Prévia do material em texto
Unidade 3 Livro Didático Digital Carolina Galvão Sarzedas Logística Reversa Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autora CAROLINA GALVÃO SARZEDAS A AUTORA Carolina Galvão Sarzedas Olá. Meu nome é Profª Drª Carolina Galvão Sarzedas. Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências e com experiência técnico-profissional na área de meio ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela Ciência e pela Educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de material didático para grandes empresas de Educação. Pelos motivos citados, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu time de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Logística Reversa: Conceitos Básicos e Práticas Operacionais ................................................................................................. 12 Introdução ............................................................................................................................................. 12 Logística e Meio Ambiente ....................................................................................................... 13 Logística e Cadeia de Suprimentos ................................................................................... 14 Práticas Operacionais ................................................................................................................... 15 Fatores que Influenciam a Eficiência da LR ................................................................. 18 Modelos de Gerenciamento de LR ...................................................... 21 Introdução ............................................................................................................................................. 21 Gerenciamento..................................................................................................................................22 Exemplo dos Correios..................................................................................................................26 Exemplos de Gerenciamento em LR ...................................................29 Introdução .............................................................................................................................................29 McDonald’s ...................................................................................................................... 30 Grupo Pão de Açúcar ............................................................................................... 30 NOKIA ................................................................................................................................... 31 HP ............................................................................................................................................32 Setor de Cosméticos .................................................................................................33 Pneus Bridgestone ..................................................................................................... 36 Suzano Papel e Celulose ...................................................................................... 36 Philips ....................................................................................................................................37 Coca-Cola ..........................................................................................................................37 Coprocessamento .......................................................................................40 Introdução ............................................................................................................................................ 40 Definição ................................................................................................................................................ 41 Fabricação Convencional de Cimento .............................................................................42 Danos Ambientais ........................................................................................................43 Coprocessamento ..........................................................................................................................45 Vantagens do Coprocessamento .....................................................................47 Coprocessamento de Pneus ..................................................................................................47 Estatísticas ........................................................................................................................................... 48 Logística Reversa 9 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL UNIDADE 03 Logística Reversa10 INTRODUÇÃO Você sabia que a área de Logística Reversa é definida como um processo que percorre o fluxo reverso da logística? Isto é, começa em você, consumidor, e termina no fornecedor. O objetivo desse sistema é recuperar uma parte do valor do produto e ainda fazer a disposição adequada do resíduo gerado. Para um sistema eficiente é necessário que as empresas adotem gerenciamento e logística de resíduos integrados com os outros processos da empresa, de maneira a manter o desempenho e ainda diminuir os danos ambientais. A implantação de Sistemas de Logística Reversa não é um tema tão atual, diversas empresas no Brasil e no mundo já vêm integrando a reciclagem em seus processos, e podemos citar, por exemplo, a Coca-Cola, a Natura, a HP, entre muitas outras. Para o caso de alguns rejeitos, a solução é o direcionamento para o coprocessamento, no qual poderão ser transformados em cimento e combustível para o maquinário. Conseguiu entender? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Logística Reversa 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender como funciona a prática operacional da LR. 2. Entender o passo a passo para o Gerenciamento da LR. 3. Exemplificar SLR usados por empresas. 4. Definir Coprocessamento e suas vantagens. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Logística Reversa12 Logística Reversa: Conceitos Básicos e Práticas Operacionais INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a logística reversa e suas práticas operacionais, o que será fundamental para o entendimento da aplicação do sistema. E então? Motivado paradesenvolver esta competência? Então vamos lá! A Logística Reversa (LR) é um processo de planejamento, implementação e controle de fluxos de matérias-primas, produtos e informações que percorrem o fluxo inverso da logística, isto é, começa no consumidor e termina no fornecedor, de modo a recuperar parte do valor daquele produto ou fazer uma disposição apropriada do seu resíduo no meio ambiente. O aumento da preocupação da sociedade com a degradação ambiental e a instituição de legislações ambientais cada vez mais rígidas, vem fazendo com que empresas desenvolvam estudos de produção e descarte de matérias de modo a impactar o mínimo possível o meio ambiente. Segundo a legislação ambiental, as empresas são responsáveis pelo destino final dos produtos pós-consumo e também pelos impactos