Buscar

politicas publicas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AT 1
POLÍTICAS E 
PROGRAMAS DE 
SAÚDE
2 32
S
U
M
Á
R
IO
3 INTRODUÇÃO
5 UNIDADE 1 - Políticas e Programas de Saúde
5 1.1 Conceitos
7 1.2 Objetivos
9 UNIDADE 2 - O Sistema de Saúde no Brasil e Seus Níveis de Assistência
9 2.1 Retrospectiva histórica
10 2.2 A divisão político-administrativa
11 2.2.1 O Ministério, as Secretarias e o Conselho Nacional da Saúde
18 2.3 A descentralização
19 2.4 Os níveis de atenção à saúde
19 2.4.1 Alta complexidade
19 2.4.2 Média complexidade
20 2.4.3 Atenção básica à saúde
22 UNIDADE 3 - Análise Sobre as Políticas Brasileiras para a Saúde
22 3.1 Diagnóstico e perspectivas atuais
25 UNIDADE 4 - O Direcionamento das Políticas de Saúde no Brasil
25 4.1 Para o Idoso
26 4.2 Para a Mulher
26 4.3 Para a criança e o adolescente
27 4.4 Para o índio
27 4.5 Para o negro
27 4.6 Para o Trabalhador
27 4.7 Para a pessoa com deficiência
28 4.8 Para as pessoas do campo
28 4.9 Para as pessoas com problemas mentais
29 4.10 Para a saúde da família
29 4.11 No sistema penitenciário
29 4.12 Saúde Suplementar
31 UNIDADE 5 - Os Programas de Saúde
31 5.1 Nível Federal
35 5.2 Nível Estadual – o caso de Minas Gerais
39 5.3 Considerações especiais sobre o Programa Saúde da Família
47 REFERÊNCIAS
2 33
INTRODUÇÃO
Não há como negar que a saúde é um fa-
tor imprescindível para a existência humana 
e sua dignidade!
No ano de 2001, em parceria com a Orga-
nização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o 
Programa das Nações Unidas para o Desen-
volvimento (PNUD), o Ministério da Saúde 
lançou uma política de promoção de saúde, 
que buscava reorientar o enfoque das ações 
e serviços de saúde, visando construir uma 
cultura de saúde baseada nos princípios de 
solidariedade, equidade, ética e cidadania e 
que em última instância, defendesse a qua-
lidade de vida do cidadão brasileiro, poten-
cializando as ações desenvolvidas pelo setor 
de saúde, buscando a realização do homem 
como sujeito de sua própria história.
Assim, os elementos da Carta de Otawa 
(ampliação dos determinantes da saúde, 
construção de estratégias intersetoriais e 
planos territorializados de intervenção no 
ambiente social, fortalecimento das instân-
cias de participação comunitária e garantia 
de equidade) foram incorporados nas ações 
voltadas para a promoção de saúde no Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, as linhas 
de atuação devem proporcionar à popula-
ção, condições e requisitos necessários para 
melhorar e exercer controle sobre sua saú-
de, envolvendo a paz, a educação, a moradia, 
o alimento, a renda, um ecossistema estável, 
justiça social e equidade (BRASIL, 2001).
No entanto, como apontam Teixeira, Paim 
e VilasBôas (1998), o movimento de promo-
ção da saúde no país é indissociável do pro-
cesso de reorientação das políticas de saúde 
na década de 90 e de seus múltiplos desdo-
bramentos institucionais e políticos. As Nor-
mas Operacionais Básicas (NOBs), a partir de 
1991, estruturaram e aprofundaram o pro-
cesso de descentralização do SUS e reorien-
taram o modelo assistencial, favorecendo a 
ampliação do acesso aos serviços de saúde, 
a participação da população e a melhoria do 
fluxo de recursos financeiros destinados à 
saúde entre a união, estado e municípios. A 
implementação do Programa de Agentes Co-
munitários de Saúde (PACS), do Programa de 
Saúde da Família (PSF) e a criação da Agên-
cia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 
foram, igualmente, iniciativas que pavimen-
taram a trajetória da promoção da saúde. 
Neste sentido, pode-se dizer que a Política 
de Promoção da Saúde agregou aos princí-
pios norteadores do Sistema Único de Saúde 
(SUS), propostas que reconhecem a necessi-
dade de transformar o perfil de intervenção 
e que aprofundam a análise da interdepen-
dência entre problemas sociais e de saúde.
Nesse sentido, as políticas de saúde públi-
ca assumem um papel de extrema importân-
cia, enquanto estratégias governamentais, 
capazes de criar condições sanitárias favo-
ráveis, visando preservar a saúde dos mem-
bros de uma sociedade, principalmente para 
os segmentos sociais menos favorecidos 
economicamente. 
Segundo Lucchese (2004) neste proces-
so foram, ainda, intensamente valorizados o 
potencial individual e comunitário para parti-
cipar das escolhas e decisões públicas sobre 
a política de saúde.
Assim, para aqueles que estão iniciando a 
caminhada na área da saúde básica, através 
dos PACS e PSF, esta apostila vem com o in-
tuito de fornecer subsídios teóricos para a 
4 54
construção de uma base sólida, conceituan-
do políticas e programas de saúde na esfera 
pública; apresentando a divisão “político-ad-
ministrativa” do sistema de saúde pública 
no Brasil, seus níveis de assistência e a des-
centralização; analisando as perspectivas da 
política de saúde brasileira e ainda definin-
do as várias políticas de saúde implantadas 
pelo governo federal voltadas para o idoso, a 
mulher, a criança e o adolescente, o índio, o 
negro, o trabalhador, o portador de deficiên-
cia física, dentre outros, finalizando com os 
programas de saúde lançados pelo governo 
federal e como exemplo, os programas do 
governo de Minas Gerais, priorizando o Pro-
grama Saúde da Família.
Em momento algum pretende-se esgotar 
o assunto, portanto, ao longo da apostila, são 
encontradas sugestões de sítios da internet 
onde poderão descobrir inúmeros outros 
textos, explicações e a legislação pertinente 
aos assuntos abordados.
4 55
UNIDADE 1 - Políticas e Programas de 
Saúde
A história das conquistas, dos avanços, 
das dificuldades e dos desafios em relação 
à promoção da saúde no Brasil, vem sendo 
construída ao longo de décadas e perpassa 
por conceitos relacionados aos programas, 
ações, projetos, agentes comunitários de 
saúde, dentre outros, os quais formam 
uma imensa rede interligada e ao mesmo 
tempo, descentralizada.
Deste modo, uma vez que nossa inten-
ção com esta apostila é discutir sobre po-
líticas públicas voltadas para a promoção 
da saúde, lançamos mão inicialmente de 
alguns conceitos básicos, mas que são de 
extrema importância para conhecimento 
da matéria. 
1.1 Conceitos
A nossa Constituição Federal (1988) 
estabelece em seu artigo 196 que a saú-
de é “direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do ris-
co de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e 
aos serviços para sua promoção, prote-
ção e recuperação”, o que vem ampliar 
o conceito de saúde firmado na Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos. 
Essa ampliação é um resultado de vários 
fatores determinantes e condicionantes 
como alimentação, moradia, saneamen-
to básico, meio ambiente, trabalho, ren-
da, educação, transporte, lazer, acesso 
a bens e serviços essenciais. Por isso, as 
gestões municipais do SUS – em articula-
ção com as demais esferas de governo – 
devem desenvolver ações conjuntas com 
outros setores governamentais, como 
meio ambiente, educação, urbanismo, 
entre outros, que possam contribuir, di-
reta ou indiretamente, para a promoção 
de melhores condições de vida e da saú-
de para a população (BRASIL, 2002).
Sobre as Políticas Públicas, generica-
mente podemos dizer que são as deci-
sões de um governo em diversas áreas, 
que influenciam a vida de um conjunto 
de cidadãos. São os atos que o governo 
faz ou deixa de fazer e os efeitos que tais 
ações ou a ausência destas provocam na 
sociedade. 
Lucchese (2004) infere que Políticas 
Públicas são “o conjunto de ações coleti-
vas voltadas para a garantia dos direitos 
sociais, configurando um compromisso 
público que visa dar conta de determina-
da demanda, em diversas áreas. Expressa 
a transformação daquilo que é do âmbi-
to privado em ações coletivas no espaço 
público” sendo diretrizes tomadas que 
visam a resolução de problemas ligados 
à sociedade como um todo, englobando 
saúde, educação, segurança e tudo mais 
que se refere ao bem-estar do povo.
Ao contrário de uma decisão política, 
uma política pública envolvemuito mais 
que uma vontade ou uma decisão, pro-
priamente dita. Ela requer diversas ações 
estrategicamente selecionadas para im-
plementar as decisões tomadas. Portan-
to, é necessário que sejam expressas, 
manifestas e se traduzam em recursos 
no Orçamento. Só a intenção não é sufi-
ciente, é preciso vinculá-las aos recursos.
Em termos de saúde, é o conjunto de 
6 7
ações e serviços de saúde, prestados por 
órgãos e instituições públicas federais, 
estaduais e municipais, da administração 
direta e indireta e das fundações manti-
das pelo Poder Público. Consiste de um 
conjunto normativo, institucional e téc-
nico que materializa a grande política de 
saúde desenhada para o país a partir da 
Constituição de 1988 (BRASIL, 2002). 
Embora integrando o campo das ações 
sociais, orientadas para melhoria das 
condições de saúde da população e dos 
ambientes naturais, social e do trabalho, 
especificamente em relação a política 
pública para saúde, podemos dizer que 
ela organiza as funções públicas gover-
namentais:
promove / protege / recupera a 
saúde dos cidadãos e da coletivi-
dade.
As políticas públicas no Brasil se orien-
tam pelos princípios da universalidade e 
equidade no acesso às ações e serviços 
e pelas diretrizes de descentralização da 
gestão, de integralidade do atendimento 
e de participação da comunidade, na or-
ganização de um sistema único de saúde 
no território nacional (LUCCHESE, 2004).
Uma vez que elas se materializam 
através de ações concretas envolvendo 
sujeitos e atividades institucionais, em 
determinado contexto e condicionando 
resultados, elas precisam de acompa-
nhamento e avaliação permanentes.
O que vem a ser, então, programa?
No glossário temático referente ao sis-
tema de Planejamento, Monitoramento e 
Avaliação das Ações em Saúde, lançado 
pelo Ministério da Saúde em 2006, cons-
ta a seguinte definição para Programa:
Instrumento de organização da ação 
governamental com vistas ao enfren-
tamento de um problema e à concreti-
zação dos objetivos pretendidos, sendo 
mensurado por indicadores. Nota: arti-
cula um conjunto coerente de ações (or-
çamentárias e não-orçamentárias), ne-
cessárias e suficientes para enfrentar o 
problema, de modo a superar ou evitar 
as causas identificadas, como também 
aproveitar as oportunidades existen-
tes. Resumidamente, são ações perma-
nentes para atingir objetivos precisos.
