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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE PROGRAMA DE ECONOMIA PROFISSIONAL JOÃO ADEMAR BASTOS DA SILVA MOTA PAPEL DO SETOR FINANCEIRO BANCÁRIO NA ECONOMIA DO ESTADO DO CEARÁ FORTALEZA 2021 JOÃO ADEMAR BASTOS DA SILVA MOTA PAPEL DO SETOR FINANCEIRO BANCÁRIO NA ECONOMIA DO ESTADO DO CEARÁ Dissertação apresentada ao Programa de Economia Profissional da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Economia. Área de concentração: economia de empresas. Orientador: Prof. Dr. Christiano Modesto Penna FORTALEZA 2021 JOÃO ADEMAR BASTOS DA SILVA MOTA PAPEL DO SETOR FINANCEIRO BANCÁRIO NA ECONOMIA DO ESTADO DO CEARÁ Dissertação apresentada ao Programa de Economia Profissional da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Economia. Área de concentração: economia de empresas. Aprovada em: ___ /___ / ______. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Prof. Dr. Christiano Modesto Penna Universidade Federal do Ceará (UFC) ____________________________________________ Prof. Dr. Arley Rodrigues Bezerra Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) ____________________________________________ Prof. Dr. Witalo de Lima Paiva Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) AGRADECIMENTOS Aos meus pais Wilson Cesar (In Memorian) e Janete, por todo amor, carinho e dedicação e à minha esposa Madalena. As minhas irmãs Yasmin, Ingrid e Viviane por todo apoio. Aos amigos, Brunno Vieira, Davi Montefusco e João Atylla sempre dispostos a ajudar. Ao meu orientador professor Christiano, por toda sua paciência e orientação nesse processo. RESUMO O objetivo dessa dissertação é analisar a importância relativa do setor de atividades financeiras, seguros e serviços relacionados na economia cearense através de um instrumental Matriz Insumo-Produto (MIP). Inicialmente, levantam-se estudos que reforçam o papel do referido setor no desenvolvimento econômico, assim como se contextualiza o papel do setor de atividades financeiras e de seguros no Brasil e no Ceará. Posteriormente, introduzimos o instrumental Matriz Insumo-Produto e a ideia dos índices de Ligação e de Dispersão de Rasmussen-Hirschman, assim como a metodologia de extração hipotética setorial. Com base na Matriz Insumo-Produto do Ceará mais recente de 2013, nossos resultados sugerem que o setor de atividades financeiras e de seguros é um “setor-chave” para a economia cearense, pois, além de ter grande capilaridade com os demais setores, ele tem forte absorção de recursos (pelo lado da demanda) quanto dispersão de produtos (pelo lado da oferta). A análise de extração hipotética deste setor, por exemplo, sugere que a perda agregada de Valor Bruto da Produção seria de, pelo menos, 4,5% do PIB. Palavras-Chave: Atividades Financeiras, Matriz Insumo-Produto, Sistema Bancário, Ceará. ABSTRACT The objective of this dissertation is to verify the relative importance of the sector of financial activities, insurance and related services in the Ceará economy through an instrumental Matrix Insumo-Product. It is understood that the number of authors who support the existence and relevance of direct impacts of financial development on the growth of the economy ends up being greater, in addition to much of this relationship being supported by ample empirical evidence. Thus, the main objective would be to verify the relative importance of the sector of financial activities, insurance and related services in the economy of Ceará through an instrumental Matrix Input-Product. In this way, one could also investigate the impact on the Gross Domestic Product (GDP) of the State of Ceará in the absence of the sector of financial activities, insurance and related services in the Banking System. Keywords: Financial activities, input-output matrix, banking system, Ceara. Sumário 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................7 2. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................10 2.1 Atividade Bancária no Desenvolvimento Econômico........................................................10 2.2 Atividade Bancária no Contexto da Oferta de Crédito .....................................................13 2.3 A Importância do Crédito no Sistema Financeiro .............................................................16 2.4 Contexto da Atividade Bancária no Brasil .........................................................................17 2.5 Contexto Econômico do Ceará ............................................................................................21 2.6 Contexto da Atividade Bancária no Ceará.........................................................................22 3. ASPECTOS METODOLÓGICOS .............................................................................................26 3.1 Matriz Insumo-Produto .......................................................................................................26 3.2 Matriz Insumo-Produto Aplicada ao Setor Financeiro.....................................................29 3.3 Modelo Insumo-Produto para Região Única......................................................................30 3.4 Índices de Rasmussen-Hirschman.......................................................................................33 3.5 Classificação de Setores Chave ............................................................................................34 3.6 Extração Hipotética ..............................................................................................................35 4. RESULTADOS .............................................................................................................................39 4.1 Questões Estruturais.............................................................................................................39 4.2 Resultados do Setor ..............................................................................................................41 4.3 Comparação Intersetorial ....................................................................................................42 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................45 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................47 7 1. INTRODUÇÃO Buscando entender o papel do setor financeiro bancário na economia, parte-se da premissa acerca da importância teórica do desenvolvimento financeiro como fator de estímulo ao crescimento do contexto econômico. Dessa forma, segundo Levine (1997) e Khan e Senhadji (2000), fundamenta-se nas premissas de que os intermediários financeiros: (a) oferecem proteção, diversificação ou arranjos de combinação do risco enfrentado pelos agentes econômicos, (b) alocam recursos mais eficientemente, (c) monitoram e gerenciam o controle empresarial, (d) mobilizam poupanças, e (e) facilitam a troca de bens e serviços em uma economia de mercado. Dessa forma, o sistema financeiro facilitaa alocação de recursos no espaço e no tempo, estimulando também a própria a atividade econômica. Seguindo por esse mesmo contexto, King e Levine (1993), afirmam que os intermediários financeiros reduzem as ineficiências, ao adquirir informações sobre a qualidade dos projetos de indivíduos, indisponíveis para os investidores privados e para os mercados públicos. Para os autores em questão, esses intermediários são capazes de obter uma vantagem informacional no financiamento de empresas menos sólidas, mas com potencial de desenvolvimento de produtos intermediários e finais inovadores. Sendo assim, a própria redução do custo para o aumento de produtividade acelerará, então, as taxas de crescimento do produto econômico. Ainda com relação à importância do setor financeiro para o crescimento econômico, Levine e Zervos (1998) argumentam que mercados de capitais mais líquidos, em que os custos de negociações de ações são menores, aumentam os incentivos para investimentos em projetos de longo prazo, considerando o fato de que os investidores podem facilmente vender sua participação, caso necessitem de recursos antes da maturação do projeto. Portanto, para os autores, o aumento de liquidez facilita o investimento de longo prazo com retornos mais elevados, estimulando o crescimento da produtividade e do produto. Já para os autores Khan e Senhadji (2000), o desenvolvimento financeiro foi medido alternativamente por quatro indicadores: (a) crédito doméstico ao setor privado/PIB, (b) (crédito doméstico ao setor privado + capitalização do mercado de ações)/PIB, (c) crédito ao setor privado + capitalização do mercado acionário + capitalização do mercado de títulos públicos e privados)/PIB, e (d) capitalização do mercado de ações. E como variáveis de controle 8 foram usadas a razão investimento/PIB, as taxas de crescimento da população e dos termos de troca e o PIB per capita de 1987, como indicador da renda inicial. Assim, para Khan e Senhadji (2000), os resultados obtidos indicam, em geral, forte relação positiva entre desenvolvimento financeiro e crescimento econômico. Deve-se acrescentar, ainda, que a especificação desse modelo indica a existência de impacto direto sobre o crescimento até determinado ponto, declinando em seguida. Tudo isso sugere um nível ótimo de desenvolvimento financeiro para esses casos. Já em relação às questões brasileiras, Triner (1996) fez uma análise do sistema bancário brasileiro, de 1906 a 1930, a fim de examinar os vínculos entre os bancos, crescimento econômico e industrialização. Nesse caso, foi estimado, para isso, as equações de demanda de depósitos bancários como função da taxa do produto real e dos preços, assim como as equações de oferta determinada pelo variação do produto e do saldos reais de encaixe. Nesse caso, entende-se que o sistema bancário estava, então, fortemente integrado à economia produtiva e mais diretamente relacionado ao crescimento industrial do que ao da agricultura, o que corresponde ao contexto do período e da situação em si (TRINER, 1996). Também com foco nessa oferta de crédito regional, Castro (2002) examina o relacionamento entre a moeda e o espaço econômico delimitado pelas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e as áreas de influência desses centros, durante o período 1988/2000. O autor concluiu que quanto maior o dinamismo econômico da região e sua produtividade média do trabalho, maior sua capacidade em reter depósitos e menor sua preferência pela liquidez. Já para Sicsú e Crocco (2003), o volume de renda monetária, assim como sua distribuição espacial e pessoal, explica, em boa medida, a distribuição das agências bancárias pelo Brasil. Por fim, Tomazzia (2015) verificou que existe uma causalidade entre desenvolvimento do setor bancário e crescimento econômico em nível local, sendo que o financiamento para produção industrial, serviços e agropecuária são as categorias de crédito que potencializam o crescimento municipal. 