que eles provocam no meio ambiente. Associado a isso, tem a consciência ecológica dos consumidores, que preferem consumir de empresas “ecologicamente corretas” e que estão realmente engajadas em desenvolver um sistema eficiente de LR. Logística Reversa 13 Logística e Meio Ambiente A logística tradicional, baseada no fluxo direto do produto, ou seja, do fornecedor para o consumidor, precisa ter em seu planejamento a preocupação com o meio ambiente e com os produtos pós-consumo. A logística precisa ter um conhecimento técnico profundo de cada produto, os seus processos produtivos e os resultados econômicos e financeiros que cada um deles traz para a empresa, precisa ainda, saber como o serviço está sendo prestado e o tipo de relação existente com os clientes. E o meio ambiente, onde entra na logística? O meio ambiente não pode ser tratado isoladamente, precisa estar inserido como parte do processo econômico e logístico. O gerenciamento do processo precisa valorizar o meio ambiente, seja no momento da escolha da matéria-prima, no processo de desenvolvimento, na produção, até no transporte e no recolhimento dos resíduos para reciclagem. A logística tradicional funciona como uma vantagem competitiva para as empresas, pois é capaz de otimizar os recursos utilizados na cadeia de suprimentos com uma visão holística de modo a atender à otimização global, se tornando facilitadora no atendimento da visão sistêmica. DEFINIÇÃO: A visão holística significa observar ou analisar algo ou alguma área da vida de forma global, ou seja, como um todo e não de maneira fragmentada. Ao usar a abordagem holística para administrar um negócio, a organização garante que a empresa esteja em pleno potencial ao invés de simplesmente ter áreas fortes e frágeis. Logística Reversa14 Logística e Cadeia de Suprimentos O que seria uma cadeia de suprimentos, você já parou para pensar? Cadeia de suprimentos é o conjunto de atividades que integram canais de aquisição, produção, armazenamento e distribuição. Cada uma das etapas precisa ser planejada e controlada para que aconteçam sem danos às atividades subsequentes, com redução de custos e agregação de valor para os clientes finais sem perder a eficiência. Políticas básicas da Cadeia de Suprimentos: • O foco é a satisfação dos consumidores. • As estratégias são voltadas para conquistar a fidelidade dos consumidores finais. • Todas as atividades ligadas à continuidade do fluxo, desde o processamento de pedidos até a entrega precisam ser gerenciados de maneira eficiente e eficaz. Figura 1 – Cadeia de suprimentos Fonte: @freepik https://br.freepik.com/vetores-gratis/pacote-de-avatares-e-suprimentos-de-pessoas-de-negocios_5720549.htm Logística Reversa 15 Todas as partes envolvidas na cadeia de suprimento precisam ser acompanhadas por uma equipe de gestão bem desenvolvida. Porém, não podemos confundir cadeia de suprimentos com logística, ambas são atividades conectadas e dependentes entre si, porém a cadeia de suprimentos se responsabiliza por sistemas operacionais e métodos relacionados ao produto de forma direta ou indireta. Enquanto a logística, está preocupada com o deslocamento do produto desde a empresa até o cliente, sendo então, uma das etapas da cadeia de suprimentos. O que podemos concluir com estas informações? Que a Logística Reversa nada mais é do que uma parte da cadeia de suprimentos, com uma relevância que só aumenta nos últimos anos. A LR flui contra a corrente dos fluxos diretos, isto é, da ponta do consumo em direção ao fornecedor, pela cadeia de suprimentos, para que sejam reutilizados, reciclados ou reincorporados às mesmas cadeias de suprimentos ou a outras cadeias. Exemplificando: Resíduos reincorporados à mesma cadeia de suprimentos: latas de alumínio são coletadas após o uso e enviadas para virarem novas latas. Resíduos incorporados a outras cadeias de suprimentos: garrafas PET são recicladas e podem ser utilizadas, por exemplo, na produção de fibras têxteis. Práticas Operacionais Precisamos deixar claro que o conceito de sustentabilidade dentro das organizações produtivas começou a ser inserido pela obrigação legal em mitigar os impactos ambientais gerados e, posteriormente, de forma mais organizada e eficiente para redução de perdas e reaproveitamento de resíduos. Durante a fase de produção, a LR pode ser inserida como método de reaproveitamento de coprodutos e subprodutos. Após o consumo, a LR já funciona por meio do processamento de produtos usados com potencial de reuso como matéria-prima secundária. A partir daí, os departamentos Logística Reversa16 de gestão da produção e logística passaram a incorporar aspectos de sustentabilidade aos processos operacionais tradicionais. As técnicas usadas na gestão variam de acordo com o mercado de atuação, porém sempre com o objetivo de minimizar problemas entre fornecedores e consumidores. O desenvolvimento de novos sistemas e procedimentos para adequação da LR, assim como a diversidade de produtos e materiais, tem exigido um alto grau de coordenação na gestão, de maneira a formar uma rede com a participação de diversas empresas com funções desde o tratamento até a disposição final dos resíduos. Podemos apresentar as possíveis interações existentes entre os aspectos de gestão da LR da seguinte forma: Motivação • Externa: atendendo à Política Nacional de Resíduos Sólidos e a demanda dos consumidores. • Interna: financeira e ambiental. Tipo • Individual: só um setor participa. • Associativa: reunindo elos diferentes da cadeia produtiva. Gestão • Setor empresarial: reunido em uma unidade gestora. • Setor público: atuando na regulamentação e na fiscalização. Gerenciamento (compartilhado) • Fabricantes. • Importadores. • Governo. Relação com o mercado • Monopolista. • Competitivo. Logística Reversa 17 Dos desafios operacionais envolvidos para a implantação de Sistemas de Logística Reversa no Brasil podemos citar: 1. Modelo operacional: • Estabelecer parcerias com associações e cooperativas para suporte operacional aos SLR. • Estabelecer um comitê de acompanhamento da implantação do sistema, de forma a implementar os ajustes necessários para a eficácia do modelo. • Detalhar o fluxo de informações e interfaces com o SINIR. • Detalhar as condições e o processo de formalização e cadastro das organizações gestoras. NOTA: SINIR – Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos. 2. Incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I): • Fomentar a pesquisa para o desenvolvimento de novas técnicas de reciclagem. • Aplicações das matérias-primas recicladas e ecodesign. • Estabelecimento de taxas de reciclabilidade para as embalagens. • Definição de critérios de qualidade para produtos elaborados com matéria-prima secundária. • Criação de banco de dados para acesso às informações sobre o mercado de matéria-prima. • Promoção do mercado de matéria-prima secundária, com especificações técnicas e ambientais. Logística Reversa18 3. Infraestrutura: • Especificações técnicaspara infraestruturas de descarte/recebimento e triagem. • Construção de um fluxo de LR sólido. • Necessidade de conhecimento sobre a capacidade do parque reciclador nacional. • Localização e qualificação das infraestruturas existentes, com reforço às capacidades instaladas para alguns setores. 