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APOSTILA - TOXICOLOGIA AMBIENTAL

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Autora: Profa. Renata Gonçalves Dias Santucci
Colaboradores: Prof. Ricardo Calasans 
 Profa Laura Cristina da Cruz Dominciano
Toxicologia Ambiental
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Professora conteudista: Renata Gonçalves Dias Santucci
Nascida em São Paulo – SP, graduou‑se em Medicina Veterinária pela Universidade Paulista – UNIP em 2001. 
Concluiu o mestrado na área de Ciências em 2004 e o doutorado na mesma área em 2010 pelo Instituto de Ciências 
Biomédicas da Universidade de São Paulo – USP. Atuou em pesquisa científica com venenos ofídicos, testes de 
toxicidade, inflamação e dor. Desde 2008, é professora titular da UNIP, ministra as disciplinas de Farmacologia e 
Toxicologia entre outras áreas afins.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R394e Santucci, Renata Gonçalves Dias.
Toxicologia ambiental. / Renata Gonçalves Dias Santucci. – São 
Paulo: Universidade Paulista ‑ UNIP, 2016. 
92 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑051/16, ISSN 1517‑9230.
1. Toxicologia ambiental. 2. Biomonitoramento. 3. Metodologias 
laboratoriais. I. Mello, Luiz Henrique Cruz de. II. Santucci, Renata 
Gonçalves Dias. III. Título.
CDU 615.9
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Aline Ricciardi
 Lucas Ricardi
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Sumário
Toxicologia Ambiental
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ECOTOXICOLOGIA ..............................................................................................................9
1.1 História da Toxicologia ..........................................................................................................................9
1.2 Divisões da Toxicologia ...................................................................................................................... 10
1.3 A saúde do planeta .............................................................................................................................. 11
1.4 Ecotoxicologia ....................................................................................................................................... 13
1.5 Ecotoxicologia no Brasil .................................................................................................................... 14
2 CARACTERIZAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DE TOXICANTES AMBIENTAIS ....... 16
2.1 Caracterização e distribuição .......................................................................................................... 17
2.2 Movimentação dos toxicantes ambientais ................................................................................ 20
Unidade II
3 TOXICOLOGIA DE POLUENTES E METABOLISMO DE XENOBIÓTICOS .......................................... 25
3.1 Toxicologia de poluentes ................................................................................................................... 25
3.2 Metabolismo de poluentes no meio ambiente ........................................................................ 27
3.3 Principais contaminantes ambientais .......................................................................................... 28
3.4 Origem dos contaminantes .............................................................................................................. 35
4 BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL ....................................................................... 36
4.1 A necessidade do uso de biomarcadores .................................................................................... 36
4.2 Tipos de biomarcadores ..................................................................................................................... 39
Unidade III
5 MODELOS ANIMAIS PARA ENSAIOS TOXICOLÓGICOS ..................................................................... 45
5.1 Utilização de animais e ética de experimentação animal ................................................... 45
5.2 Testes in vitro ......................................................................................................................................... 47
5.3 Outros testes toxicológicos .............................................................................................................. 49
6 BIOMONITORAMENTO DE ÁREAS IMPACTADAS ................................................................................ 55
6.1 Biorremediação ..................................................................................................................................... 57
6.2 Outros testes utilizados no biomonitoramento ....................................................................... 57
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Unidade IV
7 METODOLOGIAS LABORATORIAIS E PROCESSOS BIOGEOQUÍMICOS ......................................... 63
7.1 Metodologias laboratoriais mais utilizadas na avaliação de toxicidade de substâncias 
químicas (testes in vitro e in vivo preconizados pelas agências reguladoras) .............................. 63
7.2 Processos biogeoquímicos de poluentes inorgânicos e orgânicos no 
sistema ambiental ....................................................................................................................................... 67
8 BIORREMEDIAÇÃO E DESTOXIFICAÇÃO: PROCESSOS FUNDAMENTAIS NA ÁREA 
DE TOXICOLOGIA ................................................................................................................................................ 68
8.1 Métodos de destoxificação e processos de liberação de poluentes em diferentes 
compartimentos ambientais e ocupacionais .................................................................................. 68
8.2 A caracterização de fontes antropogênicas e a dinâmica e destino dos 
poluentes no sistema ambiental ........................................................................................................... 73
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APRESENTAÇÃO
A disciplina pretende elucidar termos e possibilitar noções em Toxicologia Ambiental visando 
ampliar o conhecimento dos alunos sobre os mecanismos gerais pelos quais as substâncias químicas 
interagem com o meio biológico, desenvolvendo seus efeitos tóxicos e, ainda, torná‑los capazes de 
discutir os principais grupos de agentes contaminantes – metais pesados,agrotóxicos, solventes –, bem 
como as metodologias e abordagens utilizadas para a avaliação da exposição humana, da contaminação 
ambiental e do risco envolvidos na manipulação desses agentes.
Ao estudar Toxicologia, é notória a abordagem não só de aspectos técnicos, mas também de consciência 
ecológica, pois se pretende despertar no aluno a importância do conhecimento a fim de minimizar o 
impacto ambiental que o homem causa sob a natureza. O seu conhecimento deve ser aplicado em seu 
ambiente de trabalho e deve ser ferramenta para melhorias no cotidiano ocupacional com a finalidade 
de reduzir riscos aos trabalhadores e ao meio ambiente, englobando assim o ecossistema como um todo. 
INTRODUÇÃO
Na atualidade, ter conhecimento sobre Ecotoxicologia e todos os aspectos que envolvem Toxicologia 
Ambiental torna‑se uma necessidade emergente. Com frequência, o planeta sofre impactos e está sujeito 
a processos que inviabilizam ciclos naturais de decomposição, o que facilita o aumento de concentração 
de substâncias tóxicas ao meio ambiente e a todos os seres vivos que residem no planeta, inclusive a 
nós, seres humanos. Além disso, o aumento populacional por si também é um fator que agrava esse 
crescimento da concentração de poluentes no planeta.
Baseado em informações obtidas por estudos toxicológicos, é possível detectar e utilizar as melhores 
formas para minimizar esses impactos e promover a saúde da população. Dessa maneira, o estudo de 
Toxicologia apresentado neste material pretende elucidar inúmeros aspectos que envolvem o impacto 
ambiental, com a finalidade de promover uma qualidade de vida melhor para a população, bem como 
preservar o meio ambiente.
Além disso, pretendemos esclarecer vários aspectos gerados por fontes antropogênicas no planeta 
e dissertar sobre a magnitude do impacto ambiental com que somos obrigados a conviver no nosso 
cotidiano. Com base nos conhecimentos em Toxicologia Ambiental, o aluno será capaz de compreender 
a necessidade da Educação Ambiental e divulgar a importância de uma vida sustentável para a melhoria 
da saúde da população e do meio ambiente.
