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2021-dis-jabsmota

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE 
PROGRAMA DE ECONOMIA PROFISSIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO ADEMAR BASTOS DA SILVA MOTA 
 
 
 
 
 
 
 
PAPEL DO SETOR FINANCEIRO BANCÁRIO 
NA ECONOMIA DO ESTADO DO CEARÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
 2021 
 
 
 
 
JOÃO ADEMAR BASTOS DA SILVA MOTA 
 
 
 
 
 
PAPEL DO SETOR FINANCEIRO BANCÁRIO 
NA ECONOMIA DO ESTADO DO CEARÁ 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Economia Profissional da Faculdade de 
Economia, Administração, Atuária e 
Contabilidade da Universidade Federal do 
Ceará, como requisito parcial para a obtenção 
do Título de Mestre em Economia. Área de 
concentração: economia de empresas. 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Christiano Modesto 
Penna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO ADEMAR BASTOS DA SILVA MOTA 
 
PAPEL DO SETOR FINANCEIRO BANCÁRIO NA ECONOMIA DO ESTADO DO CEARÁ 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Economia Profissional da Faculdade de 
Economia, Administração, Atuária e 
Contabilidade da Universidade Federal do 
Ceará, como requisito parcial para a obtenção 
do Título de Mestre em Economia. Área de 
concentração: economia de empresas. 
 
 
Aprovada em: ___ /___ / ______. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
____________________________________________ 
Prof. Dr. Christiano Modesto Penna 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
____________________________________________ 
Prof. Dr. Arley Rodrigues Bezerra 
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) 
 
____________________________________________ 
Prof. Dr. Witalo de Lima Paiva 
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Aos meus pais Wilson Cesar (In Memorian) e Janete, por todo amor, carinho e dedicação e à 
minha esposa Madalena. 
As minhas irmãs Yasmin, Ingrid e Viviane por todo apoio. 
Aos amigos, Brunno Vieira, Davi Montefusco e João Atylla sempre dispostos a ajudar. 
Ao meu orientador professor Christiano, por toda sua paciência e orientação nesse processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O objetivo dessa dissertação é analisar a importância relativa do setor de atividades financeiras, seguros 
e serviços relacionados na economia cearense através de um instrumental Matriz Insumo-Produto (MIP). 
Inicialmente, levantam-se estudos que reforçam o papel do referido setor no desenvolvimento 
econômico, assim como se contextualiza o papel do setor de atividades financeiras e de seguros no Brasil 
e no Ceará. Posteriormente, introduzimos o instrumental Matriz Insumo-Produto e a ideia dos índices 
de Ligação e de Dispersão de Rasmussen-Hirschman, assim como a metodologia de extração hipotética 
setorial. Com base na Matriz Insumo-Produto do Ceará mais recente de 2013, nossos resultados sugerem 
que o setor de atividades financeiras e de seguros é um “setor-chave” para a economia cearense, pois, 
além de ter grande capilaridade com os demais setores, ele tem forte absorção de recursos (pelo lado da 
demanda) quanto dispersão de produtos (pelo lado da oferta). A análise de extração hipotética deste 
setor, por exemplo, sugere que a perda agregada de Valor Bruto da Produção seria de, pelo menos, 4,5% 
do PIB. 
 
Palavras-Chave: Atividades Financeiras, Matriz Insumo-Produto, Sistema Bancário, Ceará. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The objective of this dissertation is to verify the relative importance of the sector of financial activities, 
insurance and related services in the Ceará economy through an instrumental Matrix Insumo-Product. 
It is understood that the number of authors who support the existence and relevance of direct impacts of 
financial development on the growth of the economy ends up being greater, in addition to much of this 
relationship being supported by ample empirical evidence. Thus, the main objective would be to verify 
the relative importance of the sector of financial activities, insurance and related services in the economy 
of Ceará through an instrumental Matrix Input-Product. In this way, one could also investigate the 
impact on the Gross Domestic Product (GDP) of the State of Ceará in the absence of the sector of 
financial activities, insurance and related services in the Banking System. 
 
Keywords: Financial activities, input-output matrix, banking system, Ceara. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sumário 
 
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................7 
2. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................10 
2.1 Atividade Bancária no Desenvolvimento Econômico........................................................10 
2.2 Atividade Bancária no Contexto da Oferta de Crédito .....................................................13 
2.3 A Importância do Crédito no Sistema Financeiro .............................................................16 
2.4 Contexto da Atividade Bancária no Brasil .........................................................................17 
2.5 Contexto Econômico do Ceará ............................................................................................21 
2.6 Contexto da Atividade Bancária no Ceará.........................................................................22 
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS .............................................................................................26 
3.1 Matriz Insumo-Produto .......................................................................................................26 
3.2 Matriz Insumo-Produto Aplicada ao Setor Financeiro.....................................................29 
3.3 Modelo Insumo-Produto para Região Única......................................................................30 
3.4 Índices de Rasmussen-Hirschman.......................................................................................33 
3.5 Classificação de Setores Chave ............................................................................................34 
3.6 Extração Hipotética ..............................................................................................................35 
4. RESULTADOS .............................................................................................................................39 
4.1 Questões Estruturais.............................................................................................................39 
4.2 Resultados do Setor ..............................................................................................................41 
4.3 Comparação Intersetorial ....................................................................................................42 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................45 
 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................47 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Buscando entender o papel do setor financeiro bancário na economia, parte-se da 
premissa acerca da importância teórica do desenvolvimento financeiro como fator de estímulo 
ao crescimento do contexto econômico. Dessa forma, segundo Levine (1997) e Khan e Senhadji 
(2000), fundamenta-se nas premissas de que os intermediários financeiros: (a) oferecem 
proteção, diversificação ou arranjos de combinação do risco enfrentado pelos agentes 
econômicos, (b) alocam recursos mais eficientemente, (c) monitoram e gerenciam o controle 
empresarial, (d) mobilizam poupanças, e (e) facilitam a troca de bens e serviços em uma 
economia de mercado. Dessa forma, o sistema financeiro facilitaa alocação de recursos no 
espaço e no tempo, estimulando também a própria a atividade econômica. 
Seguindo por esse mesmo contexto, King e Levine (1993), afirmam que os 
intermediários financeiros reduzem as ineficiências, ao adquirir informações sobre a qualidade 
dos projetos de indivíduos, indisponíveis para os investidores privados e para os mercados 
públicos. Para os autores em questão, esses intermediários são capazes de obter uma vantagem 
informacional no financiamento de empresas menos sólidas, mas com potencial de 
desenvolvimento de produtos intermediários e finais inovadores. Sendo assim, a própria 
redução do custo para o aumento de produtividade acelerará, então, as taxas de crescimento do 
produto econômico. 
Ainda com relação à importância do setor financeiro para o crescimento econômico, 
Levine e Zervos (1998) argumentam que mercados de capitais mais líquidos, em que os custos 
de negociações de ações são menores, aumentam os incentivos para investimentos em projetos 
de longo prazo, considerando o fato de que os investidores podem facilmente vender sua 
participação, caso necessitem de recursos antes da maturação do projeto. Portanto, para os 
autores, o aumento de liquidez facilita o investimento de longo prazo com retornos mais 
elevados, estimulando o crescimento da produtividade e do produto. 
Já para os autores Khan e Senhadji (2000), o desenvolvimento financeiro foi 
medido alternativamente por quatro indicadores: (a) crédito doméstico ao setor privado/PIB, 
(b) (crédito doméstico ao setor privado + capitalização do mercado de ações)/PIB, (c) crédito 
ao setor privado + capitalização do mercado acionário + capitalização do mercado de títulos 
públicos e privados)/PIB, e (d) capitalização do mercado de ações. E como variáveis de controle 
8 
 
 
foram usadas a razão investimento/PIB, as taxas de crescimento da população e dos termos de 
troca e o PIB per capita de 1987, como indicador da renda inicial. 
Assim, para Khan e Senhadji (2000), os resultados obtidos indicam, em geral, forte 
relação positiva entre desenvolvimento financeiro e crescimento econômico. Deve-se 
acrescentar, ainda, que a especificação desse modelo indica a existência de impacto direto sobre 
o crescimento até determinado ponto, declinando em seguida. Tudo isso sugere um nível ótimo 
de desenvolvimento financeiro para esses casos. 
Já em relação às questões brasileiras, Triner (1996) fez uma análise do sistema 
bancário brasileiro, de 1906 a 1930, a fim de examinar os vínculos entre os bancos, crescimento 
econômico e industrialização. Nesse caso, foi estimado, para isso, as equações de demanda de 
depósitos bancários como função da taxa do produto real e dos preços, assim como as equações 
de oferta determinada pelo variação do produto e do saldos reais de encaixe. 
Nesse caso, entende-se que o sistema bancário estava, então, fortemente integrado 
à economia produtiva e mais diretamente relacionado ao crescimento industrial do que ao da 
agricultura, o que corresponde ao contexto do período e da situação em si 
(TRINER, 1996). 
Também com foco nessa oferta de crédito regional, Castro (2002) examina o 
relacionamento entre a moeda e o espaço econômico delimitado pelas regiões de São Paulo, 
Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e as áreas de influência desses centros, 
durante o período 1988/2000. O autor concluiu que quanto maior o dinamismo econômico da 
região e sua produtividade média do trabalho, maior sua capacidade em reter depósitos e menor 
sua preferência pela liquidez. 
Já para Sicsú e Crocco (2003), o volume de renda monetária, assim como sua 
distribuição espacial e pessoal, explica, em boa medida, a distribuição das agências bancárias 
pelo Brasil. 
Por fim, Tomazzia (2015) verificou que existe uma causalidade entre 
desenvolvimento do setor bancário e crescimento econômico em nível local, sendo que o 
financiamento para produção industrial, serviços e agropecuária são as categorias de crédito 
que potencializam o crescimento municipal. 
9 
 
 
Diante de tudo isso, entende-se que o número de autores que sustentam a existência 
e a relevância de impactos diretos do desenvolvimento financeiro sobre o crescimento da 
economia acaba sendo maior, além de grande parte dessa relação estar apoiada em ampla 
evidência empírica, segundo os próprios autores Levine e Zervos (1998). 
Assim, o objetivo maior seria o de verificar a importância relativa do setor de 
atividades financeiras, seguros e serviços relacionados na economia cearense através de um 
instrumental Matriz Insumo-Produto. Dessa forma, poder-se-ia investigar também o impacto 
no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Ceará na ausência do setor de atividades 
financeiras, seguros e serviços relacionados. E, por fim, estimar qual atividade relacionada ao 
setor de atividades financeiras, seguros e serviços relacionados possui maior impacto no PIB 
do Estado Cearense. 
Além dessa introdução inicial, esse trabalho é composto por uma segunda seção, 
em que se discorre sobre os referenciais teóricos inerentes. Na terceira seção, desenvolve-se a 
metodologia a ser usada. Já na quarta, apresentam-se os resultados de todo esse processo e, por 
fim, faz-se a considerações finais. 
 
