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FORTALEZA ERA VARGAS

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AV. Francisco de Almeida Pinheiro, 2625, Planalto Universitário, Quixadá-CE 
PROFESSOR: BRANDO 
DISCIPLINA: HISTÓRIA DE FORTALEZA 
 
DÉCADAS DE 30/40 
 
A área urbana sofre um crescimento acelerado, aparecendo aglomerações de edificações 
precárias na periferia, Raimundo Girão dirige o levantamento para Planta cadastral da cidade. 
A cidade se expande além da malha traçada por Herbster leste, Aldeota, Avenida Bezerra de 
Menezes (Estrada de Soure), Capistrano de Abreu (Estrada de Parangaba) e Visconde do Rio 
Branco (Estrada de Messejana). Elaboração de código urbano disciplinando a ocupação de 
solo, proibindo as edificações conjugadas, com base a preocupações ecológicas e paisagísticas. 
 
HOTEL EXCELSIOR 
 
 
Diziam se tratar do maior do mundo em alvenaria...da época...” já foi um dos orgulhos dos 
fortalezenses, quando era anunciado como ‘maior hotel do Norte e Nordeste” como descrito 
nesse cartão-postal. A primeira construção no local data de 1825 e era um sobrado 
(construção de dois andares) pertencente ao Comendador Jose Antônio Machado o sobrado 
foi construído pelo engenheiro Coronel Conrado Jacob do Neimayer com a utilização de mão 
de obra do presidiários. No sobrado funcionou o Hotel Central e o Café Riche. 
 
Em 1926 foi comprado o em 1927 demolido. Um novo projeto, inspirado num edifício 
existente em Milão, Itália foi construído no mesmo local, sendo desconhecido autor deste 
projeto o construtor foi Natali Rossi, irmão de Pierina Rossi esposa do Plácido de Carvalho, rico 
comerciante fortalezense, e dono do novo prédio e do hotel. Esta construção, de estilo 
eclético, foi a primeiro arranha-céu da cidade o utilizava na sua estrutura alvenaria de tijolos e 
trilhos de trem (sem cimento). A decoração interna e da própria na Pierina Rossi utilizando 
materiais importados da Europa Pierina Rossi era italiana e depois de ficar viúva casou-se com 
Emilio Hinko, arquiteto húngaro residente em Fortaleza Este arquiteto foi o construtor do 
Palácio do Plácido. Inaugurado em 31 de dezembro de 1931, o prédio do Hotel Excelsior possui 
09 andares na época, era o maior prédio em alvenaria já construído no Brasil. Naquela época, a 
hotel oferecia luxos como água corrente aquecida, luz elétrica, cozinha internacional, correios, 
telefonia e excelentes cômodos era considerado o único hotel do luxo do Ceará. 
 
Campos de concentração em Fortaleza 
 
“Trens lotados de famintos em busca da Capital vão marcar a seca de 1932. Os retirantes 
chegam por estradas de poeira e também por caminhos de ferro nessa seca. “Tangidos pelo 
desespero da fome, no interior as flagelados têm invadido vários trens horário da Rede de 
 
 
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Viação Cearense para se transportarem a esta Capital.” Dizia uma matéria do dia 13 de abril do 
1932,do o POVO. 
 
Os jornais relataram frequentemente as viagens de retirantes, quando grandes levas saem das 
estações ferroviárias rumo a Fortaleza a partir de janeiro. As cidades mais atingidas pela seca 
aglomeram uma multidão nas estações de trem e a medida que os caminhos de ferro 
avançam, novas estações que surgem nas cidades também significam espaços de muita 
tensão. Grandes aglomerações tentam passagens para Fortaleza e as matérias do jornal falam 
de assaltos a trens. Algumas notícias até defendem um serviço organizado do trem para 
retirantes e outro para passageiros. 
 
O Governo chegou a suspender por alguns meses a distribuição de passagens para Fortaleza e 
mesmo assim muitos tentam chegar a Capital. Nos jornais de 32 havia uma elite preocupada 
com a sombra da miséria que chega a cidade do Sol. O Sol que na cidade tem um sentido de 
salubridade e alegria no Interior é o mesmo que retira as pessoas do campo e tem o sentido de 
miséria. Nessa lógica de afastamento dos retirantes foram criados sete campos de 
concentração no Ceará, sendo cinco no Interior e dois em Fortaleza, o do Pirambu (chamado 
Urubu) e do Otavio Bonfim (chamado de Matadouro). 
 