4. Legislação Ambiental: • Definir condições técnicas para a certificação de recicladoras que comporão o sistema. • Definir critérios técnicos para o licenciamento ambiental dos pontos de recebimento/triagens e veículo dos SLR. Fatores que Influenciam a Eficiência da LR A eficiência do processo de LR vai depender do planejamento e do controle das áreas de gestão e logística, porém, alguns fatores podem ser identificados como sendo críticos na contribuição positiva no desempenho da LR, são eles: Controle de entrada: o estado dos materiais que retornam precisa ser identificado corretamente para, posteriormente, seguir o fluxo reverso ou não. Se o controle de entrada não for bem executado pode dificultar o processo subsequente, podendo ainda ser fonte de atrito entre consumidores e fornecedores. A chave para esta questão está no treinamento de pessoal. Exemplo: O controle de entrada identifica os produtos que podem ser revendidos, recondicionados ou totalmente reciclados. Padronização e mapeamento de processos: a LR precisa ter procedimentos e processos corretamente mapeados, formalizados e tratados como um processo regular para a empresa, pois só assim se obtém controle e melhoria contínua. Logística Reversa 19 Tempo de ciclos reduzidos: quanto maior o tempo do ciclo do produto, maior serão os custos desnecessários, pois ocorre atraso na entrada de capital em decorrência da venda do resíduo e ainda ocupa espaço na empresa. DEFINIÇÃO: Tempo de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, da disposição ou do retorno de produtos e seu efetivo processamento. Sistemas de informação: a aquisição ou o desenvolvimento de sistemas de informação é um grande desafio, porém passa a ser uma ferramenta fundamental para medir o tempo de ciclo, rastrear o retorno, medir o desempenho de fornecedores, obter informações para negociações e melhoria de desempenho. Os sistemas de LR exigem flexibilidade e níveis de variação que são difíceis de se obter no mercado. Rede logística planejada: é preciso implementar uma infraestrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e saída de materiais processados. Uma boa solução é a instalação de centrais dedicadas ao recebimento, à separação, ao armazenamento, ao processamento, à embalagem e à expedição de materiais retornados. Colaboração entre clientes e fornecedores: os conflitos relacionados à responsabilidade pelos danos do produto costumam ser comuns entre varejistas e indústrias. Varejistas culpam o transporte e a fabricação pelos defeitos, em contrapartida, os fornecedores suspeitam de abusos por parte dos varejistas, de modo a causar problemas de confiança em casos de devoluções. Para que o fluxo reverso seja eficiente e avance, é necessária uma relação colaborativa entre as partes envolvidas. SAIBA MAIS: tQuer saber mais sobre Logística Reversa? Recomendamos a leitura sobre algumas práticas operacionais. Fonte: https:// bit.ly/2RPwyOu https://bit.ly/2RPwyOu https://bit.ly/2RPwyOu Logística Reversa20 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que LR é um processo de planejamento, implementação e controle de fluxos de matérias-primas, produtos e informações, que percorre o fluxo inverso da logística. Segundo a legislação ambiental, as empresas são responsáveis pelo destino final dos produtos pós-consumo e também pelos impactos que o mesmo provoca no meio ambiente. Podemos concluir que a LR flui da ponta do consumo em direção ao fornecedor, pela cadeia de suprimentos, para que os resíduos sejam reutilizados, reciclados ou reincorporados às mesmas cadeias de suprimentos ou a outras cadeias. Dentre desafios operacionais envolvidos para a implantação de Sistemas de Logística Reversa no Brasil, podemos citar: 1) modelo operacional. 2) Incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). 3) Infraestrutura. 4) Legislação Ambiental. Logística Reversa 21 Modelos de Gerenciamento de LR INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funcionam alguns modelos de gerenciamento em LR. Por meio destes modelos, as empresas são capazes de planejar e implantar sistemas adequados à sua atividade. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá!. Ter um negócio ambientalmente sustentável exige não só educação ambiental e boa vontade, mas também exige que o seu mercado de atuação seja competitivo e gere vantagens financeiras com a sua “marca verde”. Por que estou dizendo isso? Porque desenvolver um gerenciamento ambiental e colocá-lo em prática, requer custos adicionais para a empresa, desde maquinário, até a logística e a mão de obra especializada. Ser competitivo, neste caso, significa acima de tudo, gerenciar a cadeia de suprimentos e a logística de forma a manter em equilíbrio a manutenção dos padrões de desempenho ambiental e a necessidade de redução de custos. Para que o gerenciamento sustentável seja possível, é preciso que todos os envolvidos, fabricantes, transportadores e consumidores apoiem e adotem práticas mais eficientes. Em contrapartida, o poder público cobra por meio da criação de leis e normas ambientais, uma destinação correta dos resíduos com potencial para danos ambientais. O conceito cadeia de suprimentos foi desenvolvido nos anos de 1990, de maneira a ampliar a compreensão sobre as interações dos sistemas produtivos. Algumas interações ganharam mais espaço entre os consumidores e fornecedores (dentro do sistema produtivo) e entre o sistema produtivo e o meio ambiente (fora do sistema produtivo). Porém, a entrada do meio ambiente no sistema é de difícil contabilização, pela falta de mecanismos contábeis adequados a esta valoração. Logística Reversa22 NOTA: Assim como aspectos sociais e culturais, o meio ambiente é intangível. No intuito de aumentar a estruturação e diminuir as incertezas, novas variáveis passaram a ser desenvolvidas e incluídas na análise, e os limites foram expandidos para que as “externalidades” incorporadas possam ser componentes do sistema. Em relação à gestão ambiental, nem sempre é fácil a análise dos dados. Gerenciamento Cada setor produtivo deve desenvolver algumas ou todas as operações elencadas a seguir, dependendo da necessidade, da especialidade e da capacitação dos recursos humanos envolvidos: 1. Planejamento do processo – definição do escopo do processo com a definição dos produtos e materiais pós-consumo a serem processados. 2. Planejamento da cadeia – na logística reversa os consumidores e fornecedores ainda não se encontram estabelecidos ou atuando de forma colaborativa. Com isso, a identificação, contratação e capacitação de parceiros passam a ser etapas preliminares do processo. 3. Projeto de Logística Reversa: esta etapa requer algumas atividades: a. Identificação ou estimativa da frequência de descarte e dos volumes gerados por tipo de produto. b. Definição de rotas e meios de transporte para o recolhimento do produto ou material pós-consumo. c. Definição dos volumes mínimos a serem coletados e a frequência de coleta. Logística Reversa 23 d. Definição de etapas de pré-processamento como triagem ou desmontagem (total ou parcial). e. Definição sobre a necessidade de pontos de transbordo. f. Estabelecimento de parcerias para redução dos custos ou da redução do tempo de processamento. g. Definição dos procedimentos de destinação. IMPORTANTE:Os modos e as rotas de transportes precisam ser estabelecidos de forma eficiente, de modo a não impactar a viabilidade econômica do sistema. 