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JULGADOS DOD CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTARIA (LEI N 8 137-90)

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JULGADOS DOD – CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (LEI N. 8.137/90) 
 
O dolo de não recolher o tributo, de maneira genérica, não é suficiente para preencher o tipo 
subjetivo do crime de sonegação fiscal (art. 2º, II, da Lei 8.137/90) 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 753 
Caso concreto: o acusado, na condição de proprietário e administrador da empresa, deixou de 
efetuar, no prazo legal, o recolhimento de ICMS cobrado de consumidores, locupletando-se 
ilicitamente mediante este tipo de apropriação de valores e em prejuízo do Estado, conforme 
declarado pelo sujeito passivo da obrigação nas DIMEs dos meses de março, maio, julho, 
outubro e dezembro de 2012 e dezembro de 2013. 
A conduta acima descrita seria típica pelo seu aspecto formal. Contudo, o STJ firmou o 
entendimento de ser necessário, para a condenação, a demonstração da contumácia e do dolo 
de apropriação, circunstâncias não presentes neste caso concreto. 
Há de se levar em consideração o dolo com a imprescindível consideração do elemento 
subjetivo especial de sonegar, qual seja, a vontade de se apropriar dos valores retidos, 
omitindo o cumprimento do dever tributário com a intenção de não os recolher. 
O dolo de não recolher o tributo, de maneira genérica, não é suficiente para preencher o tipo 
subjetivo do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90. É necessária a presença de uma vontade de 
apropriação fraudulenta dos valores do Fisco para materializar o elemento subjetivo especial 
do tipo em comento. Esse ânimo manifesta-se pelo ardil de omitir e/ou alterar os valores 
devidos e se exclui com a devida declaração da espécie tributária junto aos órgãos de 
administração fiscal. 
O não pagamento do tributo por seis meses aleatórios não é circunstância suficiente para 
demonstrar a contumácia nem o dolo de apropriação. Ou seja, não se identifica, em tais 
condutas, haver sido a sonegação fiscal o recurso usado pelo empresário para financiar a 
continuidade da atividade em benefício próprio, em detrimento da arrecadação tributária. 
STJ. 6ª Turma. HC 569856-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/10/2022 (Info 753). 
 
Explicação extra – julgado: 
Apropriação indébita tributária 
A Lei nº 8.137/90 define os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo. 
Os arts. 1º e 2º da Lei trazem os crimes praticados por particulares contra a ordem tributária. 
O art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 é conhecido pela doutrina e jurisprudência como “apropriação indébita 
tributária”. Veja: 
Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer 
acessório, mediante as seguintes condutas: 
(...) 
Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: 
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade 
de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; 
O bem jurídico protegido é a ordem tributária, ou seja, o interesse do Estado na arrecadação dos tributos. 
Alguns autores falam que o bem jurídico é o erário. 
 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/840348ae33163924c1d29fd2c22faf13?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/840348ae33163924c1d29fd2c22faf13?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=753
O art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 é uma forma especial de apropriação indébita. É muito semelhante também 
com o delito de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP), sendo a principal diferença a 
seguinte: 
Art. 168-A CP: o agente deixa de repassar contribuições previdenciárias recolhidas dos contribuintes. 
Art. 2º, II da Lei n. 8137/90: o agente deixa de repassar quaisquer outros tributos (que não contribuições 
previdenciárias) recolhidas dos contribuintes. 
 
O sujeito ativo do crime é o sujeito passivo da obrigação. “deixar de recolher (...) na qualidade de sujeito 
passivo da obrigação”. 
Um ponto interessante é que a lei, quando aponta o sujeito ativo do crime como sendo o passivo da 
obrigação tributária, o faz de maneira geral, isto é, não distingue o sujeito passivo direto do indireto da 
obrigação tributária. 
Logo, nada impede que o sujeito ativo deste crime possa ser: 
• o contribuinte (sujeito passivo direto da obrigação tributária); ou 
• o responsável tributário (sujeito passivo indireto da obrigação tributária). 
Assim, o termo “sujeito passivo de obrigação”, previsto no tipo penal, abrange o contribuinte e o 
responsável (substituição tributária). 
 
Doutrinariamente, é classificado como crime comum, considerando que não se exige qualidade especial 
do sujeito ativo (pode ser qualquer pessoa que tinha responsabilidade pelo recolhimento e não o fez 
dolosamente). 
Sujeito passivo: Será a União, o Estado-membro ou o Município tributante. 
Objeto: O objeto do delito é o valor do tributo. No caso, a quantia transferida pelo consumidor ao 
comerciante. 
Tipo objetivo: Algumas vezes a legislação estabelece que a pessoa tem, como obrigação tributária 
acessória, que recolher o tributo ou a contribuição social devida por outra e depois repassar esse valor ao 
ente tributante. 
Ex1: o empregador, ao efetuar o pagamento do salário do empregado, deverá reter uma parcela desse 
rendimento e repassar tal valor à Receita Federal. 
Se a pessoa fizer o desconto e não recolher, no prazo legal, o valor do tributo ou da contribuição social 
para o Fisco, haverá a prática desse crime. 
Ex2: Rubens, sócio-gerente de uma sociedade comercial, deixou de recolher, de forma consciente, no 
prazo legal, o ICMS, referente aos meses de março e abril de 2002, escriturado nos livros fiscais e 
declarado à administração fazendária. Nessa situação, Rubens praticou, em tese, crime contra a ordem 
tributária (AGU CESPE 2003). 
Elemento subjetivo: O delito exige, para sua configuração, que a conduta seja dolosa, consistente na 
consciência (ainda que potencial) de não recolher o valor do tributo. Não existe modalidade culposa. 
Para a configuração do delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, deve ser comprovado o dolo 
específico. 
Dolo de apropriação (= exige dolo específico): O contribuinte que deixa de recolher, de forma contumaz 
e com dolo de apropriação, o ICMS cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço incide no tipo penal 
do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90. 
 
Para fins do disposto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, a menção a inúmeros inadimplementos 
(inscritos em dívida ativa) gera a presunção relativa da ausência de tentativa de regularização 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/48d23e87eb98cc2227b5a8c33fa00680?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/48d23e87eb98cc2227b5a8c33fa00680?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
Origem: STJ - Informativo: 742 
A denúncia narrou que se deixou de recolher 12 meses deICMS cobrado dos consumidores e 5 
meses de ICMS relativo a operações tributáveis pelo regime de substituição tributária, 
elementos que podem ser utilizados para caracterizar o dolo de apropriação. 
Ademais, diante da existência de inúmeros inadimplementos (inscritos em dívida ativa), isso 
gera a presunção relativa de ausência de tentativa de regularização. Cabe à defesa alegar e 
demonstrar que foram efetuadas tais tentativas. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 728271-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 
21/06/2022 (Info 742). 
Explicação extra – julgado: 
O STF já decidiu que o dolo de apropriação (“dolo específico”) fica demonstrado nos casos em que há um 
inadimplemento prolongado sem tentativa de regularização dos débitos (STFRHC 163.334/SC). Vale 
ressaltar que o mero inadimplemento prolongado não é suficiente para caracterizar o ilícito, sendo 
necessário, também, a ausência de tentativa de regularização do débito. 
Logo, o dolo fica demonstrado com: o inadimplemento prolongado + a ausência de tentativa de 
regularização do débito. 
 
