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Livro - FTM da EJA

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1 
 
Disciplina: Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Educação de Jovens e 
Adultos 
Autora: M.e Eliana Nunes Maciel Bastos 
Revisão de Conteúdos: D.ra Marli Pereira de Barros Dias 
Designer Instrucional: Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
2 
 
Eliana Nunes Maciel Bastos 
 
 
 
Fundamentos Teóricos e 
Metodológicos da Educação de 
Jovens e Adultos 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Marli Pereira de Barros Dias 
 
Designer Instrucional 
Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
 
Revisão Ortográfica 
Juliano de Paula Neitzki 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
BASTOS, Eliana Nunes Maciel. 
Fundamentos teóricos e metodológicos da educação de jovens e adultos/ Eliana 
Nunes Maciel Bastos. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2020. 
48 p. 
ISBN: 978-65-87972-04-6 
1. Alfabetização. 2. Aprendizagem. 3. Comprometimento ético. 
Material didático da disciplina de Fundamentos Teóricos e Metodológicos da 
Educação de Jovens e Adultos – Faculdade UNINA, 2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 06 
Aula 1 – EJA: reflexões relevantes e as políticas educacionais para a 
Educação de Jovens e Adultos .................................................................. 
 
07 
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 07 
 1.1 - EJA: reflexões relevantes para a prática contemporânea nesta 
modalidade ................................................................................................ 
 
07 
 1.2 - As políticas educacionais para a EJA .......................................... 10 
Conclusão da aula 1 ................................................................................... 16 
Aula 2 – As Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA .......................... 17 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 17 
 2.1 - O que as DCNs orientam para a EJA? ......................................... 17 
Conclusão da aula 2 ................................................................................... 27 
Aula 3 – Alfabetização de jovens e adultos: fundamentos teóricos e 
metodológicos ........................................................................................... 
 
27 
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 27 
 3.1 - Alfabetização de jovens e adultos: fundamentos teórico-
metodológicos ........................................................................................... 
 
28 
Conclusão da aula 3 ................................................................................... 36 
Aula 4 – Os sujeitos da educação a distância e a organização do trabalho 
com jovens e adultos .................................................................................. 
 
36 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 36 
 4.1 - A educação a distância (EAD) como instrumento para a EJA...... 37 
 4.2 - A organização do trabalho com a EJA ......................................... 39 
Conclusão da aula 4 ................................................................................... 44 
Índice Remissivo ........................................................................................ 46 
Referências ............................................................................................... 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Prefácio 
 
A disciplina Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Educação de 
Jovens e Adultos versará a respeito dessa modalidade educativa, que lida com 
um público muito diverso e complexo, repleto de difusas e apaixonantes 
características, e que precisam ser acolhidos na ambiência educativa com muita 
postura humana. 
Na nossa primeira aula, faremos relevantes reflexões acerca da vivência 
com os educandos da EJA, elencando alguns referenciais teóricos que 
colaboram a realização de uma prática humanizadora. E faremos uma 
abordagem dos fatos políticos e históricos que permeiam a historicidade da EJA 
no Brasil. 
No segundo encontro, destacaremos as Diretrizes Curriculares Nacionais 
(DCNs) que estabelecem critérios para o funcionamento da EJA nas instâncias 
escolares pelo país, sendo assim, serão sublinhados com mais veemência os 
princípios e as funções da EJA, enfatizando sua relevância para ampliar as 
possibilidades de desenvolvimento às pessoas envolvidas nos processos de 
ensino e aprendizagem. 
Na terceira aula, a abordagem se dará a respeito do processo de 
alfabetização na EJA, refletindo sobre a postura dialógica frente às reais 
necessidades dos educandos, sabendo que todos os sujeitos: docentes e 
discentes fazem parte do processo educativo e devem participar deste com 
entusiasmo. 
No quarto e último encontro, faremos uma discussão sobre a Educação a 
Distância – EAD e sua interação com a EJA, sublinhando que essas modalidades 
são ferramentas relevantes para a propagação do direito à educação. E serão 
feitas inferências a respeito da organização do trabalho pedagógico na EJA, por 
intermédio da elaboração de um planejamento intencional e flexivo, visando 
sempre a constituição de aprendizagens significativas para os educandos. 
Contudo, a EJA deve proporcionar uma educação qualitativa aos seus 
partícipes, a fim de que estes possam ter condições de transformar suas vidas, 
sendo protagonistas de suas histórias. 
 
 
 
7 
 
Aula 1 – EJA: reflexões relevantes e as políticas educacionais para a 
Educação de Jovens e Adultos 
 
Apresentação da aula 1 
 
Olá, estudante! Nesta aula, serão abordados aspectosrelevantes dessa 
prática educativa que é tão peculiar e que requer muito mais que a aprendizagem 
escolar, sobretudo, está em busca de um desejo maior: viver em sociedade com 
mais dignidade. Em seguida será feita uma abordagem de fatos políticos e 
históricos que colaboram para a realização da prática na EJA nos tempos atuais. 
 
 
Desafios da EJA 
Fonte: https://i0.wp.com/www.polemicaparaiba.com.br/wp-content/uploads/2016/07/ 
large49.jpg?quality=95&strip=all&ssl=1 
 
1.1 EJA: reflexões relevantes para a prática contemporânea nesta 
modalidade 
 
O trabalho educativo com os sujeitos na EJA precisa envolver a partir de 
um comprometimento ético do docente, em prol de atender tais pessoas em suas 
especificidades, primando em compreender suas condições de vida, para então, 
estabelecer um plano de trabalho, no qual tais sujeitos tenham participação ativa 
dentro do processo dialógico de aprendizagem, ou seja, é notório sublinhar que 
todos precisam ter voz e vez dentro do contexto da sala de aula, para que haja 
produções de conhecimentos plausíveis e úteis à vida das pessoas, as quais 
 
 
8 
 
necessitam, na maioria das vezes, sentirem-se acolhidas, por meio do domínio 
da leitura e da escrita. 
Por intermédio do diálogo, deve-se promover momentos de estudos 
proveitosos para alunos da EJA, tendo criatividade em encantar os processos de 
aprendizagem, sublinhando em aprender a ver e perceber o mundo com outros 
olhos, como as palavras do autor Paro (2008, p. 37), inspira a aplicação de atos 
educativos que expressem o “belo, com o justo e com o verdadeiro” (PARO, 
2008, p. 37). Assim sendo, é possível inferir que, por meio da educação, o sujeito 
se move em direção aos objetivos da história humana, compreendendo o seu 
papel no mundo e estabelecendo relações que possam influenciar na feitura de 
um mundo melhor. 
 
 
Trabalho livre e sala de aula 
Fonte: acervo do autor (2017). 
 
Freire (2003) destaca a respeito do trabalho livre em sala de aula. Na EJA, 
é estabelecido contato com os educandos, à medida que vão constituindo suas 
autonomias em defender suas ideias, elaboram seus pensamentos 
estabelecendo estratégias para suas compreensões de mundo e assim dominam 
o processo de alfabetização, construindo condições para melhorar sua leitura, 
interpretar e compreender o mundo a sua volta. Portanto, toda e qualquer 
estratégia de ensino e aprendizagem deve decorrer por atos que instigam a 
liberdade dos sujeitos, do aprendizado coletivo e do dialógico libertador, 
preparando os alunos para o cotidiano com autonomia, constituindo-se em 
pessoas com dignidade de vida, contagiando outros semelhantes a trilharem os 
caminhos que levam à concretização da educação recebida. 
 
 
9 
 
Neste ínterim, vale ressaltar as reflexões da autora portuguesa Isabel 
Alarcão (2003), que disserta a respeito da educação reflexiva e humana, 
abordando os aspectos de que as pessoas são as pedras angulares dos 
processos educacionais, porque sem elas as escolas não existem, são apenas 
edifícios vazios, e é nessa perspectiva que a educação na EJA deve estar 
pautada, nas relações dialógicas entre os sujeitos educacionais, ou seja, as 
pessoas são a pedra de toque desses ambientes, é por elas e para elas que os 
processos didáticos devem ser pensados. Portanto, deve-se elaborar um 
processo de ensino que atenda os sujeitos educacionais em suas 
especificidades, sendo necessário ouvir os estudantes e compreender os seus 
anseios, pois diversas e complexas são as causas que levam as pessoas 
chegarem à EJA. Contudo, a autora ainda instiga a reflexão sobre a relevância 
da educação na vida das pessoas quando exalta que esta é o cerne do 
desenvolvimento de toda a pessoa humana. Assim sendo, pode-se afirmar que 
é imprudente produzir um trabalho na EJA, se não sublinhar a pessoa como foco 
principal de tal tarefa, elencando todas as possibilidades de atender a real 
necessidade do educando, dialogando sempre, a fim de que o sujeito possa agir 
e participar da sociedade em que vive. 
 
Vocabulário 
Cerne: íntimo, centro, âmago, essência, interior. 
 
Assmann (1998) discorre a respeito do entusiasmo na educação, da 
necessidade de reencantar o processo de educar, ou seja, a sua prática 
educacional, e sem dúvida essa postura deve estar no cotidiano dos docentes 
que desejam realizar uma prática educacional transformadora na vida dos 
educandos, pois somente professores entusiasmados podem fazer a diferença 
na existência dos seus alunos e alunas, transpondo, assim, todas as dificuldades 
que compõem o cotidiano educativo em realidades. Porém, esse entusiasmo 
deve ser compreendido pela sua profissão com o desenvolvimento do seu 
semelhante, revelando resultados desejáveis, mediante as reais necessidades 
dos sujeitos educacionais. 
 
