Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Lívia Leandro - MED FITS (P4) LEPTOSPIROSE e outras doenças causadas por enchentes Problema 04 - Mod 03 Objetivo 01: compreender a leptospirose definição Zoonoses são doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas. ➔ Os patógenos podem ser bacterianos, virais, parasitários, contato direto ou através de alimentos, água ou meio ambiente. Acomete animais e humanos, podendo produzir infecção grave. - Animais silvestres e domésticos servem de reservatório => em área urbana, os roedores sinantrópicos são os principais reservatórios, mas também cães e animais de produção. - Animais infectados não desenvolvem a doença e tornam-se portadores => abrigando a leptospira nos rins => eliminando-a viva no meio ambiente e contaminando água, solo e alimentos (bactéria pode ser eliminada através da urina desses animais durantes meses ou até anos) - O homem é considerado hospedeiro acidental e terminal dentro da cadeia de transmissão => hospedeiro definitivo - é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual. NO BRASIL É CONSIDERADA ENDÊMICA! ➢ Estima-se que 10 a 15% das infecções humanas evoluam para formas clínicas graves que, em geral, manifestam-se como duas síndromes características: ● Síndrome ou tríade de Weil: caracterizada por icterícia, insuficiência renal aguda e diátese hemorrágica, que apresenta letalidade entre 5 e 20% na maioria das séries clínicas; ● Forma grave de envolvimento pulmonar ou síndrome da hemorragia pulmonar grave (SHPS, do inglês severe hemorrhagic pulmonary syndrome): cuja letalidade é superior a 50%. Histórico… Em 1886, o médico alemão Adolf Weil, apresentou em um periódico a descrição “sobre uma enfermidade infecciosa característica, acompanhada por esplenomegalia, icterícia e nefrite”. Por outro lado, uma forma infecciosa de icterícia com características epidemiológicas similares às da leptospirose já era conhecida desde a Antiguidade. No início dos tempos bíblicos, na Mesopotâmia, havia a crença de que a água dos rios, ao inundar a terra, levava ao surgimento da doença ictérica. ➔ Isto remete a sua relação com as enchentes Segundo Hipócrates (460-370 a.C): “quando a icterícia sobrepõe-se a febre antes do sétimo dia, este é um mau sinal” ➔ Menção à evolução para a forma ictérica e mais grave da leptospirose. A leptospirose tem denominações antigas nos idiomas chinês e japonês que inclui termos como icterícia das lavouras de arroz, febre do outono ou febre dos sete dias. Muito tempo depois, na Europa, tornou-se conhecida a doença ictérica ocupacional relacionada tipicamente a atividades de mineiros, cortadores de cana-de-açúcar e tratadores de porcos. A partir do séc. 18, tornou-se claro que síndromes ictéricas podiam surgir como grandes epidemias. No entanto, doenças ictéricas diferentes, tais como hepatite infecciosa, febre amarela e malária, ainda não eram distinguidas. Lívia Leandro - MED FITS (P4) A partir do século 19, tornaram-se cada vez mais frequentes epidemias de uma doença ictérica associada a atividades militares, exposição a água, esgotos ou territórios com alta infestação de ratos. Provavelmente por questões técnicas relacionadas ao isolamento e crescimento in vitro, as espiroquetas (treponemas e leptospiras) foram um dos últimos grupos de bactérias a serem reconhecidos como patogênicos => o papel de ratos na transmissão da doença só foi identificado em 1916. epidemiologia Atualmente, o maior impacto social da doença é observado na América Latina, Índia e Sudeste Asiático. No Brasil, a leptospirose é umadoença endêmica, com uma média de 13.000 casos notificados por ano, sendo 3.500 confirmados, com letalidade média de 10,8%. Surtos epidêmicos => associados com questões ambientais tais como períodos chuvosos, com ocorrência de enchentes e inundações. Atinge em sua maioria o sexo masculino, moradores de zona urbana e periurbana, com baixa escolaridade e na faixa etária economicamente ativa. A média de internações de pacientes chega a 75 %, mostrando a gravidade da maioria dos casos detectados pelo sistema de vigilância epidemiológica. Esta doença tem elevado custo social em termos de anos potenciais de vida perdidos e gasto hospitalar. fatores de risco É historicamente relacionada à exposição ocupacional: trabalhadores envolvidos no manejo de animais, mineiros, militares, agricultores de culturas de campos alagados, moradores de favelas, baixas condições socioeconômicas, (trabalhadores expostos a lixo e lama - Garis e catadores de lixo). Moradores de zonas precárias em saneamento/risco de enchente: ➔ No século 20, o crescimento acelerado de zonas urbanas, com precário saneamento, associado à infestação por roedores e risco de enchentes sazonais transformou a leptospirose em uma causa comum de epidemias em grandes metrópoles de países em desenvolvimento. ➢ Fato associado ao Brasil… Pesquisa pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Bahia: acompanharam durante quatro anos cerca de 2 mil moradores da favela Pau da Lima, uma área em que a leptospirose é endêmica em Salvador => concluiu-se que a transmissão é influenciada por características ambientais e sociais => as famílias que vivem nas áreas de relevo mais baixo e próximo a córregos, em geral menos valorizadas, correm mais risco de ser contaminadas. Homens e baixa renda. Pesquisa Belém do Pará (2016): ● Adultos e jovens: 15 a 50 anos (relação com o trabalho); ● Mas o estudo apontou relevante infecção em menores de 15 anos (brincadeiras/esportes) ● Sexo masculino: 68,88% das notificações (trabalham com coleta de lixo/ construção e estão mais expostos à lama, ao solo e a outros materiais contaminados). ● Populações afro-descentes e pardos (vulnerabilidade social) No século 21, esses dois padrões epidemiológicos continuam coexistindo e a leptospirose persiste tanto como uma endemia rural => associada a plantações em áreas alagadas, quanto como a causa de grandes epidemias em aglomerações urbanas de países em desenvolvimento => especialmente durante as estações chuvosas. Doença reemergente em países desenvolvidos: ➔ risco de exposição em atividades recreativas e esportivas (ecoturismo e esportes aquáticos). No campo da veterinária: Lívia Leandro - MED FITS (P4) infecções agudas potencialmente letais em animais de estimação (especialmente