10 
 
 
2. CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
Este capítulo tenta prover uma visualização panorâmica da estrutura bancária 
brasileira em termos históricos, incluindo os principais debates, alguns dos indicadores 
estatísticos utilizados e outros trabalhos correlacionados com o escopo deste estudo. Acredita-
se ser um apoio necessário para ajudar a entender o desenvolvimento intertemporal da estrutura 
produtiva nacional, de modo que se possa contextualizar aos resultados obtidos nesta pesquisa. 
Ocorre que existem diversas opções para se abordar o processo histórico econômico 
nacional. Dentre estas, o viés do planejamento governamental é escolhido e resumido aqui, 
ainda que já tenha sido extensamente explorado na literatura, conforme pode ser corroborado 
até mesmo por Batista (2019). Todavia, explica-se isso pelo fato de que grande parte da 
estrutura produtiva moderna brasileira foi impulsionada, de alguma maneira, por várias 
decisões estratégicas de governos que passaram, sobretudo, a serem ainda mais ativos a partir 
da Era Vargas. 
 
2.1 Atividade Bancária no Desenvolvimento Econômico 
 
 
Pode-se definir o estabelecimento bancário como um comerciante de dinheiro, ao 
emprestar às várias atividades produtivas da economia os recursos necessários a sua clientela. 
Sua função principal reside na transferência de fundos, recebendo depósitos e concedendo 
empréstimos, servindo assim como um intermediário financeiro e aceitando os riscos. 
Convém ainda notar o papel complementar que exercem, como os serviços de 
câmbio, financiamento da dívida pública, custódia de títulos e guarda de valores entre tantos 
outros serviços. Segundo Fontenla (1965), os bancos não constituem um fim, mas um meio de 
promover o enriquecimento dos países e a melhoria do próprio nível de vida das populações, 
de uma forma geral. 
Dentro desse mesmo contexto, entende-se que o crédito bancário é um dos 
principais instrumentos de fomento ao setor produtivo, em toda sua amplitude. O próprio 
11 
 
 
Fontenla (1965) ressalta que a história dos bancos é a história do crédito com suas fases de 
prosperidade e depressão, onde também acaba refletida a evolução econômica de um país. 
Partindo também dessa premissa, para Levine (2004), existe uma relação positiva 
entre a atividade bancária e o crescimento econômico pela presença de um intermediário 
financeiro, dessa forma: (i) a redução nos custos do processamento de informação na atuação 
das instituições financeiras; (ii) a diminuição do custo de produção de informação sobre as 
firmas com o aumento do número de clientes que disporiam desse serviço; (iii) o abrandamento 
do risco pelo fato do banco proporcionar uma diversificaçãodo portfólio dos poupadores; (iv) 
minorar o risco de liquidez; (v) um impacto positivo sobre a mobilização de poupanças; (vi) 
uma queda nos custos de transação devido a inovações financeiras; e (vii) um aumento da 
especialização e, por consequência, da produtividade da economia, tanto no que se refere à 
esfera da intermediação financeira quanto na produtiva. 
O argumento central para uma conexão positiva entre os setores financeiro e 
produtivo está baseado na ideia de que os instrumentos, as instituições e os mercados 
financeiros têm, como função última, drenar e minimizar os custos de transação e de informação 
inerentes a qualquer atividade de troca. 
Nesse caso, prover serviços financeiros envolve diferentes custos (com pesquisa de 
projetos rentáveis, acompanhamento da situação patrimonial das empresas, elaboração de 
mecanismos de redução de risco etc.) que se não ficassem a cargo dos intermediários 
financeiros que, ao se especializarem nessa atividade adquirem expertise e obtêm ganhos de 
escala e de escopo, deveriam ser encargo dos investidores individuais. 
Levine (1997), por exemplo, examina dois canais pelos quais as funções 
desempenhadas pelo sistema financeiro podem impactar o crescimento econômico: acumulação 
de capital e inovação tecnológica. 
Assim sendo, o sistema financeiro afetaria a formação bruta de capital ao alterar a 
taxa de poupança e/ou ao realocar a poupança entre diferentes tecnologias produtoras de capital, 
o que aumentaria a produtividade do investimento. Porém, uma mudança na taxa de poupança 
só atingiria momentaneamente o crescimento da renda. 
Dessa forma, para se entender como se desenvolve esse processo, deve-se salientar 
o aspecto funcional do sistema financeiro, que encerra tanto a oferta de serviços quanto a 
12 
 
 
infraestrutura do sistema: instituições, mercados e instrumentos financeiros. Os serviços são 
envolvidos pelas variações do mercado e acabam influenciando nas decisões e na alocação de 
poupança. As funções desempenhadas por esse sistema podem alterar a taxa de inovação 
tecnológica de diferentes formas, de modo a intervir no crescimento de estado. 
Já no que concerne à oferta de crédito regional, especificamente, existe a 
preocupação com a integração dos sistemas bancários regionais com fatores responsáveis pela 
segmentação dos mercados financeiros e, consequentemente, pelas diferenças regionais de 
oferta de crédito e de taxas de juros, que criam dificuldades à perfeita mobilidade de capitais. 
Nesse caso, em termos da relação regional entre os níveis de desenvolvimento 
financeiro e econômico, Guiso, Sapienza e Zingales (2002), revelam um impacto positivo e 
significativo do desenvolvimento financeiro local sobre o próprio crescimento econômico local. 
Os ditos autores acabaram por estudar um indicador local de desenvolvimento financeiro para 
as províncias italianas da época e identificaram sua influência sobre o desenvolvimento 
econômico de cada região. 
Com isso, os resultados sugerem que em países com regiões integradas em nível de 
regulação e supervisão e com sistemas financeiros não tão desenvolvidos a ponto de serem 
eliminados os custos referentes à distância, o grau de desenvolvimento financeiro local é 
importante para o crescimento econômico e pode ser determinante do sucesso econômico de 
uma localidade, mesmo que esta seja parte de um ambiente de livre circulação de capitais. 
Recentemente, diversos países emergentes presenciaram processos de 
concentração, com entrada de bancos estrangeiros em mercados onde antes predominavam 
instituições domésticas. Entende-se que avaliar se um agente é merecedor de crédito envolve 
um processo dispendioso, e os bancos procuram ganhos de escala para a captação das 
informações de cada cliente. Dessa forma, segundo Fucidji et al. (2003), existem motivações 
para os bancos se especializarem em termos regionais ou setoriais, e privilegiarem 
relacionamentos duradouros com seus virtuais tomadores de crédito. 
Entretanto, essas motivações de especialização podem ser descartadas caso existam 
economias de escala significativas com o processo da concentração bancária. O que pode levar 
à hipótese de que uma estrutura bancária diversificada, com bancos de vários portes e origens 
regionais explorando nichos de mercado, favoreceria a especialização. Nesse caso, o próprio 
13 
 
 
processo da oferta de crédito poderia surgir como alternativa/possibilidade para esse 
movimento. 
 
2.2 Atividade Bancária no Contexto da Oferta de Crédito 
 
Assim, parece ficar claro que os bancos são fundamentais ao desenvolvimento 
econômico de um país, por proverem serviços financeiros – entre estes, principalmente, 
financiamento às empresas – que facilitam a realização do investimento, variável-chave 
responsável pelo crescimento econômico e dinamização da produção, a partir da oferta de 
crédito. 
Nesse momento, entende-se que a associação do crédito ao crescimento econômico 
continua sendo objeto de diversos estudos que, embora apresentem abordagens diferenciadas, 
confirmam esse ponto colocado acima. 
Tais pesquisas permitem o conhecimento geral da influência relevante do crédito 
no desenvolvimento das atividades econômicas, seja como um meio de sustentação das práticas 
ou como um artifício para capacitar a produção e as inovações tecnológicas. Ressaltam, assim, 
a importância da disposição de recursos para a dinamização e crescimento das economias locais. 
A referência ao crédito faz alusão imediata às condições do sistema financeiro, seja 
ele regional ou nacional. As suas representações seriam as instituições financeiras, tais como 
bancos nacionais ou locais, filiais de bancos estrangeiros, bem como os intermediários 
financeiros e corporações financeiras não bancárias, de acordo com Koo & Moon (2004), por 
exemplo. 
Para esses autores, cada instituição de crédito possui diferentes propriedades, 
tamanhos e formas de empréstimo, desenvolvendo um papel singular na taxa de crescimento 
ou no nível da atividade econômica. 
Já Stultz (2001) destaca dentre as diversas funções do sistema financeiro a provisão 
de diversas facilidades, tais como: sistema de pagamentos, mecanismos para associar fundos, 
transmissão de recursos pelo tempo e espaço, maneiras de se administrar a incerteza e de 
14 
 
