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G R A D U A Ç Ã O DRA. MICHELE PUTTI PALUDO Biossegurança Híbrido GRADUAÇÃO Biossegurança Dra. Michele Putti Paludo Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock. Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos Santos Moraes. Designer Educacional Aguinaldo Jose Lorca Ventura Junior e Janaína de Souza Pontes. Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira. Editoração Bruna Stefane Martins Marconato e Victor Augusto Thomazini. Ilustração Marcelo Yukio Goto e Mateus Calmon. Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro Naldei e Thiago Surmani. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; PALUDO, Michele Putti; MATEUS, Gustavo Affonso. Biossegurança. Michele Putti Paludo; Gustavo Affonso Pisano Mateus. Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. 200 p. “Graduação - EAD”. 1. Biossegurança. 2. Normas. 3. Cuidados. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1727-4 CDD - 22 ed. 574.87 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: PALAVRA DO REITOR WILSON DE MATOS SILVA REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS WILLIAM DE MATOS SILVA PRÓ-REITOR EXECUTIVO DE EAD Janes Fidélis Tomelin PRÓ-REITOR DE ENSINO EAD Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Débora Leite DIRETORIA DE DESIGN EDUCACIONAL Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. Kátia Coelho DIRETORIA DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO Leonardo Spaine DIRETORIA DE PERMANÊNCIA APRESENTAÇÃO Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao nosso material didático inti- tulado “Biossegurança”. A princípio, o título desta obra nos remete a uma série de normas e cuidados especiais no manejo de seres vivos ou, ainda, aos cuidados necessários para uma rotina laboral adequada. Entretanto, a partir de uma análise aprofundada, será possível compreender o quanto a biossegurança influencia asmais variadas áreas do conhecimento. Para elucidar tal afirmação, esta obra foi dividida em 5 Unidades elaboradas almejando contribuir para a construção do conhecimento acerca desta temática de forma ampla e generalista. A Unidade 1 tem por objetivo apresentar informações e conceitos acerca da biossegurança com ênfase nas aplicações dos serviços de saúde. Serão apresentadas as recomendações usuais para a realização de atividades se- guras em ambientes laborais, também conhecidas como boas práticas em biossegurança. Além disso, serão apresentados os equipamentos de proteção individuais e coletivos comuns aos ambientes de trabalho dos profissionais da saúde, bem como informações acerca da percepção e avaliação de riscos presentes nestes ambientes. A Unidade 2 é destinada aos riscos presentes nos ambientes em que ocor- rem práticas comuns aos serviços de saúde, sendo eles os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais. De forma complemen- tar, a Unidade 3 apresenta informações específicas da rotina laboratorial fundamentais para a prática laboral segura e consciente, por exemplo, as diferentes simbologias aplicadas e o mapa de risco. E, por fim, as Unidade 4 e 5 apresentam as doenças comuns aos ambientes laboratoriais, bem como suas respectivas medidas de prevenção e controle e as medidas de gerenciamento e descarte de resíduos laboratoriais, clínicos e hospitalares, respectivamente. Assim, gostaríamos de reforçar o convite para, juntos, percorrermos este material e para que seja possível multiplicar os conhecimentos acerca de tantos assuntos abordados ao longo deste livro. Muito obrigado e bons estudos! CURRÍCULO DO PROFESSOR Dra. Michele Putti Paludo Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande (2016), Mestrado pelo mesmo programa (2012) e Gra- duação em Bacharel em Química de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas (2008). Tem experiência na área de alimentos funcionais, principalmente em produtos a base de okara e arroz, e Engenharia de Bioprocessos, com ênfase no cultivo de microalgas utilizan- do coprodutos industriais, isolamento de microrganismos potencialmente produtores de lipase, enzimas imobilizadas e síntese de ésteres de aroma frutal. Pós-doutorado na área de tratamento de águas contaminadas com pesticidas a partir do desenvolvimento de novos adsorventes derivados de grafeno (2017). Currículo disponível em: <http://lattes.cnpq.br/7239624982564924>. Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus Mestrado em Biotecnologia Ambiental pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Espe- cialização em Docência no Ensino Superior e Análise Ambiental pela mesma instituição e Gra- duação em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Experiência nas áreas de Fitossanidade, com ênfase em fungos fitopatogênicos e Tratamentos Alternativos de Água e Efluentes, em especial com os temas: processos de separação por membranas e coagulantes naturais. Atualmente, é aluno do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Ambiental da Universidade Estadual de Maringá em nível de Doutorado. Currículo disponível em: <http://lattes.cnpq.br/1379816809384173>. Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde 13 Riscos Ambientais 49 Especificidades em Rotina Laboratorial 89 Doenças, Prevenção e Medidas de Contenção: da Higiene ao Isolamento 125 Gerenciamento e Descarte de Resíduos Laboratoriais 165 65 Riscos Biológicos Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Dra. Michele Putti Paludo Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus • Conceituar Biossegurança e conhecer seus campos de atuação. • Compreender as boas práticas laboratoriais voltadas aos serviços em saúde. • Conhecer os diferentes equipamentos de proteção indi- vidual e coletivo. • Entender os principais programas relacionados à percep- ção e avaliação de riscos em serviços de saúde. Introdução à Biossegurança Boas Práticas em Biossegurança Percepção e Avaliação de Riscos em Serviços de Saúde Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Coletiva (EPC) Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde Introdução à Biossegurança Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Nes- ta primeira unidade de nosso material didático da disciplina de Biossegurança, iremos conhecer um pouco sobre as diferentes áreas de atuação e as competências da Biossegurança, sendo uma delas voltada ao desenvolvimento de técnicas e procedimentos inovadores, e a outra voltada à segurança ambiental. Mediante ao conteúdo apresentado, será pos- sível inferir acerca da relevância desta disciplina em cursos da área da saúde, especialmente no que tange aos serviços de atendimento populacional em saúde. As práticas associadas à Biossegurança per- meiam boas condutas em ambientes laboratoriais voltadas à saúde, mediante às orientações e ins- truções sobre uso e aplicação dos instrumentos de proteção individual e coletiva, indispensáveis para a realização das atividades relacionadas aos serviços de saúde e que são fundamentais para a garantia da saúde dos profissionais e do meio ambiente laboral e natural. 15UNIDADE 1 Apresentaremos, também nesta unidade, in- formações sobre a avaliação dos possíveis riscos associados às atividades dos serviços de saúde, voltados ao bem estar laboral e ao controle de possíveis complicações atreladas a estas ativida- des, como é o caso das infecções hospitalares, que demandam atenção e cuidados especiais em seu controle e prevenção. Avaliar os riscos inerentes às atividades se faz necessário para orientar os padrões de segurida- de a serem adotados, além de estarem relacio- nados a classificações e aos níveis de segurança laboratoriais. Por fim, nesta unidade de estudo, esperamos apresentar informações básicas e essenciais para fomentar sua atuação como futuro profissional da saúde, de forma crítica e ampla, possibilitando o desenvolvimento de procedimentos operacionais adequados necessários para uma gestão eficaz. Antes de nos aventurarmos pelas áreas de ação da Biossegurança, é necessário definirmos esse campo do conhecimento em função dos inúmeros conceitos apresentados na literatura, para tanto, a fim de melhor compreendermos, iremos conhecer algumas definições de forma simples e objetiva, vamos lá? Inicialmente, biossegurança pode ser definida como o conjunto de procedimentos, ações, técni- cas, metodologias, equipamentos e dispositivos capazes de eliminar ou minimizar riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, de- senvolvimento tecnológico e prestação de serviços que podem comprometer a saúde do homem, ani- mais, meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos (TEIXEIRA; VALLE, 2010). Uma outra definição, apresentada pela Comis- são Técnica Nacional de Biossegurança (CTN- Bio, 2009, on-line)1, está associada à garantia no avanço dos processos tecnológicos, bem como na proteção da saúde humana, animal e do meio ambiente. Além destes, segundo Alves e Pacheco (2015), existem outros conceitos para a biossegurança relacionados à prevenção de acidentes em am- bientes ocupacionais, o que inclui o conjunto de medidas técnicas, administrativas, educacionais, médicas