Segundo Piscitelli et al (2004), o progra-
ma representa o elo de ligação e integra-
ção entre o planejamento e o orçamento 
público (funções/ subfunções do planeja-
mento x programas do orçamento).
Articula um conjunto de ações que con-
correm para um objetivo comum prees-
tabelecido, mensurado por indicadores 
estabelecidos no Plano Plurianual (PPA), 
visando à solução de um problema ou o 
atendimento de uma necessidade ou de-
manda da sociedade.
Os programas são compostos por ativi-
dades, projetos e uma nova categoria de 
programação denominada operações es-
peciais.
Atividade: é um instrumento de pro-
gramação para alcançar o objetivo de um 
programa, envolvendo um conjunto de 
operações que se realizam de modo con-
tínuo e permanente, das quais resulta um 
produto necessário à manutenção da ação 
de governo.
Projeto: é um instrumento de progra-
mação para alcançar o objetivo de um pro-
6 7
grama, envolvendo um conjunto de opera-
ções, que se realizam num período limitado 
de tempo, das quais resulta um produto 
que concorre para a expansão ou o aper-
feiçoamento da ação de governo.
Operação Especial: são ações que não 
contribuem para a manutenção das ações 
de governo, das quais não resulta um pro-
duto e não geram contraprestação direta 
sob a forma de bens ou serviços. Repre-
sentam, basicamente, o detalhamento da 
função “Encargos Especiais”. Porém um 
grupo importante de ações com a natureza 
de operações especiais quando associadas 
a programas finalísticos podem apresentar 
produtos associados. 
Toda a ação finalística do Governo Fede-
ral deverá ser estruturada em programas, 
orientados para consecução dos objetivos 
estratégicos definidos, para o período, no 
PPA. A ação finalística é a que proporciona 
bem ou serviço para atendimento direto às 
demandas da sociedade (PISCITELLI et al, 
2004).
São 3 (três) os tipos de programas 
previstos:
 Programas Finalísticos São progra-
mas que resultam em bens e serviços ofer-
tados diretamente à sociedade. O indica-
dor quantifica a situação que o programa 
tenha por fim modificar, de modo a expli-
citar o impacto das ações sobre o público 
alvo.
 Programas de Gestão de Políticas 
Públicas Os Programas de Gestão de 
Políticas Públicas abrangem as ações de 
gestão de Governo e serão compostos de 
atividades de planejamento, orçamento, 
controle interno, sistemas de informação 
e diagnóstico de suporte à formulação, co-
ordenação, supervisão, avaliação e divul-
gação de políticas públicas. As atividades 
deverão assumir as peculiaridades de cada 
órgão gestor setorial.
 Programas de Serviços ao Estado 
Programas de Serviços ao Estado são os 
que resultam em bens e serviços ofer-
tados diretamente ao Estado, por insti-
tuições criadas para esse fim específico. 
Seus atributos básicos são: denominação, 
objetivo, indicador(es), órgão(s), unidades 
orçamentárias e unidade responsável pelo 
programa (PISCITELLI et al, 2004).
Ao final desta apostila, encontram-se os 
principais programas de saúde desenvolvi-
dos pelo Governo Federal e pelo governo 
de Minas Gerais.
Uma vez que temos os conceitos relati-
vos a políticas públicas e programas, quais 
são os objetivos primordiais das políticas 
públicas voltadas para a saúde?
1.2 Objetivos
Os objetivos e as atribuições do SUS 
foram assim definidos por Polignano 
(2008):
 Identificar e divulgar os fatores condi-
cionantes e determinantes da saúde;
 Fornecer assistência às pessoas por 
intermédio de ações de promoção, prote-
ção e recuperação da saúde, com a realiza-
ção integrada das ações assistenciais e das 
atividades preventivas;
 Executar as ações de vigilância sanitá-
ria e epidemiológica;
 Executar ações visando a saúde do 
trabalhador;
 Participar na formulação da política e 
8 98
na execução de ações de saneamento bá-
sico;
 Participar da formulação da política de 
recursos humanos para a saúde;
 Realizar atividades de vigilância nutri-
cional e de orientação alimentar;
 Participar das ações direcionadas ao 
meio ambiente;
 Formular políticas referentes a medi-
camentos, equipamentos, imunobiológi-
cos, e outros insumos de interesse para a 
saúde e a participação na sua produção;
 Controlar e fiscalizar os serviços, pro-
dutos e substâncias de interesse para a 
saúde;
 Fiscalizar e inspecionar alimentos, 
água e bebidas para consumo humano;
 Participar no controle e fiscalização 
de produtos psicoativos, tóxicos e radioa-
tivos;
 Incrementar o desenvolvimento cien-
tífico e tecnológico na área da saúde;
 Formular e executar a política de san-
gue e de seus derivados.
Quanto às funções essenciais da 
saúde pública, Lucchese (2004) sinte-
tiza da seguinte maneira:
 Prevenção e controle de doenças, ela-
borando estratégias de vacinação;
 Vigilância epidemiológica sobre gru-
pos e fatores de riscos;
Monitoramento de situação de saúde;
 Avaliação de eficácia/efetividade de 
serviços de saúde;
 Regulação e fiscalização estabelecen-
do padrões de qualidade;
 Planejamento;
 Pesquisa e desenvolvimento tecnoló-
gico; e por fim,
 Desenvolvimento de recursos huma-
nos – capacitando epidemiologistas de 
campo.
Para Barros, Piola e Vianna (1996) o ob-
jetivo é fazer cumprir os preceitos consti-
tucionais que estão no artigo 196, já falado 
acima.
Nas palavras do nosso atual ministro da 
Saúde, José Gomes Temporão: “A melhoria 
dos serviços e o incremento de diferentes 
abordagens configuram, assim, prioridade 
do Ministério da Saúde, tornando dispo-
níveis opções preventivas e terapêuticas 
aos usuários do SUS. Esta Política Nacional 
busca, portanto, concretizar tal prioridade, 
imprimindo-lhe a necessáriasegurança, 
eficácia e qualidade na perspectiva da in-
tegralidade da atenção à saúde no Brasil” 
(BRASIL, 2006). 
8 99
1- Fadul, Wilson. Minha política nacional de Saúde. Saúde em 
Debate n. 7/8: 67-76, abr./jun., 1978.
UNIDADE 2 - O Sistema de Saúde no 
Brasil e Seus Níveis de Assistência
2.1 Retrospectiva histórica
Caso o interesse deste trabalho fosse 
analisar a trajetória da saúde no Brasil, de-
veríamos remontar a 1500, quando os pri-
meiros portugueses aportaram em terras 
tupiniquins trazendo as novidades do velho 
continente, o que daria sem dúvida, um belo 
trabalho de história da saúde. Entretanto, 
nosso interesse é levá-los a conhecer a es-
trutura e divisão da saúde nos tempos atu-
ais e para isso, remontamos somente uns 50 
anos atrás quando os indicadores de saúde 
começaram a registrar progressos e mesmo 
quando iniciou-se o processo de implemen-
tação. Assim, ao longo desse meio século, 
dentre outros elementos, encontramos 
que a esperança de vida média do brasileiro 
aumentou consideravelmente e a taxa de 
mortalidade infantil diminuiu quase quatro 
vezes, o que nos mostra mudanças consi-
deráveis em termos de promoção de saúde 
(MÉDICI, 2007).
A municipalização da Saúde no Brasil é 
fruto de um longo processo, surgindo na dé-
cada de 50, pautada pelas concepções do 
chamado “sanitarismo desenvolvimentista”. 
Segundo Fadul: “a ideia fundamental era 
criar uma rede flexível, que a nível municipal 
se adequasse à realidade do município e que 
fosse se tornando mais complexa à medida 
que o próprio município se desenvolvesse 
[...]”1 , mas somente na década de 70 surgi-
ram, em algumas cidades, como Londrina 
(PR), Campinas (SP) e Niterói (RJ), experi-
ências de formulação de políticas locais de 
saúde e de organização de redes municipais, 
baseadas nos princípios da atenção primá-
ria, divulgada pela Conferência de Alma Ata/
OMS, e da medicina comunitária (HEIMANN 
et al, 2008).
De âmbito nacional, a assistência médica 
previdenciária era a principal forma de pres-
tação de atenção à saúde, caracterizando-se 
pelo atendimento clínico individual, com pri-
vilégio da atenção hospitalar e especializada, 
estando ausente qualquer medida de saúde 
pública de promoção da saúde ou prevenção 
de doenças, que por sua vez, eram execu-
tadas em serviços de saúde pública, organi-
zados em estrutura governamental diversa 
e com aporte financeiro extremamente re-
duzido. Os serviços de saúde pública de res-
ponsabilidade do Ministério da Saúde e das 
Secretarias Estaduais de Saúde, cuidavam 
basicamente das doenças infecciosas de 
caráter endêmico e epidêmico, com alguma 
ênfase na educação em saúde. A assistência 
médica nestes serviços era completamen-
te subordinada ao enfoque coletivo, sendo 
oferecida com o objetivo de controlar a inci-
dência/prevalência das doenças infecciosas, 
em detrimento da demanda espontânea por 
assistência médica individual.
Devido às consequências do modelo eco-
nômico vigente na década de 70 e o endivi-
damento do país, mais precisamente após a 
segunda metade da década, o modelo previ-
denciário brasileiro entrou numa aguda cri-
se financeira, que foi o primeiro passo para 
a descentralização (que será tratada mais 
adiante).
Abaixo uma síntese da cronologia de des-
centralização e municipalização do sistema 
de saúde brasileiro.
10 11
2- Que prevê em seu artigo 7º, como princípios do sistema, 
entre outros: I – universalidade de acesso aos serviços de saúde 
em todos os níveis de assistência; II – integralidade de assistên-
cia, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações 
e dos serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, 
exigidos para cada caso, em todos os níveis de complexidade 
do sistema; (...).
2.2 A divisão político-admi-
nistrativa
De acordo com a CF (1988) que definiu 
ser a saúde direito de todos e dever do 
Estado e em consonância com a Lei Fe-
deral nº. 8080/902 que regulamentou o 
SUS, fica explícito que o Brasil optou por 
um sistema público e universal de saúde, 
o qual deve garantir atendimento inte-
gral para todos os cidadãos, não caben-
do, em nenhuma hipótese, a limitação de 
seus atendimentos a um “pacote” mínimo 
e básico de serviços de saúde, destinado 
à parcela mais pobre da população (BRA-
SIL, 2007).
