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Ultrassom Terapêutico No campo terapêutico denomina-se ultrassom (US) como as ondas de oscilação cinética ou mecânica produzidas por um transdutor vibratório que se aplica sobre a pele, atravessando-a e penetrando no organismo em diferentes profundidades. Diferente das modalidades elétricas, o US é o único em que a forma de onda longitudinal associada com o som não é de natureza eletromagnética. As ondas eletromagnéticas podem ser transmitidas no vácuo, mas as ondas sonoras exigem um meio para sua transmissão. · Em 1880 os irmão Pierre e Marie Curie descobriram que ao aplicar uma corrente elétrica sobre um cristal de quartzo colocado entre duas placas metálicas ocorreria a geração de uma vibração de alta frequência, posteriormente caracterizada como US. Esse processo de transformação da corrente elétrica em energia mecânica ou vice-versa se denominou efeito PIEZOELETRICO ou simplesmente propriedade de PIEZOELETRICIDADE. PIEZOELETRICIDADE: É um fenômeno natural encontrado em certos cristais minerais, como o germânio e o quartzo, mas também pode ser sintetizada comercialmente como por exemplo chumbo-zinco–titânio. Esse cristal transforma energia ELÉTRICA em energia MECÂNICA. A onda ultrassônica gerada por esse efeito é de natureza LONGITUDINAL, a direção da propagação é a mesma que a direção da vibração. · A corrente alternada de alta frequência de 1MH é imposta ao cristal PZT do transdutor ou cabeçote, transformando a energia do cristal em uma vibração, ou oscilações deformantes da estrutura do cristal na mesma frequência de 1MHz. O cristal é sustentado por cimento em contato com uma placa metálica ou interface plástica do transdutor. · O tamanho do transdutor do US é conhecido como ERA (ÁREA EFETIVA DE EMISSÃO). O transdutor que emite a onda sempre será menor que a proteção metálica que o envolve, essa área metálica é apenas uma capa de proteção do transdutor. · O tamanho da ERA é medido em cm² e terá relação direta com o tempo do tratamento , ou seja, quanto menor a ERA maior o tempo de tratamento ou vice-versa. O tamanho da ERA deverá ser informado pelo fabricante do equipamento. · O tempo de aplicação é algo polêmico se tratando de US, por envolver informações como: tamanho da área a ser tratada, intensidade de saída e efeito desejado. · O tempo de aplicação do US pode ser calculado da seguinte forma: medida da área tratada, divide-se pela ERA do US. Área: no corpo do paciente Largura: 3cm Comprimento: 4cm Área: 12cm² ERA: Cabeçote 4 cm² TEMPO: 12 / 4 = 3min •Tempo máximo = 15 min por área Na prática, cada área do transdutor equivale a 1 minuto Tempo de aplicação terapêutica: EFEITO MECÂNICO: chamado de micromassagem celular, é responsável por quase todos os efeitos do US. Esse efeito é obtido tanto no modo continuo como no pulsado. As micromassagens dos tecidos se deve a oscilações provocadas pelo feixe ultrassônico que os atravessa. A movimentação desses tecidos aumenta a circulação de fluidos intra e extracelulares, facilitando a retirada de catabólitos e a oferta de nutrientes. MICROCORRENTE ACÚSTICA: essa microcorrente é capaz de exercer uma sobrecarga viscosa sobre a membrana celular aumentando sua permeabilidade, podendo alterar sua taxa de difusão dos íons, causando alterações terapêuticas como aumento da secreção dos mastócitos, aumento da captação de cálcio e maior produção de fator de crescimento pelos macrófagos. AUMENTO DA PERMEABILIDADA DA MEMBRANA: ocorre não só pelo aquecimento, como pelo efeito não térmico do US, por meio de cavitação. Esse efeito é a base da fonoforese, pois proporciona alteração no potencial da membrana e aceleração dos processos osmóticos. Efeitos fisiológicos EFEITO TÉRMICO: É causado pela absorção das ondas ultrassônicas pelas estruturas tratadas. Isso faz com que ocorram vibrações celulares e de suas partículas, provocando atrito entre si e grande efeito térmico. É capaz de aumentar o fluxo sanguíneo, a permeabilidade da membrana e a extensibilidade dos tecidos ricos em colágeno. VASODILATAÇÃO: considerado um efeito protetor, destinado a manter a temperatura corporal dentro dos limites fisiológicos , ocorre tanto no US pulsado quanto no contínuo. AUMENTO DO FLUXO SANGUÍNEO: o US é capaz de liberar substancias capazes de provocar vasodilatação e consequentemente aumento do fluxo sanguíneo, esse efeito é capaz de continuar por 45 a 60 minutos após a aplicação do US. AUMENTO DO METABOLISMO: por meio do efeito térmico do US, e da permeabilidade da membrana o US é capaz de aumentar o metabolismo. Efeitos fisiológicos AÇÃO TIXOTROPICA: é a capacidade que o US tem de “amolecer” estruturas com maior consistência física (transforma coloides em estado sólido para estado gel). Esse efeito permite o