 
10 
 
Mídias 
Assista ao vídeo contendo resumo histórico da EJA no Brasil e uma ampla 
matéria sobre essa modalidade de educação. Disponível no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=j1vJQoHnxvc&t=36s 
 
1.2 As políticas educacionais para a EJA 
 
Após as reflexões iniciais, nas quais o objetivo foi de estimulá-los a 
compreender a relevância dessa modalidade educacional, frente os processos 
de inclusão das pessoas no direito à escola com qualidade, agora tem-se a 
necessidade de traçar ideias a respeito dos fatos históricos e políticos que 
colaboram para que a EJA seja hoje um direito garantido a todos os cidadãos 
brasileiros que necessitam dessa modalidade para alcançarem os seus objetivos 
de aprendizagens. 
Para tanto, na premissa desta discussão é necessário sublinhar que a 
herança da história brasileira deixa sérias características na educação, sendo 
que esta não foi uma prioridade por muito tempo, em que somente os filhos das 
pessoas muito ricas, provenientes dos colonizadores europeus, que tinham os 
seus professores/tutores particulares e depois continuavam e finalizavam os 
seus estudos na Europa. 
A história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil remete-se ao 
tempo dos Jesuítas (ordem religiosa da Igreja Católica), que catequizavam os 
índios, ou seja, ensinavam aos índios adultos suas culturas. Logo, essa 
educação de adultos tinha toda uma característica religiosa, sendo que o objetivo 
central era doutrinar os índios, podendo se dizer que os povos indígenas 
catequizados são um exemplo de EJA. 
No período do Império, destaca-se: a Constituição Imperial de 1824, com 
a promulgação da instrução primária gratuita para a elite; a Lei de 12/08/1843, a 
qual ordenava cada província brasileira organizar o seu ensino. Em 1882, Rui 
Barbosa defere alguns pareceres a respeito da educação e faz menção ao 
ensino dos adultos, porém, de maneira muito superficial, sendo tais pareceres 
predominantes de orientações para o ensino das crianças. 
 
 
11 
 
No período da República (final do século XIX e meados do século XX), 
destaca-se: o decreto nº 16.782 – A, de 13 de janeiro de 1925, conhecido como 
a Lei Rocha Vaz ou Reforma João Alves, que estabeleceu escolas noturnas para 
o ensino dos adultos. Vale ressaltar que os alfabetizadores noturnos tinham os 
mesmos direitos que os diurnos. Com a Revolução de 1930, houve algumas 
mudanças no quadro econômico e político, assim sendo, criou-se o Ministério 
dos Negócios da Educação e Saúde Pública, o qual mais tarde passaria a se 
chamar Ministério da Educação e Saúde. Em 1931, o Conselho Nacional de 
Educação (CNE) foi criado pelo Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931, e na 
Constituição de 1934 o ensino primário para crianças e adultos passa a ser 
obrigatório, porém, esta foi substituída pela Constituição de 1937, que não trouxe 
medidas positivas para a educação dos adultos. 
No Estado Novo (1937 – 1945), há uma grande preocupação com as 
imensas taxas de analfabetos no Brasil, pois era necessário que os adultos 
soubessem ler para trabalharem nas fábricas, ou seja, detectou-se que era 
precisoaperfeiçoar o homem para a efetivação da sua mão de obra no mundo 
capitalista. Em 1942, houve a criação do Fundo Nacional de Ensino Primário. 
Nessa época, Getúlio Vargas atuou como ditador. 
Portanto, em 1945, com o fim da ditadura de Vargas, houve o começo do 
fortalecimento da democracia no país. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o mundo 
estava passando por um momento de profundas reflexões e mudanças em prol 
de propagar o bem comum. 
 
Curiosidade 
A Conferência das Nações Unidas para a criação de uma organização 
educacional e cultural foi convocada em Londres de 1 a 16 de novembro de 
1945. No dia 16 de novembro, trinta e sete países assinam a carta que 
estabelece a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura (UNESCO). Na conferência, Ellen Wilkinson, então simultaneamente 
Ministra britânica da educação e presidente da Conferência geral, lê a recém-
adotada Constituição. 
 
 
 
12 
 
Em 1947, aconteceu a Campanha Nacional de Educação, dirigida por 
Lourenço Filho, dando ênfase à necessidade de alfabetizar os adultos, devido 
às altas taxas de analfabetismo no Brasil. 
As décadas de 50 e 60 do século XX se seguiram com certa 
conscientização por parte de algumas pessoas da sociedade brasileira, por 
intermédio de movimentos e debates, que algo deveria ser feito em favor da 
grande parcela da sociedade analfabeta, dentre os quais destaca-se: 
 
➢ Movimento de Educação de Base (MEB); 
➢ Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); 
➢ Movimento de Cultura Popular do Recife, iniciado em 1961; 
➢ Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes 
(UNE); 
➢ Campanha de Pé no Chão também se Aprende a Ler, da Secretaria 
de Educação de Natal; 
➢ Programa Nacional de Alfabetização, do Ministério da Educação e 
Cultura em 1964, que contou com a presença de Paulo Freire. 
 
Saiba mais 
O MEB, criado pelo Decreto nº 50.370, de 21 de março de 1961, deveria executar 
um plano quinquenal (1961-1965), que previa inicialmente 15 mil escolas 
radiofônicas e deveria expandir-se nos anos subsequentes. Para saber mais, 
acesse o link disponível: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-
tematico/movimento-de-educacao-de-base-meb 
Leia na íntegra sobre Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) 
acessando o link disponível: https://formacao.cancaonova.com/diversos/como-
surgiu-a-cnbb/ 
 
 Mídias 
Assista ao documentário que retrata aspectos relevantes sobre a vida e obra do 
Educador Paulo Freire. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v= 
5y9KMq6G8l8 
Assista também ao documentário sobre o Movimento de Cultura Popular do 
Recife, iniciado em 1961. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v= 
C7uBYIFuWKc 
 
 
13 
 
Especialmente, na década de 1960, destaca-se o nome do Educador 
Paulo Freire, precursor de um novo paradigma para a construção teórica e 
metodológica da educação de adultos, que teve um papel fundamental para o 
desenvolvimento da EJA no Brasil. O educador enfatizou a importância do povo 
na vida pública do país, fomentou iniciativas de educação popular, levando 
esperança para as pessoas que viviam oprimidas pela falta de conhecimento na 
sociedade, sem ao menos terem a possibilidade de assinarem os seus nomes 
em seus documentos pessoais. Nascia, assim, a proposta da educação 
libertadora, frente a um mundo cada vez mais desumano, avassalador de 
atender as exigências do capitalismo. Para tanto, estimulou-se a renovação dos 
métodos e procedimentos educativos frente às reais necessidades dos 
educandos adultos. 
 
Curiosidade 
Paulo Freire, educador brasileiro, ganhou vários títulos internacionais. Sua obra 
mais famosa Pedagogia do Oprimido foi traduzida para mais de 40 idiomas. 
Faleceu em 02 de maio de 1997, na cidade de São Paulo. No ano de 2012, em 
13 de abril, é declarado Patrono da Educação Brasileira, de acordo com a Lei 
12.612. 
 
Em janeiro de 1964, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização, o 
qual buscou disseminar por todo o Brasil programas de alfabetização orientados 
pela proposta de Paulo Freire. Contudo, em 1964, com o golpe militar, os 
programas de alfabetização foram suspensos e os seus promotores sofreram 
inúmeras repressões, entre eles, Freire, que foi preso e exilado, ficando fora do 
país por 16 anos. 
 
 Saiba mais 
Para saber mais sobre Educador Paulo Freire, acesse a página do instituto que 
leva o seu nome e tem como Presidente o Autor Moacir Gadotti. Disponível no 
link: http://www.paulofreire.org/ 
Também sugiro que você leia a obra organizada pelo MEC sobre a vida e obra 
de Paulo Freire da Coleção Educadores. Disponível no link: http://www.do 
miniopublico.gov.br/download/texto/me4713.pdf 
 
 
14 
 
No ano de 1967, o governo federal organizou o Movimento Brasileiro de 
Alfabetização (Mobral), o qual propagou um processo de alfabetização e de 
educação continuada para jovens e adultos em toda a nação. 
Em 1971, foi implantado o ensino supletivo, mediante a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional nº 5.692/71 e explicava em seu teor que esse 
ensino poderia ser efetivado a distância, por correspondência ou outros meios 
que fossem adequados. A implantação do Mobral deveria dar continuidade aos 
processos de aprendizagem, para o crescimento das taxas dos alfabetizados no 
Brasil. 
 
Saiba mais 
O presente artigo apresenta uma reflexão sobre a história e as memórias do 
Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL (1967- 1985). Disponível no 
link: http://www.ufpb.br/evento/index.php/ixsidh/ixsidh/paper/download/4318/17 
11 
 
Em 1985, o Mobral foi extinto e tem-se a implantação da Fundação 
Nacional para Educação de Jovens e Adultos, denominada então de Fundação 
Educar, propagando o atendimento das séries iniciais, a produção de materiais, 
entre outras atividades que visavam à progressão da alfabetização dos 
brasileiros. 
A Constituição Federal de 1988 trouxe em seu texto a Educação de 
Jovens e Adultos como dever do Estado e direito de todos, por intermédio da 
obrigatoriedade e da gratuidade do ensino fundamental. O artigo 208 da 
Constituição sublinha que a educação deve ser “assegurada inclusive sua oferta 
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria” (BRASIL, 
1988, art. 208). 
Nesses destaques de ações políticas, frente ao atendimento da EJA, no 
decorrer da história e tempo da nação brasileira, é importante relatar que, em 
1990, o Brasil participou da Conferência Mundial de Educação para Todos em 
Jomtien, na Tailândia, ato que interferiu muito nas decisões tomadas 
internamente, no país, para alcançar resultados positivos diante dos processos 
de educação para todos, no aspecto da inclusão dos sujeitos no ensino público, 
 
 
15 
 
gratuito e de qualidade. Para tanto, o ano de 1990 foi denominado como Ano 
Internacional da Alfabetização. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), promulgada em 
20 de dezembro de 1996, traz em seu artigo 37 a seguinte ordenação para o 
ensino da EJA: 
 
A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não 
tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e 
médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a 
aprendizagem ao longo da vida (BRASIL, 1996, art. 37). 
 
