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Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa - unid 2

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10 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Panorama dos elementos de ficção na 
literatura inglesa 
OBJETIVO 
 
Ao término deste capítulo, o estudante, será capaz de definir o 
panorama dos elementos de ficção. E, então? Motivado (a) para 
desenvolver tal competência? Avante, e bom estudo! 
 
Caro estudante, uma vez que sua formação já compreendeu 
o estudo de aspectos como: narrador, fluxo narrativo, ponto de 
vista, voz narrativa, enredo e personagens na construção do texto 
em literatura inglesa. Este capítulo será dedicado a apresentação 
resumida e contextualizada acerca do panorama dos elementos 
de ficção. Então, bom estudo! 
Definindo elementos de ficção 
O gênero ficcional inclui componentes essenciais ao 
andamento da trama. Aprender quais são os elementos desta 
modalidade de narrativa, e como utilizá-los ao longo de uma 
construção é essencial ao profissional de Letras-Inglês. Logo, 
é relevante estudar os elementos textuais de ficção, sejam em 
estrutura e elementos necessários ao desenvolvimento da 
narrativa (ABDALA Jr., 1995; SILVA, 2005; BARTHES, 2008). 
A narrativa ficcional inicia pela introdução, seguida pelo 
desenvolvimento, clímax e conclusão (desfecho). É na introdução 
em que se apresentam as personagens, bem como localiza e 
orienta o leitor quanto ao tempo e espaço. O desenvolvimento 
compreende o espaço em que as ações das personagens são 
narradas. Isto é, em que a trama de fatos e eventos é construída
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (1 
 
visando conduzir o leitor ao clímax. E, na conclusão concentra- 
se o fechamento da narrativa (SILVA, 2005; BARTHES, 2008). 
Figura 1: William Shakespeare, apontado como um dos maiores expoentes da literatura inglesa e universal 
dedicou-se a escrever para o teatro 
 
Fonte: Wikicommons 
Os elementos da narrativa ficcional são recursos 
empregados para detalhar aspectos de um texto. Constituem 
elementos da narrativa: enredo, tempo, narrador, personagens, 
os quais auxiliam na contextualização de uma narrativa 
(BARTHES, 2008). 
Elemento Textual - Tempo 
Caro, estudante em seus estudos já aprendeste que a 
narrativa ficcional compreende um tipo de texto descritivo 
fictício ou real, com personagens inseridas em determinado 
tempo e espaço. A seguir, dedicaremos um tempo à compreensão 
do elemento TEMPO.
 
12 ) ( Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
O elemento tempo possui a função de indicar o período 
em que a narrativa se passa (SILVA, 2005; BARTHES, 2008; 
REALES, 2008). 
Figura 2: Relógio de bolso uma analogia ao elemento tempo, também essencial à construção de uma 
narrativa 
 
Fonte: Wikicommons 
Há dois tipos de marcação de temporal em uma narrativa: 
o plano do tempo da história (tempo interno) e o plano do tempo 
do discurso (REALES, 2008). 
“O tempo da história é o tempo mais rígido da 
história que é narrada segundo um determinado 
modo discursivo. É o termo, diríamos, “matemático” 
propriamente dito, ou seja, a sucessão cronológica 
de eventos datáveis com maior ou menor rigor. 
Por cronológico compreenderemos justamente 
a dimensão do tempo, em sua forma narrada, 
com referência a certos marcos temporais, como 
datas e referências mais ou menos explícitas a um
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (13 
 
determinado momento histórico que é narrado” 
(REALES, 2008, p. 42). 
Assim, caro estudante, o tempo interno de uma narrativa 
considera a relação entre o que é narrado e o discurso. Neste tipo 
de marcação temporal é caracterizada pelo controle cronológico, 
podendo ser explicitada ou deduzida pelo leitor. 
Cumpre destacar que o tempo da narrativa na dimensão 
humana (perspectiva do leitor) revela-se conforme a ordem dos 
acontecimentos. Com isso, além da marcação cronológica, ocorre 
o tempo psicológico, em que o primeiro pode ser distorcido em 
função das vivências subjetivas das personagens (SILVA, 2005; 
BARTHES, 2008; REALES, 2008). 
“O tempo psicológico, enquanto conceito de um 
tipo específico de temporalidade na narrativa, é 
o tempo que passa pela experiência subjetiva dos 
personagens” (REALES, 2008 p. 43). 
Em Alice's Adventures in Wonderland, o tempo da 
narrativa é cronológico, ou seja, os acontecimentos ocorrem 
pela ordem do calendário ou do relógio. Na narrativa é possível 
identificar este aspecto pelo registro de nomes e de locais, bem 
como pela organização de seus capítulos. 
Exemplo deste elemento é o Coelho Branco que 
constantemente visa evitar seu atraso para o encontro com a 
duquesa, “Ai, ai! Vou chegar atrasado demais!” e “Oh, a duquesa, 
a duquesa! Como vai ficar furiosa se eu a tiver feito esperar!” 
(CARROLL, 2009, p. 13).
 
14 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Figura 3: Chapter One — Down the Rabbit Hole 
 
 
 
aut A 
ou 
PNM 
“pj A Tp iu 4 8 
alia 
Fonte: Wikicommons 
Logo, o tempo interno pode ser compreendido como a 
representação narrativa do tempo da história, que se revela de 
forma linear, enquanto o leitor desenvolve a leitura da trama. 
Já Reales (2008, p. 61) define tempo do discurso como “[...] 
como o tempo da história pode ser elaborado a partir de estratégias 
e perspectivas narrativas e estilísticas muito particulares a cada 
criação literária. Dissemos, quando descrevíamos o conceito de 
tempo da história, que esse tempo poderia ser atravessado pelo 
modo como a história é narrada”. 
“Nesse sentido, o tempo do discurso teria a ver com o 
modo como uma narrativa é lida em termos formais. Já o tempo 
da história diz respeito, como já foi dito, ao tempo em que se 
passa a ação” (REALES, 2008, p. 47).
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (15 
 