e psicológicas. Com esta aproximação de algumas definições, verifica-se que o objetivo principal da biossegu- rança é orientar um ambiente de trabalho no qual se promova a contenção dos riscos de exposição a agentes potencialmente nocivos ao trabalha- dor, ao paciente e ao meio ambiente. Os méto- dos utilizados para obtenção dessa contenção representam as bases da biossegurança e são ditos primários ou secundários. A contenção, ou barreira primária, visa a pro- teção do trabalhador e do ambiente de trabalho contra a exposição a agentes infecciosos, podendo ser obtida por meio de práticas microbiológicas seguras e pelouso adequado dos equipamentos de segurança. Estes evitam casos de contaminação nos mais variados ambientes de trabalho, como em laboratórios em situações de vacinas (hepatite B por exemplo), hospitais, clínicas de podologia, clínicas odontológicas, salões de beleza, terapeutas capilares, clínicas de estética, clínicas médicas e outras, contribuindo na proteção pessoal. As barreiras secundárias dizem respeito à construção ou reforma de laboratórios, clínicas, hospitais e outros, quanto a sua localização e instalações físicas, as quais são importantes para proporcionar uma barreira de proteção para pes- soas dentro e, principalmente, fora do ambiente de trabalho, bem como para o meio ambiente. Os tipos de barreiras secundárias dependerão 16 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde do risco de transmissão dos agentes específicos manipulados no local. São alguns exemplos de barreiras secundárias: a localização distante do acesso público, a presen- ça de sistemas de ventilação especializados em assegurar o fluxo de ar unidirecionado, sistemas de tratamento de ar para a descontaminação ou remoção do ar liberado e câmaras pressurizadas como entradas de laboratório (BRASIL, 2006a). Nas próximas unidades, veremos quais são e que riscos essas barreiras previnem. Histórico em Biossegurança O conceito de biossegurança começou a ser mais fortemente construído no início de 1970, na Cali- fórnia, após o surgimento da engenharia genética, por meio da transferência e expressão do gene da insulina para Escherichia coli. Essa primeira experiência, em 1973, provocou forte reação da comunidade científica mundial, fato que culmi- nou na realização da Conferência de Asilomar, em 1974. Nessa conferência, foram tratadas questões acerca dos riscos das técnicas de engenharia gené- tica e sobre a segurança dos espaços laboratoriais (ALBUQUERQUE, 2001). A partir da Conferência de Asilomar, origina- ram-se as normas de biossegurança do National Institute of Health (NIH), dos EUA. Seu mérito, portanto, foi o de alertar a comunidade científica, principalmente quanto às questões de biossegu- rança inerentes à tecnologia de DNA recombinan- te. Desde então, a maioria dos países centrais viu-se diante da necessidade de estabelecer legislações e regulamentações para as atividades que envolves- sem a engenharia genética (ALMEIDA; VALLE, 1999; ALMEIDA; ALBUQUERQUE, 2000). Em 1980, a Organização Mundial de Saúde conceituou a biossegurança como práticas de pre- venção para o trabalho em laboratório com agen- tes patogênicos e, além disso, classificou os riscos como biológicos, químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. Na década seguinte, observou-se a inclusão de temas, tais como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante em programas de biossegurança (COSTA, M. A.; COSTA, M. F., 2002). No Brasil, de acordo com Shatzmayr (2001), a biossegurança só se consolidou como área es- pecífica nas décadas de 70 e 80, em decorrência do grande número de relatos de graves infecções ocorridas em laboratórios e também de uma maior preocupação em relação às consequências que a manipulação experimental de animais, plan- tas e microrganismos poderia trazer ao homem e ao meio ambiente. Em 1995, foi implementada a Comissão Téc- nica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a fim de estabelecer normas às atividades que envolvam construção, cultivo, manipulação, uso, transpor- te, armazenamento, comercialização, consumo, liberação e descarte relacionados a organismos geneticamente modificados (OGMs) em todo o território brasileiro (SCHOLZE, 1999). Tais normas, além de tratarem da minimiza- ção dos riscos em relação aos OGMs, envolvem os organismos não geneticamente modificados e suas relações com a promoção de saúde no am- biente de trabalho, no meio ambiente e na comu- nidade (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004). A CTNBio é composta por membros titulares e suplentes, que representam o conhecimento das áreas humana, animal, vegetal e ambiental, e está vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (SCHOLZE, 1999). 17UNIDADE 1 Em 19 de fevereiro de 2002, foi criada a Comissão de Biossegu- rança em Saúde (CBS) no âmbito do Ministério da Saúde. A CBS trabalha com o objetivo de definir estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento das ações de biossegurança, procurando sempre o melhor entendimento entre o Ministério da Saúde e as instituições que lidam com o tema (BRASIL, 2006a). Anos depois, em 2005, o governo brasileiro sancionou a Lei de Biossegurança (Lei n° 11.105/2005), a qual trata dos estudos científicos envolvendo células-tronco embrionárias e o plantio de sementes transgênicas no país (BRASIL, 11.105/2005). Entretanto, no Brasil, existem duas vertentes acerca da biossegu- rança, sendo uma relacionada à legislação e a outra voltada à prática propriamente dita. A legal está voltada à manipulação de OGMs e de células tronco, regulamentada pela Lei n° 11.105/2005. Já a pra- ticada relaciona-se aos riscos químicos, físicos, biológicos, ergonô- micos e de acidentes encontrados nos ambientes laborais, amparada, principalmente, pelas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Resoluções da Agência Nacional de Vigilância em Saúde (ANVISA) e do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), entre outras (COSTA, 2005). Por fim, está pequena perspectiva histórica na variação das abor- dagens em Biossegurança nos dá uma singela noção da amplitude dessa área do conhecimento tão essencial a diversas outras áreas relacionadas à saúde ambiental e da população. Classificação dos Riscos Associados à Biossegurança Torna-se impossível discutir biossegurança sem a associarmos aos riscos laborais, sobretudo, quando existem legislações que regula- mentam práticas laborais específicas aos trabalhadores da área da saúde. Devido a relevância do assunto, os riscos serão esgotados em outra unidade; entretanto, uma discussão não exaustiva se faz necessária devido à influência dos riscos nas classificações de ati- vidades e também nas esferas de trabalho. O risco denota incerteza em relação a um evento futuro, sendo definido como a probabilidade de ocorrer um acidente causando 18 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde algum tipo de dano, lesão ou enfermidade. Hirata e Filho (2002) classificam os riscos em: riscos de acidentes, ergonômicos, físicos, químicos e biológicos. A seguir, você conhecerá brevemente cada um dos riscos apresentados: Os riscos de acidentes são aqueles relacionados a situações de perigo que possam afetar a in- tegridade, o bem-estar físico e moral dos indivíduos nos laboratórios. São exemplos de riscos de acidentes: uso de equipamentos sem proteção, armazenamento ou descartes impróprios de substâncias químicas, instalações elétricas com fios expostos ou com sobrecarga, dentre outros (SANGIONI et al., 2013). Riscos de acidentes Correspondem a qualquer ocorrência que venha a interferir nas características psicofisiológicas do indivíduo, podendo gerar desconforto ou afetando sua saúde. É o caso das lesões causadas pelo esforço repetitivo (LER) e as doenças ortomusculares relacionadas com o trabalho (DORT) (SANGIONI et al., 2013). Para evitá-los, é necessário um ajuste entre as condições de trabalho, sob os aspectos de praticidade, conforto físico e psíquico, modernização de máquinas e equipamen- tos, entre outras (PEREIRA et al., 2014). Riscos ergonômicos Os riscos físicos correspondem às diversas formas de energia que os indivíduos estão expostos, podendo ser originadas de equipamentos ou de outras fontes. São os ruídos, vibrações, tempe- raturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e pontia- gudos (SANGIONI et al., 2013). Riscos físicos São os riscos associados a todas substâncias, compostos ou produtos nas formas de gases, va- pores, poeiras, fumaças, fumos, névoas ou neblinas, que possam penetrar no organismopela via respiratória ou pelo contato por meio da pele ou ingestão (SANGIONI et al., 2013). Riscos químicos Esse risco abrange a manipulação dos agentes e materiais biológicos. São considerados agentes biológicos: vírus, bactérias, fungos, parasitas, príons, OGMs, além das amostras biológicas prove- nientes das plantas, dos animais e dos seres humanos (sangue, urina, fezes, tecidos, entre outras) (SANGIONI et al., 2013). Riscos biológicos 19UNIDADE 1 Apesar de todos os riscos expostos se apresentarem