DÉCADA DE 40/50 
 
 
Fortaleza, segue se consolidando como umas das capitais de grande importância no Nordeste 
e em plena Era Vargas, começa a polarizar cada vez recursos em sua capital. Um desses fatores 
de atração foi a instalação do IFOCS na cidade de Fortaleza, o objetivo dessa autarquia federal 
era a utilização dos recursos para combater a seca, não apenas na capital, mas também no 
interior do Estado. Entretanto os recursos em grande parte ficaram centrados na capital e em 
seu melhoramento urbano. Em 1941, os pescadores Jacaré, Tatá, Manuel Preto e Jerônimo 
viajam, por 61 dias, de Fortaleza ao Rio de Janeiro, numa jangada. Na capital da República, 
levam ao ditador Getúlio Vargas reivindicações trabalhistas. Em 1942, o cineasta Orson Welles 
vem ao Brasil rodar episódios de seu longa It’s all true. Um deles, aborda o carnaval carioca; o 
outro, a aventura daqueles heróis cearenses. Mas, nas filmagens, Jacaré morre em acidente. 
Ele presidia a colônia de pescadores da Praia de Iracema e, na época, fizera denúncias sobre 
 
 
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escândalos do mundo da pesca. O documentário não é a biografia de um homem. Antes, é o 
retrato de Manuel Olímpio Meira, o Jacaré, como cidadão, já adulto, ele se alfabetizou para 
melhor cumprir sua missão, tornando-se um líder. Carismático, impressionou Welles, ao passo 
que causava certa desconfiança nas autoridades. 
 
Na década de Quarenta Fortaleza, já apresentava um número crescente de favelas, resultado 
de secas consecutivas e falta de planejamento econômico, nesse período porem grandes obras 
são realizadas, entre elas: O início da construção da Catedral de Fortaleza. O surgimento de 
novos bairros, como o Montese. E um plano urbano, que visava orientar o crescimento da 
cidade. Plano esse elaborado por Sabóia Ribeiro, onde se observa ainda a pouca intimidade 
com as cidades que tinham sido incorporadas a cidade de Fortaleza, a cidade de Parangaba e 
Messejana. A década de 40 e 50, é marcada pela instalação de uma base norte-americana em 
Fortaleza e o surgimento das “garotas coca-cola”. Moças consideradas “moderninhas” para a 
época que namoravam os soldados norte-americanos em terras alencarinas. 
 
FORTALEZA SOFRE PROCESSO DE AMERICANIZAÇÃO. 
 
A hegemonia econômica e cultural dos Estados Unidos sobre o mundo foi a principal 
consequência da II Guerra Mundial. Em Fortaleza, entretanto, a americanização começou 
muito antes do conflito terminar. Foi em 1941, quando os americanos iniciaram a construção 
de uma base no atual bairro do Pici, onde estava situado seu Posto de Comando (PC). 
 
 
 
Os estrangeiros circulavam pela cidade, chamavam atenção pela cor branca, estatura, cabelos 
louros e olhos claros, mas não ficaram só nisso. Trouxeram seus costumes que foram 
assimilados pelos cearenses. Ao mesmo tempo, assumiram muito da cultura cabeça chata. Até 
a década de 40, explica o professor do Departamento de História da Universidade Federal do 
Ceará (UFC), Francisco Pinheiro, a cultura europeia predominava no Ceará, tendo a França 
como espelho. Mesmo com o calor tropical, os homens usavam paletós e chapéus, e as 
mulheres usavam vestidos longos. Os norte-americanos trouxeram as blusas de mangas curtas 
para os homens e aboliram os chapéus. As saias das mulheres foram encurtadas. À medida que 
o tempo passava e a presença americana se fortalecia em Fortaleza, os laços com a cultura 
ianque se estreitavam. A relação que ficou ainda mais sólida com a adesão do Brasil à Guerra. 
Na época, palavras estrangeiras já começavam a ser utilizada com frequência pelos 
fortalezenses, e nos pontos de encontro da cidade, como o bar e sorveteria “Jangadeiro” na 
Praça do Ferreira, a Coca-Cola já era a grande pedida. O refrigerante já vinha sendo 
“consumido pela visão” através do cinema pelos cearenses. Chegou em Fortalezacomo 
suprimento para os soldados americanos e acabou se espalhando. Os militares dos Estados 
Unidos chegavam no “Jangadeiro” pediam uísque, mas como a bebida estava em falta devido 
 