Elemento Textual — Espaço 
Caro, estudante em seus estudos já aprendeste que a 
narrativa ficcional compreende um tipo de texto descritivo fictício 
ou real, com personagens inseridas em determinado tempo e 
espaço. E, para que tal narrativa possua sentido, esta necessita 
possuir e atender determinados elementos constitutivos. A seguir, 
dedicaremos um tempo à compreensão do elemento ESPAÇO. 
“O espaço é o lugar onde se passa a ação, por isso é uma 
das categorias mais importantes de uma narrativa (REALES, 
2008, p. 47). Conforme Abdala Jr. (1995), Silva (2005), Barthes 
(2008), espaço é onde ocorrem os acontecimentos, é por 
onde transitam as personagens. Este elemento também possui 
relevante destaque, uma vez que auxilia na caracterização dos 
personagens ao leitor. 
A construção do espaço em uma narrativa depende da 
perspectiva do narrador, isto é, da perspectiva narrativa (tipo de 
narrador, fluxo narrativo, ponto de vista e voz narrativa). 
Reales (2008) destaque que existe o espaço físico no qual 
se desenvolve o enredo, e o espaço psicológico, o qual retrata 
a vivência subjetiva das personagens. Em Alice's Adventures 
in Wonderland, o espaço físico é representado pelo País das 
Maravilhas (Wonderland), o qual é acessado por Alice pela toca 
do Coelho Branco.
 
16 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Figura 4: Representação do espaço do palácio da Rainha de Copas 
 
 
Fonte: Wikicommons. 
Como já comentado por Reales (2008) o espaço de uma 
narrativa também pode ser psicológico, ou seja, um espaço ou 
ambiente psicológico em que o protagonista e/ou as personagens 
sofrem, são felizes, especulam, sonham ou vivenciam certos 
estados. Um exemplo de espaço psicológico em Alice's 
Adventures in Wonderland é quando esta retorna do País das 
Maravilhas: “Continuou sentada, de olhos fechados, e meio 
que acreditou estar no País das Maravilhas, embora soubesse 
que bastava abrir os olhos para que tudo se transformasse na 
realidade monótona [...]” (CARROLL, 2009, p. 170-171). 
Podem constituir o espaço de uma narrativa: lugares 
geográficos extensos ou não, os objetos, os móveis, a decoração 
em geral, bem como todas as alusões possíveis aos componentes 
e ambientações que caracterizamum espaço (REALES, 2008).
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (17 
 
Destaca-se que o espaço também pode ser classificado em 
interno e externo. Interno quando as ações ocorrem dentro de 
um lugar fechado, e externo quando as personagens circulam em 
ambientes abertos (BARTHES, 2008). 
Logo, observa-se que o espaço não serve apenas para 
situar a personagem no espaço físico e tempo, mas compreende 
um relevante elemento à continuidade da narrativa. Bem como 
auxiliando na construção de uma atmosfera narrativa. 
Elemento Textual — Caracterização 
Caro, estudante em seus estudos já aprendeste que a 
narrativa ficcional compreende um tipo de texto descritivo 
fictício ou real, com personagens inseridas em determinado 
tempo e espaço. E, para que tal narrativa possua sentido, esta 
necessita possuir e atender determinados elementos constitutivos. 
A seguir, dedicaremos um tempo à compreensão do elemento 
CARACTERIZAÇÃO. 
Entende-se por caracterização o processo descritivo 
que objetivamente define as características, as qualidades que 
possam ter as personagens e os demais elementos da narrativa 
(REALES, 2008). 
“A caracterização não pode ser confundida com a 
identificação, que pode nomear um personagem a partir de um 
signo identificador como um nome ou apelido. A caracterização 
na verdade investe o personagem de uma série de traços, 
qualidades e características que são a matéria de descrição e que 
funcionaliza o jogo e o embate dos personagens no enredo da 
história” (REALES, 2008, p. 51).
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (19 
 
Propósito autoral, intenção e tema na 
literatura inglesa 
OBJETIVO 
 
Ao término deste capítulo, o estudante, será capaz de conceituar 
o propósito autoral, a intenção e o tema nos textos de ficção. E, 
então? Motivado (a) para desenvolver tal competência? Avante, 
e bom estudo! 
 
Caro estudante, estamos chegando ao segundo capítulo 
desta unidade! Já estudamos sobre o panorama dos elementos 
de ficção na literatura inglesa. Este capítulo será dedicado à 
apresentação resumida e contextualizada acerca do propósito 
autoral, da intenção e do tema em textos de ficção. Então, bom 
estudo! 
Definindo Propósito Autoral 
Propósito autoral compreende o objetivo norteador à 
construção de um texto. Quando um autor elabora sua narrativa, 
este a realiza de forma a estabelecer uma conexão com seu 
leitor. E, assim expor ideias, narrar acontecimentos, partilhar 
experiências, argumentar posicionamentos e opiniões, etc. 
(MARCUSCHI, 2008).
 
20 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Figura 5: Leitura (1893), tela de Eliseu Visconti. Tela exemplificando como a leitura aproxima os atores 
(autor-leitor), e contribui à compreensão do propósito de uma obra. 
 
Fonte: Wikicommons. 
O objetivo discursivo dependerá do contexto, do emissor 
e do receptor. Ou seja, dependerá do enredo da narrativa, das 
características do autor, bem como das características de quem 
irá realizar a leitura. A construção do propósito deve estar 
alinhada a intenção do texto (KOCK, TRAVAGLIA, 2007; 
MARCUSCHI, 2008). 
Compreender o propósito de um texto facilita a seleção 
do formato que será utilizado. Bem como, orientará a seleção 
vocabular (MARCUSCHI, 2008). 
EXPLICANDO DIFERENTE 
 
Se o propósito de um texto é relatar, então este deverá focar sua 
narrativa em ações e experiências vivenciadas. Se o propósito 
for argumentar, então a narrativa deverá ater-se ao debate entre 
a defesa, a refutação, e o posicionamento. 
 