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TOXICOLOGIA AMBIENTAL
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ECOTOXICOLOGIA
O objetivo desta disciplina é elucidar conceitos básicos de Toxicologia e suas aplicações na área 
de Toxicologia Ambiental ao abordar desde metodologia de ensaios toxicológicos até o entendimento 
de biomarcadores e biomonitoramento. Para tal, é necessária a compreensão de alguns termos e suas 
origens, tais como Toxicologia e Ecotoxicologia.
1.1 História da Toxicologia
Toxicologia é uma ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de 
substâncias químicas com o organismo sob condições específicas de exposição. A história da 
Toxicologia acompanha a da civilização, já que tais conhecimentos, mesmo que empíricos, sempre 
foram necessários para atividades de caça, por exemplo, em que o poder tóxico de plantas e animais 
era utilizado.
Originalmente, a palavra toxicologia vem de tókson, de origem grega, que significa arco e flecha, 
cuja forma adjetiva toksikós é relativa a arco e flecha. A expressão toksikón phármacon significa veneno 
para flecha e, assim, surgiu o termo toxicum, que é utilizado para veneno de forma geral. 
Ainda em relação à Toxicologia, um dos documentos mais antigos sobre a área é o papiro de 
Ebers (1500 a.C.), que documenta mais de 800 ingredientes ativos oriundos de plantas, animais e 
até de minerais. Muitos anos depois, Hipócrates (460–364 a.C.) e Dioscórides (90–40 a.C.) também 
documentaram agentes tóxicos. Dioscórides realizou a primeira classificação de venenos em animais, 
vegetais e minerais. 
Mitrídates (120–63 a.C.) foi quem realizou, historicamente, os primeiros experimentos toxicológicos 
utilizando escravos como grupo experimental, com a finalidade de encontrar antídotos para eventuais 
quadros de envenenamento e intoxicações em reis. Não se deve deixar de citar a relevância de Claude 
Bernard para a Toxicologia, pois, por meio de experimentos com o veneno curare, ele determinou a 
existência da relação de substâncias em órgãos‑alvo, de fundamental importância para os dias de hoje 
na área de Farmacologia e Toxicologia.
Na história da Toxicologia, cabe ressaltar o renascentista Paracelsus (1493–1541), que vislumbrou 
muitas visões revolucionárias que permanecem até o dia de hoje como a estrutura da Toxicologia. Ele 
postulou: “Todas as substâncias são venenosas. A dose certa diferencia um veneno de um remédio” 
(apud SISINNO; OLIVEIRA‑FILHO, 2013, p. 3). 
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Unidade I
Em algumas fontes da literatura, considera‑se Mathieu Orfila (1787–1853) como o fundador 
da Toxicologia, já que ele definiu essa ciência como o estudo dos venenos e a singularizou como 
uma disciplina distinta das outras. Orfila foi o primeiro pesquisador a usar análises químicas e 
histopatológicas como prova legal de envenenamento, o que deu origem ao que, atualmente, 
conhece‑se por Toxicologia Forense.
 Saiba mais
Para maiores informações sobre a história da Toxicologia, consulte o 
livro: 
OGA, S.; CAMARGO, M. M. A.; BATISTUZZO J. A. O. Fundamentos de 
toxicologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2014.
1.2 Divisões da Toxicologia
A Toxicologia apresenta inúmeras áreas de estudo: ocupacional, social, de cosméticos e 
medicamentos, de alimentos e ambiental. Atualmente, são tópicos abordados na Toxicologia os estudos 
de carcinogenicidade, mutagenicidade, além de aspectos preventivos e comportamentais de substâncias 
químicas. Esses tópicos têm sido estudados em diversas áreas da Toxicologia, inclusive na Toxicologia 
Ambiental, que é de particular interesse neste momento e que pode ser dividida em Toxicologia Analítica, 
Clínica e Experimental.
De fato, a Toxicologia apresenta diversas subdivisões e é importante relembrar a necessidade do 
planeta de avançar na área ambiental, além da relação da Toxicologia com os impactos ambientais tão 
constantes em nosso planeta.
Com base nessa relevância atual, surgiu a Ecotoxicologia, cujo estudo está envolvido com os efeitos 
das substâncias naturais ou sintéticas sobre os organismos vivos, populações e comunidades de animais 
ou vegetais, terrestres ou aquáticos, que constituem a bioesfera, incluindo assim a interação das 
substâncias com o meio nos quais os organismos vivem num conjunto (PLAA; CAIRN; NIEDERLEHNER 
apud SISINNO; OLIVEIRA‑FILHO, 2013). Magalhães e Ferrão Filho (2008) afirmaram que essa ciência 
surgiu como ferramenta de monitoramento ambiental envolvida por resposta de organismos individuais 
a estressores químicos.
O primeiro livro de Toxicologia foi publicado em 1977, por Ramade (SISINNO; OLIVEIRA‑FILHO, 
2013), que definiu como objetivo dessa ciência estudar as modalidades de contaminação ambiental 
pelos poluentes naturais ou sintéticos, produzidos por atividades humanas, bem como pesquisar seu 
mecanismo de ação e seus efeitos sobre o conjunto de seres vivos que habitam a bioesfera.
Cabe ressaltar que esse contexto ambiental da Toxicologia despertou a conscientização de alguns 
cidadãos e empresas no Brasil por volta da década de 1980 em relação aos possíveis danos causados 
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TOXICOLOGIA AMBIENTAL
pelas atividades humanas industriais e as domésticas, já que grande parte dessas atividades tem gerado 
efluentes e resíduos sólidos, líquidos e gasosos que comumente acumulam‑se na atmosfera, no solo ou 
na água, e esta última pode ser afetada. A água pode apresentar alterações tanto no continente, como 
em região costeira e até mesmo nos oceanos. Esses danos estão fortemente relacionados aos diversos 
males que o ecossistema e a população humana sofrem na atualidade (MOZETO; JARDIM, 2002).
Segundo Mozeto e Jardim (2002), esse interesse culminou na criação da Sociedade Brasileira de 
Química(SBQ) que, em 1994, sofreu uma subdivisão denominada Divisão de Química Ambiental, com 
a intenção de abrigar a produtividade técnica e científica e determinar que a Química Ambiental tem a 
intenção de estudar os processos químicos que ocorrem na natureza, sejam naturais ou causados pelo 
homem, e que comprometem a saúde humana e a do planeta.
1.3 A saúde do planeta
No que se refere ao comprometimento da saúde do planeta, Tundisi (2003) reforça que certamente 
um dos grandes desafios da humanidade no futuro próximo será a obtenção de água potável em 
quantidade e qualidade suficientes para o abastecimento humano.