Ou seja, o artigo 37 da LDB menciona a EJA como direito do cidadão 
brasileiro. Esse texto de lei está atualizado mediante as últimas alterações em 
seu escrito, pois foi modificado recentemente nas suas palavras finais, tendo o 
objetivo de sublinhar que a formação do sujeito na EJA deve estar pautada em 
uma preocupação de prepará-lo para atuar na sua sociedade, com total 
autonomia, utilizando os meios adquiridos nos processos de ensino e 
aprendizagem para embelezar a sua vida de sentido, objetivos, e, sobretudo, 
conquistas individuais e coletivas, e consequentemente, a partir de sua postura 
cidadã autônoma, ajudar a tornar o mundo em um lugar mais agradávelde viver. 
Logo, a LDB traz a EJA em destaque nos seus artigos 37 e 38, versando 
sobre o atendimento peculiar a tais estudantes, que precisam ser compreendidos 
em suas características singulares, ou seja, as oportunidades educacionais 
ofertadas a tal público devem convergir às suas reais necessidades, as ações 
didáticas precisam ser organizadas, de acordo com a realidade dos educandos 
atendidos, a fim de que possam aprender com mais naturalidade e que utilizem 
os saberes adquiridos no âmbito da sala de aula para agirem em seus ambientes 
de convivência humana com mais sabedoria, sentindo-se parte de todo o 
processo de desenvolvimento que lhes for possível. 
No ano de 2000, destaca-se a Resolução CNE / CEB nº 01, de 05 de julho, 
que, institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e 
Adultos, buscando atender as peculiaridades dessa modalidade educacional. 
Em janeiro de 2001, é aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), 
Lei 10.172, que determina como um dos objetivos e metas da EJA a criação de 
 
 
16 
 
Programas de Alfabetização. O PNE de 2014, Lei nº 13.005, traz em suas metas 
9 e 10 orientações e objetivos a serem traçados no trabalho com a EJA. 
 
 
Meta 9 
Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos 
ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, 
erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de 
analfabetismo funcional. 
Meta 10 Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas da EJA nos ensinos 
fundamentais e médios, na forma integrada à educação 
profissional. 
Metas do PNE para a EJA 
Fonte: elaborado pelo autor (2018), adaptado pelo DI (2020). 
 
 Saiba mais 
Leia o artigo: “Desvendando o PNE – a educação de jovens e adultos demanda 
outra lógica”, e reflita a respeito das metas para a EJA instituídas no PNE de 
2014. Depois, faça uma análise sobre as características peculiares dessa 
modalidade educativa. Disponível no link: http://educacaointegral.org.br/repor 
tagens/desvendando-pne-educacao-de-jovens-adultos-e-mais-um-capitulo-da-d 
ivida-social-pais/ 
 
Conclusão da aula 1 
 
Nesta aula, buscamos enfatizar a prática educacional na EJA, 
sublinhando pontos culminantes para a compreensão dessa modalidade 
educativa, tão carente de docentes que sejam comprometidos com a 
transformação social das pessoas. Ainda, pontuamos aspectos importantes das 
políticas públicas instauradas no país. 
 
Atividade de aprendizagem 
Discorra a respeito das discussões propostas em nossa aula, elencando 
pontos relevantes sobre a prática educativa na EJA e os aspectos das políticas 
educacionais. 
 
 
 
 
17 
 
Aula 2 – As Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA 
 
Apresentação da aula 2 
 
Olá, estudante! Nesta aula, iremos abordar aspectos relevantes das 
Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA (DCNs), buscando intensificar o 
aprendizado a respeito dessa modalidade, instigando a reflexão sob a ótica da 
teoria x prática, a fim de que as pessoas atendidas na EJA tenham os seus 
direitos educacionais atendidos, de maneira que a postura didática do docente 
esteja permeada de humanidade frente às reais necessidades de aprendizagem. 
 
 
Fonte: https://potim.sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/Eja-Campo-Site-660x330. 
jpg 
 
2.1 O que as DCNs orientam para a EJA? 
 
As DCNs para a EJA foram estabelecidas pelo Parecer CNE/CEB 11/2000 
e Resolução CNE/CEB 1/2000. Destaca-se o trecho do Parágrafo Único: 
 
Como modalidade destas etapas da Educação Básica, a identidade 
própria da EJA considerará as situações, os perfis dos estudantes, as 
faixas etárias e se pautará pelos princípios de equidade, diferença e 
proporcionalidade na apropriação e contextualização das DCNs e na 
proposição de um modelo pedagógico próprio [...] (BRASIL, 2000). 
 
 
 
 
 
18 
 
Curiosidade 
O princípio da proporcionalidade está sublinhado nas DCNs, o que permite dizer 
que os componentes curriculares devem ser organizados conforme as 
necessidades dos educandos. 
 
Contudo, o trabalho com a EJA deve ser organizado pelo viés das 
singularidades do seu público, buscando entender a realidade dos indivíduos 
nela matriculados, nas suas diversidades. É preciso compreender as 
especificidades da comunidade, conversar com os educandos, conhecer suas 
histórias, saber sobre suas motivações e/ou necessidades para retornar aos 
estudos. 
 
 Saiba mais 
Leia na íntegra o texto de Lei das Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA 
(DCNs) e aguce os seus conhecimentos críticos. Disponível no link: 
http://confinteabrasilmais6.mec.gov.br/images/documentos/resolucao_CNE_CE
B_01_2000.pdf 
 
Acerca dos princípios que permeiam as DCNs para a EJA, destaca-se a 
equidade, que denota a respeito da oportunidade igual aos jovens e adultos, os 
quais por motivos diversos não puderam concluir os seus estudos na idade 
propícia e precisam ser atendidos em suas singularidades, tendo acesso a novas 
formas de trabalho e cultura, seus caminhos na sociedade por meio da aquisição 
da aprendizagem no âmbito escolar. Assim sendo, o princípio da equidade deve 
nortear um atendimento que prime pelo respeito às diferenças, valorizando a 
diversidade no contexto educativo. Pode-se afirmar que os sujeitos devem ser 
tratados de acordo com suas características individuais, a fim de que todos 
possam ter condições de aprendizagens favoráveis a se constituírem cidadãos 
conscientes e autônomos, portanto o educando deve ser ensinado conforme as 
suas condições de aprendizagem. 
 
 
 
19 
 
Vocabulário 
Equidade: (origem no latim aequitas), igualdade, simetria, retidão, 
imparcialidade, conformidade. 
 
O Inciso I do Parágrafo Único da Resolução CNE/CEB Nº 1, de 05 de julho 
de 2000, que estabelece as DCNs para EJA, sublinha que: “quanto à equidade, 
a distribuição específica dos componentes curriculares a fim de propiciar um 
patamar igualitário de formação e restabelecer a igualdade de direitos e de 
oportunidades face ao direito à educação” (BRASIL, 2000). 
 
Curiosidade 
A função equalizadora da EJA é sublinhada nas DCNs, sendo o fio condutor, 
oportunizando condições igualitárias de desenvolvimento aos sujeitos. 
 
No entanto, a EJA deve promover novas possibilidades para que os seus 
alunos vejam o mundo com outros olhos. Como sublinha Paulo Freire: “a leitura 
do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1988, p. 80), nessa afirmação 
o autor intensifica sua inferência a respeito da leitura de mundo, enquanto exorta 
a nossa reflexão acerca da prática na EJA: 
 
A educação leitura do mundo e leitura da palavra se impõe como 
prática indispensável a essa reinvenção do mundo, a assunção de nós 
próprios como sujeitos e objetos da história nos torna seres da decisão, 
da ruptura, da opção. Seres éticos (FREIRE, 2012, p. 66). 
 
Sobretudo, faz-se necessário apresentar o mundo vasto de conhecimento 
e conteúdo diverso para os alunos, que muitas vezes são destituídos do direito 
à dignidade de vida. É preciso dialogar com intrepidez, propondo momentos 
com os sujeitos, nos quais possam desenvolver suas comunicações social e 
política, de aprender, de entender o que é desenvolver o que se aprende, enfim, 
de apreender a sabedoria de ler o mundo, lendo as palavras. Afinal, Freire nos 
inspira que “Existir humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo” 
(FREIRE, 1977 p. 92). 
 
 
20 
 
Vocabulário 
Intrepidez: coragem, força inabalável diante de uma situação perigosa, bravura, 
expressão de destemor, de valentia, ousadia, ação de quem não tem medo, 
característica de intrépido. 
 