Por isso precisamos conhecer a divisão 
ou a estruturação do Ministério da Saúde 
e suas secretarias, para entendermos a 
atenção básica como o eixo que orienta o 
SUS, além da média e alta complexidade.
De acordo com Médici (2007), não é 
fácil delimitar as funções das esferas de 
governo (federal, estadual e municipal) 
no planejamento, no financiamento e na 
execução das ações e dos procedimentos 
de média e alta complexidade, pois esta 
divisão não foi estabelecida nas normas 
legais maiores que constituíram o SUS. 
Embora a intenção aqui não seja discu-
tir o SUS propriamente dito, precisamos 
ressaltar que este é de responsabilidade 
das três esferas de governo, de forma 
concorrente em suas áreas de abran-
gência, uma vez que o direito universal à 
saúde é dever do Estado (sem distinção) 
e o financiamento do sistema tem, como 
fonte conjunta, recursos do orçamento 
da União, dos estados (quando for refe-
rida a esfera estadual, subtenda-se sem-
pre a inclusão do Distrito Federal) e dos 
Cronologia da Descentralização/Municipalização
1980 - Sistema de saúde centralizador.
1987 - Inicia-se a criação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) - pri-
meiro movimento na direção da descentralização e hierarquização.
1988 - A Constituição estabelece os princípios de universalização do direito à saúde e 
ao atendimento médico gratuito como deveres do Estado. Rede regionalizada e hierarqui-
zada. Criação do Fundo de Seguridade Social.
1990 - Criação do Conselho Nacional de Saúde - 7 de agosto de 1990
1990 - Lei Orgânica da Saúde /LOS - Lei 8.080/90, que dispõe sobre a criação do Serviço 
Único de Saúde (SUS) e estabelece o conjunto de ações que devem ser seguidas por insti-
tuições públicas, federais, estaduais e municipais.
1990 - A Conferência de Saúde e o Conselho de Saúde, regulamentam a participação da 
comunidade na gestão do SUS - Lei 8142/90.
10 11
municípios.
O SUS é organizado como uma rede 
regionalizada e hierarquizada e com a di-
retriz de descentralização, com direção 
única em cada esfera de governo (Art. 
198).
Sobre a descentralização, mais adiante 
discutiremos seus pormenores, no mo-
mento podemos dizer que esta se dará 
com ênfase na municipalização (princí-
pios do SUS, Inciso IX, Art. 7º). Acrescen-
ta-se, ainda, entre as competências do 
Ministério da Saúde, “promover a des-
centralização para as Unidades Federa-
das e para os municípios, dos serviços e 
das ações de saúde, respectivamente, de 
abrangência estadual e municipal” (Inci-
so XV, do Art. 16).
E entre as competências das Secre-
tarias Estaduais de Saúde, “promover a 
descentralização para os municípios dos 
serviços e das ações de saúde” (Art. 17, 
Inciso I), ou seja, sempre que possível, de 
acordo com sua abrangência, os serviços 
de saúde devem ser municipalizados ou 
estadualizados. Podemos deduzir, assim, 
que todos os serviços de saúde de cará-
ter local, isto é, que atendam apenas à 
po-pulação do próprio município, devem 
ser municipalizados, mesmo que envol-
vam atendimentos de média e alta com-
plexidade. Por outro lado, os serviços de 
saúde de referência regional ou estadu-
al (que podem ser subentendidos como 
aqueles de média ou alta complexidade) 
estão, a princípio, na abrangência da es-
fera estadual. 
Com relação a direção do SUS, ela é 
única, por esfera de governo (Art. 9º), o 
que evita o fracionamento das funções 
de saúde em uma mesma esfera de go-
verno, como no passado ocorrera com os 
Ministérios da Saúde e da Previdência. 
2.2.1 O Ministério, as Se-
cretarias e o Conselho Na-
cional da Saúde
O Ministério da Saúde é o órgão máxi-
mo que em linhas gerais, comanda e de-
lega funções ás demais secretaria para 
implantação das decisões do governo 
federal.As Secretarias mais importantes, que 
merecem destaque nesse trabalho, para 
compreensão da hierarquia até chegar-
mos às unidades básicas de saúde onde 
funciona o Programa de Saúde da Famí-
lia, estão elencadas abaixo com suas de-
vidas competências.
12 13
SECRETARIA COMPETÊNCIAS
Secretaria de Ciên-
cia, Tecnologia e 
Insumos Estratégi-
cos (SCTIE)
Formular, implementar e avaliar a Política Nacional de Ci-
ência e Tecnologia em Saúde.
Formular, implementar e avaliar políticas, diretrizes e me-
tas para as áreas e temas estratégicos necessários à im-
plementação da Política Nacional de Saúde.
Viabilizar a cooperação técnica aos estados, municípios e 
ao Distrito Federal, no âmbito da sua atuação.
Articular a ação do MS com organizações governamentais 
e não-governamentais, visando o desenvolvimento cientí-
fico e tecnológico em Saúde.
Formular, implementar e avaliar as Políticas Nacionais de 
Assistência Farmacêutica e de Medicamentos, incluindo 
hemoderivados, vacinas, imunobiológicos e outros insu-
mos relacionados.
Estabelecer métodos e mecanismos para a análise da via-
bilidade econômico-sanitária de empreendimentos em 
saúde.
Participar da formulação e implementação das ações de 
regulação do mercado visando o aprimoramento da Políti-
ca Nacional de Saúde.
Formular, fomentar, realizar e avaliar estudos e projetos 
no âmbito das suas responsabilidades.
12 13
SECRETARIA COMPETÊNCIAS
Secretaria de Aten-
ção à Saúde (SAS)
Participar da formulação e implementação das políticas 
de atenção básica e especializada, observando os princí-
pios do SUS. É dividida em dois departamentos:
Departamento de Aten-
ção Básica (DAB)
Desenvolver mecanismos 
de controle e avaliação dos 
serviços de atenção básica 
e prestar cooperação téc-
nica a estados, municípios 
e ao Distrito Federal na 
organização de ações de 
atendimento básico, como a 
estratégia Saúde da Famí-
lia, Saúde Bucal, Diabetes e 
Hipertensão Arterial, Ali-
mentação e Nutrição, Ges-
tão e Estratégia, Avaliação 
e Acompanhamento
Departamento de Ações 
programáticas Estraté-
gicas (Dape)
Articula, entre outros, os 
programas de Saúde Men-
tal, da Mulher, do Trabalha-
dor, do Jovem e Adolescen-
te, da Criança, do Idoso, do 
Penitenciário, dos Portado-
res de Deficiência, de Trau-
ma e Violência, orientando 
estados, municípios e Dis-
trito Federal na execução 
das políticas
14 15
SECRETARIA COMPETÊNCIAS
Secretaria de Ges-
tão Participativa 
(SGP)
Coordenar a política e propor estratégias e mecanismos 
de fortalecimento da gestão democrática do SUS, con-
siderando a articulação do MS com os diversos setores go-
vernamentais e não-governamentais relacionados com os 
condicionantes e determinantes da Saúde e a utilização 
da informação de interesse da área pela sociedade.
Estimular e apoiar o bom funcionamento dos conselhos 
estaduais e municipais de Saúde, criando mecanismos 
para sua avaliação permanentemente.
Coordenar a política e propor estratégias de fortaleci-
mento do controle social por meio das conferências na-
cionais de Saúde, da Plenária de Conselhos de Saúde, da 
Rede Nacional de Conselhos de Saúde, da capacitação 
continuada de conselheiros de Saúde, da articulação en-
tre os níveis de gestão do SUS e a sociedade.
Coordenar a política e propor estratégias de articulação 
e acompanhamento da reforma sanitária, por meio da 
avaliação e análise de seu desenvolvimento, elaboração 
de estudos e teses e da identificação e disseminação de 
experiências inovadoras.
Coordenar a política e estratégias da Ouvidoria-Geral do 
SUS, por meio de estruturas descentralizadas, realização 
de fóruns de usuários do SUS e cooperação com entida-
des de defesa de direitos do cidadão.
14 15
SECRETARIA COMPETÊNCIAS
Departamento de 
Ouvidoria-Geral do 
SUS (Dogs)
Propor, coordenar e implementar a Política Nacional de 
Ouvidoria em Saúde, no âmbito do SUS, buscando integrar 
e estimular práticas que ampliem o acesso dos usuários 
ao processo de avaliação do SUS.
Estimular e apoiar a criação de estruturas descentraliza-
das das ouvidorias em Saúde.
Implementar políticas de estímulo à participação de usu-
ários e entidades da sociedade no processo de avaliação 
dos serviços prestados pelo SUS.
Analisar sugestões emanadas da sociedade civil por inter-
médio de suas organizações, com vistas à ampliação do 
acesso e à melhoria dos serviços de saúde e promover a 
discussão com os outros órgãos do MS.
Estimular a realização permanente de fóruns de usuários 
do SUS.
Promover ações para assegurar a preservação dos aspec-
tos éticos, de privacidade e confidencialidade em todas as 
etapas do processamento das reclamações ou informa-
ções decorrentes.
Propor medidas visando assegurar o acesso do cidadão às 
informações individuais existentes nos órgãos de saúde.
Recomendar a correção de problemas identificados me-
diante reclamações enviadas diretamente ao MS, contra 
atos e omissões ilegais ou indevidas no âmbito da Saúde.
Recomendar a revogação ou correção de atos que não 
atendam aos objetivos e normas constantes da legislação 
vigente na área da Saúde.
16 17
SECRETARIA COMPETÊNCIAS
Conselho Nacional 
de Saúde (CNS)
Formular estratégia e exercer o controle da execução da 
Política Nacional de Saúde (PNS) em âmbito federal.
Estabelecer critérios para a definição de padrões e parâ-
metros assistenciais.
Decidir sobre planos estaduais de Saúde, quando solicita-
do pelos conselhos estaduais de Saúde, sobre divergên-
cias levantadas pelos conselhos estaduais e municipais de 
Saúde, bem como por órgãos de representação na área da 
Saúde, e sobre credenciamento de instituições de saúde 
que se candidatem a realizar pesquisa em seres humanos.
Opinar sobre a criação de novos cursos superiores na área 
de Saúde, em articulação com o Ministério da Educação.
Estabelecer diretrizes a serem observadas na elaboração 
dos planos de Saúde, em função das características epi-
demiológicas e da organização dos serviços.
Acompanhar a execução do cronograma de transferência 
de recursos financeiros, consignados ao SUS, aos esta-
dos, municípios e Distrito Federal.
Aprovar os critérios e valores para a remuneração dos 
serviços e os parâmetros de cobertura assistencial.
