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Rever a fisiopatologia da doença de chagas. Estudar as remodelações das cardiomiopatias relacionadas com a doença de chagas (fisiopatologia da ICC). Compreender como diagnosticar a ICC (exames, principalmente a radiologia) bem como suas manifestações clinicas. Discutir à cerca de doenças negligenciadas na saúde (quais são e seu motivos). Fisiopatologia da doença de chagas Essa doença é transmitida por um protozoário chamado de Trypanosoma Cruzi. Esse agente é encontrado, principalmente, no inseto conhecido como “barbeiro”. Esses insetos são encontrados em locais próximos a fonte de alimentos, ou seja, em mata, casca de tronco de árvore, nas frestas e buracos nas paredes da casa, além de encontra-los na cama, colchões e baús. Para que o barbeiro consiga transmitir o parasita, primeiro ele deve se alimentar do sangue de um hospedeiro infectado pelo Em seguida no estomago do babeiro o parasita assume a forma de Quando alcançam o intestino médio começam a se multiplicar em divisão binária simples. E, por fim, já no reto do mosquito tornam a sua forma Agora pronto para transmitir o parasita para os humanos, o mosquito deve picar o humano despejando suas fezes na pele ou mucosas da pessoa, que entram na corrente sanguínea. Uma vez contaminado, inicia-se o quadro clínico da doença que vai variar conforme o estado do sistema imunológico do paciente. A doença de chagas apresenta 3 fases: período de incubação, fase aguda e fase crônica. í çã A fase aguda possui um período de incubação de 4 a 14 dias, a partir da inoculação do parasita e uma duração de 2 a 4 meses. Por ser um período de clínica extremamente indefinida, pode ser caracterizada pela ausência de sintomas em 95% dos casos, ou ainda por sintomas que possam ser semelhantes a uma síndrome gripal leve. Por outro lado, a fase crônica dessa patologia inicia-se 2 a 4 meses após a infecção aguda. Neste período, o parasita que antes era perceptível na corrente sanguínea torna-se menos evidente e apesar do paciente apresentar sorologia positiva as manifestações clínicas podem não ser significantes por um longo período. É caracterizada pela presença exagerada de parasitas no organismo. os protozoários entram na corrente sanguínea na sua forma tripomastigotas, se aderem a diferentes tipos celulares, e quando entram na célula tornam-se amastigotas e começam a se reproduzir deliberadamente até um ponto em que a célula não suporta mais e se rompe, liberando no interstício não só mais protozoários como também restos de organelas celulares. Como consequência disso, aparecem sintomas como: processo inflamatório (sinais flogísticos), sinal de Romanã (reação a penetração do T. cruzi na mucosa ocular). Com o tempo, o número de parasitas na circulação diminui e, consequentemente, os sinais e sintomas vão diminuindo, dando início a fase crônica da doença. ô É a mais comum de acontecer, em especial em indivíduos adultos, e vai se caracterizar por esse longo período sem manifestações clínicas da doença de chagas. Em outros casos, a doença prossegue ativamente, passada a fase inicial, podendo comprometer muitos setores do organismo, salientando-se o coração e o aparelho digestivo, em virtude da mudança da fisionomia anatômica do miocárdio e do tubo digestivo (esôfago e cólon). Imagem 1: ciclo da transmissão do ciclo de Chagas Remodelação das cardiomiopatias relacionadas a doença de chagas O T. Cruzi pode infectar diversos órgãos do corpo humano, principalmente o sistema gástrico e o cardíaco. No coração esse parasita pode causar inflamações, fibroses, arritmias e remodelação cardíaca, promovendo a remodelação a longo prazo. A chagas só afetaram os órgãos alvo (coração, esôfago e colón) quando estiverem na fase crônica. Além disso, nessa fase quase não há sintomas. O T. Cruzi no hospedeiro vai se reproduzir intensamente na célula cardíaca e, como parte do seu ciclo de vida, provoca lise celular liberando seu conteúdo Problema 6 – Coração grande é coração bom? e ativando uma resposta imune no organismo. Sendo caracterizado, inicialmente, por uma miocardite aguda. Os pacientes com CCC podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas como . Os sintomas surgem de insuficiência cardíaca (IC), arritmias cardíacas e tromboembolismo causado por CCC. As desordens neurogênicas provocadas pela DC estão muito associadas ao comprometimento do . A presença do parasita no coração, bem como a resposta imune mediada por essa presença, promove um . A desenervação parassimpática cardíaca está relacionada com alterações na regulação da frequência cardíaca, demonstrando o alto risco da presença de arritmias nesses indivíduos Os efeitos microvasculares provocados pela DC estão entres as manifestações mais preocupantes da doença. Entre as lesões microcirculatórias mais comuns está a isquemia microvascular cardíaca. O processo inflamatório mediado pelo sistema imune e a agressão direta do parasita desencadeiam diversas lesões vasculares graves no indivíduo Pacientes com cardiopatia chagásica crônica geralmente apresentam IC biventricular, embora ocasionalmente a primeira manifestação clínica seja arritmia cardíaca ou acidente vascular cerebral As manifestações clinicas da CCC podem surgir de quatro tipos de distúrbios: Esses distúrbios podem ocorrer simultaneamente. Todos os mecanismos ocasionados pela CCC variam de intensidade e do momento em que surgem. Estima-se que o indivíduo possa permanecer na forma indeterminada da doença até surgirem os primeiros sinais da forma cardíaca. Figura 2: Processo de cronificação da DC - CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA í A arritmia cardíaca é uma alteração no ritmo de batimento do