relevantes, os biológicos ganham destaque. Nesse sentido, os agentes biológicos são divididos em classes de 1 a 4 e a classe de risco especial (BRASIL, 2006b). a ) Classe de risco 1 Agentes biológicos que oferecem baixo risco individual e para a coletividade, conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplos: Lactoba- cillus sp., Bacillus. b ) Classe de risco 2 Agentes biológicos de moderado risco individual e limita- do risco para a comunidade, que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplo: Schistosoma mansoni (agente da esquis- tossomose). c ) Classe de risco 3 Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e moderado risco para a comunidade, transmitidos por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem, usualmente, medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplo: Bacillus anthracis (agente do Anthrax). d ) Classe de risco 4 Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e para a comunidade, com alto poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Podem causar doenças graves ao ser humano, ainda não existem meios efi- cazes para a sua profilaxia ou tratamento. Esta classe inclui, principalmente, os vírus. Exemplo: Vírus Ebola. e) Classe de risco especial Agentes biológicos que oferecem alto risco de causar doença animal grave e de disseminação no meio ambiente. Inclui agentes biológicos de doença animal não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem gerar graves perdas eco- nômicas e/ou na produção de alimentos. Exemplo: Vírus da influenza A aviária. 20 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde Assim, com base na avaliação dos riscos, há a determinação do caminho a ser seguido, rela- cionados ao desenvolvimento de atividades laborais como forma de alcançar a prevenção, a minimização ou a eliminação, evitando-se não somente os acidentes que possam ocorrer, mas também a exposição dos profissionais de saúde aos agentes presentes no ambiente de trabalho, além da disseminação de microrganismos patogênicos ou de agentes de risco que possam impactar na saúde pública. A Figura 1 representa a complexidade das ações de biossegurança, segundo Cardoso (2016): Serviço de saúde Usuário Serviço Ambiente Risco de acidente Risco ergonômico Risco físico Risco químico Risco biológico Vigilância médica Descontaminação Equipamentos de proteção Projeto e construção de instalações Boas práticas Qualidade de serviços Monitoramento Segurança predial Figura 1 - Complexidade das ações em Biossegurança Fonte: adaptada de Cardoso (2016). Níveis de Biossegurança Os níveis de biossegurança ou de biocontenção são designados em ordem crescente (NB-1 a NB- 4), de acordo com o grau de proteção proporcio- nado ao pessoal do laboratório, ao meio ambiente e à comunidade. Práticas mais ou menos rígidas poderão ser adotadas quando temos uma infor- mação específica que possa sugerir a virulência, patogenicidade, os padrões de resistência aos antibióticos e às vacinas e a disponibilidade de tratamento ou outros fatores significativamente alterados (BRASIL, 2006a). Desta forma, para Penna et al. (2010), os la- boratórios são divididos respeitando os níveis de biossegurança: Nível de biossegurança 1 (NB-1): é o nível necessário ao trabalho que envolva agentes biológi- cos da classe de risco 1. Representa um nível básico de contenção, que se fundamenta na aplicação das boas práticas laboratoriais (BPLs), na utilização de equipamentos de proteção e na adequação das ins- talações. O Bacillus subtilis e Naegleria gruberi são exemplos de micro-organismos que se enquadram nesse nível (BRASIL, 2006a). Nível de biossegurança 2 (NB-2): é o nível exigido para o trabalho com agentes biológicos da classe de risco 2. O acesso ao laboratório deve ser restrito a profissionais da área (professores e técnicos) e aos acadêmicos que estejam desenvol- 21UNIDADE 1 vendo atividades de ensino, pesquisa e extensão, mediante a autorização do profissional respon- sável. O vírus da hepatite B, o HIV, a salmonela e o Toxoplasma spp. são exemplos de micro-orga- nismos designados para esse nível de contenção (BRASIL, 2006a). É importante destacar que os laboratórios de ensino de microbiologia vinculados às insti- tuições de ensino superior equivalem aos níveis NB-1 e NB-2. Nas atividades realizadas nestes laboratórios, há a manipulação de microrganis- mos e parasitas de baixo risco biológico, estando associadas, principalmente, ao desenvolvimento das aulas práticas, das ações de extensão e de pes- quisa (SANGIONI et al., 2013). Nível de biossegurança 3 (NB-3): esse nível é aplicável aos locais onde forem desenvolvidos trabalhos com agentes biológicos da classe de ris- co 3. O Mycobacterium tuberculosis, o vírus da encefalite de St. Louis e a Coxiella burnetii são exemplos de microrganismos determinados para esse nível (BRASIL, 2006a). Nível de biossegurança 4 (NB-4): esse nível é exigido às atividades que manipulem os agentes biológicos da classe de risco 4 e agentes especiais. Nesse tipo de laboratório, o acesso dos profissionais deve ser controlado por um sistema de segurança rigoroso. Os vírus, como os de Marburg ou da febre hemorrágica Criméia-Congo, são manipulados no nível de biossegurança 4 (BRASIL, 2006a). Norma Regulamentadora (NR) 32 Para finalizarmos este tópico, é importante des- tacar uma importante norma de biossegurança que trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, a NR 32, criada pelo Ministé- rio do Trabalho e Emprego. O objetivo dessa NR é agrupar o que já existe no país em termos de legislação e favorecer os trabalhadores da saúde, estabelecendo diretrizes para implementação de medidas de proteção à saúde e segurança destes. Essa norma trata, ainda, dos riscos biológicos, químicos, das radiações ionizantes, dos resíduos, das condições de limpeza e conservação e da manutenção de máquinas e equipamentos em serviços que prestam assistência à saúde (BRA- SIL, 2005). A Norma Regulamentadora (NR) 32 tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Conheça a NR 32 na íntegra no site: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr32.htm>. 22 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde A biossegurança envolve a análise dos riscos a que os profissionais de saúde estão constantemente expostos em suas atividades e ambientes de tra- balho. A avaliação de tais riscos engloba vários aspectos, sejam relacionados aos procedimentos adotados, às chamadas boas práticas em labora- tório, aos agentes biológicos manipulados, à in- fraestrutura dos laboratórios ou informacionais, como à qualificação das equipes (BRASIL, 2006c). As boas práticas em biossegurança seguem as mesmas premissas das boas práticas laboratoriais (BPLs), que compreendem um conjunto de nor- mas, procedimentos e atitudes de segurança, que visam minimizar os acidentesque envolvam as atividades desempenhadas pelos laboratoristas, bem como incrementar a produtividade, assegu- rar a melhoria da qualidade dos serviços desen- volvidos e, ainda, auxiliar na manutenção de um ambiente seguro. Sendo assim, os cuidados com a biossegurança dos espaços de atendimento à população, abrange as mesmas prudências utili- zadas nos laboratórios. Ressalta-se que a utilização das BPLs requer a aplicação do bom senso e prudência dos pro- fissionais ao desenvolver cada atividade (MAS- TROENI, 2005; ARAÚJO et al. 2009; SANGIONI Boas Práticas em Biossegurança 23UNIDADE 1 et al., 2013). Portanto, a não utilização de forma adequada das BPLs pode ocasionar riscos imi- nentes no âmbito laboratorial. As BPLs padrões nos laboratórios devem ser conhecidas e aplicadas por todos os usuários (SANGIONI et al., 2013). Essas medidas, ainda, são constituídas por atividades organizacionais do ambiente de trabalho e por procedimentos básicos, como a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Equipamentos de Proteção Coletivos (EPCs), limpeza e higieniza- ção do ambiente laboratorial, dentre outras. A seguir, vamos apresentar a importância de Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e tam- bém algumas práticas laboratoriais adotadas para equipamentos, profissionais, materiais e ambiente (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009; PENNA et al., 2010; SANGIONI et al., 2013). Procedimentos Operacionais Padrão (POP) Com o intuito de garantir a aplicação dos prin- cípios das BPLs, um dos instrumentos utilizados nos laboratórios são os Procedimentos Operacio- nais Padrão (POP). Segundo Molinaro, Caputo e Amendoeira (2009), o POP pode ser definido como um documento que expressa o planejamen- to do trabalho, a fim de padronizar e minimizar a ocorrência de desvios na execução das atividades e, assim, garantir aos usuários serviços ou produ- tos livres de variáveis indesejáveis, independen- temente de quem as realize. Um Procedimento Operacional Padrão tem como meta garantir que a qualidade seja a mesma em todas as etapas do processo em qualquer momento. O POP descreve cada passo crítico e sequencial que deverá ser dado pelo operador para garantir o resultado esperado da tarefa. Na área da saúde, os POPs ficam contidos em manuais com a finalida- de de esclarecer dúvidas e orientar a execução das ações e devem estar de acordo com as diretrizes e normas da instituição, ser atualizados sempre que necessário e deverão ser seguidos por todos (médi- cos, enfermeiros e auxiliares) de forma padronizada (GUERRERO; BECCARIA; TREVIZAN, 2011). Mas como elaboramos um POP? A figura a seguir informa, de maneira geral, alguns passos importantes para a elaboração de um Procedimento Operacional Padrão. Descrição das etapas da tarefa e de seus executadores e responsáveis Nome do POP Objetivo do POP Documentos de referência (manuais) Local de aplicação Sigla (se houver) Fluxograma Local onde poderá ser encontrado e o nome do responsável pela guarda e atualização Frequência de atualização Forma que será gerado ( papel, eletrônico) Gestor (quem colaborou) Responsável Figura 2 - Fluxograma para elaboração de um POP Fonte: Gourevitch e Morris (2008). 