Acompanhar e controlar as atividades das instituições pri-
vadas de saúde, credenciadas mediante contrato, ajuste 
ou convênio.
Acompanhar o processo de desenvolvimento e incorpo-
ração científica e tecnológica na área de Saúde, para a 
observância de padrões éticos compatíveis com o desen-
volvimento sociocultural do País.
Propor a organização e convocação da Conferência Nacio-
nal de Saúde, ordinariamente a cada quatro anos e, extra-
ordinariamente, quando o Conselho assim deliberar.
Fonte: BRASIL (2006).
16 17
Ainda vinculadas ao Ministério da Saúde 
temos as autarquias, fundações públicas, 
sendo as mais importantes para o desen-
volvimento do nosso raciocínio, a Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 
a Agência Nacional de Saúde Suplementar 
(ANS), a Fundação Nacional de Saúde (FU-
NASA) e por fim, a Fundação Oswaldo Cruz 
(FIOCRUZ).
ÓRGÃO COMPETÊNCIAS
ANVISA
Promover a proteção da saúde da população por intermédio do contro-
le sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços 
submetidos à vigilância sanitária, incluindo os ambientes, processos, 
insumos e as tecnologias a eles relacionados. 
Exercer o controle de portos, aeroportos e fronteiras e a interlocução 
junto ao Ministério das Relações Exteriores e instituições estrangeiras 
para tratar de assuntos internacionais na área de vigilância sanitária.
ANS
Promover a defesa do interesse público na assistência suplementar 
à Saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas 
relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desen-
volvimento das ações de Saúde no País.
FUNASA
Promover a inclusão social por meio de ações de saneamento.
Promover a proteção à saúde dos povos indígenas. - Promover progra-
mas de prevenção e controle de doenças e agravos ocasionadospela 
falta ou inadequação nas condições de saneamento básico em áreas 
de interesse especial, como assentamentos, remanescentes de qui-
lombos e reservas extrativistas.
Prestar apoio técnico e financeiro no combate, controle e redução da 
mortalidade infantil e da incidência de doenças de veiculação hídrica, 
ou causadas pela falta de saneamento básico e ambiental.
FIOCRUZ
Desenvolver ações na área da ciência e tecnologia em Saúde, incluindo 
atividades de pesquisa básica e aplicada, ensino, assistência hospita-
lar e ambulatorial de referência, formulação de estratégias de Saúde 
pública, informação e difusão, formação de recursos humanos, produ-
ção de vacinas, medicamentos, kits de diagnósticos e reagentes, con-
trole de qualidade e desenvolvimento de tecnologias para a Saúde.
Fonte: BRASIL (2006).
18 19
 Fonte: BRASIL (2006, p. 281)
2.3 A descentralização
Como começamos a falar no início deste 
capítulo, a política de descentralização do 
sistema de saúde no Brasil não aconteceu 
de uma só vez, nem de forma homogênea.
Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 
2001) o fortalecimento da gestão descen-
tralizada constitui estratégia fundamental 
para assegurar o acesso integral da po-
pulação às medidas dirigidas à promoção, 
proteção e recuperação da saúde. Tal for-
talecimento depende, todavia, da partici-
pação decisiva dos secretários de saúde e 
dos prefeitos, o que de fato já vem ocor-
rendo na grande maioria dos municípios e 
propiciando os avanços obtidos. 
A criação e a implementação de uma sé-
rie de programas com a descentralização 
e a municipalização da saúde, permitiu a 
cada município, conhecedor de seus pro-
blemas, agir de acordo com as suas neces-
sidades (ORTIZ, 2007).
Os resultados da descentralização tam-
bém não foram homogêneos, sendo di-
versas as razões: dimensão continental do 
país, diferenças regionais e uma enorme 
quantidade de municípios existentes, mais 
de 5000, dos quais a maioria de pequeno 
porte. Dada essa extensão, houve dificul-
dades de muitos municípios para assumir o 
novo modelo, assim, para viabilizar o pro-
cesso de descentralização, Ortiz explica 
que foram criadas três Normas Operacio-
nais Básicas (NOB) no SUS durante a déca-
da de 90: NOB 91, NOB 93 e NOB 96, que 
procuraram estabelecer critérios gerais 
no modelo assistencial de saúde, incluindo 
18 19
seus aspectos organizacionais e financei-
ros. 
A Norma Operacional Básica 96 (NOB 
96) dividiu as condições em: Gestão Plena 
do Sistema Municipal, que incorpora a ges-
tão de média e alta complexidade e Gestão 
Plena de Atenção Básica, onde os municí-
pios se responsabilizam pela gestão dos 
serviços básicos de saúde. Para garantir a 
operacionalização desses novos procedi-
mentos, em 1998 foi criado o Piso de Aten-
ção Básica (PAB), no qual os recursos pas-
saram a ser diretamente proporcionais ao 
número de habitantes do município, o que 
possibilitou uma maior estabilidade no pla-
nejamento das ações de saúde local.
Ainda segundo Ortiz (2007) com a des-
centralização, o sistema de saúde melho-
rou na transferência dos recursos, que pas-
sou a ser direta para estados e municípios, 
houve transferência de responsabilidades 
e atribuições do nível federal fundamen-
talmente para o municipal. Houve também 
expansão e desconcentração da oferta de 
serviços, aumento da parte de alguns mu-
nicípios no financiamento à saúde, criação 
de instâncias mais democráticas de partici-
pação da sociedade na implementação da 
política de saúde, formação de instâncias 
intergestoras de gestão entre estados e 
municípios, expansão da atenção primária 
à saúde e mudança nas práticas assisten-
ciais da saúde mental.
2.4 Os níveis de atenção à 
saúde
2.4.1 Alta complexidade
No manual “Sus de A a Z”, alta complexi-
dade é definida como o conjunto de proce-
dimentos que, no contexto do SUS, envol-
ve alta tecnologia e alto custo, objetivando 
propiciar à população acesso a serviços 
qualificados, integrando-os aos demais ní-
veis de atenção à Saúde (atenção básica e 
de média complexidade). 
As principais áreas que compõem a alta 
complexidade do SUS, e que estão organi-
zadas em “redes”, são: assistência ao pa-
ciente portador de doença renal crônica 
(através dos procedimentos de diálise); as-
sistência ao paciente oncológico; cirurgia 
cardiovascular; vascular; cardiovascular 
pediátrica; procedimentos da cardiologia 
intervencionista; procedimentos endo-
vasculares extra-cardíacos; laboratório de 
eletro-fisiologia; assistência em trauma-
to-ortopedia; procedimentos de neuroci-
rurgia; assistência em otologia; cirurgia de 
implante coclear; cirurgia das vias aéreas 
superiores e da região cervical; cirurgia da 
calota craniana, da face e do sis-tema esto-
matognático; procedimentos em fissuras 
lábio palatais; reabilitação protética e fun-
cional das doenças da calota craniana, da 
face e do sistema estomatognático; pro-
cedimentos para a avaliação e tratamen-
to dos transtornos respiratórios do sono; 
assistência aos pacientes portadores de 
queimaduras; assistência aos pacientes 
portadores de obesidade (cirurgia bariátri-
ca); cirurgia reprodutiva; genética clínica; 
terapia nutricional; distrofia muscular pro-
gressiva; osteogênese imperfecta; fibro-
se cística e reprodução assistida (BRASIL, 
2005).
2.4.2 Média complexidade
Compõe-se por ações e serviços que vi-
sam a atender aos principais problemas de 
saúde e agravos da população, cuja prática 
20 21
clínica demande disponibilidade de profis-
sionais especializados e o uso de recursos 
tecnológicos de apoio diagnóstico e tera-
pêutico. A atenção média foi instituída pelo 
Decreto nº 4.726 de 2003, que aprovou a 
estrutura regimental do Ministério da Saú-
de. Suas atribuições estão descritas no Ar-
tigo 12 da proposta de regimento interno 
da Secretaria de Assistência à Saúde. Os 
grupos que compõem os procedimentos de 
média complexidade do Sistema de Infor-
mações Ambulatoriais são os seguintes: 1) 
procedimentos especializados realizados 
por profissionais médicos, outros de nível 
superior e nível médio; 2) cirurgias ambu-
latoriais especializadas; 3) procedimentos 
traumato-ortopédicos; 4) ações especiali-
zadas em odontologia; 5) patologia clínica; 
6) anatomopatologia e citopatologia; 7) 
radiodiagnóstico; 8) exames ultra-sono-
gráficos; 9) diagnose; 10) fisioterapia; 11) 
terapias especializadas; 12) próteses e ór-
teses; 13) anestesia (BRASIL, 2005).
2.4.3 Atenção básica à 
saúde
Constitui o primeiro nível de atenção à 
Saúde, de acordo com o modelo adotado 
pelo SUS. Engloba um conjunto de ações 
de caráter individual ou coletivo, que en-
volvem a promoção da Saúde, a prevenção 
de doenças, o diagnóstico, o tratamento e 
a reabilitação dos pacientes. Nesse nível 
da atenção à Saúde, o atendimento aos 
usuários deve seguir uma cadeia progres-
siva, garantindo o acesso aos cuidados e 
às tecnologias necessárias e adequadas à 
prevenção e ao enfrentamento das doen-
ças, para prolongamento da vida. 
A atenção básica é o ponto de contato 
preferencial dos usuários com o SUS e seu 
primeiro contato, realizado pelas especia-
lidades básicas da Saúde, que são: clínica 
médica, pediatria, obstetrícia, ginecologia, 
inclusive as emergências referentes a es-
sas áreas. Cabe também à atenção básica 
proceder aos encami-nhamentos dos usu-
ários para os atendimentos de média e alta 
complexidade (BRASIL, 2008).
Ela considera o sujeito em sua singula-
ridade, na complexidade, na integralidade 
e na inserção sócio-cultural e busca a pro-
moção de sua saúde, a prevenção e trata-
mento de doenças e a redução de danos ou 
de sofrimentos que possam comprometer 
suas possibilidades de viver de modo sau-
dável (BRASIL, 2008).
De acordo com seus objetivos, se bem 
organizada, tem enormes possibilidades 
de resolver cerca de 80% das necessida-
des e problemas de saúde da população de 
um município e consolidar os pressupostos 
do SUS: equidade, universalidade e inte-
gralidade.
A estratégia adotada pelo Ministério da 
Saúde, como prioritáriapara a organização 
da atenção básica é a estratégia Saúde da 
Família, que estabelece vínculo sólido de 
co-responsabilização com a comunidade 
adstrita. A responsabili-dade pela oferta 
de serviços de atenção básica à Saúde é da 
gestão municipal, sendo o financiamento 
para as ações básicas à Saúde de respon-
sabilidade das três esferas de governo.