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (21 
 
Definindo Intenção em Textos de Ficção 
Para Marcuschi (2008) intencionalidade é o conceito 
que refere-se a intenção do autor em sua obra, e como esta 
será compreendida (aceita) por seu leitor Desse modo, 
intencionalidade refere-se ao modo que os autores utilizam a 
linguagem no processo comunicativo. A forma como a linguagem 
é empregada, isto é, narrativas adequadas auxiliam à obtenção 
do propósito inicial. 
Intencionalidade refere-se a forma como o emissor 
apresenta sua narrativa ao leitor É através da narrativa que 
este pode perseguir e realizar suas intenções e obter os efeitos 
desejados. É por esta razão que o emissor (autor), busca construir 
uma narrativa coerente ao receptor (receptor) que lhe permitam 
constituir o sentido desejado (KOCK, TRAVAGLIA, 2007). 
Para Kock e Travaglia (2007), termos como aceitabilidade 
e intencionalidade textual são complementares, uma vez que há 
a interação por meio da linguagem escrita, para a compreensão 
textual. Ou seja, o autor ao produzir um texto possui uma intenção 
com seu leitor, e este quando se esforça para compreender a 
mensagem está aceitando-a. 
Figura 6: A mente observa e interpreta a realidade, assim como o leitor lê e constrói significância a narrativa 
apresentada pelo autor 
 
Fonte: Wikicommons.
 
22 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Você Sabia que a intenção é um dos fatores textuais 
que orientará a construção da narrativa. 
Logo, caro aluno, intenção é quando o emissor (autor) em 
uma determinada situação comunicativa, aqui a sua narrativa, 
possui como meta transmitir ao receptor (leitor) uma mensagem. 
Tal mensagem poderá cumprir o efeito de informação, impressão, 
aviso, convencimento, etc. 
Dessa forma, ao produzir um enunciado (texto/ 
narrativa) o autor possui a intenção compreensiva com o leitor 
(intencionalidade), e o leitor, por seu turno, esforça-se de forma a 
compreender e entender o que lhe foi apresentado (aceitabilidade) 
(KOCK, TRAVAGLIA, 2007; MARCUSCHI, 2008). 
Definindo o tema em Textos de Ficção 
Tema compreende muito mais do que o assunto a ser 
desenvolvido na narrativa, este é parte integrante do propósito 
autoral, isto é a intencionalidade do autor. Assim, o tema em 
textos de ficção abarcará também o conhecimento já existente 
sobre determinado assunto (MARCUSCHI, 2008). 
Conforme Schutt (2018) tema é o tópico específico sobre 
o qual o autor deseja que seu leitor reflita durante a apreensão de 
sua narrativa. Podem ser abordados temas como o amor, a justiça, 
a guerra, etc. Contudo, este salienta que palavras genéricas não 
conferem o real propósito de um tema, pois estas devem ser mais 
específicas dentro do tópico tratado. Isto é, dentro de um tema 
podem ser desenvolvidas muitas possibilidades. 
Assim, em narrativas envolventes, o enredo (conhecimento 
existente) pode conduzir o leitor a considerar aspectos que levem 
à reflexão sobre as possibilidades desenvolvidas (SCHUTT, 
2018). 
À seguir, caro estudante, convido-o a conhecer um famoso 
autor da literatura inglesa, cuja narrativa possui a excepcional 
capacidade de levar o leitor à reflexão da existência humana, e
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (23 
 
seus mais íntimos medos. Em suas obras mais do que leitores, 
somos testemunhas de crimes “quase perfeitos”. Aproveite a 
oportunidade para observar como este autor desenvolveu seus 
temas. 
Também referenciado como Pai do Terror, trata-se do 
fundador da narrativa de horror e de mistério. Edgar Allan Poe 
foi um escritor americano, nascido em Boston em 1809. Faleceu 
em 1849, sendo sua morte um mistério, assim como toda a 
atmosfera de seus contos. 
Figura 7: Edgar Allan Poe 
 
Fonte: Wikicommons. 
Pai do Conto, Edgar Allan Poe, foi um dos maiores contista 
do gênero ficção policial e de toda uma geração. Figura entre as 
principais influências, até os dias atuais, em termos de ficção 
policial para muitas gerações de escritores. Tais como Donan 
Doyle, Agtha Cristie, Bioy Casares, J.L Borges e Dostoiévski.
 
24 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
EXPLICANDO DIFERENTE 
 
 
Somente possuímos grandes detetives como Sherlock Holmes 
(Conan Doyle); Hercule Poirot (Agatha Christie), Don Isidoro 
Parodi (Bioy Casares), dentre outros, porque antes houve certo 
detetive chamado AugusteDupin da obra Assassinatos na Rua 
Morgue. 
 
Figura 8: O detetive Dupin confronta o marinheiro numa passagem de “Os assassinatos da Rua Morgue”. 
Ilustração de 1909 Byam Shaw 
 
Fonte: Wikicommons.
 
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (25 
 
EXPLICANDO DIFERENTE 
 
C. Auguste Dupin é o detetive francês criado por Poe para 
a resolução do crime ocorrido em “Os Assassinatos da 
Rua Morgue”, através da dedução e observação dos fatos, 
características estas que faziam parte da personalidade do autor, 
e que foram “transferidas” a sua personagem. Esta personagem, 
também, participa da construção de mais duas obras: O Mistério 
de Marie Rogêt (1842), e A Carta Roubada (1844). 
 
Poe foi um escritor do Movimento Romântico Americano, 
contudo é mais reconhecido por seu estilo gótico, sempre 
recorrendo ao uso de temas que tratavam a questão da morte 
e demais alegorias como a decomposição, a reanimação, etc. 
(FERNANDES, 2014). 
Muitas, das obras de Poe, abarcam a temática do sofrimento 
causado pela morte (perda), pois para este não havia nada mais 
belo e romântico, do que escrever sobre a morte de uma mulher 
tão bela quanto à narrativa. 
Figura 9: Uma ilustração de O Corvo de Edgar Allan Poe, feita por Gustave Doré. 
 