 
controle de risco, informação de preço para a melhor alocação de investimentos e formas de se 
lidar com problemas de assimetria de informação. 
Todas essas ações podem ser desenvolvidas de modo diverso em economias 
distintas. Para esse autor, tudo isso se refere aos efeitos que a estrutura financeira tem sobre o 
crescimento econômico, diferenciando-a do conceito de desenvolvimento financeiro. Tal 
estrutura seria definida pelas instituições, tecnologia financeira e regras para especificar como 
uma atividade financeira é organizada em determinado momento. 
Ou seja, nesse caso, uma mesma função do sistema financeiro pode ser 
desempenhada por diferentes instituições e, em vista disso, pode seguir regras distintas. Dessa 
forma, não existe uma relação diretamente comprovada entre o desenvolvimento da economia 
de um país e sua estrutura financeira. Entende-se, assim, que a estrutura financeira em questão 
é completamente determinada de forma endógena na sua formatação. 
Por outro lado, deve-se ressaltar a importância da distinção entre estrutura 
financeira e desenvolvimento financeiro. Várias pesquisas abordam a relação entre este último 
e o crescimento econômico, utilizando como indicadores do desenvolvimento financeiro 
medidas como: o volume de negócios no mercado de ações, a razão entre o comércio no 
mercado de ações e o Produto Interno Bruto (PIB), a capitalização do mercado de ações relativa 
ao PIB, a proporção do levantamento de fundos externos a empresa, dentre outras mais. 
Dessa forma, essas medidas podem ser diferentes para uma mesma estrutura 
financeira, comprovando a inexistênciade uma relação direta entre os dois fatores. Entretanto, 
a estrutura financeira pode impedir ou promover o desenvolvimento financeiro. Nesse caso, 
isso acaba representando um fator relevante para o entendimento de como a estrutura financeira 
afeta o crescimento econômico, de uma forma real. 
Seguindo nesse contexto, Beck, Demirgüç-Kunt & Levine (2001) afirmam que há 
uma forte correlação do tamanho do setor bancário, da extensão e da liquidez do mercado de 
ações com o crescimento do PIB per capita. Ressaltam, ainda, sobre a evidência do impacto que 
o nível de desenvolvimento de tais setores exerce sobre o crescimento econômico. Além disso, 
destacam outros estudos que comprovam a importância do bom funcionamento do setor 
financeiro para a economia como um todo. 
Já King e Levine (1993) alegam que o nível de desenvolvimento financeiro está 
fortemente associado com o crescimento econômico em termos de PIB per capita, acumulação 
15 
 
 
de capital e melhorias da eficiência na alocação de capital físico. Em seus estudos, eles destacam 
a visão teórica e clássica de Schumpeter, a qual argumenta que os serviços desempenhados 
pelos intermediários financeiros são extremamente relevantes para o desenvolvimento 
econômico. Dessa forma, eles não corroboram, portanto, com a ideia de que a evolução 
financeira segue o crescimento econômico, efetivamente. 
A partir disso, resgata-se o questionamento sobre a direção da causalidade, 
abordado por diversos estudos, tais como os de King & Levine (1993), quando afirmam através 
de seu exercício, que o desenvolvimento financeiro é um bom prognóstico para o crescimento 
de longo prazo, acumulação de capital físico e melhoria em eficiência da alocação de capital. 
Ou seja, ficam contrários à ideia de uma simples associação contemporânea, confirmando que 
as questões de finanças conduzem ao crescimento econômico efetivo. 
Para isso, King & Levine (1993) realizaram um teste econométrico para comprovar 
esta relação, afirmando, através dos seus resultados, que o desenvolvimento financeiro seria 
realmente um elemento condutor do crescimento econômico. 
Já em seus estudos, Dow (1997) destaca o tratamento da oferta monetária, aquele 
dado pelos icônicos estudos econômicos de Keynes, como determinada conjuntamente pelo 
sistema bancário e pelas autoridades monetárias. 
Nesse caso, o sistema bancário em sua atuação cria a moeda, enquanto as 
autoridades monetárias têm o poder de controlar as condições de crédito. 
Partindo das ideias de Keynes (1936) e fazendo o paralelo com Dow (1997), a 
possibilidade de se aumentar o volume de moeda surge através de um crescimento da renda ou 
do afrouxamento das condições de crédito dado pelo sistema bancário. A oferta de moeda, desse 
modo, não se dá em consequência do controle de agregados monetários, mas conduz-se 
basicamente pelas taxas de juros que foram colocadas naquele momento. 
Assim, estendeu esse fator ao sistema bancário, afirmando o seu poder de decidir 
sobre a ampliação do crédito, segundo suas expectativas referentes às taxas de juros e a sua 
confiança nas previsões de mudanças delas; assim como sobre a alocação dos recursos livres 
em determinados investimentos, conforme a sua propensão à liquidez. 
Deve-se enfatizar, entretanto, que essa atuação do sistema financeiro, bem como a 
sua estrutura, apresenta divergências significantes conforme as realidades regionais 
16 
 
 
diferentemente enfrentadas, conforme o próprio Dow (1997). Além disso, as estruturas mudam 
e, de acordo com elas, o desenvolvimento bancário ocorre de maneira peculiar. 
Assim, com base nestas afirmações e nestes estudos em questão, evidencia-se o fato 
de que as estratégias do sistema financeiro, bem como as respostas do / frente às condições 
macro específicas de cada região, podem se diferenciar pelo espaço, sendo apropriado 
considerar as adversidades regionais reais e financeiras que possam, porventura, existirem. 
Com tudo isso, entende-se que se deve considerar as divergências entre as regiões 
nos fatores como incerteza, expectativas desapontadas, imperfeições de mercado, taxas de 
retorno regionais diferentes, dentre outros, pode-se destacar o papel ativo da moeda e das 
variáveis financeiras no surgimento e na persistência das disparidades regionais. 
Dito isso, a relação entre sistema financeiro e crescimento econômico deve ser 
analisada conforme cada realidade específica, ou seja, existe certa particularidade em termos 
de características estruturais financeiras e institucionais referentes a cada país e, muitas vezes, 
às regiões internas a esses, o que resulta em padrões divergentes de causalidade entre aqueles 
fatores. 
E apesar do financiamento ao consumo ter um impacto na renda, este é considerado 
menos importante, pois não desencadeia efeitos semelhantes no desenvolvimento econômico, 
apenas fornece recursos aos indivíduos para pagamento de dívidas e antecipação da compra de 
bens. 
 
2.3 A Importância do Crédito no Sistema Financeiro 
 
Quando se fala sobre a questão do crédito, Matos (2002) afirma que ele está 
diretamente relacionado com o nível de atividade econômica, no momento em que realoca os 
recursos disponíveis para a economia. 
Já Chinelatto Neto (2007) entende que o setor bancário afeta o desenvolvimento 
econômico por meio da intermediação financeira através do crédito. Dessa forma, o 
17 
 
 
desenvolvimento financeiro vai atuar como um facilitador da concessão de crédito que, por sua 
vez, acaba aumentando o nível de investimentos e consumo, assim como o nível de produção. 
Se forem buscados outros estudos, perceber-se-á que Schumpeter (1982) foi um dos 
primeiros autores a entender realmente a importância do sistema financeiro no desenvolvimento 
econômico. O autor afirma que o crédito é um dos elementos-chave para o desenvolvimento da 
economia, aliado também a empresários com características de inovação e dotados das próprias 
inovações tecnológicas que forem surgindo à sua época. Para ele, é através do crédito que o 
empresário, que não obteve uma acumulação passada, terá oportunidade de executar a inovação 
e, consequentemente, gerar um maior desenvolvimento econômico ao mercado. 
Seguindo nesse contexto, pode-se entender que os bancos surgem como detentores 
do papel de criadores de crédito, gerando a oportunidade de contribuir diretamente com essa 
força empresarial. 
Por esse lado, De Paula (1999) defende que os bancos não são apenas intermediários 
de recursos, e sim entidades capazes de criar crédito independentemente da existência de 
depósitos prévios, gerando recursos ao mercado. 
Corroborando com esse contexto, Matos (2002) descreve o modelo teórico 
construído por Levine (1997), dentro do qual os mercados e os intermediários financeiros 
estimulam a acumulação de capital e, consequentemente, o próprio crescimento econômico. 
 
 
2.4 Contexto da Atividade Bancária no Brasil 
 
Nesse ponto, conforme Costa Neto (2004), em 1808 surgiu a primeira instituição 
financeira oficial, o primeiro Banco do Brasil, por meio de um Ato Real baixado pelo próprio 
D. João VI. Inicialmente, o controle da instituição era feito por pessoas indicadas pelo rei. 
Além disso, a instituição emitia notas bancárias que formavam o meio circulante do país, e 
detinha algumas vantagens como a isenção de tributos e o monopólio sobre a comercialização 
de produtos, com destaque para os diamantes e para o pau-brasil. 
18 
 
