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Brasília-DF. Inspeção de equIpamentos e estruturas OffshOre Elaboração Igor de Mesquita Figueredo Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE ................................................................ 11 CAPÍTULO 1 PROCESSOS E OPERAÇÕES OFFSHORE .................................................................................. 11 CAPÍTULO 2 EQUIPAMENTOS OFFSHORE .................................................................................................... 16 CAPÍTULO 3 ESTRUTURAS OFFSHORE .......................................................................................................... 22 UNIDADE II INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE ........................................................................................... 28 CAPÍTULO 1 NORMAS E ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES ...................................................................... 28 CAPÍTULO 2 INSPEÇÃO REMOTA – ROV ..................................................................................................... 35 CAPÍTULO 3 INSPEÇÃO DE RISERS ............................................................................................................. 40 CAPÍTULO 4 INSPEÇÃO DE DUTOS RÍGIDOS SUBMARINOS .......................................................................... 52 UNIDADE III INSPEÇÃO DE ESTRUTURAS OFFSHORE ................................................................................................. 56 CAPÍTULO 1 INSPEÇÃO DE PLATAFORMAS FIXAS ........................................................................................ 56 CAPÍTULO 2 INSPEÇÃO DE TENSION LEGS ................................................................................................. 60 CAPÍTULO 3 INSPEÇÃO DE FPS .................................................................................................................. 65 UNIDADE IV INSPEÇÃO DE OUTRAS ESTRUTURAS OFFSHORE E INSPEÇÃO NA CONSTRUÇÃO NAVAL ......................... 69 CAPÍTULO 1 INSPEÇÃO DE ESTRUTURAS TOPSIDE ........................................................................................ 69 CAPÍTULO 2 INSPEÇÃO DO SISTEMA DE TOCHA ......................................................................................... 74 CAPÍTULO 3 ESTRUTURAS EÓLICAS OFFSHORE ........................................................................................... 79 CAPÍTULO 4 INSPEÇÃO NA CONSTRUÇÃO NAVAL ...................................................................................... 82 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 90 5 Apresentação Caro aluno, A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Olá a todos! Dando continuidade ao curso de Engenharia de Inspeção de Equipamentos e Materiais, apresentamos a disciplina de Inspeção de Equipamentos e Estruturas Offshore. Essa disciplina, como sugere o título, foca a inspeção de variados tipos de equipamentos e estruturas utilizados na indústria offshore, com ênfase na indústria petrolífera, que é responsável por grande parte das operações realizadas em alto mar. Operações offshore são aquelas realizadas fora da costa e não se limitam apenas à exploração de petróleo. Já existem, por exemplo, algumas regiões nas quais são produzidas energia eólica em alto mar, além de “geração” de energia das marés e de correntes marítimas. Porém, o texto deste caderno de estudos será voltado mais para a indústria petrolífera. Observe, neste material, que o fato de a operação ser offshore, seja ela qual for, já impõe diversas dificuldades para ser realizada, aumentando consideravelmente os custos de operação, os desafios logísticos, os riscos associados, os critérios de escolha de materiais e equipamentos etc. A elaboração deste material de estudos foi realizada através do uso de livros, artigos, apresentações em congressos, e normas nacionais e internacionais que versam sobre a inspeção de equipamentos e estruturas offshore. Objetivos » Unidade I: visa mostrar aos alunos uma visão geral dos equipamentos e processos offshore. Dessa forma, o entendimento da inspeção de equipamentos e estruturas offshore será facilitado quando se conhecem suas funcionalidades. » Unidade II: começa a discutir a inspeção de equipamentos e estruturas offshore propriamente dita. Primeiro, com uma visão geral e definições de termos que serão utilizados no decorrer deste caderno. Depois, é mostrada a apresentação de ROVs, que são fundamentais para a realização de diversas operações submarinas e, por fim, uma ampla discussão sobre a inspeção de componentesessenciais à produção de petróleo: os risers. 9 » Unidade III: tem como objetivo fornecer as definições e procedimentos relacionados às plataformas fixas, plataformas TLPs e navios-sonda FPS e FPSO. Toda essa unidade é baseada em normas internacionais, deixando claro para o aluno a importância do tema. » Unidade IV: Finalizando o caderno de estudos, tal unidade visa mostrar como é realizada a inspeção em estruturas e sistemas de grande porte (topside e sistema de tocha) em unidades de exploração offshore. Além disso, mostrar um pouco sobre a inspeção de estruturas eólicas offshore e a inspeção na construção naval. Não custa nada lembrar que a inspeção de equipamentos e estruturas é um problema de engenharia, isto é, através de um planejamento adequado, o Engenheiro de Inspeção é capaz de reduzir custos e garantir a segurança de uma operação ou de uma unidade de exploração. E quando se fala em custos de operações offshore, acredite, é muito dinheiro. Então, vamos lá! Bons estudos! 10 11 UNIDADE I CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE A Unidade I apresenta uma visão global dos principais conceitos, fundamentos, estruturas e outros pontos importantes que serão abordados posteriormente nas outras unidades deste caderno. CAPÍTULO 1 Processos e operações offshore O petróleo no Brasil – um breve histórico Certamente todos vocês já ouviram falar no pré-sal, não é mesmo? Sem dúvida alguma, este assunto é o principal responsável pela popularização (ou até introdução) do termo offshore na Língua Portuguesa. Contudo, antes de discutirmos acerca do pré-sal e da exploração offshore, vamos dar uma olhada rápida na história da produção de petróleo no território brasileiro. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a primeira vez que jorrou petróleo no Brasil foi em 1939, na cidade de Lobato – BA, mas o primeiro poço comercialmente viável foi explorado somente em 1941 em Candeias – BA, mesmo que ainda de forma rudimentar. Com o passar do tempo, a indústria, principalmente a automobilística, foi exigindo cada vez mais atenção à exploração e ao tratamento do petróleo nacional. Assim, foram criadas algumas refinarias e, em 1953, o governo federal fundou a Petrobras, com o objetivo de monopolizar todas as etapas da indústria petrolífera, com exceção da distribuição. 12 UNIDADE I │ CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE A atenção sobre o “ouro negro” cresceu cada vez mais, fazendo necessárias a fundação de laboratórios, centro de estudos e agências reguladoras, dentre elas a ANP (na época, Agência Nacional do Petróleo), em 1997. Em 2007 foi descoberto o campo de Lula na Bacia de Santos, o primeiro do pré-sal, que hoje, em 2019, corresponde ao maior produtor de petróleo e gás no Brasil. Segundo Thomas (2004), o primeiro poço de petróleo offshore brasileiro foi descoberto na década de 1960 em Sergipe, no campo de Guaricema. Para se ter uma noção da evolução da exploração offshore no Brasil, a Petrobras explorava petróleo no máximo até 124 metros no ano de 1977 e atualmente existem reservatórios do pré-sal além dos 2000m de profundidade! Com base em dados da ANP, no ano de 2000, o Brasil produziu 71.643.694 m3 de petróleo, dos quais 59.510.401 m3 foram produzidos em unidades offshore, cerca de 83,1 % da produção total. Já em 2018, foram produzidos mais do que o dobro do ano 2000, isto é, 150.102.686 m3 de petróleo em todo território brasileiro, sendo 143.640.218 m3 em unidades de produção offshore. Em outras palavras, cerca de 95,7 % da produção brasileira de petróleo é proveniente de estruturas localizadas no mar, a maior parte delas em campos do pré-sal. Na Tabela 1, os dados de produção de petróleo da ANP são apresentados de forma mais detalhada para os últimos 10 anos, destacando-se a quantidade produzida em unidades de exploração offshore e a porcentagem de produção da exploração offshore em relação ao total. Observe o aumento considerável da porcentagem de óleo produzido em estruturas offshore em relação à produção total no território brasileiro, aumentando de 90,8 % (que já uma fração elevada) para 95,7 % nos últimos 10 anos. Tabela 1. Produção de petróleo no Brasil nos últimos 10 anos (em m3). Ano Produção total Produção offshore Porcentagem (%) 2009 1,13 x108 1,03 x108 90,8 2010 1,19 x108 1,09 x108 91,2 2011 1,22 x108 1,12 x108 91,4 2012 1,20 x108 1,09 x108 91,2 2013 1,17 x108 1,07 x108 91,4 2014 1,31 x108 1,21 x108 92,5 2015 1,41 x108 1,32 x108 93,4 2016 1,46 x108 1,37 x108 94,0 2017 1,52 x108 1,45 x108 95,2 2018 1,50 x108 1,44 x108 95,7 Fonte: ANP, 2019. 