Figura 1 – Atividades industriais e a poluição ambiental – Toronto
Dessa maneira, é evidente que o mundo conhece a necessidade de desenvolvimento sustentável 
e das práticas denominadas “verdes” com a finalidade de reduzir a produção de resíduos e evitar o 
desperdício. Nesse contexto, muitos países da Europa e o Japão tornaram‑se pioneiros na fabricação de 
produtos de forma menos agressiva ao meio ambiente (OGA et al., 2008).
De fato, já em 2003, Tundisi ressaltou que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
(Pnuma) relata 40% da população mundial em sérias dificuldades para manter a disponibilidade de 
água, e que um terço da população mundial vive em países onde a falta de água vai de moderada a 
altamente impactante.
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Unidade I
É evidente que a falta de água em diversos países está fortemente relacionada à emissão de gases 
poluentes que causam sérios impactos à atmosfera, além, é claro, da poluição direta de efluentes, 
tornando ainda mais importante os estudos de Ecotoxicologia. 
A água é essencial à vida. Desde estudos relacionados ao metabolismo celular até os estudos 
macroscópicos, todos evidenciam a participação da água e provam que, sem água de boa qualidade, 
nenhum tipo de vida poderia existir no planeta. Até análises em Astronomia provam que, com a presença 
de água em outros planetas, seria possível insinuar a existência de vida.
Frente a todas essas evidências, como é concebível, nos dias de hoje, tratá‑la com tanto descaso, 
permitindo a contaminação por toxicantes e o seu uso abusivo e desnecessário?
Figura 2 – A água de boa qualidade é fundamental para a manutenção da vida 
Entretanto, o Brasil, obviamente, não é o único país que não dá a devida atenção ao planeta e à 
água. Muitos países também causam enormes impactos ambientais no meio ambiente e colocam em 
risco toda a população e o bioma envolvido.
Em 2012, autoridades da China detiveram sete dirigentes industriais suspeitos de serem responsáveis 
pelo despejo de cádmio, metal altamente tóxico para o organismo, em um rio no sul do país. Tal 
contaminação ameaçou o abastecimento de água potável de milhões de moradores, já que afetou um 
trecho com 100 quilômetros do rio Longjiang e, em alguns pontos, os níveis de cádmio superou 25 vezes 
a norma permitida na China.
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TOXICOLOGIA AMBIENTAL
1.4 Ecotoxicologia
Ecotoxicologia é um ramo da Toxicologia voltado à Ecologia, cujo estudo envolve a interação dos 
seres vivos entre si e com o meio ambiente em que vivem. O objetivo da Ecotoxicologia é entender e 
prever efeitos de substâncias químicas em seres vivos e comunidades naturais.
Assim sendo, a Ecotoxicologia também pode ser definida como caracterização, entendimento 
e prognóstico de efeitos deletérios de produtos químicos ou mistura de substâncias de origem 
antropogênica, ou seja, produzidas pelo ser humano e pelo meio ambiente. A Ecotoxicologia é 
conceituada como o estudo dos efeitos tóxicos de substâncias químicas e efluentes industriais em uma 
população, na comunidade e também no ecossistema, bem como das medidas necessárias para prever, 
conter ou tratar os danos causados (OGA et al., 2008). Esse mesmo autor relata que entre as classes 
de poluentes de origem antropogênica mais comuns, destacam‑se os agrotóxicos, como: herbicidas, 
inseticidas, fungicidas e íons inorgânicos (metais, solventes orgânicos, substâncias radioativas e produtos 
farmacêuticos, entre outros). 
Nesse sentido, o uso de produtos fitossanitários na agricultura ocorre há séculos, alguns registros 
datam a utilização de sulfurados no século XI e a aplicação de arsênio já em 1700. E somente após o 
século XX, com a introdução da molécula sintética do herbicida DDT (diclorodifeniltricloroetano) por 
Müller em 1931, ocorre o reconhecimento da eficiência do controle químico, sendo o marco inicial da 
era química na produção vegetal (NUNES; RIBEIRO, 1999). 
Historicamente, após a Segunda Guerra Mundial e a época da Revolução Verde, surgiram diversas 
mudanças no manejo da agricultura que estabeleceram relações diretas com os impactos causados ao 
ambiente e à população (MOREIRA; JACOB; PERES, 2002).
Figura 3 – O uso de agroquímicos e o impacto ambiental
Konradsen et al (2003) relatam que a introdução de agroquímicos na agricultura brasileira, por volta 
da década de 1960, está vinculada aos programas de saúde pública que, por si, tinham como objetivo 
o combate a vetores e parasitas. 
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Unidade I
No Brasil, após a década de 1970, surgiu a necessidade de regulamentação dos agrotóxicos, já que o 
uso se tornou mais abundante no país. Ao longo dos anos, a legislação sofreu atualização até que surgiu 
a Lei dos Agrotóxicos – Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1987 (BRASIL, 1987) – cuja regulamentação foi 
atualizada de acordo com a necessidade até os últimos anos, conforme Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro 
de 2002 (BRASIL, 2002).
 Saiba mais
Para complementar seus conhecimentos sobre o desenvolvimento da 
Toxicologia Ambiental no Brasil, consulte o artigo:
MOZETO, A. A.; JARDIM, W. F. A química ambiental no Brasil. Química 
Nova, v. 25, s. 1, p. 7‑11, 2002.
De acordo como o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, [s.d.]), a legislação vigente preconiza que 
agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, utilizados nos setores 
de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas, 
nativas ou plantadas, de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais. O objetivo 
da utilização do agrotóxico é para preservação da flora ou da fauna contra a ação danosa de seres vivos 
considerados nocivos. 
É incontestável a exposição humana a diversos produtos químicos na atualidade, tanto oriundos da 
agricultura como de adição em alimentos industrializados, da água e até mesmo pela atmosfera, o que 
pode constituir um grave problema de saúde pública no mundo.
E mesmo com essas evidências, Frank et al. (2004) relatam o pouco interesse no estudo de aspectos 
da saúde e segurança na agricultura, em contrapartida ressaltam o grande interesse existente em 
desenvolver novas tecnologias para aumento da produção na agropecuária, sem levar em consideração 
os impactos à saúde e à segurança do trabalhador.
1.5 Ecotoxicologia no Brasil
No Brasil, o sistema de produção agrícola causa grande desestruturação ecológica no meio ambiente, 
que se agrava pela remoção de plantas competitivas, linhagens por seleção, monocultivo, adubação 
química, irrigação, podas e controle de pragas e doenças. Consequentemente, como medida corretiva 
para esse desequilíbrio ambiental, o controle químico torna‑se um mecanismo fundamental a fim de 
assegurar a proteção contra baixas produtividades ou até a destruição da espécie cultivada (JEPPSON; 
KEIFER; BAKER, 1975). 