4. Coleta: inicialmente, se pressupõe que seja a identificação das fontes geradoras, dos tipos de materiais e volumes gerados. Em seguida, vem a assistência técnica, devolução diretamente pelo consumidor ou por meio de cooperativas, associações e catadores independentes. De acordo com a cadeia produtiva, a coleta pode ser realizada a partir de Postos de Entrega Voluntária (PEV), ou com parcerias com empresas que já possuem grande conhecimento em operações de Logística Reversa, como os Correios. 5. Triagem: é a seleção manual ou mecânica de materiais, componentes e produtos, para que seja identificada sua aptidão ao reuso ou revenda imediata. 6. Teste: em caso de componentes e produtos aptos ao reuso e à revenda após o recondicionamento. Para dar continuidade ao processo, é preciso que o produto tenha as condições mínimas de funcionalidade e verificação dos critérios de segurança. 7. Armazenagem: às vezes é necessária a armazenagem para se atingirem os volumes mínimos viáveis economicamente para os processos de transporte e reciclagem. Para os demais processos, essa atividade pode ser suprimida. Logística Reversa24 8. Recondicionamento: é o processo de limpeza e reparo com o objetivo de restaurar as funcionalidades de componentes ou produtos danificados. Componentes recondicionados atuam como componentes no recondicionamento de outros produtos pós- consumo. Em alguns casos, esta etapa já faz parte da etapa de remanufatura. 9. Remanufatura: é o reparo e a manutenção dos equipamentos, das peças ou das partes, com o objetivo de restaurar as especificações do produtor, do fabricante ou do montador do produto final. Geralmente, são serviços prestados por terceiros e os produtos chegam a ser comercializados com garantias dos próprios fabricantes ou de terceiros. 10. Manufatura reversa: consiste no conjunto de processos constituídos, algumas ou todas das seguintes etapas: recebimento de produtos e materiais pós-consumo, armazenagem, pré-processamento, processamento, desmontagem, descaracterização, rastreabilidade, balanço de massa, gestão de estoque e venda. 11. Revenda: pode ocorrer a partir de quatro canais: • Pós-consumo a partir do fabricante – empresas atuantes em modalidades de aluguel ou comodato de seus equipamentos realizam a revenda destes após manutenção ou reparos. Exemplificando: empresa Xerox e suas copiadoras. • Pós-consumo a partir do consumidor – é um mecanismo ainda pouco utilizado em função da grande variação dos preços praticados e do custo do transporte, pois o consumidor anuncia o produto ou material por meio de bolsas de resíduos. • Pós-venda – ocorre quando os produtos são devolvidos aos fabricantes (por diversos motivos) e esses realizam a triagem, a destinação e a revenda com ou sem a desmontagem do produto. A assistência técnica nada mais é do que um segmento produtivo credenciado para a revenda de produtos remanufaturados. Essa alternativa está em crescimento no setor de equipamentos eletroeletrônicos. O Logística Reversa 25 credenciamento, em alguns casos, inclui a emissão de Nota Fiscal e concessão de garantia na revenda para produtos que passaram por reparos ou foram remanufaturados. 12. Destinação: quando ocorre confirmação da impossibilidade de reuso direto ou indireto (mediante testes e recondicionamento), o produto, os seus componentes ou os materiais seguem para destinação, que de acordo com a PNRS, pode ser reuso, reciclagem, incineração e disposição final em aterro. A forma da destinação vai depender da composição, do volume, da condição e da proximidade de unidades de reprocessamento. As métricas de avaliação de desempenho são importantes para o gerenciamento de processos logísticos. A seguir, temos alguns exemplos das métricas mais comuns: • Nível de emissões, efluentes e volume de resíduos sólidos gerados pelos processos logísticos. • Custos logísticos. • Nível de utilização e eficiência dos recursos logísticos. • Disponibilidade e demanda sobre os recursos logísticos. • Nível de serviço logístico, com o objetivo de avaliar o desempenho logístico como, disponibilidade de materiais nos pontos de uso, tempo de resposta a solicitações dos clientes, capacidade de customização de serviços, serviços agregados, entre outros. Podemos dizer, então, que para uma gestão logística eficaz dos recursos, das operações e dos processos, o gestor precisa ter não apenas o conhecimento técnico, mas também o conhecimento dos mecanismos legais e normativos relacionados ao setor produtivo em questão e do uso de sistemas de registro e processamento de informações. Logística Reversa26 Exemplo dos Correios Correios é uma empresa pública federal fundada em 1969, que tem como atividade principal o serviço de remessa de documentos e mercadorias. NOTA: É a única empresa brasileira presente em todos os municípios do país. Podemos dizer que a empresa possui uma estratégia de negócios focada na Logística Reversa, pois a capilaridade da cobertura logística e a confiabilidade dos seus serviços representam um grande diferencial no gerenciamento de canais. O Correios Log, como é chamado, funciona desde 2002 oferecendo soluções de logística integrada e por meio de contratos customizados, é possível fazer uso de serviços de recolha de produtos, principalmente, de pós-venda. Outro serviço disponível desde 2006 é a Logística Reversa em Agência (LRA), que faz remessas de um determinado produto para sua unidade processadora. Outro produto oferecido é o de coletar o produto de retorno simultaneamente à entrega do substituto, sem ônus para o remetente, este serviço é chamado Logística Reversa Simultânea, e pode ser domiciliar (LRSD) ou na agência (LRSA). Com essa forma inovadora, a empresa Correios usou toda sua experiência na logística direta para adequar seus processos à Logística Reversa. Em linhas gerais, os procedimentos são os mesmos, porém com o diferencial tecnológico propiciado pelo Sistema de Coleta – SCOL, que permite a identificação, o monitoramento e o rastreamento das remessas nos canais reversos. É uma maneira de atender não somente ao cliente, Logística Reversa 27 mas principalmente às exigências legais e normativas no que tange à responsabilidade compartilhada nos fluxos reversos. Os pedidos para a prestação do serviço podem ser realizados via internet, em qualquer dia e horário, pelos próprios clientes de contrato. O prazo para a coleta é definido de acordo com o porte dos municípios. D+1 para municípios com mais de 50.000 habitantes e D+2 para municípios com menos de 50.000 habitantes. Um diferencial interessante iniciado pelos Correios foi a possibilidade de rastrear os itens postados, agregando valor para qualquer Sistema de Logística Reversa, uma vez que identifica de maneira eficiente a responsabilidade em caso de infração ou irregularidades ao longo do Sistema. Figura 2 – Correios Fonte: @freepik Os Correios conquistaram, ao longo do tempo, credibilidade por parte de outras empresas de diferentes portes e segmentos. Entre os principais clientes que contrataram o serviço de logística reversa pós- venda e pós-consumo, podemos citar: • Natura – devolução de produtos recusados por clientes, com retorno via consultora ou diretamente para a empresa. Logística Reversa28 • Multibrás – processo que prevê a coleta, conforme padrão estabelecido, de eletrodomésticos e peças defeituosas comercializadas pela Consul e Brastemp. • Empresas de e-commerce – contrato para o retorno de produtos comercializados pela Submarino, Americanas.com, Mercado Livre, entre outros. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura do artigo a seguir. Modelo de Gerenciamento da Logística Reversa acessível.Fonte: https://bit.ly/32T4EHY RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter percebido que desenvolver um sistema de gerenciamento ambiental e colocá-lo em prática requer custos adicionais para a empresa, desde maquinário, até a logística e a mão-de-obra especializada. Para que seja possível, é preciso que todos os envolvidos, fabricantes, transportadores e consumidores apoiem e adotem práticas mais eficientes. Cada setor produtivo deve desenvolver alguma das seguintes operações: Planejamento do Processo, Planejamento da cadeia, Projeto de Logística Reversa, Coleta, Triagem, Teste, Armazenagem, Recondicionamento, Remanufatura, Manufatura Reversa, Revenda (pós-consumo a partir do fabricante, pós-consumo a partir do consumidor, pós-venda) e Destinação. Podemos concluir que para uma gestão logística eficaz dos recursos, operações e processos, o gestor precisa ter, não apenas o conhecimento técnico, mas também o conhecimento dos mecanismos legais e normativos relacionados ao setor produtivo em questão e do uso de sistemas de registro e processamento de informações. https://bit.ly/32T4EHY Logística Reversa 29 Exemplos de Gerenciamento em LR INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona na prática o gerenciamento de LR em algumas empresas. Você vai perceber que cada empresa adota o sistema que mais se adapta aos seus custos e à sua logística. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá!. Durante muito tempo, todos nós jogamos no lixo bilhões de dólares, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em recursos que deixamos de ganhar com o reaproveitamento de resíduos ou com a venda de insumos para a reciclagem (plásticos, alumínio e vidro). EXPLICANDO MELHOR: Percebemos que esta postura, além dos prejuízos financeiros, sempre agravou problemas e tragédias relacionadas ao meio ambiente. Por exemplo: as garrafas PET e as sacolas plásticas, em dias de chuva, causam grandes estragos nas nossas cidades. Para uma empresa e para a sociedade, o desenvolvimento de Sistemas de Logística Reversa, vem sendo um meio sustentável e rentável de se trabalhar com a redução, reutilização e reciclagem, e ainda, uma maneira de se adequar às leis ambientais e conquistar novos consumidores. Pensando nisso, muitas empresas já têm em pleno funcionamento Sistemas eficientes. A seguir, listaremos algumas: Logística Reversa30 McDonald’s O óleo de soja é um elemento essencial para o funcionamento de um dos fast-foods mais conhecidos no mundo. E, pensando nisso, a rede teve uma ideia interessante quanto à sua reutilização aqui no Brasil. Fez um convênio com a empresa Martin-Brower e desenvolveu uma técnica de Logística Reversa que funciona da seguinte maneira: os caminhões que abastecem as filiais com alimentos recolhem todo o óleo usado para análise, depois o óleo é encaminhado para uma usina que os transforma em biocombustível, que é utilizado para reabastecer os próprios caminhões da empresa. Figura 3 – Reciclagem do óleo usado na rede Fonte: @freepik Grupo Pão de Açúcar Podemos dizer que o Grupo Pão de Açúcar foi um dos pioneiros em ações de sustentabilidade e atualmente conta com o maior programa privado de reciclagem do país. Em 2001, o grupo criou estações de recebimento de materiais recicláveis (metal, papel vidro, óleo de cozinha, plástico e papel), e receberam desde o seu lançamento, mais de 30 mil toneladas de resíduos, que são destinadas a cooperativas, destes 50% Logística Reversa 31 em papel, 22% em plástico, 22% em vidro, além de alumínio, metal e óleo usado. Em 2008 foi criado um programa de reciclagem pré-consumo, chamado “Caixa verde”, no qual os clientes podem depositar as embalagens de produtos adquiridos nas lojas antes de levá-los para casa. Exemplificando: Você compra uma pasta de dentes, e então pode descartar a caixinha para reciclagem já na saída do caixa, levando para casa apenas a bisnaga. Em parceria com a NOKIA, foi criado em 2010 o “Alô Recicle”, para recolhimento de celulares, baterias e acessórios, encaminhados para reciclagem. Figura 4 – Estação de coleta de material reciclável Fonte:https://bit.ly/3hRqC2i NOKIA O programa da NOKIA para reciclagem se chama “we:recycle” e funciona no mundo inteiro sendo responsável pela coleta de aparelhos de qualquer marca, estando presente em 85 países. O projeto não possui dados recentes, mas foi responsável pelo recolhimento de mais de 4 milhões de aparelhos em todo o mundo, porém calcula-se que apenas 2% dos usuários de celular no Brasil façam uso da reciclagem de aparelhos. https://bit.ly/3hRqC2i Logística Reversa32 IMPORTANTE: 80% de um celular pode ser reciclado, e entre os materiais podemos citar metais, cobre, platina, prata e plásticos. Figura 5 – Reciclagem de celular Fonte: @pixabay HP A HP criou um programa chamado HP Planet Partners Brasil para os clientes que quiserem enviar seus cartuchos e toners usados, de forma a devolvê-los para a empresa ao invés de descartar em lixos comuns. Há 50 pontos de coleta no Brasil. Após a coleta, todo o material é enviado para o centro de reciclagem da empresa, para que haja o processamento do material. Tampas, componentes eletrônicos e espuma são separadas. Os cartuchos e as peças plásticas são triturados até virarem pó, para então serem enviadas ao Canadá e usados na fabricação de novos https://pixabay.com/pt/photos/reciclagem-telefone-celular-2978601/ Logística Reversa 33 cartuchos. No Brasil, hoje em dia, algumas impressoras já possuem 50% de plástico reciclado em sua composição. Figura 6 – Sistema de reciclagem eletrônico Fonte: @pixabay Setor de Cosméticos Boticário A LR dos seus produtos é feita por meio do Programa de Reciclagem de Embalagens, no qual as embalagens pós-consumo podem ser devolvidas em qualquer loja do grupo, e enviadas para 21 cooperativas credenciadas em todo o país, em que os resíduos se tornam matérias- primas para outros processos. A empresa possui mais de 4 mil pontos de coleta em todo o Brasil e o resultado do sucesso se deve à parceria e ao engajamento dos franqueados e das suas transportadoras. Natura O programa Elos existe desde 2007 e possui a responsabilidade compartilhada entre os fornecedores de embalagem e a Natura, que além https://pixabay.com/pt/vectors/lixo-eletr%C3%B4nica-bin-reciclar-296550/ Logística Reversa34 de recolher as embalagens pós-consumo, realiza estudos de rastreamento e monitoramento do ciclo de vida das embalagens recicláveis. Além disso, a Natura aponta alguns temas prioritários em sustentabilidade associados à sua estratégia: Biodiversidade – o uso sustentável da biodiversidade é a principal plataforma tecnológica da Natura, e esse objetivo tornou-se mais evidente a partir do ano de 2000, com o lançamento da linha Ekos. O aprendizado e os resultados associados à gestão da linha Ekos têm consolidado na empresa uma especial atenção à região amazônica. Embora ativos da biodiversidade encontrados em outras regiões do país sejam utilizados nessa e em outras linhas de produtos, a região amazônica desempenha um papel relevante no portfólio de ativos. Amazônia: Programa Amazônia, “[...] um plano que busca incentivar a criação de cadeias sustentáveis e de novos negócios a partir da ciência, da inovação e do empreendedorismo, além do patrimônio natural e cultural da região”. Gases do Efeito Estufa (GEE) – em 2007, a empresa criou o Programa Carbono Neutro, por meio do qual concentra seus compromissos em relação à gestão das emissões de GEE que decorrem do negócio. A compensação/neutralização de emissões de GEE se dá mediante o apoio a projetos socioambientais, cuja implantação resulta em redução de emissões em atividades não relacionadasà operação da empresa. Em 2008, o resultado do inventário aponta para pouco mais de 188 mil toneladas de CO2 e de emissões absolutas (ou 3,57 kg de CO2 e/kg produto), considerando-se não apenas as operações da empresa em suas unidades (17% das emissões), mas também etapas à montante e à jusante de sua posição na cadeia: 1. Extração e transporte de matérias-primas e embalagens (38%). 2. Processos internos de beneficiamento e manufatura que se dão nos fornecedores e transporte até a Natura (9%). 3. Transporte de mercadorias desde a Natura até as CN, e então, até os consumidores (16%). 4. Descarte final de produtos e embalagens (20%). Logística Reversa 35 Impacto dos produtos – quanto ao impacto dos seus produtos, a abordagem da Natura considera todo o ciclo de vida do produto: busca- se a redução de impactos causados ao longo da produção, distribuição e consumo das mercadorias da empresa, sendo prioridades: a gestão de resíduos sólidos e o consumo de água. Avon O programa adotado pela Avon é denominado Dê a Mão para o Futuro: Reciclagem, Trabalho e Renda (DAMF) e já encaminhou mais de 110 mil toneladas de resíduos de cosméticos para a reciclagem, colaborando com mais de 128 cooperativas. Unilever A Unilever é uma empresa que fabrica produtos das marcas como Seda, Clear, Rexona, Lux, entre outros, e seu Sistema de Logística Reversa consiste em coletar as embalagens pós-consumo e enviar para reciclagem. Figura 7 – Logística Reversa de embalagens Fonte: @freepik Logística Reversa36 Pneus Bridgestone A empresa recebe pneus em final de sua vida útil e aplica o conceito de LR. A borracha dos pneus passa por um processo de trituração e picotagem, sendo de baixa qualidade para fabricação de novos pneus, porém pode ser usada em solados de sapatos, borracha para vedação, peças para reposição, asfalto e indústria automobilística. Figura 8 – Sistema de LR de pneus Fonte: @pixabay Suzano Papel e Celulose A Suzano foi a primeira empresa brasileira a produzir papel reciclado em escala industrial e, possui desde 2007, o Programa Investimento Reciclável e conta com diversas cooperativas de catadores. Em 2011 a empresa comercializou 1,3 milhões de toneladas de papel e lançou um material feito com pelo menos 30% de aparas pós-consumo de embalagem longa vida em parceria com a Tetra Pak. A Ciclo, uma empresa do segmento de telhas para a construção civil, é parceira neste projeto, e com associações e cooperativas de catadores. Estima-se que o polietileno e o alumínio recuperados das embalagens longa vida Tetra Pak sejam da ordem de 250 toneladas por mês e são utilizadas na fabricação de telhas. https://pixabay.com/pt/photos/pneus-pneus-usados-pfu-lixo-1846674/ Logística Reversa 37 Philips Há mais de 30 anos, a Philips vem trabalhando em um programa para reduzir o descarte inadequado de lixo eletrônico. A empresa tem postos de coleta em vários lugares credenciados espalhados pelo Brasil, em que é possível descartar lâmpadas, aparelhos e pilhas. Após o recolhimento, a empresa analisa os resíduos para decidir se serão reutilizados ou descartados. Coca-Cola A Coca-Cola é uma empresa que possui seu SLR muito bem estabelecido. As garrafas PET começaram a ser vendidas a partir de 1978 e se tornaram muito populares, porém, devido ao volume que ocupam em aterros e sua destinação inadequada, acabaram se tornando um produto muito criticado. Nas últimas décadas, a Coca-Cola experimentou três tipos principais de embalagem para o envase e a comercialização do refrigerante. As embalagens PET, de vidro, e as de alumínio. As garrafas PET são vantajosas porque acarretam economia de combustível e emissões reduzidas pelo transporte mais “leve” de um mesmo volume da bebida transportada em garrafas de vidro. Em 2007, a ANVISA, autorizou a produção de novas embalagens PET a partir de resina de PET reciclada, o que significou em um aumento em 15% na reciclagem de garrafas no país, disseminando a atuação de catadores. As embalagens de vidro apresentam vantagens e desvantagens em relação à garrafa em PET, em que as embalagens de vidro representam mais alto custo logístico em função do peso, mais alto consumo de combustível e maior ocorrência de quebras, com perdas de embalagem, e ainda tendem a ser banidas de grande parte dos eventos e áreas públicas por conta do risco de quebra e acidentes com o vidro. Como vantagem tem-se a preservação do gás da bebida e a possibilidade de reuso. No ano de 2000 a Coca-Cola lançou uma garrafa de vidro com especificações melhoradas (40% mais resistente e 20% mais leve) com o objetivo de atender a critérios de sustentabilidade e, com isso, conquistar um público diferenciado. Logística Reversa38 Por fim, as embalagens em alumínio possuem baixo peso (um pouco superior ao da embalagem em PET), são facilmente compactadas e apresentam maior potencial de reciclabilidade que a embalagem PET, considerando-se aspectos técnicos e mercadológicos. Em relação à LR dessas embalagens, as embalagens em alumínio parecem apresentar a maior vantagem. Em segundo lugar estariam as embalagens de vidro, apesar do impacto negativo em processos da logística reversa e em terceiro lugar, as embalagens em PET em razão do volume que ocupam e de restrições quanto à reciclagem da resina. IMPORTANTE: Não são apenas os fatores logísticos que norteiam o processo decisório. O mercado asiático, por exemplo, prefere embalagens de vidro a outros tipos de materiais, enquanto nos Estados Unidos, o consumo de plástico é bastante expressivo e corresponde mundialmente a um mercado de mais de US$ 23 bilhões em 2010. Figura 9 – Variedade de garrafas plásticas Fonte: @freepik Logística Reversa 39 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar sobre o tema LR nas empresas brasileiras? Recomendamos a leitura do