse conjunto da população que possui 
conhecimentos parcos e descontinuados da leitura e escrita estão, muitas vezes, 
inseridos nas turmas da EJA em seus vários segmentos e etapas e precisam de 
uma especial atenção a respeito de sua condição de analfabeto funcional:
Essa nova modalidade de exclusão educacional que 
acompanhou a ampliação do ensino público acabou produzindo 
um elevado contingente de jovens e adultos que, apesar 
de terem passado pelo sistema de ensino, nele realizaram 
aprendizagens insuficientes para utilizar com autonomia 
os conhecimentos adquiridos em seu dia a dia. O resultado 
desse processo é que, no conjunto da população, assiste-se 
à gradativa substituição dos analfabetos absolutos por um 
numeroso grupo de jovens e adultos cujo domínio precário 
da leitura, da escrita e do cálculo vem sendo tipificado como 
analfabetismo funcional (HADDAD; DI PIERRO, 2000, p. 126).
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A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
Nessa nova realidade ressaltada pelos autores é que novos elementos são 
acrescentados às estratégias didático-pedagógicas de alfabetização e letramento 
para a EJA. Essas alterações e atualizações também se conectam ao momento 
atual de diversificação dos sujeitos da Educação de Jovens e Adultos em todos os 
seus segmentos, como pode ser encontrado atualmente nas primeiras etapas da 
EJA, quando há o processo de ensino e aprendizagem da escrita e leitura.
A alfabetização deve ser um dos focos da Educação de Jovens e Adultos, 
que faz parte da sua origem como modalidade. Alfabetizar e letrar jovens, 
adultos e idosos é o primeiro e mais importante passo para a garantia de início 
ou continuidade do percurso de escolarização. Por meio da alfabetização e 
letramento também conseguimos ofertar aos diferentes indivíduos que compõem 
a modalidade caminhos pelos quais estes alçarão novos objetivos para suas 
histórias de vida, cada qual com complexidades, experiências e relações 
diferentes com a educação (FREIRE, 1991; 2001; 2003).
A estruturação tardia do sistema público de ensino brasileiro, 
suas mazelas e os equívocos das políticas educacionais não 
parecem suficientes, porém, para esclarecer as causas da 
persistência de elevados índices de analfabetismo absoluto 
e funcional e de uma média de anos de estudos inferior 
àquela de países latino-americanos com níveis equivalentes 
de desenvolvimento econômico. Essa descontinuidade entre 
as dimensões econômica e cultural da modernização torna-se 
compreensível quando percebemos a estreita associação entre 
a incidência da pobreza e as restrições ao acesso à educação 
(HADDAD; DI PIERRO, 2000, p. 127).
A alfabetização e letramento estão presentes na EJA como essência de sua 
origem e uma de suas principais bandeiras. Pensar a teoria e prática educacional 
do ato de alfabetizar e letrar no âmbito da EJA é, em grande medida, ir em direção 
ao que a modalidade possui de mais originário e histórico. 
Proporcionar a jovens, adultos e idosos a oportunidade e direito à escrita 
e leitura é inseri-los no mundo, fornecendo os instrumentos, habilidades, 
competências e saberes necessários para compreenderem o mundo que habitam, 
o outro e si mesmos, de forma ressignificada, a partir do ambiente escolar. 
Alfabetização e letramento continua sendo uma das bandeiras principais da EJA, 
por seu papel histórico, correlação com os primeiros anos do Ensino Fundamental 
e a importância de levar o aprendizado de escrita e leitura para jovens, adultos e 
idosos. 
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 Didática do Educador da EJA
1) A partir da citação a seguir, responda às questões:
“As políticas de EJA, dentre essas as de alfabetização, vêm 
disputando concepções sobre o que é alfabetizar e garantir 
o direito à educação para jovens e adultos. A perspectiva é de 
formar leitores e escritores autônomos, que dominem o código 
linguístico, mas que também sejam capazes de atribuir sentidos 
e recriar histórias; de compreender criticamente sua realidade 
intervindo para transformar (a práxis), pela escrita, sem prejuízo 
de outras formas de expressão como imagens, o que vai além 
do que tem sido observado em muitas práticas de alfabetização 
na EJA. O mundo contemporâneo exige o leitor de diversos 
códigos, do múltiplo, do diverso, perspicaz na interpretação e 
com capacidade de atribuir sentidos com toda a liberdade, para 
além da oralidade, campo em que sujeitos jovens e adultos têm 
domínio” (BRASIL, 2009, p, 34). 
a) Qual é a importância de haver iniciativas governamentais para 
alfabetização e letramento de jovens, adultos e idosos?
b) Como repensar a alfabetização e letramento da EJA no século 
XXI?
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A Educação de Jovens e Adultos é uma das principais modalidades 
educacionais por possuir como principal característica proporcionar a jovens, 
adultos e idosos iniciar ou retomar o seu percurso no processo de escolarização. 
A diversidade da EJA é encontrada, portanto, em dois pontos principais de sua 
estruturação. O primeiro deles diz respeito ao público-alvo que a compõe, ou 
seja, os múltiplos sujeitos da EJA, que tiveram ou não o direito, oportunidade ou 
contexto propício para início ou retomada de sua escolarização, em uma ampla 
diversidade e diferentes aspectos para cada faixa etária ou grupos sociais que 
formam os sujeitos da EJA.