O modelo da SEE/MG (2008) abaixo nos 
mostra claramente a hierarquia dos níveis 
de atenção à saúde, servindo de modelo 
didático neste estudo.
20 21 22 2322
UNIDADE 3 - Análise Sobre as Políticas 
Brasileiras para a Saúde
A forma como o Estado interfere na 
sociedade e as repercussões do mode-
lo econômico adotado por boa parte dos 
países ocidentais, ao longo dos últimos 
vinte anos, trouxe severas consequên-
cias para os respectivos sistemas de as-
sistência pública à saúde. Até o ano de 
1985, o Brasil convivia com um regime 
de ditadura militar. Depois várias foram 
as mudanças, principalmente na década 
de 90, como por exemplo, a criação do 
SUS, modelo amplo de assistência à saú-
de da população, independente da classe 
social (APPIO, 2008) (O caminhar dessas 
mudanças já foi mencionado anterior-
mente).
Como sabemos, as políticas públicas 
para o setor da saúde são definidas a 
partir de critérios técnicos, bem como 
através de órgãos deliberativos, com a 
participação de vários segmentos da so-
ciedade brasileira, como, por exemplo, o 
Conselho Nacional de Saúde, cujas com-
petências também foram elencadas aci-
ma.
Quanto aos limites para a atuação do 
Poder Executivo na área da saúde no Bra-
sil, estes são bastante amplos. É o Poder 
Executivo, geralmente através do Minis-
tério da Saúde, que define quais serão 
as políticas públicas prioritárias durante 
a gestão de um governo e o Congresso, 
conjuntamente, pelo menos em sintonia, 
deve decidir e aprovar qual a área prio-
ritária para investir em saúde. Dito isto, 
vamos tentar analisar, mesmo que su-
perficialmente, o que o último governo 
tem feito, para entendermos um pouco 
a dinâmica daqueles que vivem e traba-
lham no sistema de saúde. 
3.1 Diagnóstico e perspecti-
vas atuais
Segundo Bravo (2008) a análise que 
se faz do governo atual é que a política 
macroeconômica do antigo governo foi 
mantida e as políticas sociais estão frag-
mentadas e subordinadas a lógica eco-
nômica. Nessa setorização, a concepção 
de seguridade social não foi valorizada, 
mantendo a segmentação das três políti-
cas: saúde, assistência social e previdên-
cia social.
Com relação à saúde, havia uma ex-
pectativa que o governo atual fortale-
cesse o projeto de reforma sanitária que 
foi questionado nos anos 90, havendo, 
no período, a consolidação do projeto de 
saúde articulado ao mercado ou privatis-
ta, entretanto, apesar de explicitar como 
desafio a incorporação da agenda ético-
-política da reforma sanitária, pelas suas 
ações tem mantido a polarização entre 
os dois projetos. Em algumas proposições 
procura fortalecer o primeiro projeto e, 
em outras, mantém o segundo projeto, 
quando as ações enfatizam a focalização 
e o desfinanciamento.
O quadro abaixo fornece alguns aspec-
tos que Bravo (2008) considera inovado-
res e outros de descontinuidade relacio-
nados com os dois projetos em disputa.
22 2323
Inovação Descontinuidade
Retorno da concepção de Reforma Sani-
tária, que, nos anos 90, foi totalmente 
abandonada;
Escolha de profissionais comprometidos 
com a luta pela Reforma Sanitária para 
ocupar o segundo escalão do Ministério;
Alterações na estrutura organizativa do 
Ministério da Saúde, sendo criadas qua-
tro secretarias e extintas três;
Convocação extraordinária da 12ª Con-
ferência Nacional de Saúde e a sua reali-
zação em dezembro de 2003;
Participação do ministro da saúde nas 
reuniões do Conselho Nacional de Saú-
de e a escolha do representante da CUT 
para assumir a secretaria executiva do 
Conselho Nacional de Saúde;
Criação da Secretaria de Atenção à Saú-
de que visou unificar as ações de aten-
ção básica, ambulatorial e hospitalar 
integrando as atribuições das extintas 
secretarias de Política de Saúde e de As-
sistência à Saúde;
Criação da Secretaria de Gestão do Tra-
balho em Saúde que tem como função 
formar recursos humanos para a saúde 
e regulamentar as profissões e o merca-
do de trabalho na área. A criação desta 
secretaria busca enfrentar a questão de 
recursos humanos para o SUS que é um 
grande problema de estrangulamento 
do sistema.
Ênfase na focalização, na precarização, 
na terceirização dos recursos humanos, 
no desfinanciamento e a falta de vonta-
de política para viabilizar a concepção de 
Seguridade Social:
O programa Saúde da Família, por exem-
plo, precisaria ter sua direção modificada 
na perspectiva de prover atenção básica 
em saúde para toda a população de acor-
do com os princípios da universalidade. 
Para garantir a integralidade, o mesmo 
precisa ter como meta a (re) organização 
do sistema como um todo, prevendo a 
articulação da atenção básica com os de-
mais níveis de assistência.
Em relação à precarização e terceiriza-
ção, refere-se a ampliação da contrata-
ção de agentes comunitários de saúde e 
a inserção de outras categorias que não 
são regulamentadas: auxiliar e técnico 
de saneamento, agente de vigilância sa-
nitária, agentes de saúde mental.
A questão do desfinanciamento é a mais 
séria, pois está diretamente articulada 
ao gasto social do governo e é a determi-
nante para a manutenção da política fo-
cal, de precarização e terceirização dos 
recursos humanos.
24 25
A expectativa que se colocava para o go-
verno atual era a de fortalecer o SUS cons-
titucional. Entretanto, o que temos visto é 
o Projeto de Reforma Sanitária perdendo 
disputa para o projeto voltado para o mer-
cado. Outro ponto que merece destaque e 
que deve levar a reflexões e debates pro-
fundos é o rumo que temos observado, a 
permissão da “anti-política” social, na me-
dida em que permite a “inclusão” não por 
direito de cidadania, mas por grau de po-
breza, não garantindo a base de igualdade 
necessária a uma verdadeira política social 
(NOGUEIRA E MIOTO, 2008).
Enfim, no cenário em que se encontram 
as políticas nacionais de saúde, Nogueira e 
Mioto (2008) lembram que o debate sobre 
a promoção da saúde pode, nesse momen-
to, adquirir um significado estratégico, na 
medida em que se constitua como um dos 
referenciais que ajudem a retomar e atua-
lizar o conjunto de propostas do projeto da 
reforma sanitária, cujo escopo ultrapassa 
o processo de construção do SUS e pres-
supõe a formulação e a implementação de 
políticas econômicas e sociais que tenham 
como propósito a melhoria das condições 
de vida e saúde dos diversos grupos so-
ciais, de modo a reduzir desigualdades so-
ciais, promovendo a equidade e justiça no 
acesso às oportunidades de trabalho, me-
lhoria dos níveis de renda e garantia das 
condições de segurança e acesso à mora-
dia, educação, transporte, lazer e serviços 
de saúde.
24
24 2525
UNIDADE 4 - O Direcionamento das 
Políticas de Saúde no Brasil
A implementação de qualquer política pú-
blica, por mais simples que seja, é um traba-
lho coletivo e requer o esforço colaborativo 
das pessoas e organizações.
O governo estuda, analisa, formula e lan-
ça as políticas, que poderíamos chamar de 
“macro políticas”. Elas consistem basicamen-
te na oferta de meios para que os cidadãos 
realizem determinados objetivos, ou seja, 
as políticas precisam ser apropriadas pelos 
indivíduos para surtir algum efeito. Dentre 
as várias políticas do governo, discorremos 
abaixo sobre aquelas que atendem um maior 
número de populações distintas, mas dei-
xamos claro que existem muitas outras, as 
quais podem ser consultadas no sitio do Mi-
nistério da Saúde (www.saúde.gov.br).
4.1 Para o Idoso
No âmbito do SUS, a política voltada para 
o idoso objetiva garantir atenção integral 
à Saúde da população idosa, enfatizando o 
envelhecimento familiar, saudável e ativo e 
fortalecendo o protagonismo dos idosos no 
Brasil (Portaria nº 1.395, de 10 dedezembro 
de 1999).
São diretrizes importantes para a 
atenção integral à Saúde do idoso: 
1) Promoção do envelhecimento 
saudável compreende ações que pro-
movem modos de viver favoráveis à saúde e 
à qualidade de vida, orientados pelo desen-
volvimento de hábitos como: alimentação 
adequada e balanceada, prática regular de 
exercícios físicos, convivência social estimu-
lante, busca de atividades prazerosas e/ou 
que atenuem o estresse, redução dos danos 
decorrentes do consumo de álcool e tabaco e 
diminuição significativa da auto-medicação;
2) Manutenção e reabilitação da capa-
cidade funcional;
3)Apoio ao desenvolvimento de cuida-
dos informais.
É importante qualificar os serviços de 
Saúde para trabalhar com aspectos especí-
ficos à saúde da pessoa idosa (como a iden-
tificação de situações de vulnerabilidade 
social, a realização de diagnóstico precoce 
de processos demenciais, a avaliação da ca-
pacidade funcional etc.). O sistema formal de 
atenção à Saúde precisa atuar como parceiro 
da rede de suporte social do idoso (sistema 
de apoio informal), auxiliando na otimização 
do suporte familiar e comunitário e fortale-
cendo a formação de vínculos de co-respon-
sabilidade. 
Deste modo, voltando a atenção para a 
Gestão Municipal de Saúde, cabe a esta, de-
senvolver ações que objetivem a construção 
de uma atenção integral à Saúde dos idosos 
em seu território, sendo fundamental or-
ganizar as equipes de Saúde da Família e a 
atenção básica, incluindo a população idosa 
em suas ações (por exemplo: atividades de 
grupo, promoção da saúde, hipertensão ar-
terial e diabetes mellitus, sexualidade, DST/
Aids). Seus profissionais devem estar sensi-
bilizados e capacitados a identificar e aten-
der às necessidades de Saúde dessa popula-
ção.
Mais informações podem ser adquiridas 
no Estatuto do Idoso: Lei nº 10.741, de 1º de 
outubro de 2003 e na Portaria nº 1.395, de 
10 de dezembro de 1999.
26 27
4.2 Para a Mulher
As políticas do SUS voltadas à saúde da 
mulher têm por finalidade a respon-sabiliza-
ção do sistema pela promoção da qualidade 
de vida da população feminina, estimulando 
esse segmento a ampliar seus conhecimen-
tos sobre seus direitos, na área da Saúde, e 
conhecimentos sobre sexualidade e cuida-
dos com o corpo. A política macro contempla 
ações de promoção da Saúde, prevenção e 
tratamento dos principais agravos e proble-
mas de saúde que afetam as mulheres, como 
o câncer de colo do útero, câncer de mama, 
gravidez de alto risco, violência contra a mu-
lher, dentre outros.