9 Diante de tudo isso, entende-se que o número de autores que sustentam a existência e a relevância de impactos diretos do desenvolvimento financeiro sobre o crescimento da economia acaba sendo maior, além de grande parte dessa relação estar apoiada em ampla evidência empírica, segundo os próprios autores Levine e Zervos (1998). Assim, o objetivo maior seria o de verificar a importância relativa do setor de atividades financeiras, seguros e serviços relacionados na economia cearense através de um instrumental Matriz Insumo-Produto. Dessa forma, poder-se-ia investigar também o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Ceará na ausência do setor de atividades financeiras, seguros e serviços relacionados. E, por fim, estimar qual atividade relacionada ao setor de atividades financeiras, seguros e serviços relacionados possui maior impacto no PIB do Estado Cearense. Além dessa introdução inicial, esse trabalho é composto por uma segunda seção, em que se discorre sobre os referenciais teóricos inerentes. Na terceira seção, desenvolve-se a metodologia a ser usada. Já na quarta, apresentam-se os resultados de todo esse processo e, por fim, faz-se a considerações finais. 10 2. CONTEXTUALIZAÇÃO Este capítulo tenta prover uma visualização panorâmica da estrutura bancária brasileira em termos históricos, incluindo os principais debates, alguns dos indicadores estatísticos utilizados e outros trabalhos correlacionados com o escopo deste estudo. Acredita- se ser um apoio necessário para ajudar a entender o desenvolvimento intertemporal da estrutura produtiva nacional, de modo que se possa contextualizar aos resultados obtidos nesta pesquisa. Ocorre que existem diversas opções para se abordar o processo histórico econômico nacional. Dentre estas, o viés do planejamento governamental é escolhido e resumido aqui, ainda que já tenha sido extensamente explorado na literatura, conforme pode ser corroborado até mesmo por Batista (2019). Todavia, explica-se isso pelo fato de que grande parte da estrutura produtiva moderna brasileira foi impulsionada, de alguma maneira, por várias decisões estratégicas de governos que passaram, sobretudo, a serem ainda mais ativos a partir da Era Vargas. 2.1 Atividade Bancária no Desenvolvimento Econômico Pode-se definir o estabelecimento bancário como um comerciante de dinheiro, ao emprestar às várias atividades produtivas da economia os recursos necessários a sua clientela. Sua função principal reside na transferência de fundos, recebendo depósitos e concedendo empréstimos, servindo assim como um intermediário financeiro e aceitando os riscos. Convém ainda notar o papel complementar que exercem, como os serviços de câmbio, financiamento da dívida pública, custódia de títulos e guarda de valores entre tantos outros serviços. Segundo Fontenla (1965), os bancos não constituem um fim, mas um meio de promover o enriquecimento dos países e a melhoria do próprio nível de vida das populações, de uma forma geral. Dentro desse mesmo contexto, entende-se que o crédito bancário é um dos principais instrumentos de fomento ao setor produtivo, em toda sua amplitude. O próprio 11 Fontenla (1965) ressalta que a história dos bancos é a história do crédito com suas fases de prosperidade e depressão, onde também acaba refletida a evolução econômica de um país. Partindo também dessa premissa, para Levine (2004), existe uma relação positiva entre a atividade bancária e o crescimento econômico pela presença de um intermediário financeiro, dessa forma: (i) a redução nos custos do processamento de informação na atuação das instituições financeiras; (ii) a diminuição do custo de produção de informação sobre as firmas com o aumento do número de clientes que disporiam desse serviço; (iii) o abrandamento do risco pelo fato do banco proporcionar uma diversificaçãodo portfólio dos poupadores; (iv) minorar o risco de liquidez; (v) um impacto positivo sobre a mobilização de poupanças; (vi) uma queda nos custos de transação devido a inovações financeiras; e (vii) um aumento da especialização e, por consequência, da produtividade da economia, tanto no que se refere à esfera da intermediação financeira quanto na produtiva. O argumento central para uma conexão positiva entre os setores financeiro e produtivo está baseado na ideia de que os instrumentos, as instituições e os mercados financeiros têm, como função última, drenar e minimizar os custos de transação e de informação inerentes a qualquer atividade de troca. Nesse caso, prover serviços financeiros envolve diferentes custos (com pesquisa de projetos rentáveis, acompanhamento da situação patrimonial das empresas, elaboração de mecanismos de redução de risco etc.) que se não ficassem a cargo dos intermediários financeiros que, ao se especializarem nessa atividade adquirem expertise e obtêm ganhos de escala e de escopo, deveriam ser encargo dos investidores individuais. Levine (1997), por exemplo, examina dois canais pelos quais as funções desempenhadas pelo sistema financeiro podem impactar o crescimento econômico: acumulação de capital e inovação tecnológica. Assim sendo, o sistema financeiro afetaria a formação bruta de capital ao alterar a taxa de poupança e/ou ao realocar a poupança entre diferentes tecnologias produtoras de capital, o que aumentaria a produtividade do investimento. Porém, uma mudança na taxa de poupança só atingiria momentaneamente o crescimento da renda. Dessa forma, para se entender como se desenvolve esse processo, deve-se salientar o aspecto funcional do sistema financeiro, que encerra tanto a oferta de serviços quanto a 12 infraestrutura do sistema: instituições, mercados e instrumentos financeiros. Os serviços são envolvidos pelas variações do mercado e acabam influenciando nas decisões e na alocação de poupança. As funções desempenhadas por esse sistema podem alterar a taxa de inovação tecnológica de diferentes formas, de modo a intervir no crescimento de estado. Já no que concerne à oferta de crédito regional, especificamente, existe a preocupação com a integração dos sistemas bancários regionais com fatores responsáveis pela segmentação dos mercados financeiros e, consequentemente, pelas diferenças regionais de oferta de crédito e de taxas de juros, que criam dificuldades à perfeita mobilidade de capitais. Nesse caso, em termos da relação regional entre os níveis de desenvolvimento financeiro e econômico, Guiso, Sapienza e Zingales (2002), revelam um impacto positivo e significativo do desenvolvimento financeiro local sobre o próprio crescimento econômico local. Os ditos autores acabaram por estudar um indicador local de desenvolvimento financeiro para as províncias italianas da época e identificaram sua influência sobre o desenvolvimento econômico de cada região. Com isso, os resultados sugerem que em países com regiões integradas em nível de regulação e supervisão e com sistemas financeiros não tão desenvolvidos a ponto de serem eliminados os custos referentes à distância, o grau de desenvolvimento financeiro local é importante para o crescimento econômico e pode ser determinante do sucesso econômico de uma localidade, mesmo que esta seja parte de um ambiente de livre circulação de capitais. Recentemente, diversos países emergentes presenciaram processos de concentração, com entrada de bancos estrangeiros em mercados onde antes predominavam instituições domésticas. Entende-se que avaliar se um agente é merecedor de crédito envolve um processo dispendioso, e os bancos procuram ganhos de escala para a captação das informações de cada cliente. Dessa forma, segundo Fucidji et al. (2003), existem motivações para os bancos se especializarem em termos regionais ou setoriais, e privilegiarem relacionamentos duradouros com seus virtuais tomadores de crédito. Entretanto, essas motivações de especialização podem ser descartadas caso existam economias de escala significativas com o processo da concentração bancária. O que pode levar à hipótese de que uma estrutura bancária diversificada, com bancos de vários portes e origens regionais explorando nichos de mercado, favoreceria a especialização. Nesse caso, o próprio 13 processo da oferta de crédito poderia surgir como alternativa/possibilidade para esse movimento. 