É constitucional o art. 83 da Lei nº 9.430/96 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STF - Informativo: 1047 
A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes de apropriação indébita 
previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária será encaminhada ao ministério 
público depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do 
crédito tributário correspondente. 
STF. Plenário. ADI 4980/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 10/3/2022 (Info 1047). 
Explicação extra – julgado: 
Após ser encerrado o procedimento administrativo-fiscal no âmbito da Receita Federal, se ficar provado 
que o contribuinte não pagou realmente o tributo, o Auditor-Fiscal tem o dever de encaminhar cópia dos 
autos ao Ministério Público Federal a fim de que este analise se houve ou não a prática de crime contra a 
ordem tributária. Esse envio que está previsto no art. 83 da Lei n. 9.430/96 é chamado de “representação 
fiscal para fins penais”, sendo uma espécie de notitia criminis. 
Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1º e 
2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 
337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público 
depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário 
correspondente. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) 
O processo administrativo-fiscal realizado pela Receita é muito importante para que se comprove a 
ocorrência ou não dos crimes tributários. Sem ele, o Ministério Público dificilmente teria elementos para 
oferecer denúncia contra os autores dos delitos tributários. Na grande maioria dos casos, o membro do 
Ministério Público oferece a denúncia pelos crimes contra a ordem tributária utilizando-se das 
informações enviadas pela Receita Federal na representação fiscal. 
O art. 83 da Lei nº 9.430/96 refere-se a quais crimes? 
• crimes contra a ordem tributária previstos no arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90; 
• apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP); e 
• sonegação previdenciária (art. 337-A do CP). 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=742
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/da60b579faebe684e2a2bf90d4e50c82?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=1047
O término do procedimento administrativo-fiscal é indispensável para que o Ministério Público ofereça 
denúncia contra os agentes pela prática dos crimes acima listados? 
Para os crimes tributários materiais: SIM; 
Para os crimes tributários formais: NÃO. 
Nesse sentido: Súmula vinculante 24-STF: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, 
previsto no artigo 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. 
 
Os crimes acima listados são materiais ou formais? 
• art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90: materiais; 
• art. 1º, inciso V, da Lei nº 8.137/90: formal; 
• art. 2º da Lei nº 8.137/90: formal; 
• apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP): material; 
• sonegação previdenciária (art. 337-A do CP): material. 
Não se vislumbra inconstitucionalidade formal ou material do art. 83 da Lei nº 9.430/96. Esse dispositivo 
condiciona o momento de envio da representação fiscal, para fins penais — no tocante aos crimes de 
apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária —, à necessidade de 
exaurimento do processo administrativo de constituição do crédito. Logo, o dispositivo impugnado 
confere linearidade ao procedimento administrativo, ao estender àqueles delitos idêntica solução 
prevista para os demais crimes contra a ordem tributária. 
O preceito tem como destinatários os agentes fiscais. Ele não cuida do momento de consumação de 
delitos, tampouco versa sobre condição de procedibilidade para a persecução penal. Portanto, é 
inapropriada a discussão sobre a natureza dos crimes envolvidos, especialmente por se tratar de clara 
opção política do legislador. Ademais, o entendimento pela constitucionalidade da norma encontra apoio 
na jurisprudência do STF. 
 
Para a configuração do delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, deve ser comprovado 
o elemento subjetivo especial 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 718 
Para a configuração do delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, deve ser comprovado o 
dolo específico. 
Entendimento que segue a posição do STF que exige dolo de apropriação: 
O contribuinte que deixa de recolher, de forma contumaz e com dolo de apropriação, o ICMS 
cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei nº 
8.137/90 (STF. Plenário. RHC 163334, Rel. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2019). 
STJ. 6ª Turma. HC 675289-SC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª 
Região), julgado em 16/11/2021 (Info 718). 
*explicado anteriormente 
 
O momento consumativo do crime de formação de cartel deve ser analisado conforme o caso 
concreto, sendo errônea a sua classificação como eventualmente permanente 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 718 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0c5534f554a26f7aeb7c780e12bb1525?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0c5534f554a26f7aeb7c780e12bb1525?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=718
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/791d3a0048b9c200dceca07f99ddd178?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/791d3a0048b9c200dceca07f99ddd178?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=ehttps://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=718
Caso concreto: o Ministério Público denunciou várias pessoas porque elas teriam mantido de 
2004 a 2014, um cartel envolvendo a fabricação e comercialização de resinas. A defesa 
argumentou que o delito estaria prescrito considerando que o acordo para a fixação artificial 
dos preços teria ocorrido em 2004. Logo, neste momento houve a consumação do crime e se 
iniciou o prazo prescricional. Assim, a defesa sustentou a tese de que o delito de formação de 
cartel seria crime instantâneo, consumado no ano de 2004. 
O TJ entendeu que o delito seria “eventualmente permanente”, diante da situação fática, 
porque a vontade dos agentes e a consumação do crime se prolongaram no tempo, haja a vista 
a necessidade de formação de sucessivos acordos anticompetitivos protraídos ano após ano. 
Qual foi a posição adotada pela STJ? Qual é a natureza do momento consumativo do crime de 
formação de cartel (art. 4º, II, da Lei 8.137/90)? 
O STJ disse que isso deve ser analisado no caso concreto. O momento consumativo do crime de 
formação de cartel deve ser analisado conforme o caso concreto. 
No caso concreto, o STJ considerou que houve a celebração sucessiva de acordos econômicos 
anticompetitivos entre os agentes até 2014. Logo, o crime de formação de cartel no mercado de 
resinas fez-se permanente até 2014. 
Vale ressaltar, contudo, que o STJ afirmou que é equivocada a nomenclatura “eventualmente 
permanente”, não podendo dizer que o crime de cartel seja “eventualmente permanente”. 
STJ. 5ª Turma. AREsp 1800334-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 09/11/2021 (Info 
718). 
Explicação extra – julgado: 
Cartel → Trata-se de crime contra a ordem econômica previsto no art. 4º, II, da Lei nº 8.137/90: 
Art. 4º Constitui crime contra a ordem econômica: 
(...) 
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: 
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas; 
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas; 
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores. 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. 
O crime contra a ordem econômica disposto no art. 4º, II, da Lei n. 8.137/90 é formal, ou seja, consuma-
se com a simples formação de um acordo visando à dominação do mercado ou à eliminação da 
concorrência através da prática de uma das condutas descritas em suas alíneas. Nesse sentido: STJ. 6ª 
Turma. EDcl no REsp 1623985/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe 12/9/2019. 
A doutrina pouco discorre sobre o momento consumativo do crime, gerando conflitos de interpretação 
pelos julgadores e causando insegurança jurídica. 
O STJ, contudo, afirmou que não é possível classificar automaticamente o crime de formação de cartel 
como instantâneo ou permanente sem uma investigação pormenorizada do caso concreto. 
A nomenclatura ‘eventualmente permanente’ é equivocada. Porque se o agente dispõe de poder para 
cessar ou dar continuidade à conduta delitiva, tornando o ato único ou ampliando seu espectro, não pode 
a ação ser considerada uma só e ao mesmo tempo ter o efeito de lesionar o bem jurídico de forma 
permanente, tal como se dá no crime instantâneo de efeito permanente, pois neste caso a vontade do 
agente é desconsiderada. 
 