13 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE │ UNIDADE I Portanto, perceba a complexidade das operações de engenharia para explorar e produzir petróleo atualmente. São essas questões que nos motivam a estudar e expandir as possibilidades a respeito das operações offshore, dentre elas a inspeção de equipamentos e estruturas dessa área. Dificuldades em operações offshore Existem diversas dificuldades relacionadas à realização de operações offshore. Como já mencionado anteriormente, cada dia mais o petróleo é explorado em maiores profundidades, isto é, para explorá-lo, são necessários estruturas e equipamentos cada vez mais complexos e específicos para operar em lâminas d’água cada vez maiores. Um exemplo claro dessas barreiras de operar em altas profundidades é o grande número de dutos flexíveis utilizados para transportar o fluido produzido do fundo do mar até unidade exploradora (leia-se plataforma). Os dutos rígidos, antes adotados, têm dificuldades de operar em altas profundidades devido às condições de pressão e consequente tendência de rompimento. Uma apresentação mais específica dos dutos rígidos e flexíveis será feita no Capítulo 2 desta unidade. Aliado a isso, muitos novos materiais são empregados nas operações offshore, principalmente titânio e polímeros. Apesar de não ser algo diretamente danoso à operação, a implementação de novidades em condições tão adversas de operação gera novos desafios e mais tempo para que haja adequação e, consequentemente, otimização dos processos. A logística de operações offshore também representa um problema significativo, aumentando consideravelmente o preço em relação a uma operação semelhante em terra. As condições de solo e climáticas, tais como o vento, as fortes ondas etc. (juntamente com os danos que elas causam), a distância da estrutura para o ponto de distribuição de óleo e gás, e a forma de transporte dos produtos são importantes pontos que dificultam e oneram as operações offshore. Na Figura 1 estão representadas algumas plataformas ao fundo em um bonito horizonte. 14 UNIDADE I │ CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE Figura 1. Plataformas de exploração de petróleo offshore. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2014/05/28/08/05/oil-platform-356282_960_720.jpg. Por mais que pareça uma ilustração fora de foco, a intenção do autor é oferecer ao aluno uma representação próxima da real. Observe que as plataformas estão distantes uma das outras, que, por sua vez, provavelmente estão a algumas milhas náuticas da costa. Agora, imagine que estas estruturas estão produzindo milhares de barris de petróleo por dia. Além disso, imagine as dificuldades citadas anteriormente e perceba o quão complexo é trabalhar com operações offshore, concorda? No decorrer deste caderno, tente colocar nas entrelinhas a magnitude das operações offshore para, assim, ter noção de quão essencial é realizar a inspeção das estruturas e dos equipamentos offshore de maneira correta e segura. Erros humanos em operações offshore O ser humano é passível de erros em todas as atividades que realiza. Contudo, em condições adversas de operação em alto mar, os erros humanos são evidenciados e elevados à enésima potência, principalmente devido às consequências operacionais e econômicas que eles causam. Uma provada preocupação que existe sobre o assunto é o número de estudos atuais acerca do assunto, entre eles o estudo de Abaei et al. (2019). Apesar do elevado grau tecnológico, com automatização em diversos serviços (inclusive o de inspeção!), praticamente todos os setores das operações offshore são 15 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE │ UNIDADE I realizados por humanos (projeto, construção, operação, gerenciamento, manutenção etc.). De forma mais clara, atualmente se faz necessário até a predição da incerteza das atividades humanas, prevendo todas as possíveis causas de erros humanos e gerando modelos que calculam e identificam as consequências das ações humanas e os riscos operacionais. Isso é importante de modo a prevenir possíveis erros e garantir (ou pelo menos tentar) a segurança geral e a confiabilidade das operações offshore como um todo. 16 CAPÍTULO 2 Equipamentos offshore Visão geral de equipamentos offshore Uma unidade de exploração offshore é composta por diversos sistemas de equipamentos, com as mais variadas utilidades e funções. Segundo Thomas (2004), dentre os sistemas de uma unidade de exploração, pode-se citar: » Sistema de movimentação de cargas: como o nome sugere, este é o sistema que permite mover e transferir diversos equipamentos pesados e grandes em uma unidade de exploração. Tal sistema é composto pelo guincho, bloco de coroamento, conjunto de polias (catarina), elevador etc. » Sistema de geração e transmissão de energia: a energia pode ser gerada a partir da fiação elétrica proveniente da costa (muito raro por questões logísticas, por motores diesel ou por turbinas a gás que acionam os geradores da unidade de exploração). » Sistema de rotação: tal sistema é utilizado na fase de perfuração de um poço de petróleo e é composto pela mesa rotativa, kelly, cabeça de injeção ou swivel, top drive, motor de fundo e pela broca. » Sistema de circulação: sistema adotado na fase de perfuração e estimulação do poço de petróleo que permite a circulação dos fluidos de perfuração, completação e os utilizados na estimulação pelo espaço anular ou pelo próprio riser (a depender da finalidade da injeção do fluido). » Sistema de segurança, monitoramento e controle: sistema composto principalmente pelo BOP (Blowout Preventer), que é um conjunto de válvulas que têm a função de prevenir a ocorrência de blowouts e kicks. Nesse sistema também existem diversos tipos de sensores de pressão, temperatura etc., tudo isso conectado a uma sala de controle. 17 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE │ UNIDADE I Árvore de natal molhada (ANM) As ANMs são instaladas no fundo do mar com o objetivo de servir de apoio para os cabos umbilicais, que são os responsáveis por transmitir sinais de controle de um painel localizado na superfície da unidade exploradora para um conjunto de válvulas da ANM. Segundo Thomas (2004), de acordo com a disposição dos cabos umbilicais, a complexidade da organização e as condições de instalação e operação, as ANMs podem ser classificadas como: » ANM-DO (“diver operated”): esse tipo de ANM é operada manualmente pelo mergulhador, sendo tal profissional o responsável por controlar as válvulas e conexões. Devido a sua simplicidade, a ANM-DO é de baixo custo, somente empregada em até 200 m de profundidade; » ANM-DA (“diver assisted”): nesse tipo, as válvulas da ANM não são operadas manualmente pelo mergulhador, sendo tal profissional responsável apenas por manipular as conexões dos cabos umbilicais. Esse tipo de ANM pode operar em até 300 m de profundidade; » ANM-DL (“diverless”): é um tipo intermediário de ANM, visto que não são mais utilizadas em novos poços. Porém são importantes por serem as precursoras em operar sem a presença de mergulhadores, sendo o controle de válvulas e de conexões dos cabos umbilicais realizado por equipamentos hidráulicos. O tipo DL era empregado em até 400 m de profundidade; » ANM-DLL (“diverless lay-away”): esse tipo de ANM é resultado de um conjunto de aprimoramentos realizados na ANM-DL. Dentre eles, pode-se destacar o fato de ANM já descer do barco para o fundo do mar com todas as conexões de cabos umbilicais devidamente conectados, evitando que vazamentos e outros problemas sejam observados somente quando colocados no fundo do mar; » ANM-GLL (“diverless guidelineless”): essa configuração de ANM se assemelha ao ANM-DLL. A principal diferença é que não se utilizam cabos-guias para descer ANM, mas sim um moderno sistema de funis. Isso possibilita que a instalação seja realizada em profundidades superiores a 1000 m de lâmina d’água. 18 UNIDADE I │ CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE Risers Segundo a norma da Petrobras N-1812, os risers são definidos como os “dutos que ligam uma unidade de produção a um duto submarino ou a uma linha de fluxo”. Exemplificando, os risers constituem a ligação física que liga o fundo do mar até a superfície, transportando os fluidos de produção (óleo e gás). É importante não confundir esses tipos de dutos com as linhas de fluxo, também chamadas de “flowline”, que são definidas pela norma N-1812 como a “tubulação flexível ou rígida assentada sobre o leito marinho, trabalhando em regime estático, usada para interligar instalações submarinas de produção tais como poços e coletores (“manifold”).” Em outras palavras, as linhas de fluxo são dispostas horizontalmente sob o solo submarino, enquanto os risers interligam o fundo do mar até a unidade exploradora. Desse modo, os risers são sujeitos a mais ações ambientais (como correntes marinhas) do que as linhas de fluxo. Contudo, no Brasil, a Petrobras trata igualmente a inspeção de risers, linhas de fluxos e outros dutos rígidos na norma N-1487 – Inspeção de dutos rígidos submarinos, que é abordada no Capítulo 4 da Unidade II. Estruturalmente, os risers são divididos em rígidos e flexíveis. Contudo, de acordo com a função e as condições ambientais do local onde os risers são projetados, eles podem ser: » Catenária: os risers projetados de catenária são livres, isto é, são conectados somente em dois pontos, um na unidade exploradora e o outro no fundo do mar. Apesar de simples do ponto de visto do projeto, o fato de ser conectado em apenas dois pontos sobrecarrega tais conexões, causando problemas de flambagem, fadiga e possível ruptura. A configuração catenária é uma das mais utilizadas em estruturas offshore devido à sua simplicidade e baixo custo de projeto/execução, mas, devido