2.2 Atividade Bancária no Contexto da Oferta de Crédito Assim, parece ficar claro que os bancos são fundamentais ao desenvolvimento econômico de um país, por proverem serviços financeiros – entre estes, principalmente, financiamento às empresas – que facilitam a realização do investimento, variável-chave responsável pelo crescimento econômico e dinamização da produção, a partir da oferta de crédito. Nesse momento, entende-se que a associação do crédito ao crescimento econômico continua sendo objeto de diversos estudos que, embora apresentem abordagens diferenciadas, confirmam esse ponto colocado acima. Tais pesquisas permitem o conhecimento geral da influência relevante do crédito no desenvolvimento das atividades econômicas, seja como um meio de sustentação das práticas ou como um artifício para capacitar a produção e as inovações tecnológicas. Ressaltam, assim, a importância da disposição de recursos para a dinamização e crescimento das economias locais. A referência ao crédito faz alusão imediata às condições do sistema financeiro, seja ele regional ou nacional. As suas representações seriam as instituições financeiras, tais como bancos nacionais ou locais, filiais de bancos estrangeiros, bem como os intermediários financeiros e corporações financeiras não bancárias, de acordo com Koo & Moon (2004), por exemplo. Para esses autores, cada instituição de crédito possui diferentes propriedades, tamanhos e formas de empréstimo, desenvolvendo um papel singular na taxa de crescimento ou no nível da atividade econômica. Já Stultz (2001) destaca dentre as diversas funções do sistema financeiro a provisão de diversas facilidades, tais como: sistema de pagamentos, mecanismos para associar fundos, transmissão de recursos pelo tempo e espaço, maneiras de se administrar a incerteza e de 14 controle de risco, informação de preço para a melhor alocação de investimentos e formas de se lidar com problemas de assimetria de informação. Todas essas ações podem ser desenvolvidas de modo diverso em economias distintas. Para esse autor, tudo isso se refere aos efeitos que a estrutura financeira tem sobre o crescimento econômico, diferenciando-a do conceito de desenvolvimento financeiro. Tal estrutura seria definida pelas instituições, tecnologia financeira e regras para especificar como uma atividade financeira é organizada em determinado momento. Ou seja, nesse caso, uma mesma função do sistema financeiro pode ser desempenhada por diferentes instituições e, em vista disso, pode seguir regras distintas. Dessa forma, não existe uma relação diretamente comprovada entre o desenvolvimento da economia de um país e sua estrutura financeira. Entende-se, assim, que a estrutura financeira em questão é completamente determinada de forma endógena na sua formatação. Por outro lado, deve-se ressaltar a importância da distinção entre estrutura financeira e desenvolvimento financeiro. Várias pesquisas abordam a relação entre este último e o crescimento econômico, utilizando como indicadores do desenvolvimento financeiro medidas como: o volume de negócios no mercado de ações, a razão entre o comércio no mercado de ações e o Produto Interno Bruto (PIB), a capitalização do mercado de ações relativa ao PIB, a proporção do levantamento de fundos externos a empresa, dentre outras mais. Dessa forma, essas medidas podem ser diferentes para uma mesma estrutura financeira, comprovando a inexistênciade uma relação direta entre os dois fatores. Entretanto, a estrutura financeira pode impedir ou promover o desenvolvimento financeiro. Nesse caso, isso acaba representando um fator relevante para o entendimento de como a estrutura financeira afeta o crescimento econômico, de uma forma real. Seguindo nesse contexto, Beck, Demirgüç-Kunt & Levine (2001) afirmam que há uma forte correlação do tamanho do setor bancário, da extensão e da liquidez do mercado de ações com o crescimento do PIB per capita. Ressaltam, ainda, sobre a evidência do impacto que o nível de desenvolvimento de tais setores exerce sobre o crescimento econômico. Além disso, destacam outros estudos que comprovam a importância do bom funcionamento do setor financeiro para a economia como um todo. Já King e Levine (1993) alegam que o nível de desenvolvimento financeiro está fortemente associado com o crescimento econômico em termos de PIB per capita, acumulação 15 de capital e melhorias da eficiência na alocação de capital físico. Em seus estudos, eles destacam a visão teórica e clássica de Schumpeter, a qual argumenta que os serviços desempenhados pelos intermediários financeiros são extremamente relevantes para o desenvolvimento econômico. Dessa forma, eles não corroboram, portanto, com a ideia de que a evolução financeira segue o crescimento econômico, efetivamente. A partir disso, resgata-se o questionamento sobre a direção da causalidade, abordado por diversos estudos, tais como os de King & Levine (1993), quando afirmam através de seu exercício, que o desenvolvimento financeiro é um bom prognóstico para o crescimento de longo prazo, acumulação de capital físico e melhoria em eficiência da alocação de capital. Ou seja, ficam contrários à ideia de uma simples associação contemporânea, confirmando que as questões de finanças conduzem ao crescimento econômico efetivo. Para isso, King & Levine (1993) realizaram um teste econométrico para comprovar esta relação, afirmando, através dos seus resultados, que o desenvolvimento financeiro seria realmente um elemento condutor do crescimento econômico. Já em seus estudos, Dow (1997) destaca o tratamento da oferta monetária, aquele dado pelos icônicos estudos econômicos de Keynes, como determinada conjuntamente pelo sistema bancário e pelas autoridades monetárias. Nesse caso, o sistema bancário em sua atuação cria a moeda, enquanto as autoridades monetárias têm o poder de controlar as condições de crédito. Partindo das ideias de Keynes (1936) e fazendo o paralelo com Dow (1997), a possibilidade de se aumentar o volume de moeda surge através de um crescimento da renda ou do afrouxamento das condições de crédito dado pelo sistema bancário. A oferta de moeda, desse modo, não se dá em consequência do controle de agregados monetários, mas conduz-se basicamente pelas taxas de juros que foram colocadas naquele momento. Assim, estendeu esse fator ao sistema bancário, afirmando o seu poder de decidir sobre a ampliação do crédito, segundo suas expectativas referentes às taxas de juros e a sua confiança nas previsões de mudanças delas; assim como sobre a alocação dos recursos livres em determinados investimentos, conforme a sua propensão à liquidez. Deve-se enfatizar, entretanto, que essa atuação do sistema financeiro, bem como a sua estrutura, apresenta divergências significantes conforme as realidades regionais 16 diferentemente enfrentadas, conforme o próprio Dow (1997). Além disso, as estruturas mudam e, de acordo com elas, o desenvolvimento bancário ocorre de maneira peculiar. Assim, com base nestas afirmações e nestes estudos em questão, evidencia-se o fato de que as estratégias do sistema financeiro, bem como as respostas do / frente às condições macro específicas de cada região, podem se diferenciar pelo espaço, sendo apropriado considerar as adversidades regionais reais e financeiras que possam, porventura, existirem. Com tudo isso, entende-se que se deve considerar as divergências entre as regiões nos fatores como incerteza, expectativas desapontadas, imperfeições de mercado, taxas de retorno regionais diferentes, dentre outros, pode-se destacar o papel ativo da moeda e das variáveis financeiras no surgimento e na persistência das disparidades regionais. Dito isso, a relação entre sistema financeiro e crescimento econômico deve ser analisada conforme cada realidade específica, ou seja, existe certa particularidade em termos de características estruturais financeiras e institucionais referentes a cada país e, muitas vezes, às regiões internas a esses, o que resulta em padrões divergentes de causalidade entre aqueles fatores. E apesar do financiamento ao consumo ter um impacto na renda, este é considerado menos importante, pois não desencadeia efeitos semelhantes no desenvolvimento econômico, apenas fornece recursos aos indivíduos para pagamento de dívidas e antecipação da compra de bens. 2.3 A Importância do Crédito no Sistema Financeiro Quando se fala sobre a questão do crédito, Matos (2002) afirma que ele está diretamente relacionado com o nível de atividade econômica, no momento em que realoca os recursos disponíveis para a economia. Já Chinelatto Neto (2007) entende que o setor bancário afeta o desenvolvimento econômico por meio da intermediação financeira através do crédito. Dessa forma, o 17 desenvolvimento financeiro vai atuar como um facilitador da concessão de crédito que, por sua vez, acaba aumentando o nível de investimentos e consumo, assim como o nível de produção. Se forem buscados outros estudos, perceber-se-á que Schumpeter (1982) foi um dos primeiros autores a entender realmente a importância do sistema financeiro no desenvolvimento econômico. O autor afirma que o crédito é um dos elementos-chave para o desenvolvimento da economia, aliado também a empresários com características de inovação e dotados das próprias inovações tecnológicas que forem surgindo à sua época. Para ele, é através do crédito que o empresário, que não obteve uma acumulação passada, terá oportunidade de executar a inovação e, consequentemente, gerar um maior desenvolvimento econômico ao mercado. Seguindo nesse contexto, pode-se entender que os bancos surgem como detentores do papel de criadores de crédito, gerando a oportunidade de contribuir diretamente com essa força empresarial. Por esse lado, De Paula (1999) defende que os bancos não são apenas intermediários de recursos, e sim entidades capazes de criar crédito independentemente da existência de depósitos prévios, gerando recursos ao mercado. Corroborando com esse contexto, Matos (2002) descreve o modelo teórico construído por Levine (1997), dentro do qual os mercados e os intermediários financeiros estimulam a acumulação de capital e, consequentemente, o próprio crescimento econômico. 