cães), perdas reprodutivas em animais de produção => aumento do risco de exposição às leptospiras por seres humanos. Fatores de risco para o desenvolvimento de doença grave: presença de insuficiência renal aguda, necessidade de ventilação mecânica, choque séptico, níveis de creatinina > 1,13 mg/dL, dosagem de ureia > 7 mmol/L, TGP ou TGO > 50 UI, e contagem de plaquetas < 150.000/L.. forma de transmissão A transmissão ocorre pelo contato direto entre o ser humano e um animal infectado ou, mais frequentemente, pelo contato com água ou solo contaminado pela urina destes animais reservatórios. ★ Leptospiras patogênicas penetram membranas mucosas, pele com abrasões e, possivelmente, a pele intacta. ★ Período de incubação: varia de 1 a 30 dias (média entre 5 e 14 dias). Outras modalidades de transmissão possíveis, porém com rara frequência, são: contato com sangue, tecidos e órgãos de animais infectados, transmissão acidental em laboratórios e ingestão de água ou alimentos contaminados. A transmissão entre humanos é muito rara e de pouca relevância epidemiológica, podendo ocorrer pelo contato com urina, sangue, secreções e tecidos de pessoas infectadas. As leptospiras são agrupadas em duas espécies: ➔ Leptospira interrogans: agrega todas as leptospiras patogênicas. ➔ Leptospira biflexa: agrupando todas as formas de vida livre (saprófitas). => A morfologia das leptospiras, no entanto, não permite inferir sua patogenicidade. Existem mais de 200 sorovares patogênicos e 60 sorovares saprófitos. A principal causa de leptospirose aguda grave nas grandes cidades brasileiras é o sorovar Copenhageni do sorogrupo Icterohaemorrhagiae, que apresenta seletividade por ratos (Rattus spp.), seguido pelosorovar Canicola (sorogrupo Canicola), que apresenta seletividade por cães. Para pacientes provenientes de áreas rurais, ou que adquiriram a infecção por contato com a vida selvagem, o isolamento da leptospira causadora da doença poderá revelar qualquer sorovar de um amplo espectro de sorovares possíveis. No entanto, o conjunto de informações atualmente disponíveis aponta que qualquer sorovar patogênico é capaz de induzir formas graves. fisiopatologia Patogênese: A patologia renal da leptospirose é em geral descrita como uma combinação de lesão tubular aguda e nefrite intersticial. Há uma lesão primária tubular (provavelmente de etiologia tóxica) seguida por alterações inflamatórias secundárias. Há uma alta frequência de necrose tubular aguda => achado associado à sobreposição do quadro de depleção de sódio e potássio, desidratação, hipovolemia e isquemia renal. A nefrite intersticial tipicamente é concentrada no córtex e na transição corticomedular, com infiltrado inflamatório rico em linfócitos e macrófagos, concentrados em zonas periarteriais e periglomerulares. O fígado apresenta colestase e, na fase aguda da doença, um quadro peculiar de perda de coesão de células hepáticas caracterizada por total desorganização das traves hepáticas. Os hepatócitos Lívia Leandro - MED FITS (P4) apresentam alterações reacionais, tais como binucleação. A necrose hepática não é um achado comum em necropsias, entretanto, é frequentemente demonstrada em modelos experimentais. Fisiopatologia das formas graves: As leptospiras são altamente móveis => evasão imune no sítio primário de infecção => ganham a corrente sanguínea e se disseminam amplamente. A concentração de leptospiras no pulmão é tão alta quanto nos rins ou fígado na fase aguda da doença. Leptospiras não apresentam tropismo seletivo por determinado tecido ou órgão, no entanto, entre 14 e 28 dias após infecção, aderem à superfície luminal de túbulos proximais renais e passam a colonizar o lúmen. Há, portanto, depuração mediada pelo sistema imune das leptospiras nos tecidos, e sobrevivência seletiva nos túbulos renais. Assim, a leptospirose cursa com um quadro de resposta inflamatória sistêmica com ativação endotelial difusa, secreção de citocinas e estresse oxidativo. - Estes mecanismos da doença posicionam a fisiopatologia da leptospirose próxima à da sepse por bactérias Gram-negativas. Altos níveis séricos de marcadores pró-inflamatórios estão associados com a gravidade da doença e óbito. - Em uma série de casos, pentraxina longa (PTX3) e interleucinas 6 e 8 estavam associadas com desfecho letal. Pode-se afirmar que as toxinas da bactéria causam um tipo de vasculite aguda: - Inflamação dos vasos sanguíneos - Vermelhidão na pele - Destruição dos capilares => infiltração de sangue para dentro dos alvéolos => pulmão cheio de sangue => hemoptise, insuficiência repsiratória Defeito na reabsorção de sódio e potássio pelos túbulos renais - Efeito da inibição por toxinas bacterianas do cotransportador de sódio, potássio e cloro (NKCC2) do ramo espesso da alça de Henle. - O quadro de perda de potássio e sódio na urina induz hipopotassemia e perda de volume (insuficiência renal não oligúrica e desidratação). - Como 65% da reabsorção de magnésio se dá por transporte paracelular no ramo espesso da alça de Henlee depende do gradiente gerado pela absorção de sódio e potássio, é esperado algum grau de depleção de magnésio em qualquer nefropatia perdedora destes íons. - A depleção de sódio e água => pode levar à má perfusão renal associada ao quadro de hipovolemia e desidratação, com necrose tubular aguda. É um achado notável da leptospirose que a alta taxa de excreção renal de sódio e a incapacidade de concentrar urina => mantenham um estado de depleção de sódio e água mesmo em pacientes com sinais claros de desidratação e hipovolemia. Com a evolução da doença, sobrepõem-se a oligúria e a hiperpotassemia, que são marcadores clínicos da forma mais grave de insuficiência renal aguda na leptospirose.