aos problemas já citados, à medida que aumenta a profundidade, menor é sua eficiência e vida útil. » “Lazy wave”: diferentemente dos risers de catenária, os de estrutura de lazy wave possuem flutuadores intermediários, que distribuem melhor as forças de tração e compressão nos pontos de contato na unidade exploradora e no fundo do mar. Observe que a posição dos flutuadores no riser passam por cálculos de engenharia, dependendo de fatores externos, como a maré, correnteza, pressão, etc. 19 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE │ UNIDADE I » “Lazy-s”: tal estrutura se assemelha à “lazy wave”, porém se utiliza uma boia ao invés de flutuadores, limitando o movimento lateral da unidade exploradora. Na prática, essa boia funciona como um terceiro ponto de conexão, além dos outros dois. » “Pliant wave”: tal configuração faz uso de um tendão próximo ao fundo do mar, que prende o riser de forma mais organizada, limitando os movimentos laterais e servindo como outro ponto de apoio para a concentração de forças. » “Steep”: se divide em “steep wave” e “steep-s”, que são semelhantes à configuração do tipo “lazy”. A principal diferença é que o modelo “steep” é mais vertical do que o “lazy”. Risers rígidos De maneira bem simples, os risers rígidos são tubos de aço e que, devido a sua simplicidade, são bem mais baratos do que os risers flexíveis. Contudo, é essa rigidez que deixa tais dutos muito propensos a sofrer com o movimentodas ondas e das correntes, e com a pressão. Deste modo, o riser rígido é mais susceptível a sofrer fissuras, rupturas etc. Risers flexíveis Como mencionado anteriormente, a implementação da tecnologia de risers flexíveis surgiu a partir da necessidade de explorar o petróleo em águas cada vez mais profundas, visto que a elevada pressão no fundo do mar era bastante danosa à estrutura dos risers rígidos à época. Mas o que faz ou garante que esses risers sejam flexíveis e, consequentemente, mais resistentes às tensões submarinas? De modo simples, são as características composicionais e estruturais dos risers flexíveis. Eles são estruturas multicamadas que compreendem diferentes materiais, com diferentes funções, inclusive suportando pressão interna e externa, evitando vazamentos de hidrocarbonetos produzidos, sustentando forças de tração e protegendo contra a água do mar. Portanto, perceba que os risers flexíveis representam uma parte crítica da produção de petróleo e operação de unidades offshore, exigindo uma inspeção criteriosa. Visando otimizar a inspeção dessas estruturas, diversos artigos científicos atuais abordam esse tema, dentre eles o trabalho de Cheilakou et 20 UNIDADE I │ CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE al. (2018). Observe na Figura 2 um exemplo das camadas de construção de um riser flexível utilizado na exploração de petróleo em altas pressões. Figura 2. Exemplo de estrutura interna de riser flexível. Fonte: Adaptado de https://www.researchgate.net/profile/Paul_Gundersen2/publication/267606742/figure/fig3/AS:32979857341 2356@1455641515534/Typical-flexible-riser-cross-section.png. Em geral a camada mais interna é a carcaça intertravada, que está diretamente em contato com o fluido de produção, tendo como principais funções, proteger as outras camadas dos fluidos (lembre-se de que o petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos que normalmente apresenta muitas impurezas) e resistir à pressão externa, evitando danos seríssimos à estrutura. Por sua vez, a camada mais externa é feita de um polímero plástico com a função de proteger a estrutura do meio externo, principalmente de corrosão. As outras camadas formadas são de aço SAE 1045, aço 1065, polietileno e outros materiais sintéticos de diferentes propriedades mecânicas, que são utilizados a fim de se obter um riser com capacidade de operar em condições ambientais adversas. Cada camada possui entre 4,25 e 12,5 mm de espessura, com diferentes funções, conforme já descrito. Processamento de fluidos offshore Infelizmente, a produção de petróleo não ocorre como na teoria, isto é, não é apenas óleo que é produzido. Na prática, com o aumento da profundidade e das dificuldades na produção, quando se produz óleo, produz-se inevitável e simultaneamente gás, água e impurezas em geral. Sendo que, desses componentes, apenas o óleo e o gás possuem valor agregado. Portanto, a fim de evitar problemas na transferência dos produtos desejados (óleo e gás) para a refinaria, é necessário um processamento primário ainda 21 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE │ UNIDADE I na própria unidade exploradora. Para tal, uma unidade possui equipamentos dispostos na estrutura topside capazes de realizar processos físicos e químicos. Geralmente, após o fluido chegar no manifold de produção, ocorrem processos de separação, tratamento de óleo, compressão, desidratação, processamento de gás, tratamento de água etc. Dentre os problemas que podem ocorrer durante o processamento primário, pode-se citar a formação de espumas e emulsões, obstrução por parafinas, presença de areia (que é bastante danoso para as tubulações em geral) etc. Vale salientar que, para escolher corretamente quais equipamentos e processos ocorrerão no processamento primário na unidade, é necessário o conhecimento do fluido que será produzido, sendo tudo projetado de acordo com as características composicionais desse fluido. 22 CAPÍTULO 3 Estruturas offshore Tipos de unidades exploradoras É muito comum associar-se produção de petróleo offshore a plataformas fixas, como vemos na televisão. Porém, existem dois tipos básicos de unidades de exploração de acordo com a posição do BOP, a saber: » BOP localizado na superfície da unidade: plataformas fixas, autoeleváveis, submersíveis e “tension legs”. » BOP localizado no solo marinho: semissubmersíveis, FSO (“Floating, Storage and Offloading”) e » FPSO (“Floating, Production, Storage, and Offloading”). Cada uma dessas unidades possui peculiaridades e funções dentro do que se planeja para seu funcionamento e, claro, diferentes custos-benefícios (THOMAS, 2004). Plataformas fixas Tal tipo de plataforma é projetado para operar em até 300 m de lâmina d’água, visto que tal estrutura é fixada ao fundo do mar por estacas. Esse tipo foi pioneiro na exploração de petróleo offshore e sua instalação depende bastante do relevo do solo submarino. No mais, as plataformas fixas não são capazes de estocar os fluidos produzidos, tendo que despachá-los por navios, oleodutos ou gasodutos. A Figura 3 é um exemplo de plataforma fixa. 23 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE │ UNIDADE I Figura 3. Plataforma fixa. Jaqueta Fonte: Adaptado de https://cbie.com.br/wp-content/uploads/2019/03/MKT_2019-Plataforma-Fixa.png. A parte estrutural submersa de uma plataforma é chamada jaqueta (do inglês, “jacket”), que compreende a estrutura de aço que vai do fundo do mar até um pouco acima do nível do mar. Tal estrutura é muito importante para o funcionamento de unidade de produção fixa, visto que toda a plataforma fixa é sustentada por ela. As plataformas fixas são também denominadas “jacket platforms” ou plataforma de jaquetas, tamanha a importância dessas estruturas. Plataformas autoeleváveis São estruturas móveis, que são rebocadas por navios e capazes de operar apenas em águas relativamente rasas (até 130 m). Elas possuem pernas que parecem torres, que quando acionadas mecânica ou hidraulicamente, se movem verticalmente até atingir o solo submarino e elevarem a unidade até uma altura capaz de não sofrer impacto das ondas. Apesar de garantirem boa estabilidade à unidade quando em operação, os movimentos de elevação das pernas e de reboque são bastante perigosos e exigem bastante destreza para serem executados, buscando garantir a segurança dos funcionários e da estrutura como um todo. Na Figura 4 tem-se um exemplo de plataforma autoelevável. 24 UNIDADE I │ CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE Figura 4. Plataforma autoelevável. Fonte: https://prosetmarine.com/wp-content/uploads/2017/02/JACK-UP-PLATAFORMA-1024x819.jpg. Plataformas submersíveis As plataformas submersíveis também operam apenas em águas rasas, tendo como agravante o fato de que o local deve ser calmo, sem ação ou variações bruscas de correntezas e ondas. Nesse sentido, tal configuração é mais aplicada em rios e lagos (sendo criterioso, boa parte das plataformas submersíveis não se encaixam na categoria de unidade de exploração de petróleo offshore). As plataformas submersíveis são transportadas por rebocadores até o local de operação, quando são lastreadas (a entrada de água afunda o casco da unidade) e o próprio casco da unidade é quem realiza a fixação no solo. Plataformas “tension legs” As plataformas do tipo “tension leg” ficam em contato direto com a lâmina d’água, sendo sustentadas por cabos tubulares (as chamadas legs), que, devido aos movimentos das ondas, correntes e ventos, ficam quase o tempo todo tracionados. O fato de os cabos se manterem tracionados promove a estabilidade da estrutura como um todo. A Figura 5 ilustra uma plataforma do tipo “tension leg”. 