2.4 Contexto da Atividade Bancária no Brasil Nesse ponto, conforme Costa Neto (2004), em 1808 surgiu a primeira instituição financeira oficial, o primeiro Banco do Brasil, por meio de um Ato Real baixado pelo próprio D. João VI. Inicialmente, o controle da instituição era feito por pessoas indicadas pelo rei. Além disso, a instituição emitia notas bancárias que formavam o meio circulante do país, e detinha algumas vantagens como a isenção de tributos e o monopólio sobre a comercialização de produtos, com destaque para os diamantes e para o pau-brasil. 18 Ainda nessa linha, segundo dados sobre a história deste banco, na época, o Banco do Brasil era um dos quatro bancos emissores do mundo, junto com os bancos da Suécia, da Inglaterra e da França; o que denota sua grande importância à época. Seguindo por essa linha cronológica, passando para períodos mais adiante, pode-se ponderar que o setor bancário brasileiro passou por grandes mudanças desde a década de 1960 e, principalmente, desde o início da década de 1990. Elas envolveraminovações em produtos, práticas de gestão e governança, estratégias de mercado, regras de formação de preços de serviços e operações (spreads), gestão de ativos e passivos, fusões e aquisições e a própria entrada de bancos estrangeiros. Nesse processo, duas transformações se destacaram. Uma foi a transformação da atividade bancária em prestadora de serviços e facilidades para clientes, como o pagamento de contas por débito automático e operações via internet, por exemplo. A outra foi a especialização e o fortalecimento da atividade de intermediação financeira entre poupadores e tomadores no segmento de crédito de curto prazo. Todavia, entende-se que a estrutura atual do sistema financeiro e, em particular, do setor bancário brasileiro originou-se, realmente, na grande reforma financeira do ano de 1964, quando se constituiu o mercado de capitais e também se criou a figura do nosso Banco Central (DE PAULA, 1998). A estrutura proposta originalmente por esta reforma, implementou um sistema financeiro que mistura as três classificações pontudas por Zysman (1983): a) modelo de financiamento sem intermediação, baseado em mercado de capitais; b) modelo de intermediação baseado em crédito público, via operações de empréstimos; e c) modelo de intermediação privado. Tal estrutura do sistema financeiro combina os três elementos da tipologia de Zysman de um modo peculiar, diferenciando o nosso país de outros modelos como o alemão, asiático e o americano. Para o autor em questão, o sistema financeiro brasileiro combina: (i) um mercado de capitais relativamente robusto, (ii) um sistema de crédito privado baseado em bancos comerciais orientado a financiar o consumo de curto prazo de pessoas físicas e o capital de giro para pessoas jurídicas e (iii) um sistema de crédito público concentrado no BNDES orientando 19 a financiar investimentos de longo prazo através da Agência Especial de Financiamento Industrial S.A (FINAME), e por operações que se executam via mercado de capitais, através do BNDES-Participações S.A.. De modo geral, entende-se que as necessidades de curto prazo são atendidas por bancos privados de varejo e as necessidades de longo prazo pelo mercado de capitais ou pelo sistema de crédito público. Assim, segundo De Paula (1998), estas particularidades do sistema financeiro brasileiro se intensificaram mais recentemente por conta da especialização do segmento bancário brasileiro em nichos de mercados de pessoas físicas e segmentos corporativos (pequenas, médias e grandes empresas) através dos chamados bancos de varejo. Entretanto, mesmo no atendimento às médias e grandes empresas, a participação do segmento bancário no financiamento de longo prazo para ampliação da produção é pequena. Esta tarefa é substituída pelo mercado de capitais ou pelo crédito público. O papel desempenhado pelos bancos de investimento está praticamente nas mãos do Estado, como agente financiador da produção. Já a segunda grande alteração no sistema bancário brasileiro foi a reforma de 1988, que permitiu a criação de bancos múltiplos. Isso acabou por formalizar o modo de operação já adotado por muitas das organizações bancárias do país. Nesse caso, o objetivo maior era o de racionalizar todo o sistema financeiro e reduzir os seus custos operacionais, gerando um rendimento de fundos mais estável para os bancos, através da fusão das diversas instituições existentes em uma única instituição, com uma personalidade jurídica única (DE PAULA, 1998). Complementando, tem-se que a reforma de 1988 coincide justamente com as reformulações do sistema financeiro internacional, implementadas pelos países que compõem o G-10, através da adoção de práticas de regulação bancária determinadas nos Acordos de Basiléia, ainda nesse período. Isso porque as crises das dívidas externas de diversos países em desenvolvimento ao longo dos anos 80, foram atribuídas, dentre outros fatores, pelo excesso de endividamento que vinha ocorrendo por conta das facilidades concedidas pelas instituições financeiras internacionais privadas. 20 Assim, na tentativa de monitorar os sistemas bancários e financeiros, os Acordos de Basiléia estipularam critérios de classificação de riscos operacionais e de crédito, além de limitarem a alavancagem de operações ao estipular que o patrimônio líquido dos bancos fosse de pelo menos 8% do total dos ativos, mais as operações “fora-do-balanço” (off-balance-sheet). Já nos anos 90, as novas versões dos Acordos de Basiléia determinaram que os bancos passassem a calcular diversos indicadores de risco, nas mais diversas modalidades operacionais. Porém, em virtude dos custos de implementação, a avaliação de risco operacional e de mercado tem ficado a cargo de agências externas de rating. Por fim, segundo Carvalho (2002), pode-se dizer que ocorreu ainda uma terceira alteração significativa do sistema bancário brasileiro, em um ambiente de instabilidade financeira internacional, que teve seu ápice em 1995 com a crise mexicana e foi potencializada com a estabilização dos preços promovida pelo Plano Real, fazendo com que a participação do setor financeiro no PIB passasse de 15,6% em 1993 para 6,9% nesse ano de 1995. Assim, essa estabilização de preços pôs fim a um modelo de operação dos bancos no Brasil. Com isso, o sistema bancário, segundo De Paula (1998), desenvolvia suas atividades nos segmentos de curto prazo do mercado financeiro e direcionava seus recursos basicamente para o financiamento do setor público, em detrimento da oferta de crédito ao setor privado. Dessa forma, os títulos públicos se constituíram, assim, na base dos elevados lucros bancários, seja na intermediação do dinheiro financeiro (moeda indexada), seja na absorção da “transferência inflacionária” (mais conhecido como os ganhos com o float), assegurando aos bancos ao mesmo tempo liquidez e rentabilidade em seus negócios, naquele presente momento. Além disso, considerando-se que abertura do setor bancário do país foi realizada via fusões e aquisições em geral, isto é, sem novas entradas do tipo greenfield; entende-se que a tendência da reestruturação setorial é composta pela diminuição do número de instituições, com crescimento no tamanho médio dos mesmos (aumentando, assim, a concentração bancária) e redução das despesas de pessoal e da rede de agências (De Paula e Marques, 2006). Especificamente sobre o Brasil, Matos (2002) procura verificar a direção de causalidade à Granger entre desenvolvimento financeiro e crescimento econômico, para o período entre 1947 e 2000. Os resultados dão suporte à existência de uma relação unidirecional que vai do desenvolvimento financeiro para o crescimento econômico. 21 Dessa forma, o Brasil parece mesmo inserir-se nesse grupo, dada a sua grande dimensão geográfica e a sua unidade de regulação financeira, isto é, por ter legislação financeira única para todos os Estados. 