 
A configuração do crime de apropriação indébita tributária não pressupõe a clandestinidade 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 718 
Para a configuração da apropriação indébita tributária, o fato de o agente registrar, apurar e 
declarar em guia própria ou em livros fiscais o imposto devido não tem o condão de elidir (fazer 
desaparecer) ou exercer nenhuma influência na prática do delito, visto que este não pressupõe 
a clandestinidade (não se exige que seja feito às escondidas). 
Ademais, o crime previsto no art. 2º, II, da Lei 8.137/90 não exige para sua configuração a 
existência de ardil, fraude ou falsidade. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 609.039/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
17/11/2020. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 476.704/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/09/2019. 
Explicação extra – julgado: 
Súmula 436 do STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o 
crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco. 
 
Causa de aumento do art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STF - Informativo: 882 
O art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 prevê que a pena do crime de sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei 
nº 8.137/90) deverá ser aumentada no caso de o delito “ocasionar grave dano à coletividade”. 
A jurisprudência entende que se configura a referida causa de aumento quando o agente deixa 
de recolher aos cofres públicos uma vultosa quantia. Em outras palavras, se o valor sonegado 
foi alto, incide a causa de aumento do art. 12, I. 
Nesse cálculo deve-se incluir também os juros e multa: 
Para os fins da majorante do art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 (grave dano à coletividade), o dano 
tributário deve ser valorado considerando seu valor atual e integral, incluindo os acréscimos 
legais de juros e multa. 
A Portaria nº 320, editada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, prevê que os 
contribuintes que estão devendo acima de R$ 1 milhão são considerados “grandes devedores” 
e devem receber tratamento prioritário na atuação dos Procuradores. 
O STJ utiliza, então, essa Portaria como parâmetro para analisar a incidência ou não da causa de 
aumento do art. 12, I: 
A majorante do grave dano à coletividade, prevista pelo art. 12, I, da Lei nº 8.137/90, restringe-
se a situações de especialmente relevante dano, valendo, analogamente, adotar-se para 
tributos federais o critério já administrativamente aceito na definição de créditos prioritários, 
fixado em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), do art. 14, caput, da Portaria 320/PGFN. 
Em outras palavras, para a incidência do art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 em tributos federais, é 
necessário que o valor da dívida seja igual ou superior a R$ 1 milhão. 
E se a sonegação fiscal envolver tributos estaduais ou municipais, como deverá ser o parâmetro 
nesses casos? 
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Em se tratando de tributos estaduais ou municipais, o critério deve ser, por equivalência, 
aquele definido como prioritário ou de destacados créditos (grandes devedores) para a 
fazenda local. 
Dito de outro modo, em caso de tributos estaduais ou municipais, não se de deveutilizar a 
Portaria 320/PGFN, mas sim os eventuais atos normativos estaduais e municipais que definam 
o que sejam “grandes devedores” para o Fisco local. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.849.120-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/03/2020 (Info 668). 
 
O STF comunga do mesmo entendimento e utiliza como parâmetro esses atos infralegais que 
definem “grandes devedores”? Não. Existe julgado do STF no qual foi afastado esse critério: 
“Quanto à Portaria 320/2008 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, anoto que essa norma 
infralegal apenas dispõe sobre o Projeto Grandes Devedores no âmbito da PGFN, conceituando, 
para os seus fins, os “grandes devedores”, com o objetivo de estabelecer, na Secretaria da 
Receita Federal do Brasil, método de cobrança prioritário a esses sujeitos passivos de vultosas 
obrigações tributárias, sem limitar ou definir, no entanto, o grave dano à coletividade, ao 
contrário do que afirma o impetrante.” (STF. 2ª Turma. HC 129284/PE, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 17/10/2017. Info 882). 
 
Para a incidência do art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 em caso de sonegação fiscal de tributos 
federais, é necessário que o valor da dívida seja igual ou superior a R$ 1 milhão; se a sonegação 
fiscal for de tributos estaduais ou municipais, deve-se analisar o que define a Fazenda local 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 668 
*Mesma explicação do anterior 
 
O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS 
cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei 
8.137/90 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STF - Informativo: 964 
A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enquadra-
se formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação indébita 
tributária), desde que comprovado o dolo. 
O não repasse do ICMS recolhido pelo sujeito passivo da obrigação tributária, em qualquer 
hipótese, enquadra-se (formalmente) no tipo previsto art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, desde que 
comprovado o dolo. Em outras palavras, o tipo do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 não fica restrito 
apenas às hipóteses em que há substituição tributária. 
O que se criminaliza é o fato de o sujeito passivo se apropriar do dinheiro relativo ao imposto, 
devidamente recebido de terceiro, quer porque descontou do substituído tributário, quer 
porque cobrou do consumidor, não repassando aos cofres públicos. 
STJ. 3ª Seção. HC 399109-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/08/2018 (Info 633). 
 
O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS 
cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei nº 
8.137/90. 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0b36809566dc0773c43715990c1c1ebf?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0b36809566dc0773c43715990c1c1ebf?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0b36809566dc0773c43715990c1c1ebf?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/481263854facf41a2f8a64a21956d87b?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/481263854facf41a2f8a64a21956d87b?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=964
O valor do ICMS cobrado do consumidor não integra o patrimônio do comerciante, o qual é 
mero depositário desse ingresso de caixa que, depois de devidamente compensado, deve ser 
recolhido aos cofres públicos. 
Vale ressaltar, contudo, que, para caracterizar o delito, é preciso comprovar a existência de 
intenção de praticar o ilícito (dolo). 
STF. Plenário. RHC 163334/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2019 (Info 964). 
 
A SV 24 pode ser aplicada a fatos anteriores à sua edição 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 639 
Não prospera a tese de que a observância do enunciado da Súmula Vinculante nº 24 importaria 
interpretação judicial mais gravosa da lei de regência. A Súmula Vinculante 24 tem aplicação aos 
fatos ocorridos anteriormente à sua edição. 
Como a SV 24 representa a mera consolidação da interpretação judicial que já era adotada 
pelo STF e pelo STJ mesmo antes da sua edição, entende-se que é possível a aplicação do 
enunciado para fatos ocorridos anteriormente à sua publicação. 
STF. 1ª Turma. RHC 122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/5/2015 (Info 786). 
STJ. 3ª Seção. EREsp 1318662-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 28/11/2018 (Info 639). 
 
