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LEVANTAMENTO DAS ESPECIES E GÊNERO DE DINOSSAUROS TITANOSSAURÍDEOS DA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO, BRASIL Gil, L. M. 1*; Candeiro, C. R. A.2 1,2 Laboratório de Geologia, Universidade Federal de Uberlândia, Campus Pontal. Ituiutaba, Brasil. liviamottagil@gmail.com, candeiro@yahoo.com Introdução Segundo Trotta et al. (2002), a fauna de dinossauros da América do Sul tem a sua listagem taxonômica aumentada nas últimas duas décadas. Desde os trabalhos pioneiros de Lydekker (1893) e Huene (1929), a comunidade científica é testemunha de uma revolução na paleontologia de dinossauros sul-americanos, principalmente pelos trabalhos realizados na Argentina e no Brasil. Os estudos têm contribuído para avanços na sistemática, biogeografia, evolução e anatomia funcional dessas criaturas. Fernandes (2000), indica que a Bacia Bauru formou-se no Neocretáceo, no centro-sul da Plataforma Sul-Americana, em um evento de compensação isostática posterior ao acúmulo de quase 2.000 m de lavas basálticas, ocorrido no Cretáceo Inferior. Segundo Santucci (2008), os depósitos do Cretáceo Superior do Grupo Bauru no sul do Brasil proveram um grande número de sítios fossilíferos, a partir dos quais inúmeros restos de vertebrados e de restos de dinossauros foram encontrados. Na região do Triângulo Mineiro, onde também afloram rochas do Grupo Bauru, foram registrados restos de dinossauros saurópodes que correspondem exclusivamente à Titanosauria, ocorrendo em depósitos das formações Adamantina, Uberaba e Marília, nos arredores das cidades de Uberaba e Prata. Métodos Um levantamento bibliográfico completo dos registros dos titanosaurídeos do Triângulo Mineiro foi realizado utilizando como base a literatura disponível (artigos, livros e manuscritos). A pesquisa ocorreu durante os meses de Outubro de 2011 a Março de 2012, no Laboratório de Geologia da Universidade Federal de Uberlândia, Campus Pontal, na cidade de Ituiutaba em Minas Gerais, Brasil. Resultados Os titanosaurídeos conhecidos do Triângulo Mineiro referentes à Formação Marilia são dados por: um conjunto de vértebras cervicais, dorsais, sacrais, ílio e vértebras caudais desarticuladas atribuídas a Trigonosaurus pricei descritas por Campos et.al (2005), provenientes do Membro Serra mailto:liviamottagil@gmail.com� da Galga, localidade Caieira, nas proximidades do Centro de Pesquisas Paleontológicas L. I. Price em Peirópolis e corresponde aos materiais descritos por Powell em (1987-2003). Registrou-se também através da matéria de Powell (1987-2003) uma sequência que engloba 18 vértebras caudais articuladas e uma sacral, descritas por Kellner et.al.(2005), como pertencentes ao Baurutitan britoi. Salgado e Carvalho (2008) descreveram Uberabatitan ribeiroi encontrado no depósito do Membro Serra da Galga (Formação Marilia), que aflora na margem da Rodovia BR-050 (km 153), no município de Uberaba, onde havia também outras três espécimes fragmentadas distintas, sendo que uma apresentava elementos de boa parte do esqueleto; a outra havia fragmentos de vértebras cervicais e caudais, arcos hemais, costela, coracóide, púbis, ísquio, fêmur e fíbula; e já os materiais referentes á menor espécime em tamanho estão representados por um fragmento de vértebra dorsal e um fragmento de fêmur. Vários restos desarticulados ou parcialmente articulados conhecidos, dentre estes podemos citar o Trigonosaurus descrito por Campos e Kellner (1999), com três pelves bem preservadas encontradas em depósitos do Membro Serra da Galga nos arredores de Peirópolis, Formação Marília, e também o Aeolosaurus sp., onde há o registro de uma vértebra caudal isolada proveniente do ponto Caieira, reportada por Bertini (1999) (Tabela 1). Da formação Adamantina encontrou-se o registro de fragmentos de uma mandíbula, dentes, ossos bem preservados representando boa parte do esqueleto, provenientes dos arredores da cidade de Prata, descritos por Kellner et al.(2006) como pertencentes a Maxakalisaurs topai. Tabela 1. Registro de Titanosauria do Triângulo Mineiro. Taxa Município Formação Autor Maxakalisaurs topai, Prata Adamantina Kellner et al. em 2006 Baurutitan britoi, Peirópolis Marília Kellner et AL (2005) Trigonosaurus pricei Peirópolis Marília Campos et.al (2005) Campos e Kellner (1999) Uberabatitan ribeiroi, Uberaba Marília Salgado e Carvalho (2008) Aeolosaurus sp. Peirópolis Adamantina Bertini (1999) Discussão e Conclusões O registro fóssil do Triângulo Mineiro é um dos mais representativos do Brasil Central, já que nesta região concentra-se mais de 50% das espécies de titanosaurídeos do Neocretáceo brasileiro. A região de Uberaba na Formação Marília possui os melhores registros que mostram afinidades filogenéticas com os titanosaurídeos do norte da Patagônia. Grande parte da descrição das novas espécies provem de materiais que foram coletados no século passado, mas que somente nos últimos anos receberam maior atenção e foram atribuídas a novos taxa. Uberabatitan e Maxakalisaurus foram importantes espécies descobertas nos últimos anos, demonstrando, principalmente que as áreas mais distantes do Sitio Paleontológico de Peirópolis apresenta grande potencial de prospecção paleontológica e desta forma vem a colaborar no conhecimento da fauna de titanosaurídeos do Triângulo Mineiro. A fauna de titanosaurídeos do Triângulo Mineiro apresenta grande afinidade taxonômica com a encontrada nos sedimentos dos grupos Chubut e Neuquén da Patagônia Argentina, registro este que é confirmado por estas unidades terem em comum o gênero Aeolosaurus. Isto vem demonstrar que no Cretáceo Superior estas duas importantes regiões tiveram afinidades paleobiogeográficas. Referências BERTINI, R. J.; SANTUCCI, R. M.; RIBEIRO L. C. B. O titanossauro Aeolosaurus sp. (Saurischia, Sauropoda) no Membro Serra da Galga da Formação Marília, Grupo Bauru do Triângulo Mineiro. In: Simpósio de Geologia do Sudeste, 6. Boletim, 1999. p. 78. CAMPOS, D.; KELLNER, A. W. A. 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