2.5 Contexto Econômico do Ceará Segundo alguns dos dados mais recentes informam, o Ceará responde pela 11ª economia do País e pela 3ª economia da região Nordeste. Sabe-se que o Produto Interno Bruto (PIB) cearense abrange 2,1% do total do PIB brasileiro e 15,1% do PIB Nordestino (CEARÁ, 2019) Além disso, os dados mostram que sua economia está sustentada principalmente nas atividades ligadas aos Serviços (76,1%), seguidos das atividades da Indústria (19,2%), e da Agropecuária, que participa com 4,7%. Tem-se ainda que o Estado tem se destacado no cenário nacional pelos reconhecidos avanços, seja do ponto de vista econômico, seja na perspectiva social. E, de fato, a economia cearense conseguiu manter, em média, um ritmo de crescimento superior ao registrado pela economia nacional nos últimos anos, permitindo reduzir, embora que lentamente, uma distância histórica nesse caso, com relação ao restante do nosso país. Particularmente, no períodopós-crise de 2008, o Ceará apresentou taxas de crescimento econômico consideravelmente acima das alcançadas pelo Brasil, influenciadas fortemente pela elevada participação dos investimentos públicos em áreas estratégicas para o desenvolvimento do Estado (CEARÁ, 2019). Tal crescimento, nos últimos anos, das infraestruturas rodoviária, hídrica, portuária, aeroportuária e energética permitiu a atração de grandes empresas como a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), bem como o fortalecimento de diversos setores locais, incluindo especialmente o setor turístico cearense. Pode-se inferir que todo esse avanço é decorrente, em grande parte, do equilíbrio fiscal permanente, o que permitiu ao Estado efetuar investimento, seja com recursos próprios ou com recursos advindos de operações de crédito nacionais e internacionais, elevando a 22 competitividade da economia cearense, e estimulando, dessa forma, os investimentos privados nos diversos setores produtivos do nosso Estado (CEARÁ, 2019). Assim, em termos de sua evolução socioeconômica recente, o Ceará já dispõe de bases satisfatórias para alavancar um processo acelerado de desenvolvimento nos próximos anos. Esse quadro econômico atual deve servir de ponto de partida para uma estratégia de longo prazo, que vai orientar um novo esforço para que o Estado supere os entraves e consiga aproveitar eficientemente suas potencialidades, nos mais diversos aspectos. Ocorre ainda que todas essas mudanças verificadas tornam clara a importância do setor de serviços no desenvolvimento econômico e do seu papel central na economia, inserindo ainda a questão do capital humano como chave no processo de produção e crescimento. Isso porque o setor de serviços tem a capacidade de permear todas as atividades produtivas, além de ser composto pelos fatores que mais as estimulam em todas as suas fases e formas. Uma outra questão que chama a atenção, parte do entendimento de que nenhum setor funciona de forma independente no sistema econômico, principalmente do ponto de vista do processo de inovação e difusão tecnológica, de forma que os serviços, em sua heterogeneidade, apresentam setores dependentes e indutores do crescimento econômico. E alguns deles são grandes transformadores e dos demais setores da economia. São os serviços associados à nova economia e aos novos tempos. E o Estado do Ceará vem acompanhando todo esse cenário, inclusive com as mudanças decorrentes da entrada marcante das novas tecnologias, que tanto passaram a ser incorporadas na economia, como também criam oportunidades de trabalho. 2.6 Contexto da Atividade Bancária no Ceará Dentro desse contexto e com base na estatística bancária por município feita pelo Banco Central do Brasil, referente ao mês de dezembro de 2020, chamada de ESTBAN, pode- se observar que a concentração geográfica bancária se encontra fortemente aglutinada na cidade de Fortaleza, conforme pode ser visualizado na Tabela 1. Em números percentuais, tem-se que 23 37% das agências bancárias do Estado encontram-se em presentes em Fortaleza. Já quando se considera a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), esse indicador aumenta para 49% do total. Por outro lado, dos 184 municípios cearenses, tem-se que, pelo menos 101 possuem, no mínimo, uma agência bancária. Todavia, vale salientar que esta análise não considera os postos de atendimento, fato que pode aumentar significativamente o número de municípios com pelo menos uma representação bancária. Tabela 1 – Quantidade de Unidades Bancárias por Municípios Cidades Quantidade Participação Quantidade de Municípios Fortaleza 171 37% 1 Caucaia 10 2% 1 Maracanaú 10 2% 1 Juazeiro do Norte 12 3% 1 Sobral 10 2% 1 Cidades entre 5 e 9 Agências 55 12% 10 Cidades entre 2 e 4 Agências 158 34% 52 Cidades com apenas 1 Agência 34 7% 34 Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria A concentração bancária deve ser entendida, segundo PAULA (2002), como o processo resultante de uma fusão ou aquisição dentro de um setor, o que reduz a quantidade de instituições, e ocasiona o aumento da concentração de empresas no mercado. E no Estado do Ceará essa situação não é diferente. No caso, das 460 agências bancárias do Estado, 451 são divididas entres os 06 principais bancos, conforme pode ser visualizado no Gráfico 1. Outra característica marcante é a forte participação dos bancos públicos, uma vez que eles representam 58% das unidades bancárias do Estado. 24 Gráfico 1 – Quantidade de Agências Bancárias no Estado do Ceará (Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria) Dentro desse contexto de concentração bancárias no Estado do Ceará algo similar ocorre com a oferta de crédito. Tomando por base o relatório do Banco Central ESTBAN, de dezembro de 2020, pode-se observar que as operações de crédito, financiamentos e empréstimos e títulos descontados também se concentraram em Fortaleza e na RMF. Tabela 2 – Participação do Estado do Ceará no Crédito Fortaleza RMF Ceará OPERAÇÕES_DE_CRÉDITO R$ 30.923,97 R$ 35.378,26 R$ 46.214,76 EMPRES_E_TIT_DESCONTADOS R$ 9.622,91 R$ 11.254,62 R$ 16.339,42 FINANCIAMENTOS R$ 4.172,93 R$ 4.251,32 R$ 4.468,48 TOTAL R$ 44.719,81 R$ 50.884,21 R$ 67.022,65 Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria Nota: R$ milhares Deve-se ressaltar que empréstimos são operações sem destinação específica ou sem vínculo com a comprovação da destinação da aplicação dos recursos, como o capital de giro, como os empréstimos pessoais e os adiantamentos para depositantes. Enquanto os financiamentos são as operações com destino específico, ou seja, vinculados com a 25 comprovação da aplicação dos recursos, como, por exemplo, os financiamentos de fábricas, de equipamentos e de bens de consumo durável. Assim sendo, Fortaleza, dentro do contexto cearense, é quem detém um maior poder de crédito, no sistema bancário, em prol de crescimento e desenvolvimento local, a partir de sua base. Assim, efetuando um breve paralelo entre o volume de crédito geral concedido a nível de Brasil e o crédito ofertado no Ceará, como demonstram os próximos gráficos, pode-se observar a ainda discreta, porém constante, participação do Estado no volume total de crédito do Brasil nos últimos anos. Gráfico 2 – Participação do Ceará no Volume Total de Crédito do Brasil (R$ Bilhões) Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria 26 3. ASPECTOS METODOLÓGICOS O presente estudo tem como objetivo verificar as ligações intersetoriais entre as atividades produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto do ano de 2013 do Estado do Ceará, com especial atenção para a atividade econômica de atividades financeiras, seguros e serviços relacionados. As seções seguintes apresentam aspectos metodológicos necessários para realizar as análises de insumo-produto objetivadas na presente dissertação e, até mesmo, pensando em trabalhos futuros. Por conveniência didática e metodológica, exploramos apenas a estrutura do modelo com região única. 3.1 Matriz Insumo-Produto A discussão sobre a cadeia intersetorial de produção é bastante antiga na história do pensamento econômico. O francês François Quesnay é considerado o precursor da análise insumo-produto. Em 1758, ele publicou sua obra intitulada de Tableau Économique, onde procurou demonstrar o processo de geração e circulação de renda da economia francesa entre três classes sociais: os produtores rurais, os nobres proprietários e os artesãos urbanos. O encadeamento destas transações originou a compreensão dos fluxos circulares da atividade econômica e a interdependência das diferentes unidades que interagem nos sistemas econômicos nacionais (ROSSETTI,1990). Em 1874, Léon Walras publicou Élements dÉconomie Politique Pure. Nesse caso, Walras formulou um sistema de equações para a determinação simultânea de todos os preços na economia. Tratava-se, então, de um modelo de equilíbrio geral, onde havia uma interdependência dos setores de produção e as demandas concorrentes de cada setor na obtenção dos fatores de produção (MIERNYK,1974). Posteriormente, vários outros economistas também trabalharam na análise iniciada por Quesnay, porém a maior contribuição deveu-se a Wassily Leontief, na década de 1930, que apresentou uma teoria geral de produção baseada na interdependência econômica. Leontief 27 publicou a primeira tabela de relações intersetoriais para uma economia nacional. Ela mostrava como o produto de cada indústria era distribuído entre as indústrias e setores da economia (MIERNYK, 1974). Dessa forma, Leontief simplificou o modelo generalizado de Walras, de forma que as equações pudessem ser estimadas empiricamente. A primeira mudança nesse modelo foi o processo de agregação do elevado número de mercadorias em poucos produtos, um para cada setor industrial da economia. A outra alteração foi relacionada à substituição das equações de oferta e demanda de trabalho por consumo final e as demais ganharam formas lineares mais simples (RICHARDSON, 1978). Ponderou-se, então, o uso dessa técnica de matriz insumo-produto como uma das formas de mensurar e analisar a relação entre a economia, à sociedade e o meio ambiente. Nesse caso, a matriz insumo-produto (MIP) pode ser melhor entendido como sendo o instrumento com base na análise microeconômica e da contabilidade social que permite conhecer os fluxos de bens e serviços produzidos nos setores de determinada economia, destinados a servir de insumos a outros setores para atender a demanda das famílias que fazem parte desse contexto (CARVALHEIRO, 1998). Para Rossetti (1990), há o entendimento de que a matriz de insumo-produto funciona como uma estrutura de quadros que revela, a partir da desagregação dos dados de produção de determinada economia, os elos de dependência e interdependência dos setores produtivos. E isso também pode ser ponderado e avaliado no que se refere ao contexto da economia de determinado local. Complementarmente, Guilhoto (2011) pondera que a matriz insumo-produto pode ser caracterizada, assim, como uma fotografia da economia de determinado país ou região, demonstrando quais os setores que suprem os outros setores de serviços e produtos e, quais são supridos por quem. Assim, utiliza-se a matriz insumo-produto para mensurar essa relação, entre os setores, conforme a demanda e/ou situação que se apresente. Nesses termos, o objetivo principal do modelo insumo-produto é analisar o relacionamento intersetorial da produção. Assim, este método verifica, para a produção dos bens de certos setores, quais os setores serão impulsionados e quanto deverá ser o nível de produção para atender a demanda. Com efeito, a matriz de insumo-produto procura mostrar e quantificar as relações entre os diversos setores e a demanda final (MONTORA FILHO, 1994). 