Explicação extra – julgado: 
O crime tributário material somente se consuma quando houver a constituição definitiva do crédito 
tributário, nos termos da SV 24-STF: 
Súmula vinculante 24-STF: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º, 
incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. 
Como antes da constituição definitiva do crédito tributário ainda não existe crime, somente com o 
lançamento definitivo é que se inicia a contagem do prazo de prescrição. 
Assim, a fluência do prazo prescricional dos crimes contra a ordem tributária, previstos no art. 1º, incisos 
I a IV, da Lei n. 8.137/90, somente tem início após a constituição do crédito tributário, o que se dá com o 
encerramento do procedimento administrativo-fiscal e o lançamento definitivo (STJ. 5ª Turma. AgRg no 
REsp 1217773/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/05/2014). 
No caso do inciso V, por se tratar de crime formal, não se exige a constituição definitiva do crédito 
tributário para início da prescrição. 
A súmula vinculante não é lei nem ato normativo, de forma que a SV 24-STF não inovou no ordenamento 
jurídico. O enunciado apenas espelhou (demonstrou) o que a jurisprudência já vinha decidindo. 
Como exemplo disso, o Min. Dias Toffoli citou o HC 85.051/MG, julgado em 2005 (bem antes da SV 24), 
no qual o STF já afirmava que a prescrição dos crimes tributários materiais somente se inicia com o 
lançamento definitivo: 
(...) a consumação do crime tipificado no art. 1º da Lei 8.137/90 somente se verifica com a constituição 
do crédito fiscal, começando a correr, a partir daí, a prescrição. (...) 
STF. 2ª Turma. HC 85051, Rel. Min. Carlos Velloso, julgado em 07/06/2005. 
Assim, a SV pode ser aplicada aos crimes cometidos antes da sua vigência, tendo em vista que não se está 
diante de norma mais gravosa, mas de consolidação de interpretaçãojudicial. Foi o que decidiu o STF e o 
STJ possui o mesmo entendimento. 
 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/481fbfa59da2581098e841b7afc122f1?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=639
Não pratica o crime do art. 3º, III, da Lei 8.137/90 o auditor fiscal que corrige minuta de 
impugnação administrativa que posteriormente é ajuizada na Administração Tributária 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 639 
É atípica a conduta de agente público que procede à prévia correção quanto aos aspectos 
gramatical, estilístico e técnico das impugnações administrativas, não configurando o crime de 
advocacia administrativa perante a Administração Fazendária. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1770444-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 08/11/2018 
(Info 639). 
Explicação extra – julgado: 
Art. 3º Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): 
(...) 
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da 
qualidade de funcionário público. 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
O art. 3º, III, da Lei nº 8.137/90, tipo especial em relação ao delito previsto no art. 321 do Código Penal, 
pressupõe que o agente, valendo-se da sua condição de funcionário público, patrocine, perante a 
administração fazendária, interesse de um terceiro em processo administrativo. 
Em outras palavras, este tipo exige que o agente postule o interesse privado, direta ou indiretamente, 
utilizando-se da sua condição de funcionário para influenciar os responsáveis pela análise do pleito. 
Segundo o MP, o réu teria participado/contribuído com a elaboração da impugnação administrativa, 
utilizando-se dos conhecimentos de seu cargo público. Em nenhum momento, contudo, o réu valeu-se da 
sua qualidade de funcionário, perante a administração fazendária, para facilitar ou influenciar um 
eventual julgamento favorável ao terceiro. 
Assim, a configuração da advocacia administrativa pressupõe que o servidor, usando das prerrogativas 
e facilidades resultantes de sua condição de funcionário público, patrocine, como procurador ou 
intermediário, interesses alheios perante a Administração (STJ. 5ª Turma. RMS 20.665/SC, Rel. Min. 
Laurita Vaz, julgado em 05/11/2009). 
É, portanto, imprescindível, para configurar a advocacia administrativa, que o funcionário se valha das 
facilidades que a função pública lhe oferece, em qualquer setor da Administração Pública, mesmo que 
não seja especificamente o de atuação do agente (STJ. 5ª Turma. HC 332.512/ES, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 
julgado em 16/02/2016). 
Desse modo, o STJ entendeu que, apesar da conduta ser censurável sob o ponto de vista ético, ela não se 
amolda ao crime do art. 3º, III, da Lei nº 8.137/90. 
 
A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária 
enquadra-se no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação indébita tributária) 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 633 
A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enquadra-
se formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação indébita 
tributária), desde que comprovado o dolo. 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/aff82e881075d9c1ec306f86ae15c833?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/aff82e881075d9c1ec306f86ae15c833?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1755c118e8859eb000eb6eca25369407?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1755c118e8859eb000eb6eca25369407?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=633
O não repasse do ICMS recolhido pelo sujeito passivo da obrigação tributária, em qualquer 
hipótese, enquadra-se (formalmente) no tipo previsto art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, desde que 
comprovado o dolo. 
Em outras palavras, o tipo do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 não fica restrito apenas às hipóteses 
em que há substituição tributária. 
O que se criminaliza é o fato de o sujeito passivo se apropriar do dinheiro relativo ao imposto, 
devidamente recebido de terceiro, quer porque descontou do substituído tributário, quer 
porque cobrou do consumidor, não repassando aos cofres públicos. 
STJ. 3ª Seção. HC 399109-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/08/2018 (Info 633). 
 
O prazo da prescrição da pretensão punitiva fica suspenso durante o parcelamento do débito 
tributário 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STF - Informativo: 911 
O que acontece se o réu de um crime contra a ordem tributária aderir ao parcelamento da 
dívida? Haverá a suspensão do processo penal. Nos crimes contra a ordem tributária, quando 
o agente ingressa no regime de parcelamento dos débitos tributários, fica suspensa a 
pretensão punitiva penal do Estado (o processo criminal fica suspenso). 
Durante o parcelamento o que ocorre com o prazo prescricional? Também fica suspenso. O 
prazo prescricional não corre enquanto estiverem sendo cumpridas as condições do 
parcelamento do débito fiscal. É o que prevê o art. 9º, § 1º da Lei nº 10.684/2003. 
Se, ao final, o réu pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade. 
STF. 2ª Turma. ARE 1037087 AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911). 
Explicação extra – julgado: 
Lei nº 10.684/2003 
Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 
27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no 
regime de parcelamento. 
§ 1º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. 
§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente 
efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. 
Também é a redação do art. 83 da Lei nº 9.430/96, com redação dada pela Lei nº 12.382/2011: 
Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a ordem tributáriaprevistos nos arts. 1º e 
2º da Lei n.° 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 
337-A do Decreto-Lei n.° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público 
depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do crédito tributário 
correspondente. (Redação dada pela Lei nº 12.350/2010) 
§ 2º É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente aos crimes previstos no caput, durante o período em que a 
pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no parcelamento, 
desde que o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes do recebimento da denúncia criminal. (Incluído 
pela Lei 12.382/2011) 
§ 3º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva. (Incluído pela Lei 
12.382/2011) 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/aa1b6b26d690368d6f74a35a7daa0916?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/aa1b6b26d690368d6f74a35a7daa0916?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=911
§ 4º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada 
com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido 
objeto de concessão de parcelamento. (Incluído pela Lei 12.382/2011) 
Vimos que o parcelamento da dívida tributária acarreta a suspensão do processo penal. Em outras 
palavras, o Estado não pode julgar criminalmente este réu enquanto ele estiver no parcelamento 
tributário. 
Ora, como está suspensa a pretensão punitiva durante o período do parcelamento do débito, também 
deve ficar suspenso o prazo prescricional. Se o Estado está impedido legalmente de julgar e punir o 
indivíduo, não se pode dizer que o Estado está inerte. A prescrição é um instituto relacionado com a 
inércia do titular. 
Além disso, permitir que a prescrição siga seu curso normal durante o período de adesão voluntária do 
contribuinte ao programa de recuperação fiscal serviria como estratégia do réu para alcançar a 
impunidade. 
O parcelamento do crédito tributário precisa ser antes do recebimento da denúncia? 
• Créditos tributários constituídos antes da Lei nº 12.382/2011 (antes de 01/03/2011): NÃO. O 
parcelamento podia ser feito após o recebimento da denúncia. 
• Créditos tributários constituídos após a Lei nº 12.382/2011 (dia 01/03/2011 ou depois): SIM. O 
parcelamento do crédito tributário, realizado após o recebimento da denúncia, não extingue a 
punibilidade do ilícito penal (STJ. 5ª Turma. HC 505.195/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
06/08/2019). 
 