 
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às restrições na importação, os garçons serviam cachaça, e os ianques misturavam a Coca-Cola 
dos seus suprimentos com a aguardente, fazendo um uísque improvisado. 
 
A mistura também agradou os cearenses. Os mais jovens repetiam a bebida dos americanos, já 
os mais velhos, diz Antônio Luiz Macedo e Silva Filho, no livro´Paisagens do Consumo, 
Fortaleza no tempo da Segunda Grande Guerra”, editado pelo Museu do Ceará, bebiam 
“Samba em Berlim”, dessa vez, misturando rum com o refrigerante. Mas os americanos não 
queriam apenas difundir seu hábito de beber Coca-Cola. Eles queriam, também, expandir sua 
cultura, seu modo de viver. Assim, para facilitar a exportação do “way of life”, começaram a 
criar os cursos de inglês para ensinar sua língua e facilitar a assimilação de seus hábitos. 
 
 
 
Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia - SEMTA foi um órgão 
brasileiro criado em 1943, como parte dos Acordos de Washington, tinha como finalidade 
principal o alistamento compulsório, treinamento e transporte de nordestinos para a extração 
da borracha na Amazônia, como intuito de fornecer matéria-prima para os aliados da II Guerra 
Mundial. Sediado no Nordeste, em Fortaleza, funcionou no Palácio do Comércio a sua sede 
administrativa. Já os campos de alojamento ficavam no Prado (atualmente Benfica) e no 
Alagadiço (atualmente São Gerardo). Já para as mulheres e famílias dos homens casados, 
existia um alojamento que ficava no Porangabussu (hoje Hospital das Clínicas). O diretor do 
Semta foi Paulo de Assis Ribeiro. Entre 1943 e 1945, o Serviço Especial de Mobilização de 
Trabalhadores para a Amazônia – SEMTA alistou e transportou para a Amazônia milhares de 
brasileiros, com o objetivo de extrair borracha para suprir as necessidades dos Estados Unidos 
da América, na II Guerra Mundial. Em razão da ocupação da Malásia pelos japoneses, não 
havia borracha sintética disponível em escala necessária para suprir os esforços de guerra 
americanos. Assim, o Brasil assumiu, em decorrência de acordos firmados com os Estados 
Unidos (Acordo de Washington), o compromisso de suprir todo o látex que pudesse produzir 
em troca de 2 milhões de dólares. 
 
Para o atendimento do compromisso assumido, o SEMTA alistou mais de cinquenta mil 
brasileiros, em estados do Nordeste, os chamados “soldados da borracha”, com promessas de 
assistência médica, acomodação e alimentação, promessas que nunca se cumpriram. Sem 
médicos ou hospitais, milhares de soldados da borracha morreram de malária, hepatite ou 
febre amarela ou foram vitimados por ataques de animais ou répteis. Hoje, segundo dados do 
Sindicato dos Soldados da Borracha, do número inicial existem cerca de 8.300 sobreviventes e 
6.500 viúvas. Esses brasileiros, os “soldados da borracha”, embora tenham contribuído com o 
seu esforço, com a sua saúde e muitos com a própria vida para a defesa da liberdade no 
mundo, não mereceram do Estado brasileiro o mesmo reconhecimento que receberam os ex-
combatentes que lutaram na Itália, ainda que o seu sacrifício pessoal e os perigos enfrentados 
não tenham sido menores. 
 