28 No Brasil, o processo de elaboração da matriz de insumo-produto passou por transformações notáveis nas últimas décadas. Em 1967, o IPEA divulgou uma estimativa de relações intersetoriais no Brasil, referente a 1959. Para tanto, apoiou-se basicamente nos censos industrial e de comércio e serviços do IBGE, construindo uma tabela relacionando 32 setores. Na década de 1970, o IBGE tomou para si a tarefa de construção das matrizes de relações intersetoriais, com periodicidade quinquenal, apresentando resultados preliminares. Abandonando simplificações teóricas, adotou uma distinção entre setores e produtos na apresentação das tabelas, permitindo informações mais ricas e a possibilidade de uso de hipóteses adequadas à natureza de estudos específicos. A matriz resultante apresentou uma descrição do comportamento de 87 setores produtivos e de 160 grupos de produtos. Já a matriz de 1975 foi mais ampla, abrangendo 123 setores e 261 produtos (CARVALHEIRO, 1998). Apesar desse esforço, os quadros básicos elaborados pelo IBGE para a confecção das matrizes de 1970 e 1975 não estavam integrados ainda ao sistema de contas nacional proposto pela ONU. Assim, em 1980, desenvolveu-se uma matriz mais completa e integrada ao Novo Sistema de Contas Nacionais em implantação no IBGE, apresentando alterações metodológicas em relação às matrizes anteriores de 1970 e 1975. A partir da implantação do Novo Sistema de Contas Nacionais de 1993, elaborado por esforço conjunto envolvendo a ONU e outros organismos internacionais (FMI, BIRD, OCDE e EUROSTAT), o IBGE consolidou a integração da matriz de insumo-produto nas contas sociais do país, publicando a matriz de 1985 e, a partir de 1990, calculando as matrizes anualmente (CARVALHEIRO, 1998). Atualmente, o IBGE é o órgão oficial do governo federal responsável pela elaboração das Matrizes Nacionais de Insumo-Produto, de acordo com Guilhoto et. al. (2002). Para tanto, a análise insumo-produto é aplicada ainda no planejamento econômico e decisões de mercado, em virtude da possibilidade de se observar as relações entre cada setor da economia. Dessa forma, o modelo representa um instrumental relevante para analisar as estruturas econômicas e os impactos das políticas econômicas, incluindo o contexto do sistema bancário também. Por fim, embora as matrizes de insumo-produto possuam diversas vantagens para a análise estrutural da economia (devido à consistência da apresentação de suas informações), é importante mencionar suas limitações. 29 Para Guilhoto (2011), as principais seriam: 1) Hipótese de retornos constantes de escala, ou seja, para qualquer quantidade produzida serão utilizadas as mesmas combinações relativas de fatores produtivos; 2) Invariabilidade dos coeficientes técnicos ao longo do tempo, o que significa que não são considerados quaisquer efeitos em termos de mudanças de preços ou avanços tecnológicos; 3) Hipótese de oferta de recursos produtivos infinita e perfeitamente elástica; 4) Pressuposto de que o uso dos recursos produtivos tem eficiência máxima; 5) Existência de um conjunto amplo de restrições quanto à elaboração das matrizes de insumo- produto, que vão desde hipóteses simplificadoras sobre a natureza dos produtos e dos insumos utilizados nos processos de produção até a defasagem decorrida entre a coleta e a publicação ordenada dos dados. 3.2 Matriz Insumo-Produto Aplicada ao Setor Financeiro Nesta seção apresentam-se artigos relacionados ao uso da metodologia de Matriz Insumo Produto (MIP) em análises de impactos econômicos a partir do setor financeiro para determinados países, estados, regiões e municípios. Nesse caso, entende a matriz de insumo-produto como um instrumento da contabilidade social que permite conhecer os fluxos de bens e serviços produzidos em cada setor da economia, destinados a servir de insumos a outros setores e para atender a demanda final (CARVALHEIRO, 1993). Concebida ainda nos anos 40 pelo economista russo Wassily Leontief, a matriz vem sendo elaborada por um número cada vez maior de países, a ponto de o Novo Sistema de Contas Nacionais de 1993 (SNA-93) recomendar sua utilização integrada a outros instrumentos da contabilidade social. O uso da matriz de insumo-produto difundiu-se muito nos últimos anos, e hoje ela é considerada um instrumento de grande utilidade para analisar os efeitos estruturais de choques na economia (tais como mudanças no preço do petróleo, alterações em tarifas, aumentos de salários ou variações na taxa de câmbio, por exemplo), bem como para fazer projeções sobre o comportamento da atividade econômica, segundo Carvalheiro (1993). 30 Para o autor, o uso dos dados da matriz de insumo-produto permite, em conjunto com outras estimativas,capturar as interações entre os diversos agentes econômicos, simulando, de fato, o comportamento real de uma economia de mercado. Nesse contexto, segundo Brene (2013), as tabelas de insumo-produto permitem analisar os fluxos de bens e serviços na economia e os aspectos básicos do processo de produção, assim como a geração primária da renda. Assim, os indicadores econômicos gerados podem ser decompostos em efeitos locais e inter-regionais, permitindo avaliar os impactos de políticas públicas de estímulo aos setores sobre produção, emprego e rendimento, além da identificação e setores-chaves. Atualmente, a estrutura da matriz de insumo-produto serve de base para todos os cálculos da contabilidade social do país e deve, no futuro, em conjunto com as tabelas da matriz de fluxos de fundos (tudo isso em elaboração no IBGE e no Banco Central) propiciar uma radiografia completa da atividade econômica no Brasil, nas suas mais diversas nuances. 3.3 Modelo Insumo-Produto para Região Única As relações insumo-produto numa determinada região podem ser descritas com base na matriz setorial, conforme a Figura 1: Figura 1 – Matriz Setorial Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria 31 A matriz 𝑍 reúne o consumo setorial intermediário. A matriz 𝑌 reúne a demanda final considerando o “Resto do Mundo”. Em geral, a Demanda Final costuma ser particionada em Consumo das Famílias, Investimento, Consumo do Governo e Exportações Líquidas. A matriz 𝑋 é o resultado da soma horizontal de todos os elementos setoriais de 𝑍 e de 𝑌. Essa soma equivale a conhecida identidade Macroeconômica 𝑌 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 + (𝑋 − 𝑀). Portanto, ela caracteriza a Demanda Total direcionada à região em análise. A matriz 𝑉, por sua vez, reúne os insumos primários (não intermediários) utilizados no processo produtivo. Em geral, eles equivalem aos insumos importados, ao pagamento de impostos indiretos e às remunerações pagas ao trabalho e capital (Valor Adicionado a Produção). A soma vertical dos elementos setoriais de 𝑍 e 𝑉 equivalem ao que foi dispendido no processo produtivo, ou seja, equivalem ao valor total da produção. O conceito de equilíbrio geral requer que a produção setorial total da região seja exatamente igual a demanda setorial total da região. Como a produção total da economia deve ser igual à demanda total, a soma horizontal dos elementos de 𝑍 e 𝑌 deve ser equivalente a soma vertical dos elementos de 𝑍 e 𝑉, isto é, 𝑋. Novamente, isso garante o equilíbrio parcial e geral do modelo. Posto isso, e considerando a equação de Leontief, temos: 𝑥 = 𝑧 + 𝑧 + 𝑧 + ⋯ 𝑧 + ⋯ 𝑧 + 𝑦 (1) em que 𝑥 indica a demanda total pela produção do setor 𝑖; 𝑧 é o fluxo monetário do setor 𝑖 para o setor 𝑛; e 𝑦 é a demanda final por produtos do setor 𝑖. Com efeito, é possível aplicar a equação de Leontief da seguinte maneira: 𝑥 = 𝑧 + 𝑧 + 𝑧 + ⋯ 𝑧 + 𝑦 (2) em que 𝑥 é o total do bem 1 produzido no município. Os coeficientes técnicos de produção podem ser definidos por: 𝑎 = 𝑧 𝑥 ⇒ 𝑧 = 𝑎 ⋅ 𝑥 (3) Os quais representam quanto o setor 𝑗 compra do setor 𝑖 na região em análise. Estes coeficientes podem ser substituídos na equação de Leontief, obtendo-se: 𝑥 = 𝑎 𝑥 + 𝑎 𝑥 + 𝑎 𝑥 + ⋯ 𝑎 𝑥 + 𝑦 (4) 32 As produções para os demais setores são obtidas de forma similar. Isolando 𝑓 e colocando em evidência 𝑥 , temos: (1 − 𝑎 )𝑥 − 𝑎 𝑥 − 𝑎 𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 = 𝑦 (5) Isso significa que, para os 𝑛 setores, teremos: (1 − 𝑎 )𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 = 𝑦 ⋮ −𝑎 𝑥 − ⋯ + (1 − 𝑎 )𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 = 𝑦 ⋮ −𝑎 𝑥 − ⋯ − 𝑎 𝑥 − ⋯ + (1 − 𝑎 )𝑥 = 𝑦 (6) Em formato matricial, (6) equivale a: (𝐼 − 𝐴)𝑋 = 𝑌 (7) Onde 𝐼 é uma matriz identidade, e 𝐴 é a matriz de coeficientes técnicos de produção, cujos elementos foram descritos em (3). Seja 𝑋 = [𝑥 ⋯ 0 ⋮ ⋱ ⋮ 0 ⋯ 𝑥 ], então a inversa de 𝑋 é 𝑋 = [1/𝑥 ⋯ 0 ⋮ ⋱ ⋮ 0 ⋯ 1/𝑥 ]. Então, a partir de (3), a matriz 𝑛 × 𝑛 de coeficientes técnicos pode ser representada por 𝐴 = 𝑍𝑋 (8) Não é difícil mostrar que, 𝑋 = 𝐴𝑋 + 𝑌 (9) Com efeito, 𝑋 = (𝐼 − 𝐴) 𝑌 (10) A matriz 𝑋 = (𝐼 − 𝐴) 𝑌 (10) é denominada Inversa de Leontief, a partir da qual, é possível determinar o nível de produção (X) necessário para atender à demanda final de cada setor (Y). Seus coeficientes representam as proporções de insumos utilizados direta e indiretamente no processo produtivo de cada setor. 