Para fazer a prova da constituição definitiva do crédito tributário não se exige a juntada 
integral do PAF 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 627 
Para o início da ação penal, basta a prova da constituição definitiva do crédito tributário (Súmula 
Vinculante 24), sendo desnecessária a juntada integral do Procedimento Administrativo Fiscal 
correspondente. 
STJ. 5ª Turma. RHC 94288-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/05/2018 
(Info 627). 
Explicação extra – julgado: 
A constituição definitiva do crédito tributário ocorre no bojo de um processo administrativo, que é mais 
conhecido como Procedimento Administrativo Fiscal (PAF). 
Nele constam todos os documentos e manifestações que levaram o Fisco a fazer esse lançamento e 
constituir o crédito tributário. 
Ao apresentara denúncia imputando ao réu um crime material contra a ordem tributária, o Ministério 
Público precisa fazer prova de que houve a constituição definitiva do crédito tributário? SIM. É 
necessária a comprovação da constituição definitiva do crédito tributário a fim de que se possa atender a 
exigência contida na SV 24. Assim, na denúncia, o MP deverá indicar o número do auto de infração, cuja 
inscrição definitiva em dívida ativa constituiu o crédito tributário. 
Ao apresentar a denúncia imputando ao réu um crime material contra a ordem tributária, o Ministério 
Público precisa juntar a integralidade do Procedimento Administrativo Fiscal? NÃO. 
Mas e se o réu quiser impugnar esse lançamento? Se ele quiser dizer que o lançamento não deveria ter 
ocorrido, que não havia fato gerador, que a alíquota foi errada etc.? Os documentos tributários e a 
correção ou não do lançamento já foram analisados no procedimento administrativo fiscal. Se o réu ainda 
deseja questioná-los judicialmente, apontando alguma irregularidade ou equívoco no procedimento 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2fb544a21e8cb8768b80cc231ca2f691?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2fb544a21e8cb8768b80cc231ca2f691?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
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tributário, deverá fazê-lo por meio de ação judicial própria (ação anulatória, mandado de segurança etc.), 
não podendo questionar a constituição definitiva do crédito tributário na esfera criminal. 
Assim, não se revela necessária a juntada dos documentos tributários, mas apenas a comprovação da 
constituição definitiva do crédito tributário. Eventual questionamento da constituição do tributário não 
pode ser feito no juízo criminal, cabendo ao réu se valer dos meios próprios para tanto. 
Nesse sentido: 
(...) 2. É descabida a discussão sobre a nulidade ou não do procedimento administrativo fiscal em processo criminal. 
A alegação da existência de vícios no referido procedimento deve ser manejada na esfera adequada para o exercício 
da pretensão anulatória do crédito tributário, e não no âmbito da Justiça Criminal. (...) 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 469.137/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 05/12/2017. 
Dizendo isso de forma bem clara: a constituição definitiva do crédito tributário não pode ser anulada, 
desfeita, desconstituída no processo penal. 
Se houver qualquer obstáculo administrativo para o acesso ao procedimento administrativo fiscal 
respectivo, a parte pode sugerir ao Juiz sua atuação até mesmo de ofício, desde que aponte qualquer 
prejuízo à defesa que possa interferir na formação do livre convencimento do julgador. 
 
Extinção da punibilidade pelo pagamento integral de débito mesmo após o trânsito em 
julgado 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 611 
O pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o trânsito em 
julgado da condenação, é causa de extinção da punibilidade do agente, nos termos do art. 9º, 
§ 2º, da Lei nº 10.684/2003. 
STJ. 5ª Turma.HC 362478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017 (Info 611). 
STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016. 
Explicação extra – julgado: 
Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referenteaos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 
27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no 
regime de parcelamento. 
§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente 
efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. 
Caso o agente ingresse no regime de parcelamento dos débitos tributários: fica suspensa a pretensão 
punitiva penal do Estado (o processo criminal fica suspenso). 
Caso o agente pague integralmente os débitos: haverá extinção da punibilidade. 
A repressão penal nos crimes contra a ordem tributária é uma forma reforçada de execução fiscal. 
A lei privilegia o recebimento do valor devido pelo contribuinte, em detrimento da imposição de pena 
corporal. Assim, não se pode restringir a aplicabilidade da norma despenalizadora e condicionar o 
pagamento a determinado marco temporal. 
 
Não se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra 
prova 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STF - Informativo: 866 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a4a8a31750a23de2da88ef6a491dfd5c?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6dbbe6abe5f14af882ff977fc3f35501?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=866
O diretor-geral da empresa de telefonia Vivo foi denunciado pelo fato de que na filial que 
funciona no Estado de Pernambuco teriam sido inseridos elementos inexatos em livros fiscais. 
Diante disso, o Ministério Público denunciou o referido diretor pela prática de crime contra a 
ordem tributária (art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90). 
A denúncia aponta que, na condição de diretor da empresa, o acusado teria domínio do fato, o 
poder de determinar, de decidir, e de fazer com que seus empregados contratados executassem 
o ato, sendo responsável pelo delito. 
O STF determinou o trancamento da ação penal afirmando que não se pode invocar a teoria 
do domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova, citando de forma 
genérica o diretor estatutário da empresa para lhe imputar um crime fiscal que teria sido 
supostamente praticado na filial de um Estado-membro onde ele nem trabalha de forma fixa. 
Em matéria de crimes societários, a denúncia deve apresentar, suficiente e adequadamente, 
a conduta atribuível a cada um dos agentes, de modo a possibilitar a identificação do papel 
desempenhado pelos denunciados na estrutura jurídico-administrativa da empresa. 
Não se pode fazer uma acusação baseada apenas no cargo ocupado pelo réu na empresa. 
STF. 2ª Turma. HC 136250/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
Explicação extra – julgado: 
A teoria do domínio do fato, criada na Alemanha, em 1939, por Hans Welzel, teve a finalidade de ampliar 
o conceito de autor. Por força dessa teoria, pode também ser considerado autor aquele que, mesmo não 
realizando o núcleo do tipo, domina finalisticamente todo o seu desenrolar. Welzel dizia que autor é o 
“senhor do fato”. Dessa forma, pela teoria do domínio do fato, o autor seria o sócio-administrador que 
decidiu e determinou que fossem praticados os atos necessários à supressão ou redução do tributo. 
 