25 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE │ UNIDADE I Figura 5. Plataforma do tipo “tension leg”. Fonte: https://ars.els-cdn.com/content/image/3-s2.0-B9780123838469000060-f06-369-9780123838469.jpg. Plataformas semissubmersíveis As plataformas semissubmersíveissão estruturas com um ou mais conveses que se mantêm flutuando graças à sustentação de flutuadores submersos. Por estar em contato direto com a lâmina d’água, tal tipo de plataforma fica sujeito à ação das ondas, das correntes e dos ventos. Assim, para garantir uma maior estabilidade, essa unidade dispõe de sistemas de ancoragem e sistema de posicionamento dinâmico, podendo ter também sistema de propulsão próprio. Na Figura 6, tem-se um exemplo desse tipo de unidade exploradora. Figura 6. Plataforma semissubmersível. Fonte: https://clickpetroleoegas.com.br/wp-content/uploads/2018/12/Kishorn-prepara-a-maior-plataforma-semi- submers%C3%ADvel-do-mundo-622x440.jpg. 26 UNIDADE I │ CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE FPS Popularmente conhecidas como navio-sonda, as estruturas FPS (Floating Production and Storage), como sugere o nome do inglês, são estruturas flutuantes e que produzem e armazenam os fluidos (gás e/ou óleo). Também existem as FPSOs (Floating Production Storage and Offloading), que são um tipo de FPS e, além dessas funções já descritas, têm a capacidade de transferir os fluidos produzidos através de um sistema de transbordo. A norma da Petrobras N-1812 define a estrutura FPSO como uma “embarcação do tipo monocasco (“monohull”), com capacidade para processamento e armazenamento de petróleo, e posterior descarregamento para um navio aliviador, chamado “shuttle tanker”. Essas unidades também são dotadas de sistemas de ancoragem e de posicionamento, inclusive com GPS (sistema de posicionamento global). Na Figura 7, observa-se uma ilustração de navio-sonda. Figura 7. Unidade de exploração do tipo FPS. Fonte: https://img.offshore-mag.com/files/base/ebm/os/image/2018/07/1806offgulf_p02.png?auto=format&w=720. Estruturas topside Também chamada de planta de processamento, a estrutura topside é a parte superior de uma plataforma que contém uma série de equipamentos fundamentais para o pleno funcionamento de uma unidade exploradora de petróleo offshore. 27 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DAS OPERAÇÕES OFFSHORE │ UNIDADE I Numa plataforma fixa, por exemplo, a topside é a parte imediatamente superior à jaqueta da plataforma, contendo os módulos, sistemas e equipamentos em geral. Já em unidades flutuantes, a estrutura topside é localizada no convés e é sujeita a diversas cargas e fadigas, causadas pelos movimentos cíclicos e irregulares das ondas e correntes marítimas. Dentre tais equipamentos, pode-se citar vasos de pressão, sistemas de bombas, sistema de geração de energia, planta do processamento de óleo e gás etc. Numa linguagem mais direta, é na estrutura topside que estão localizados boa parte dos módulos e sistemas que possibilitam a exploração offshore. A discussão da inspeção de boa parte dos equipamentos da estrutura topside é realizada no caderno de Inspeção de Equipamentos e Estruturas Onshore, sendo a principal diferença relacionada às normas e condições de trabalho dos funcionários. 28 UNIDADE II INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE A Unidade II apresenta a inspeção dos principais equipamentos encontrados em operações de produção de petróleo offshore. Nesta unidade, além da explanação do conceito de ROV (do inglês, “Remotely Operated Vehicle”), o principal objetivo é detalhar como é realizada a inspeção de risers, mostrando as principais falhas desses equipamentos essenciais para produzir petróleo. CAPÍTULO 1 Normas e alguns conceitos importantes Normas internacionais Com o passar dos anos, a exploração de óleo e gás e outras atividades offshore foi crescendo e passando cada vez mais a ser desafiadora. Nesse sentido, foi necessário que houvesse uma normalização das atividades offshore, de modo a garantir uma maior segurança e qualidade aos serviços como um todo. Foi nesse cenário que o American Petroleum Institute (API), por meio do Offshore Structure Committee (OSC), elaborou as primeiras normas para diversas atividades offshore, dentre elas construção, design, fabricação, inspeção etc. Vale salientar que nessa época, muitos dos procedimentos realizados onshore eram realizados também em estruturas offshore. Porém, logo percebeu-se que várias dessas atividades, devido às condições ambientais, não poderiam ser realizadas em ambos tipos de estruturas, dentre as quais soldagens, substituição de materiais, alguns tipos de conexões etc. Atualmente, a principal norma (API Recommended Practice [RP] 2A Working Stress Design [WSD]) de operações offshore, que serviu como base para diversas 29 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II outras, já está na 22ª edição. Tal norma e suas ramificações cobrem todos os aspectos do planejamento, design e construção de todas as plataformas e seus sistemas de ancoragem, de risers, de fundação, além da padronização dos mais diversos serviços offshore, incluindo inspeção e manutenção. Normas nacionais No Brasil, as normas que versam a respeito de operações offshore são elaboradas por grupos da Petrobras, juntamente com a subcomissão autora CONTEC – Comissão de Normalização Técnica. Tais normas são válidas para a aplicação interna da Petrobras e para todas as empresas subsidiárias, devendo ser usada pelos seus fornecedores de bens e serviços, conveniados ou similares. Essas normas são elaboradas tendo como base normas de organizações internacionais como API, Det Norske Veritas (DNV), International Organization for Standardization (ISO), American Society of Mechanical Engineers (ASME) etc., além de fazer uso de recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Inspeção offshore, o que é? Segundo o API, offshore é um termo geral usado para descrever as operações de petróleo e gás que ocorrem em oceanos e outras porções grandes de água, onde alguns dos maiores reservatórios de petróleo e gás foram descobertos. Tal termo refere-se tipicamente a atividades de exploração e produção realizadas em plataformas de perfuração offshore, no entanto, também existem dutos offshore e instalações de armazenamento. Como citado anteriormente, nas operações offshore, os riscos à segurança de processos e pessoas são evidenciados. Portanto, é importante que os funcionários tomem medidas para garantir a segurança e a confiabilidade de suas operações, dentre elas a inspeção. Inspeção, de forma direta, é a verificação de um determinado componente, seja ele uma grande estrutura metálica, como uma torre de uma plataforma ou um casco de um navio; ou uma pequena conexão de tubos. É uma boa inspeção que garante que aquela operação, como um todo, seja bem executada e se mantenha assim. Quando se fala em inspeção offshore, refere-se à inspeção de dutos horizontais, risers, conexões, válvulas, vasos de pressão, casco de navios, flutuadores etc. (a 30 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE lista é enorme). Tal inspeção é realizada através de mergulhadores, sensores, veículos remotos submarinos, drones, softwares e outros. Nas unidades seguintes serão apresentados esses assuntos de forma mais detalhada. Inspeção baseada em risco – RBI Do inglês, “Risk Based Inspection”, é uma prática internacional recomendada pela API RP 581 e sua precursora API RP 580. De modo geral, a RBI é utilizada com os objetivos de: identificar e medir os riscos do equipamento a ser inspecionado; fornecer uma compreensão precisa desses riscos e dos motivos que geram esses riscos; permitir um gerenciamento efetivo dos riscos envolvidos no processo; e reduzir os riscos associados a outros componentes. Tal técnica é realizada a partir de análises qualitativas e quantitativas de dados associados de probabilidade de falha (PoF) e consequências de falhas (CoF) de um determinado equipamento ou parte dele. Na Figura 8 tem-se a representação de um esquema que mostra a relação entre a PoF e a CoF com o aumento do risco de falha. Quanto maior a probabilidade e consequência de falha, maior o risco associado aquele equipamento ou parte dele. Os retângulos de cor vermelharepresentam alto risco de falha, os de cor amarela correspondem a riscos moderados e os de cor verde são os componentes de menor risco. Figura 8. Relação entre PoF, CoF e risco associado em uma RBI. Consequências de falhas (CoF) Pr ob ab ili da de d e fa lh as (P oF ) Fonte: Elaborado pelo autor. Adaptado de API RP 653. 31 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II Em equipamentos e estruturas offshore é muito comum adotar as técnicas RBI, conforme será relatado em tópicos posteriores. A análise de riscos é essencial para o funcionamento, em segurança, das operações offshore. Structural Integrity Management (SIM) Em operações offshore também é muito comum a aplicação do conceito de SIM, que, numa tradução literal, corresponde ao gerenciamento da integridade estrutural. Mas o que é SIM? Segundo O’Connor et al. (2005), SIM é um processo contínuo realizado durante todo o ciclo de vida de estruturas offshore para garantir a adequação contínua dessas estruturas ao que fora previamente projetado, otimizando e prolongando as operações realizadas. É justamente esse programa contínuo e adaptável que prolonga o tempo de vida de equipamentos e estruturas, sempre respeitando os critérios de segurança. O planejamento do programa de inspeção, por exemplo, está incluso no processo SIM. No programa de inspeção, estão inclusos a periodicidade das inspeções e o escopo do trabalho, definindo quais as ferramentas, métodos e técnicas de inspeção a serem utilizados. No SIM também estão inclusas medidas de redução ou mitigação de riscos de acordo com dados do RBI. De forma geral, o processo SIM se divide em quatro grandes blocos, a saber: » Dados: sistema gerenciado para arquivamento e recuperação de dados do SIM e outros registros. » Avaliação: sistema de avaliação da integridade estrutural e adequação ao propósito da operação, além de iniciar o desenvolvimento de ações corretivas. » Estratégia: elaboração de estratégias de inspeção geral e de critérios para realizar inspeção em serviço, isto é, sem necessitar parar a produção e deixar de ganhar dinheiro. » Programa: escopos detalhados para determinação das atividades de inspeção e execução offshore para a obtenção dos dados de qualidade. Essas etapas funcionam em forma cíclica, assim como representado no diagrama da Figura 9. 