=> justifica a vigorosa reposição de volume em pacientes com leptospirose para prevenção de evolução para quadros mais graves. O genoma de leptospiras apresenta genes ortólogos a genes de mamíferos que codificam proteínas envolvidas na hemostasia, tais como o domínio A do fator de von Willebrand e uma enzima (acetil-hidrolase) que cliva o fator de ativação plaquetária. Postula-se que estas proteínas poderiam ter efeito direto sobre a hemostasia ou induzir distúrbios associados a reação cruzada e autoimunidade. Além disso, leptospiras secretam uma enolase que interage com a plasmina do hospedeiro. Estas interações têm o potencial de explicar um mecanismo de ativação e depleção plaquetária único das leptospiras. Lívia Leandro - MED FITS (P4) quadro clínico O período de incubação da doença varia de 1 a 30 dias, sendo mais frequente entre 5 e 14 dias A doença apresenta manifestações clínicas variáveis, desde formas assintomáticas e oligossintomáticas até quadros clínicos graves associados a manifestações fulminantes. Fases precoce (leptospiremia) => caracterizada por febre, cefaleia, mialgia, anorexia, náuseas e vômitos, presentes em 90% dos casos, semelhante a outras doenças febris agudas. Podem ocorrer diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse. Exantema ocorre em 10-20% dos pacientes e apresenta componentes de eritema macular, papular, urticariforme ou purpúrico, distribuídos no tronco ou região pré-tibial. Hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia podem ocorrer, mas são achados menos comuns (<20%). Essa fase tende a evolução espontânea de três a sete dias sem deixar sequelas. Sinais e sintomas que podem ajudar a diferenciar a fase precoce da leptospirose de outras causas de doenças febris agudas. Sufusão conjuntival é um achado característico da leptospirose e é observado em cerca de 30% dos pacientes. Esse sinal aparece no final da fase precoce da doença e é caracterizado por hiperemia e edema da conjuntiva ao longo das fissuras palpebrais. Com a progressão da doença, os pacientes também podem desenvolver petéquias e hemorragias conjuntivais. Geralmente, a leptospirose é associada à intensa mialgia, principalmente em região lombar e nas panturrilhas. Fase Tardia (Fase imune) => Em aproximadamente 15% dos casos, a leptospirose progride para a fase tardia da doença, que é associada a manifestações graves e potencialmente letais. Se geralmente iniciam após a primeira semana. A manifestação clássica da leptospirose grave é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias, mais comumente pulmonar. Entretanto, essas manifestações podem se apresentar concomitantemente ou isoladamente na fase tardia da doença. A síndrome de hemorragia pulmonar é caracterizada por lesão pulmonar aguda e sangramento pulmonar maciço e vem sendo cada vez mais reconhecida no Brasil como uma manifestação distinta e importante da leptospirose na fase tardia. Enquanto a letalidade geral para os casos de leptospirose notificados no Brasil é de 10%, a letalidade para os pacientes que desenvolvem hemorragia pulmonar é maior que 50% Icterícia: em geral aparecendo entre o 3o e o 7o dia da doença. A presença de icterícia é frequentemente usada para auxiliar no diagnóstico da leptospirose, sendo um preditor de pior prognóstico devido à sua associação com a síndrome de Weil. Manifestações graves da leptospirose, como a hemorragia pulmonar e a insuficiência renal, podem ocorrer em pacientes anictéricos. Portanto, os médicos não devem se basear unicamente na presença de icterícia para identificar pacientes com leptospirose ou com risco de complicações graves da doença. O comprometimento pulmonar da leptospirose apresenta-se com tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. A hemoptise franca denota extrema gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando à insuficiência respiratória (síndrome da hemorragia pulmonar aguda e Síndromeda Angústia Respiratória Aguda – SARA) e ao óbito. Por outro lado, na maioria dos pacientes a hemorragia pulmonar maciça não é identificada até que uma radiografia de tórax seja realizada ou que o paciente seja submetido à Lívia Leandro - MED FITS (P4) intubação orotraqueal. Assim, os médicos devem manter uma suspeição para a forma pulmonar grave da leptospirose em pacientes que apresentem febre e sinais de insuficiência respiratória, independentemente da presença de hemoptise. Além disso, a leptospirose pode causar síndrome da angústia respiratória aguda, mesmo sem sangramento pulmonar presente. A leptospirose pode causar outros tipos de diátese hemorrágica, frequentemente associados à trombocitopenia. Além de sangramento nos pulmões, os fenômenos hemorrágicos podem ocorrer na pele (petéquias, equimoses e sangramento nos locais de venopunção), nas conjuntivas e em outras mucosas ou órgãos internos, inclusive no sistema nervoso central. A insuficiência renal aguda é uma importante complicação da fase tardia da leptospirose e ocorre em 16% a 40% dos pacientes. A leptospirose causa uma forma peculiar de insuficiência renal aguda, caracterizada geralmente por ser não oligúrica e hipocalêmica devido à inibição de reabsorção de sódio nos túbulos renais proximais, aumento no aporte distal de sódio e consequente perda de potássio. Durante esse estágio inicial, o débito urinário é normal ou elevado, os níveis séricos de creatinina e ureia aumentam e o paciente pode desenvolver hipocalemia moderada a grave. Com a perda progressiva do volume intravascular, os pacientes desenvolvem insuficiência renal oligúrica devido à azotemia pré-renal. Nesse estágio, os níveis de potássio começam a subir para valores normais ou elevados. Devido àperda contínua de volume, os pacientes podem desenvolver necrose tubular aguda e não irão responder à reposição intravascular de fluidos, necessitando de início imediato de diálise para tratamento da insuficiência renal aguda. Outras manifestações frequentes na forma grave da leptospirose são: miocardite, acompanhada ou não de choque e arritmias agravadas por distúrbios eletrolíticos; pancreatite; anemia e distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea. A leptospirose é causa relativamente frequente de meningite asséptica. Com menor frequência ocorrem: encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de Guillain-Barré e mielite. Atenção: os casos da Forma Pulmonar Grave da Leptospirose podem evoluir para insuficiência respiratória aguda, hemorragia maciça, ou síndrome de angústia respiratória do adulto. Muitas vezes precede o quadro de icterícia e insuficiência renal. O óbito pode ocorrer nas primeiras 24 horas de internação. Fase de convalescença => Por ocasião da alta do paciente, astenia e anemia podem ser observadas. A eliminação de leptospiras pela urina (leptospirúria) pode continuar por uma semana ou, mais raramente, por vários meses após o desaparecimento dos sintomas. A icterícia desaparece lentamente, podendo durar dias ou semanas. Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes sorológicos, diminuem progressivamente, mas, em alguns casos, permanecem elevados por vários meses. Esse fato não deve ser interpretado como uma infecção prolongada, pois essa situação não é descrita para a leptospirose humana, exceto em casos raros, com comprometimento imunológico. Uveíte unilateral ou bilateral, caracterizada por irite, iridociclite e coriorretinite, pode ocorrer até 18 meses após a infecção, podendo persistir por anos. A reação de Jarisch-Herxheimer => caracterizada por início súbito de febre, calafrios, cefaleia, mialgia, exacerbação de exantemas e, algumas vezes, choque refratário a volume, decorrente da grande quantidade de endotoxinas liberada pela morte de bactérias espiroquetas após o início da antibioticoterapia. complicações complicações e mortes dependem do país e das cepas: ● quadro de hemorragia pulmonar maciça Insuficiência renal aguda Lívia Leandro - MED FITS (P4) ● Hemorragias gastrointestinais ● Hemorragia pulmonar (55% mortes em salvador-Br) diagnóstico - inclui o diferencial Casos suspeitos: Indivíduo com febre, cefaleia e mialgia, que apresente pelo menos um dos seguintes critérios: Critério 1: antecedentes epidemiológicos sugestivos nos 30 dias anteriores à data de início dos sintomas: ➔ Exposição a enchentes, alagamentos, lama ou coleções hídricas ➔ Exposição a esgoto, fossas, lixo e entulho ➔ Atividades que envolvam risco ocupacional como coleta de lixo e de material para reciclagem, limpeza de córregos, trabalho em água ou esgoto, manejo de animais, agricultura em áreas alagadas ➔ Vínculo epidemiológico com um caso confirmado por critério laboratorial ➔ Residir ou trabalhar em áreas de risco para a leptospirose Áreas de risco: áreas determinadas pela Vigilância Epidemiológica a partir da análise da distribuição espacial e temporal de casos de leptospirose, bem como dos fatores de risco envolvidos. Critério 2: pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: ➔ Sufusão conjuntival ➔ Sinais de insuficiência renal aguda (incluindo alterações no volume urinário) ➔ Icterícia e/ou aumento de bilirrubinas ➔ Fenômeno hemorrágico Anamnese: - Detalhar na HDA a cronologia de sinais e sintomas - Pesquisa dos sinais de alerta - Epidemiologia - Ocupação do paciente INDICAÇÕES PARA INTERNAÇÃO HOSPITALAR 1) Se o paciente apresentar um ou mais dos sinais de alerta acima relacionados, deve-se indicar a internação, iniciar a antibioticoterapia e as medidas de suporte direcionadas para os órgãos-alvo acometidos, principalmente pulmões e rins. 2) Os pacientes que não apresentarem sinais de alerta poderão ser tratados ambulatorialmente. A antibioticoterapia é indicada sempre que há suspeita do diagnóstico de leptospirose. Alguns trabalhos sugerem que sua efetividade é maior quando iniciada no início da doença, na primeira semana de início dos sintomas, porém sua indicação pode ser feita em qualquer momento da doença. 3) Os pacientes que não apresentarem sinais de alerta deverão ser orientados quanto à hidratação, uso de sintomáticos e busca por atendimento médico para reavaliação após 24 a 72 horas, ou retorno, a qualquer momento, se constatarem o aparecimento de sinais de alerta ou piora do quadro clínico. Exame físico ➔ Exame físico geral ➔ Sinais vitais: PA, FC, FR e temperatura ➔ Observar o estado de hidratação ➔ Observar sangramentos ➔ Avaliar diurese ➔ Avaliar o nível de consciência Lívia Leandro - MED FITS (P4) Obs: Investigar a presença de icterícia Dependendo da gravidade do caso, os sinais vitais deverão ser monitorados a cada 3 horas. Exames para casos suspeitos: - Diagnóstico diferencial - Avaliação da gravidade Hemograma e bioquímica (ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama-GT, fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+). Se necessário, também devem ser solicitados: radiografia de tórax, eletrocardiograma (ECG) e gasometria arterial. Nas fases iniciais da doença, as alterações laboratoriais podem ser inespecíficas, porém o leucograma pode ser útil, principalmente após o 3º dia de início dos sintomas, em diferenciar leptospirose de infecções virais agudas quando a leucometria se apresentar normal ou aumentada. As alterações mais comuns nos exames laboratoriais, especialmente na fase tardia da doença são: ➔ Elevação das bilirrubinas totais com predomínio da fração direta, podendo atingir níveis elevados ➔ Plaquetopenia ➔ Leucocitose, neutrofilia e desvio à esquerda ➔ Gasometria arterial, mostrando acidose metabólica e hipoxemia ➔ Aumento de ureia e creatinina ➔ Potássio sérico normal ou diminuído, mesmo na vigência de insuficiência renal aguda (potássio elevado pode ser visto ocasionalmente e, neste caso, indica pior prognóstico) ➔ creatinoquinase (CPK) elevada ➔ transaminases normais ou com aumento de três a cinco vezes o valorda referência (geralmente não ultrapassam a 500 UI/dl), podendo a TGO (AST) estar mais elevada que a TGP (ALT) ➔ anemia normocrômica (a observação de queda nos níveis de Hb e Ht durante exames seriados sem exteriorização de sangramentos pode ser indício precoce de sangramento pulmonar) ➔ fosfatase alcalina (FA) e gama glutamil transferase (Gama GT) normais ou elevadas ➔ atividade de protrombina (AP) diminuída ou tempo de protrombina (TP) aumentado ou normal ➔ baixa densidade urinária, proteinúria, hematúria microscópica e leucocitúria são frequentes no exame sumário de urina ➔ líquor com pleocitose linfomonocitária ou neutrofílica moderada (abaixo de 1.000 células/mm3 , comum na segunda semana da doença, mesmo com ausência clínica da evidência de envolvimento meníngeo); pode haver predomínio de neutrófilos, gerando confusão com meningite bacteriana inespecífica ➔ radiografia de tórax – infiltrado alveolar ou lobar, bilateral ou unilateral, congestão e SARA ➔ eletrocardiograma – fibrilação atrial, bloqueio átrio ventricular e alteração da repolarização ventricular Eventualmente, outros exames complementares poderão ser solicitados de acordo com a necessidade (vide sinais de alerta). Obs.: a leptospirose ictérica é associada a aumentos séricos de bilirrubina direta, que pode ser diferenciada das hepatites virais pelos achados de aumento dos níveis de CPK, leve a moderada elevação de aminotransaminases (<400U/L) e leucocitose com desvio à