É constitucional o crime previsto no art. 2º, inc. II, da Lei n. 8.137/1990? 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STF - Informativo: 857 
Os crimes previstos na Lei 8.137/1990 não violam o disposto no art. 5º, LXVII, da Constituição. 
STF. Plenário. ARE 999.425/SC (repercussão geral- Tema 937), Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 02/03/2017 (Info 857- clipping). 
 
Explicação extra – julgado: 
A jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que os delitos previstos na Lei 8.137/1990 não violam o 
disposto no art. 5°, LXVII, da Lei Maior, em virtude de terem caráter penal e não se relacionarem com a 
prisão civil por dívida. 
Dessa forma, as condutas tipificadas na Lei 8.137/1991 não se referem simplesmente ao não pagamento 
de tributos, mas aos atos praticados pelo contribuinte com o fim de sonegar o tributo devido, 
consubstanciados em fraude, omissão, prestação de informações falsas às autoridades fazendárias e 
outros ardis. Não se trata de punir a inadimplência do contribuinte, ou seja, apenas a dívida com o Fisco. 
Por isso, os delitos previstos na Lei 8.137/1991 não violam o art. 5°, LXVII, da Carta Magna bem como não 
ferem a característica do Direito Penal de configurar a ultima ratio para tutelar a ordem tributária e 
impedir a sonegação fiscal. 
Isso posto, o STF reconheceu a repercussão geral da matéria debatida nos presentes autos, para reafirmar 
a jurisprudência desta Corte, no sentido de que os crimes previstos na Lei 8.137/1990 não violam o 
disposto no art. 5°, LXVII, da Constituição. 
 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8af95fe2ab1a54b488ef8efb3f3b0797?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117&assunto=414
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=857
Pagamento da multa tributária não extingue a punibilidade do crime previsto no art. 1º, V, da 
Lei 8.137/90 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 598 
O pagamento da penalidade pecuniária imposta ao contribuinte que deixa de atender às 
exigências da autoridade tributária estadual quanto à exibição de livros e documentos fiscais 
não se adequa a nenhuma das hipóteses de extinção de punibilidade previstas no § 2º do art. 9º 
da Lei nº 10.684/2003. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1630109-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 14/2/2017 
(Info 598). 
Explicação extra – julgado: 
Normalmente, imagina-se que os crimes contra a ordem tributária são apenas aqueles previstos nos arts. 
1º e 3º da Lei nº 8.137/90. Trata-se de um engano. Além desse diploma, existem também crimes 
tributários tipificados no Código Penal. Vejamos os crimes tributários existentes atualmente: 
Na Lei nº 8.137/90: 
• Sonegação fiscal (art. 1º); 
• Crimes da mesma natureza de sonegação fiscal (art. 2º); 
• Crimes funcionais tributários (art. 3º).No Código Penal: 
• Descaminho (art. 334); 
• Sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A); 
• Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A); 
• Excesso de exação (art. 316, § 1º); 
• Facilitação de contrabando ou descaminho (art. 318); 
• Falsificação de papeis públicos (art. 293, I e V). 
 
LEI 8.137/90 
A Lei nº 8.137/90, em seus arts. 1º e 3º, define crimes contra a ordem tributária. Os arts. 1º e 2º da Lei 
trazem os crimes praticados por particulares contra a ordem tributária. 
O art. 3º, por sua vez, prevê crimes funcionais contra a ordem tributária, exigindo que sejam praticados 
por funcionários públicos e em razão da função. 
Vamos aproveitar este julgado para fazer um estudo sobre o art. 1º. 
ART. 1º 
O art. 1º da Lei n.° 8.137/90 prevê cinco delitos, um em cada inciso. 
CAPÍTULO I 
Dos Crimes Contra a Ordem Tributária 
Seção I 
Dos crimes praticados por particulares 
Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer 
acessório, mediante as seguintes condutas: 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7aa685b3b1dc1d6780bf36f7340078c9?categoria=11&subcategoria=117&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/listar/?categoria=11&subcategoria=117
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/listar?numero=598
O art. 1º da Lei nº 8.137/90 traz a seguinte estrutura: no caput, ele prevê que é crime suprimir ou reduzir 
tributo. Já nos seus cinco incisos são previstas as condutas por meio das quais o agente suprime ou reduz 
o tributo. Assim, para ser crime, o indivíduo deverá praticar uma das condutas dos incisos e por meio 
delas suprimido ou reduzido o tributo que era devido. 
O bem jurídico protegido é o interesse do Estado na arrecadação dos tributos (ordem tributária). 
Trata-se de crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Na maioria das vezes, o autor do crime é o contribuinte ou o responsável pelo tributo. No entanto, é 
possível que outras pessoas também pratiquem o delito. Ex: o contador da pessoa jurídica pode ser o 
autor do delito mesmo não sendo o sujeito passivo do tributo. 
Algumas vezes o delito é praticado por meio da pessoa jurídica. Ocorre que a CF/88 não autoriza a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica por crimes tributários (isso é possível no caso de crimes 
ambientais). Logo, nessa hipótese, quem responderá penalmente é o administrador e outras pessoas 
físicas que tenham tomados as decisões. 
O simples fato de o acusado ser sócio e administrador da empresa constante da denúncia não pode levar 
a crer, necessariamente, que ele tivesse participação nos fatos delituosos, a ponto de se ter dispensado 
ao menos uma sinalização de sua conduta, ainda que breve, sob pena de restar configurada a repudiada 
responsabilidade criminal objetiva. 
STJ. 6ª Turma. HC 224.728/PE, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/06/2014. 
Sujeito passivo: o Estado (mais especificamente a pessoa jurídica de direito público que tinha o direito de 
arrecadar aquele determinado tributo que foi sonegado). 
Em que consiste o crime: 
- O crime ocorre quando a pessoa não paga nada (suprime) ou paga menos do que deveria (reduz) 
- o valor do tributo (imposto, taxa, empréstimos compulsórias, contribuição de melhoria ou contribuições 
sociais) 
- ou o do acessório; 
- mediante uma das condutas fraudulentas previstas nos incisos. 
Obs: no caso do inciso V, ao contrário dos demais incisos, não se exige prova de que houve supressão ou 
redução do tributo. Trata-se de crime formal. 
Tipo objetivo (verbos do tipo): O crime pune a conduta de suprimir ou reduzir o tributo devido. 
Suprimir: não pagar nada do valor que deveria. 
Reduzir: pagar menos que era devido. 
 
Consumação: 
• Art. 1º, incisos I a IV: crimes materiais. 
• Art. 1º, inciso V: crime formal. 
 