Fonte: Wikicommons.
 
26 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
A Figura 9 retrata bem as narrativas de Edgar Allan Poe, 
estas possuem uma atmosfera envolta de terror e mistério, onde 
temas como o sobrenatural e a loucura, materializam-se na forma 
de devaneios, assassinatos e suicídio. 
O estilo gótico, aqui referido, compreende a construção de 
narrativas cujo tema recorrente é o romance atrelado à morte, em 
que a realidade e a ficção podem ser tão próximas e assustadoras. 
Poe segue um rumo contrário ao Romantismo, pois para 
ele a forma mais eficaz de acessar o íntimo do leitor, era através 
da narrativa curta e envolvente. Aqui reside a sua receita de 
sucesso, a brevidade, a técnica do breve relato acessa com maior 
sucesso a experiência e a significância do leitor. 
Poe trabalha com o psicológico em suas narrativas, sendo 
a principal marca de suas personagens a ambiguidade, nem bom, 
nem mau, apenas humano. Temas frequentes em suas obras a 
morte, o mistério, o macabro, o medo, a ambiguidade, a loucura, 
a histeria, a culpa, a fuga à realidade. 
Se você ficou interessado (a) em conhecer um pouco mais 
da obra de Poe, seguem sugestões de leituras: Assassinatos na 
Rua Morgue, A carta Roubada, O Mistério de Maria Roget, O 
Corvo, O Gato Preto. A seguir, apresenta-se a obra “A Máscara 
da Morte Rubra”. 
A Máscara da Morte Rubra (1842) 
“Assim protegidos, seria impossível o contágio. 
O mundo exterior que se arranjasse. Lá dentro, o 
príncipe previu tudo. Nada faltava. Até diversões. 
Música, bailarinos, vinho. Lá dentro, tudo isso e 
mais a segurança. Lá fora, o desespero, a morte 
rubra” (POE, p. 8, 2011).
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (27 
 
Figura 10: A Máscara da Morte Rubra 
 
Fonte: Wikicommons. 
Na obra 4 Máscara da Morte Rubra encontramos a 
narrativa sobre uma peste, a Morte Rubra, que assombra 
determinado reino. De forma a evitar a doença, o príncipe 
reúne mil amigos em um mosteiro. E, lá promove a realização 
de uma imponente festa, um baile de máscara com duração de 
seis meses, cujo tema cerceia a beleza e o terror, o sonho e o 
pesadelo. 
Uma das características da narrativa de Poe é a forma 
detalhada como descreve o ambiente, e as situações. Na presente 
obra ele descreve em detalhes o local do baile, bem como a 
doença. 
A morte rubra era caracterizada por dores agudas, com um 
desvanecimento súbito, e logo os poros da pessoa sangravam 
abundantemente. Em seguida, vinha a sua decomposição. 
Manchas escarlates surgiam no corpo e, com maior concentração 
no rosto da vítima, esta era segregada do convívio social, da 
assistência e da compaixão (POE, 2011). 
Contudo, uma figura mascarada surge em meio à festa, e 
passa a assombrar os nobres quanto à doença e suas implicações, 
tais como a total devastação de um reino, e a decadência humana.
 
28 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Figura 11: O Príncipe próspero enfrentando a morte, este embate nos faz bem pensar que embora fosse seu 
desejo escapar à morte, ela sempre lhe encontra. 
 
 
 
Fonte: Wikicommons. 
RESUMINDO 
 
Neste capítulo aprendemos a conceituar o propósito autoral, 
a intenção e o tema em textos ficcionais. Em nossos estudos 
compreendemos que o propósito autoral compreende o objetivo 
norteador à construção de um texto. Bem como, a intencionalidade 
refere-se a forma como o emissor apresenta sua narrativa ao 
leitor. E, tema compreende muito mais do que o assunto a ser 
desenvolvido na narrativa, esta é parte integrante do propósito 
autoral, isto é a intencionalidade do autor. Termos como 
aceitabilidade e intencionalidade textual são complementares, 
uma vez que há a interação por meio da linguagem escrita, para a 
compreensão textual. De forma complementar realiza-se análise 
da obra e escrita de Edgar Allan Poe. Aproveite seu momento de 
estudo e amplie seus conhecimentos, busque mais informações 
na literatura indicada. Avante e bom estudo! 
 
 
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (29 
 
A ironia nos textos de ficção na literatura 
inglesa 
OBJETIVO 
 
Ao término deste capítulo, o estudante, será capaz de identificar 
a ironia nos textos de ficção. E, então? Motivado (a) para 
desenvolver tal competência? Avante, e bom estudo! 
 
Caro estudante, estamos chegando ao terceiro capítulo 
desta unidade! Já estudamos sobre o panorama dos elementos, 
propósito autoral, intenção e tema de ficção na literatura 
inglesa. Este capítulo será dedicado à apresentação resumida e 
contextualizada acerca das características da ironia em textos de 
ficção. Então, boa leitura! 
Definindo a Ironia 
Ironia compreende o recurso de linguagem que gera um 
efeito de sentido contrário ao apresentado inicialmente pelo 
interlocutor (GARCIA, 2000). Assim, cabe ao leitor realizar a 
análise do conjunto de significados atribuídos ao exposto. Logo, 
caro estudante, no uso da ironia é necessário que o contexto 
seja observado pelo interpretador (leitor/enunciador), pois caso 
contrário, o sentido pretendido pelo ironista (autor/locutor) não 
será alcançado (ALAVARCE, 2009). 
Sobre o processo de interpretação da mensagem irônica 
Ducrot (1987) apud Klein e Fomeck (2015) esclarece que 
o locutor não admite sob a sua responsabilidade a opinião 
manifestada. Assim, a ironia reside na opinião manifestada 
que não pode ser atribuída ao locutor, o qual é responsável
 
30 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
unicamente pelas palavras, e sim a outro personagem de seu 
Jogo discursivo, o enunciador. 
Os personagens do jogo da ironia são o interpretador e o 
ironista. A participação do interpretador (leitor) é decisiva, uma 
vez que está na percepção deste, decodificar ou não a presença 
da ironia textual (ALAVARCE, 2009). 
Figura 12: Obra “A Leitora”, imagem representativa ao processo de interação entre obra, autor, leitor 
(interpretador e ironista). 
 