O segundo princípio a ser destacado sob a ótica da análise das DCNs 
para a EJA está posto no Inciso II do Parágrafo Único da legislação supracitada, 
e que designa: “quanto à diferença, a identificação e o reconhecimento da 
alteridade própria e inseparável dos jovens e dos adultos em seu processo 
formativo, da valorização do mérito de cada qual e do desenvolvimentode seus 
conhecimentos e valores” (BRASIL, 2000). 
Tendo em conta, a necessidade de promover a igualdade de 
oportunidades no ambiente educacional para a EJA, o aspecto do respeito à 
diferença corrobora toda a inferência realizada diante do primeiro princípio 
destacado, pois é preciso um olhar aprofundado para os alunos e compreendê-
los em suas essências, para então formular projetos de trabalhos que sejam úteis 
para o pleno desenvolvimento dessas pessoas. Contudo, destaca-se a 
alteridade como uma primazia de todo este contexto educacional, diria, que esta 
pode ser acrescida como também um princípio norteador da prática humana na 
EJA, tendo o pressuposto de colocar-se no lugar do outro, de entender suas 
características, respeitar sua cultura, configurando, assim, atos de inclusão de 
todo e qualquer ser humano no processo educacional, consolidando posturas 
inclusivas que colaboram para que a prática na EJA seja efetivada. Isso tudo em 
consonância com as orientações acerca da educação como direito de todos que 
norteiam as legislações em vigência, e como bem elucida a autora Mantoan 
(2003): “incluir é estar com”, contudo, para que haja resultados satisfatórios 
mediante os processos de aprendizagem / desenvolvimento dos educandos da 
EJA, é primordial andar lado a lado com tais sujeitos, conhecê-los e compreendê-
los. 
 
 
 
21 
 
 
Fonte: https://image.freepik.com/fotos-gratis/os-executivos-de-empresas-que-intera 
gem-uns-com-os-outros_1170-1778.jpg 
 
Sublinha-se o terceiro princípio elencado no Inciso III do Parágrafo Único 
da Resolução CNE/CEB Nº 1, de 05 de julho de 2000: 
 
Quanto à proporcionalidade, a disposição e alocação adequadas dos 
componentes curriculares face às necessidades próprias da EJA com 
espaços e tempos, nos quais as práticas pedagógicas assegurem aos 
seus estudantes identidade formativa comum aos demais participantes 
da escolarização básica (BRASIL, 2000). 
 
Entretanto, faz-se pensar, especificamente, na formação dos sujeitos na 
EJA, relacionando os conteúdos necessários às suas formações acadêmicas 
básicas, às reais necessidades de suas vidas em seus mundos de convivência, 
ou seja, é fundamental organizar uma prática pedagógica que dê respostas aos 
anseios cotidianos dos alunos e alunas da EJA, sublinhando uma aprendizagem 
significativa para tais sujeitos, da mesma forma que os ambientes devem ser 
organizados com o intuito de atender e acolher os educandos concebendo 
relações inclusivas em todos os aspectos, denotando assim todos os esforços 
cabíveis para uma ímpar formação humana. 
 
Reflita 
Como deve ser estruturada a prática educativa do docente que se preocupa em 
promover uma formação humana aos seus estudantes da EJA? 
 
 
 
22 
 
 
Fonte: https://image.freepik.com/fotos-gratis/estudante-maduro-em-sala-de-aula_1391-
555.jpg 
 
As funções da EJA, de acordo com as DCNs nessa modalidade, são 
“reparadora, equalizadora e qualificadora”. A primeira diz respeito não só à 
reparação pelo direito negado ao sujeito humano, mas tão somente devolver a 
esse sujeito a dignidade de existir em conformidade com os aspectos educativos 
vigentes em sua sociedade, ou seja, a educação é inerente ao ser humano, 
sendo algo natural ao desenvolvimento do ser, obtendo oportunidade de ler o 
mundo com as ferramentas de leituras, de ter voz e vez por intermédio de sua 
oralidade fundamentada em conhecimentos consolidados e flexíveis, como 
também saber escrever sobre suas angústias e sonhos, por exemplo. Em outras 
palavras, devolve-se ao sujeito uma igualdade ontológica de todo e qualquer ser 
humano, ou seja, é natural que se tenha o direito à educação, sendo algo 
inerente da pessoa humana, algo exigível dentro de todo e qualquer contexto de 
convivência humana. Afinal de contas, o indivíduo deve ser inserido à sua 
cultura, para que desenvolva o seu sentimento de pertencimento ao seu grupo 
de iguais. Algo ontologicamente imprescindível à natureza dos homens e 
mulheres, jovens e idosos que estão inseridos na EJA. 
A segunda função da EJA em destaque é a equalizadora, de oportunizar 
condições igualitárias para os sujeitos, vítimas da desigualdade social, que são 
inseridos na EJA. Sublinha-se trechos do texto da VI CONFITEA (Conferências 
Internacionais de Educação de Adultos) realizada no Brasil: 
 
[...] A reentrada no sistema educacional dos que tiveram uma 
interrupção forçada seja pela repetência ou pela evasão, seja pelas 
desiguais oportunidades de permanência ou outras condições 
adversas, deve ser saudada como reparação corretiva, ainda que 
tardia, de estruturas arcaicas [...] (BRASIL, 2000). 
 
 
23 
 
No entanto, deve-se receber esses estudantes com toda a postura 
inclusiva, acolhendo-os no processo educativo de maneira individual e coletiva, 
ao mesmo tempo que as diferenças são respeitadas a coletividade é sublinhada 
como condição favorável para a configuração de um meio social menos desigual, 
no qual todos possam cooperar para a propagação do bem comum, e o trecho 
desse documento é finalizado da seguinte forma: “[...] possibilitando aos 
indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, nos espaços 
da estética e na abertura dos canais de participação” (BRASIL, 2006). 
Outrossim, a função equalizadora da EJA é entendida como uma oferta 
de possibilidade maior ao sujeito, frente à sociedade que vive, podendo abrir o 
seu próprio caminho por intermédio da sua compreensão do mundo, 
desvencilhando assim os caminhos tortuosos da desigualdade e conquistando 
seus espaços de participação na sociedade de cunho democrático. 
E a terceira função da EJA destacada é a qualificadora, sobre a qual o 
documento supracitado especifica: 
 
Mais do que uma função, ela é o próprio sentido da EJA, ela tem como 
base o caráter incompleto do ser humano, cujo potencial de 
desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em quadros 
escolares ou não escolares (BRASIL, 2006). 
 
Para tanto, a função da EJA é qualificar as pessoas para viverem em seus 
mundos de convivência com dignidade humana, interagindo em seus ambientes 
com protagonismo, construindo suas histórias com autonomia, de tal forma que 
adquirem a aquisição da leitura e escrita na escola, mas vão moldando seus 
conhecimentos, reelaborando-os no decorrer de suas histórias de vidas, para 
além dos muros escolares nos espaços formais e não formais, pois como Freire 
(2003) ensina, o conhecimento é inacabado, pois o ser humano é histórico, 
repleto de dinamismo, enquanto houver fôlego de vida no planeta haverá sempre 
novas possibilidades de propagar conhecimentos. Portanto, os seres são, 
dinâmicos e inacabados, tudo é passível de mudança, existirão sempre novos 
aspectos para serem vistos, abordados ou investigados. 
 
 
 
 
24 
 
Curiosidade 
A CONFITEA (Conferência Internacional de Educação de Adultos) é realizada 
no mundo desde a primeira metade do século XX. Já foi realizada 06 vezes até 
o momento, sendo que a VI Conferência foi realizada no Brasil, na cidade de 
Belém, capital do Pará, e terá a periodicidade de 12 anos. 
 
Resolução CNE/CEB Nº 1, de 05 de julho de 2000 
Artigo 7º “[...] Será considerada idade mínima para a inscrição e 
realização de exames supletivos de conclusão do ensino 
fundamental a de 15 anos completos”. 
Parágrafo 
único 
“Fica vedada, em cursos de EJA a matrícula e a assistência 
de crianças e de adolescentes da faixa etária compreendida 
na escolaridade universal e obrigatória, ou seja, menores de 
15 anos”. 
Artigo 8º “[...] A idade mínima para a inscrição e realização de exames 
supletivos de conclusão do ensino médio é a de 18 anos 
completos”. 
Matrículas na EJA segundo as DCNs 
Fonte: elaborado pelo autor (2018), adaptado pelo DI (2020). 
 
Segundo as DCEs (Estado do Paraná) os eixos articuladores do trabalho 
pedagógico com a EJA são: trabalho, cultura e tempo. O trabalho designa-se na 
ação do homem que transforma o seuespaço, a natureza em volta. O autor 
Barato (2008) elucida as características do trabalho sob uma ótica axiológica, 
vislumbrando o valor do trabalho para a história de vida do sujeito, uma 
realização que dá sentido à vida, logo, o trabalho como eixo estruturante do fazer 
pedagógico na EJA tem o objetivo de unir a teoria com a prática, de pensar na 
profissão que o educando já exerce ou irá exercer, fazendo-o refletir sobre o seu 
papel na sociedade, e não somente fazer a sua tarefa de maneira mecanicista 
ou sem intencionalidade. Da mesma forma, o professor deve ter consciência e 
intencionalmente, ao abordar o eixo articulador do trabalho em seus projetos de 
aula, os educandos devem ser estimulados a compreenderem o trabalho como 
uma tarefa inerentemente humana, com um valor axiológico, sendo um 
princípio educativo em todos os seus aspectos de compreensão, o qual segundo 
o autor Barato (2008) deve ser celebrado sempre, na perspectiva de uma 
formação humana unilateral, na qual o sujeito em questão seja motivado, 
 
 
25 
 
estimulando o educando a formar-se integralmente no contexto educativo, 
intervindo na formulação de um mundo menos injusto, mais igualitário para todos 
os seus partícipes. 
 