O MS tem uma série de ações na área da 
saúde da mulher, em parceria com outros 
departamentos e áreas técnicas, para reali-
zação de projetos especiais como Saúde da 
População Indígena, DST/Aids, Saúde da Mu-
lher Trabalhadora (SGTES e Área Técnica de 
Saúde do Trabalhador). Possui também par-
ceria com outros minis-térios para desenvol-
vimento de programas e projetos, como Saú-
de da Mulher Negra (Sepir), Violência contra 
a Mulher (Ministério da Mulher e Secretaria 
Nacional de Segurança Pública) (BRASIL, 
2003).
4.3 Para a criança e o ado-
lescente
As políticas nacionais do MS para a crian-
ça e o adolescente vêm sendo elaboradas de 
forma integrada com as diversas áreas técni-
cas da Saúde, principalmente para promover, 
proteger e recuperar a saúde dos jovens e 
adolescentes. Isso significa reduzir as princi-
pais doenças e agravos, melhorar a vigilância 
à saúde e contribuir para a qualidade de vida 
destes cidadãos brasileiros.
Concordando com o MS, é um investimen-
to que se faz tanto no presente quanto no 
futuro, compreendendo que os comporta-
mentos iniciados na adolescência são cru-
ciais para o restante da vida, porque reper-
cutem no desenvolvimento integral.
Os dois pilares que sustentam as políticas 
voltadas para o adolescente são a preva-
lência dos direitos humanos e o Estatuto da 
Criança e do Adolescente, onde a criança e o 
adolescente são reconhecidos como sujeitos 
sociais, portadores de direitos e garantias 
próprias, independentes de seus pais e/ou 
familiares e do próprio Estado.
A partir do reconhecimento das questões 
prioritárias na atenção à saúde de adoles-
centes e jovens, a Área Técnica da Saúde de 
Adolescente e Jovens do Ministério da Saú-
de, vem desenvolvendo suas ações sob três 
grandes eixos:
1) Crescimento e Desenvolvimento;
2) Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva;
3) Redução da Morbimortalidade por Vio-
lência e Acidentes.
Especificamente voltada para a criança 
(nascimento ao décimo ano de vida), a orga-
nização da atenção à Saúde inclui o desen-
volvimento de ações que atendem às neces-
sidades específicas desse público, como por 
exemplo, o compromisso pela redução da 
mortalidade infantil. As ações são voltadas 
também para a saúde da mulher, para a pre-
venção de acidentes, maus-tratos, violência 
e trabalho infantil, e ainda a atenção à saú-
de bucal e mental e à criança portadora de 
deficiência. Algumas das linhas de cuidado 
prioritárias são: 1) promoção do nascimento 
saudável; 2) acompanhamento do recém-
-nascido de risco; 3) acompanhamento do 
26 27
crescimento e desenvolvimento e imuniza-
ção; 4) promoção do aleitamento materno 
e alimentação saudável – atenção aos dis-
túrbios nutricionais e anemias carenciais; 5) 
abordagem das doenças respiratórias e in-
fecciosas; 6) Vigilância à Saúde e Vigilância 
do Óbito (BRASIL, 2001).
4.4 Para o índio
Uma vez que o governo federal reconhe-
ceu os direitos legais dos povos indígenas, 
a política de saúde direcionada para estes 
povos é voltada para garantir o acesso à 
atenção integral à Saúde, de acordo com 
os princípios do SUS, contemplando as di-
versidades sociais, culturais, geográficas, 
históricas e políticas dessa população, ten-
do como principal diretriz, estabelecer nos 
territórios indígenas, uma rede de serviços 
básicos de atenção à Saúde, organizada a 
partir de distritos sanitários especiais e 
pólos-base. Para o desenvolvimento das 
ações, são formadas parcerias com muni-
cípios, estados, universidades e organiza-
ções não-governa-mentais – inclusive as 
indígenas. 
Maiores informações podem ser obti-
das na Lei nº 9.836, de 23 de setembro de 
1999, que acrescenta o capítulo V – “do 
sistema de atenção à saúde indígena” à lei 
8080/90 e no Decreto nº 3.156, de 27 de 
agosto de 1999 que dispõe sobre as con-
dições para a prestação de assistência à 
saúde dos povos indígenas, no âmbito do 
Sistema Único de Saúde.
4.5 Para o negro
A promoção da equidade na atenção 
à Saúde da população negra é uma meta 
do SUS, objetivando a inclusão social e a 
redução dos diferentes graus de vulne-
rabilidade a que estão expostos os afro-
-descendentes, segmento da população 
historicamente vitimada pela exclusão so-
cial. 
Nos municípios, as ações em saúde de-
vem considerar a prestação de serviços 
especiais a camadas vulneráveis da popu-
lação, como as populações negras, indíge-
nas, idosa, etc. As secretarias municipais 
de Saúde devem garantir universalidade 
e equidade no SUS, procurando superar 
discriminações e preconceitos em todas 
as unidades de atendimento e esferas de 
gestão.
Dentre outras estratégias para preva-
lecer a equidade e universalidade, temos 
a capacitação e educação permanente de 
RH para o recorte étnico/racial na Saúde, 
pactuando a inclusão dos temas da Saúde 
da população negra e do impacto do racis-
mo na produção e manutenção das desi-
gualdades sociais nos cursos técnicos da 
área da Saúde, inclusive como atividade de 
humanização do SUS (BRASIL, 2008).
4.6 Para o Trabalhador
Faz parte de uma área específica da Saú-
de Pública que prevê o estudo, a preven-
ção, a assistência e a vigilância aos agra-
vos à Saúde relacionados ao trabalho, tais 
como Acidente de trabalho (tipo/típico), 
Agravos à Saúde relacionados ao trabalho, 
Agrotóxico, Amianto (ou asbesto), Centro 
de referência em Saúde do trabalhador 
(CRST ou Cerest), Doença relacionada ao 
trabalho, Lesões por esforços repetitivos 
(LER), Rede Nacional de Atenção Integral 
à Saúde do Trabalhador(Renast), Silicose, 
Vigilância dos ambientes de trabalho (Lei 
nº 8.080, de 19 de setembro de 1990).
4.7 Para a pessoa com defi-
28 29
ciência
As políticas públicas voltadas para este 
segmento objetivam a reabilitação da pes-
soa com deficiência em sua capacidade 
funcional, contribuindo para sua inclusão 
plena em todas as esferas da vida social, 
e ainda proteger a saúde desse segmento 
populacional, prevenindo agravos que de-
terminem o aparecimento de deficiências. 
Para o alcance deste propósito, foi criada a 
Política Nacional de Saúde da Pessoa com 
Deficiência que orienta a definição de po-
líticas locais e a readequação dos planos, 
projetos e atividades voltados à Saúde das 
pessoas com deficiência.
No âmbito municipal, as políticas e es-
tratégias devem ser: promoção da quali-
dade de vida das pessoas com deficiên-
cia; atenção integral à saúde das pessoas 
com deficiência; prevenção das deficiên-
cias; ampliação e fortalecimento dos me-
canismos de informação; organização e 
funcionamento de serviços de atenção às 
pessoas com deficiência e capacitação de 
recursos humanos. 
Nesse contexto, é importante que os 
gestores implementem em seus territó-
rios, a Rede de Serviços em Reabilitação 
Física e a Rede de Serviços em Reabilita-
ção Auditiva, assim como o atendimento 
específico às pessoas com deficiência na 
atenção básica. No âmbito da Saúde, é um 
direito das pessoas com deficiência o aces-
so a serviços de saúde gerais e a serviços 
especializados, a órteses e próteses (tais 
como, aparelhos auditivos, cadeiras de ro-
das, bolsas de colostomia, óculos, próteses 
mamárias) e demais ajudas técnicas neces-
sárias.
4.8 Para as pessoas do cam-
po
As políticas voltadas para as pessoas do 
campo objetivam organizar e estruturar 
uma rede de serviços do SUS, de forma re-
gionalizada e hierarquizada, com garantia 
do acesso às ações integrais de atenção 
básica, de média e de alta complexidade, 
em um modelo humanizado, que dialogue 
com os princípios do modelo agrícola ado-
tado por cada movimento social organiza-
do no campo e com os princípios do etno-
-desenvolvimento. 
De acordo com o MS serão desenvolvi-
das ações que permitam o enfren-tamen-
to de questões como: combate ao uso de 
agrotóxicos, implantação da política de fi-
toterápicos, acesso humanizado, combate 
à discriminação e defesa de um modelo au-
to-sustentado. 
Maiores detalhes podem ser obtidos na 
Portaria nº 719, de 2004, que cria o Grupo 
da Terra com a finalidade de acompanhar 
a implantação da Política de Saúde para a 
População do Campo e detalhar as ações a 
serem implementadas.
4.9 Para as pessoas com 
problemas mentais
O Ministério da Saúde diz que a preva-
lência de transtornos mentais é elevada 
na população brasileira e em geral, com 
peso relevante entre as principais causas 
de anos de vida saudável perdidos, assim, 
o Brasil enfrenta o desafio de aumentar a 
acessibilidade e a qualificação da atenção 
em saúde mental de forma paralela e ar-
ticulada com a transformação do modelo 
anterior, que se pautava pela internação 
em hospitais especializados. Por este novo 
modelo, preconizado pela reforma psiqui-
28 29
átrica, a atenção à saúde mental deve ter 
base comunitária e territorial, avançando 
na redução do número de leitos hospitala-
res e na expansão da rede de serviços de 
atenção diária. A desinstitucionalização 
da assistência psiquiátrica, a defesa dos 
direitos humanos dos portadores de trans-
tornos mentais, o combate ao estigma, o 
cuidado à saúde mental através de disposi-
tivos extra-hospitalares e sua inclusão na 
atenção básica são algumas das diretrizes 
da política de saúde mental do SUS. 
Maiores informações: Lei nº 10.216, de 6 
de abril de 2001, que dispõe sobre a pro-
teção e os direitos das pessoas portado-
ras de transtornos mentais e redireciona o 
modelo assistencial em saúde mental. 
4.10 Para a saúde da família
Estratégia prioritária adotada pelo Mi-
nistério da Saúde (MS) para a organiza-ção 
da atenção básica, no âmbito do SUS, dis-
pondo de recursos específicos para seu 
custeio, sendo que suas ações abrangem 
promoção, prevenção, tratamento e reabi-
litação.
Reservamos um tópico específico para 
apresentar toda a estrutura do Programa 
Saúde da Família, visto ser ponto primor-
dial deste curso e, com certeza ser, não 
somente de interessem, mas de extrema 
importância aos futuros gestores.