 
Ainda nessa linha, segundo dados sobre a história deste banco, na época, o Banco 
do Brasil era um dos quatro bancos emissores do mundo, junto com os bancos da Suécia, da 
Inglaterra e da França; o que denota sua grande importância à época. 
Seguindo por essa linha cronológica, passando para períodos mais adiante, pode-se 
ponderar que o setor bancário brasileiro passou por grandes mudanças desde a década de 1960 
e, principalmente, desde o início da década de 1990. Elas envolveraminovações em produtos, 
práticas de gestão e governança, estratégias de mercado, regras de formação de preços de 
serviços e operações (spreads), gestão de ativos e passivos, fusões e aquisições e a própria 
entrada de bancos estrangeiros. 
Nesse processo, duas transformações se destacaram. Uma foi a transformação da 
atividade bancária em prestadora de serviços e facilidades para clientes, como o pagamento de 
contas por débito automático e operações via internet, por exemplo. A outra foi a especialização 
e o fortalecimento da atividade de intermediação financeira entre poupadores e tomadores no 
segmento de crédito de curto prazo. 
Todavia, entende-se que a estrutura atual do sistema financeiro e, em particular, do 
setor bancário brasileiro originou-se, realmente, na grande reforma financeira do ano de 1964, 
quando se constituiu o mercado de capitais e também se criou a figura do nosso Banco Central 
(DE PAULA, 1998). 
A estrutura proposta originalmente por esta reforma, implementou um sistema 
financeiro que mistura as três classificações pontudas por Zysman (1983): a) modelo de 
financiamento sem intermediação, baseado em mercado de capitais; b) modelo de 
intermediação baseado em crédito público, via operações de empréstimos; e c) modelo de 
intermediação privado. 
Tal estrutura do sistema financeiro combina os três elementos da tipologia de 
Zysman de um modo peculiar, diferenciando o nosso país de outros modelos como o alemão, 
asiático e o americano. 
Para o autor em questão, o sistema financeiro brasileiro combina: (i) um mercado 
de capitais relativamente robusto, (ii) um sistema de crédito privado baseado em bancos 
comerciais orientado a financiar o consumo de curto prazo de pessoas físicas e o capital de giro 
para pessoas jurídicas e (iii) um sistema de crédito público concentrado no BNDES orientando 
19 
 
 
a financiar investimentos de longo prazo através da Agência Especial de Financiamento 
Industrial S.A (FINAME), e por operações que se executam via mercado de capitais, através 
do BNDES-Participações S.A.. 
De modo geral, entende-se que as necessidades de curto prazo são atendidas por 
bancos privados de varejo e as necessidades de longo prazo pelo mercado de capitais ou pelo 
sistema de crédito público. 
Assim, segundo De Paula (1998), estas particularidades do sistema financeiro 
brasileiro se intensificaram mais recentemente por conta da especialização do segmento 
bancário brasileiro em nichos de mercados de pessoas físicas e segmentos corporativos 
(pequenas, médias e grandes empresas) através dos chamados bancos de varejo. 
Entretanto, mesmo no atendimento às médias e grandes empresas, a participação 
do segmento bancário no financiamento de longo prazo para ampliação da produção é pequena. 
Esta tarefa é substituída pelo mercado de capitais ou pelo crédito público. O papel 
desempenhado pelos bancos de investimento está praticamente nas mãos do Estado, como 
agente financiador da produção. 
Já a segunda grande alteração no sistema bancário brasileiro foi a reforma de 1988, 
que permitiu a criação de bancos múltiplos. Isso acabou por formalizar o modo de operação já 
adotado por muitas das organizações bancárias do país. Nesse caso, o objetivo maior era o de 
racionalizar todo o sistema financeiro e reduzir os seus custos operacionais, gerando um 
rendimento de fundos mais estável para os bancos, através da fusão das diversas instituições 
existentes em uma única instituição, com uma personalidade jurídica única (DE PAULA, 1998). 
Complementando, tem-se que a reforma de 1988 coincide justamente com as 
reformulações do sistema financeiro internacional, implementadas pelos países que compõem 
o G-10, através da adoção de práticas de regulação bancária determinadas nos Acordos de 
Basiléia, ainda nesse período. 
Isso porque as crises das dívidas externas de diversos países em desenvolvimento 
ao longo dos anos 80, foram atribuídas, dentre outros fatores, pelo excesso de endividamento 
que vinha ocorrendo por conta das facilidades concedidas pelas instituições financeiras 
internacionais privadas. 
20 
 
 
Assim, na tentativa de monitorar os sistemas bancários e financeiros, os Acordos 
de Basiléia estipularam critérios de classificação de riscos operacionais e de crédito, além de 
limitarem a alavancagem de operações ao estipular que o patrimônio líquido dos bancos fosse 
de pelo menos 8% do total dos ativos, mais as operações “fora-do-balanço” (off-balance-sheet). 
Já nos anos 90, as novas versões dos Acordos de Basiléia determinaram que os 
bancos passassem a calcular diversos indicadores de risco, nas mais diversas modalidades 
operacionais. Porém, em virtude dos custos de implementação, a avaliação de risco operacional 
e de mercado tem ficado a cargo de agências externas de rating. 
Por fim, segundo Carvalho (2002), pode-se dizer que ocorreu ainda uma terceira 
alteração significativa do sistema bancário brasileiro, em um ambiente de instabilidade 
financeira internacional, que teve seu ápice em 1995 com a crise mexicana e foi potencializada 
com a estabilização dos preços promovida pelo Plano Real, fazendo com que a participação do 
setor financeiro no PIB passasse de 15,6% em 1993 para 6,9% nesse ano de 1995. 
Assim, essa estabilização de preços pôs fim a um modelo de operação dos bancos 
no Brasil. Com isso, o sistema bancário, segundo De Paula (1998), desenvolvia suas atividades 
nos segmentos de curto prazo do mercado financeiro e direcionava seus recursos basicamente 
para o financiamento do setor público, em detrimento da oferta de crédito ao setor privado. 
Dessa forma, os títulos públicos se constituíram, assim, na base dos elevados lucros 
bancários, seja na intermediação do dinheiro financeiro (moeda indexada), seja na absorção da 
“transferência inflacionária” (mais conhecido como os ganhos com o float), assegurando aos 
bancos ao mesmo tempo liquidez e rentabilidade em seus negócios, naquele presente momento. 
Além disso, considerando-se que abertura do setor bancário do país foi realizada 
via fusões e aquisições em geral, isto é, sem novas entradas do tipo greenfield; entende-se que 
a tendência da reestruturação setorial é composta pela diminuição do número de instituições, 
com crescimento no tamanho médio dos mesmos (aumentando, assim, a concentração bancária) 
e redução das despesas de pessoal e da rede de agências (De Paula e Marques, 2006). 
Especificamente sobre o Brasil, Matos (2002) procura verificar a direção de 
causalidade à Granger entre desenvolvimento financeiro e crescimento econômico, para o 
período entre 1947 e 2000. Os resultados dão suporte à existência de uma relação unidirecional 
que vai do desenvolvimento financeiro para o crescimento econômico. 
21 
 
 
Dessa forma, o Brasil parece mesmo inserir-se nesse grupo, dada a sua grande 
dimensão geográfica e a sua unidade de regulação financeira, isto é, por ter legislação financeira 
única para todos os Estados. 
 
2.5 Contexto Econômico do Ceará 
 
Segundo alguns dos dados mais recentes informam, o Ceará responde pela 11ª 
economia do País e pela 3ª economia da região Nordeste. Sabe-se que o Produto Interno Bruto 
(PIB) cearense abrange 2,1% do total do PIB brasileiro e 15,1% do PIB Nordestino (CEARÁ, 
2019) 
Além disso, os dados mostram que sua economia está sustentada principalmente 
nas atividades ligadas aos Serviços (76,1%), seguidos das atividades da Indústria (19,2%), e da 
Agropecuária, que participa com 4,7%. 
Tem-se ainda que o Estado tem se destacado no cenário nacional pelos reconhecidos 
avanços, seja do ponto de vista econômico, seja na perspectiva social. E, de fato, a economia 
cearense conseguiu manter, em média, um ritmo de crescimento superior ao registrado pela 
economia nacional nos últimos anos, permitindo reduzir, embora que lentamente, uma distância 
histórica nesse caso, com relação ao restante do nosso país. 
Particularmente, no períodopós-crise de 2008, o Ceará apresentou taxas de 
crescimento econômico consideravelmente acima das alcançadas pelo Brasil, influenciadas 
fortemente pela elevada participação dos investimentos públicos em áreas estratégicas para o 
desenvolvimento do Estado (CEARÁ, 2019). 
Tal crescimento, nos últimos anos, das infraestruturas rodoviária, hídrica, portuária, 
aeroportuária e energética permitiu a atração de grandes empresas como a Companhia 
Siderúrgica do Pecém (CSP), bem como o fortalecimento de diversos setores locais, incluindo 
especialmente o setor turístico cearense. 
Pode-se inferir que todo esse avanço é decorrente, em grande parte, do equilíbrio 
fiscal permanente, o que permitiu ao Estado efetuar investimento, seja com recursos próprios 
ou com recursos advindos de operações de crédito nacionais e internacionais, elevando a 
22 
 
 
competitividade da economia cearense, e estimulando, dessa forma, os investimentos privados 
nos diversos setores produtivos do nosso Estado (CEARÁ, 2019). 
Assim, em termos de sua evolução socioeconômica recente, o Ceará já dispõe de 
bases satisfatórias para alavancar um processo acelerado de desenvolvimento nos próximos 
anos. Esse quadro econômico atual deve servir de ponto de partida para uma estratégia de longo 
prazo, que vai orientar um novo esforço para que o Estado supere os entraves e consiga 
aproveitar eficientemente suas potencialidades, nos mais diversos aspectos. 
Ocorre ainda que todas essas mudanças verificadas tornam clara a importância do 
setor de serviços no desenvolvimento econômico e do seu papel central na economia, inserindo 
ainda a questão do capital humano como chave no processo de produção e crescimento. 
Isso porque o setor de serviços tem a capacidade de permear todas as atividades 
produtivas, além de ser composto pelos fatores que mais as estimulam em todas as suas fases e 
formas. 
Uma outra questão que chama a atenção, parte do entendimento de que nenhum 
setor funciona de forma independente no sistema econômico, principalmente do ponto de vista 
do processo de inovação e difusão tecnológica, de forma que os serviços, em sua 
heterogeneidade, apresentam setores dependentes e indutores do crescimento econômico. E 
alguns deles são grandes transformadores e dos demais setores da economia. São os serviços 
associados à nova economia e aos novos tempos. 
E o Estado do Ceará vem acompanhando todo esse cenário, inclusive com as 
mudanças decorrentes da entrada marcante das novas tecnologias, que tanto passaram a ser 
incorporadas na economia, como também criam oportunidades de trabalho. 
 
2.6 Contexto da Atividade Bancária no Ceará 
 
 
Dentro desse contexto e com base na estatística bancária por município feita pelo 
Banco Central do Brasil, referente ao mês de dezembro de 2020, chamada de ESTBAN, pode-
se observar que a concentração geográfica bancária se encontra fortemente aglutinada na cidade 
de Fortaleza, conforme pode ser visualizado na Tabela 1. Em números percentuais, tem-se que 
23 
 
 
37% das agências bancárias do Estado encontram-se em presentes em Fortaleza. Já quando se 
considera a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), esse indicador aumenta para 49% do 
total. Por outro lado, dos 184 municípios cearenses, tem-se que, pelo menos 101 possuem, no 
mínimo, uma agência bancária. Todavia, vale salientar que esta análise não considera os postos 
de atendimento, fato que pode aumentar significativamente o número de municípios com pelo 
menos uma representação bancária. 
 