artigo: As 50 empresas do Bem. Fonte: https://bit.ly/3kHmQu9 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que para uma empresa e para a sociedade o desenvolvimento de Sistemas de Logística Reversa vem sendo um meio sustentável e rentável de se trabalhar com a redução, reutilização e reciclagem, e ainda, uma maneira de se adequar às leis ambientais e conquistar novos consumidores. Vamos citar alguns exemplos: McDonald’s – desenvolveu uma técnica de logística reversa para transformar o óleo de soja usado em biocombustível para seus próprios caminhões. Grupo Pão de Açúcar – grupo criou estações de recebimento de materiais recicláveis, programa de reciclagem pré- consumo e “Alô Recicle. NOKIA – programa “we:recycle”. HP – coleta de cartuchos e toners usados, Setor de Cosméticos – reciclagem de embalagens e maquiagens pós-consumo, diminuição de GEE e cuidados com a Amazônia, Pneus Bridgestone – LR com a borracha dos pneus usados. Suzano Papel e Celulose – reciclagem de papel e embalagens Tetra Pak. Philips – reciclagem de lâmpadas, aparelhos e pilhas usadas. Coca-Cola – desenvolvimento de embalagens menos danosas ao meio ambiente. https://bit.ly/3kHmQu9 Logística Reversa40 Coprocessamento INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona o coprocessamento. Isto será fundamental para entender as opções existentes para o descarte de rejeitos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Percebemos com o andamento do nosso estudo que a produção e o descarte de resíduos sólidos são grandes desafios da nossa sociedade atual. O crescimento populacional associado ao crescimento econômico e aos avanços tecnológicos vem levando a uma maior produção industrial, maior geração de resíduos e com maior uso dos nossos escassos recursos naturais. Graças à facilidade de comprar e descartar, muitos produtos são jogados fora antes do fim de sua vida útil, aumentando aindamais a carga de resíduos sólidos. A PNRS é uma lei que vem colaborando com o desenvolvimento de novas metodologias para o descarte e reaproveitamento dos resíduos, pois passou a responsabilizar as empresas pelo impacto ambiental provocado pelos resíduos gerados durante o seu processo produtivo. A busca por soluções e inovações para o manejo e para a destinação final de resíduos não pode parar, pois o crescimento populacional continua constante e o desenvolvimento dos setores industriais também. Uma excelente saída tem sido reutilizar os resíduos de matéria-prima, seja na própria indústria ou em colaboração com outras, com o intuito de diminuir custos e reduzir os impactos ambientais. Logística Reversa 41 Figura 10 – Esquema de coprocessamento em forno de cimento Fonte: @freepik Definição O coprocessamento pode ser definido como a integração de dois processos: 1. Queima de resíduos sólidos industriais que seriam descartados em aterros sanitários. 2. Fabricação de itens que precisam de altas temperaturas em seus processos produtivos. Podemos citar como exemplo a destruição sustentável de resíduos urbanos e provenientes do agronegócio em fornos de cimento. Uma vez que substitui matérias-primas e combustíveis tradicionais usados na fabricação do cimento, e dá uma destinação adequada para resíduos perigosos, contribuindo para a preservação do planeta e dos seus recursos naturais. Logística Reversa42 Pelos pontos de vista econômico, ambiental e de saúde humana, o coprocessamento surge como uma alternativa realmente interessante. Fabricação Convencional de Cimento Antes de avançarmos na técnica de coprocessamento, vamos dar uma pequena revisada no processo convencional de produção de cimento e o porquê de provocar tantos impactos ambientais negativos? O cimento é um material fundamental para as cidades e suas construções, porém sua fabricação não é simples e requer muita energia e o uso de diferentes mecanismos. Suas principais matérias-primas são: calcário e argila, ambos extraídos da natureza. NOTA: A argila e o calcário, embora extraídos da natureza, ainda podem ser encontrados em abundância. A produção do cimento na maioria das indústrias brasileiras é conhecida como via seca, e segue as seguintes etapas: • Moagem e homogeneização das matérias-primas como calcário (94%), a argila (4%) e quantidades menores de óxidos de ferro e alumínio (2%) até a obtenção de um pó fino, chamado de farinha crua. • A farinha fina é introduzida em forno rotativo onde é aquecido até uma temperatura de 1500 °C para clinquerização. • Resfriamento do clínquer. • Moagem do clínquer para adição de gesso (gipsita) e outras adições (calcário, pozolana ou escória) para a obtenção do cimento. • Ensacamento e expedição do produto final para comercialização. Logística Reversa 43 DEFINIÇÃO: O clínquer é definido como o cimento numa fase básica de fabrico, a partir do qual se fabrica o cimento, habitualmente com a adição de sulfato de cálcio, calcário e/ou escória siderúrgica. Figura 11 – Fabricação de cimento Fonte: @freepik Danos Ambientais Vamos começar listando os danos ambientais que podem ser causados durante a primeira etapa do processo, a extração das matérias- primas nas pedreiras. Há risco de impactos físicos como desmoronamentos das pedreiras e erosões devido às vibrações do terreno. Logística Reversa44 Pode acontecer aprofundamento de cursos d’água nos rios onde ocorre a extração da argila, levando a diminuição da quantidade de água nos leitos e causando danos aos habitats naturais existentes, diminuindo a biodiversidade das regiões. Os fornos que produzem o clínquer são alimentados por combustíveis provenientes de fontes não renováveis, como carvão e o coque de petróleo, muito usados pelo alto poder calorífico e baixo custo de aquisição. NOTA: Coque de petróleo é um material negro granular brilhante constituído por carbono (90 a 95%) e enxofre (5%). A produção de clínquer não gera resíduos sólidos diretamente, pois as cinzas provenientes da queima são incorporadas no próprio clínquer, porém há uma grande emissão de poluentes gasosos, como óxido de enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e, principalmente CO2, e ainda material particulado composto de chumbo, sendo todos eles poluentes. Estima-se que a indústria cimenteira contribua com 5% das emissões globais de CO2. Um grande estudo realizado mostrou que a produção de uma tonelada de clínquer seja a responsável pela emissão de uma tonelada de CO2. Com todos esses danos ambientais causados, o desenvolvimento do coprocessamento de resíduos na indústria cimenteira é uma solução social e ambientalmente adequada para resíduos provenientes de diversos processos industriais, além de reduzir o custo da produção com o reaproveitamento de matéria-prima. Logística Reversa 45 Coprocessamento A Resolução do CONAMA no 264/1999 estabelece duas classes de resíduos que podem ser coprocessados em processos industriais: resíduos que possam substituir matérias-primas e resíduos altamente energéticos que possam ser usados como combustíveis alternativos. Os materiais utilizados precisam possuir alto poder calorífico e total eliminação após a queima, e precisam ser rejeitos ou não possuir outro aproveitamento econômico. Existe