O mercado de agrotóxicos no Brasil é caracterizado pela grande oferta de produtos, com crescimento 
significativo, expandindo‑se, em média, 10% ao ano, de forma que se manteve entre 1970 e 2007 como 
um dos seis maiores consumidores do mundo (TERRA, 2008). Nesse contexto, em 2008, o Brasil assumiu a 
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TOXICOLOGIA AMBIENTAL
colocação de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Em um levantamento realizado pelo Sindicato 
Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), as vendas de agrotóxicos somaram 
US$ 7,1 bilhões diante de US$ 6,6 bilhões do segundo colocado, os norte‑americanos (ASSOCIAÇÃO 
NACIONAL DE DEFESA VEGETAL – ANDEF, 2009).
É importante ressaltar a existência, no Brasil, de um parâmetro legal de regulamentação de qualidade 
de água, de efluentes e de sedimento, que é a Resolução Conama nº 344/2004 (CONSELHO NACIONAL 
DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, 2004) que instituiu testes ecotoxicológicos para casos de disposição 
de sedimento a ser dragado quando ocorre concentração de algumas substâncias que podem oferecer 
risco ambiental. 
A Resolução Conama nº 357/2005 (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, 2005) 
instituiu o uso de testes ecotoxicológicos tanto como parâmetro de qualidade das águas como de 
efluentes. E, ainda, além dessas legislações em nível federal, diversos estados têm as próprias que 
regulamentarizam e dão diretrizes para o uso desses testes, como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, 
Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, entre outros.
Figura 4 – Testes ecotoxicológicos são usados como 
parâmetro de qualidade das águas e de efluentes 
Em relação ao uso de testes de toxicidade com organismos, também chamados de bioensaios, são 
feitos em laboratório que determinam o grau ou o efeito biológico de uma substância desconhecida ou 
de uma substância‑teste (OGA et al., 2008). 
Esses testes podem ser agudos ou crônicos e, através de bioensaios, pode‑se concluir a concentração 
na qual a substância provoca efeito adverso, percebida em 50% dos indivíduos observados, ou se a 
substância é capaz de provocar câncer (carcinogenia), provocar danos ao feto (teratogenia) ou desregular 
a atividade endócrina (desruptor endócrino). Com a utilização desses testes, é possível determinar se 
alguma substância é capaz de deformar alguma estrutura do tecido ou da célula ou ainda se existe 
tendência a acumular‑se em tecido específico ou órgão (OGA et al., 2008).
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Unidade I
Na Toxicologia, de forma geral, é relevante considerar, conforme afirmação de Paracelsus 
(1493‑1541): “[...] todas as substâncias químicas podem ser venenos, o que as diferencia entre si é a 
dose ou concentração” (apud SISINNO; OLIVEIRA‑FILHO 2013, p. 3). 
E ainda é preciso considerar que toxicidade é a capacidade relativa de uma substância em provocar 
um dano a um sistema biológico.
Ao iniciar os estudos em Ecotoxicologia, considera‑se importante definir alguns termos como: 
toxicante, um agente químico presente no organismo capaz de causar alterações em células‑alvo; 
substância química, que, ao interagir com um organismo vivo, induz efeito tóxico funcional ou 
morte; xenobióticos, que são substâncias químicas de origem exógena ao organismo, que não têm 
papel fisiológico.
No estudo de Toxicologia, de forma geral, é crucial que o aluno tenha conhecimentos voltados 
à toxicocinética, que é o estudo da relação entre a quantidade de um agente tóxico atuante sobre 
um organismo e sua concentração plasmática. Nele, são abordados fatores relacionados à absorção, 
distribuição, biotransformação e eliminação em função de tempo. 
Para o bom entendimento e definição da absorção, é relevante conhecer as propriedades 
físico‑químicas relacionadas ao poluente, toxicante ou xenobiótico, pois estão relacionadas diretamente 
à velocidade e a fatores facilitadores da absorção.
A caracterização do toxicante ambiental diz respeito ao conhecimento de características próprias a 
esse agente tóxico, tais como características físico‑químicas, que influenciam diretamente na velocidade 
de absorção, as vias de absorção, bem como dose e concentração, já que toda substância pode ser 
considerada venenosa ou tóxica, dependendo da dose e/ou concentração.
É necessário considerar que no meio ambiente pode ocorrer interação com duas ou mais substâncias, 
e que essa interação pode causar efeitos. Nesse sentido, vários são os fatores que podem influenciar na 
presença desses danos, como condições climáticas, e portanto a presença de toxicantes e seus danos são 
fortemente relacionados a variações regionais e sazonais. 
Normalmente, para investigação de toxicantes ambientais, é realizado o monitoramento biológico 
por meio da observação, nos quais são utilizados os chamados indicadores biológicos (cuja temática 
será abordada mais diante), que podem ser uma população de pássaros ou outros animais e até mesmo 
plantas ou insetos.
2 CARACTERIZAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DE TOXICANTES 
AMBIENTAIS
Ao iniciar o estudo de Ecotoxicologia, é fundamental que o aluno tenha conhecimento sobre a 
movimentação de toxicantes ambientais em seres vivos contaminados, bem como o comportamento 
desses toxicantes no meio ambiente. 
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Cabe evidenciar a importância do conhecido “risco oxicológico”, que é definido como a probabilidade 
de uma substância química provocar efeitos nocivos em condições definidas de exposição, a qual pode 
ter elevada toxicidade e baixo risco.
É importante considerar que todo contaminante apresenta comportamento relativamente 
definido quando presente em um ecossistema. Assim, quando são sintetizados e emitidos ao 
ambiente, eles tendem a se dispersar sofrendo várias transformações e interações com os próprios 
elementos do compartimento ambiental e biota envolvidos, que pode culminar, em alguns casos, 
até na degradação ambiental.
Nesse sentido, quando ocorre uma contaminação ambiental, é importante considerar que o toxicante 
se movimenta e os danos, muitas vezes, dificilmente são reparados devido à dificuldade em reter essa 
dispersão. 
Em julho de 2015, um caminhão com carga de hidróxido de sódio tombou e derramou uma substância 
conhecida popularmente como “licor negro”, o que acarretou na contaminação do córrego e do Rio Verde, 
em que o afluente deságua em Itaporanga (SP). O produto atingiu o acostamento até chegar ao afluente e 
também houve contaminação no solo.
Figura 5 – Contaminação de solo e águas em áreas impactadas
2.1 Caracterização e distribuição
Os contaminantes, alvos de estudo na Toxicologia Ambiental, por sua vez, são comumente substâncias 
químicas que, em contato com o meio ambiente, podem se apresentar na forma sólida, líquida, gasosa 
ou ainda na de vapores, fumaças, aerossóis ou pós; assim, são absorvidas pelas mais distintas vias. 
Em relação à persistência no meio ambiente, é importante considerar a característica química de cada 
poluente/contaminante e o chamado ciclo de vida que diz respeito a todas as etapas químicas desde a 
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produção da substância até a decomposição. Cabe relembrar que nem todos os contaminantes têm seus 
ciclos de vida ambientais preestabelecidos, muitos são desconhecidos, o que limita abundantemente o 
estudo na área.