32 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE Figura 9. Diagrama representativo da organização de SIM. Dados Avaliação Estratégia Programa S tructural I ntegrity M anagement Fonte: Elaborado pelo autor, 2019. Outras definições importantes Além dos conceitos já citados, existem outros termos que você vai encontrar nesse caderno de estudos e são muito importantes para o entendimento da inspeção de equipamentos e estruturas offshore. Com base no Regulamento Técnico SGSS e normas API, têm-se as definições nos seguintes tópicos. Plano de inspeção Plano para a inspeção em serviço de uma determinada estrutura ou equipamento, incluindo a programação e o escopo das inspeções. Programa de inspeção Detalhamento do escopo, dos métodos e do tempo das atividades de inspeção para as estruturas, equipamentos e componentes. Nesse programa deve estar incluído o conjunto de recomendações para reparo, manutenção ou substituição do item inspecionado. Relatório de inspeção Documento técnico que apresenta a descrição de todos os eventos conformes e não conformes estabelecidos na especificação ou plano de inspeção. 33 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II Inspeção de fabricação Atividade desenvolvida com fins de planejamento e execução visando verificar, nas instalações do fornecedor e/ou subfornecedores envolvidos, a conformidade dos equipamentos ou materiais fabricados com os documentos contratuais. Inspeção em serviço Todas as atividades de inspeção realizadas quando o equipamento está em operação, compreendendo o período após a instalação e antes de sua retirada. Responsável técnico pela inspeção Pessoa ou gerência com responsabilidade técnica pelas inspeções previstas no plano de inspeção. Mecanismo de falha Fenômeno ou processo que atua nas estruturas, equipamentos e outros componentes, causando a perda discreta, progressiva ou acelerada de resistência, funcionalidade ou reserva de operacionalidade, podendo frequentemente interagir com outros mecanismos de falha. Corrosão e fadiga são exemplos de mecanismo de falha. Modo de falha Maneira que um equipamento e/ou estrutura manifestam a incapacidade de operação, podendo ocorrer de forma gradativa (progressão de pequenos mecanismos de falha) ou de forma abrupta. Por exemplo, o envelhecimento e a abrasão são modos de falha. Componentes Elementos mecânicos pertencentes ao sistema offshore, dentre eles, pode-se citar: flanges, conectores, parafusos, juntas etc. Locais e equipamentos críticos Áreas ambientalmente sensíveis, locais com intensa navegação ou outras áreas definidas como críticas por uma análise de riscos. Já os equipamentos críticos são qualquer equipamento ou elemento estrutural da instalação que poderia, em 34 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE caso de falha, causar ou contribuir significativamente para um acidente ou para problemas operacionais. Estruturas temporárias Estruturas utilizadas somente durante a fabricação, o transporte e/ou a instalação de grandes estruturas. Quando se inicia a operação, as estruturas temporárias não estão mais presentes. Guindastes e suportes utilizados na instalação de estruturas topside, por exemplo. Corrosão Tipo de mecanismo de falha que leva à deterioração de um material ou das suas propriedades devido à reação com o meio envolvente, incluindo oxidação, abrasão, erosão, desgaste e demais formas de perda de material. Fadiga Outro mecanismo de falha muito comum é a fadiga, que consiste na ação progressiva de movimentos repetitivos, causando zonas alternadas de tensão e deformação. As ações do vento, das ondas e das correntes são importantes causadores de fadiga em risers e outros dutos submarinos, por exemplo. Vaso de pressão Um contêiner projetado para suportar pressão interna ou externa. Tal pressão pode ser imposta por uma fonte externa, pela aplicação de calor de uma fonte direta ou indireta, ou por qualquer combinação dos mesmos. Essa definição inclui trocadores de calor, refrigeradores de ar e outros vasos geradores de vapor que utilizam calor da operação de um sistema de processamento ou outra fonte de calor indireta. Esses componentes são encontrados nas estruturas topside. Vida útil de projeto Período especificado e documentado na fase de projeto original, na qual a integridade do Sistema Submarino é prevista, considerando a realização de manutenção predefinida, porém sem requerer reparo substancial. 35 CAPÍTULO 2 Inspeção remota – ROV Como você já deve ter percebido, há muita dificuldade de realizar operações em meios submersos. Muitas vezes, a profundidade e a pressão são tão grandes que a atividade não pode ser realizada por seres humanos. Porém, graças aos avanços tecnológicos, essas atividades, inclusive a inspeção de diversos componentes offshore, podem ser realizadas por “Remotely Operated Vehicles”, os ROVs. Esses equipamentos, não tripulados, são conectados por cabos umbilicais capazes de transmitir os sinais desde uma mesa de controle na superfície da embarcação até a zona submersa. Segundo Carvalho et al. (2009), os ROVs são projetados para realizar funções específicas e, de acordo com sua função, eles são equipados. Alguns componentes dos ROVs são câmeras, braço mecânico, refletores e vários sensores capazes de medir a temperatura, pressão externa, velocidade das correntes etc. A Figura 10 é uma representação de um modelo de ROV, com alguns desses componentes. Figura 10. Exemplo de ROV. Braço mecânico Câmera Fonte: adaptado de https://ae01.alicdn.com/kf/HTB1OwSLPVXXXXXiXpXXq6xXFXXXR/ROV110-Submarine-110ROV-UNDERWATER- ROBOT-BRUSHLESS-RTR-Undersea-detection-Underwater-Archaeology.jpg.36 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE Classificação de ROVs Segundo Capocci et al. (2017), basicamente, os ROVs se dividem em duas grandes classes: ROVs de intervenção e ROVs de inspeção. ROVs de intervenção Os ROVs de intervenção, também chamados de ROVs de trabalho, são os trabalhadores da indústria de engenharia naval, sendo a grande maioria utilizado na indústria offshore de petróleo e gás. Essa classe pode ser dividida em modelos leves e pesados. Os ROVs leves podem pesar entre 100 kg e 1500 kg. Geralmente, eles são veículos totalmente elétricos, com subsistemas hidráulicos para controle de um manipulador. Eles podem operar em profundidades (até 3.000 m) muito maiores do que ROVs de inspeção, sendo utilizados para realizar limpezas, perfurações e levantamento de alguma área, como citado anteriormente, dependendo dos equipamentos associados ao veículo. Os ROVs de intervenção do tipo pesado máquinas mais robustas, pesando até 5.000 kg, com sistemas de propulsão e manipulação acionados hidraulicamente, geralmente. É justamente o conjunto hidráulico que permite o veículo realizar serviços mais pesados. Esses veículos podem ser operados em profundidades de até 6.000 m. Devido à massa dos ROVs de intervenção, geralmente são empregados sistemas de lançamento e recuperação (LARS), juntamente com um sistema de gerenciamento de Tether (TMS). Normalmente, esses sistemas são grandes e ocupam um volume considerável de espaço a bordo do navio de superfície a partir do qual são operados. Em outras palavras, os ROVs de intervenção pesados fazem uso de sistemas complexos, que ocupam um volume significativo dos navios e que necessitam que a operação seja realizada por profissionais altamente treinados. Esses fatores ocasionam custos operacionais elevados. Por isso, para muitas aplicações de ROV, esses veículos grandes não são viáveis, nem eficientes, substituindo-os por ROVs de inspeção, reduzindo custos e complexidade. 