uma grande variedade de resíduos que podem ser usados como substitutos de combustível e matérias-primas, entre eles: Combustíveis • Solventes, resíduos oleosos e resíduos têxteis. • Óleos usados (de carro e fábricas). • Pneus usados e resíduos de picagem de veículos. • Graxas, lamas de processos químicos e de destilação. • Resíduos de empacotamento e de borracha. • Resíduos plásticos de serragem e de papel. • Lama de esgoto, ossos de animais e grãos vencidos. • Resíduos do agronegócio. • Combustíveis derivados de resíduos urbanos. Matéria-prima • Lama com alumina (alumínio). • Lamas siderúrgicas (ferro). • Areia de fundição (sílica). • Terras de filtragem (sílica). • Refratários usados (alumínio). • Resíduos da fabricação de vidros (flúor). Logística Reversa46 • Gesso, cinzas e escórias. • Resíduos da perfuração de poços de petróleo. • Solos contaminados dos postos de combustíveis. Figura 12 – Exemplos de materiais que podem participar do processo de coprocessamento Fonte: @freepik Quando falamos em segurança, também podemos citar o coprocessamento como uma atividade mais segura para o trabalhador e para toda a comunidade. Entre as vantagens, podemos citar: • Atendimento à legislação ambiental existente. • Procedimento de aceitação e controle de resíduos. • Garantia da qualidade do clínquer coprocessado. • Garantia do processo produtivo. • Controle e proteção da saúde do trabalhador. https://br.freepik.com/vetores-gratis/conjunto-de-pilhas-de-material-de-construcao_5585200.htm Logística Reversa 47 • Sistemas de proteção ambiental como filtros de alta eficiência controlam a emissão de material particulado na atmosfera, além do monitoramento das emissões de outros poluentes que garantem proteção à comunidade e aos trabalhadores das áreas de processamento. Vantagens do Coprocessamento Vantagens Ambientais • Preservação dos recursos naturais. • Redução das emissões dos gases que causam efeito estufa. • Diminuição do passivo ambiental. • Possibilidade de crescimento de outras tecnologias adequadas de destinação. Vantagens sociais • Geração de empregos diretos e indiretos. • Contribuição para a erradicação dos lixões e melhoria da saúde. Vantagens econômicas • Aumento da vida útil de aterros sanitários. • Diminuição dos custos de energia térmica. Coprocessamento de Pneus Atualmente, os pneus inservíveis são os principais resíduos utilizados no Brasil para o coprocessamento. É um tipo de iniciativa que vem amenizando problemas de saúde pública e ambientais. DEFINIÇÃO: Pneus inservíveissão pneus cuja vida útil terminou e que precisam ser descartados em um ambiente correto de modo que não cause o desequilíbrio ecológico e ambiental. Logística Reversa48 Os pneus demoram até 100 anos para se degradar, e por isso, são considerados além de um grande problema ambiental, um problema de saúde pública, pois são capazes de acumular água e desenvolver larvas de mosquitos causadores de doenças. A técnica de coprocessamento é, então, a melhor alternativa para a destruição definitiva de pneus sem condições de uso. Um único forno, com capacidade de produção diária de duas mil toneladas de clínquer pode consumir até quarenta mil pneus por dia. Figura 13 – Exemplo de coprocessamento com pneus Fonte: @freepik Estatísticas Entre os anos de 2000 e 2017 houve um aumento em cinco vezes na destruição de resíduos com uso de fornos de cimento, o que nos leva a constatar a importante evolução no coprocessamento, em 2017 foi o alcance de um patamar de 1.172 toneladas de resíduos coprocessados. https://br.freepik.com/fotos-gratis/feche-a-linha-de-pneus_5752344.htm Logística Reversa 49 SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura do artigo: O que é coprocessamento e quais suas vantagens ambientais? Fonte:https://bit.ly/2ROp3HK RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? Você deve ter aprendido que a busca por soluções e inovações para o manejo e destinação final de resíduos não pode parar, e uma excelente saída tem sido reutilizar os resíduos de matéria-prima. O coprocessamento pode ser definido como a integração de dois processos: 1) Queima de resíduos sólidos industriais que seriam descartados em aterros sanitários. 2) Fabricação de itens que precisam de altas temperaturas em seus processos produtivos. A produção do cimento é conhecida como: via seca, e segue as seguintes etapas: moagem e homogeneização das matérias-primas, clinquerização, resfriamento do clínquer, moagem do clínquer para adição de gesso e ensacamento. O coprocessamento de resíduos na indústria cimenteira é uma solução social e ambientalmente adequada, entre suas vantagens podemos citar: preservação dos recursos naturais, redução das emissões dos gases que causam efeito estufa, diminuição do passivo ambiental, possibilidade de crescimento de outras tecnologias adequadas de destinação, geração de empregos diretos e indiretos, contribuição para a erradicação dos lixões e melhoria da saúde, aumento da vida útil de aterros sanitários e diminuição dos custos de energia térmica. https://bit.ly/2ROp3HK Logística Reversa50 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Panorama do Coprocessamento 2019, 2017. COUTO, M. C. L.; LANGE, L. C. Análise dos sistemas de logística reversa no Brasil. Engenharia Sanitária Ambiental, 22 (5), 889-898, 2017. DOI: 10.1590/ S1413-41522017149403. E-CYCLE. O que é coprocessamento e quais suas vantagens ambientais? Disponível em: https://www.ecycle.com.br/5918-coprocessamento.html. Acesso em: 28 ago. 2020. HERNÁNDEZ, C. T.; MARINS, F. A. S.; CASTRO, R. C. Modelo de gerenciamento da Logística Reversa. Gest. Prod., 19 (3), 445-456, 2012. LACERDA, L. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Disponível em http://www.ecodesenvolvimento. org/biblioteca/artigos/logistica-reversa-uma-visao-sobre-os-conceitos. Acesso em: 28 ago. 2020. XAVIER, L. H.; CORRÊA, H. L. Sistemas de logística reversa: criando cadeias de suprimento sustentáveis. 2013. Disponível em: https://www. scribd.com/document/416225139/SistemasdeLogisticaReversa2013-pdf. Acesso em: 28 ago. 2020. https://www.ecycle.com.br/5918-coprocessamento.html http://www.ecodesenvolvimento.org/biblioteca/artigos/logistica-reversa-uma-visao-sobre-os-conceitos http://www.ecodesenvolvimento.org/biblioteca/artigos/logistica-reversa-uma-visao-sobre-os-conceitos https://www.scribd.com/document/416225139/SistemasdeLogisticaReversa2013-pdf https://www.scribd.com/document/416225139/SistemasdeLogisticaReversa2013-pdf Carolina Galvão Sarzedas Livro Didático Digital _Hlk26629517 _Hlk26630356 Logística Reversa: Conceitos Básicos e Práticas Operacionais Introdução Logística e Meio Ambiente Logística e Cadeia de Suprimentos Práticas Operacionais Fatores que Influenciam a Eficiência da LR Modelos de Gerenciamento de LR Introdução Gerenciamento Exemplo dos Correios Exemplos de Gerenciamento em LR Introdução McDonald’s Grupo Pão de Açúcar NOKIA HP Setor de Cosméticos Pneus Bridgestone Suzano Papel e Celulose Philips Coca-Cola Coprocessamento Introdução Definição Fabricação Convencional de Cimento Danos Ambientais Coprocessamento Vantagens do Coprocessamento Coprocessamento de Pneus Estatísticas