esquerda. O achado de hipocalemia moderada a grave é útil para diferenciar de outras doenças que causam IRA-insuficiencia renal aguda. EXAMES SOROLÓGICOS ESPECÍFICOS: - ELISA-IgM - Microaglutinação (MAT): padrão outro pela OMS => ela exige confirmação pelo MAT de todos os soros positivos. Lívia Leandro - MED FITS (P4) Diagnóstico diferencial Considerando-se que a leptospirose tem amplo espectro clínico, os principais diagnósticos diferenciais são: a) Fase precoce:dengue, influenza (síndrome gripal), malária, riquetsioses, doença de Chagas aguda, entre outras. b) Fase tardia:hepatites virais agudas, dengue hemorrágico, hantavirose, febre amarela, malária grave, febre tifóide, endocardite, riquetsioses, doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, colecistite aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome hepatorrenal, síndrome hemolítico-urêmica, outras vasculites incluindo lúpus eritematoso sistêmico, entre outras tratamento Para avaliação inicial dos pacientes internados, deverão ser solicitados os seguintes exames: hemograma; bioquímica (ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, atividade de protrombina, TGO, TGP, gama GT, FA, CPK, Na+ e K+); radiografia de tórax; gasometria arterial; ECG; sorologia para leptospirose; e hemoculturas para Leptospira e aeróbios. Devem ser reavaliados os sinais vitais, diurese e sinais de alerta, a cada 3 horas, ou de acordo com a necessidade do paciente. Critérios de internação em Unidade de Terapia Intensiva a) dispneia ou taquipneia (FR > 28 ipm) b) hipoxemia (PO2 < 60 mmHg em ar ambiente) c) escarros hemoptoicos ou hemoptise d) tosse seca persistente e) infiltrado em radiografia de tórax, com ou sem manifestações de hemorragia pulmonar (hemoptoicos ou hemoptise) f) insuficiência renal aguda g) distúrbios eletrolíticos e ácido-base que não respondem à reposição intravenosa de volume e/ou eletrólitos h) hipotensão refratária a volume i) arritmias cardíacas agudas j) alteração do nível de consciência k) hemorragia digestiva A queda de hemoglobina, especialmente para o paciente hidratado e sem exteriorização de sangramento, pode sugerir, precocemente, sangramento pulmonar. A queda súbita da hemoglobina, especialmente se associada a manifestações de comprometimento pulmonar (tosse, taquidispneia, alterações radiológicas), assim como a presença de escarros hemoptoicos ou hemoptise são critérios indicativos de internação em UTI, preferencialmente em Unidade de Referência Conduta Terapêutica Antibioticoterapia: - Mais eficiente na primeira semana - Mas pode-se utilizar em qualquer período Lívia Leandro - MED FITS (P4) Importante: - A Doxiciclina não deve ser utilizada em crianças menores de 9 anos, mulheres grávidas e em pacientes portadores de nefropatias ou hepatopatias. - A azitromicina ou claritromicina são alternativas para pacientes com contraindicação para uso de amoxicilina e doxiciclina. Embora o uso de macrolídeos ainda não tenha sido avaliado em testes clínicos, sua eficácia já foi demonstrada em trabalhos experimentais. Duração do tratamento com antibióticos intravenosos: pelo menos 7 dias. MEDIDAS DE SUPORTE - Evitam complicações e morte Fase precoce: orientação de repouso com uso de sintomáticos (evitando-se o uso de aspirina), hidratação adequada, coleta de exames para diagnóstico específico, retornos periódicos entre 24 e 72 horas para acompanhamento clínico ou em caso de aparecimento de sinais de alerta ou piora dos sintomas. Fase tardia: a) Manejo respiratório: Clínica de insuficiência respiratória, (FR >28 ipm, aumento do trabalho respiratório, alteração do nível de consciência, cianose) hemorragia pulmonar evidente ou radiografia de tórax com padrão de hemorragia alveolar ou SARA: garantir proteção de via aérea e ventilação mecânica invasiva com estratégia protetora. Excluídas as indicações acima, coletar gasometria arterial: se a PaO2 < 60 mmHg (em ar ambiente), fornecer O2 2 a 15 l/min, por cateter nasal ou máscara facial, ou ventilação mecânica não invasiva com CPAP (de acordo com as condições clínicas do paciente). Repetir gasometria após otimização de suporte de O2 : se a PaO2 < 60 mmHg, intubar e instituir ventilação mecânica invasiva com estratégia protetora. A ventilação mecânica com estratégia protetora consiste no uso de volumes correntes baixos (6 ml/kg estimado pela fórmula do ARDES-NET1 ) e pressão de platô < 30 cm de água para reduzir o risco de barotrauma em pacientes com lesão pulmonar aguda e SARA. Manobras de recrutamento alveolar e incremento da PEEP são fundamentais nos casos com comprometimento respiratório grave, principalmente naqueles que evoluírem com potencial sangramento pulmonar. A PEEP inicial de 5 cm de água deve ser aumentado conforme a demanda e associado a medidas de recrutamento e de incremento da FiO2 visando manter a PaO2 > 60 mmHg, a SatO2 > 90% e a relação PO2 /FiO2 > 200. b) Manejo sistêmico: Em caso de desidratação, expandir com Soro Fisiológico 0,9% (iniciar com 500 ml e repetir duas a três vezes conforme a necessidade) e observar a resposta. Se mantiver hipotensão após a hidratação adequada, administrar noradrenalina na dose inicial de 0,05 µg/kg/min em infusão contínua e com ajustes visando manter a PA média > 60 mmHg. Na falta de noradrenalina, a dopamina pode ser utilizada na dose inicial de 5 µg/kg/min, com acréscimos de 2 a 3µg/kg/min, visando manter a PA média > 60 mmHg até o máximo de 20 µg/kg/min. A dobutamina pode ser associada ou usada isoladamente nos casos de disfunção miocárdica, insuficiência cardíaca Lívia Leandro - MED FITS (P4) congestiva (ICC), choque cardiogênico, ou de acordo com parâmetros da saturação venosa mista, na dose inicial de 5 µg/kg/min, com acréscimos de 2 a 3 µg/kg/min, até o máximo de 20 µg/kg/min, visando manter a PA média > 60 mmHg. Nos pacientes com comprometimento pulmonar e hemorragia, realizar hidratação com cautela, principalmente se o paciente estiver oligúrico. Hidratação intravenosa excessiva pode piorar a função pulmonar desses pacientes. c) Manejo renal: Monitorizar a diurese e níveis séricos de ureia e creatinina. Se o paciente mantiver insuficiência renal oligúrica após hidratação adequada, pode-se tentar revertê-la com furosemida. Entretanto, não se deve retardar o início da diálise se ela for indicada. No caso de insuficiência