Fonte: Wikicommons. 
Kierkegaard (2005) e Facioli (2010) apresentam a ironia 
como a forma de expressão literária ou figura de retórica, que 
possui a função de apresentar, ao leitor, o oposto daquilo que se 
quer expressar. 
Ducrot (1987) apud Klein e Forneck (2015, p. 57) definem 
“tronia como uma inversão total do discurso, em que o locutor 
expressa, por meio de um enunciado, o ponto de vista de um 
enunciador”.
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (31 
 
Podendo ser empregada como instrumento de denúncia, 
crítica ou censura, logo cumpre o papel de convite à reflexão 
ativa do leitor. Assim, o emprego da ironia deve estimular o 
raciocínio do leitor, fazendo com que este considere o real teor 
da mensagem quese pretende comunicar (KIERKEGAARD, 
2005; FACIOLI, 2010). 
Figura 13: “The Fool” (Momus) from an 18th century minchiate playing card deck. Momo é a 
personificação do sarcasmo, das burlas e da ironia. 
 
Fonte: Wikicommons. 
“[...] seja de um modo mais impositivo, seja de um mais 
liberal, a ironia, a paródia e o riso veiculam suas “verdades”, mas 
não o fazem de forma explícita (ALAVARCE, 2009, p, 11). Ou 
seja, a ironia compreende o uso de palavras que manifestam o 
sentido contrário ao de seu contexto literal. 
“A ironia como um paradoxal meio de comunicação que 
traz em si mensagens claras para uns, obscuras para outros; 
inteligentes para uns, agressivas para outros” (MACHADO, 
2014, p. 109). De forma complementar, cita-se Cabral (1976) e
 
32 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Citelli (2002) para os quais a ironia se caracteriza pelo jogo da 
afirmação e da negação, isto é, empregar a palavra para designar 
uma realidade ironizada, com o intuito de afirmar o contrário do 
que tal palavra remonta. 
Exemplificando o uso da Ironia 
A seguir são apresentados obras e autores em que 
apresentaram em determinados pontos de suas construções o 
emprego do recurso da ironia. 
Jane Austen foi uma escritora inglesa responsável por 
romances que empregavam uso da ironia em sua construção 
narrativa. Em suas obras, a autora, de forma discreta retratava 
o desejo por uma educação liberal à mulher, e reavaliação do 
comportamento de subserviência feminino (KELLY, 1992). 
Figura 14: Retrato a óleo de Jane Austen, feito em 1875, de autor desconhecido, baseado na aquarela feita 
pela irmã em 1810. 
 
Fonte: Wikicommons.
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (33 
 
Na obra Sense and Sensibility os costumes ingleses são 
retratados e criticados de forma cômica. O exposto pode ser 
observado na passagem, abaixo, na qual a personagem Marianne 
aborda a idade ideal para as mulheres casarem. Observe o 
emprego do recurso irônico, em que a autora pretende revelar ao 
leitor o contrário daquilo que pensa. 
“Uma mulher de vinte e sete anos (...) não pode 
mais esperar sentir ou inspirar amor, e se sua 
casa não for confortável ou se suas posses forem 
modestas, acho que deva oferecer os serviços de 
enfermeira, em troca de sustento e da segurança de 
uma esposa. [...). Seria um pacto de convivência, e 
a sociedade ficaria satisfeita. [...]. Para mim, seria 
só uma troca comercial, em que cada um pretende 
lucrar à custa do outro (AUSTEN, 2012, p. 29-30). 
Figura 15: Jane Austen retratou com toques de ironia os costumes da sociedade de sua época. 
 
Fonte: Wikicommons. 
“Charles Lutwidge Dogson, mais conhecido sob o 
pseudônimo de Lewis Carroll, é afamado pela sua importante 
contribuição para a literatura moderna. O autor britânico 
conseguiu combinar o universo do real com elementos do mundo
 
34 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
mágico, sem que seja possível traçar um paralelo distintivo entre 
ambos” (KLEIN; FORNECK, 2015, p. 57). 
Figura 16: Lewis Carroll, autor de Alice's Adventures in Wonderland (Alice no país das maravilhas). Obra 
na qual o narrador é muito atuante. 
 
Fonte: Wikicommons. 
No capítulo 7 — Um chá de malucos da obra Alice's 
Adventures in Wonderland (Alice no país das maravilhas), é 
possível observar o emprego da ironia, leia e analise a presença 
da ironia no trecho abaixo:
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (35 
 
Figura 17: encontro de Alice, Lebre de março e o Chapeleiro Maluco — Chapter 7 - A Mad Tea Party (Um 
chá de malucos). 
 
Fonte: Wikicommons. 
Trecho da obra Alice's Adventures in Wonderland: Um 
chá de Malucos. 
Havia uma mesa posta sob uma das árvores na 
frente da casa, e a Lebre de Março e o Chapeleiro 
estavam tomando chá. Um Arganaz estava sentado 
entre eles, profundamente adormecido, e os outros 
dois o usavam como almofada, descansando nele 
os cotovelos e conversando sobre a sua cabeça: 
“Muito confortável para o Arganaz”, pensou Alice, 
“só que, como está dormindo, acho que não se 
importa” (CARROLL, 2009, p. 90). 
Caro, estudante “arganaz” é uma espécie de pequeno 
roedor da América do Norte. 
Observe o emprego da ironia quando Alice pontua “Muito 
confortável para o Arganaz”, uma vez que está sendo utilizado 
como almofada, e apoio corporal não deve compreender uma 
agradável função.
 