Tentativa: É possível, apesar de ser de difícil ocorrência na prática. Existe, no entanto, uma peculiaridade 
interessante. Caso o agente tente suprimir ou reduzir tributo mediante conduta fraudulenta, mas não 
consiga por circunstâncias alheias à sua vontade, ele irá responder pelo crime do art. 2º, I, da Lei 
n.° 8.137/90 (e não pelo art. 1º da Lei nº 8.137/90 c/c o art. 14, II, do CP). 
O art. 2º, I é a forma tentada do art. 1º. Em vez de se valer do art. 14 do CP para fazer a adequação típica 
da tentativa, utiliza-se o inciso I do art. 2º. 
 
Crime material e lançamento definitivo: Como visto, os crimes dos incisos I a IV do art. 1º da Lei nº 
8.137/90 são materiais. Assim, para que se configurem, é indispensável a constituição definitiva do 
crédito tributário, nos termos da SV 24-STF: 
Súmula vinculante 24-STF: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º, 
incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. 
 
A SV 24-STF não se aplica (não se exige constituição definitiva) para os seguintes delitos: 
• Art. 1º, inciso V. 
• Art. 2º, em todos os seus incisos. 
 
INCISO V 
Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer 
acessório, mediante as seguintes condutas: 
(...) 
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de 
mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. 
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Em que consiste o crime: 
a) O agente se nega ou deixa de fornecer nota fiscal (ou documento equivalente) relativa a venda de 
mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada. Ex: o comprador pede a nota fiscal e o 
vendedor se nega (recusa) a fornecê-la. 
b) O agente fornece a nota fiscal ou documento equivalente em desacordo com a legislação. 
 Chamo atenção novamente para o fato de que, para configurar o crime, NÃO será necessário aguardar a 
constituição definitiva do crédito tributário. O inciso V do art. 1º NÃO está abrangido pela SV 24-STF. 
O delito do art. 1º, inciso V, da Lei nº 8.137/90 é formal e prescinde do processo administrativo-fiscal para 
o desencadeamento da persecução penal, não estando abarcado pela condicionante da Súmula 
Vinculante nº 24 do STF (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.534.688/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, DJe 28/3/2016). 
 
PARÁGRAFO ÚNICO 
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser 
convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao 
atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. 
Em que consiste o crime: 
Ocorre quando a autoridade fazendária, no exercício da fiscalização tributária, dá uma ordem à pessoa 
exigindo alguma providência e esta se recusa a cumpri-la. 
Esse parágrafo único é como se fosse um crime de desobediência específico para ordens da autoridade 
fazendária no exercício da fiscalização. 
 
Feita esta breve revisão, imagine a seguinte situação hipotética: 
O Fisco estadual estava fazendo uma fiscalização tributária na empresa Jojo Ltda. O Auditor Fiscal intimou 
João, sócio-administrador da pessoa jurídica, para que ele apresentasse, no prazo de 10 dias, os livros e 
documentos ficais das vendas efetuadas pela empresa nos anos de 2014 a 2016. 
Apesar disso, João não atendeu a exigência imposta. Em consequência, a Administração Tributária 
Estadual lavrou Auto de Infração, aplicando multatributária de R$ 30 mil à empresa. Além disso, a SEFAZ 
encaminhou representação fiscal para fins penais ao Ministério Público para apurar eventual 
responsabilidade penal. 
O Promotor de Justiça ofereceu denúncia contra João imputando-lhe a prática do crime previsto no art. 
1º, inciso V e parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.137/90. 
 Quando viu que o negócio ficou complicado, João correu na SEFAZ e efetuou o pagamento integral da 
multa sancionatória aplicada. Depois, apresentou petição ao juiz do processo criminal requerendo a 
extinção da punibilidade alegando que o pagamento da multa amolda-se à hipótese prevista no § 2º do 
art. 9º da Lei nº 10.864/2003: 
Art. 9º É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 
27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, 
durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime 
de parcelamento. 
§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente 
efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. 
O juiz deverá acatar o pedido do réu? O pagamento da multa se enquadra na previsão do § 2º do art. 
9º da Lei nº 10.864/2003? NÃO. 
O pagamento da penalidade pecuniária imposta ao contribuinte que deixa de atender às exigências da 
autoridade tributária estadual quanto à exibição de livros e documentos fiscais não se adequa a 
nenhuma das hipóteses de extinção de punibilidade previstas no § 2º do art. 9º da Lei nº 10.864/2003. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.630.109-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 14/2/2017 (Info 
598). 
O pagamento da multa sancionatória imposta pelo Fisco não gera a extinção da punibilidade porque se 
trata apenas de sanção administrativa que não se confunde com tributo e acessórios. 
O Código Tributário Nacional estabelece o seguinte: 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não 
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
Pela leitura desse dispositivo fica bastante claro que: tributo não é a mesma coisa que multa. Tributo é 
uma prestação que não constitui sanção de ato ilícito (art. 3º). A multa, por outro lado, possui natureza 
sancionatória. 
Veja agora o que diz o art. 113 do CTN: 
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. 
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou 
penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. 
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, 
nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. 
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente 
à penalidade pecuniária. 
A obrigação do contribuinte de apresentar os livros e documentos fiscais é uma obrigação acessória, 
consistente que é uma obrigação de fazer (prestação positiva), nos termos do § 2º do art. 113. 
Quando esta obrigação é descumprida, o Fisco aplica uma multa e esta penalidade pecuniária converte-
se em obrigação principal (§ 3º do art. 113). 
Apesar de se converter em obrigação tributária principal, esta multa continua sem poder ser considerada 
como tributo. Assim, a penalidade pecuniária (multa) imposta ao contribuinte que deixa de atender a 
requisição da autoridade fiscal constitui obrigação tributária principal (art. 113, §§ 1º e 3º), mas não 
configura "tributo", por força do comando expresso contido no art. 3º que exclui do conceito de tributo 
a sanção decorrente de ato ilícito. 
Em outras palavras, a sanção pecuniária imposta ao contribuinte que deixa de atender a requisição da 
autoridade fiscal (multa) é uma obrigação tributária principal, mas não é tributo. 
A intenção do legislador ao prever a causa de extinção da punibilidade prevista no § 2º do art. 9º da Lei 
nº 10.864/2003 foi a de gerar maior arrecadação dos tributos. 
No delito do art. 1º, inciso V e parágrafo único, da Lei nº 8.137/90 não há supressão ou a redução de 
tributos mas, sim, desobediência das requisições da autoridade fiscal pelo contribuinte que não cumpre 
com obrigação de fazer, deixando de exibir livros ou documentos necessários à atividade fiscalizatória do 
Estado. 
No delito em questão, o bem jurídico tutelado é a preservação da própria função institucional do Fisco. 
Assim, o pagamento da multa sancionatória imposta ao contribuinte que deixa de atender a requisição 
da autoridade fiscal não dá ensejo à extinção da punibilidade em relação a dito delito porque isso não se 
coaduna com a finalidade pensada para a norma do § 2º do art. 9º da Lei nº 10.864/2003. 
 