 
Tabela 1 – Quantidade de Unidades Bancárias por Municípios 
Cidades Quantidade Participação 
Quantidade de 
Municípios 
Fortaleza 171 37% 1 
Caucaia 10 2% 1 
Maracanaú 10 2% 1 
Juazeiro do Norte 12 3% 1 
Sobral 10 2% 1 
Cidades entre 5 e 9 Agências 55 12% 10 
Cidades entre 2 e 4 Agências 158 34% 52 
Cidades com apenas 1 Agência 34 7% 34 
Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria 
 
A concentração bancária deve ser entendida, segundo PAULA (2002), como o 
processo resultante de uma fusão ou aquisição dentro de um setor, o que reduz a quantidade de 
instituições, e ocasiona o aumento da concentração de empresas no mercado. E no Estado do 
Ceará essa situação não é diferente. No caso, das 460 agências bancárias do Estado, 451 são 
divididas entres os 06 principais bancos, conforme pode ser visualizado no Gráfico 1. Outra 
característica marcante é a forte participação dos bancos públicos, uma vez que eles 
representam 58% das unidades bancárias do Estado. 
24 
 
 
Gráfico 1 – Quantidade de Agências Bancárias no Estado do Ceará 
 (Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria) 
Dentro desse contexto de concentração bancárias no Estado do Ceará algo similar 
ocorre com a oferta de crédito. Tomando por base o relatório do Banco Central ESTBAN, de 
dezembro de 2020, pode-se observar que as operações de crédito, financiamentos e 
empréstimos e títulos descontados também se concentraram em Fortaleza e na RMF. 
 
Tabela 2 – Participação do Estado do Ceará no Crédito 
 Fortaleza RMF Ceará 
 OPERAÇÕES_DE_CRÉDITO R$ 30.923,97 R$ 35.378,26 R$ 46.214,76 
 EMPRES_E_TIT_DESCONTADOS R$ 9.622,91 R$ 11.254,62 R$ 16.339,42 
 FINANCIAMENTOS R$ 4.172,93 R$ 4.251,32 R$ 4.468,48 
 
 TOTAL R$ 44.719,81 R$ 50.884,21 R$ 67.022,65 
Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria 
Nota: R$ milhares 
 
Deve-se ressaltar que empréstimos são operações sem destinação específica ou sem 
vínculo com a comprovação da destinação da aplicação dos recursos, como o capital de giro, 
como os empréstimos pessoais e os adiantamentos para depositantes. Enquanto os 
financiamentos são as operações com destino específico, ou seja, vinculados com a 
25 
 
 
comprovação da aplicação dos recursos, como, por exemplo, os financiamentos de fábricas, de 
equipamentos e de bens de consumo durável. 
Assim sendo, Fortaleza, dentro do contexto cearense, é quem detém um maior poder 
de crédito, no sistema bancário, em prol de crescimento e desenvolvimento local, a partir de 
sua base. Assim, efetuando um breve paralelo entre o volume de crédito geral concedido a 
nível de Brasil e o crédito ofertado no Ceará, como demonstram os próximos gráficos, pode-se 
observar a ainda discreta, porém constante, participação do Estado no volume total de crédito 
do Brasil nos últimos anos. 
 
Gráfico 2 – Participação do Ceará no Volume Total de Crédito do Brasil 
(R$ Bilhões) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria 
26 
 
 
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS 
 
O presente estudo tem como objetivo verificar as ligações intersetoriais entre as 
atividades produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto do ano de 2013 do Estado do 
Ceará, com especial atenção para a atividade econômica de atividades financeiras, seguros e 
serviços relacionados. 
As seções seguintes apresentam aspectos metodológicos necessários para realizar 
as análises de insumo-produto objetivadas na presente dissertação e, até mesmo, pensando em 
trabalhos futuros. Por conveniência didática e metodológica, exploramos apenas a estrutura do 
modelo com região única. 
 
3.1 Matriz Insumo-Produto 
 
A discussão sobre a cadeia intersetorial de produção é bastante antiga na história 
do pensamento econômico. O francês François Quesnay é considerado o precursor da análise 
insumo-produto. Em 1758, ele publicou sua obra intitulada de Tableau Économique, onde 
procurou demonstrar o processo de geração e circulação de renda da economia francesa entre 
três classes sociais: os produtores rurais, os nobres proprietários e os artesãos urbanos. O 
encadeamento destas transações originou a compreensão dos fluxos circulares da atividade 
econômica e a interdependência das diferentes unidades que interagem nos sistemas 
econômicos nacionais (ROSSETTI,1990). 
Em 1874, Léon Walras publicou Élements dÉconomie Politique Pure. Nesse caso, 
Walras formulou um sistema de equações para a determinação simultânea de todos os preços 
na economia. Tratava-se, então, de um modelo de equilíbrio geral, onde havia uma 
interdependência dos setores de produção e as demandas concorrentes de cada setor na obtenção 
dos fatores de produção (MIERNYK,1974). 
Posteriormente, vários outros economistas também trabalharam na análise iniciada 
por Quesnay, porém a maior contribuição deveu-se a Wassily Leontief, na década de 1930, que 
apresentou uma teoria geral de produção baseada na interdependência econômica. Leontief 
27 
 
 
publicou a primeira tabela de relações intersetoriais para uma economia nacional. Ela mostrava 
como o produto de cada indústria era distribuído entre as indústrias e setores da economia 
(MIERNYK, 1974). 
Dessa forma, Leontief simplificou o modelo generalizado de Walras, de forma que 
as equações pudessem ser estimadas empiricamente. A primeira mudança nesse modelo foi o 
processo de agregação do elevado número de mercadorias em poucos produtos, um para cada 
setor industrial da economia. A outra alteração foi relacionada à substituição das equações de 
oferta e demanda de trabalho por consumo final e as demais ganharam formas lineares mais 
simples (RICHARDSON, 1978). 
Ponderou-se, então, o uso dessa técnica de matriz insumo-produto como uma das 
formas de mensurar e analisar a relação entre a economia, à sociedade e o meio ambiente. Nesse 
caso, a matriz insumo-produto (MIP) pode ser melhor entendido como sendo o instrumento 
com base na análise microeconômica e da contabilidade social que permite conhecer os fluxos 
de bens e serviços produzidos nos setores de determinada economia, destinados a servir de 
insumos a outros setores para atender a demanda das famílias que fazem parte desse contexto 
(CARVALHEIRO, 1998). 
Para Rossetti (1990), há o entendimento de que a matriz de insumo-produto 
funciona como uma estrutura de quadros que revela, a partir da desagregação dos dados de 
produção de determinada economia, os elos de dependência e interdependência dos setores 
produtivos. E isso também pode ser ponderado e avaliado no que se refere ao contexto da 
economia de determinado local. 
Complementarmente, Guilhoto (2011) pondera que a matriz insumo-produto pode 
ser caracterizada, assim, como uma fotografia da economia de determinado país ou região, 
demonstrando quais os setores que suprem os outros setores de serviços e produtos e, quais são 
supridos por quem. Assim, utiliza-se a matriz insumo-produto para mensurar essa relação, entre 
os setores, conforme a demanda e/ou situação que se apresente. 
Nesses termos, o objetivo principal do modelo insumo-produto é analisar o 
relacionamento intersetorial da produção. Assim, este método verifica, para a produção dos 
bens de certos setores, quais os setores serão impulsionados e quanto deverá ser o nível de 
produção para atender a demanda. Com efeito, a matriz de insumo-produto procura mostrar e 
quantificar as relações entre os diversos setores e a demanda final (MONTORA FILHO, 1994). 
28 
 
 
No Brasil, o processo de elaboração da matriz de insumo-produto passou por 
transformações notáveis nas últimas décadas. Em 1967, o IPEA divulgou uma estimativa de 
relações intersetoriais no Brasil, referente a 1959. Para tanto, apoiou-se basicamente nos censos 
industrial e de comércio e serviços do IBGE, construindo uma tabela relacionando 32 setores. 
Na década de 1970, o IBGE tomou para si a tarefa de construção das matrizes de 
relações intersetoriais, com periodicidade quinquenal, apresentando resultados preliminares. 
Abandonando simplificações teóricas, adotou uma distinção entre setores e produtos na 
apresentação das tabelas, permitindo informações mais ricas e a possibilidade de uso de 
hipóteses adequadas à natureza de estudos específicos. A matriz resultante apresentou uma 
descrição do comportamento de 87 setores produtivos e de 160 grupos de produtos. Já a matriz 
de 1975 foi mais ampla, abrangendo 123 setores e 261 produtos (CARVALHEIRO, 1998). 
Apesar desse esforço, os quadros básicos elaborados pelo IBGE para a confecção 
das matrizes de 1970 e 1975 não estavam integrados ainda ao sistema de contas nacional 
proposto pela ONU. Assim, em 1980, desenvolveu-se uma matriz mais completa e integrada ao 
Novo Sistema de Contas Nacionais em implantação no IBGE, apresentando alterações 
metodológicas em relação às matrizes anteriores de 1970 e 1975. 
A partir da implantação do Novo Sistema de Contas Nacionais de 1993, elaborado 
por esforço conjunto envolvendo a ONU e outros organismos internacionais (FMI, BIRD, 
OCDE e EUROSTAT), o IBGE consolidou a integração da matriz de insumo-produto nas 
contas sociais do país, publicando a matriz de 1985 e, a partir de 1990, calculando as matrizes 
anualmente (CARVALHEIRO, 1998). Atualmente, o IBGE é o órgão oficial do governo federal 
responsável pela elaboração das Matrizes Nacionais de Insumo-Produto, de acordo com 
Guilhoto et. al. (2002). 
Para tanto, a análise insumo-produto é aplicada ainda no planejamento econômico 
e decisões de mercado, em virtude da possibilidade de se observar as relações entre cada setor 
da economia. Dessa forma, o modelo representa um instrumental relevante para analisar as 
estruturas econômicas e os impactos das políticas econômicas, incluindo o contexto do sistema 
bancário também. 
Por fim, embora as matrizes de insumo-produto possuam diversas vantagens para a 
análise estrutural da economia (devido à consistência da apresentação de suas informações), é 
importante mencionar suas limitações. 
29 
 
 
Para Guilhoto (2011), as principais seriam: 1) Hipótese de retornos constantes de 
escala, ou seja, para qualquer quantidade produzida serão utilizadas as mesmas combinações 
relativas de fatores produtivos; 2) Invariabilidade dos coeficientes técnicos ao longo do tempo, 
o que significa que não são considerados quaisquer efeitos em termos de mudanças de preços 
ou avanços tecnológicos; 3) Hipótese de oferta de recursos produtivos infinita e perfeitamente 
elástica; 4) Pressuposto de que o uso dos recursos produtivos tem eficiência máxima; 5) 
Existência de um conjunto amplo de restrições quanto à elaboração das matrizes de insumo-
produto, que vão desde hipóteses simplificadoras sobre a natureza dos produtos e dos insumos 
utilizados nos processos de produção até a defasagem decorrida entre a coleta e a publicação 
ordenada dos dados. 
 