Figura 6 – A poluição em grandes centros urbanos também é relevante
Muitas vezes, as substâncias químicas são introduzidas diretamente no meio ambiente, entretanto, 
não raro, esses poluentes são subprodutos e resíduos de processos químicos que acabam sendo liberados 
no meio. Muitas vezes, a degradação de uma determinada substância pode gerar uma substância mais 
tóxica, como o mercúrio, que, no meio aquático, pode sofrer metilação, formando metilmercúrio, que é 
mais tóxico e sofre concentração ao longo da cadeia alimentar.
É importante lembrar que a teoria química da semelhança também se aplica a estes poluentes e, 
dessa forma, substâncias polares apresentam maior capacidade de distribuição nos ciclos hidrológicos 
(substâncias hidrófilas ou hidrossolúveis) e substânciasapolares apresentam maior solubilidade em meio 
lipídico (substâncias hidrofóbicas ou lipossolúveis).
 Observação
Para elucidar a teoria da solubilidade, misture 200 mL de água a três 
colheres de óleo. Misture as duas substâncias com polaridades opostas e 
note que não ocorre dissolução.
Em meio aquoso, o transporte de contaminantes em águas superficiais pode encontrar‑se em 
solução ou em suspensão. Já na atmosfera, a translocação de poluentes depende de seu estado físico e 
da movimentação das massas de ar. No solo, os contaminantes que chegam à litosfera se movimentam 
por difusão por intermédio de fluidos ou da movimentação das águas.
Em relação ao transporte no meio aquoso, considera‑se que o material em suspensão pode ser 
encontrado na forma de partículas ou de gotículas (como óleo) e os contaminantes podem estar 
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dissolvidos ou adsorvidos a essas partículas sólidas. Esses poluentes podem atingir lugares distantes 
por este transporte em meio aquoso, mas é fortemente influenciado pela estabilidade e características 
físico‑químicas do contaminante e do fluxo da água. É sabido que compostos mais estáveis em solução 
se mantêm na água e percorrem distâncias maiores, porém, de fato, o destino das substâncias depende 
de suas propriedades fisico‑químicas, em especial, da lipossolubilidade, pressão de vapor e estabilidade 
química, já que compostos menos estáveis são facilmente hidrossolúveis, representando menor risco, a 
não ser que o produto da hidrólise seja mais tóxico que o precursor.
A polaridade é fundamental na distribuição e persistência dos contaminantes. Substâncias 
hidrofílicas se dissolvem no meio e distribuem‑se ao longo da superfície da água. As lipofílicas 
associam‑se ao sedimento.
Em sedimentos de rios, lagos e mares, os contaminantes orgânicos adsorvidos às partículas têm sua 
mobilidade e disponibilidade reduzidas. 
Em relação ao transporte na atmosfera, cabe ressaltar que a translocação de poluentes presentes na 
atmosfera depende do estado físico e da movimentação das massas de ar. Assim, o tempo de residência 
na atmosfera é determinado por escalas temporais e espaciais de dispersão do contaminante. No caso 
de gases solúveis, as partículas presentes na atmosfera podem ser incorporadas às gotículas de chuva e 
podem atingir o solo ou as águas superficiais durante a precipitação. 
No solo, releva‑se a existência da porosidade variada e, geralmente, esses poros se encontram 
preenchidos por gases ou fluídos. Os contaminantes que chegam à litosfera se movimentam 
por difusão por intermédio desses fluidos ou da movimentação da água pelos espaços entre as 
partículas de solo. 
A velocidade de difusão dos contaminantes depende do peso molecular, da temperatura e do pH 
do solo, do gradiente de concentração do contaminante, bem como dos constituintes do solo (matéria 
orgânica, cátions e ânions), dentre outros fatores.
A substância lançada no meio ambiente sofre alterações durante seu transporte e distribuição entre 
suas várias fases. A degradação é uma das propriedades intrínsecas à substância mais importante na 
determinação do dano potencial ao meio ambiente. Substâncias não degradáveis persistirão no meio, 
podendo, consequentemente, causar efeitos crônicos adversos à biota.
Dessa maneira, muitos são os fatores que interagem e, assim, influenciam no comportamento 
de poluentes no ambiente e, entre eles, é possível citar: quantidade de substância, frequência 
na emissão, características físico‑químicas do poluente e do ambiente receptor, presença de 
organismos vivos no ambiente receptor, além de grau e tipo de interação entre organismos com a 
substância poluente.
Esses poluentes podem ainda atingir locais distantes do local de emissão do contaminante. De fato, 
todos esses fatores se relacionam com a forma e extensão do toxicante no organismo humano e podem 
causar ou não danos ou benefícios.
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2.2 Movimentação dos toxicantes ambientais
No que se refere à movimentação de contaminantes no meio ambiente, é sabido que o transporte 
de poluentes na atmosfera é provocado principalmente pelos movimentos turbulentos do ar, o que está 
fortemente vinculado às características dos ventos e por isso sofre forte influência regional.
A dispersão de poluentes normalmente ocorre na direção do vento predominante, que é conhecido 
como pluma. Esse efeito é facilmente observável quando uma fumaça sai de uma chaminé. Dessa 
maneira, é fácil considerar que essa fumaça pode se comportar de distintas formas, dependendo das 
variações sazonais, regionais e condições atmosféricas no momento da emissão do poluente.
Em relação a esse contexto, é sabido que a China é um dos países mais poluídos do mundo e sofre 
grandes problemas em decorrência disso. Em 2013, uma cidade de 11 milhões de habitantes na China 
foi paralisada, justamente devido a condições climáticas adversas.
De fato, a qualidade do ar nas cidades chinesas já é preocupante há muitos anos, entretanto, nesse 
período, ocorreu uma forte neblina que acarretou a persistência dos poluentes no ar e afetou inclusive a 
visibilidade. Certa vez, o índice de poluição atmosférica chegou a cerca de 50 vezes o limite máximo tolerado 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Acredita‑se que na China as emissões poluentes totais superaram 
a capacidade ambiental.
Figura 7 – A China é um dos países mais poluídos do mundo
Já no meio aquático, há uma enorme complexidade no que se refere à dispersão de um poluente, 
já que ele pode se comportar de maneira completamente distinta quando comparada à atmosfera. 
Nesse aspecto, é necessário considerar diferenças de volume na diluição, características físico‑químicas 
do meio que influenciam na mistura final, além da velocidade de transporte presente nos conhecidos 
corpos d’água, como: os rios, lagos, mares, estuários e oceanos. Devido a essa enorme complexidade, 
a análise de riscos, os estudos e até mesmo a forma de abordagem nesse tipo de ecossistema se torna 
muito difícil.