Por outro lado, é característico da EJA contemplar em sua estrutura todas 
as etapas da Educação Básica, ou seja, elementos da Educação Infantil e, 
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A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
principalmente, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Os segmentos e etapas 
ou níveis da EJA são estruturados para que comportem os nove anos do Ensino 
Fundamental (Anos Iniciais e Finais) e os três anos do Ensino Médio. Também 
é característico da EJA uma aproximação e diálogo profundo com as demais 
modalidades, como Educação Ambiental,Educação Profissional e Tecnológica, 
Educação Escolar Indígena e Educação Especial e Inclusiva.
Pensar a EJA é considerar, dessa maneira, levar em consideração a 
necessidade de pensá-la em uma perspectiva que vá da alfabetização e 
letramento desses sujeitos até sua formação para o mundo do trabalho. Colocar 
em primeiro relevo tais aspectos é significar a EJA para as demandas sociais, 
pessoais, socioemocionais, profissionais e familiares dos sujeitos da modalidade. 
É importante que haja a retomada ou início da escolarização, mas também, mais 
necessário ainda é direcionar essa formação escolar para a realidade, situação 
e contexto que acompanha e faz parte da realidade vivida dos estudantes que 
fazem parte da EJA.
Há uma diversidade da EJA que a acompanha como modalidade da 
Educação Básica e organização como um todo do ambiente escolar. É comum 
encontrarmos nas diferentes redes de ensino do país a oferta de etapas e 
modalidades educacionais. O ambiente escolar é formado por uma diversidade e 
múltiplas realidades de ensino e aprendizagem, e a EJA é inserida nesse contexto 
como o complemento principal para que jovens, adultos e idosos comecem ou 
retomem o seu percurso de escolarização. 
Muitos dos desafios da EJA para o século XXI dizem respeito a sua conexão 
com um mundo móvel, efêmero e conectado. Em outras palavras, é preciso que 
questões educacionais como currículo, avaliação, formação de professores, 
formas de oferta, materiais didáticos e conteúdos estejam em diálogo, proximidade 
e correlação com a atualidade. O momento é de ressignificar e atualização da 
modalidade, teórica, prática, metodológica e em suas formas de oferta nas redes 
de ensino, respeitando a diversidade e particularidades dos sujeitos da EJA.
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42
 Didática do Educador da EJA
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Brasília: MEC, 2016.
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43
A Educação De Jovens E Adultos E A Educação BásicaA Educação De Jovens E Adultos E A Educação Básica Capítulo 1 
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SOARES, L.; GIOVANETTI, M. A; GOMES, N. L. Diálogos na educação de 
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44
 Didática do Educador da EJA
CAPÍTULO 2
Formas De Oferta, Planejamento 
E Organizações Pedagógicas Da 
Educação De Jovens E Adultos
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• compreender a EJA em suas diferentes formas de oferta, planejamento 
educacional, organizações pedagógicas e a diversidade de seus sujeitos;
• apresentar as organizações e formas de a EJA ser ofertada como modalidade 
da Educação Básica;
• aplicar os conhecimentos sobre a modalidade EJA em diferentes situações, 
contextos e realidades de oferta da modalidade e seus sujeitos.
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 Didática do Educador da EJA
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Formas De Oferta, Planejamento E Organizações PedagógicasFormas De Oferta, Planejamento E Organizações Pedagógicas
Da Educação De Jovens E AdultosDa Educação De Jovens E Adultos Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A Educação de Jovens e Adultos diversifica-se em suas formas de 
oferta, que se adaptam às múltiplas realidades socais nas quais a modalidade 
possui seu protagonismo e importância. A EJA reflete-se em posição central e 
crucial da Educação Básica, por ocupar espaços, histórias de vida e inícios ou 
descontinuidades dos estudos em percursos de escolarização de jovens, adultos 
e idosos.
 
Se formos no sentido do título do presente capítulo: “Formas de oferta, 
planejamento e organizações pedagógicas da Educação de Jovens e Adultos” 
teremos uma correspondência entre o cotidiano e a complexidade da prática 
pedagógica com a diversidade do trabalho e importância da organização desse 
trabalho no dia a dia escolar.
Por essa razão, as seções estão inicialmente voltadas à prática pedagógica 
e organizações pedagógicas para a EJA, nomeadas com questões sobre a 
organização pedagógica e planejamento educacional para a EJA e a didática e 
prática pedagógica para a diversidade e singularidades da EJA.
 
Posteriormente, há o segundo momento do capítulo, no qual serão tratadas 
as diferentes formas de oferta da EJA, como EJA Presencial, EJA EaD, EJA e 
Educação Inclusiva, EJA e Educação Profissional e a Educação nas Prisões. 
Compreender a diversidade das formas de oferta conecta-se à importância da 
prática pedagógica junto à organização e planejamento da modalidade, bem como 
a valorização de seu avanço, diversificação e complexidade frente a um cenário 
cada vez mais imbricado de singularidades em meio às formulações destinadas 
ao ensino e aprendizagem de jovens, adultos e idosos.
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