36 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Tipificando a Ironia 
Na literatura, a ironia visa obter distintas reações do leitor, 
contudo sua percepção por vezes converge em algo complexo, 
uma vez que existem diferentes tipos de ironia, o que requer 
certa atenção à construção narrativa (KIERKEGAARD, 2005; 
ALAVARCE, 2009). 
Muecke (1995) apud Alavarce (2009) apresenta a ironia 
em duas categorias: a ironia situacional (observável) e a ironia 
verbal (instrumental). Um exemplo da ironia situacional é 
retratado em uma passagem da obra Odisseia, quando Ulisses 
retorna a sua terra Ítaca disfarçado como mendigo e, escuta um 
dos pretendentes ao seu trono comentar que ele (Ulisses) nunca 
retornaria. Observe o emprego do recurso irônico, ele (Ulisses) 
retorna, bem como escuta a negativa de seus adversários ao 
trono. 
Figura 18 - Odisseu e sua fiel esposa Penélope de Francesco Primaticcio, 1563. 
 
Fonte: Wikicommons.
 
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (37 
 
Conhecido como um dos maiores clássicos da literatura 
ocidental, a Odisseia (8 a.C. — 9 a C.), e sequência de Ilíada 
compreende uma composição épica representada na forma de 
poema, escrito por Homero. Estruturada em 24 cantos, a Odisseia 
é composta por 12 mil versos. A obra Odisseia compreende a 
retratação sequencial das viagens e aventuras, de Ulisses, rei de 
Ítaca e valoroso herói da Guerra de Troia, ao buscar retorno a 
sua pátria. 
À ironia verbal ou instrumental ocorre através da inversão 
semântica, neste caso, a ironia compreende falar uma coisa 
para significar outra. Nesse tipo de manifestação observa-se 
o comportamento do sujeito sendo irônico. É preciso, então, 
que se compreenda justamente o oposto daquilo que é dito 
(ALAVARCE, 2009). 
RESUMINDO 
 
Neste capítulo aprendemos a identificar a ironia nos textos 
de ficção. Aprendemos que a ironia compreende o recurso 
de linguagem que gera um efeito de sentido contrário ao 
apresentado. E, que o sucesso do emprego da ironia em textos 
depende da participação do interpretador (leitor), uma vez que 
sua percepção é essencial para decodificar ou não a presença 
da ironia. Assim, aprendemos que o emprego da ironia deve 
estimular o raciocínio do leitor, fazendo com que este considere 
o real teor da mensagem que se pretende comunicar. O estudo 
da ironia é dividido em duas categorias: a ironia situacional 
(observável) e a ironia verbal (instrumental). Aproveite seu 
momento de estudo e amplie seus conhecimentos, busque mais 
informações na literatura indicada. Avante e bom estudo! 
 
 
38 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Características do diálogo na literatura 
inglesa 
OBJETIVO 
 
Ao término deste capítulo você será capaz de discernir sobre a 
função do diálogo nos textos de ficção. E, então? Motivado (a) 
para desenvolver tal competência? Avante! E bom estudo. 
 
Caro estudante, estamos chegando ao fim desta unidade! 
Estudamos sobre o panorama dos elementos; propósito autoral, 
intenção e tema de ficção; a ironia em textos de ficção na 
literatura inglesa. Este capítulo será dedicado à apresentação 
resumida e contextualizada acerca das características do diálogo 
na literatura inglesa. Então, boa leitura! 
Definindo o Diálogo 
O diálogo possui como função trazer realidade à narrativa, 
uma vez que as personagens podem ser observadas quanto ao 
seu comportamento, expressividade e formas de relacionamento, 
ou seja, revela suas características. Compreende o recurso que 
fornece agilidade à narrativa, auxiliandona construção da trama 
(SCHUTT, 2018). 
Figura 19: Imagem ilustrativa do diálogo 
E 
Fonte: Elaboração da autora 
 
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (39 
 
Kohan (2011) define diálogo como o recurso narrativo 
mais convincente que um escritor pode utilizar. Ainda, conforme 
a mesma autora o diálogo constitui a estratégia literária que 
aproxima o leitor das personagens, uma vez que apresenta suas 
falas sem intermediário de um narrador. 
Diálogos representam trocas de informações e percepções 
entre as personagens, tais trocas auxiliam na caracterização 
de suas personalidades. Construções dialógicas estratégicas e 
oportunas fornecem informações relevantes ao avanço do enredo 
de uma narrativa (ABDALA JR., 1995; SCHUTT, 2018). 
REFLITA 
 
Você já parou para pensar sobre a relevância do diálogo entre 
as personagens de uma narrativa? Pois, bem Caro Estudante, 
quando existe o emprego do recurso “diálogo”, as personagens 
tornam-se mais reais frente ao processo de leitura, uma vez que 
o leitor pode acompanhar suas ações e falas. 
 
Para Abdala Jr. (1995) e Schutt (2018) os recursos 
“descrição” e “diálogo” possuem diferenças relevantes. 
Enquanto, o primeiro é fortemente dependente da ação de um 
narrador, cuja função é descrever uma perspectiva, ao mesmo 
tempo em que conduz a percepção do leitor. O segundo expõe, 
diretamente ou indiretamente, o leitor a dada perspectiva, neste 
o leitor reconhece pelo discurso as características, as expressões 
e os sentimentos das personagens. Logo, em um diálogo bem 
construído a personagem “se apresenta”, sem um narrador para 
isso.
 