24 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde Com base no fluxograma, nota-se que o POP deve conter informações suficientes para que todos os colaboradores possam utilizá-lo como um guia, assim como, em caso de dúvida, saibam onde bus- car mais informações ou a quem recorrer (GOU- REVITCH; MORRIS, 2008). Para Gourevitch e Morris (2008), o POP é um instrumento destinado a quem executa a tarefa; este deve ser simples, completo e objetivo para que possa ser interpretado por todos os colaboradores. Quanto a sua aplicação, representa a base para garantir a padronização de tarefas e assegurar aos usuários um serviço ou produto livre de variações (não confor- midades) que poderão interferir na qualidade final. Assim, os POPs são recursos tecnológicos im- portantes na prática de saúde e, como tal, devem ser validados, uma vez que, dessa forma, adqui- rem credibilidade científica, a ponto de serem eficazes no processo de mudança da prática as- sistencial, bem como na melhoria do resultado do desempenho dos profissionais. Os POPs ajudam a sintetizar a informação mediante uma estrutura concisa e promovem a tradução do conhecimento para melhorar a prática (GERAIX; CAMPOS, G. CAMPOS, R. 2007; CUNHA; LEITE, 2008). Boas Práticas Laboratoriais e Clínicas Aplicadas a Equipamentos Os equipamentos de laboratório requerem condi- ções apropriadas para cumprirem sua funcionali- dade, além de contarem com a conduta ética dos profissionais que irão utilizá-los. Os itens a seguir descrevem boas práticas laboratoriais e orienta- ções de utilização destinadas aos manuseio dos equipamentos. Portanto, os equipamentos devem: a. Ser configurados regularmente e estar em locais apropriados, livre de interferências (corrente de ar, vibrações, umidade, inci- dência de luz solar e calor). b. Ser operados apenas por profissionais trei- nados e capacitados. c. Estar em condições de utilização e seguir um plano rigoroso de validação, qualifica- ção, calibração, esterilização e manutenção. d. Possuir orientações em relação a sua utili- zação presentes nos procedimentos opera- cionais padrões (POP). e. Ser inspecionados regularmente e man- tidos em condições adequadas para ope- ração por pessoas qualificadas para esse trabalho, como profissionais treinados, vinculados a empresas do segmento. Boas Práticas Laboratoriais e Clínicas Aplicadas a Profissionais e Usuários As Boas Práticas são de grande importância para os colaboradores e usuários do local, uma vez que elas prezam pela segurança e proteção de todos. A seguir, estão descritas algumas me- didas: a. É proibido a ingestão e/ou o preparo de ali- mentos e bebidas, fumar, mascar chicletes e manipular lentes de contato. b. Evitar o uso de qualquer tipo de acessórios/ adornos durante as atividades laborato- riais. c. Pipetar com a boca é expressamente proi- bido e jamais se deve colocar na boca ob- jetos de uso no laboratório (canetas, lápis, borrachas, entre outros). 25UNIDADE 1 d. Observar os princípios básicos de higiene, como manter as mãos limpas e unhas apa- radas; sempre lavar as mãos antes e após vários procedimentos. Se não existirem pias no local, líquidos antissépticos devem estar à disposição para limpeza das mãos. e. Trajar roupas de proteção durante as ativi- dades laboratoriais, como: jalecos, aventais, macacões, entre outros. Essas vestimentas não devem ser usadas em outros ambientes fora do laboratório ou clínica como: escri- tório, biblioteca, salas de estar e refeitórios. f. Usar luvas de procedimentos somente nas atividades laborais e evitar tocar em obje- tos de uso comum. g. Usar os equipamentos de proteção ade- quados durante o manuseio de produtos químicos. h. Utilizar calçados fechados, confortáveis e antiderrapante. i. Manter os artigos de uso pessoal fora das áreas destinadas às atividades laboratoriais. j. Manusear, transportar e armazenar mate- riais (biológicos, químicos e vidrarias) de forma segura para evitar qualquer tipo de acidente. O manuseio de produtos quími- cos voláteis, metais, ácidos e bases fortes, entre outros, necessita ser realizado em ca- pela de segurança química. As substâncias inflamáveis precisam ser manipuladas com extremo cuidado, evitando-se proximida- de de equipamentos e fontes geradoras de calor. k. Acidentes ocorridos devem ser documen- tados e avaliados para correções e preven- ções. l. Os trabalhadores devem ser devidamente treinados e informados. m. Dependendo do local, evitar trabalhar so- zinho, como no caso dos laboratórios, e jornadas de trabalho prolongadas, como em atendimentos em clínicas, em que o excesso de atividade diária possa levar a lesões por esforços repetitivos ou dores osteoarticulares do trabalho. Boas Práticas Laboratoriaise Clínicas Aplicadas a Materiais e Reagentes A seguir, estão apresentadas medidas de Boas Prá- ticas adotadas para materiais e reagentes: a. Identificar todos os produtos químicos e frascos com soluções, medicamentos, princípios ativos, ácidos, cosméticos, cos- mecêuticos e reagentes, os quais devem conter a indicação do produto, condições de armazenamento, prazo de validade e toxidade do produto. b. Acondicionar os resíduos biológicos e químicos em recipientes adequados, e que apresentem condições seguras para enca- minhá-los ao serviço de descarte. c. Armazenar adequadamente matérias-pri- mas, padrões, reagentes e demais insumos, avaliando-se o grau de risco, compatibili- dades, incompatibilidades, bem como as condições ideais de luz, umidade e tem- peratura de armazenamento. d. O descarte dos materiais cortantes deve ser realizado em recipientes de paredes rígidas, com tampa e devidamente identificado. e. No descarte, as agulhas usadas não devem ser dobradas, quebradas, reutilizadas, reca- peadas, removidas das seringas ou mani- 26 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde puladas antes de desprezadas. Seu descarte deve ser feito em recipiente adequado a material perfurocortante (como caixas de papelão específicas para coletar material perfurocortante descartável provenientes das ações de atenção à saúde - descarpark). f. Assegurar que os resíduos biológicos sejam descontaminados antes de serem descar- tados. Vale destacar que, além de todas essas medidas, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) parametrizou símbolos de segurança nos rótulos, a fim de lembrar aos usuários o risco do manuseio inadequado ou a exposição a um pro- duto, representando nos pictogramas os primeiros sintomas com o contato da substância (MOLINA- RO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). Boas Práticas Laboratoriais Aplicadas ao Ambiente Laboratorial Algumas BPLs aplicadas ao ambiente laboratorial estão descritas a seguir: a. Restringir o acesso de pessoas ao laborató- rio, isto é, somente os indivíduos autoriza- dos pelos coordenadores e professores po- dem ingressar nos ambientes laboratoriais. b. Visitas de crianças no laboratório é desa- conselhável. c. Não é recomendado que haja plantas no interior do laboratório. d. Garantir que a limpeza dos laboratórios (bancadas, pisos, equipamentos, instru- mentos e demais superfícies) sejam reali- zadas regularmente antes e imediatamente após o término das atividades laboratoriais. Em caso de derramamentos, dependendo do tipo e quantidade de material biológi- co disseminado, pode-se empregar para a descontaminação do local álcool 70% ou solução de hipoclorito de sódio a 10%. e. O descarte de resíduos deve ser feito de maneira que não comprometa a saúde dos profissionais e do meio ambiente. f. Todo laboratório deve ser sinalizado de forma a facilitar a orientação dos usuários e advertir quanto aos potenciais riscos presentes no local. A utilização correta e o respeito à sinalização de segurança são entendidos como barreiras primárias das medidas de contenção. g. Instituir um programa de controle de roe- dores e vetores nos laboratórios. h. Disponibilizar kits de primeiros socorros e promover a capacitação dos usuários em segurança e emergência nos laboratórios. Segundo Molinaro, Caputo e Amendoeira (2009), o Ministério da Saúde recomenda que o símbolo de risco biológico seja disposto na entrada do la- boratório, informando também o microrganismo manipulado, a classe de risco, o nome do pesqui- sador responsável e o telefone de contato. Além disso, deve conter a frase: “Proibida a entrada de pessoas não autorizadas”. Diante do que foi exposto, observa-se que a adoção das Boas Práticas Laboratoriais assume uma importância primordial para a melhoria da qualidade do ambiente de trabalho, asseguran- do a proteção tanto dos profissionais quanto dos usuários do serviço. 