Vocabulário 
Axiológica: é tudo aquilo que se refere a um conceito de valor ou que constitui 
uma axiologia, isto é, os valores predominantes em uma determinada sociedade. 
 
O segundo eixo articulador do trabalho pedagógico na EJA deve ser a 
cultura, a qual é compreendida como a forma de produção da vida do sujeito em 
seu mundo de convivência, desde a sua produção mais simplista às mais 
grandiosas, que envolvem as produções de trabalhos manuais com rendas às 
mais requisitadas e milionárias obras de artes expostas nos mais belos museus, 
ou seja, toda a produção humana é fruto cultural de um povo em seu tempo e 
espaço de existência. 
 
Curiosidade 
Cultura: significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as 
crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos 
pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma 
sociedade da qual é membro. Também é uma das grandes vertestes, 
possibilitando aprimorar os conhecimentos sobre a diversidade comum às 
ambiências humanas. 
 
Quando se trabalha a cultura de um país ou mundo com os educandos da 
EJA, são evidentes seus embaraços e motivações diante das características 
culturais, um exemplo disso é o trabalho com músicas populares brasileiras 
(MPB), devido a sua imensa diversidade e com letras de conteúdos históricos, 
tais ferramentas culturais podem ser abordadas com muita criticidade frente aos 
sujeitos estudantes, e serem configuradas em excelentes projetos de trabalho 
didático, pois ao mesmo tempo em que se apresenta algo novo, ou às vezes 
conhecido pelos educandos, porém, está se propondo outro olhar diante do que 
 
 
26 
 
já se conhecia. Esses são concebíveis resultados admiráveis, pois se explora 
uma nova cultura. Por sua vez os discentes inserem-se nessa cultura, ao 
colocarem suas experiências, por exemplo, quando se indica o ano da 
composição da música, e muitos deles trazem outras experiências dessa época, 
dando assim oportunidade singular para um denso, complexo e alinhado 
processo dialógico, no qual, possivelmente, irão se constituir culturas, que são 
advindas de ampliações vocabulares com novas, difusas e bonitas leituras de 
mundo. 
E por fim, têm-se o tempo como eixo articulador do trabalho com a EJA, 
tempo esse que deve ser considerado pelo docente no seu aspecto cronológico 
e pedagógico, primando pelo respeito integral aos educandos e ao currículo 
organizado mediante o tempo do período letivo, organizando assim da melhor 
maneira as intervenções a serem realizadas mediante os objetivos de 
desenvolvimento pleno dos sujeitos matriculados na EJA. E o segundo, o tempo 
pedagógico, é o respeito que deve ser expressado mediante o tempo de 
aprendizagem de cada indivíduo, sendo que é necessário observar o sujeito em 
sua individualidade, e de maneira concomitante respeitar o tempo vivido em sala 
frente ao coletivo, que necessita também ser atendido em sua especificidade. 
Sobretudo, é valorizar as singularidades dos sujeitos, mas primando o bem 
comum de todos os partícipes desse contexto educacional, valorizando seu 
tempo de vida, de aprendizagem, de convivência, disseminando uma 
compreensão de mundo e de tempo aos educandos. 
 
Parecer CNE/CEB Nº 6 / 2010 
➢ Para os anos iniciais do ensino fundamental, a duração deve ficar a critério 
dos sistemas de ensino (normalmente são 1200 horas distribuídas em 2 anos). 
➢ Para os anos finais do ensino fundamental, a duração mínima deve ser de 
1600 horas. 
➢ Para o ensino médio, a duração mínima deve ser de 1200 horas. 
➢ Para a educação profissional técnica de nível médio integrada com o ensino 
médio, a duração é de 1200 horas destinadas à educação geral, 
cumulativamente com a carga horária mínima para a respectiva habilitação 
profissional de nível médio. 
Carga horária para a EJA 
Fonte: elaborado pelo autor (2018), adaptado pelo DI (2020). 
 
 
 
27 
 
Conclusão da aula 2 
 
Nesta aula elencamos conhecimentos relevantes acerca das DCNs para 
a EJA, sublinhando os princípios: equidade, diferença e proporcionalidade. De 
igual modo, foram elencadas as funções da EJA: reparadora, equalizadora e 
qualificadora. Buscou-se refletir sobre as diretrizes para o trabalho com a EJA 
mediando-as com exemplos de vivências frente aos sujeitos aprendizes, os 
quais estão inseridos nessa modalidade e precisam ser acolhidos com uma 
prática pedagógica que tenha como primazia a formação humana de maneira 
unilateral. 
Atividade de aprendizagem 
Elabore um texto a respeito dos princípios e funções da EJA contidos nas 
DCNs, argumentando com suas palavras como tais diretrizes educativas 
podem ser asseguradas aos estudantes da EJA no contexto escolar. 
 
 
 
 
Aula 3 – Alfabetização de jovens e adultos: fundamentos teóricos e 
metodológicos 
 
Apresentação da aula 3 
 
Olá, estudante! Nesta aula discutiremos o processo de alfabetização para 
a EJA, relacionando as posturas práticas e necessárias frente a um atendimento 
humanista para os estudantes, em consonância com a intenção de alfabetizá-los 
de maneira eficaz, mediante a análise dos fundamentos teórico-metodológicos 
constituídos no decorrer do histórico deste país, buscando atender seus anseios 
diante da apreensão da leitura e escrita, a fim de que possam viver em sociedade 
com maior dignidade. 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3.1 Alfabetização de jovens e adultos: fundamentos teórico-metodológicos 
 
O processo de alfabetização é, primeiramente, uma construção de relação 
entre os sujeitos aprendizes, que devem aconchegar-se mediante o diálogo 
ético. Para tanto, os educadores da EJA necessitam ter muita sensibilidade e 
conhecimento, para compreenderem as reais necessidades dos seus 
educandos, aproximando-se do intuito de desenvolver os seus trabalhos com 
intencionalidade, obtendo maior possibilidade de alcançar resultados 
satisfatórios, os quais proporcionem o pleno desenvolvimento da pessoa 
humana em questão. Um exemplo: empatia, se questionar por que, quais os 
objetivos de estarem e/ou retornarem à escola. 
Ao tentar entender seus alunos a respeito dos seus sonhos como seres 
humanos, auxilia-se a estimulá-los a formularem os seus sonhos, pois muitos 
deles retornam ao âmbito escolar tão desiludidos com suas histórias de vidas 
que já não possuem mais a habilidade de sonhar, porém, precisam encontrar 
motivações para estudarem e continuarem seus estudos em prol dos seus 
desenvolvimentos como cidadãos dentro dos contextos de suas relações como 
indivíduos humanos, assim sendo, a atitude dialógica dos educadores faz-se 
fundamental diante de toda essa construção do acolhimento de tais estudantes 
em seus ambientes educacionais.Importante 
A atitude dialógica é sublinhada como algo fundamental em todo o discorrer do 
trabalho com a EJA, pois é imprescindível fazer com que o sujeito aprendiz sinta-
se parte do processo educacional, tendo voz e vez dentro do âmbito escolar, 
construindo sua identidade educativa, compreendendo a importância dos 
conhecimentos adquiridos, a fim de aplicá-los para além dos muros escolares. 
Assim, Freire (2012) infere que: “os educadores verdadeiramente democráticos 
não estão, são dialógicos” (FREIRE, 2012, p. 132). Sobretudo, o trabalho na EJA 
deve ser essencialmente democrático, permeado de atitudes dialógicas, 
educando os sujeitos a exercitarem seus direitos de cidadãos em seus 
ambientes de vivência social. 
 
É importante questionar os estudantes também sobre seus objetivos a 
curto e longo prazo, indagando a respeito do(s) motivo(s) que os trouxeram à 
 
 
29 
 
escola, por exemplo, uns vão dizer que é a necessidade de um melhor trabalho, 
outros mais idosos podem dizer que precisam ler a bula do remédio, ler o letreiro 
do ônibus, ajudar os netos a fazerem a lição de casa, ler as mensagens e usar 
melhor o celular, entre outros. 
Sobretudo, todos necessitam elencar seus reais objetivos de estarem na 
EJA, para que possam traçar suas metas e encorajar-se diante dos desafios de 
prosseguirem suas caminhadas com entusiasmo, e de igual modo o professor 
precisa ter conhecimento de tais objetivos e/ou sonhos para então traçar seus 
métodos de ensino, pois sabe-se da relevância em elaborar o processo de 
aprendizagem em conformidade com os interesses dos educandos, buscando 
configurar momentos de aprendizagens que sejam significativos ao sujeito 
educativo, instigando sempre o diálogo reflexivo e as interações que ajudam a 
constituir as leituras das palavras e, concomitantemente, as leituras de mundo, 
as quais precisam ser apreendidas pelos sujeitos rumo à construção de uma 
identidade cidadã cada vez mais protagonista, quiçá autônoma em seus 
contextos de vivência. 
Após as discussões propostas em nossa aula, leia o material escrito 
atentamente e estruture um texto argumentativo de até 15 linhas sobre a 
organização do trabalho pedagógico na EJA. 
 
 
Fonte: acervo do autor (2017). 
 