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Além disso, é considerável a existência da interação íntima com a biosfera residente, o que facilita 
a transferência do poluente. Isso permite afirmar que um determinado contaminante introduzido no 
ambiente aquático sofre dispersão, interação com material particulado em suspensão, deposição por 
sedimentação e absorção biológica.
Já no solo, a dispersão do contaminante sofre fortes influências de acordo com a natureza 
da substância, das características do solo e de outros fatores, como umidade, pH, teor de matéria 
orgânica presente, além de temperatura, entre outros. Existem alguns fatores capazes de influenciar 
a movimentação dos contaminantes do solo, tais como retenção de partículas sólidas na superfície 
(adsorção), transporte por meio líquido (percolação), difusão e advecção. Cabe ressaltar que algumas 
substâncias podem se dispersar pela água presente ou se infiltrar no solo e contaminar lençóis freáticos. 
Muitas substâncias, em especial as orgânicas, podem ser degradadas pela comunidade biótica 
residente no ambiente. E, ainda, os nutrientes essenciais são transferidos entre organismos por meio da 
cadeia alimentar. O transporte de contaminantes por essa via pode ocorrer em qualquer meio, porém 
são mais relevantes no meio aquático e terrestre. Na grande maioria das vezes, a concentração do 
contaminante no organismo é menor que no ambiente, mas casos de bioconcentração são relativamente 
comuns, em especial nos casos de substâncias orgânicas e metais tóxicos.
Figura 8 – Dispersão de poluentes no ar
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Unidade I
 Resumo
Toxicologia é uma ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentesdas interações de substâncias químicas com o organismo sob condições 
específicas de exposição. A história da Toxicologia acompanha a da 
civilização, já que tais conhecimentos, mesmo que empíricos, sempre foram 
necessários para atividades de caça, por exemplo, em que o poder tóxico de 
plantas e animais era utilizado.
Dessa maneira, é evidente que o mundo conhece a necessidade de 
desenvolvimento sustentável e das práticas denominadas “verdes” com a 
finalidade de reduzir a produção de resíduos e evitar o desperdício (OGA et 
al., 2008).
No Brasil, após a década de 1970, surgiu a necessidade de regulamentação 
dos agrotóxicos, já que o uso se tornou mais abundante no país e ao longo 
dos anos. 
A polaridade influencia diretamente na persistência do contaminante 
no meio, já que, em meios aquosos, os contaminantes podem percorrer 
grandes distâncias e na atmosfera sofrem influências temporais e espaciais 
de dispersão. Ainda, no solo é considerável a presença da porosidade.
 Exercícios
Questão 1. (FGV 2014) O termo DDT refere‑se ao diclorodifeniltricloretano. Este inseticida 
organoclorado foi extensivamente usado na agricultura, mas foi banido em diversos países devido à sua 
persistência no ambiente e à biomagnificação na cadeia alimentar. 
Considerando o monitoramento do DDT em matrizes ambientais e em água para consumo humano, 
assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.
I – ( ) Os pesticidas organoclorados e seus resíduos, como DDT, DDE e DDD, devem ser monitorados 
no meio ambiente para que suas concentrações em matrizes como água e solo não superem valores 
máximos estabelecidos em normas e legislações específicas.
II – ( ) A fabricação, importação, exportação, estoque, comercialização e uso do DDT estão proibidos 
pela Lei nº 11.936/09 e, por isso, seu monitoramento, em matrizes ambientais e água para consumo 
humano, tornou‑se desnecessário.
III – ( ) Os organoclorados DDE e DDD são produtos de degradação do DDT e não precisam ser 
monitorados em matrizes ambientais e em água para consumo humano.
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As afirmativas são, respectivamente:
a) V, F e F.
b) V, F e V.
c) F, V e F.
d) F, V e V.
e) F, F e V.
Resposta correta: alternativa A. 
Análise das afirmativas
I) Afirmativa correta. 
Justificativa: como os pesticidas não são proibidos para uso interno contra insetos persistentes, é 
necessário o monitoramento da água e do solo, pois sua elevada concentração envolve riscos à saúde 
humana. 
II) Afirmativa incorreta. 
Justificativa: o DDT pode continuar sendo utilizado no controle dos mosquitos vetores de malária 
e outras doenças transmitidas por artrópodes, desde que se cumpram as seguintes condições: seja 
empregado unicamente em interiores; seja eficaz; sejam adotadas as regras de segurança necessárias; 
seja levado em conta o custo do produto a ser utilizado; a disponibilidade de inseticidas alternativos e 
a possibilidade do aparecimento de insetos resistentes. Portanto, é fundamental o seu monitoramento 
em matrizes ambientais. 
III) Afirmativa incorreta. 
Justificativa: o DDT é o produto mais conhecido dentre os organoclorados e precisa de monitoramento 
por suas ações que envolvem riscos à saúde humana. 
Questão 2. (ACAFE 2009) Em relação à Ecotoxicologia, seu objeto de estudo, sua importância e 
métodos, é correto afirmar, exceto: 
A) O estudo dos efeitos de xenobióticos e de poluentes naturais se dá nos diversos níveis de 
organização biológica: celular, organismo, população, comunidade e ecossistema. 
B) Sendo capaz de predizer os efeitos de contaminantes lançados nos ecossistemas, torna‑se uma 
ferramenta importante para estudos de diagnóstico e para o monitoramento ambiental. 
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Unidade I
C) Sua metodologia básica consiste na realização de ensaios de Ecotoxicidade, com a determinação 
de efeitos letais e subletais sobre os organismos bioindicadores. 
D) Seu objeto de estudo são as cerca de 100 mil substâncias sintéticas criadas pelo homem para os 
mais variados fins e sua interação com os meios biótico e abiótico. 
E) São exemplos de organismos‑teste de ensaios ecotoxicológicos: Daphnia similis e D. magna 
(Branchiopoda, Crustacea) e Poecilia reticulata (Osteichthyes, Vertebrata).
Resolução desta questão na plataforma.
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Unidade II
3 TOXICOLOGIA DE POLUENTES E METABOLISMO DE XENOBIÓTICOS
Os contaminantes ambientais, após sua introdução no ambiente ou nos organismos, podem sofrer 
conversões químicas ou ser transferidos entre os diferentes compartimentos ambientais. 
3.1 Toxicologia de poluentes
Dentre as maiores fontes de poluição do ambiente aquático, encontram‑se os lançamentos de efluentes 
líquidos domésticos e industriais de estações de tratamento de esgoto (ETE) ou o esgoto in natura, sem o 
devido tratamento. Muitos efluentes são extremamente complexos, do ponto de vista físico e químico, e 
são fontes de grande diversidade de poluentes para o ambiente aquático. A estratégia mais eficiente é o 
uso integrado de análises físicas, químicas e ecotoxicológicas para avaliação e previsão do risco ambiental.