27UNIDADE 1 Como vimos no item anterior, alguns equipamen- tos são necessários para a realização das BPL, sen- do eles os equipamentos de proteção individual e coletiva. Os equipamentos de proteção são barrei- ras primárias que visam a proteger o profissional (individual) e o ambiente (coletivo). A Norma Regulamentadora n° 6, do Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece que o emprega- dor é obrigado a fornecer ao trabalhador equipa- mentos de proteção individual (EPI), orientando e treinando sobre o uso adequado, guarda e conser- vação, realizando periodicamente a higienização e a manutenção, substituindo imediatamente sem- pre que danificado e extraviado (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). Os trabalhadores da área da saúde que atuam em hospitais, clínicas e laboratórios são considera- dos como categoria profissional de alto risco, pois estão frequentemente expostos aos riscos bioló- gicos, em especial, quando manuseiam fluídos corpóreos e sangue (NISHIDE; BENATTI, 2004). Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Coletiva (EPC) 28 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde Assim, é fundamental que o profissional da saúde utilize os equipamentos de forma correta, pois, descartáveis ou não, deverão estar à dispo- sição e em número suficiente nos postos de tra- balho, de forma que seja garantido seu imediato fornecimento ou reposição (SKRABA; NICKEL; WOTKOSKI, 2006). Destaca-se, ainda, que tais medidas de prote- ção tornaram-se alvo de preocupações a partir da epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS), com a ocorrência do primeiro caso comprovado de contaminação em um hospi- tal na Inglaterra (TEIXEIRA; VALLE, 2010). Fatos como este nos permitem ressaltar a importância da biossegurança aplicada à área da saúde. Os equipamentos de proteção não devem ser inseridos de forma autoritária na rotina de trabalho. É fundamental que os colaboradores e profissionais da saúde receba capacitação para utilizá-los e tenha um prazo para se adaptar; caso contrário, ao invés de proteger, esses equipamentos poderão tornar-se elementos geradores de acidentes. Devemos, também, levar em consideração o conforto proporcionado pelos equipamentos e a qualidade do produto e, ainda, exigir, junto ao Ministério do Trabalho, o Certificado de Aprovação (CA) (TEIXEIRA; VALLE, 2010). Portanto, caro(a) aluno(a), a utilização desses equipamentos é de extrema importância, sobre- tudo em serviços de saúde. E, muitas vezes, eles se fazem presentes em nosso cotidiano, mesmo sem percebermos. Você sabe quais são os EPIs e EPCs utilizados na área da saúde? Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) Os EPIs são todos os dispositivos de uso indivi- dual destinados a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). Segundo Alves e Pache- co (2015), os EPIs que devem estar disponíveis, obrigatoriamente, para todos os profissionais que trabalham em ambientes de saúde são: jalecos, luvas, máscaras, óculos, protetores faciais e cal- çados fechados. Desta forma, todos esses EPIs são utilizados para prevenir o usuário de adquirir doenças em virtude do contato profissional-paciente e contra riscos de acidentes de trabalho, visando à conser- vação da sua própria saúde. Sendo assim, o uso dos EPIs de forma combi- nada, ou não, objetiva minimizar a disseminação de microrganismos e proteger áreas do corpo expostas à material infectante, especialmente sangue, líquidos corporais, secreções e excretas. A seguir, vamos conhecer mais detalhadamente cada um desses equipamentos: a. Jalecos: são de uso obrigatório para todos que trabalham nos ambientes laboratoriais em que ocorra a manipulação de micror- ganismos patogênicos, manejo de animais, lavagem de material, esterilização e ma- nipulação de produtos químicos. O uso deve ser restrito aos laboratórios, evitando a contaminação do ambiente exterior. O tecido do jaleco deve, de preferência, ser de fibras naturais (100% algodão), uma vez que as fibras sintéticas se inflamam com facilidade. Mangas compridas,cobrindo os braços, o dorso, as costas e a parte su- perior das pernas são ideais (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009; TEI- XEIRA; VALLE, 2010). 29UNIDADE 1 b. Luvas: devem ser utilizadas em todos os procedimentos, desde a coleta, transporte, manipulação até o descarte das amostras, uma vez que previnem a contaminação das mãos do trabalhador ao manipular, por exemplo, material biológico potencialmen- te patogênico e produtos químicos (MOLI- NARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). Além disso, as luvas são indicadas sempre que houver possibilidade de contato com sangue, secreções e excreções, com mucosa ou pele não íntegra (GOMES, 2003). O Quadro 1 indica os principais materiais de composição das luvas utilizadas na área labora- torial e da saúde. Além destes, outros materiais também podem ser utilizados, como as luvas sintéticas produzidas em nitrilo e neoprene, cuja matéria-prima não é látex (CANUTO; COSTA; SILVA, 2007). Lembre-se que o uso de luvas não substitui a necessidade da lavagem das mãos, uma vez que elas podem conter pequenos orifícios inaparentes ou danificar-se durante o uso, podendo contami- nar as mãos quando removidas. Quadro 1 - Tipos de luvas usadas na área laboratorial e da saúde Tipo Indicação de uso Luva de látex São luvas de borracha natural, usualmente disponíveis em laboratórios e áreas da saúde. Luva de vinil São luvas feitas de material sintético e são mais resistentes a materiais perfurocortantes. Luva de borracha grossa São luvas antiderrapantes usadas para a manipulação de resíduos ou lava- gem de materiais ou procedimentos de limpeza em geral. Luvas resistentes à temperatura (altas e baixas) Feitas de materiais apropriados para proteção, servem para manipulação de materiais submetidos a aquecimento ou congelamento, como proce- dimentos que utilizam estufas para secagem de materiais, banho-maria, câmaras frias, freezer para conservação de amostras, além de outros. Fonte: Brasil (1999). c. Máscaras: protegem os trabalhadores do contato com material contaminado, como aerossóis ou produtos químicos. Pode apresentar filtros mecânicos, que protegem contra partículas suspensas no ar, ou filtros químicos, que se destinam à proteção contra gases e vapores orgânicos (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). d. Óculos: têm a função de proteger os olhos contra impactos, respingos e aerossóis. É importante que sejam de qualidade comprovada, a fim de proporcionar ao usuário visão transparente, sem distorções e opacidade (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). e. Protetores faciais: oferecem uma proteção à face do trabalhador contra risco de impactos (par- tículas sólidas, quentes ou frias), de substâncias nocivas (poeiras, líquidos e vapores), como também das radiações (raios infravermelho e, ultravioleta etc.) (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). De modo geral, são feitos do mesmo material dos óculos, devendo ser ajustáveis à cabeça e cobrir todo o rosto (SKRABA; NICKEL; WOTKOSKI, 2006). Tanto os protetores faciais como os óculos são equipamentos reutilizáveis e devem ser desinfetados. 30 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde f. Calçados fechados: são destinados à pro- teção dos pés contra umidade, respingos, derramamentos de materiais infectantes e impactos de objetos diversos. Não é permitido o uso de tamancos, sandálias e chinelos em laboratórios (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). Além dos EPIs descritos, há também os protetores auditivos, para trabalhos muito demorados com equipamentos considerados prejudiciais ou noci- vos em longa exposição (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). Desta forma, para auxiliar na fixação dos prin- cipais EPIs, o Quadro 2 descreve sobre os riscos evitados e as características de proteção ofereci- das por cada um deles. Quadro 2 - Equipamentos de proteção individual, risco evitado e características de proteção EPI Risco evitado Características de proteção Jalecos e aventais de plástico Contaminação do vestuário Cobrem o vestuário, no caso dos jalecos e, depen- dendo do material, podem ser impermeáveis Calçados Impactos e salpicos Fechados Óculos de segurança Impactos Lentes resistentes a impactos; e proteções laterais Viseira de proteção facial Impactos e salpicos Proteção total da face e fácil de tirar em caso de acidente Aparelhos e máscaras de respiração Inalação de aerossóis Existência de diferentes modelos: descartáveis, completa ou meia máscara purificadora de ar, de capuz com ar filtrado à pressão e com abasteci- mento de ar Luvas Contato direto com mi-crorganismos e cortes Em látex, vinilo ou nitrilo microbiologicamente apro- vados e descartáveis Fonte: adaptado de Penna et al. (2010). Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) são utilizados para minimizar a exposição dos trabalhadores aos riscos e, em caso de acidentes, reduzir suas consequências (TEIXEIRA; VALLE, 2010). Podem ser de uso rotineiro, como as cabi- nes de segurança biológica e capelas de exaustão química, ou para situações emergenciais, como os extintores de incêndio, chuveiro e lava-olhos, que devem estar instalados em locais de fácil aces- so e bem sinalizados (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). A seguir, vamos conhecer alguns EPC usados na área laboratorial e da saúde: 31UNIDADE 1 irritantes, porém muito usado em laboratórios clínicos para descontaminação (BRASIL, 2004). Extintores de incêndio: usados para eliminar ou controlar o fogo de um local ou objeto, devem apresentar-se em número, tipo e distribuição ade- quados; sua manutenção e/ou reposição devem ser periódicas, bem como o pessoal do laboratório deve ser treinado para a sua utilização (SANGIO- NI et al., 2013). Chuveiro de emergência e lava-olhos: são equipamento utilizados em casos de acidentes em que haja projeção de sangue, substâncias químicas ou outro material biológico sobre o profissional (BRASIL, 2004). Chuveiro e lava-olhos devem es- tar presentes em todos os laboratórios em perfeito estado de funcionamento e higienizados. A água para os lava-olhos deve ser preferencialmente fil- trada (SANGIONI et al., 2013). Kit de primeiros socorros: nos laborató- rios deve constar também kit de primeiros socorros, tendo os materiais comumente preconizados no socorro imediato de pequenos ferimentos e de- sinfecção, no caso de aciden- tes com material biológico (GARCIA; ZANETTI-RA- MOS, 2004; SANGIONI et al., 2013). Além disso, o número dos telefones do corpo de bom- beiros e dos responsáveis pela segurança das chefias dos labo- ratórios deve estar em local de fácil acesso e à vista de todos (ALVES; PACHECO, 2015). Cabines de Segurança Biológica (CSB): a Cabine de Segurança Biológica (CSB) ou Capela de Fluxo Laminar é um equipamento utilizado para proteger o profissional e o ambiente labora- torial de partículas ou contaminantes que podem se espalhar durante a manipulação (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004). É importante que as cabines sejam submetidas periodicamente à manutenção e a trocas dos filtros e, ainda, o la- boratório deve possuir relatório da manutenção, mantido à disposição da fiscalização do traba- lho (MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2009). Existem três tipos de CBSs (BRASIL, 2004): a. Classe I - esse tipo de cabine protege o ma- nipulador e o ambiente, porém não evita a contaminação do material que está sendo manipulado. b. Classe II - a CSB classe II protege o ma- nipulador, o ambiente e o material. Esse equipamento é utilizado nos laboratórios clínicos, em especial, para procedimentos microbiológicos e laboratórios de saúde pública. c. Classe III - essa cabine é completamente fechada, o que impede a troca de ar com o ambiente e funciona com pressão negativa, oferecendo total segurança ao manipula- dor, ambiente e material; os recipientes e o material a serem manipulados entram e saem por meio de câmaras de desinfecção. Cabine de Exaustão Química: as capelas de exaustão química são equipamentos que prote-gem os profissionais na manipulação de subs- tâncias químicas que liberam vapores tóxicos e 32 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde Já aprendemos sobre os principais conceitos e termos utilizados em biossegurança, as Boas Práticas Laboratoriais (BPLs) e os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Coletiva (EPCs). Agora, vamos conhecer alguns programas res- ponsáveis por proteger e prevenir os profissionais da incidência de acidentes e problemas de saúde provenientes do trabalho? Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) A Comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) apresenta grande relevância em ambiente hospitalar, sendo de extrema importância não só para os colaboradores relacionados a esse seg- mento, mas também a todos profissionais da saú- de, uma vez que é necessário um conhecimento básico sobre suas funções desempenhadas por esta comissão para uma boa formação. Para tanto, iremos apresentar breve histórico sobre a CCIH, informações relacionadas a sua composição e so- bre seus membros. Percepção e Avaliação de Riscos em Serviços de Saúde 33UNIDADE 1 Um Breve Histórico Sobre as CCIH Infecções Hospitalares, adaptadas e voltadas para a realidade nacional. Outra iniciativa que merece ser destacada foi a realização do primeiro Curso de Introdução de Controle de Infecção Hospitalar para treinamento de profissionais de nível supe- rior (ANVISA, 2004). Em 1987, foi constituída, em nível nacional, uma comissão de controle de infecções hospita- lares (IH), com representações de vários estados. Em 6 de abril de 1988, a Portaria n° 232 criou o Programa Nacional de Controle de IH (PNCIH) que, em 1990, transformou-se em Divisão Nacio- nal de Controle de Infecção Hospitalar por meio da Portaria n° 666, de 17 de maio de 1990. Em 1989, em São Paulo, ocorreu o 1º Congresso Bra- sileiro sobre Infecção Hospitalar, realizado pela Associação Paulista de Estudos e Controle de In- fecção Hospitalar, com cerca de mil participantes e vários convidados estrangeiros (ANVISA, 2004). Em 1992, a Portaria n° 930 foi substituída pela de n° 196, do Ministério da Saúde, recomendan- do que os programas específicos de controle e prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (PCIRAS) realizassem vigilância ativa dessas infecções (ANVISA, 2004). Contudo, foi apenas em 1997 que o MS tornou obrigatória a existência de um programa de controle e pre- venção dessas infecções nos hospitais, pela Lei n° 9.431 (BRASIL, 9.431/1997). A última portaria publicada pelo Ministério da Saúde foi a de n° 2.616, de 12 de maio de 1998, que rege o controle de infecção hospitalar e mantém a obrigatoriedade de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) em todos os hospitais do país, demandando, em sua estrutura, a organização de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e um Serviço de Con- trole de Infecção Hospitalar (SCIH) (ANVISA, 2004; SILVA; LACERDA, 2011). No Brasil, a demanda pelo controle e prevenção das Infecções Relacionadas à Assistência Social (IRAS), inicialmente denominada Infecção Hos- pitalar (IH), deu-se em meados dos anos 70 do século XX, por recomendação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), a partir de profissionais que já estudavam e lidavam com esse tipo de ocorrência no país, e que haviam cria- do as primeiras Comissões de Controle e Preven- ção de Infecções Hospitalares (CCIH) nos locais em que trabalhavam (BRASIL, 1998). Essa demanda era, em grande medida, decor- rente da mudança da política de saúde no período da ditadura militar, em que a assistência curativa passou a ser dominante, com a proliferação de hospitais (LACERDA; JOUCLAS; EGRY, 1996). A década de 80 foi o marco no controle das infecções hospitalares no Brasil, quando o Minis- tério da Saúde criou um grupo de trabalho inte- grado tanto por seus representantes quanto pelos Ministérios da Educação e da Previdência Social. Esse grupo elaborou um documento normativo, que gerou a Portaria n° 196, de 24 de junho de 1983, determinando a todos hospitais brasileiros a constituição de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (ANVISA, 2004; OLIVEIRA; SILVA; LACERDA, 2016). Contudo, somente a partir de 1985, com a re- percussão da morte do ex-presidente Tancredo Neves, em consequência de infecção hospitalar, essa questão assumiu uma dimensão maior, sen- sibilizando a população e, principalmente, os pro- fissionais da área de saúde. Resultou dessa preo- cupação a realização do “Curso de Introdução ao Controle de Infecção Hospitalar”, ministrado em todo o País. No mesmo ano, foi publicado o “Manual de Controle de Infecção Hospitalar”, objetivando preconizar medidas de prevenção e controle das 34 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde Vale ressaltar que a referida Portaria também define as características desejáveis de formação dos profissionais e parâmetros para determinação do número dos membros executores da CCIH, com base no número de leitos e tipos de unidade que se compõe o hospital, além de outros aspectos (ANVISA, 2004). Atualmente, as diretrizes gerais para o Con- trole das Infecções em Serviços de Saúde são delineadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que foi criada em 26 de janeiro de 1999 (ANVISA, 2004). Em 2004, a ANVISA instituiu o Sistema de In- formações para Controle de Infecção em Serviços de Saúde (SINAIS). E, em 2012, criou a Comissão Nacional de Prevenção e Controle de Infecção Re- lacionada à Assistência à Saúde (CNIRAS), com a finalidade de assessorar a Diretoria Colegiada da ANVISA na elaboração de diretrizes, normas e