Essas primeiras reflexões acerca do acolhimento dos sujeitos no processo 
de alfabetização, mediado pela atitude de escuta do docente, diz respeito à 
necessidade de conhecer os estudantes, tendo o intuito de elaborar um projeto 
 
 
30 
 
de trabalho claro, conciso e condições reais para que haja um aprendizado 
eficaz. 
De acordo com Gonçalves (2009), o processo histórico de alfabetização 
no Brasil se consolidou a partir do método sintético, que se caracteriza pela 
decodificação das letras, para em seguida, a construção de palavras, e 
progressivamente para a constituição de frases simples, frases complexas com 
palavras de maiores dificuldades ortográficas, para então avançar para a leitura 
de pequenos textos, textos maiores e assim os sujeitos aprendizes vão 
constituindo seus processos de leitura e escrita. Em se tratando de uma 
concepção libertadora de educação na EJA, as relações dialógicas 
alfabetizadoras constituem de sujeitos autônomos. 
Gonçalves (2009) continua instigando a reflexão sobre o processo 
histórico do ensino da alfabetização e sublinha o final do século XIX com um 
momento de grande discussão a respeito do método de ensino da alfabetização, 
intensificando assim as discussões frente à utilização do método analítico, que 
consiste em analisar a palavra-chave de determinado assunto em destaque, por 
exemplo, explicar o significado da palavra “janela” e posteriormente a 
decomposição em sílabas e depois em letras. 
Para a autora, essa proposta não significou uma mudança significativa 
para a alfabetização, pois não se relacionava o processo da aquisição da leitura 
e escrita com o mundo exterior, ou seja, limitava-se a demonstrar, no caso para 
as crianças, a utilização da leitura e escrita no âmbito escolar, delimitando o 
espaço de utilização das habilidades desenvolvidas da leitura e escrita da língua 
portuguesa. Essa concepção ou prática educativa propagou-se para o 
atendimento da EJA e perpetuou-se por muito tempo, lembrando que o número 
extenso de analfabetos no Brasil é algo real desde os primórdios dessa nação. 
No entanto, com a aplicação do método analítico para a prática de alfabetização 
na EJA, desconsideram-se as características do contexto sociocultural e político 
da vida dos indivíduos, ficando assim exíguas as possibilidades da pessoa se 
desenvolver plenamente, conquistando melhores condições de atuar em seus 
mundos de convivência com protagonismo. 
 
 
 
31 
 
 Vocabulário 
Exígua: pequena, minúscula, humilde, parca, diminuta, escassa, minguada, 
módica. 
 
Contudo, após os estudos de Paulo Freire (década de 1960), propagam-
se as ideias de alfabetizar os educandos mediante suas vivências socioculturais, 
ou seja, o currículo para a EJA deve ser organizado de acordo com as realidades 
dos estudantes, primando assim por uma prática libertadora de educação, em 
que estudantes e professores sejam sujeitos participativos da construção dos 
saberes, refletindo sobre a realidade que estão inseridos, para então construir 
conhecimentos reflexivos e úteis à transformação dessa realidade. 
Para Gonçalves (2009), a concepção de Freire é, genuinamente, pautada 
na relevância da educação popular e libertadora, na qual os sujeitos devem 
refletir sobre suas realidades e aprender a ler seus mundos mediante a utilização 
de palavras que lhes são comuns, compreendendo assim politicamente e 
criticamente os seus ambientes de convivência, a partir da postura mediadora 
do professor, que intencionalmente conduz suas práticas pedagógicas por 
intermédio do diálogo libertador, dando sempre oportunidades aos sujeitos de 
expressarem e constituírem suas opiniões sobre as realidades que estão 
inseridos, e singularmente o ato educacional constitui-se em um ato político 
emancipador, no qual os sujeitos vão lapidando suas maneiras de ver e perceber 
o mundo. 
De acordo com as leituras de Freire (1977), especificamente em sua obra: 
“Pedagogia do Oprimido”, ponto central de sua contribuição para a EJA, como 
também para grandes reflexões sobre a educação no Brasil e no mundo, é 
destacada a metodologia de um fazer educacional libertador, que se dá pela 
intervenção dialógica dos sujeitos, sendo que os tais são professores e 
educandos, que em conjunto constituem os processos de aprendizagens, os 
quais se dão no cotidiano educacional, tendo a realidade vivenciada como 
campo fértil para as constituições dos saberes, em contrapartida o autor constrói 
sua crítica a respeito da educação “bancária”, que consiste no depósito de 
conhecimentos do professor frente aos seus alunos e alunas, acreditando ser 
 
 
32 
 
àquele o detentor absoluto do saber, e estes e estas são considerados como 
receptores submissos. Assim sendo, não é possível conceber saberes que 
sejam importantes para a vivência democrática em sociedade. 
Freire (1977) propõe o método da alfabetização pela utilização da palavra 
geradora, no caso do ensino ao grupo de trabalhadores, que exerciam a 
profissão de pedreiro, iniciou-se o processo de aprendizagem com a palavra 
“tijolo”, e a partir de então, pôde-se consolidar discussões referentes à realidade 
de tais pessoas, construindo e reconstruindo palavras com as sílabas da palavra 
geradora, ao mesmo tempo que são discutidos temas a respeito da profissão, 
das realidades dos pedreiros na região onde vivem os educandos, como também 
no país. Dessa forma, sucessivamente, os assuntos vão dirigindo novas 
discussões, que podem dar condições para a efetivação de construções textuais 
e leituras diversas, as quais vão compilando novas, e longas maneiras de 
apreender os conhecimentos propostos por uma prática mediadora, dialógica e 
evidentementelibertadora. 
Gonçalves (2009) colabora com esta discussão: “a concepção de 
alfabetização contemporânea não deve-se limitar em apenas reproduzir métodos 
e técnicas, mas também a construir sentidos para ensinar e aprender” 
(GONÇALVES, 2009, p. 21). A dialogicidade é primordial na constituição das 
relações alfabetizadoras, devendo promover a construção cotidiana de saberes, 
por meio do diálogo, ou seja, a participação de todos os sujeitos educacionais, 
docentes e educandos, os quais precisam respeitar os conhecimentos dos seus 
semelhantes diante de suas constituições progressivas. No caso da 
alfabetização, a relevância da compreensão da leitura e escrita. Gonçalves 
(2009) complementa: “[...] é necessário saber como se realizam a leitura e a 
escrita nas práticas sociais” (GONÇALVES, 2009, p. 21). Portanto, é 
imprescindível conduzir os processos alfabetizadores por meio da 
contextualização de todos os conteúdos, conceitos, construções textuais e de 
palavras com as práticas sociais, ou seja, que a realidade de mundo, ou os 
aspetos de convivência dos sujeitos com seus meios sociais estejam presentes 
nos processos de aprendizagem, tendo o intuito de alfabetizar o sujeito. 
Em uma realidade nacional corrupta, em que mais de 11 milhões de 
brasileiros segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ainda 
não estão alfabetizados, são necessárias discussões sobre o processo 
 
 
33 
 
pedagógico, o qual deve proporcionar momentos extremamente dialógicos em 
suas ambiências educativas, visando que os seus estudantes possam frequentar 
os âmbitos educativos com entusiasmo, e que o processo alfabetizador se dê 
com eficácia, fazendo com que os estudantes desvencilhem os dados tortuosos 
do analfabetismo postos no Brasil. 
 
Curiosidade 
A respeito do processo e método de alfabetização, pode-se dizer que deve 
acontecer mediante a uma constante atitude dialógica por parte dos sujeitos 
educacionais. 
 
 
Fonte: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/images/agenciadenoticias/estatisticas_ 
sociais/2018_05/AnalfMapa-Brasil.jpg 
 
Até no momento do processo de aprendizagem, é relevante destacar o 
analfabetismo funcional, que é um fato que persiste no Brasil, que também é algo 
a ser vencido, pois pessoas que frequentaram as escolas não conseguem 
interpretar textos simples, ou seja, leem, mas não conseguem interpretar, dessa 
maneira é importante que o processo de alfabetização seja ministrado por meio 
de práticas dialógicas, as quais precisam instigar a ação-reflexão-ação. Tal 
prática é estimulada e inspirada nas leituras de Paulo Freire, consolidando assim 
a concepção da práxis educacional que viabiliza a constituição de uma educação 
transformadora de vidas. 
 
 
34 
 
 Saiba mais 
São chamados de analfabetos funcionais os indivíduos que, embora saibam 
reconhecer letras e números, são incapazes de compreender textos simples, 
bem como realizar operações matemáticas mais elaboradas. Para mais 
informação, leia na íntegra acessando o link: https://brasilescola.uol.com.br/ 
gramatica/analfabetismo-funcional.htm 
 
Desse modo, é imprescindível abordar a constituição de um processo 
alfabetizador que prima pelo letramento, sendo que este pode ser definido como 
a concepção de uma alfabetização pela leitura das palavras e seus significados 
frente suas funções sociais. De acordo com Soares (1999), letramento é o estado 
em que um grupo social ou indivíduo atinge mediante a aquisição da leitura e 
escrita da sua língua, assim sendo, o ato de alfabetizar acontece por intermédio 
da utilização de textos significativos para os alfabetizandos. 
 
 Importante 
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE 
(2017), a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais foi estimada 
em 7,0% (11,5 milhões de analfabetos) no Brasil. 
 