3.2 Matriz Insumo-Produto Aplicada ao Setor Financeiro 
 
Nesta seção apresentam-se artigos relacionados ao uso da metodologia de Matriz 
Insumo Produto (MIP) em análises de impactos econômicos a partir do setor financeiro para 
determinados países, estados, regiões e municípios. 
Nesse caso, entende a matriz de insumo-produto como um instrumento da 
contabilidade social que permite conhecer os fluxos de bens e serviços produzidos em cada 
setor da economia, destinados a servir de insumos a outros setores e para atender a demanda 
final (CARVALHEIRO, 1993). 
Concebida ainda nos anos 40 pelo economista russo Wassily Leontief, a matriz vem 
sendo elaborada por um número cada vez maior de países, a ponto de o Novo Sistema de Contas 
Nacionais de 1993 (SNA-93) recomendar sua utilização integrada a outros instrumentos da 
contabilidade social. 
O uso da matriz de insumo-produto difundiu-se muito nos últimos anos, e hoje ela 
é considerada um instrumento de grande utilidade para analisar os efeitos estruturais de choques 
na economia (tais como mudanças no preço do petróleo, alterações em tarifas, aumentos de 
salários ou variações na taxa de câmbio, por exemplo), bem como para fazer projeções sobre o 
comportamento da atividade econômica, segundo Carvalheiro (1993). 
30 
 
 
Para o autor, o uso dos dados da matriz de insumo-produto permite, em conjunto 
com outras estimativas,capturar as interações entre os diversos agentes econômicos, 
simulando, de fato, o comportamento real de uma economia de mercado. 
Nesse contexto, segundo Brene (2013), as tabelas de insumo-produto permitem 
analisar os fluxos de bens e serviços na economia e os aspectos básicos do processo de 
produção, assim como a geração primária da renda. Assim, os indicadores econômicos gerados 
podem ser decompostos em efeitos locais e inter-regionais, permitindo avaliar os impactos de 
políticas públicas de estímulo aos setores sobre produção, emprego e rendimento, além da 
identificação e setores-chaves. 
Atualmente, a estrutura da matriz de insumo-produto serve de base para todos os 
cálculos da contabilidade social do país e deve, no futuro, em conjunto com as tabelas da matriz 
de fluxos de fundos (tudo isso em elaboração no IBGE e no Banco Central) propiciar uma 
radiografia completa da atividade econômica no Brasil, nas suas mais diversas nuances. 
 
3.3 Modelo Insumo-Produto para Região Única 
 
As relações insumo-produto numa determinada região podem ser descritas com 
base na matriz setorial, conforme a Figura 1: 
 
Figura 1 – Matriz Setorial 
 
 Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria 
 
31 
 
 
A matriz 𝑍 reúne o consumo setorial intermediário. A matriz 𝑌 reúne a demanda 
final considerando o “Resto do Mundo”. Em geral, a Demanda Final costuma ser particionada 
em Consumo das Famílias, Investimento, Consumo do Governo e Exportações Líquidas. A 
matriz 𝑋 é o resultado da soma horizontal de todos os elementos setoriais de 𝑍 e de 𝑌. Essa 
soma equivale a conhecida identidade Macroeconômica 𝑌 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 + (𝑋 − 𝑀). Portanto, 
ela caracteriza a Demanda Total direcionada à região em análise. A matriz 𝑉, por sua vez, reúne 
os insumos primários (não intermediários) utilizados no processo produtivo. Em geral, eles 
equivalem aos insumos importados, ao pagamento de impostos indiretos e às remunerações 
pagas ao trabalho e capital (Valor Adicionado a Produção). A soma vertical dos elementos 
setoriais de 𝑍 e 𝑉 equivalem ao que foi dispendido no processo produtivo, ou seja, equivalem 
ao valor total da produção. O conceito de equilíbrio geral requer que a produção setorial total 
da região seja exatamente igual a demanda setorial total da região. 
Como a produção total da economia deve ser igual à demanda total, a soma 
horizontal dos elementos de 𝑍 e 𝑌 deve ser equivalente a soma vertical dos elementos de 𝑍 e 
𝑉, isto é, 𝑋. Novamente, isso garante o equilíbrio parcial e geral do modelo. 
Posto isso, e considerando a equação de Leontief, temos: 
𝑥 = 𝑧 + 𝑧 + 𝑧 + ⋯ 𝑧 + ⋯ 𝑧 + 𝑦 
(1) 
em que 𝑥 indica a demanda total pela produção do setor 𝑖; 𝑧 é o fluxo monetário do setor 𝑖 
para o setor 𝑛; e 𝑦 é a demanda final por produtos do setor 𝑖. 
Com efeito, é possível aplicar a equação de Leontief da seguinte maneira: 
𝑥 = 𝑧 + 𝑧 + 𝑧 + ⋯ 𝑧 + 𝑦 
(2) 
em que 𝑥 é o total do bem 1 produzido no município. 
Os coeficientes técnicos de produção podem ser definidos por: 
𝑎 =
𝑧
𝑥
 ⇒ 𝑧 = 𝑎 ⋅ 𝑥 (3) 
Os quais representam quanto o setor 𝑗 compra do setor 𝑖 na região em análise. Estes coeficientes 
podem ser substituídos na equação de Leontief, obtendo-se: 
𝑥 = 𝑎 𝑥 + 𝑎 𝑥 + 𝑎 𝑥 + ⋯ 𝑎 𝑥 + 𝑦 
(4) 
 
32 
 
 
As produções para os demais setores são obtidas de forma similar. Isolando 𝑓 e colocando em 
evidência 𝑥 , temos: 
(1 − 𝑎 )𝑥 − 𝑎 𝑥 − 𝑎 𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 = 𝑦 
(5) 
Isso significa que, para os 𝑛 setores, teremos: 
(1 − 𝑎 )𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 = 𝑦 
⋮ 
−𝑎 𝑥 − ⋯ + (1 − 𝑎 )𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 = 𝑦 
⋮ 
−𝑎 𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 − ⋯ + (1 − 𝑎 )𝑥 = 𝑦 
(6) 
Em formato matricial, (6) equivale a: 
(𝐼 − 𝐴)𝑋 = 𝑌 
(7) 
Onde 𝐼 é uma matriz identidade, e 𝐴 é a matriz de coeficientes técnicos de produção, cujos 
elementos foram descritos em (3). 
 
Seja 𝑋 = [𝑥 ⋯ 0 ⋮ ⋱ ⋮ 0 ⋯ 𝑥 ], então a inversa de 𝑋 é 𝑋 = [1/𝑥 ⋯ 0 ⋮ ⋱ ⋮
 0 ⋯ 1/𝑥 ]. Então, a partir de (3), a matriz 𝑛 × 𝑛 de coeficientes técnicos pode ser 
representada por 
𝐴 = 𝑍𝑋 
(8) 
Não é difícil mostrar que, 
𝑋 = 𝐴𝑋 + 𝑌 
(9) 
Com efeito, 
𝑋 = (𝐼 − 𝐴) 𝑌 
(10) 
 
 
A matriz 𝑋 = (𝐼 − 𝐴) 𝑌 (10) é denominada Inversa de Leontief, a partir da qual, é 
possível determinar o nível de produção (X) necessário para atender à demanda final de cada 
setor (Y). Seus coeficientes representam as proporções de insumos utilizados direta e 
indiretamente no processo produtivo de cada setor. 
 