De fato, esses estudos são cruciais para a determinação e diagnóstico de quadros de intoxicação, 
como o que ocorreu com a contaminação por mercúrio na baía de Minamata, no Japão, provocada pela 
empresa Chisso Corporation.
No ano de 1908, a Chisso Corporation abriu sua primeira indústria química em Minamata, que 
inicialmente produzia fertilizante e passou a produzir acetileno, acetaldeído, ácido acético, cloreto de 
vinila e octanol, entre outros compostos químicos.
Em 1932, a Chisso começou a produzir 210 toneladas de acetaldeído e, em 1951, saltou para 6.000 
toneladas por ano e atingiu um pico de 45.245 toneladas em 1960. A produção da fábrica da Chisso em 
Minamata totalizava entre um quarto e um terço da produção total de acetaldeído do Japão. Em 1951, 
passou a produzir acetaldeído usando sulfato de mercúrio como catalisador, com isso, produzindo como 
resíduo o metil mercúrio, que é um composto extremamente tóxico e danoso à saúde humana.
Entretanto, a Chisso nunca tinha dado uma destinação correta para os resíduos que ela gerava e 
despejava seu resíduo na baía de Minamata. Quando, em 1956, começaram a surgir os primeiros casos 
de pessoas contaminadas com os resíduos, cujos sintomas estavam relacionados com dificuldade de 
andar, dificuldade de fala e convulsões.
Inicialmente, suspeitou‑se de uma epidemia viral ou bacteriana, mas gatos também apresentaram 
os mesmos sintomas, o que fez com que pesquisadores da Universidade de Kumamoto investigassem a 
baía de Minamata, onde encontraram peixes e crustáceos afetados pelo mesmo problema.
No início das investigações, suspeitou‑se que a alta concentração de magnésio encontrada nos 
peixes e nos órgãos das vítimas era a causa do problema. 
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Foi quando um pesquisador neurologista inglês notou que os sintomas eram similares aos de. 
contaminação por mercúrio orgânico, e logo descobriram que o metil mercúrio era o causador da doença.
Figura 9 – Poluentes no ambiente aquático causam enormes impactos nas espécies marinhas
Figura 10 – Necessidade de tratamento adequado em estações de tratamento de esgoto
De fato, Ferreira (2003) já afirmou que os testes de toxicidade aquática têm sido cada vez 
mais utilizados para a determinação de efeitos deletérios em organismos aquáticos, já que, 
nesses ambientes, ocorre um alto potencial de risco de transferência de poluentes do ambiente 
para os organismos.
 Observação
A análise química de efluentes é laboriosa, de elevado custo e não é capaz 
de garantir que todos os compostos tóxicos relevantes sejam detectados.Os 
testes de toxicidade empregados na análise de efluentes visam conseguir 
uma indicação sobre o efeito tóxico da totalidade das substâncias contidas 
nos efluentes e nos corpos d’água de maneira somatória.
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 Saiba mais
Para acrescentar informações relevantes ao assunto, leia o artigo: 
FERRÃO‑FILHO, A. S.; MOLICA, R.; AZEVEDO, S. M. F. O. Ecologia, 
Ecofisiologia e Toxicologia de Cianobactérias. Oecologia Brasiliensis, v. 13, 
n. 2, p. 225‑228, 2009.
3.2 Metabolismo de poluentes no meio ambiente
A transformação de um poluente no ambiente pode ocorrer por processos químicos, físicos e até 
mesmo biológicos. 
Pereira e Freitas (2012) também relataram o uso de microrganismos como ferramenta 
para a remediação de ambientes contaminados, cujo processo é denominado biorremediação, 
o que justifica a utilização de microrganismos como uma alternativa biológica viável para a 
remediação de ambientes contaminados. Esse processo biológico pode ocorrer tanto no solo 
como no sedimento. 
Nesse contexto, além do processo biológico, também é possível o processo químico que ocorre por 
fotoxidação atmosférica de muitos poluentes e, como processo físico, é possível citar a solubilidade 
e a deposição.
Quando ocorre a disposição final e mecanismo de remoção de um contaminante químico, diz‑se que 
é um sumidouro. O tempo transcorrido entre a introdução do poluente, suas transformações e destino 
final pode ser muito variável, o que depende de características físico‑químicas do poluente em questão, 
bem como do ambiente receptor (compartimento ambiental).
Nos ambientes receptores, é considerável a existência de muitos mecanismos de transportes, 
nos quais uma contaminação atmosférica pode ter remoção por vários mecanismos naturais 
na forma original ou na forma de produtos resultantes de processos reacionais. Assim sendo, é 
crucial considerar que ao analisar um agente tóxico, é importante conhecer suas propriedades 
físico‑químicas, a fim de melhor entender as rotas de destino e transporte das substâncias 
entre os diversos meios, cujas vias de transporte podem ser o ar, o solo, a biota, os sedimentos 
e a água.
Em relação às formas de biorrecuperação/biorremediação espontânea, é sabido que, na 
hidrólise, ocorre alteração da estrutura química por reação direta da água. Já na oxidação, 
surge a modificação química que envolve transferência de elétrons de xenobiótico para 
um aceptor de elétrons (oxidante). A depuração química por redução ocorre quando a 
modificação química envolver transferência de elétrons de um agente para o xenobiótico a 
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ser reduzido. E, por último, a degradação fotoquímica é caracterizada pela transformação 
causada por interação com a luz solar, principalmente de raios ultravioleta.
É relevante comentar que, além de todos os fatores já mencionados que afetam a contaminação do 
ambiente, também há os chamados fatores intrínsecos do local que influenciam diretamente o destino 
e transporte dos poluentes, já que cada região tem características próprias, o que pode agravar ou 
amenizar alguns tipos de contaminação.
3.3 Principais contaminantes ambientais
De forma geral, quando ocorre a contaminação ambiental, em especial a contaminação do ar, os 
poluentes que mais comumente estão envolvidos são hexaclorobenzeno (HCB), bifenilos policlorados 
(PCBs), além de dioxinas e furanos. Nesses casos, a biorremediação espontânea não é capaz de eliminar 
o ambiente desses poluentes, o que propicia a bioacumulação desses compostos no ambiente e na 
cadeia alimentar.
Figura 11 – Processos industriais promovem intensa contaminação no meio ambiente 
Esses compostos poluentes são comumente descritos em plantas, o que parece estar atribuído por 
serem substâncias que facilmente são removidas da atmosfera por plantas e, ainda, elas são citadas 
por serem muitas vezes comestíveis ou usadas como indicadores de poluição atmosférica.
Entretanto, não são os únicos compostos químicos envolvidos com a poluição ambiental. Também 
há os chamados hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), que são igualmente persistentes no 
meio ambiente e que também serão abordados nesse curso.