Sobretudo, as práticas dos professores em sala de aula devem ser 
permeadas de significados, demonstrando conceitos aos estudantes, por 
intermédio de textos que colaborem para os seus processos de conhecimentos, 
sobre determinado assunto, e a partir das discussões e das demonstrações das 
palavras e das suas funções em um texto informativo, por exemplo, ensinar o 
alfabeto, a junção dessas letras em sílabas e dessas sílabas em palavras, dando 
então o significado e a relevância do porquê deve-se aprender as letras, ou seja, 
é a princípio lendo o “mundo”, lendo a palavra, compreendendo sua função para 
compreender melhor e se comunicar com os seus semelhantes que os 
educandos podem fornecer sentido aos seus processos de alfabetização, 
dinamizando meios para integrar o saber da leitura e escrita à sua vida. 
Para fundamentar esses ideários sobre a prática de alfabetização na EJA, 
utiliza-se das reflexões de Barreto (1998), que sublinha a proposição do “texto 
 
 
35 
 
como um pensamento ligado ao contexto social e histórico como objeto da 
curiosidade e do conhecimento do alfabetizando [...]” (BARRETO, 1998, p. 68). 
Sendo assim, a prática do letramento é concebível nessa perspectiva de 
utilização dos textos, das realidades intrínsecas nos ambientes de vivência dos 
sujeitos, objetivando a estruturação de aprendizagens significativas aos 
estudantes. 
 
Reflita 
O que são aprendizagens significativas para a vida dos sujeitos da EJA? E como 
tais aprendizagens podem interferir na construção da cidadania de tais 
estudantes? 
 
Para Romão (2002), todos os seres humanos são capazes de aprender, 
sendo assim a relação alfabetizador/alfabetizando é uma constante de 
aprendizagem, em que existem novas possibilidades de aprender, sendo assim, 
tudo pode ser modificado, então há chances de se aperfeiçoar o que foi 
apreendido, novas leituras de mundo podem ser feitas, para que inovadoras 
maneiras de ler o mundo possam ser conquistadas pelos sujeitos aprendizes. 
Outro ponto relevante desse estudo é considerar que professores e 
educandos são sujeitos no processo educacional, estão agindo sempre frente ao 
objeto do ensino e aprendizagem, e como seres humanos são dotados de 
condições para mudança, como bem estimula Freire (2012). Ninguém está 
acabado, ou melhor dizendo, não existe conhecimento pronto ou definitivamente 
acabado, pois tudo é passível de modificações no mundo humano. 
Gonçalves (2009) ressalta que o trabalho da alfabetização na EJA deve 
ser pautado na construção da leitura e escrita mediante “as relações sociais, 
culturais, políticas, econômicas e linguísticas do grupo social em que o 
alfabetizando está inserido” (GONÇALVES, 2009, p. 23). Sendo assim, o autor 
colabora, veementemente, com as inferências sublinhadas ao longo dessa 
reflexão acerca do trabalho alfabetizador mediante a prática do letramento e 
enfatizando a interação entre os eixos da linguagem: oralidade, leitura e escrita. 
 
 
 
 
36 
 
Conclusão da aula 3 
 
Ao final deste encontro, objetiva-se que a apreensão acerca da 
alfabetização na EJA tenha se dado sob a ótica de uma educação pautada na 
liberdade dos sujeitos, os quais devem interagir com os seus semelhantes com 
inteireza, a fim de que as práticas dialógicas em sala de aula reflitam na 
compreensão do mundo, lendo-o com entusiasmo por meio da mediação 
intencional do professor, que incansavelmente propõe práticas de letramento em 
sua sala de aula, estimulando os educandos a aprenderem ver e compreender 
seu mundo com outros olhos, desenvolvendo assim a conscientização 
necessária de cidadãos autônomos, protagonistas de suas histórias. 
 
Atividade de aprendizagem 
Discorra, com suas palavras, organizando um texto argumentativo a respeito 
da alfabetização na EJA em uma perspectiva do letramento, utilizando-se dos 
referenciais teóricos sublinhados no decorrer da nossa aula. 
 
 
 
 
Aula 4 – Os sujeitos da educação a distância e a organização do trabalho 
com jovens e adultos 
 
Apresentação da aula 4 
 
Nesta aula, serão abordados aspectos da Educaçãoa Distância (EAD) 
como instrumento para a EJA, como também será feita uma reflexão acerca da 
organização do trabalho pedagógico para a educação de jovens e adultos, quer 
seja na modalidade EAD como no atendimento presencial dos educandos, 
fazendo uma ponte com todos os conhecimentos já abordados anteriormente, 
provocando em você, estudante, novas e resumidas reflexões que possam 
estimular sua criticidade e curiosidade em buscar mais saberes, os quais sejam 
relevantes para sua formulação acadêmica e profissional. 
 
 
 
37 
 
4.1 A educação a distância (EAD) como instrumento para a EJA 
 
No ano de 1971, a Lei 5692/71 sublinha o ensino por correspondência 
(Mobral). Conforme a Resolução CNE / CBE nº 01, de 05 de julho de 2000, que 
estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e 
Adultos (EJA), no seu artigo 10, já elucida a educação a distância (EAD) como 
possibilidade para a oferta da EJA. Nesse artigo também está explícita a forma 
de oferta semipresencial. 
 
Curiosidade 
As DCNs versam a respeito das orientações do trabalho com a EJA. Em seu 
parágrafo único está explícito que deve haver uma preocupação em atender os 
perfis dos estudantes e que cada contexto educativo deverá organizar o seu 
modelo pedagógico próprio, sendo mister organizar o trabalho pedagógico de 
acordo com a singularidade de público. 
 
O artigo 80 da Lei de Diretrizes da Educação Nacional (LDB – 9394/96) 
versa a respeito da EAD, trazendo orientações a respeito dessa modalidade 
educacional tão relevante para ser utilizada como mais uma ferramenta 
educativa em um país tão imenso como o Brasil, e que ainda no terceiro milênio 
vive a angústia de ter tantas pessoas analfabetas. Sem dúvida a EAD é uma 
ferramenta importante nesta conjectura democrática da educação, à medida que 
proporciona mais oportunidades de ofertas a pessoas que vivem longe das 
escolas. Sublinha-se o texto do artigo 80 da LDB: “o Poder Público incentivará o 
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos 
os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL, 1996). 
E mais recentemente, nesta suposição de legislações da EAD, destaca-
se o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, que regulamenta o artigo 80 da 
LDB – 9394/96, o qual traz em seu artigo primeiro: 
 
Art. 1º Para fins deste Decreto, considera-se educação a distância a 
modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos 
processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios 
e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, 
com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação 
compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por 
 
 
38 
 
estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e 
tempos diversos (BRASIL, 2017). 
 
Na continuação de análise e leitura do Decreto nº 9.057, destaca-se o 
artigo 8º (oitavo) e seu inciso IV, que destaca a educação de jovens e adultos 
(EJA) como uma das modalidades que podem ser ofertadas em EAD. 
A LDB já trazia em seu artigo 32 e parágrafo quarto a EAD como uma 
possibilidade para a oferta do ensino fundamental: “o ensino fundamental será 
presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da 
aprendizagem ou em situações emergenciais” (BRASIL, 1996). 
Por sua vez, o Decreto nº 9.057 traz em seu artigo 9º (nono) a oferta do 
ensino fundamental na modalidade a distância em situações emergenciais, 
previstas no artigo 32 da LDB, que se refere a pessoas que: 
 
Art. 9º: I: estejam impedidas por motivo de saúde, de acompanhar o 
ensino presencial; II: se encontrem no exterior, por qualquer motivo; III: 
vivam em localidades que não possuam rede regular de atendimento 
escolar presencial; IV: sejam transferidas compulsoriamente para 
regiões de difícil acesso, incluídas as missões localizadas em regiões 
de fronteira; ou V: estejam em situação de privação de liberdade 
(BRASIL, 2017). 
 
Portanto, a oferta em EAD da EJA é orientada para essas situações 
emergenciais, de tais pessoas, cidadãs do território brasileiro, que segundo a 
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, o direito a educação é para 
todos. Sem sombra de dúvida, a EAD é mais um instrumento notório na 
configuração de um Estado mais democrático, em que todos sem restrição 
tenham o direito de se alfabetizarem e concluírem seus estudos básicos. Sendo 
assim, a educação básica também pode ser ofertada na EAD, porém, de acordo 
com as situações emergenciais supracitadas, as quais estão elencadas nas 
legislações vigentes. 
Exercer a prática educacional na EJA, como está nos textos de Freire 
(2012), é a prova de que se gosta das pessoas, expressando isso, fazendo então 
da educação uma ferramenta primordial para a efetivação de relações humanas 
suscetíveis à formulação de mundo melhor. Refletindo em meio às palavras de 
Paulo Freire, é possível dessa maneira conceber o mundo em um lugar mais 
fácil de viver. 
 