 
33 
 
 
3.4 Índices de Rasmussen-Hirschman 
 
 
A partir do modelo básico de Leontief, definido acima, consegue-se determinar 
quais seriam os setores com o maior poder de encadeamento dentro da economia, ou seja, 
podem-se calcular tanto os índices de ligações para trás, que forneceriam quanto tal setor 
demandaria dos outros, quanto os de ligações para frente, que nos daria o valor da produção 
demandada de outros setores da economia pelo setor em questão. 
Seja 𝑙 um elemento da matriz inversa de Leontief, 𝐿 = (𝐼 − 𝐴) ; Definindo 𝐿∗ 
como sendo a média de todos os elementos de 𝐿; e 𝐿∗ e 𝐿 ∗ como sendo respectivamente a 
soma de uma coluna e de uma linha típica de 𝐿, tem-se, então, que os índices seriam os 
seguintes: Índices de ligações para trás (poder da dispersão): 
𝑈 = 𝐿∗  / 𝑛 /𝐿
∗ 
(11) 
Índices de ligações para frente (sensibilidade da dispersão): 
𝑈 = [𝐿 ∗/𝑛]/𝐿
∗ 
(12) 
Valores maiores que um 1 para os índices acima se relacionam a setores acima da 
média, e, portanto, setores chave para o crescimento da economia, ou seja, são setores que 
demandam muitos insumos e são fortemente demandando por outros setores da economia. 
Por serem normalizados, esses índices são independentes das unidades de medida, 
o que permite que se façam comparações intersetoriais, inter-regionais e intertemporais. 
Já as dispersões dos índices de ligações para trás e para frente são determinadas, 
respectivamente, por: 
𝑉 =
∑
𝑙 − 𝐿∗ /𝑛
𝑛 − 1
𝐿∗ /𝑛
 
(13) 
 
E 
34 
 
 
𝑉 =
∑
𝑙 − (𝐿 ∗/𝑛)
𝑛 − 1
(𝐿 ∗/𝑛)
 
(14) 
 
Os índices de dispersão evidenciam como os efeitos de ligação se espalham pelos 
demais setores. Baixo valor de dispersão dos índices de ligações para trás significa que o 
impacto de uma variação da produção em dado setor estimulará os demais de maneira uniforme; 
alto valor de dispersão, que o estímulo se concentrará em poucos setores. Baixo valor de 
dispersão dos índices de ligações para frente significa que esse setor será demandado, de 
maneira uniforme, pelos demais; alto valor, que a demanda por esse setor se concentrará em 
poucos setores. 
 
3.5 Classificação de Setores Chave 
 
Segundo Miller e Blair (2009), a classificação de setores-chave, de acordo com os 
critérios de Rasmussen-Hirschman, estabelece que os setores que apresentarem índices de 
ligações para trás ou para frente maiores que 1 constituem setores-chave para o crescimento da 
economia. McGilvray (1977) sugere que essa classificação deve ser mais restritiva e que devem 
ser considerados setores-chave os que possuírem tanto os índices de ligações para trás quanto 
os índices de ligações para frente maiores que a unidade. 
Como os indicadores são indicadores normalizados, isso significa que devemos 
atentar para aqueles setores com ligações para frente e para trás maiores do que um. Assim, de 
modo geral, os setores podem ser classificados de 4 maneiras: 
(1) fracamente conectados a outros setores, ou geralmente independentes de outros 
setores (𝑈 e 𝑈 < 1); 
(2) geralmente conectados ou dependentes de outros setores (𝑈 e 𝑈 > 1); 
(3) dependentes da oferta intersetorial (apenas 𝑈 > 1), e; 
(4) dependentes da demanda intersetorial (apenas 𝑈 > 1). 
35 
 
 
Também é possível se realizar uma análise exclusivamente com os índices 
propostos inicialmente por Rasmussen-Hirschman. Os índices de dispersão mostram como os 
efeitos deligação se espalham pelos demais setores. Quanto menor for o valor de 𝑉 , maior será 
o número de setores nos quais o setor 𝑖 atuará, como fornecedor. Assim, se um setor tiver valor 
elevado para 𝑈 (superior a 1) e valor baixo para 𝑉 , além de ter grande poder de encadeamento 
para frente, atingirá também muitos setores na matriz inversa. 
Por outro lado, quanto menor for o valor de 𝑉 , maior será o número de setores 
relacionados com demanda intermediária induzida pelo setor 𝑗. Assim, se um setor tiver valor 
elevado para 𝑈 (superior a 1) e baixo valor para 𝑉 , este setor, além de ter grande poder de 
encadeamento para trás, atingirá também muitos setores na matriz inversa. 
Em síntese, nesse contexto, um setor-chave é aquele em que 𝑈 e 𝑈 excedem a 
unidade e 𝑉 e 𝑉 são relativamente baixos, quando comparado com os demais setores. 
 
3.6. Extração Hipotética 
 
O objetivo da extração hipotética é quantificar quanto o produto total de uma 
economia com 𝑛 setores mudaria (diminuiria) se um setor específico, digamos o 𝑗-ésimo setor, 
fosse removido dessa economia. Inicialmente, isso foi modelado em um contexto de insumo-
produto, excluindo uma 𝑗-ésima linha e coluna da Matriz 𝐴. Usando 𝐴(𝑗) para a matriz (𝑛 −
1) × (𝑛 − 1) sem o setor 𝑗 e 𝑦(𝑗) para o vetor de demanda final reduzido correspondente, a 
produção na economia “reduzida” é encontrada através de 
𝑥(𝑗) = 𝐼 − 𝐴(𝑗)
−1
𝑦(𝑗) 
(15) 
 
 Note-se que, em termos práticos, ao invés de excluir fisicamente linhas e colunas 
𝑗 na matriz 𝐴 e o elemento 𝑦 correspondente, eles podem simplesmente ser substituídos por 
zeros. 
No modelo completo com 𝑛 setores, o produto é 𝑥 = (𝐼 − 𝐴) 𝑦, então 
36 
 
 
𝑇 = 𝑖 𝑥 − 𝑖′𝑥( ) 
(16) 
é uma medida agregada da perda da economia (redução no valor da produção bruta) se o 
setor 𝑗 desaparecer, ou seja, é uma medida da “importância” ou ligação total do setor 𝑗 na 
economia. 
Há na literatura argumentos de que o primeiro termo, 𝑖’𝑥, não deve incluir o produto 
(original) 𝑥 . Se 𝑥 for omitido, (𝑖 𝑥 − 𝑥 ) − 𝑖′𝑥( ) medirá a importância de 𝑗 para os demais 
setores da economia. Em ambos os casos, a normalização via divisão pelo produto bruto total 
(𝑖’𝑥) e multiplicação por 100 produz uma estimativa da redução percentual na atividade 
econômica total: 
𝑇 = 100 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) /𝑖′𝑥 
(17) 
 
A abordagem da extração hipotética também foi usada para medir componentes de 
ligação para trás e para frente separadamente [(ver, por exemplo, Dietzenbacher e van der 
Linden, (1997)]. 
Com base em (13) é possível calcular os impactos da extração das ligações para trás 
a partir do índice puro de ligação para trás, ou seja, uma medida de ligação para trás total para 
o setor 𝑗. O resultado também pode ser desagregado para os setores, onde cada um dos 
elementos do vetor mostram a dependência para trás do setor 𝑗 em relação ao setor 𝑖. 
Para mensuração dos impactos da extração das ligações para frente, parte-se do 
modelo de insumo-produto pelo lado da oferta. Conforme ressaltado por Miller e Blair (2009), 
ao se tratar de um modelo orientado pela oferta, os elementos da matriz de coeficientes técnicos 
de insumo-produto pelo lado da oferta (𝑏 ) devem ser construídos da seguinte maneira: 
𝐵 = [𝑏 𝑏 𝑏 𝑏 ] = [𝑧 /𝑥 𝑧 /𝑥 𝑧 /𝑥 𝑧 /𝑥 ]
= [1/𝑥 0 0 1/𝑥 ][𝑧 𝑧 𝑧 𝑧 ] 
(18) 
Em outras palavras, em vez de dividir cada coluna de 𝑍 (matriz de coeficientes 
intermediários) pelo Valor Bruto da Produção (VBP) do setor associado a essa coluna (método 
tradicional e mais conhecido na literatura), a ideia é dividir cada linha de 𝑍 pelo VBP do setor 
associado a essa linha. 
Assim sendo, teremos a seguinte formatação: 
37 
 
 
𝑥 = 𝐵𝑥 + 𝑣 
(19) 
onde 𝑥 é o vetor de produção setorial; 𝐵 é a matriz de coeficientes técnicos de insumo-
produto pelo lado da oferta; e 𝑣 é o vetor linha de valor adicionado. 
A Equação (20) pode ser resolvida e representada como uma relação de equilíbrio 
da seguinte maneira: 
𝑥 = 𝑣(𝐼 − 𝐵) 
(20) 
 Onde 𝐼 é a matriz identidade de ordem 𝑛 × 𝑛 e 𝐺 = (𝐼 − 𝐵) é conhecida como 
a matriz inversa de Gosh. 
Uma nova matriz formada a partir de 𝐵 será denotada por 𝐵(𝑗), a qual representa a 
extração hipotética da 𝑗-ésima linha da matriz 𝐵. Posto isso, a solução para este problema será: 
𝑥(𝑗) = 𝑣 𝐼 − 𝐵(𝑗)
−1
 
(21) 
Comparando as Equações (19) e (20), é possível calcular os impactos da extração 
das ligações para frente a partir de 𝑖 𝑥 − 𝑖′𝑥( ), ou seja, a partir de uma medida de ligação para 
frente total para o setor 𝑗. O resultado também pode ser desagregado para os setores, onde cada 
um dos elementos do vetor de 𝑖 𝑥 − 𝑖′𝑥( ) mostra a dependência para frente do setor 𝑗 em 
relação ao setor 𝑖. 
De um modo geral, podemos resumir a manipulação algébrica da metodologia de 
extração hipotética na seguinte tabela: 
 
Tabela 3 - Ligação para Frente ou para Trás do Setor 𝑗 
Ligação para Trás Total (PBL) Ligação para Frente Total (PFL) 
𝐵(𝑡) = 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) 𝐹(𝑡) = 𝑥′𝑖 − 𝑥′( )𝑖 
Com 𝑥(𝑐𝑗) = 𝐼 − 𝐴(𝑐𝑗)
−1
𝑦(𝑐𝑗) Com 𝑥′( ) = 𝑣′ 𝐼 − 𝐵( ) 
Normalizações incluem (1) divisão de cada elemento por 𝑥 , ou (2) divisão por 
∑ 𝑥 para criar a redução percentual na produção total, 𝐵(𝑡) =
100 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) /𝑖 𝑥 e 𝐹(𝑡) = 100 𝑥 𝑖 − 𝑥′( )𝑖 /𝑥′𝑖, ou (3) valores médios 
relativos: 𝐵(𝑡) = 𝑛𝐵(𝑡) /𝑖 𝐵(𝑡) e 𝐹(𝑡) = 𝑛𝐹(𝑡) /𝑖 𝐹(𝑡) 
 
Ligação Total do Setor 𝑗 
38 
 
 
𝑇 = 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) ou 𝑖 𝑥 − 𝑥 − 𝑖 𝑥( ), onde 𝑖 𝑥( ) = 𝐼 − 𝐴( ) 𝑦( ) 
Normalizações para criar a redução percentual na produção total, 
𝑇 = 100 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) /𝑖′𝑥 ou 𝑇 ̿ = 100 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) − 𝑥 /𝑖′𝑥 
Ou para indicar valores relativos à média: 
𝑇 = 𝑛𝑇 / ∑ 𝑇 ou 𝑇 ̿ = 𝑛𝑇 ̿ / ∑ 𝑇 ̿ 
Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria 
 
 
39 
 
 
4. RESULTADOS 
 
De início, apresenta-se o impacto do setor financeiro para o crescimento 
econômico, bem como a análise do relacionamento intersetorial da economia cearense sobre a 
ótica matriz insumo-produto. 
 