33 3.4 Índices de Rasmussen-Hirschman A partir do modelo básico de Leontief, definido acima, consegue-se determinar quais seriam os setores com o maior poder de encadeamento dentro da economia, ou seja, podem-se calcular tanto os índices de ligações para trás, que forneceriam quanto tal setor demandaria dos outros, quanto os de ligações para frente, que nos daria o valor da produção demandada de outros setores da economia pelo setor em questão. Seja 𝑙 um elemento da matriz inversa de Leontief, 𝐿 = (𝐼 − 𝐴) ; Definindo 𝐿∗ como sendo a média de todos os elementos de 𝐿; e 𝐿∗ e 𝐿 ∗ como sendo respectivamente a soma de uma coluna e de uma linha típica de 𝐿, tem-se, então, que os índices seriam os seguintes: Índices de ligações para trás (poder da dispersão): 𝑈 = 𝐿∗ / 𝑛 /𝐿 ∗ (11) Índices de ligações para frente (sensibilidade da dispersão): 𝑈 = [𝐿 ∗/𝑛]/𝐿 ∗ (12) Valores maiores que um 1 para os índices acima se relacionam a setores acima da média, e, portanto, setores chave para o crescimento da economia, ou seja, são setores que demandam muitos insumos e são fortemente demandando por outros setores da economia. Por serem normalizados, esses índices são independentes das unidades de medida, o que permite que se façam comparações intersetoriais, inter-regionais e intertemporais. Já as dispersões dos índices de ligações para trás e para frente são determinadas, respectivamente, por: 𝑉 = ∑ 𝑙 − 𝐿∗ /𝑛 𝑛 − 1 𝐿∗ /𝑛 (13) E 34 𝑉 = ∑ 𝑙 − (𝐿 ∗/𝑛) 𝑛 − 1 (𝐿 ∗/𝑛) (14) Os índices de dispersão evidenciam como os efeitos de ligação se espalham pelos demais setores. Baixo valor de dispersão dos índices de ligações para trás significa que o impacto de uma variação da produção em dado setor estimulará os demais de maneira uniforme; alto valor de dispersão, que o estímulo se concentrará em poucos setores. Baixo valor de dispersão dos índices de ligações para frente significa que esse setor será demandado, de maneira uniforme, pelos demais; alto valor, que a demanda por esse setor se concentrará em poucos setores. 3.5 Classificação de Setores Chave Segundo Miller e Blair (2009), a classificação de setores-chave, de acordo com os critérios de Rasmussen-Hirschman, estabelece que os setores que apresentarem índices de ligações para trás ou para frente maiores que 1 constituem setores-chave para o crescimento da economia. McGilvray (1977) sugere que essa classificação deve ser mais restritiva e que devem ser considerados setores-chave os que possuírem tanto os índices de ligações para trás quanto os índices de ligações para frente maiores que a unidade. Como os indicadores são indicadores normalizados, isso significa que devemos atentar para aqueles setores com ligações para frente e para trás maiores do que um. Assim, de modo geral, os setores podem ser classificados de 4 maneiras: (1) fracamente conectados a outros setores, ou geralmente independentes de outros setores (𝑈 e 𝑈 < 1); (2) geralmente conectados ou dependentes de outros setores (𝑈 e 𝑈 > 1); (3) dependentes da oferta intersetorial (apenas 𝑈 > 1), e; (4) dependentes da demanda intersetorial (apenas 𝑈 > 1). 35 Também é possível se realizar uma análise exclusivamente com os índices propostos inicialmente por Rasmussen-Hirschman. Os índices de dispersão mostram como os efeitos deligação se espalham pelos demais setores. Quanto menor for o valor de 𝑉 , maior será o número de setores nos quais o setor 𝑖 atuará, como fornecedor. Assim, se um setor tiver valor elevado para 𝑈 (superior a 1) e valor baixo para 𝑉 , além de ter grande poder de encadeamento para frente, atingirá também muitos setores na matriz inversa. Por outro lado, quanto menor for o valor de 𝑉 , maior será o número de setores relacionados com demanda intermediária induzida pelo setor 𝑗. Assim, se um setor tiver valor elevado para 𝑈 (superior a 1) e baixo valor para 𝑉 , este setor, além de ter grande poder de encadeamento para trás, atingirá também muitos setores na matriz inversa. Em síntese, nesse contexto, um setor-chave é aquele em que 𝑈 e 𝑈 excedem a unidade e 𝑉 e 𝑉 são relativamente baixos, quando comparado com os demais setores. 3.6. Extração Hipotética O objetivo da extração hipotética é quantificar quanto o produto total de uma economia com 𝑛 setores mudaria (diminuiria) se um setor específico, digamos o 𝑗-ésimo setor, fosse removido dessa economia. Inicialmente, isso foi modelado em um contexto de insumo- produto, excluindo uma 𝑗-ésima linha e coluna da Matriz 𝐴. Usando 𝐴(𝑗) para a matriz (𝑛 − 1) × (𝑛 − 1) sem o setor 𝑗 e 𝑦(𝑗) para o vetor de demanda final reduzido correspondente, a produção na economia “reduzida” é encontrada através de 𝑥(𝑗) = 𝐼 − 𝐴(𝑗) −1 𝑦(𝑗) (15) Note-se que, em termos práticos, ao invés de excluir fisicamente linhas e colunas 𝑗 na matriz 𝐴 e o elemento 𝑦 correspondente, eles podem simplesmente ser substituídos por zeros. No modelo completo com 𝑛 setores, o produto é 𝑥 = (𝐼 − 𝐴) 𝑦, então 36 𝑇 = 𝑖 𝑥 − 𝑖′𝑥( ) (16) é uma medida agregada da perda da economia (redução no valor da produção bruta) se o setor 𝑗 desaparecer, ou seja, é uma medida da “importância” ou ligação total do setor 𝑗 na economia. Há na literatura argumentos de que o primeiro termo, 𝑖’𝑥, não deve incluir o produto (original) 𝑥 . Se 𝑥 for omitido, (𝑖 𝑥 − 𝑥 ) − 𝑖′𝑥( ) medirá a importância de 𝑗 para os demais setores da economia. Em ambos os casos, a normalização via divisão pelo produto bruto total (𝑖’𝑥) e multiplicação por 100 produz uma estimativa da redução percentual na atividade econômica total: 𝑇 = 100 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) /𝑖′𝑥 (17) A abordagem da extração hipotética também foi usada para medir componentes de ligação para trás e para frente separadamente [(ver, por exemplo, Dietzenbacher e van der Linden, (1997)]. Com base em (13) é possível calcular os impactos da extração das ligações para trás a partir do índice puro de ligação para trás, ou seja, uma medida de ligação para trás total para o setor 𝑗. O resultado também pode ser desagregado para os setores, onde cada um dos elementos do vetor mostram a dependência para trás do setor 𝑗 em relação ao setor 𝑖. Para mensuração dos impactos da extração das ligações para frente, parte-se do modelo de insumo-produto pelo lado da oferta. Conforme ressaltado por Miller e Blair (2009), ao se tratar de um modelo orientado pela oferta, os elementos da matriz de coeficientes técnicos de insumo-produto pelo lado da oferta (𝑏 ) devem ser construídos da seguinte maneira: 𝐵 = [𝑏 𝑏 𝑏 𝑏 ] = [𝑧 /𝑥 𝑧 /𝑥 𝑧 /𝑥 𝑧 /𝑥 ] = [1/𝑥 0 0 1/𝑥 ][𝑧 𝑧 𝑧 𝑧 ] (18) Em outras palavras, em vez de dividir cada coluna de 𝑍 (matriz de coeficientes intermediários) pelo Valor Bruto da Produção (VBP) do setor associado a essa coluna (método tradicional e mais conhecido na literatura), a ideia é dividir cada linha de 𝑍 pelo VBP do setor associado a essa linha. Assim sendo, teremos a seguinte formatação: 37 𝑥 = 𝐵𝑥 + 𝑣 (19) onde 𝑥 é o vetor de produção setorial; 𝐵 é a matriz de coeficientes técnicos de insumo- produto pelo lado da oferta; e 𝑣 é o vetor linha de valor adicionado. A Equação (20) pode ser resolvida e representada como uma relação de equilíbrio da seguinte maneira: 𝑥 = 𝑣(𝐼 − 𝐵) (20) Onde 𝐼 é a matriz identidade de ordem 𝑛 × 𝑛 e 𝐺 = (𝐼 − 𝐵) é conhecida como a matriz inversa de Gosh. Uma nova matriz formada a partir de 𝐵 será denotada por 𝐵(𝑗), a qual representa a extração hipotética da 𝑗-ésima linha da matriz 𝐵. Posto isso, a solução para este problema será: 𝑥(𝑗) = 𝑣 𝐼 − 𝐵(𝑗) −1 (21) Comparando as Equações (19) e (20), é possível calcular os impactos da extração das ligações para frente a partir de 𝑖 𝑥 − 𝑖′𝑥( ), ou seja, a partir de uma medida de ligação para frente total para o setor 𝑗. O resultado também pode ser desagregado para os setores, onde cada um dos elementos do vetor de 𝑖 𝑥 − 𝑖′𝑥( ) mostra a dependência para frente do setor 𝑗 em relação ao setor 𝑖. De um modo geral, podemos resumir a manipulação algébrica da metodologia de extração hipotética na seguinte tabela: Tabela 3 - Ligação para Frente ou para Trás do Setor 𝑗 Ligação para Trás Total (PBL) Ligação para Frente Total (PFL) 𝐵(𝑡) = 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) 𝐹(𝑡) = 𝑥′𝑖 − 𝑥′( )𝑖 Com 𝑥(𝑐𝑗) = 𝐼 − 𝐴(𝑐𝑗) −1 𝑦(𝑐𝑗) Com 𝑥′( ) = 𝑣′ 𝐼 − 𝐵( ) Normalizações incluem (1) divisão de cada elemento por 𝑥 , ou (2) divisão por ∑ 𝑥 para criar a redução percentual na produção total, 𝐵(𝑡) = 100 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) /𝑖 𝑥 e 𝐹(𝑡) = 100 𝑥 𝑖 − 𝑥′( )𝑖 /𝑥′𝑖, ou (3) valores médios relativos: 𝐵(𝑡) = 𝑛𝐵(𝑡) /𝑖 𝐵(𝑡) e 𝐹(𝑡) = 𝑛𝐹(𝑡) /𝑖 𝐹(𝑡) Ligação Total do Setor 𝑗 38 𝑇 = 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) ou 𝑖 𝑥 − 𝑥 − 𝑖 𝑥( ), onde 𝑖 𝑥( ) = 𝐼 − 𝐴( ) 𝑦( ) Normalizações para criar a redução percentual na produção total, 𝑇 = 100 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) /𝑖′𝑥 ou 𝑇 ̿ = 100 𝑖 𝑥 − 𝑖 𝑥( ) − 𝑥 /𝑖′𝑥 Ou para indicar valores relativos à média: 𝑇 = 𝑛𝑇 / ∑ 𝑇 ou 𝑇 ̿ = 𝑛𝑇 ̿ / ∑ 𝑇 ̿ Fonte: ESTBAN, DEZ 2020. Elaboração Própria 39 4. RESULTADOS De início, apresenta-se o impacto do setor financeiro para o crescimento econômico, bem como a análise do relacionamento intersetorial da economia cearense sobre a ótica matriz insumo-produto. 