 
 
39 
 
 Saiba mais 
Leia na íntegra o texto da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados com 
o título: Oferta educacional em prisões e a modalidade de educação a distância. 
Disponível no link: http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesqui 
sa/estudos-e-notas-tecnicas/areas-da-conle/tema11/2016_18422-oferta-de-edu 
cacao-em-prisoes 
 
 Mídias 
Assista a um vídeo sobre o trabalho educacional nas prisões, sublinhando a EJA 
neste contexto. Título do vídeo: Educação para a cidadania no cárcere. 
Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=9lj2CsFWZnY 
 
4.2 A organização do trabalho com a EJA 
 
A organização do trabalho com a EJA deve partir sempre da premissa de 
que os sujeitos precisam ser acolhidos, pois tanto já sofreram em outros tempos 
por deixar a escola, e os motivos são inúmeros e complexos. Quando existe esse 
retorno ao ambiente escolar, os docentes devem estar preparados com uma 
postura humana acolhedora, a fim de que exista toda uma esfera de ambiente 
harmônico para receber, acolher e estabelecer vínculos com os educandos, 
buscando maneiras para que se produzam aprendizagens significativas aos 
seus plenos desenvolvimentos enquanto sujeitos humanos, de forma que 
possam atuar em seus ambientes de vivência com maestria, interferindo em suas 
evoluções como sujeitos cidadãos, e consequentemente, atuem na coletividade 
dos seus meios de convivência, contribuindo para a propagação do bem comum. 
É relevante pensar que a organização do trabalho com a EJA implica 
refletir sobre o currículo, a didática, o espaço físico, e o mais importante, a 
postura em lidar com as relações humanas instauradas nos âmbitos 
educacionais, as quais devem promover harmonia e condições para que o 
aprendizado aconteça de forma favorável ao desenvolvimento significativo para 
a vida de todas as pessoas envolvidas nos processos de ensino e aprendizagem. 
Neste interim de reflexão, cita-se Barcelos (2012), que ressalta a 
necessidade de colocar as emoções para organizar as práticas educativas, 
 
 
40 
 
levando sempre em consideração as singularidades dos sujeitos envolvidos nos 
processos educacionais. É importante permear o fazer pedagógico de uma 
flexibilidade e bom senso, ou seja, refletir sempre diante dos conteúdos postos, 
para encontrar os meios mais corretos de interferir nos processos de 
desenvolvimento das pessoas, fazendo com que estas tenham prazer em 
aprender, e sintam-se motivadas em frequentar a escola, lembrando que a 
maioria dos cursos ofertados para a EJA são noturnos, e os estudantes vêm para 
a escola depois de longos dias de atividades em seus mais diversos e difusos 
trabalhos. Para tanto, o professor deve conhecer o seu público, sob quaisquer 
circunstâncias esse é o primeiro passo para a efetivação de um trabalho singular, 
o qual tenha maior possibilidade de obter resultados satisfatórios frente à 
urgência de uma formação humana integral.Após a reflexão e observação mediante a prática com a EJA para então 
elaborar um eficiente planejamento, é necessário que o professor esteja sempre 
atento a explorar sua criatividade, tendo curiosidade para pesquisar assuntos 
que sejam do interesse dos educandos, fazendo dos seus momentos de 
planejamento verdadeiros laboratórios do saber, em que todos os partícipes 
educacionais tenham condições de falarem, dando suas opiniões, elaborando 
seus saberes e reelaborando conhecimentos que sejam úteis aos seus mundos 
de vivência, para, enfim, atuarem em seus âmbitos de convivência humana com 
mais autonomia. 
É imprescindível sublinhar que a prática do diálogo nas salas de aula deve 
ser regada por atos de pesquisa, curiosidade, criticidade e humildade do 
professor, o qual deve atuar como mediador da constituição do conhecimento, 
encorajando os seus educandos a saber mais, a buscarem mais e mais 
informações, a fim de que possam ser constituídos conhecimentos úteis e 
preciosos para os seus desenvolvimentos de vida, afinal, o professor precisa ter 
competência técnica e teórica para ministrar a arte do ensino. 
Os sujeitos estudantis precisam acreditar em seus potenciais, precisam 
vencer o cansaço, o desânimo, a falta de saúde, entre tantas outras situações 
que fazem parte do cotidiano do público da EJA. Para tanto, é fundamental que 
o docente tenha sensibilidade de notar essas características singulares em seus 
educandos e tenha flexibilidade para atuar em conformidade com as reais 
necessidades do seu público, trabalhando em prol da concepção de um 
 
 
41 
 
ambiente escolar que seja favorável à constituição de aprendizagens 
significativas. Para isso, por exemplo, pode escolher livros e/ou textos para fazer 
a leitura na sala de aula, primando por textos ou histórias que estimulem o 
desenvolvimento da autoestima, principalmente buscando sempre motivar os 
alunos e alunas da EJA a prosseguirem suas caminhadas. Assim, o professor 
contribui para vencer o problema da evasão também, além de enriquecer sua 
prática com posturas humanizadas frente à convivência com os seus sujeitos 
educativos. 
 
 
Fonte: acervo do autor (2017). 
 
As práticas diferenciadas na EJA devem vir seguidas por debates, 
diálogos e proposições de atividades escritas, para então concluir a sequência 
didática ou projeto com uma atividade mais lúdica. Por exemplo, ao realizar com 
a turma da EJA uma sequência didática sobre a construção da escrita, elencando 
fatos históricos desde o povo egípcio, vários trabalhos serão realizados durante 
uma sequência de planejamento que pode durar 1 mês, então, para finalizar o 
trabalho, pode-se fazer exposição na escola das atividades dos educandos da 
EJA, por meio de desenhos na argila com cola colorida (conforme a imagem 
acima demonstra). Nesse processo, enquanto alguns desenham nas argilas, 
outros terminam a construção das suas escritas nos cadernos, mas todos 
participam da construção da atividade, expondo seus trabalhos. 
 
➢ O Professor precisa estar aberto ao educando e sua realidade, necessita eleger 
prioridades, exercer a criatividade constantemente e ser flexível para as possíveis 
modificações em seu instrumento de planejamento, sempre que se fizer necessário. 
➢ O Professor precisa planejar mediante as características e aprendizagens de seus 
educandos, tendo ciência sobre os objetivos do projeto pedagógico da escola, do 
 
 
42 
 
conteúdo para a etapa da EJA, condicionando esses conhecimentos às suas reais 
condições de trabalho. 
➢ O Professor precisa estabelecer o que vai ensinar, como vai ensinar e como se dará 
o seu processo de avaliação. 
➢ Para o professor, o planejamento deve orientar todo o desenvolvimento do seu 
trabalho, acerca dos conteúdos, dos recursos didáticos e dos procedimentos de 
avaliação, sendo que todos os saberes que constituem o planejamento devem 
convergir para a efetivação de um processo de aprendizagem significativo pelos seus 
educandos. 
➢ O ato de planejar possibilita maior segurança ao professor para ministrar sua aula 
com autonomia, levando os seus educandos a melhores patamares de aprendizagens 
significativas, pois um bom planejamento está permeado de muita pesquisa, e esta por 
sua vez enriquece o fazer pedagógico. 
Inferências a respeito do planejamento para a EJA 
Fonte: elaborado pelo autor (2018), adaptado pelo DI (2020). 
 
O planejamento deve ser intencionalmente produzido, buscando o 
conhecimento emancipatório nas vidas dos seus estudantes. De acordo com 
Padilha (2001), o planejamento é um ato político, no qual o professor deve deixar 
todo o seu teor de objetividade em tal instrumento, visando uma atuação objetiva, 
clara e mediadora diante dos seus educandos, pois estes devem ser estimulados 
a se desenvolverem da melhor maneira possível, objetivando a apropriação de 
aprendizagens significativas. 
Quando se trata de pensar na conjectura da alfabetização para a EJA, é 
necessário abordar muitos fatos do cotidiano. As palavras geradoras em sala de 
aula devem ter significados para os estudantes, por exemplo, ao trabalhar a 
sequência sobre a importância da escrita, a turma da EJA elencou a palavra 
“caderno” como a palavra-chave da discussão daquela aula específica, assim, 
no quadro de giz essa palavra foi fragmentada nas suas sílabas, e dessas 
nasceram outras palavras. Essa atividade é denominada de “banco de palavras”, 
dessa forma os educandos fazem o registro em seus cadernos, ao mesmo tempo 
que ocorre a discussão sobre o significado de cada uma das palavras 
destacadas, como também a exploração dos sons das sílabas e letras, que 
ajudam na aquisição da consciência fonológica frente à leitura pausada e crítica. 
Essa é uma descrição de metodologia que pode ser estendida à criação de 
frases, de textos, de números, de situações problemas na matemática, entre 
outros. Lembrando que o fato mais importante na apreensão desse exemplo é a 
proposição do trabalho coletivo, dialogando plenamente, com os sujeitos, a fim 
 
 
43 
 
de que estes participem com autonomia dos seus processos de ensino e 
aprendizagem. 
 
Curiosidade 
O planejamento na EJA é parte intrínseca para efetivação de processos 
educacionais com resultados favoráveis, para a formulação de sujeitos capazes 
de atuarem em seus meios sociais com brilhantismo. Para isso, é preciso 
observação, registro e avaliação. 
 
 
Ferramentas metodológica do professor 
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcRBwL7yYo39 
FuGE_KjXpaXZXnzao0E6PLwAFA&usqp=CAU 
 
Sobretudo, o professor deve exercer a sua didática cotidiana com a 
preocupação de convergir os seus esforços com planejamento à sua prática, 
frente aos seus educandos, fazendo com que aconteça a concretização de uma 
prática educativa: ação-reflexão-ação. Por intermédio da estruturação didática 
que zele pelo bem-estar dos seus educandos no que diz respeito a proporcionar 
a aprendizagem, ou seja, com muita atenção no decorrer de todo o processo, 
sendo sensível para perceber os momentos de avançar e retroceder, fazendo os 
registros necessários para que os seus atos sejam avaliados constantemente, a 
fim de que todo o processo de ensino e aprendizagem esteja passível de 
melhorias ou mudanças. Por fim, que essa avaliação de si mesmo, do processo 
e dos seus educandos, se dê continuamente, utilizando-se de instrumentos 
avaliativos que sejam coerentes às características de seus estudantes, e que 
tais instrumentos sejam coerentes com toda a prática aplicada, a fim de que toda 
 
 
44 
 
a organização da prática educativa alcance sempre o seu real objetivo: a 
concretização de uma aprendizagem significativa por parte dos educandos. 
 
Planejamento da EJA 
Sugestões de temas para sequências didáticas e/ ou projetos que podem 
ser desenvolvidos com turmas da EJA 
“Cidadania: Ser e estar sendo cidadão” (Tema inspirado em Paulo Freire). 
“A importância de estudar” (Tema

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