coração devido a um problema no sistema elétrico deste órgão. Essa alteração é comum em pacientes com CCC e podem ser ou podem causar São comuns encontrar arritmias atriais e ventriculares, disfunção do nó sinusal, variações de taquicardia e bradicardia e arritmias ventriculares mais complexas. Os indivíduos acometidos pela CCC r Em muitos casos a resolução dessas palpitações ocorre de forma rápida. O diagnóstico de arritmias cardíacas nesses indivíduos é realizado através da eletrocardiografia dinâmica A avaliação do Holter do indivíduo com suspeita de CCC é fundamental para caracterização da doença e início imediato do tratamento. O tromboembolismo é uma causa importante de e outras morbidades em pacientes com CCC. Além disso, é um dos da CCC e podem ocorrer em estágios menos avançados da doença, como por exemplo, na forma indeterminada da DC. Estimar o risco de tromboembolismo no individuo com CCC não é fácil, visto que essas microlesões vasculares podem não ser detectadas em exames de rotinas. Autopsias de indivíduos com CCC mostraram altas taxas de trombo intracardíacos, associados a maior propensão de êmbolos cardíacos e AVC í A dor torácica é um sintoma comum em pacientes com CCC com e sem IC. Geralmente é de caráter atípico, mas ocasionalmente pode mimetizar a angina. Os mecanismos propostos para a dor torácica incluem anormalidades microvasculares miocárdicas e regulação anômala da vasomotricidade. Além disso, alguns pacientes com CCC apresentam doença arterial coronariana concomitante. ê í Normalmente os sintomas se a infecção pelo parasita. A insuficiência cardíaca (IC) causada pela DC é uma síndrome grave e complexa, com alta taxa de mortalidade e baixa expectativa de vida para seus indivíduos. De forma geral, a IC de etiologia chagásica apresenta padrão O diagnóstico da insuficiência cardíaca nesses indivíduos é realizado através de Outros testes também estão disponíveis, por exemplo, , entre outros. Sendo possível diagnosticar apenas com o ECG. Em situações avançadas da CCC é possível notar aumento do tamanho do coração, chamada de . Esse acometimento é uma resposta fisiológica a presença da insuficiênciacardíaca. A partir desse diagnóstico o indivíduo é classificado de acordo com sua classe funcional momentânea, utilizando- se a escala da A classificação funcional do indivíduo com IC é fundamental para estipular tratamentos farmacológicos e condutas terapêuticas assertivas Imagem 3: Classificação funcional dos pacientes com insuficiência cardíaca - CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA Exames de Diagnostico das cardiomiopatias A cardiomegalia é um clássico da CCC, porém muitos pacientes não apresentaram. O padrão típico de cardiomegalia com campos pulmonares relativamente claros em pacientes com DC crônica é geralmente devido à disfunção ventricular direita com insuficiência tricúspide. Derrame pericárdico (que contribui para o aparecimento de cardiomegalia) e/ou derrame pleural podem estar presentes. Imagem 4: A radiografia de tórax em um paciente com CCC - Cardiomiopatia chagásica crônica (manifestações clínicas e diagnóstico) : As anormalidades do ECG são frequentemente o , mas os achados não são específicos. As anormalidades mais comuns no ECG são , particularmente bloqueio de ramo direito (BRD) e/ou bloqueio fascicular anterior esquerdo, e alterações difusas de ST-T. : A ecocardiografia é geralmente o usado para identificar anormalidades estruturais e funcionais cardíacas em pacientes com DC Anormalidades ecocardiográficas são observadas em pacientes sintomáticos e assintomáticos com DC crônica. A Imagem 5: Ecocardiograma de paciente com cardiopatia chagásica crônica. - Cardiomiopatia chagásica crônica (manifestações clínicas e diagnóstico) : É indicada em pacientes com suspeita de CCC para relacionados e para avaliar o risco de mortalidade usando o escore de Rassi. O monitoramento ambulatorial contínuo de ECG (Holter) pode mostrar uma ampla gama de anormalidades, incluindo Doenças negligenciadas na saúde Essas doenças são aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas e são consideradas endêmicas em . Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de estão infectadas com uma ou mais doenças negligenciadas, o que representa Embora exista um financiamento para pesquisas relacionadas a essas doenças esse valor é baixo, além de que o conhecimento adquirido, muitas vezes não é revertido em avanços terapêuticos por exemplo, novos fármacos, métodos diagnósticos e vacinas. Algumas das doenças negligenciadas são: Dengue; Doença de Chagas; Esquistossomose; Hanseníase; Leishmaniose; Malária; É importante salientar que nas fases iniciais da CCC, o ecocardiograma pode apresentar inalterado, permitindo que o indivíduo realize tarefas normais, sendo classificados como NYHA I. No entanto, o comprometimento cardíaco e a piora do quadro clínico se mantêm constantes e o risco de piora da classe funcional é extremamente alto Tuberculose Tripanossomíase Humana Africana (THA); Filariose linfática; Doenças tropicais. Estas enfermidades incapacitam ou matam milhões de pessoas e representam uma necessidade médica importante que permanece não atendida. Embora as sejam responsáveis por , apenas foram desenvolvidos especificamente para essas doenças. Referência Resumo sobre doença de Chagas (completo) – Sanarflix - Sanar Medicina. Disponível em: <https://www.sanarmed.com/resumo-sobre-doenca-de- chagas>. Acesso em: 23 fev. 2022. Doenças de Chagas - Secretaria da Saúde. Disponível em: <https://www.saude.go.gov.br/biblioteca/7585-doen%C3%A7as-de-chagas>. Acesso em: 23 fev. 2022. OMS. Doença de Chagas | Biblioteca Virtual em Saúde MS. 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