Impossibilidade de medidas cautelares penais antes da constituição definitiva 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 819 
Antes da constituição definitiva do crédito tributário não existe crime de sonegação. Logo, não 
é lícito que a autoridade policial inicie investigação para apurar esse fato e não é possível que 
o juiz decrete medidas cautelares penais (exs.: quebra de sigilo, busca e apreensão etc.). 
Assim, não existindo o lançamento definitivo do crédito tributário, revela-se ilegal a concessão 
de medida de busca e apreensão e de quebra de sigilo fiscal, em procedimento investigatório, 
visando apurar os crimes em apreço. 
STJ. 5ª Turma. HC 211393/RS, julgado em 13/08/2013. 
Atenção, vide STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 
819): 
"Apesar da jurisprudência desta Suprema Corte condicionar a persecução penal à existência do 
lançamento tributário definitivo (Súmula vinculante nº 24), o mesmo não ocorre quanto à 
investigação preliminar". 
 
Investigação preliminar antes da constituição definitiva do crédito tributário 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STF - Informativo: 819 
Imagine que determinada empresa deixou de pagar tributos, fraudando a fiscalização tributária 
(inciso II do art. 1º da Lei nº 8.137/90). Ocorre que o Fisco ainda não terminou o processo 
administrativo-fiscal instaurado para apurar o fato. É possível que seja instaurado inquérito 
policial para apurar o crime mesmo não tendo havido ainda a constituição definitiva do crédito 
tributário? 
SIM. Nos crimes de sonegação tributária, apesar de a jurisprudência do STF condicionar a 
persecução penal à existência do lançamento tributário definitivo, o mesmo não ocorre 
quanto à investigação preliminar. Em outras palavras, mesmo não tendo havido ainda a 
constituição definitiva do crédito tributário, já é possível o início da investigação criminal para 
apurar o fato. 
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819). 
 
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A extinção do crédito tributário pela prescrição não influencia na ação penal por crime contra 
a ordem tributária 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 579 
O reconhecimento de prescrição tributária em execução fiscal não é capaz de justificar o 
trancamento de ação penal referente aos crimes contra a ordem tributária previstos nos 
incisos I a IV do art. 1º da Lei nº 8.137/90. 
A constituição regular e definitiva do crédito tributário é suficiente para tipificar as condutas 
previstas no art. 1º, I a IV, da Lei nº 8.137/90, não influenciando em nada, para fins penais, o 
fato de ter sido reconhecida a prescrição tributária. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 202.617/DF, Rel. Min. Campos Marques (Des. Conv. do TJ/PR), 
julgado em 11/04/2013. 
STJ. 6ª Turma. RHC 67771-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/3/2016 (Info 579). 
 
Explicação extra – julgado: 
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição 
definitiva. 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, 
regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
(...) 
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; 
As esferas penal e tributária são independentes. Assim, o fato de ter escoado o prazo para a cobrança do 
crédito tributário em razão da prescrição, não significa que o crime tributário não se consumou. Ao 
contrário, a prescrição no direito tributário é um fenômeno que só ocorre após ter havido a constituição 
do crédito tributário. 
O delito de sonegação fiscal se consuma no momento do trânsito em julgado do processo administrativo-
fiscal. Neste instante, há a constituição definitiva do crédito tributário e o crime tributário se consuma. 
Por essa razão, uma vez regular e definitivamente constituído o crédito tributário, sua eventual extinção 
na esfera tributária, pela prescrição (art. 156 do CTN), em nada afeta o jus puniendi estatal, que também 
resta ileso diante da prescrição para a ação de cobrança do referido crédito (art. 174 do CTN). 
Em suma, as instâncias administrativo-tributária, cível e penal são independentes, o que significa que a 
extinção do crédito tributário pela prescrição não implica, necessariamente, a extinção da punibilidade 
do agente (STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 202.617/DF, Rel. Min. Campos Marques (Des. Conv. do TJ/PR), 
julgado em 11/04/2013). 
Precedente citado do STJ: AgRg no AREsp 202.617-DF, Quinta Turma, DJe 16/4/2013. Precedente citado 
do STF: HC 116.152-PE, Segunda Turma, DJe de 7/5/2013. 
 
Aspectos da dosimetria da pena no crime de sonegação fiscal 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STF - Informativo: 799 
Determinado réu foi condenado por sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei 8.137/90). 
O STF considerou correta a sentença do juiz que, na 1ª fase da dosimetria da pena, aumentou a 
pena-base com fundamento em dois argumentos: 
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1) Na análise das circunstâncias, o magistrado aumentou a pena sob a alegação de que o réu 
omitiu seu nome do quadro societário da empresa com o objetivo de esconder que era ele quem 
realmente administrava a empresa. 
O STF afirmou que o ardil utilizado pelo réu (omissão do seu nome do quadro societário da 
empresa) teve como objetivo acobertar sua real condição de administrador da empresa 
investigada e, com isso, furtar-se de possível aplicação da lei penal. Essa omissão do nome do 
réu no quadro societário não é a mesma omissão de que trata o inciso I do art. 1º. 
A omissão que é elementar do tipo é a omissão para suprimir ou reduzir tributo. A omissão do 
nome do réu foi para evitar que ele fosse descoberto. Logo, punir a omissão do nome do réu 
não significa punir o condenado duas vezes pelo mesmo fato. 
2) No exame das consequências do crime, o juiz também majorou a pena argumentando que o 
crime praticado gerou um grande prejuízo ao erário (mais de 2 milhões de reais), o que 
autorizaria a elevação da pena-base. Segundo entende o STF, em se tratando de infrações 
penais contra a ordem tributária, a extensão do dano causado pode ser invocada na 1ª fase 
da dosimetria como critério para exasperação da pena-base, sem que tanto implique bis in 
idem. 
STF. 2ª Turma. HC 128446/PE, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 15/9/2015 (Info 799). 
 
Termo inicial do prazo prescricional do crime previsto no art. 2º, I, da Lei 8.137/90 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STJ - Informativo: 568 
O termo inicial do prazo prescricional da pretensão punitiva do crime previsto no art. 2º, I, da 
Lei nº 8.137/90 é a data em que a fraude é praticada, e não a data em que ela é descoberta. 
Isso porque o referido tipo tem natureza de crime formal, instantâneo, sendo suficiente a 
conduta instrumental, haja vista não ser necessária a efetiva supressão ou redução do tributo 
para a sua consumação, bastando o emprego da fraude. 
Assim, o fato de a fraude ter sido empregada em momento determinado, ainda que irradie 
efeitos até ser descoberta, não revela conduta permanente, mas sim crime instantâneo de 
efeitos permanentes — os quais perduraram até a descoberta do engodo. 
STJ. 5ª Turma. RHC 36024-ES, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/8/2015 (Info 
568). 
 
Não ofende a presunção de inocência a exigência do Fisco de comprovação da origem de 
valores (art. 42 da Lei 9.430/96) 
Direito Penal Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90) Geral 
Origem: STF - Informativo: 750 
A Lei nº 9.430/96 trata sobre procedimentos de fiscalização tributária realizados pela Receita 
Federal. Em alguns dispositivos, a Lei define omissão de receita, ou seja, situações em que a 
fiscalização considera que o contribuinte não declarou corretamente as receitas ou rendimentos 
obtidos. Veja o que diz o art. 42: 
“Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta 
de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, 
pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, 
a origem dos recursos utilizados nessas operações.” 
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