medidas para prevenção e controle de Infec- ções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) (BRASIL, 2012). Neste sentido, a CCIH é responsável pela normatização das diretrizes para a prevenção e controle de exposição a doenças infectoconta- giosas e a materiais orgânicos, a implementação do programa de imunização e planejamento e controle de epidemias entre os trabalhadores da saúde (SCHEIDT; ROSA; LIMA, 2006). Membros da CCIH Como já descrito anteriormente, a CCIH é o órgão que presta assessoria ao Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), e é composta por profissionais da área da saúde com nível supe- rior e formalmente designados, (BRASIL, 1998). A CCIH tem o objetivo não somente de prevenir e combater à infecção hospitalar, beneficiando toda a comunidade assistida, como também de prote- ger o hospital e o corpo clínico. Ainda, em uma Unidade de Saúde, a CCIH é um apoio a todos os profissionais que atuam diretamente com os pacientes, a fim de prevenir e controlar as infec- ções hospitalares e suas prováveis consequências (ROCHA; ALVES; BRASILEIRO, 2010). Conforme a legislação vigente, a CCIH deve ser constituída de membros executores e con- sultores, que possuem atividades diferenciadas, porém, complementares nas ações da Comissão. Vejamos a seguir: • Membros consultores: são representados pelos serviços médicos, enfermagem, far- mácia e de microbiologia. • Membros executores: estão relacionados ao Serviço de Controle de Infecção Hospi- talar (SCIH) e formados por, no mínimo, 2 técnicos da área da saúde ou de nível su- perior para cada 200 leitos ou fração deste número, com carga horária diária mínima de 6 horas para o enfermeiro e 4 horas para os demais profissionais (BRASIL, 1998). Portanto, segundo Horr et al. (1978), serão fun- ções da CCIH: • Controle do ambiente: elaborar, con- trolar e atualizar normas e procedimen- tos referentes à limpeza e desinfecção dos ambientes, estabelecendo a frequência e tipo de desinfetante empregado, dando ênfase especial às áreas críticas: centros cirúrgico, obstétrico, berçário, sala de recu- peração pós anestésica, unidade de terapia intensiva, pediatria, isolamento, serviço de Nutrição e Dietética, bem como elaborar programas de treinamento e atualização sobre limpeza e desinfecção de ambiente. 35UNIDADE 1 • Controledo pessoal: supervisionar o preparo do campo operatório em pacien- tes cirúrgicos, elaborar, supervisionar e atualizar rotinas referentes às técnicas de assepsia: degermação, desinfecção, sani- ficação, desinfestação, higiene, limpeza, esterilização, escovação das mãos, uso de aventais, máscaras, pró-pés, manipulação de medicamentos, eliminação do material de curativos, de dejetos hospitalares em geral, bem como supervisionar a limpe- za, desinfecção e esterilização de todo o equipamento e material hospitalar, como: máscaras, nebulizadores, bolsas de água quente e gelo, aspiradores, frascos de dre- nagem, respiradores artificiais, seringas, agulhas, material cirúrgico, aparelhos de anestesia, cateteres e sondas. • Controle de produtos químicos: sele- cionar os produtos químicos e agentes de limpeza, controle da sua aquisição e em- prego de testes periódicos. • Elaboração de normas e rotinas: desen- volver normas da organização da C.C.I.H, normas referentes ao Pessoal, normas re- ferentes ao orçamento, normas referentes ao relacionamento interno e externo de comissão e normas técnicas relacionadas às características e classificação das in- fecções. • Investigação epidemiológica: realizar levantamento e análise de um conjunto de indicadores: taxa de incidência e de pre- valência de infecções hospitalares, taxa de infecção em cirurgias não contaminadas, taxa de infecção em cirurgias potencial- mente contaminadas, taxa de letalidade por infecções hospitalares, taxa de infecção por microrganismo específico, coeficien- tes de sensibilidade aos antimicrobianos, indice de consumo de antimicrobianos. • Reuniões periódicas: para que os objeti- vos da C.C.I.H. sejam atingidos, é impres- cindível a participação de representantes médicos, enfermeiros, chefes de serviço nas reuniões, principalmente quando novas medidas deverão ser implantadas. O Sistema Nacional de Informação para Controle de Infecções em Serviços de Saúde (Sinais) O Sistema Nacional de Informação para Controle de Infecções em Serviços de Saúde (SINAIS) é uma iniciativa da Agência Nacional de Vigilân- cia Sanitária (ANVISA), que tem o objetivo de oferecer, aos profissionais da saúde e hospitais brasileiros, um instrumento para aprimoramento das ações de prevenção e controle das infecções relacionadas à assistência à saúde, complemen- tando e favorecendo o cumprimento estabelecido pelas CCHI (ANVISA, 2017, on-line)2. Essa ferramenta pretende consolidar o sistema de monitoramento da qualidade da assistência dos serviços em todos os segmentos da área da saúde no Brasil. O Sistema permite a entrada de dados e emissão de relatórios em uma rotina de trabalho que acompanha as atividades já desen- volvidas pelas CCIH do país. A responsabilidade pelos dados inseridos no SINAIS, assim como pelo envio mensal, é do diretor do hospital, que pode delegar essas funções à equipe da CCIH ou a qualquer outro membro da instituição de saúde. Ao se cadastrar no Sistema, a instituição estará automaticamente concordando com essas condi- ções. Além de indicadores de infecções relacio- nadas à assistência, o SINAIS também permite acompanhamento da tendência de resistência de microrganismos aos antimicrobianos e identifica- ção de surtos (ANVISA, 2017, on-line)2. 36 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde Dessa forma, o uso do programa é gratuito e a sua implantação pelos hospitais do país é uma ação de grande importância para o efetivo con- trole de infecções hospitalares, possibilitando a consolidação do sistema de vigilância da quali- dade dos Serviços de Saúde no Brasil. Comissão de Gerenciamento de Risco Hospitalar O gerenciamento de risco hospitalar é um pro- cesso complexo que associa várias áreas do co- nhecimento e consiste na aplicação sistêmica e contínua de políticas, procedimentos, condutas e recursos na avaliação de riscos e eventos adversos que afetam a segurança do paciente, do profissio- nal e do meio ambiente. Também, é no sentido de minimizar os ris- cos que se faz necessário conhecer e controlá-los. Além das consequências sociais, econômicas e materiais a ele relacionadas, a perda da vida hu- mana é a mais grave que pode ocorrer (CAPU- CHO; BRANQUINHO; REIS, 2010, on-line)3. As ações da gerência de risco, segundo a AN- VISA (2010), incluem: • A farmacovigilância, com atividades para detecção, avaliação, prevenção e notifica- ção dos efeitos adversos ou qualquer pro- blema relacionado a medicamentos (in- cluindo os setores de farmácia hospitalar e comissão farmacotécnica). • A hemovigilância, para identificação, aná- lise, prevenção e notificação dos efeitos indesejáveis imediatos e tardios advindos do uso de sangue e seus componentes (en- volvendo os setores de banco de sangue, laboratórios, médicos e enfermagem que os administram). • A tecnovigilância, para identificação, aná- lise, prevenção e notificação de eventos adversos relacionados ao uso de equipa- mentos, artigos médicos e kits laborato- riais durante a prática clínica (incluindo os setores de inventário, compras e gestão de insumos hospitalares, central de materiais e esterilização, enfermagem, engenharia clínica e de manutenção). • Os saneantes, com ações voltadas à aná- lise e prevenção dos efeitos indesejáveis advindos do uso de saneantes no âmbito hospitalar (desde compras até dispensado- res, mesmo se terceirizados). • A comissão de Controle de Infecção Hos- pitalar (CCIH) para identificação, análise e prevenção de surtos e infecções hospi- talares, controle e uso racional de antimi- crobianos em serviços de saúde (além da CCIH, envolvendo também a comissão de ensino, saúde e segurança no trabalho, prevenção de acidentes e todos os profis- sionais assistenciais). • E, por fim, parcerias com as áreas de Mo- nitoração de Propaganda e Inspeção de Medicamentos e Produtos para a Saúde. Como o risco está presente em muitas ações e procedimentos que envolvem os pacientes den- tro do hospital, as instituições de saúde criaram estruturas organizacionais, obrigatórias, ou não, por lei, para lidar com ele. Entre essas estruturas, pode-se citar: a Comissão de Controle de Infec- ção Hospitalar, a Comissão de Óbito Hospitalar, a Comissão de Prontuários Médicos e a Comissão de Farmácia e Terapêutica (SILVA, 2009). O Quadro 3 apresenta os objetivos de cada comissão citada. 