4.11 No sistema penitenciá-
rio
Política interministerial elaborada, pe-
los Ministérios da Saúde e Justiça, objetiva 
incluir nas ações e serviços de Saúde do 
SUS, a população confinada em estabele-
cimentos prisionais, considerando que o 
atual padrão de confinamento da maioria 
das unidades prisionais favorece uma série 
de fatores de risco à Saúde dessa popula-
ção (superlotação, precárias condições de 
higiene, relações violentas, uso indiscrimi-
nado de drogas, etc.).
Lançada em 2003, com a instauração 
do Plano Nacional de Saúde no Sistema 
Penitenciário (Portaria nº 1.777/03), esta 
política prevê a organização das ações e 
serviços de atenção básica em unidades 
prisionais, além da referência aos demais 
níveis de atenção à Saúde (média e alta 
complexidade) pactuados nas Comissões 
Intergestores Bipartites (CIBs), conforme 
preconizado pelo SUS. 
Para viabilizar sua execução, foi criado o 
Incentivo para Atenção à Saúde no Siste-
ma Penitenciário, pelo qual o Fundo Nacio-
nal de Saúde (FNS) repassará recursos aos 
fundos estaduais e/ou municipais de Saú-
de, de acordo com a pactuação celebrada, 
o número de equipes de saúde e o quanti-
tativo de pessoas presas das unidades pri-
sionais. As ações de atenção básica serão 
desenvolvidas por equipes multiprofissio-
nais (médico, enfermeiro, odontólogo, psi-
cólogo, assistente social, auxiliar de enfer-
magem e auxiliar de consultório dentário), 
articuladas a redes assistenciais de Saúde. 
4.12 Saúde Suplementar
Temos ainda um conjunto de instituições 
privadas que oferece serviços de atenção à 
Saúde sob a forma de pré ou pós-pagamen-
to, os planos e seguros de saúde. Em 2005, 
o setor de Saúde suplementar brasileiro 
reunia mais de 2 mil empresas operadoras 
de planos de saúde. Essa rede prestadora 
de serviços de Saúde atende a mais de 37 
milhões de beneficiários que utilizam pla-
30 3130
nos privados de assistência à Saúde para 
realizar consultas, exames ou internações. 
Pela Lei nº 9.961/02 foi criada a Agência 
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com 
atribuição de regular, normalizar, controlar 
e fiscalizar as atividades que garantem a 
assistência suplementar à Saúde, em todo 
o território nacional. 
Maiores informações consultar a Lei nº 
9.656, de 3 de junho de 1998, que dispõe 
sobre os planos e seguros privados de assis-
tência à saúde. 
30 3131
UNIDADE 5 - Os Programas de Saúde
Segundo o Ministério da Saúde, “vários 
são os programas realizados com o dinheiro 
da saúde, tendo como missão trazer a saúde 
para perto do cidadão, proporcionando-lhe 
qualidade de vida e dar ao profissional a es-
pecialização necessária a fim de que ele pos-
sa exercer seu trabalho com mais qualidade” 
(BRASIL, 2008). 
Elencamos abaixo, sem pretensões de 
análises ou julgamentos, nem com o intui-
to de fazer propaganda do governo federal, 
mas simplesmente com o objetivo de prestar 
informação, os programas mais importantes 
desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, en-
tretanto, novamente ressaltamos que exis-
tem vários outros programas que podem ser 
encontrados no sitio www.saude.gov.br.
5.1 Nível Federal
Brasil Sorridente:
Embora na última década, o Brasil te-
nha avançado muito na prevenção e no 
controle da cárie em crianças, a situação 
de adolescentes, adultos e idosos está 
entre as piores do mundo. Para mudar 
esse quadro, o governo federal criou a 
política Brasil Sorridente, que reúne uma 
série de ações em saúde bucal, voltadas 
para cidadãos de todas as idades.
Até o lançamento do Brasil Sorridente 
em 17 de março de 2004, apenas 3,3% 
dos atendimentos odontológicos feito 
no SUS correspondiama tratamentos es-
pecializados. A quase totalidade era de 
procedimentos mais simples, como ex-
tração dentária, restauração, pequenas 
cirurgias, aplicação de flúor.
Nesse sentido, a Política Brasil Sorri-
dente propõe garantir as ações de pro-
moção, prevenção e recuperação da saú-
de bucal dos brasileiros, entendendo que 
esta é fundamental para a saúde geral 
e a qualidade de vida da população. Ela 
está articulada a outras políticas de saú-
de e demais políticas públicas, de acordo 
com os princípios e diretrizes do Sistema 
Único de Saúde (SUS).
No âmbito da assistência, as diretrizes 
da Política Brasil Sorridente apontam, 
fundamentalmente, para a ampliação e 
qualificação da atenção básica, possibili-
tando o acesso a todas as faixas etárias 
e a oferta de mais serviços, asseguran-
do atendimentos nos níveis secundário e 
terciário de modo a buscar a integralida-
de da atenção, além da equidade e a uni-
versalização do acesso às ações e servi-
ços públicos de saúde bucal. 
A Política Nacional de Saúde Bucal 
apresenta, como principais linhas de 
ação, a viabilização da adição de flúor 
a estações de tratamento de águas de 
abastecimento público, a reorganização 
da Atenção Básica (especialmente por 
meio da Estratégia Saúde da Família) e da 
Atenção Especializada (através, princi-
palmente, da implantação de Centros de 
Especialidades Odontológicas e Labora-
tórios Regionais de Próteses Dentárias) 
(BRASIL, 2008).
Doe vida. Doe órgãos:
O MS investe na conscientização a res-
peito da doação de órgãos, uma vez que 
tecidos, medula óssea e sangue podem 
32 33
salvar vidas.
No Brasil, a doação só acontece com o 
consentimento da família, sendo a doa-
ção de órgãos regulamentada pela Lei nº 
9.434/97 e pela Lei nº 10.211/01 que re-
conhece duas situações:
1) Doação de Órgãos de doador vivo, 
familiar até 4º grau de parentesco, mais 
frequentemente de rim, pois é um órgão 
duplo e não traz prejuízo para o doador; 
e,
2) Doação de Órgãos ou tecidos de 
doador falecido, que é determinada pela 
vontade dos familiares até 2º grau de pa-
rentesco, mediante um termo de autori-
zação da doação.
A importância da divulgação e conheci-
mento da intenção das pessoas por parte 
de seus familiares em relação à doação 
de órgãos é fundamental no momento da 
autorização de uma doação.
Serviço de Atendimento Móvel de 
Urgência – SAMU:
O Serviço de Atendimento Móvel de 
Urgência (SAMU) é a forma pela qual o Mi-
nistério da Saúde implementará a assis-
tência pré-hospitalar no âmbito do SUS.
O atendimento pré-hospitalar pode ser 
definido como a assistência prestada, em 
um primeiro nível de atenção, aos porta-
dores de quadros agudos, de natureza 
clínica, traumática ou psiquiátrica, quan-
do ocorrem fora do ambiente hospitalar, 
podendo acarretar sofrimento, sequelas 
ou mesmo a morte. 
Farmácia Popular:
A Farmácia Popular do Brasil é um pro-
grama do Governo Federal para ampliar 
o acesso da população aos medicamen-
tos considerados essenciais. A Fundação 
Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão do Minis-
tério da Saúde e executora do programa, 
adquire os medicamentos de laboratórios 
farmacêuticos públicos ou do setor priva-
do, quanto necessário, e disponibiliza nas 
Farmácias Populares a baixo custo. Um 
dos objetivos do programa é beneficiar 
principalmente as pessoas que têm di-
ficuldade para realizar o tratamento por 
causa do custo do medicamento.
DST/AIDS:
As políticas públicas de saúde dirigi-
das ao tema DST/Aids, avaliam as carac-
terísticas e pertinência da epidemia da 
aids e outras patologias correlatas (as 
DST, as hepatites, a tuberculose, gravi-
dez indesejada, entre outras) entre seg-
mentos populacionais definidos segundo 
suas características de vulnerabilidade e 
risco para a epidemia. O risco é definido 
pela exposição de indivíduos ou grupos a 
determinados contextos que envolvem 
comportamentos, modo de vida, opção 
sexual e aspectos culturais e sociais em 
relação à construção e representação da 
sexualidade e do uso de drogas em de-
terminada sociedade, e que, portanto, 
tornam as pessoas ou grupos suscetíveis 
aos agravos à saúde. A vulnerabilidade é 
a pouca ou nenhuma capacidade do in-
divíduo ou do grupo social decidir sobre 
sua situação de risco, podendo variar 
segundo a posição e situação em rela-
ção à condição de gênero, raça, fatores 
e condições socioeconômicas, acesso 
aos serviços e insumos de saúde, fatores 
políticos e até mesmo biológicos. Avaliar 
os contextos individuais, interpessoais, 
coletivos e sociopolíticos nos quais in-
32 33
serem-se esses dois segmentos - risco 
e vulnerabilidade - implica no estabele-
cimento de propostas que estabeleçam 
mudanças em comportamentos individu-
ais a partir de indicadores para a sensibi-
lização sobre os riscos conhecidos, para 
o abandono de condutas de risco e para 
a consolidação de mudanças de compor-
tamento. 
As políticas públicas na área da pro-
moção e prevenção dirigidas às DST/HIV/
Aids, no Brasil, tomam como paradigma 
uma abordagem da saúde que dá ênfase 
ao desenvolvimento sustentável, à me-
lhoria da qualidade de vida das pessoas 
e ao direito de cidadania, participação e 
controle social.
Os princípios e diretrizes que 
orientam esta política são: 
 Atitudes de solidariedade, não-pre-
conceito e não-discriminação em relação 
às pessoas que vivem com HIV/aids; 
 Garantia dos direitos individuais e 
sociais das pessoas que vivem com HIV/
aids; 
 Acesso à rede de saúde e disponibili-
zação de insumos de prevenção, notada-
mente preservativos masculinos e femi-
ninos, gel, agulhas e seringas e materiais 
educativos; 
 Acolhimento, aconselhamento e 
tratamento das pessoas infectadas pelo 
HIV e portadores de DST nos serviços de 
saúde; e 
 Descentralização, institucionaliza-
ção e sustentabilidade das ações de saú-
de no que se refere à prevenção, promo-
ção e educação em saúde. 
Hipertensão e Diabetes Melittus:
O Plano de Reorganização da Aten-
ção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes 
Mellitus é uma estratégia do Ministério 
da Saúde que visa à prevenção, ao diag-
nóstico, ao tratamento e ao controle da 
hipertensão arterial e do Diabetes melli-
tus, mediante a reorganização da rede 
básica dos serviços de saúde do SUS.