37 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II ROVs de inspeção Os ROVs de inspeção, também chamados de ROVs de observação, são geralmente menores que os ROVs de intervenção. Quanto ao seu porte, os ROVs de inspeção podem ser divididos em ROVs médios e ROVs portáteis (ou microdimensionais). Os ROVs de inspeção médios geralmente pesam entre 30 kg e 120 kg, porém os veículos maiores podem exigir um LARS para operações, aumentando seu custo operacional. Os ROVs médios tendem a ser modelos de estrutura aberta, permitindo que sensores extras e outros componentes sejam adicionados. Além da inspeção, alguns veículos podem realizar outras operações, como a limpeza, ou a recuperação de itens. De modo a melhorar a qualidade da inspeção, estão sendo implantados nesses ROVs, sistemas de navegação cada vez mais precisos e imagens de alta resolução. Além disso, sonares com imagens também podem ser montados, independentes de sistemas de navegação, e usados como “olhos acústicos” em tempo real para navegação, inspeção e busca em águas turvas. A potência e as comunicações para ROVs de tamanho médio podem ser transmitidas através de núcleos de cobre ou uma combinação de núcleos de cobre e fibra ótica no cordão umbilical. Alguns ROVs desta categoria podem ter altas capacidades de empuxo, superando seu grande volume e arraste, permitindo assim um bom controle em condições difíceis. Os ROVs de inspeção micro ou portáteis podem pesar entre 3 kg e 20 kg, correspondendo ao tipo mais simples, diminuindo os custos operacionais e permitindo que o usuário conclua o trabalho de maneira eficiente. Esse tipo de ROV pode operar em profundidades menores que 300 m, muito por causa de sua estrutura e a pressão externa. Existem muitas configurações de ROVs portáteis, desde variantes de formas de cubo a designs mais dinâmicos. A estabilidade desses veículos é frequentemente reduzida em comparação com a dos ROVs de inspeção de chassi aberto e isso geralmente é um resultado direto de sua forma. A potência e a comunicação para o ROV portátil são transmitidas através de núcleos de cobre no umbilical. É raro ver núcleos de fibra ótica em uso, devido ao alto custo associado à fibra. O empuxo, em relação de peso, no entanto, ainda pode ser alto devido à sua pequena massa. Aplicações desta classe de ROV são quase exclusivamente limitadas a operações de inspeção, embora algumas possam ser equipadas com pequenos manipuladores capazes de coletar materiais leves. 38 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE Na Figura 11 tem-se um esquema que representa a classificação dos ROVs, conforme relatado no texto acima. Figura 11. Classificação de ROVs. ROV ROV de inspeção ROV de intervenção ROV médio ROV portátil ROV leve ROV pesado Fonte: Adaptado de Capocci et al., 2017. Aplicações de ROVs de inspeção Segundo o estudo de Capocci et al. (2017), os ROVs de inspeção podem ser utilizados em diversas áreas, mostradas na Tabela 2: Tabela 2. Aplicações dos ROVs de inspeção. Área de aplicação Exemplos de atividade dos ROVs de inspeção Meio ambiente Monitoramento costeiro, monitoramento de habitats, avaliações de poluição Segurança Detecção de contrabando, inspeção de explosivos não detonados Hidrelétrica Inspeção da estrutura das paredes das barragens e de bloqueios nas comportas Aquicultura Inspeção de redes de pescaria e identificação de zonas de poluição, através da presença de peixes mortos Militar Busca por minas, detonação dessas minas, identificação de possíveis alvos Ciência Investigação do leito marinho, estudos da vida marinha, amostragem de água e sedimentos Exploração offshore de óleo e gás Inspeção de tubulações, equipamentos e estruturas, detecção de vazamentos visuais, operações com mergulhadores Energia renovável marinha Inspeção das estruturas em áreas de difícil acesso Energia nuclear Inspeção e operação em áreas que causam perigo aos seres humanos Busca e resgate Operações de busca e resgate de embarcações naufragadas ou à deriva Engenharia civil Monitoramento de estrutura de pontes e píers, inspeção da fundação de estruturas Fonte: Adaptado de Capocci et al., 2017. 39 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II Observe a quantidade de áreas e aplicações em que os ROVs de inspeção podem ser utilizados, sendo muitas vezes a opção mais prática e rentável para determinada situação. A Figura 12 ilustra uma aplicação de ROV, sendo utilizado na inspeção de dutos submarinos. Figura 12. ROV em operação de inspeção submersa. Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-7Qvni43PU5I/T_BevYApvzI/AAAAAAAAARw/T1pOP2jSCOs/w1200-h630-p-k-no-nu/rov_aw_600.jpg. 40 CAPÍTULO 3 Inspeção de risers Este capítulo é baseado em normas internacionais a respeito da inspeção de risers, principalmente em normas da API e da DNV. RBI de risers Visão geral O objetivo desta seção é descrever as etapas necessárias para desenvolver um plano de inspeção, com base na RBI para risers. A eficácia da inspeção na identificação da degradação depende da sensibilidade e da precisão da técnica escolhida. Normalmente, por motivos financeiros, a inspeção visual é a primeira escolha, mas, às vezes, essa é uma técnica grosseira, não conseguindo detectar níveis inaceitáveis de degradação no riser. Nessas situações, deve-se buscar alternativas, como ENDs. Observe que a inspeção é o primeiro passo para estimar o potencial risco de um equipamento, a consequência desse risco e a vida útil do riser. A partir da inspeção, ações de manutenção ou reparo são exigidas para o correto gerenciamento dos riscos. A avaliação da inspeção baseada em risco pode ser realizada de maneira qualitativa ou quantitativa. Isto está relacionado ao método usado na estimativa de probabilidade de falha (PoF) e consequência de falha (CoF). Os métodos qualitativos baseiam-se geralmente no julgamento e dão uma categoria não numérica, enquanto os métodos quantitativos geralmente envolvem algum elemento de cálculo, dando resultadosnuméricos. O processo RBI se concentra especificamente em: » identificação de modos de falha; » identificação das consequências de falha (CoF); » identificação da probabilidade de falha (PoF); » estimativa do nível de risco (CoF x PoF). 41 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II Recomenda-se que a modelagem das consequências de falhas seja executada primeiro, pois as consequências de um evento são necessárias para determinar o limite da probabilidade de falha, que é utilizada na programação da inspeção. Para os risers já em operação, é muito difícil alterar as consequências de uma possível falha e, portanto, o risco deve ser gerenciado através da redução da propriedade de falha, aumentando a periodicidade e qualidade da inspeção e da manutenção da estrutura. CoF em risers As consequências de falhas (CoF) em risers podem ser de segurança, de meio ambiente ou de razões econômicas, dependendo da análise que queira ser realizada. Para a elaboração de uma tabela de dados deve-se levar em consideração o potencial de morte ou de danos à saúde do empregado não somente durante a produção, mas em todas as etapas de vida útil daquela unidade exploradora. Dentre os parâmetros utilizados para a elaboração dessa análise, pode-se citar: explosões de pressões elevadas; exposições a altas temperaturas; toxicidade; possibilidade de incêndios; potencial de explosão, etc. A Tabela 3, extraída da DNV RP F206 (2008), é um exemplo de categorização da CoF de segurança: Tabela 3. Escala de CoF de segurança. Categoria de CoF CoF (PLL*/ano) Descrição do dano A 10-3 Sem ferimentos B 10-2 Ferimentos leves C 10-1 Ferimento grave ou deficiência permanente D 1 Uma morte E > 1 Várias mortes Fonte: DNV RP F206, 2008. *PLL corresponde ao potencial risco à perda de vida. No que se refere à CoF de fatores econômicos também são usados alguns parâmetros, como: valor de produção perdido; custos de reparos e instalação do riser; potenciais danos às estruturas adjacentes, como manifold, bombas, conexões etc.; eventuais multas por atrasos, perdas de prazos ou quebras de contratos; e perda de valor nas ações do produto produzido. 42 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE A Tabela 4 apresenta uma escala para categorizar as CoF quanto a questões financeiras. Vale salientar que os valores listados são baseados em um campo cujo volume de produção é de 50000 barris por dia. Tabela 4. Escala de CoF para fatores econômicos. Categoria de CoF CoF Descrição do dano A < $5k Efeito insignificante B $5k a $50k Efeito pequeno C $50k a $500k Efeito localizado D $500k a $5 milhões Efeito grande E > $5 milhões Efeito enorme Fonte: DNV RP F206, 2008. Também há uma CoF de danos ao meio ambiente, conforme mostrado na Tabela 5. Tabela 5. Escala de CoF para danos ambientais. Categoria de CoF CoF Descrição do dano A ≤ 100 L de óleo Efeito insignificante B 100 a 1000 L de óleo Efeito pequeno C 1000 a 10000 L de óleo Efeito localizado D 10000 a 16000 L de óleo Efeito grande E ≥ 16000 L de óleo Efeito enorme Fonte: DNV RP F206, 2008. PoF em risers A PoF de falhas também pode ser quantificada e categorizada de acordo com as normas internacionais, conforme a Tabela 6. Tabela 6. Escala de PoF. Categoria de PoF PoF/ano Descrição do dano 6 > 10-1 Acontece muitas vezes por ano naquela unidade 5 10-2 a 10-1 Acontece muitas vezes por ano por operador 4 10-3 a 10-2 Tem acontecido com a maioria dos operadores 3 10-4 a 10-3 Ocorreu numa operação semelhante 2 10-5 a 10-4 Nunca ocorreu numa operação semelhante 1 < 10-5 Não se espera falha Fonte: DNV RP F206, 2008. Vale destacar que as categorias 1 e 2 são de fato muito pouco frequentes, mas não por isso o operador pode ser negligente a ponto de desconsiderar tais situações numa unidade de exploração offshore. 