aumento da elasticidade tecidual e a diminuição da consistência fibrinótica. CAVITAÇÃO: a vibração em alta frequência do US deforma a estrutura molecular das substancias não fortemente unidas. Esse fenômeno é terapeuticamente útil para produzir efeitos escleroliticos, na tentativa de reduzir espasmos, aumentar amplitude de movimentos pela ação dos tecidos aderidos e quebrar depósitos de cálcio, mobilizando aderências e efeitos cicatriciais. LIBERAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS FARMACOLÓGICAS: principalmente a histamina (por meio da desgranulação dos mastócitos). EFEITOS SOBRE NERVOS PERIFÉRICOS: o US continuo pode afetar a velocidade da condução nervosa. Efeitos fisiológicos Aplicação direta: Envolve o contato entre o aplicador e a pele com uma fina camada de um meio de acoplamento entre eles. É realizada quando a superfície a ser irradiada é razoavelmente plana, sem muitas irregularidades, permitindo um perfeito contato de toda superfície metálica do transdutor com a pele. Além de gel como meio de acoplamento pode-se utilizar formulações farmacológicas com fins terapêuticos, a fonoforese. Habilidade do ultrassom em incrementar a penetração de agentes farmacologicamente ativos através da pele. Vantagens: técnica segura, indolor e não invasiva de aplicar medicamentos. Regeneração tissular e reparação de tecidos moles; Analgésico; Antiedematoso; Relaxamento muscular; Fibrinolítico. Efeitos terapêuticos Formas de aplicação Aplicação subaquática: É indicada para regiões de contornos irregulares, ou para áreas que não permitem o contato do transdutor com a pele. A água é o meio de acoplamento, sendo a terapia feita com imersão do membro a ser tratado utilizando um recipiente plástico ou metálico forrado com uma manta de borracha para evitar reflexões. Aplicação por meios intermediários: Em situações onde a superfície corporal a ser tratada não pode ser imersa em água e é pequena ou irregular, pode-se aplicar uma técnica com bolsa de água, que pode ser um balão ou uma luva de procedimento como meio de acoplamento entre o transdutor e a área. Ambos os lados do balão devem ser cobertos com gel para garantir melhor contato. Regras gerais Independentemente da técnica de aplicação o transdutor deve sempre ser mantido perpendicular a área a ser tratada, o que minimiza a energia refletida e refratada. É essencial que durante aplicação o transdutor esteja em constante movimentação para evitar efeitos lesivos e ondas estacionárias. Com exceção da técnica subaquática deve ser mantida em completo contato com o agente de acoplamento, evitando formação de cunhas de ar. · Na aplicação de modo subaquático a absorção da onda ultrassônica é de 100%; · Na aplicação com gel é de 80%; · Quando se utiliza com bolsa de água 50% assim como com o gel estéril; · Quando se utiliza outras substâncias como cremes, óleos a absorção é de 50%. Nunca aplicar diretamente sobre a ferida aberta! 1) Frequência: 1,0 MHz - Fins terapêuticos convencionais, possui maior profundidade de atuação e vibra menos. 3,0 MHz - Estética, possui menor profundidade de atuação e vibra mais. Parâmetros ajustáveis 2) Modo: Contínuo: efeito térmico - utilizado na fase final do tratamento, em lesões sem edemase crônicas. Profundo: efeito não térmico - utilizado no início do tratamento, em lesões com edema e agudas. 3) Intensidade: • Geralmente os parelhos trabalham com intensidade de 0,0 a 2,0 w/cm². • A intensidade para ser aplicada na fase aguda e crônica: Condições agudas: - Pulsado: entre 0,1 a 1,0w/cm² Condições crônicas: - Contínuo: entre 1,0 a 2,0 w/cm² Hz: • Normalmente de 16 a 96 Hz; • Quanto maior os Hz maior será o atrito celular; • Quanto maior o atrito celular maior geração de calor. Diante disso, pacientes com lesões agudas é indicado utilizar o modo pulsado, com a menor atenuação possível (5%) e menor Hz possível (16hz). Com a evolução do tratamento utilizar as demais % da atenuação, por exemplo: 1ª sessão: 5% e 16 hz 2ª sessão: 10% e 16 hz Até finalizar todas as opções da atenuação, para então passar para o próximo hz e logo, modo contínuo, quando a lesão já ter passado da fase aguda. Indicações Tecido cicatricial; Contratura articular; Inflamação crônica; Aumento da extensibilidade do colágeno; Redução do espasmo muscular; Modulação da dor; Aumento do fluxo sanguíneo; Pontos gatilhos miofasciais; Cicatrização óssea. Contraindicações Condições agudas e pós-agudas (US com efeitos térmicos); Áreas de sensação de temperatura diminuída; Áreas de circulação diminuída; Insuficiência vascular; Tromboflebite; Olhos e órgãos reprodutores; Pelve imediatamente após menstruação; Gravidez; Marca passo; Câncer; Áreas epifisais em crianças pequenas; Substituições totais de articulações; Infecção. Por Liliane Stawny Sampaio