renal aguda oligúrica instalada, indicar diálise (de preferência, a hemodiálise) precocemente e diária, para diminuir os níveis de ureia e creatinina. Em locais onde a hemodiálisenão puder ser realizada, deve ser feita a diálise peritoneal, a qual também deve ser iniciada precocemente nos pacientes oligúricos. Insuficiência renal não oligúrica – realizar hidratação adequada e reavaliar a necessidade de diálise. Já os pacientes com comprometimento pulmonar podem ter indicação de diálise mais precoce, mesmo que tenham alguma diurese. Hipocalemia grave (K+ < 2,5 mEq/l), acompanhada ou não de arritmia cardíaca, repor potássio na velocidade de 0,5 mEq/kg/h até o máximo de 10 a 20 mEq/h, diluído em soluções de, no máximo, 80 mEq/l, durante 2 horas, reavaliando com novas dosagens de potássio. Repor, com cautela, na presença de insuficiência renal. Nas hipopotassemias mais leves, aumentar a dose de potássio na manutenção. d) Manejo da hemorragia: Nos casos com plaquetopenia grave (≤ 20.000/mm3 ) e com fenômenos hemorrágicos (≤ 50.000/mm3), deve-se ministrar concentrado de plaquetas, principalmente quando o paciente for submetido a procedimento médico invasivo, como passagem de cateter venoso central. Se o coagulograma estiver alterado (TP elevado, AP diminuído, tempo de sangramento e tempo de coagulação aumentados), nas hemorragias maciças, sugere-se a utilização de plasma fresco congelado. Coagulação intravascular disseminada não é um fenômeno muito observado nos pacientes com leptospirose. Prevenção de hemorragia digestiva – pantoprazol (40 mg, IV, de 12/12h) ou omeprazol (40 mg, IV, de 12/12h) ou ranitidina (50 mg, IV, de 8/8h ou de 6/6h). e) Manejo cardíaco: Arritmias cardíacas (fibrilação atrial e extrassístoles supraventriculares e ventriculares) – corrigir inicialmente os distúrbios hidroeletrolíticos; caso persistam as arritmias, aplicar tratamento direcionado para o tipo de arritmia. No caso de disfunção miocárdica, ICC ou choque cardiogênico, o uso de droga vasoativa com efeito inotrópico, como a dobutamina, pode ser mais adequado, como o descrito na orientação para o manejo sistêmico (item b) CRITÉRIOS DE ALTA HOSPITALAR - Para ter alta hospitalar, os pacientes internados precisam preencher todos os critérios a seguir: regressão das manifestações clínicas – sangramentos, plaquetopenia, quadro pulmonar, insuficiência renal e poliúria. Obs.: a icterícia residual não contraindica a alta, pois regride lentamente em dias ou semanas. Lívia Leandro - MED FITS (P4) prevenção Os principais agentes transmissores da leptospirose são os ratos, que por meio da urina eliminam a bactéria causadora da doença, a Leptospira. Portanto, evitar o contato com a água de enxurradas e enchentes é o mais recomendado como medida preventiva, assim como evitar lavar sem proteção adequada quintais, caixas de esgoto e áreas que possam ter sido contaminadas => “Quando essas enchentes acontecem, a urina de ratos existente em esgotos e bueiros mistura-se a água das enxurradas e lama”, Objetivo 02: compreender as principais doenças causadas por alagamentos A maioria das situações de contaminação acontece em razão da ingestão dessa água contaminada ou, às vezes, somente pelo contato com ela. Cólera DEFINIÇÃO: É uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, transmitida por contaminação fecal-oral direta ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados. O período de incubação da bactéria, tempo que leva para provocar os primeiros sintomas no organismo, varia de algumas horas a 5 dias da infecção. Na maioria dos casos, esse período é de 2 a 3 dias. O período de transmissibilidade perdura enquanto a pessoa estiver eliminando a bactéria nas fezes, o que ocorre, na maioria dos casos, até poucos dias após a cura. Para fins de vigilância, o período aceito como padrão é de 20 dias. QUADRO CLÍNICO: Frequentemente, a infecção é assintomática ou causa diarreia leve. Pode também se apresentar de forma grave, com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor abdominal e cãibras. Quando não tratada prontamente, pode ocorrer desidratação intensa, levando a graves complicações e até mesmo ao óbito. A doença está ligada diretamente ao saneamento básico e à higiene. dengue DEFINIÇÃO: Dengue é uma doença febril grave causada por um arbovírus. Arbovírus são vírus transmitidos por picadas de insetos, especialmente os mosquitos. Existem quatro tipos de vírus de dengue (sorotipos 1, 2, 3 e 4). Cada pessoa pode ter os 4 sorotipos da doença, mas a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para ele. O transmissor (vetor) da dengue é o mosquito Aedes aegypti, que precisa de água parada para se proliferar. O período do ano com maior transmissão são os meses mais chuvosos de cada região, mas é importante manter a higiene e evitar água parada todos os dias, porque os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano até encontrar as melhores condições para se desenvolver. Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis, porém as pessoas mais velhas têm maior risco de desenvolver dengue grave e outras complicações que podem levar à morte. O risco de gravidade e morte aumenta quando a pessoa tem alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão, mesmo tratada. QUADRO CLÍNICO: ● Febre alta > 38.5ºC. ● Dores musculares intensas. ● Dor ao movimentar os olhos. ● Mal estar. ● Falta de apetite. ● Dor de cabeça. ● Manchas vermelhas no corpo. No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), leve ou grave. Neste último caso pode levar até a morte. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás Lívia Leandro - MED FITS (P4) dos olhos, erupção e coceira na pele. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Em alguns casos também apresenta manchas vermelhas na pele. Na fase febril inicial da dengue, pode ser difícil diferenciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). febre tifóide DEFINIÇÃO: A Febre Tifóide é uma doença bacteriana aguda, causada pela Salmonella enterica sorotipo Typhi, de distribuição mundial. A doença está diretamente associada a baixos níveis socioeconômicos, principalmente em regiões com precárias condições de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental. Se não tratada adequadamente, a Febre Tifoide pode matar. Nesse contexto, a Febre Tifoide está praticamente eliminada de países onde esses problemas foram superados. No Brasil, a doença ocorre sob a forma endêmica em regiões isoladas, com algumas epidemias onde as condições de vida são mais precárias, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. A infecção recorrente por Salmonella é uma das condições clínicas marcadoras da AIDS/HIV. Em regiões onde a bactéria causadora da Febre Tifoide é endêmica, a incidência da doença pode ser de 25 a 60 vezes maior entre indivíduos HIV positivos que em soronegativos. Os indivíduos HIV positivos assintomáticos podem apresentar doença semelhante ao imunocompetente e boa resposta ao tratamento usual. Doentes com aids (doença definida) podem apresentar Febre Tifoide particularmente grave e com tendência a recaídas. IMPORTANTE: A Febre Tifoide não apresenta sazonalidade ou outras alterações cíclicas, assim como distribuição geográfica, que tenham importância prática. A sua ocorrência está diretamente relacionada às condições de saneamento básico existentes e aos hábitos individuais. Em áreas endêmicas, acomete com maior frequência indivíduos de 15 a 45 anos e a taxa de ataque diminui com a idade. QUADRO CLÍNICO: ● febre alta; ● dores de cabeça; ● mal-estar geral; ● falta de apetite; ● retardamento do ritmo cardíaco; ● aumento do volume do baço; ● manchas rosadas no tronco; ● prisão de ventre ou diarreia; ● tosse seca. hepatite a DEFINIÇÃO: Hepatite A é uma doença viral aguda do fígado, causada pelo vírus daHepatite A. Transmissão A transmissão acontece pela via oral-fecal, ou seja, a ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes humanas onde o vírus da Hepatite A foi excretado. Mãos sujas com resíduos de fezes também podem levar à contaminação, se forem usadas para preparar alimentos. O contato sexual é considerado uma possível maneira de transmitir o vírus da Hepatite A. O contato sexual anal oferece mais risco e pode ser uma das explicações para o atual surto de Hepatite A nos Estados Unidos – e até no Brasil. QUADRO CLÍNICO: Lívia Leandro - MED FITS (P4) O período de incubação é de duas a quatro semanas, e a doença se inicia com: ● Febre ● Falta de apetite ● Náuseas ● Dores abdominais Muitos contaminados são assintomáticos, nada sentem ou sentem muito poucos sintomas. Estes casos leves são mais comuns em crianças: adultos costuma ser mais sintomáticos. A urina fica escura e as mucosas amarelas, o que a gente chama de icterícia. Crianças até 6 anos, como dito anteriormente, são menos sintomáticas e algo como 10% ficam ictéricas: no caso de adultos 70 % ficam ictéricos. malária DEFINIÇÃO: A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Toda pessoa pode contrair a malária. Indivíduos que tiveram vários episódios de malária podem atingir um estado de imunidade parcial, apresentando poucos ou mesmo nenhum sintoma. Porém, uma imunidade esterilizante, que confere total proteção clínica, até hoje não foi observada. Caso não seja tratado adequadamente, o indivíduo pode ser fonte de infecção por meses ou anos, de acordo com a espécie parasitária. No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica, composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Na região extra-Amazônica, composta pelas demais unidades federativas e o Distrito Federal, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois se observa uma alta letalidade que chega a ser 128 vezes (dado preliminar de 2019) maior que na região Amazônica. A malária não é uma doença contagiosa, ou seja, uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença diretamente a outra pessoa, é necessária a participação de um vetor, que no caso é a fêmea do mosquito Anopheles (mosquito prego), infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário. Estes mosquitos são mais abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno, porém em menor quantidade. IMPORTANTE: A malária é uma doença que tem cura e o tratamento é eficaz, simples e gratuito. Entretanto, a doença pode evoluir para suas formas graves se não for diagnosticada e tratada de forma oportuna e adequada. QUADRO CLÍNICO: Os sintomas mais comuns da malária são: ● febre alta; ● calafrios; ● tremores; ● sudorese; ● dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite. Quais são as complicações da malária? A malária grave caracteriza-se por um ou mais desses sinais e sintomas: ● prostração; ● alteração da consciência; ● dispnéia ou hiperventilação; ● convulsões; ● hipotensão arterial ou choque; ● hemorragias; ● Entre outros. Lívia Leandro - MED FITS (P4) As gestantes, as crianças e as pessoas infectadas pela primeira vez estão sujeitas a maior gravidade da doença, principalmente por infecções pelo P. falciparum, que, se não tratadas adequadamente e em tempo hábil, podem ser letais. toxoplasmose DEFINIÇÃO: A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário chamado “Toxoplasma Gondii”, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. É causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados e é uma das zoonoses (doenças transmitidas por animais) mais comuns em todo o mundo. Os casos agudos são, geralmente, limitados e com baixas incidências. A fase aguda da infecção tem cura, mas o parasita persiste por toda a vida da pessoa e pode se manifestar ou não em outros momentos, com diferentes tipos de sintomas. Quanto à infecção crônica, a taxa de incidência é baixa até os cinco anos de idade e começa a aumentar a partir dos 20. QUADRO CLÍNICO: A maioria das pessoas infectadas pela primeira vez não apresenta sintomas e, por isso, não precisam de tratamentos específicos. A doença em outros estágios, no entanto, pode trazer complicações, como sequelas pela infecção congênita (gestantes para os filhos), toxoplasmose ocular e toxoplasmose cerebral em pessoas que têm o sistema imunológico enfraquecido, como transplantados, pacientes infectados com o HIV ou em tratamento oncológico. Os sintomas da toxoplasmose são variáveis e associados ao estágio da infecção, (agudo ou crônico). Os sintomas normalmente são leves, similares à gripe, dengue e podem incluir dores musculares e alterações nos gânglios linfáticos. Pessoas com baixa imunidade: podem apresentar sintomas mais graves, incluindo febre, dor de cabeça, confusão mental, falta de coordenação e convulsões. Gestantes: mulheres infectadas durante a gestação