43 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II Para se ter uma noção, nos casos de risers que possuem pouco ou nenhum histórico de serviços, é recomendado que o engenheiro seja conservador e nunca defina tais equipamentos nas categorias 1 e 2. Categorização de risco em risers Após a definição de CoF e PoF de risers, é possível determinar o risco que está agregado naquela operação específica. Os riscos são definidos em três categorias, a saber: » Baixo risco: oferecem certo conforto ao operador em relação à integridade do riser, à segurança, ao meio ambiente e aos aspectos econômicos. Recomenda-se que o operador estabeleça esses critérios como limite de aceitação de riscos de uma determinada unidade. » Risco médio: como o nome sugere, são intermediários entre o baixo (aceitável) e alto risco. Os riscos nesta faixa excedem o limite de aceitação da operação, exigindo ações de mitigação, que podem abranger inspeção (acompanhamento de risco) e manutenção (redução de risco). Pode acontecer que os riscos excedam o limite de aceitação, mas estejam ainda dentro do período de planejamento predeterminado. Portanto, deve-se prestar atenção para ajustar o plano de inspeção e as ações de manutenção, mantendo os riscos dentro de um nível aceitável. » Alto risco: tais riscos são superiores ao limite de aceitação e, por isso, devem ser tomadas medidas imediatas para reduzir o nível do risco; alternativamente, medidas adicionais de controle de risco devem ser tomadas. Planejamento da Inspeção de risers O planejamento de inspeção deve ser agendado de forma que todos os procedimentos sejam realizados antes que o pior cenário de risco exceda o limite de risco calculado na RBI, com tempo ainda para realizar medidas protetivas, caso necessário. Para isso, o inspetor deve ter em mãos uma base de dados de todos os equipamentos e componentes que devem ser inspecionados, identificados de forma única. Na base de dados devem estar contidas diversas informações, dentre elas: dimensões, materiais de fabricação, fluidos de serviço, temperatura e pressão de operação, 44 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE especificações, localização, desenhos de referência, plano de inspeção de fabricação, histórico de inspeção e modificações já realizadas. O processo de planejamento de inspeção nada mais é do que uma interpretação da base de dados (citada acima), da RBI e dos dados de campo do riser já em operação. Então, o processo de planejamento de inspeção compreende três partes: » Análise de RBI: selecionar e priorizar quais partes do sistema de risers devem ser inspecionadas, fazendo a relação de qual mecanismo de degradação deve causar a falha e em qual momento. » Desenvolvimento de um programa de inspeção a longo prazo: resumo das inspeções esperadas com uma visão a longo prazo do futuro, com base em dados obtidos do RBI, juntamente com dados obtidos da operação do riser, que não foram previstos na RBI. » Plano detalhado de inspeção: fornece um plano preciso, desenvolvido em nível experimental de qual inspeção deve ser executada, qual preparação é necessária, qual técnica deve ser usada. Vale salientar que as técnicas de inspeção devem ser selecionadas com base em sua relação custo-benefício na detecção do mecanismo de dano esperado naquela situação específica. Em muitas situações, mais de uma técnica é eficiente para inspecionar e identificar um possível dano, porém, cabe ao inspetor pesar qual técnica deve ser usada de modo a obter o melhor custo-benefício. Normalmente, a técnica que dá a maior eficiência na identificação do dano deve ser escolhida. No entanto, em algumas situações, pode ser mais rentável aplicar uma técnica menos eficiente, mas realiza-la com mais frequência. Assim, novamente uma análise custo-benefício, que é feita da seguinte maneira: » nível de confiança na técnica escolhida; » estimativa do custo da operação de inspeção para aquela técnica escolhida; » determinação da probabilidade de identificação (PoD) para a extensão média do dano esperado no momento da inspeção; » seleção de acordo com o maior valor da expressão: PoD/ Custo*Confiança. Istoé o valor da divisão entre a probabilidade de identificação pelo produto do custo e da confiança da técnica. Contudo, destaca-se que o método acima é aplicável apenas à primeira inspeção programada após a análise RBI. A previsão do próximo tempo de inspeção é 45 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II realizada somente após o fim da primeira inspeção, quando os procedimentos são repetidos para determinar o novo planejamento de inspeção. Observe que o procedimento de inspeção é baseado em relatórios precisos de inspeções anteriores, para que os dados relatados sejam prontamente usados para atualizar as análises de RBI e, portanto, planejar a próxima inspeção. Técnicas de inspeção em risers Existem diversas técnicas utilizadas na inspeção de risers, sejam eles de qual tipo for. Esse tópico visa mostrar algumas delas, destacando suas vantagens, desvantagens e quais danos elas detectam mais facilmente. Inspeção visual geral Tal técnica consiste na inspeção geral dos sistemas de riser para identificar as regiões de não conformidade com o projeto e operação, sendo essencial para determinar qual área vai ser escolhida para conduzir uma inspeção visual detalhada. Tem como principais vantagens o baixo custo de operação e a grande área superficial que a técnica consegue cobrir. Como desvantagens, tal técnica se limita à observação de danos externos, as medições não são precisas, a análise é subjetiva, dependendo da sensibilidade do operador, e é uma técnica muito trabalhosa. Os principais danos observados por essa técnica são as corrosões na superfície externa dos risers. Inspeção visual detalhada É uma técnica muito semelhante à inspeção visual geral, tendo como vantagens a grande área superficial e a velocidade que é realizada. Como desvantagem, pode-se citar a subjetividade do inspetor, a preparação e a qualificação requeridas para realizar tal técnica. Assim como na geral, os danos observados primariamente são as corrosões na superfície externa dos risers. Ultrassom (UT) A inspeção UT convencional faz uso de vários componentes funcionais, como o gerador-receptor, o transdutor e os dispositivos de display. Um gerador-receptor 46 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE é um dispositivo eletrônico que pode produzir um pulso elétrico de alta voltagem. Impulsionado pelo gerador, o transdutor gera energia ultrassônica de alta frequência. A energia sonora é introduzida e se propaga através dos materiais na forma de ondas. Quando há uma descontinuidade (como uma rachadura) no caminho da onda, parte da energia será refletida de volta da superfície da falha. O sinal de onda refletida é transformado em um sinal elétrico pelo transdutor e é exibido em um display. O tempo de viagem do sinal pode estar diretamente relacionado à distância percorrida pelo sinal e, a partir dele, informações sobre a localização, o tamanho, a orientação e outros recursos sobre a falha encontrada podem ser obtidos. Várias são as vantagens dessa técnica, como: » sensibilidade a descontinuidades superficiais e subsuperficiais; » a profundidade de penetração para detecção ou medição de falhas é superior a outros métodos END; » o acesso é por apenas um lado do riser quando a técnica de pulso-eco é utilizada; » tem alta precisão na determinação da posição, de estimativa de tamanho e de forma da falha, que é quem reflete a onda; » os resultados são instantâneos, fornecidos no display do equipamento; » o equipamento fornece imagens detalhadas; » pode ser utilizado para medições de espessura, além de detecção de falhas. Em relação às desvantagens, pode-se citar: » a superfície deve ser acessível para transmitir ultrassom; » o inspetor precisa de treinamento e destreza para operar o equipamento, mais do que boa parte das outras técnicas; » normalmente requer um meio de acoplamento para promover a transferência de energia sonora para a área inspecionada; » a inspeção é muito dificultada no caso de materiais ásperos, de forma irregular, muito pequenos, excepcionalmente finos ou não homogêneos; 47 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II » o ferro fundido e outros materiais de grão grosso são difíceis de inspecionar devido à baixa transmissão de som e alto ruído de sinal; » em algumas situações, os defeitos lineares são orientados paralelamente ao feixe de som, passando despercebidos; » é necessário calibrar o equipamento de acordo com as normas de referência. Radiografia A radiografia digital é uma técnica não destrutiva para a produção de imagens em corte 2D e 3D de um objeto a partir de imagens de raios-X. Por essa técnica, podem ser identificadas as características da estrutura interna de um objeto, como dimensões, forma, defeitos internos e densidade. A metodologia consiste em utilizar uma máquina de raios-X ou um isótopo radioativo como fonte de radiação. A radiação é direcionada para uma determinada parte do riser em um filme, gerando uma radiografia, que mostra as características internas e a solidez da parte inspecionada. A espessura do material e as mudanças de densidade são indicadas como áreas mais claras ou mais escuras no filme. O componente inspecionado é então colocado numa mesa giratória que fica entre uma fonte de radiação e um sistema de imagem. A mesa giratória e o sistema de imagem são conectados a um computador para que as imagens de raios-X coletadas possam ser correlacionadas com a componente inspecionado. Por fim, o software de computador especializado possibilita a produção de imagens transversais do componente inspecionado, como se o estivesse fatiando. A vantagem desse teste é a boa resolução da imagem da parte inspecionado, possibilitando ao inspetor a oportunidade de detectar claramente a falha. Como desvantagens, pode-se citar: » o uso de radiação, que por si só gera preocupações quanto à segurança; » é necessário o acesso dos dois lados do riser; » treinamento especializado do inspetor, inclusive com habilitação diferente; » o método possui baixa sensibilidade para defeitos não volumétricos. 