O objetivo deste plano é reduzir o nú-
mero de internações, a procura por pron-
to atendimento e os gastos com trata-
mento de complicações e aposentadorias 
precoces e a mortalidade cardiovascular, 
com a consequente melhoria da qualida-
de de vida da população.
A portaria GM/MS nº 371, de 4 de mar-
ço de 2002, institui o Programa Nacional 
de Assistência Farmacêutica para Hiper-
tensão Arterial e Diabetes Mellitus e o 
Cadastro Nacional de Portadores de Hi-
pertensão e Diabetes (BRASIL, 2003).
Hanseníase e Tuberculose:
Visando à eliminação da hanseníase 
e ao controle da tuberculose, o Ministé-
rio da Saúde instituiu o incentivo para a 
ampliação da detecção de prevalência 
oculta de hanseníase no âmbito da aten-
ção básica de saúde (Portaria GM/MS nº 
1.838/02) e o incentivo para o controle 
da tuberculose (Portaria n.º 1.474 GM/MS 
de 19 de agosto de 2002).
Para que Estados e municípios façam 
jus ao incentivo, devem alimentar regu-
larmente o SINAN e implantar a estraté-
gia do tratamento supervisionado (BRA-
SIL, 2003).
Programa Nacional de Combate à 
Dengue:
34 35
A dengue é um dos principais proble-
mas de saúde pública no mundo. A Orga-
nização Mundial da Saúde (OMS) estima 
que entre 50 a 100 milhões de pessoas 
sejam infectadas, por ano, em mais de 
100 países, de todos os continentes, ex-
ceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes 
necessitam de hospitalização. A doença 
mata 20 mil pessoas, a cada ano, em todo 
o mundo.
A dengue é uma doença febril aguda 
causada por um vírus de evolução benig-
na, na maioria dos casos, e seu principal 
vetor é o mosquito Aedes aegypti, que se 
desenvolve em áreas tropicais e subtro-
picais.
O vírus causador da doença possui 
quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e 
DEN-4. A infecção por um deles dá prote-
ção permanentepara o mesmo sorotipo 
e imunidade parcial e temporária contra 
os outros três.
Existem duas formas de dengue: a 
clássica e a hemorrágica. A dengue clás-
sica apresenta-se geralmente com febre, 
dor de cabeça, no corpo, nas articula-
ções e por trás dos olhos, podendo afetar 
crianças e adultos, mas raramente mata. 
A dengue hemorrágica é a forma mais se-
vera da doença, pois além dos sintomas 
citados, é possível ocorrer sangramento, 
ocasionalmente choque e consequências 
como a morte.
Nesse contexto, o governo federal 
num esforço conjunto com estados e 
municípios mantêm campanhas escla-
recedoras e de combate à Dengue per-
manentemente, todavia, todos os anos, 
na época das chuvas, surgem inúmeros 
novos casos em todo território nacional, 
sendo realmente um problema de cons-
cientização da população.
 Banco de Leite Humano:
Ação conjunta realizada pela Funda-
ção Oswaldo Cruz - FIOCRUZ e o Progra-
ma Nacional de Incentivo ao Aleitamento 
Materno - PNIAM, com o objetivo de pro-
mover uma expansão quali-quantitativa 
dos Bancos de Leite Humano no Brasil 
Cartão Nacional de Saúde:
O objetivo do Cartão Nacional de Saúde 
é facilitar o atendimento, possibilitando 
uma identificação mais rápida do pacien-
te, a marcação de consultas e exames e 
melhorar o acesso aos medicamentos 
fornecidos pela rede do SUS.
Política Nacional de Humanização: 
HumanizaSUS
Como política, a Humanização deve, 
portanto, traduzir princípios e modos de 
operar no conjunto das relações entre 
profissionais e usuários, entre os dife-
rentes profissionais, entre as diversas 
unidades e serviços de saúde e entre as 
instâncias que constituem o SUS.
O confronto de ideias, o planejamen-
to, os mecanismos de decisão, as estra-
tégias de implementação e de avaliação, 
mas principalmente o modo como tais 
processos se dão, devem confluir para a 
construção de trocas solidárias e com-
prometidas com a produção de saúde, 
tarefa primeira da qual não podemos nos 
furtar. 
É neste ponto indissociável que a Hu-
manização se define: aumentar o grau de 
co-responsabilidade dos diferentes ato-
res que constituem a rede SUS, na pro-
34 35
dução da saúde, implica mudança na cul-
tura da atenção dos usuários e da gestão 
dos processos de trabalho. Tomar a saú-
de como valor de uso é ter como padrão 
na atenção o vínculo com os usuários, é 
garantir os direitos dos usuários e seus 
familiares, é estimular a que eles se co-
loquem como atores do sistema de saúde 
por meio de sua ação de controle social, 
mas é também ter melhores condições 
para que os profissionais efetuem seu 
trabalho de modo digno e criador de no-
vas ações e que possam participar como 
co-gestores de seu processo de trabalho 
(BRASIL, 2004).
Polícia Nacional de Alimentação e 
Nutrição:
A Política Nacional de Alimentação e 
Nutrição tem como propósito garantir a 
qualidade dos alimentos colocados para 
o consumo no país, da promoção de prá-
ticas alimentares saudáveis e da preven-
ção e o controle dos distúrbios nutricio-
nais.
Programa de Volta para Casa:
O Programa De Volta Para Casa, criado 
pelo Ministério da Saúde, é um programa 
de reintegração social de pessoas acome-
tidas de transtornos mentais, egressas 
de longas internações, segundo critérios 
definidos na Lei nº 10.708, de 31 de julho 
de 2003, que tem como parte integrante 
o pagamento do auxílio-reabilitação psi-
cossocial.
Programa Nacional de Controle do 
Câncer do Colo do útero e de mama – 
Viva Mulher:
Lançado em 1997, tem como objetivo 
principal reduzir, substancialmente, o 
número de mortes causadas pelo câncer 
do colo do útero e de mama, permitindo à 
mulher um acesso mais efetivo ao diag-
nóstico precoce pelo exame Papanico-
laou e exame clínico das mamas, além do 
tratamento adequado do tumor.
Programa de Controle do Tabagis-
mo e Outros Fatores de Risco de Cân-
cer:
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) 
coordena e executa, em âmbito nacional, 
o Programa de Controle do Tabagismo e 
Outros Fatores de Risco de Câncer, visan-
do à prevenção de doenças na população 
através de ações que estimulem a adoção 
de comportamentos e estilos de vida sau-
dáveis e que contribuam para a redução 
da incidência e mortalidade por câncer e 
doenças do tabaco-relacionadas no país. 
As ações do Programa são desenvolvidas 
em parceria pelas três instâncias gover-
namentais - federal, estadual e municipal 
- para capacitar e apoiar os 5.561 muni-
cípios brasileiros e abrangem as áreas da 
educação, legislação e economia.
5.2 Nível Estadual – o caso 
de Minas Gerais
A título de enriquecimento, optamos 
por exemplificar alguns programas a ní-
vel estadual, lançando mão dos progra-
mas difundidos e realizados pelo governo 
de Minas Gerais, embora deixemos bem 
claro que todos os estados brasileiros 
desenvolvem seus programas de saúde, 
orientados, evidentemente, para suas 
necessidades.
Programa Viva Vida
Lançado em outubro de 2003 tem por 
objetivo reduzir a mortalidade infantil e 
36 37
materna no Estado de Minas Gerais. Para 
atingir tal intuito, houve uma sistemati-
zação e ampliação de diversas atividades 
que, até então, vinham sendo desenvol-
vidas de forma desarticulada. Foi realiza-
do, ainda, um diagnóstico que identificou 
as principais causas de óbitos maternos 
e infantis, bem como áreas de maior inci-
dência de casos.
O “Viva Vida” vem sendo implementa-
do de acordo com o princípio da equidade, 
o que significa priorizar relativamente as 
microrregiões com maiores taxas de mor-
talidade infantil e materna. O Programa 
foi concentrado nas atividades identifi-
cadas como prioritárias, isto é, na aten-
ção ao planejamento familiar, ao pré-na-
tal, ao parto, ao puerpério, à criança de 0 
a 1 ano de idade. Além dessas ações de 
atenção à saúde da criança, também fo-
ram consideradas fundamentais ao su-
cesso do programa, como incentivo ao 
aleitamento materno, acompanhamento 
do crescimento e desenvolvimento, tria-
gem neonatal, vacinação e controle de 
doenças prevalentes na infância.
A partir de diversos estudos e buscan-
do um atendimento de qualidade, huma-
nizado e a garantia do acesso à rede de 
atenção à saúde da mulher e da criança, 
foram elaboradas as principais ações do 
Programa, que podem ser traduzidas em 
três estratégias:
 Estruturação e qualificação da rede 
assistencial;
 Melhoria da qualidade das informa-
ções;
 Mobilização Social.
Programa Estadual de DST/AIDS
A Aids (Síndrome de Imunodeficiên-
cia Adquirida) tem apresentado, desde o 
início da terapia com anti retro-virais de 
alta potência, características de doença 
crônica, permitindo ao portador do vírus 
uma vida mais longa e com melhor qua-
lidade. Entretanto, em todo o mundo, a 
doença continua sendo um problema de 
saúde pública. No Estado de Minas Ge-
rais, a cada ano, morrem cerca de 800 
pessoas e mais de 1000 casos novos são 
notificados. Portanto, a epidemia conti-
nua demandando um trabalho contínuo e 
incansável por parte dos órgãos públicos 
responsáveis.
O Programa Estadual de DST/Aids, se-
guindo a lógica do SUS e o Plano Diretor 
de Regionalização, é constituído por uma 
Coordenadoria Estadual e por 52 municí-
pios que recebem incentivo fundo a fun-
do do Ministério da Saúde para ações de 
prevenção e assistência às DST’s (doen-
ças sexualmente transmissíveis) e Aids.
Além disso, uma rede de laboratórios 
estaduais e municipais dão sustentação 
ao diagnóstico do HIV e oferecem acom-
panhamento aos pacientes. Há, também, 
27 Centros de Testagem e Aconselha-
mento no Estado, que fazem coleta de 
sangue, com aconselhamento pré e pós-
-teste, e ainda levam à população infor-
mações visando a prevenção. 
Hiperdia Mineiro
Este Projeto objetiva articular e inte-
grar ações nas diversas comunidades do 
Estado, nos diferentes níveis de comple-
xidade do sistema de saúde para redu-
zir fatores de risco e a morbimortalida-
de pela Hipertensão Arterial e Diabetes 
Mellitus e suas complicações, priorizando 
36 37
a promoção de hábitos saudáveis de vida, 
a prevenção e diagnóstico precoce,

Continue navegando