40 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Progredir é necessário. Caro, estudante, ao inserir 
diálogos em sua narrativa, situe as personagens discordando 
ou sendo contrariadas. Nada torna tão entediante a narrativa 
ao leitor, quanto à falta de progressão em seus diálogos. Logo, 
priorize a construção de diálogos que gerem a progressão da 
narrativa. 
Observe no trecho de diálogo abaixo, entre Alice e o Gato 
de Cheshire aspectos como progressão e divisão de falas. Pois, 
os diálogos apresentados geram a progressão da narrativa, bem 
como as falas das personagens são proporcionais. 
Trecho da obra Alice's Adventures in Wonderland: Diálogo 
de Alice e a Gato de Cheshire. 
“Nesta direção”, disse o Gato, girando a pata 
direita, “mora um Chapeleiro. E nesta direção”, 
apontando com a pata esquerda, “mora uma Lebre 
de Março. Visite quem você quiser, ambos são 
loucos.” 
“Mas eu não ando com loucos”, observou Alice. 
“Oh, você não tem como evitar”, disse o Gato, 
“somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você 
é louca.” 
“Como é que sabe que eu sou louca?”, disse Alice. 
“Você deve ser”, disse o Gato, “senão não teria 
vindo pra cá” (CARROLL, 2009, p. 84-85).
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) G 
 
Figura 20: The Cheshire Cat 
 
Fonte: Wikicommons. 
Você Sabia que o diálogo é o recurso mais utilizado em 
obras de ficção. 
Tipificando o Diálogo 
O diálogo das personagens pode ser representado de duas 
maneiras: diretamente ou indiretamente, na primeira a fala é 
apresentada exatamente como a personagem a transmitiu. Já 
na segunda a fala da personagem é “transcrita”, ou seja, a fala 
é posta conforme a interpretação, aqui no caso pelo narrador 
(GARCIA, 2010). 
EH Direto — Maria disse ao colega: Estou farta de tanta 
demora neste processo. Indireto — Maria disse ao colega que 
estava farta de tanta demora naquele processo. 
Então, caro estudante! Conseguiste perceber a diferença 
entre as duas formas de diálogo? (1) Diálogo Direto: a fala da 
personagem é apresentada diretamente. Diálogo Indireto: a fala 
da personagem é apresentada indiretamente. 
No trecho a seguir da obra Alice's Adventures in 
Wonderland — Advice from a Caterpillar (Conselhos de uma 
Lagarta) é possível observar o diálogo direto entre Alice e a
 
42 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
Lagarta, isto é, as falas das personagens são apresentadas de 
forma direta. 
Trecho da obra Alice's Adventures in Wonderland: Diálogo 
de Alice e a Lagarta. 
“Quem é você?”, disse a Lagarta. 
Não era um começo de conversa muito estimulante. 
Alice respondeu um pouco tímida: 
“Eu... eu... no momento não sei, minha senhora... 
pelo menos sei quem eu era quando me levantei 
hoje de manhã, mas acho que devo ter mudado 
várias vezes desde então”. 
“O que você quer dizer?”, disse a Lagarta ríspida. 
“Explique-se!” 
“Acho que infelizmente não posso me explicar, 
minha senhora”, disse Alice, “porque já não sou 
eu, entende?” 
“Não entendo”, disse a Lagarta. 
“Receio não poder me expressar mais claramente”, 
respondeu Alice muito polida, “pois, para começo 
de conversa, não entendo a mim mesma. Ter 
muitos tamanhos num mesmo dia é muito confuso” 
(CARROLL, 2009, p. 61). 
Caro estudante, ao analisar o trecho do diálogo acima, é 
possível observar traços de comportamento e expressividade 
que acompanham a personagem Alice em quase toda a obra. Isto 
é, sua busca pela identidade, a qual em muitos eventos narrados 
é descaracterizada como no capítulo em que perde seu nome. 
Quando a lagarta lhe pergunta, quem é você? Alice não 
sabe a resposta. “[...] sei quem eu era quando me levantei hoje 
de manhã, mas acho que devo ter mudado várias vezes desde 
então” (CARROLL, 2009, p. 61). Neste breve diálogo é possível
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (43 
 
observar a inquietação da personagem em afirmar-se sobre o que 
é; o que foi; e o que está em constante transformação. 
Figura 21: momento de diálogo entre Alice e a Lagarta apresentado na obra Alice's Adventures in 
Wonderland — Advice from a Caterpillar (Conselhos de uma Lagarta). 
as 
Naga ua 
Fonte: Wikicommons. 
Bechara (2019) classifica os discursos em: direto, indireto 
e indireto livre. O discurso direto compreende aquele em que o 
autor apresenta as falas do interlocutor (aquele que está falando) 
com auxílio explícito ou não de verbos dicendi e sentiendi. 
O discurso indireto é aquele que utiliza os verbos dicendi 
acompanhados de elementos de subordinação como pronomes 
e advérbios. Por exemplo: explicou que. Já, o discurso indireto 
livre introduz a fala da personagem sem uso de verbos dicendi, 
possui como característica manter as interrogações e exclamações 
da oração originária. 
 
Ainda, conforme Garcia (2010) é importante observar na 
construção de diálogos o emprego adequado de verbos dicendi 
e verbos sentiendi. Verbos dicendi compreendem aqueles que
 
44 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
indicam o interlocutor, ou seja, explicita o ato oral como dizer, 
perguntar, responder, continuar, finalizar, concordar, etc. Já os 
verbos sentiendi são aqueles que exprimem emoções, estados 
de espírito ou reações psicológicas das personagens, tai como: 
balbuciar, berrar, gaguejar, gemer, suspirar ou lamentar, etc. 
Trecho da obra Alice's Adventures in Wonderland: Diálogo 
de Alice e a Gato de Cheshire. 
“Gatinho de Cheshire” começou um pouco tímida, 
pois não sabia se ele gostaria do nome, mas ele 
abriu ainda mais o sorriso. “Vamos, parece ter 
gostado até agora”, pensou Alice, e continuou: 
“Poderia me dizer, por favor, que caminho devo 
tomar para sair daqui?” 
“Isso depende bastante de onde você quer chegar”, 
disse o Gato. 
“O lugar não importa muito...”, disse Alice. 
“Então não importa o caminho que você vai tomar”, 
disse o Gato (CARROLL, 2009, p. 84-85). 
Então, caro aluno, observe no trecho acima do diálogo 
entre Alice e o Gato de Cheshire o emprego do discurso direto 
com auxílio de verbos dicendi. Bem como, o emprego de 
discurso indireto livre em: “Gatinho de Cheshire” começou 
um pouco tímida, pois não sabia se ele gostaria do nome, mas 
ele abriu ainda mais o sorriso. “Vamos, parece ter gostado até 
agora”, pensou Alice, e continuou: “Poderia me dizer, por favor, 
que caminhodevo tomar para sair daqui?” 
Ainda, tipificando o diálogo, cita-se Mckee (2016) o qual 
esclarece que a linguagem de uma personagem pode abarcar três 
dimensões: o dito, o não dito, e o indizível. 
O Dito compreende ideias e emoções (explícitas) 
compartilhadas pela personagem. Logo, o dito permite ao 
leitor a interpretação literalmente do que lhe é apresentado,
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (as 
 