48 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE Partículas magnéticas Os testes de partículas magnéticas têm como vantagens serem fáceis de fazer e serem portáveis. Já a principal desvantagem é que a superfície do riser tem que estar bem limpa para o que resultado seja fidedigno. Os danos detectados por essa técnica são as rachaduras superficiais. Ferramentas geométricas Tal técnica consiste em utilizar braços mecânicos ou eletromecânicos para medir o diâmetro dos tubos, sendo utilizada principalmente em tubulações com líquidos perigosos e gases de alta pressão. A principal vantagem dessa técnica é a grande área de inspeção, porém serve apenas para risers de diâmetros específicos e que tenham acesso aos dois lados do tubo, limitando o seu uso. Além disso, só identifica falhas volumétricas. Quanto aos danos detectados primariamente, pode-se citar a presença de mossas e outras mudanças de ovalidade. Só para deixar claro, mossas são como se fossem afundamentos na estrutura do riser, resultantes de pancadas ou variações de pressão. Tabela resumo das técnicas de inspeção em risers A Tabela 7 é um resumo das condições em que são empregadas as seis normas citadas nos seguintes tópicos: inspeção visual geral; inspeção visual detalhada; ultrassom (UT); radiografia; partículas magnéticas e ferramentas geométricas. Tabela 7. Resumo das condições de uso das técnicas de inspeção em risers. Condição de uso Inspeção visual geral Inspeção visual detalhada Ultrassom Radiografia Partículas magnéticas Ferramentas geométricas Usa-se em aço? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Usa-se em titânio? Sim Sim Sim Sim Não Sim Usa-se em materiais compósitos? Sim Sim Não Sim Não Sim Usa-se abaixo d’água? Sim Sim Sim, mas com experiência limitada Sim Sim Sim Detecta-se através de revestimentos? Não Não Sim Sim Não Não Detecta-se através de isolamentos? Não Não Sim SimNão Não 49 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II Condição de uso Inspeção visual geral Inspeção visual detalhada Ultrassom Radiografia Partículas magnéticas Ferramentas geométricas Alcance na espessura do riser Não se aplica Não se aplica 1mm 1mm 1mm Não se aplica Máximo comprimento de inspeção Não se aplica Não se aplica < 30mm Não se aplica Não se aplica Não se aplica Fonte: DNV RP F206, 2008. Falhas gerais em risers De modo geral, as principais falhas encontradas nos variados tipos de risers são vazamentos, trincas, fraturas, corrosão, colapso, sendo tais falhas causadas por danos mecânicos, danos acidentais, composição dos fluidos, variação de temperatura, pressão interna e externa etc. Tal seção se concentra em explicar mais especificamente sobre as falhas encontradas em risers rígidos e flexíveis, destacando ainda quais as técnicas de inspeção são mais adequadas para a identificação dessas falhas. Além disso, exemplificam-se duas situações reais de estudos de caso expostos na DNV para risers rígidos e flexíveis. Importante salientar que no estudo de caso constam diversas outras informações acerca da inspeção dessas estruturas. Porém, aqui vamos apenas dar uma visão geral. Falhas em risers rígidos Primeiramente, o objeto de estudo é um riser rígido de aço com configuração de catenária (SCR), que pode apresentar alguns possíveis mecanismos de falha de componentes. O sistema de SCR normalmente possui o tubo propriamente dito, a flex-joint, um dispositivo VIV (vibrações induzidas por vórtices), sistema de proteção à corrosão e revestimento. A plena funcionalidade de cada componente é importante para manter a qualidade do serviço, conforme projetado e qualquer causa básica de falha induzirá a degradação gradual da adequação ao serviço, podendo resultar em falhas catastróficas, como colapso, flambagem, vazamento, fratura e ruptura. Em outras palavras, em risers, pequenas falhas funcionam como bola de neve, que, devido à pressão e presença de água (e outros fatores), crescem rapidamente, causando avalanches. 50 UNIDADE II │ INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE Tomando por base apenas o tubo de riser e dividindo-o em possíveis falhas iniciais que podem sofrer, tem-se a Tabela 8 com um resumo de atividades realizadas a partir de pequenas falhas iniciais: Tabela 8. Possíveis falhas em risers rígidos. Causa inicial da falha Pressão interna excessiva Fluido de processo não projetado Falha na proteção à corrosão Crescimento da vida marinha Mecanismo de falha Rachadura, fadiga Perda de metal por corrosão, rachadura Corrosão externa Falha do dispositivo de supressão VIV Tipo de falha global Vazamento, explosão, fratura e ruptura Vazamento, explosão, fratura e colapso Explosão, fratura, ruptura e colapso Vazamento e fratura Design Rever parâmetros do fluido Rever características do fluido Rever características do fluido Não se aplica Instalação Não se aplica Não se aplica Não se aplica Não se aplica Técnica de inspeção Visual “Smart pig”* ROV ROV ou mergulhador Monitoramento Análise de dados de controle Análise de fluidos e de áreas corroídas Medições no sistema de proteção à corrosão Medições de espessura do riser Procedimento de ajuste Operação de acordo com o design Reanálise da corrosão Não se aplica Treinamento do mergulhador Manutenção Instalar válvulas de alívio ou de segurança Inibição por compostos químicos Substituir o sistema de proteção à corrosão Limpeza periódica Fonte: DNV RP F206, 2008. *Smart pig é uma técnica de inspeção em que uma sonda de inspeção é introduzida no interior do tubo, coletando dados importantes, como a presença e localização de corrosão ou outras irregularidades nas paredes internas do tubo. Falhas em risers flexíveis Agora, repetindo o estudo de caso anterior, mas para um riser flexível localizado no Brasil, contemplando os seguintes elementos: » Riser flexível » Os risers são equipados com flutuadores localizados em profundidade intermediária, que é composto de um tanque de flutuação mantido no lugar por amarras conectadas a uma base do fundo do mar » Componentes auxiliares: válvulas, sensores, conexões, juntas etc. A Tabela 9 apresenta o gerenciamento da integridade (Riser Integrity Management – RIM) desse riser específico: 51 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS OFFSHORE │ UNIDADE II Tabela 9. Apresentação do RIM. Atividade/Componente do riser Carcaça intertravada Revestimento de pressão Cabo zeta-espiral Fita antidesgas-te da armadura Camadas da armadura Modo de falha Ovalização Envelhecimento acelerado Abertura Abrasão Desorganização dos cabos Mecanismo de falha Manuseio inadequado durante instalação e operação Seleção do material e fluido inadequado Tensão excessiva, torção ou flexão durante a instalação ou operação. Impacto acidental no riser por objetos Defeitos de fabricação, temperatura elevada, ou movimento relativo entre as camadas Queda de objetos ou choques com a âncora Efeito da falha no sistema Redução do diâmetro da seção Desenvolvimento de rachaduras Redução da capacidade estrutural Redução da espessura Inundação do anular e redução da vida útil do riser por fadiga Efeito global da falha Impossibilidade de realizar pigging e redução do fluxo Vazamento Explosão Explosão Explosão Detecção da falha Calibração durante a instalação Queda de pressão Queda de pressão - Queda de pressão, monitoramento do espaço anular do riser e teste de vácuo Reforço Reforçar a capacidade e a força Elaborar relatórios de materiais de maior qualidade Cuidado no transporte e instalação de acordo com os procedimentos - Dobrar o revestimento externo Risco Médio Baixo Médio Baixo Médio Comentários O problema ocorreu na indústria, mas o reforço da capacidade preveniu a falha - Limitada presença de embarcação na área Aconteceu durante os testes devido ao calor. Não é relevante na operação Baixa probabilidade devido à atividade limitada da embarcação na área Fonte dos dados Profissional expert Experiência do operador Base de dados da indústria Base de dados da indústria Testes Tempo de reparo ativo 2 a 6 semanas 2 a 6 semanas, por revestimento 2 a 6 semanas, por cabo - 2 a 6 semanas, por camada Característica da falha Vida pregressa Relacionado à idade Aleatória - Aleatória Estratégia de manutenção Depende da condição Uso de ROV para detectar vazamentos Depende da condição - Depende da condição Fonte: DNV RP F206, 2008. Vale destacar que o tempo de reparo ativo assume que a embarcação e as peças sobressalentes estão disponíveis para realizá-lo, dependendo, claro da magnitude do dano. Os danos de menor porte (danos locais) podem ser reparados em uma semana, enquanto um reparo total pode ser feito em 2 semanas. 52 CAPÍTULO 4 Inspeção de dutos rígidos submarinos Visão geral Além dos risers, outros dutos submarinos são essenciais para garantir o fluxo dos fluidos na produção de petróleo. Nesse contexto, este capítulo consiste em uma adaptação da norma Petrobras N-1487, denominada “Inspeção de dutos rígidos submarinos”. Vale salientar que essa norma “estabelece os requisitos técnicos de inspeção interna e externa aplicáveis aos dutos rígidos submarinos de transporte e transferência, de hidrocarbonetos construídos em aço-carbono e que se encontrem em operação”, incluindo os risers rígidos. A fim de realizar as operações com maior grau de otimização, é preciso dividir os dutos rígidos de acordo com as regiões que eles estão em uma unidade de exploração offshore. Cada uma dessas regiões possui suas peculiaridades, que são resultados das condições ambientais a que os dutos são sujeitos. A Figura 13 é uma representação de uma plataforma flutuante de produção, com riser rígido do tipo catenária. Figura 13. Diferentes regiões de uma plataforma. Riser rígido Linha de fluxo rígida ZVM Nível do mar Solo marinho TDP
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