 
 
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PLANO SABOYA RIBEIRO 1947 
 
As principais diretrizes do Plano Saboya Ribeiro foram: modo de vida urbano mais saudável e 
salubre. Recomposição de componentes da paisagem natural e planejamento de bairros. No 
que diz respeito à área do centro, as diretrizes foram a busca por uma reformulação que 
buscasse maior acessibilidade e mobilidade, com o alargamento das antigas vias e o aumento 
do recuo, estando diretamente ligadas ao potencial construtivo de uma verticalização 
moderada. 
 
 
 
É bom lembrar que na época, Fortaleza possuía três cinemas só nas proximidades da Praça do 
Ferreira, o Majestic Palace, o Cine Moderno e o Diogo, os filmes americanos já predominavam 
na tela. “À introdução do circuito de avenidas largas no centro urbano, somavam-se propostas 
complementares como a abertura de pátios para ventilação, e iluminação no interior das 
quadras, configurando lugares de caráter semi-publico entre outros”. De todas as propostas, a 
mais significativa para o bairro pode-se dizer que foi a implementação de uma Zona 
Administrativa nas marginais do Riacho Pajeú, onde seriam implementadas edificações do 
poder público municipal. 
 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS 
 
13.Em meados da década de 30 é inaugurado o maior prédio de Fortaleza, o hotel Excelsior, 
podemos inferir que apesar de todo flagelo da Seca, Fortaleza vive uma fase de expansão, o 
que nega, esse processo de alegria e euforia da classe abastada da cidade, esta explicita no 
item: 
a) O aumento do fluxo de turistas em Fortaleza. 
b) Surgimentos de grandes favelas. 
c) Expansão urbana e comercial. 
d) A retomada do espírito do “Belle Époque”, o aformoseamento da cidade. 
 
A atual existência da Coluna da hora na Praça do Ferreira, marca um certo saudosismo da 
beleza das reformas urbanísticas da década de 30. 
14.Sobre essas reformas podemos afirmar de modo correto que: 
a) Tinham como principal função a melhoria da qualidade de vida da grande massa 
populacional. 
b) Queria disciplinar o uso dos aparelhos urbanos. 
 
 
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c) Tinha a função de segregar os ricos e os pobres embora habitassem o mesmo espaço 
urbano. 
d) Promover a modernização da cidade de Fortaleza em face da seca que assolava todo a 
Estado. 
e) Desenvolver uma política que agradasse tanto a classe mais abastada como a classe mais 
humilde, sendo essa última, a classe minoritária da cidade. 
 
15.A Seca de 1932-34, deixou marcas profundas na sociedade fortalezense, entra elas a visão 
do terror, os campos de concentração. A esse respeito, podemos afirmar que: 
a) Existiam apenas em Fortaleza, já que era o destino final dos retirantes da seca. 
b) Existiram vários, sempre associados às estações ferroviárias, mas a maioria, em Fortaleza. 
c) Os campos de concentração de Fortaleza, existiram principalmente na porção leste da 
cidade, ou seja, a porção mais pobre. 
d) A concentração urbana e a pressão econômica causada pela seca, fizeram de Fortaleza um 
centro atrator de flagelados e receptor de verbas federais, através do IFOCS. 
 
O filme For All (para todos) de 1998, trouxe aos cinemas alguns aspectos da presença de 
militares norte americanos em cidades brasileiras (Fortaleza e Natal), durante a segunda 
guerra mundial,1939-45. 
 
16.Assinale a alternativa que expressa corretamente algumas mudanças sociais 
desencadeadas pela presença dos militares norte-americanos em Fortaleza. (UFC/2000). 
a) Os militares trouxeram costumes degradados, fazendo aumentar a prostituição, a 
criminalidade e o vício do jogo. 
b) A base norte-americana em Fortaleza ficava isolada da sociedade local, contribuindo 
apenas para fornecer alguns produtos importados aos setores mais ricos. 
c) Novos costumes, novos comportamentos foram adquiridos por alguns setores da cidade, 
diminuindo a influência francesa que ainda predominava. 
d) A base foi instalada com o objetivo de lutar contra a influência nazifascista no Brasil, 
estimulando a ação de grupos de esquerda. 
e) A presença dos americanos provocou o aumento da repressão pelos sindicatos e 
associações operárias de Fortaleza. 
 
 
GABARITO 
 
13.B 
14.C 
15.D 
16.C

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