podem ter abortamento ou nascimento de criança com icterícia, macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas. Recém-nascidos: dos recém-nascidos infectados (Toxoplasmose Congênita), cerca de 85% dos casos não apresentam sinais clínicos evidentes ao nascimento. No entanto, essas crianças podem indicar alterações como restrição do crescimento intrauterino, prematuridade, anormalidades visuais e neurológicas. Sequelas tardias são mais frequentes na toxoplasmose congênita não tratada. Há casos relatados de surgimento de sequelas da doença, não diagnosticadas previamente, ocorrendo apenas na adolescência ou na idade adulta. Os recém-nascidos que apresentam manifestações clínicas podem ter sinais no período neonatal ou nos primeiros meses de vida. Esses casos costumam ter, com mais frequência, sequelas graves, como acometimento visual em graus variados, retardo mental, anormalidades motoras e surdez. As sequelas são ainda mais frequentes e mais graves nos RN que já apresentam sinais ao nascer, com acometimento visual em graus variados, retardo mental, crises convulsivas, anormalidades motoras e surdez. Objetivo 03: Conhecer a Política Nacional de Saúde do Trabalhador Instituída pela Portaria n° 1.823 Finalidade: definir os principior, as diretrizes e estratégiasobservadas pelas 3 esferas de gestão do SUS, para desenvolvimento da atenção integral a saúde do trabalhador, proteção e proteção da saúde, e consequente, redução de morbimortalidade. Princípios e das diretrizes: I - universalidade; II - integralidade; https://antigo.saude.gov.br/#toxoplasmose Lívia Leandro - MED FITS (P4) III - participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social; IV - descentralização; V - hierarquização; VI - equidade; e VII - precaução. Implementação: I - as ações individuais, de assistência e de recuperação dos agravos, com ações coletivas, de promoção, de prevenção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho, e de intervenção sobre os fatores determinantes da saúde dos trabalhadores; II - as ações de planejamento e avaliação com as práticas de saúde; e III - o conhecimento técnico e os saberes, experiências e subjetividade dos trabalhadores e destes com as respectivas práticas institucionais. DOS OBJETIVOS: Art. 8º São objetivos da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora: I - fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração com os demais componentes da Vigilância em Saúde, o que pressupõe: a) identificação das atividades produtivas da população trabalhadora e das situações de risco à saúde dos trabalhadores no território; b) identificação das necessidades, demandas e problemas de saúde dos trabalhadores no território; c) realização da análise da situação de saúde dos trabalhadores;d) intervenção nos processos e ambientes de trabalho; e) produção de tecnologias de intervenção, de avaliação e de monitoramento das ações de VISAT; f) controle e avaliação da qualidade dos serviços e programas de saúde do trabalhador, nas instituições e empresas públicas e privadas; g) produção de protocolos, de normas técnicas e regulamentares; e h) participação dos trabalhadores e suas organizações; II - promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos saudáveis, o que pressupõe: a) estabelecimento e adoção de parâmetros protetores da saúde dos trabalhadores nos ambientes e processos de trabalho; b) fortalecimento e articulação das ações de vigilância em saúde, identificando os fatores de risco ambiental, com intervenções tanto nos ambientes e processos de trabalho, como no entorno, tendo em vista a qualidade de vida dos trabalhadores e da população circunvizinha; c) representação do setor saúde/saúde do trabalhador nos fóruns e instâncias de formulação de políticas setoriais e intersetoriais e às relativas ao desenvolvimento econômico e social; d) inserção, acompanhamento e avaliação de indicadores de saúde dos trabalhadores e das populações circunvizinhas nos processos de licenciamento e nos estudos de impacto ambiental; e) inclusão de parâmetros de proteção à saúde dos trabalhadores e de manutenção de ambientes de trabalho saudáveis nos processos de concessão de incentivos ao desenvolvimento, nos mecanismos de fomento e outros incentivos específicos; f) contribuição na identificação e erradicação de situações análogas ao trabalho escravo; g) contribuição na identificação e erradicação de trabalho infantil e na proteção do trabalho do adolescente; e h) desenvolvimento de estratégias e ações de comunicação de risco e de educação ambiental e em saúde do trabalhador; III - garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador, que pressupõe a inserção de ações de saúde do trabalhador em todas as instâncias e pontos da Rede de Atenção à Saúde do SUS, mediante articulação e construção conjunta de protocolos, linhas de cuidado e matriciamento da saúde do trabalhador na assistência e nas estratégias e Lívia Leandro - MED FITS (P4) dispositivos de organização e fluxos da rede, considerando os seguintes componentes: a) atenção primária em saúde; b) atenção especializada, incluindo serviços de reabilitação; c) atenção pré-hospitalar, de urgência e emergência, e hospitalar; d) rede de laboratórios e de serviços de apoio diagnóstico; e) assistência farmacêutica; f) sistemas de informações em saúde; g) sistema de regulação do acesso; h) sistema de planejamento, monitoramento e avaliação das ações; i) sistema de auditoria; e j) promoção e vigilância à saúde, incluindo a vigilância à saúde do trabalhador; IV - ampliar o entendimento de que de que a saúde do trabalhador deve ser concebida como uma ação transversal, devendo a relação saúde-trabalho ser identificada em todos os pontos e instâncias da rede de atenção; V - incorporar a categoria trabalho como determinante do processo saúde-doença dos indivíduos e da coletividade, incluindo-a nas análises de situação de saúde e nas ações de promoção em saúde; VI - assegurar que a identificação da situação do trabalho dos usuários seja considerada nas ações e serviços de saúde do SUS e que a atividade de trabalho realizada pelas pessoas, com as suas possíveis conseqüências para a saúde, seja considerada no momento de cada intervenção em saúde; e VII - assegurar a qualidade da atenção à saúde do trabalhador usuário do SUS.
Compartilhar