37UNIDADE 1 Quadro 3 - Comissão associadas ao gerenciamento de riscos hospitalares COMISSÃO OBJETIVOS Comissão de Controle de Infecção Hospitalar Prevenir e combater à infecção hospitalar, beneficiando toda a comuni- dade assistida, como também de proteger o hospital e o corpo clínico (ROCHA; ALVES; BRASILEIRO, 2010). Comissão de Óbito Hospitalar Investigar as mortes no hospital, contribuindo no monitoramento da qualidade da assistência (GUIMARÃES et al., 2011). Comissão de Prontuários Médicos Observar os itens que deverão constar obrigatoriamente do prontuário confeccionado em qualquer suporte, eletrônico ou papel, e assegurar a responsabilidade do preenchimento, guarda e manuseio dos prontuá- rios, que cabem ao médico assistente, à chefia da equipe, à chefia da Clínica e à Direção técnica da unidade (OSELKA, 2002). Comissão de Farmácia e Terapêutica Possibilitar que os pacientes recebam o melhor e mais custo-efetivo tratamento, por meio do acesso ao medicamento e do seu uso ade- quado; oferecer avaliação, educação e consultoria aos profissionais da instituição sobre todas as questões relacionadas ao uso de medi- camentos; selecionar os fármacos; desenvolver e manter atualizado o formulário terapêutico; definir estudos de utilização de medicamentos para elaborar recomendações sobre o uso racional dos fármacos; e assessorar o serviço de farmácia na implementação do serviço de dis- tribuição de medicamentos (MARQUES; ZUCCHI, 2006). Fonte: adaptado de Guimarães et al. (2011); Marques e Zucchi (2006); Oselka (2002) e Rocha, Alves e Brasileiro (2010). Dentro do processo de gerenciamentode riscos, ainda há a avaliação de riscos, etapa que determi- na o valor quantitativo ou qualitativo dos riscos, associados a uma situação concreta e a uma amea- ça reconhecida. Nas instituições de saúde, deve ser realizada, por exemplo, a avaliação dos riscos de infecção, sua probabilidade de ocorrência e a aplicação de medidas de controle adequadas. Avaliar as situações de risco e produzir uma lógica para a realização do procedimento correto pode ajudar a justificar o tempo e o custo para a implementação de uma ação específica, minimi- zando todos os erros que podem levar a infec- ções hospitalares. Para Silva (2009), a avaliação dos riscos nas instituições de saúde começa com um olhar para os processos e os dados relatados, com a finalidade de encontrar os problemas que podem causar erros. Por fim, caro(a) aluno(a), as informações pre- sentes nesta unidade representam uma aborda- gem inicial sobre Biossegurança e suas aplica- ções em saúde; entretanto, é válido ressaltar que com o advento da ciência e das normatizações trabalhistas específicas, alterações constantes nos conceitos podem ser observadas. Portanto, cabe a você, futuro profissional deste segmento, manter- -se atualizado e atento às alterações futuras. Assim sendo, vamos adiante? 38 Biossegurança Aplicada aos Serviços de Saúde Nesta unidade, aprendemos acerca da Bios- segurança por meio de uma breve perspectiva histórica sobre o desenvolvimento de legislações específicas que regulamentam e explicitam a ne- cessidade de disseminação de práticas relacio- nadas à biossegurança em seus dois âmbitos: o relacionado à proteção laboral e ambiental dos prestadores de serviço relacionados a saúde, e no tocante ao desenvolvimento tecnológico favorável ao atendimento das necessidades antrópicas. Foi possível compreender como a complexi- dade das operações realizadas em laboratórios de serviços de saúde influenciam nos procedimentos que neles devem ser realizados e adotados; como exemplo, podemos citar as classes de risco bioló- gico e os níveis de biossegurança. Conhecemos os diferentes equipamentos de proteção individual e coletiva, bem como algumas informações padrão acerca deles, como composição e indicações de uso. O conhecimento e utilização desses equi- pamentos, bem como das boas práticas labo- ratoriais e clínicas, faz-se indispensável para os profissionais de áreas relacionadas à presta- ção de serviços em saúde. Foi possível obser- var, também, que as boas práticas laboratoriais permeiam condutas profissionais e éticas em ambiente de trabalho variados, como clínicas de várias especialidades, direcionando-os ao cumprimento dos procedimentos operacionais padrão, que objetiva minimizar erros relaciona- dos aos procedimentos realizados e disseminar entre os colaboradores envolvidos informações laborais pertinentes. Por fim, apresentamos alguns programas res- ponsáveis pela avaliação e prevenção dos riscos associados aos serviços de saúde, como a comis- são de controle de infecção hospitalar (CCIH) extremamente relevante no controle estratégico e na contenção de infecções hospitalares, den- tre outras inúmeras funções exercida por esta e outros programas. Esperamos, dessa forma, ter auxiliado em sua compreensão acerca dos temas apresentados, que serão extremamente relevantes em sua vida acadêmica e profissional. 39 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. A padronização e a disposição de informações pertinentes para os colaboradores em ambiente de trabalho se faz fundamental, sobretudo, quando diferentes colaboradores executam suas funções em um mesmo local de trabalho. Em ambiente hospitalar, tal fato não poderia ser diferente, especialmente quando diferentes procedimentos ali realizados ocorrem em diferentes turnos e são realizados por inúmeros colaboradores. Neste sentido, faz-se viável e impres- cindível o desenvolvimento de procedimentos operacionais padrão (POP). Ba- seados no conteúdo exposto ao longo desta unidade, conceitue procedimento operacional padrão (POP). 2. Conforme exposto ao longo desta unidade, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) desempenha papel fundamental e de extrema relevância em ambiente hospitalar. Em relação à importância dessa comissão, faz-se neces- sário que todos os colaboradores possuam um conhecimento básicos sobre as atividades desempenhadas pela CCIH. Nesse sentido, discorra sobre a CCIH, apresentando informações relacionadas as suas atribuições e a sua composição. 3. A proteção laboral dos trabalhadores que prestam serviços voltados à saúde é uma das preocupações no que tange a biossegurança. A efetivação dessa se- guridade pode ser efetiva mediante à utilização de equipamentos específicos, denominados equipamentos de proteção individual. Nesse sentido, leia aten- tamente as assertivas a seguir: I) Chuveiro de emergência e lava-olhos. II) Jalecos. III) Cabine de proteção biológica. IV) Luvas. 40 Assinale a alternativa que contempla exemplos de equipamentos de proteção individual. a) Apenas I e II. b) Apenas II e IV. c) Apenas I. d) Apenas II, III e IV. e) Apenas I, II e III. 4. Os riscos em um ambiente de trabalho podem ser considerados quaisquer alte- rações nas condições de homeostasia previamente estabelecidos para a prática laboral e podem estar associados a consequências da realização de atividades específicas presentes em ambientes hospitalares. Em relação à classificação dos riscos em biossegurança, analise as assertivas e assinale com Verdadeiro (V) ou Falso (F): )( Riscos físicos estão associados às substâncias, compostos ou produtos nas formas de gases, vapores, poeiras e fumaças. )( Riscos biológicos abrangem a manipulação dos agentes e materiais biológicos, como vírus, bactérias, fungos e parasitas. )( Riscos ergonômicos são relacionados a ruídos, vibrações, temperaturas ex- tremas, radiações ionizantes e não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e pontiagudos. )( Riscos químicos são atrelados aos riscos de acidentes ou sinistros envolvendo o manuseio de substâncias químicas, gases e vapores. )( Riscos ergonômicos são aqueles associados ao manuseio de microrganismos ou outros seres vivos de interesse biológico. 5. O termo biossegurança apresenta uma amplitude de significados e aplicações muito diversa. Vimos, ao longo desta unidade, que a Biossegurança não rela- ciona-se com a seguridade de seres vivos, e sim está diretamente relacionada a vertentes laborais e de melhoria da qualidade de vida da população. Nesse entendimento, conceitue com suas palavras Biossegurança, explicitando acerca de suas aplicações e diferentes áreas de atuação. 41 Biossegurança e qualidade dos serviços de saúde Autor: Telma Abdalla de Oliveira Cardoso Editora: Intersaberes Sinopse: conhecer e compreender o complexo ramo da biossegurança é um grande desafio que deve ser encarado com seriedade, especialmente se você é um profissional da saúde atuante em situações que, direta ou indiretamen- te, em maior ou menor grau, oferecem riscos à saúde. Assim, nesta obra, são abordados os principais aspectos relacionados à proteção do trabalhador e à qualidade na gestão dos serviços de saúde. LIVRO Contágio Ano: 2011 Sinopse: contágio segue o rápido progresso de um vírus letal, transmissível pelo ar, que mata em poucos dias. Como a epidemia se espalha rapidamente, a comunidade médica mundial inicia uma corrida para encontrar a cura e con- trolar o pânico que se espalha mais rápido do que o próprio vírus. Ao mesmo tempo, pessoas comuns lutam para sobreviver em uma sociedade que está desmoronando. FILME Conforme indicado no tópico acerca da CCIH, o sistema Nacional de Informação para o Controle de Infecções em Serviços de Saúde (SINAIS) é uma ferramenta primordial para rotina de trabalho em ambiente hospitalar. Para facilitar sua utilização, a ANVISA disponibilizou um manual no endereço eletrônico, confira! Para acessar, use seu leitor
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