independentemente do nível acessado de caracterização do 
enredo e contexto. 
O Não Dito compreende o que a personagem pensa, 
sente ou deseja, contudo não o expressa verbalmente. Aqui, 
caro estudante, observamos a expressão “subentendido nas 
entrelinhas”, isto é, realizamos a inferência do que a personagem 
não externaliza. Aqui, cumpre destacar que a construção da 
inferência do leitor é fortemente relacionada à caracterização do 
enredo e contexto. 
Já, o indizível compreende o conteúdo inconsciente da 
personagem como desejos, medos e teorias, sendo que o indizível 
a personagem não consegue expressar em palavras. 
Dicas de construção de Diálogo 
Caro, estudante, já aprendemos que diálogos são relevantes 
recursos da escrita, pois são eles que oportunizam voz às 
personagens, bem como influenciam o ritmo de uma narrativa. 
Logo, frente a tal importância esta seção dedica-se a apresentar 
alguns aspectos a serem observados na escrita de diálogos. 
Cumpre destacar que o conteúdo apresentado é resultado das 
obras consultadas de Garcia (2010), Kolan (2011), e Schutt 
(2018). 
E Sempre relacionar diálogo à cena descrita: ao inserir 
diálogos em sua narrativa, você deve observar se o mesmo está 
relacionado à cena. Ou seja, se o diálogo apresentado possui 
proposta e alinhamento ao ambiente em que ocorre a narrativa. 
Observe o trecho do diálogo entre Alice e o Gato de 
Cheshire: “Nesta direção”, disse o Gato, girando a pata direita, 
“mora um Chapeleiro. E nesta direção”, apontando com a pata 
esquerda, “mora uma Lebre de Março. Visite quem você quiser, 
ambos são loucos (CARROLL, 2009, p. 84-85)” 
Na ilustração original o gato está no topo de uma árvore 
situada em uma bifurcação presente no caminho que Alice
 
46 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
segue, assim pode-se observar que o diálogo acompanha a cena 
retratada. 
Figura 22: The Cheshire Cat as illustrator John Tenniel depicted it in the 1865 publication. 
 
Fonte: Wikicommons. 
E Observe a divisão das falas: ao inserir diálogos em 
sua narrativa, observe para que as falas das personagens sejam 
proporcionais. Personagens que possuem falas ininterruptas 
podem levar o leitor a desviar o foco da trama, bem como 
converter a leitura em um processo maçante e cansativo. 
Como estratégias indicam-se o uso de interjeições entre as 
falas, ou a inserção de trechos narrativos. Para sinalizar, ao leitor, 
qual personagem está falando, basta mencionar “fulana disse” 
ou “beltrano disse”, por exemplo. E, após os trechos narrativos, 
recomenda-se a utilização elementos que indiquem continuidade 
e progressão como: continuou, prosseguiu, retomou. 
E Cada personagem deve possuir sua “voz”: ao inserir 
diálogos em sua narrativa, observe a construção da fala de 
cada personagem. Lembre-se que as personagens por serem 
diferentes, também devem possuir “voz” diferente. Por exemplo:
 
Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa ) (47 
 
uma personagem jovem deve possuir diferenças na fala, quando 
comparada a fala de uma personagem adulta. 
Bem como, o diálogo entre personagens de diferentes 
regiões, cultura, tal variação deve ser refletida na fala também. 
Aqui, entre o emprego de um elemento já estudado o contexto: 
quem é a personagem? E em qual situação ela se encontra? 
Figura 23: Capa da primeira edição da revista do Chico Bento publicada em 1987. 
 
Fonte: Wikicommons. 
Acima, caro estudante, é apresentada uma personagem 
representativa em que a “voz” da personagem é empregada nos 
diálogos construídos. A imagem caipira, conforme Ilari e Basso 
(2009, p. 163), costuma ser associada ao seu modo de falar, 
caracterizado principalmente pelo erre retroflexo, pela queda do 
erre em fins de palavra (começá por começar, querê por querer), 
pela queda do ele em fins de palavra (ou sua pronúncia como 
erre retroflexo) e pela pronúncia como erre retroflexo do ele em 
fins de sílaba (animar ou animá por animal; vortá por voltar etc.).
 
48 ) (Textos Fundamentais de Ficção em Língua Inglesa 
 
EH Menos é mais, não abuse de expressões ou dialetos: ao 
inserir diálogos em sua narrativa, você deve usar com parcimônia 
expressões e dialetos. E muito interessante utilizar esse recurso 
estratégico para caracterizar e personificar a personagem, mas 
nunca descuide de seu leitor e da fluidez que a narrativa poderá 
perder por este uso excessivo. Também é possível, nos diálogos, 
demarcar o regionalismo utilizando expressões. Por exemplo, a 
expressão “trem”, característica da região de Minas Gerais. 
AXO DNNTD 
 
Caro, estudante de forma complementar ao desenvolvimento da 
competência “Discernir sobre o diálogo nos textos de ficção”, 
recomenda-se o acesso a entrevista com Luis Dill — O uso do 
diálogo na literatura, disponível em: | https://bit.ly/2C2ortR. 
Acesso em 29/06/2020.

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