4.1 Questões Estruturais 
 
Os dados de referência adotados foram a Matriz Insumo-Produto do Ceará. O ano 
base dos dados que dão origem aos coeficientes técnicos intersetoriais e aos multiplicadores da 
MIP é o ano de 2013. Além disso, o PIB do estado para aquele ano é perfeitamente compatível 
com a MIP do Ceará para o ano de 2013. 
Outra definição relevante trata da desagregação setorial contida na matriz insumo-
produto. O nível de detalhamento, ou abertura setorial, é um aspecto importante a medida em 
que contribui para análises mais precisas tanto para identificar o choque inicial de demanda 
como avaliar as repercussões setoriais. Em geral, quanto maior o detalhamento, mais precisas 
ficam as análises estruturais e de impacto. Por outro lado, quanto maior o grau de abertura maior 
a necessidade de dados para a construção da MIP. 
Para a MIP do Ceará há ainda uma limitação condicionante. Esta, tem uma versão 
com abertura muito detalhada, mas que limita algumas análises de impacto relevantes. Neste 
nível de desagregação não se pode avaliar os impactos sobre a geração de salários porque esta 
informação não está disponível para tamanho grau de abertura. 
Neste sentido, optou-se por considerar uma abertura com 16 atividades econômicas, 
dentre as 32 disponíveis, o que já representa um poder analítico considerável. As atividades 
estão apresentadas no Quadro 1, conforme vem a seguir. 
 
40 
 
 
Quadro 1 – Atividades Econômicas Disponíveis e Consideradas na Matriz Insumo-
Produto do Ceará 
Atividades Econômicas 
Agropecuária Agropecuária 
Indústria 
Indústrias extrativas 
Fabricação de produtos alimentícios 
Fabricação de bebidas 
Fabricação de produtos têxteis, artigos do vestuário e acessórios, 
calçados e artefatos de couro 
Fabricação de produtos de madeira, exceto móveis, de celulose,papel e produtos de papel e serviços de impressão e reprodução de 
gravações 
Refino de petróleo e coque e de álcool e outros biocombustíveis 
Fabricação de produtos químicos 
Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 
Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 
Fabricação de produtos de minerais não metálicos 
Metalurgia 
Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 
Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e 
ópticos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos 
Fabricação de máquinas e equipamentos 
Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias e 
outros equipamentos de transporte 
Outras atividades industriais 
Manutenção, reparação e instalação de máq. e equipamentos 
Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e 
descontaminação 
Construção 
Serviços 
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 
Transporte, armazenagem e correio 
Serviços de alojamento 
Serviços de alimentação 
Informação e comunicação 
Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados 
Atividades imobiliárias 
Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e 
serviços complementares 
Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade 
social 
Educação e saúde privadas 
Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços 
Serviços domésticos 
 Fonte: Elaboração Própria. 
41 
 
 
4.2 Resultados do Setor 
 
Para ilustrar a importância do setor Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços 
Relacionados, foram estimados os efeitos de um aumento na demanda final do setor sobre os 
demais setores da economia, utilizando a Matriz de Insumo Produto de 2013. Os efeitos diretos 
e indiretos são gerados pela necessidade de insumos demandados pelas empresas para suprir 
um aumento de demanda final. 
Os efeitos diretos, indiretos e induzidos consideram as necessidades de insumos 
demandados pelas empresas e o aumento de consumo causado pelo acréscimo de renda a partir 
de um aumento de demanda final, gerando impactos nos diversos setores da economia. 
Observou-se que o setor possui uma interligação acima da média com os demais 
setores da economia, seu índice de ligações para trás (poder da dispersão) – Uj – apresentou um 
resultado de 1,13; já seu índice de ligações para frente (sensibilidade da dispersão) – Ui – foi 
de 1,18, conforme gráfico 3. Ambos os números estão acima da média de 1, logo, podemos 
concluir que o setor está bastante interligado com os demais setores da economia e que possui 
elevada importância (setor-chave) no desenvolvimento do econômico do Estado do Ceará. 
No que tange o espraiamento do setor Atividades Financeiras, de Seguros e 
Serviços Relacionados com relação aos demais, a simulação realizada por meio da Matriz 
Insumo Produto sugere que se tem um índice de dispersão para trás - Vj – de 2,84, e um índice 
de dispersão para frente – V i – de 2,87, conforme gráfico 4. Observa-se que tais índices são 
abaixo da média dos setores comparados e que isso mostra que o setor possui uma relação 
homogênea com os demais setores, ou seja, o poder de encadeamento é mais espalhado 
 
4.3 Comparação Intersetorial 
 
Nesse caso, ao analisar o conjunto dos setores da economia à luz de sua capacidade 
de encadeamento, nota-se que o setor de Atividades Financeiras realmente possui elevado poder 
de ligação com os demais setores da economia. Tanto a ligação para trás (Uj), como para frente 
42 
 
 
(Ui), estão acima de um, mostrando que o setor demanda muitos insumos de outros e que é 
fortemente demandado 
 Fonte: Elaboração Própria. 
Se comparado aos demais setores, o setor de Atividades Financeiras possui um 
índice de dispersão, tanto para frente quanto para trás, relativamente baixos. Isso sugere que 
tanto o poder de dispersão da demanda, assim como a sensibilidade da dispersão da oferta tem 
um grande espraiamento para os demais setores, ou seja, além da atividade financeira demandar 
(ofertar) muitos insumos (produtos) de outros setores da economia, essa demanda (oferta) é 
relativamente bem distribuída entre os demais setores. 
 Fonte: Elaboração Própria. 
 Fonte: Elaboração Própria. 
43 
 
 
 Fonte: Elaboração Própria. 
Com isso, pode-se concluir que o setor de Atividades Financeiras é um dos que 
melhor equilibra baixa dispersão (𝑉 , 𝑉 ) com forte ligação com os demais setores (𝑈 , 𝑈 ). 
Tais números sugerem um diagnóstico de que o setor de Atividades Financeiras é 
fundamental para o crescimento econômico cearense. Ele é capaz de fomentar o 
desenvolvimento de outros setores da economia ao disponibilizar soluções de financiamento e 
mitigação de riscos para o empreendedorismo, bem como contribui para a atividade econômica 
por meio de elevada capacidade de gerar demanda agregada. 
Efetuando a extração hipotética do setor de Atividades Financeiras do PIB do 
Estado do Ceará do ano de 2013, a análise sugere que, ao se extrair o referido setor, ter-se-ia 
uma perda da ordem de 7.6 BI (em R$). Isso equivale a uma perda de valor bruto da produção 
agregada da ordem de 4,6554%. Assim, a perda do Valor Bruto da Produção para os demais 
setores pode ser vista na tabela 4: 
 
44 
 
 
 
Tabela 4 - Perda do Valor Bruto da Produção Setorial com a Exclusão do Setor 
Fonte: Elaboração Própria. 
 
Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados 100.0% 
Informação e comunicação 7.0% 
Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares 5.4% 
Transporte, armazenagem e correios 3.7% 
Alojamento e alimentação 1.5% 
Serviços de artes, cultura, esporte, recreação e pessoais e organizações patronais, sindicais 
 e outros serviços 1.3% 
Educação e saúde privada 0.9% 
Eletricidade e gás, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação 0.8% 
Atividades imobiliárias 0.7% 
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 0.6% 
Indústrias de transformação 0.4% 
Indústria extrativa 0.3% 
Construção 0.2% 
Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social 0.2% 
Agropecuária 0.1% 
Serviços domésticos 0.0% 
45 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Entende-se que um sistema financeiro mais desenvolvido permite uma alocação de 
recursos mais eficiente, elevando o nível de crescimento sustentável da economia. Ao facilitar 
o fluxo de capital entre agentes superavitários e deficitários, bem como ao fornecer soluções 
para mitigação de riscos nos negócios o setor financeiro permite um desenvolvimento 
econômico mais estável e favorece o empreendedorismo. 
 Ao facilitar a fluxo de recursos entre diversos setores da economia, o setor 
financeiro não apenas facilita a geração de riqueza como se torna um elo entre a totalidade da 
economia. 
Observando o resultado das simulações feitas com a Matriz Insumo-Produto notou-
se que o setor de Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados tem elevado 
potencial de demanda e de oferta dentro da economia cearense, se caracterizando como um 
“setor-chave” para a economia estadual. Além disso, viu-se, através dos índices de dispersão, 
que o setor possui forte espraiamento tanto na absorção de recursos pelo lado da demanda, 
quanto na de produtos pelo lado da oferta. 
Com o intuito de se reforçar essa especificidade do setor, conduzimos uma análise 
de extração hipotética do setor da economia. O exercício revelou que diversos setores seriam 
fortemente impactados com a paralização do setor, sendo os mais atingidos: O setor de 
informação e comunicação (perda de 7% do VBP individual), o setor de atividades 
profissionais, científicas e técnicas (perda de 5,4% de seu VBP), o setor de armazenagem e 
correios (perda de 3,7% do VBP), e os setores de “alojamento e alimentação” e de “serviços de 
arte, cultura e esportes” (perda de 1,5 e 1,3% de seus VBPs, respectivamente). 
A economia moderna é estruturada em

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