4.1 Questões Estruturais Os dados de referência adotados foram a Matriz Insumo-Produto do Ceará. O ano base dos dados que dão origem aos coeficientes técnicos intersetoriais e aos multiplicadores da MIP é o ano de 2013. Além disso, o PIB do estado para aquele ano é perfeitamente compatível com a MIP do Ceará para o ano de 2013. Outra definição relevante trata da desagregação setorial contida na matriz insumo- produto. O nível de detalhamento, ou abertura setorial, é um aspecto importante a medida em que contribui para análises mais precisas tanto para identificar o choque inicial de demanda como avaliar as repercussões setoriais. Em geral, quanto maior o detalhamento, mais precisas ficam as análises estruturais e de impacto. Por outro lado, quanto maior o grau de abertura maior a necessidade de dados para a construção da MIP. Para a MIP do Ceará há ainda uma limitação condicionante. Esta, tem uma versão com abertura muito detalhada, mas que limita algumas análises de impacto relevantes. Neste nível de desagregação não se pode avaliar os impactos sobre a geração de salários porque esta informação não está disponível para tamanho grau de abertura. Neste sentido, optou-se por considerar uma abertura com 16 atividades econômicas, dentre as 32 disponíveis, o que já representa um poder analítico considerável. As atividades estão apresentadas no Quadro 1, conforme vem a seguir. 40 Quadro 1 – Atividades Econômicas Disponíveis e Consideradas na Matriz Insumo- Produto do Ceará Atividades Econômicas Agropecuária Agropecuária Indústria Indústrias extrativas Fabricação de produtos alimentícios Fabricação de bebidas Fabricação de produtos têxteis, artigos do vestuário e acessórios, calçados e artefatos de couro Fabricação de produtos de madeira, exceto móveis, de celulose,papel e produtos de papel e serviços de impressão e reprodução de gravações Refino de petróleo e coque e de álcool e outros biocombustíveis Fabricação de produtos químicos Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos Fabricação de produtos de borracha e de material plástico Fabricação de produtos de minerais não metálicos Metalurgia Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos Fabricação de máquinas e equipamentos Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias e outros equipamentos de transporte Outras atividades industriais Manutenção, reparação e instalação de máq. e equipamentos Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação Construção Serviços Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas Transporte, armazenagem e correio Serviços de alojamento Serviços de alimentação Informação e comunicação Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados Atividades imobiliárias Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social Educação e saúde privadas Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços Serviços domésticos Fonte: Elaboração Própria. 41 4.2 Resultados do Setor Para ilustrar a importância do setor Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados, foram estimados os efeitos de um aumento na demanda final do setor sobre os demais setores da economia, utilizando a Matriz de Insumo Produto de 2013. Os efeitos diretos e indiretos são gerados pela necessidade de insumos demandados pelas empresas para suprir um aumento de demanda final. Os efeitos diretos, indiretos e induzidos consideram as necessidades de insumos demandados pelas empresas e o aumento de consumo causado pelo acréscimo de renda a partir de um aumento de demanda final, gerando impactos nos diversos setores da economia. Observou-se que o setor possui uma interligação acima da média com os demais setores da economia, seu índice de ligações para trás (poder da dispersão) – Uj – apresentou um resultado de 1,13; já seu índice de ligações para frente (sensibilidade da dispersão) – Ui – foi de 1,18, conforme gráfico 3. Ambos os números estão acima da média de 1, logo, podemos concluir que o setor está bastante interligado com os demais setores da economia e que possui elevada importância (setor-chave) no desenvolvimento do econômico do Estado do Ceará. No que tange o espraiamento do setor Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados com relação aos demais, a simulação realizada por meio da Matriz Insumo Produto sugere que se tem um índice de dispersão para trás - Vj – de 2,84, e um índice de dispersão para frente – V i – de 2,87, conforme gráfico 4. Observa-se que tais índices são abaixo da média dos setores comparados e que isso mostra que o setor possui uma relação homogênea com os demais setores, ou seja, o poder de encadeamento é mais espalhado 4.3 Comparação Intersetorial Nesse caso, ao analisar o conjunto dos setores da economia à luz de sua capacidade de encadeamento, nota-se que o setor de Atividades Financeiras realmente possui elevado poder de ligação com os demais setores da economia. Tanto a ligação para trás (Uj), como para frente 42 (Ui), estão acima de um, mostrando que o setor demanda muitos insumos de outros e que é fortemente demandado Fonte: Elaboração Própria. Se comparado aos demais setores, o setor de Atividades Financeiras possui um índice de dispersão, tanto para frente quanto para trás, relativamente baixos. Isso sugere que tanto o poder de dispersão da demanda, assim como a sensibilidade da dispersão da oferta tem um grande espraiamento para os demais setores, ou seja, além da atividade financeira demandar (ofertar) muitos insumos (produtos) de outros setores da economia, essa demanda (oferta) é relativamente bem distribuída entre os demais setores. Fonte: Elaboração Própria. Fonte: Elaboração Própria. 43 Fonte: Elaboração Própria. Com isso, pode-se concluir que o setor de Atividades Financeiras é um dos que melhor equilibra baixa dispersão (𝑉 , 𝑉 ) com forte ligação com os demais setores (𝑈 , 𝑈 ). Tais números sugerem um diagnóstico de que o setor de Atividades Financeiras é fundamental para o crescimento econômico cearense. Ele é capaz de fomentar o desenvolvimento de outros setores da economia ao disponibilizar soluções de financiamento e mitigação de riscos para o empreendedorismo, bem como contribui para a atividade econômica por meio de elevada capacidade de gerar demanda agregada. Efetuando a extração hipotética do setor de Atividades Financeiras do PIB do Estado do Ceará do ano de 2013, a análise sugere que, ao se extrair o referido setor, ter-se-ia uma perda da ordem de 7.6 BI (em R$). Isso equivale a uma perda de valor bruto da produção agregada da ordem de 4,6554%. Assim, a perda do Valor Bruto da Produção para os demais setores pode ser vista na tabela 4: 44 Tabela 4 - Perda do Valor Bruto da Produção Setorial com a Exclusão do Setor Fonte: Elaboração Própria. Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados 100.0% Informação e comunicação 7.0% Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares 5.4% Transporte, armazenagem e correios 3.7% Alojamento e alimentação 1.5% Serviços de artes, cultura, esporte, recreação e pessoais e organizações patronais, sindicais e outros serviços 1.3% Educação e saúde privada 0.9% Eletricidade e gás, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação 0.8% Atividades imobiliárias 0.7% Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 0.6% Indústrias de transformação 0.4% Indústria extrativa 0.3% Construção 0.2% Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social 0.2% Agropecuária 0.1% Serviços domésticos 0.0% 45 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Entende-se que um sistema financeiro mais desenvolvido permite uma alocação de recursos mais eficiente, elevando o nível de crescimento sustentável da economia. Ao facilitar o fluxo de capital entre agentes superavitários e deficitários, bem como ao fornecer soluções para mitigação de riscos nos negócios o setor financeiro permite um desenvolvimento econômico mais estável e favorece o empreendedorismo. Ao facilitar a fluxo de recursos entre diversos setores da economia, o setor financeiro não apenas facilita a geração de riqueza como se torna um elo entre a totalidade da economia. Observando o resultado das simulações feitas com a Matriz Insumo-Produto notou- se que o setor de Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados tem elevado potencial de demanda e de oferta dentro da economia cearense, se caracterizando como um “setor-chave” para a economia estadual. Além disso, viu-se, através dos índices de dispersão, que o setor possui forte espraiamento tanto na absorção de recursos pelo lado da demanda, quanto na de produtos pelo lado da oferta. Com o intuito de se reforçar essa especificidade do setor, conduzimos uma análise de extração hipotética do setor da economia. O exercício revelou que diversos setores seriam fortemente impactados com a paralização do setor, sendo os mais atingidos: O setor de informação e comunicação (perda de 7% do VBP individual), o setor de atividades profissionais, científicas e técnicas (perda de 5,4% de seu VBP), o setor de armazenagem e correios (perda de 3,7% do VBP), e os setores de “alojamento e alimentação” e de “serviços de arte, cultura e esportes” (perda de 1,5 e 1,3% de seus VBPs, respectivamente). A economia moderna é estruturada em
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