Os compostos de HCB tendem a sofrer bioacumulação e podem se deslocar em grandes distâncias, 
enquanto os PCBs são capazes de ter efeito carcinogênico, são muito resistentes a altas temperaturas e 
podem causar atraso no crescimento de crianças e até causar danos congênitos. As dioxinas e furanos 
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apresentam como principal característica a grande dificuldade na excreção, além de comumente 
acumularem‑se pela cadeia alimentar.
Os PCBs são compostos organoclorados sintéticos da classe dos chamados poluentes orgânicos 
persistentes, que foram amplamente utilizados na indústria a partir de 1930, devido à sua resistência a 
ácidos, altas temperaturas e correntes elétricas, além de serem substâncias não inflamáveis. A utilização 
desses compostos em diversos processos industriais provocou intensa contaminação no meio ambiente 
e, consequentemente, nos alimentos que fazem parte da cadeia alimentar. 
Esses compostos PCBs têm grande afinidade pela matéria orgânica do solo, e são adsorvidos 
facilmente pela superfície de partículas, o que faz com que sejam levados até rios, mares e oceanos, 
contaminando animais, vegetais e até seres humanos.
No caso dos PCBs, o principal mecanismo para dispersão global desses compostos é o transporte 
atmosférico, influenciando o ecossistema de uma maneira alarmante e permanente. Um agravante em 
relação à poluição ambiental causada por estes poluentes é, sem dúvida, a dificuldade na mensuração das 
proporções da dispersão e da transferência destes compostos para os animais, vegetais e seres humanos.
Com as evidências dos danos causados pelos PCBs à saúde dos seres humanos e animais, além do 
grande impacto ao ambiente, o uso e produção foi restrito ou banido em muitos países, por exemplo, 
no Japão, cuja produção e uso foram proibidos desde 1972, quando também, na Suécia, restringiu‑se a 
utilização e produção dos PCBs. Nos Estados Unidos, a restrição ocorreu em 1977, na Noruega, em 1980, 
na Finlândia, em 1985, e na Dinamarca, em 1986. No Brasil, a proibição ocorreu em 1981, embora ainda 
seja permitido o uso em equipamentos eletroeletrônicos antigos, mas, na produção atual, já ocorreu a 
substituição por produtos isentos de PCBs.
 Saiba mais
Colabora com o entendimento de poluentes, já que é uma revisão 
bibliográfica sobre o assunto: 
ASSUNÇÃO, J. V. de; PESQUERO, C. R. Dioxinas e furanos: origens e 
riscos. Revista de Saúde Pública, v. 33, n. 5, out. 1999; p. 523‑30.
Além disso, no Brasil, o descarte e destinação correta é o maior problema nos últimos anos. É sabido 
que, além dos grandes riscos à saúde, os impactos ambientais que o óleo pode causar são a contaminação 
do solo e da água, os quais ameaçam, em especial, os lençóis freáticos e, dessa maneira, os seres vivos, de 
forma geral. A exposição aos PCBs ocorre tanto diretamente, através da contaminação do ar, sedimentos 
e água, como indiretamente, através da dieta.
Em relação aos alimentos obtidos na dieta, é importante ressaltar que a maior concentração de 
PCBs, por serem compostos altamente lipofílicos e apolares, é encontrada em alimentos gordurosos. Por 
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outro lado, concentrações menores podem estar presentes em verduras, cereais e frutas; contudo, as 
plantas são o primeiro elo na cadeia alimentar e, portanto, o acúmulo desses compostos pelos vegetais 
é uma etapa importante para a transferência deles ao corpo humano.
Nesse sentido, devido ao milho ser o cereal mais consumido no mundo, e o segundomais produzido 
no Brasil, apresenta particular importância como alimento com altas concentrações de PCBs. 
Do total produzido de milho, cerca de 70% são destinados à alimentação animal, utilizados 
principalmente para a fabricação de ração, e 15% para a alimentação humana. É comumente consumido 
como milho verde in natura, produto farináceo e que constitui ingrediente básico de uma série de 
produtos industrializados formulados. A farinha de milho é muito utilizada na culinária brasileira 
de várias formas, sendo seu sabor bem aceito pelos consumidores. É um produto de baixo custo e 
amplamente disponível no mercado. Assim, como é um dos cereais de maior importância econômica no 
mundo, o milho é uma das espécies vegetais mais estudadas com altas concentrações de PCBs.
Figura 12 – O milho é uma das espécies vegetais com maior concentração de PCBs
O HCB é um composto organoclorado que foi usado no passado como fungicida. É um dos principais 
compostos presentes em alguns solos contaminados e é classificado também como um poluente 
orgânico persistente, o que se deve particularmente pela toxicidade, capacidade de bioacumulação e 
capacidade de transporte atmosférico. 
Relatos de literatura demonstram que uma das formas de tratamento de solos contaminados é 
a biorrecuperação, cujo método é baseado na utilização de microrganismos para a degradação de 
compostos, resultando na transformação em metabólitos ou na mineralização.
Cabe relembrar que quando um toxicante entra em contato com o meio ambiente, em 
muitas situações, especialmente quando não são poluentes orgânicos persistentes, é possível o 
surgimento da depuração ambiental, que pode ocorrer também por hidrólise, oxidação, redução 
ou degradação fotoquímica.
Obviamente, essa depuração ambiental ocorre no caso de compostos pouco persistentes e que 
apresentam fácil degradação, cuja biorrecuperação pode ocorrer naturalmente por estas reações 
mencionadas anteriormente. Entretanto, no caso de compostos persistentes, cuja degradação é muito 
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lenta, a eficiência da biorrecuperação pode ser aumentada pela estimulação dos organismos presentes 
no local pelo controle das condições de crescimento, ajustando‑se concentração de nutrientes, oxigênio 
e umidade de maneira favorável a esses organismos. 
A adição de compostos orgânicos, por exemplo, pode estimular a atividade microbiana, resultar em 
aumento da biomassa microbiana e acelerar a degradação de certos compostos. Além disso, o potencial 
hidrogeniônico (pH) e a quantidade de oxigênio do solo podem estabelecer condições que levem à 
seleção de microrganismos capazes de degradar compostos persistentes.
 Observação
É importante ressaltar que, normalmente, as bactérias, por exemplo, 
predominam em solos alcalinos; os fungos, em solos ácidos. O excesso 
de umidade do solo gera condições de anaerobiose, o que favorece os 
microrganismos anaeróbios.
Com base nesses conhecimentos, surgiu a ideia de muitos pesquisadores em relação à capacidade 
de biorrecuperação de solos contaminados com os chamados poluentes orgânicos persistentes. Dessa 
forma, alterações nas características do solo, como quantidade de matéria orgânica, pH, oxigenação 
e umidade, podem ter influência sobre a degradação do HCB, porque podem provocar mudanças na 
comunidade microbiana e favorecer a degradação desse composto. Além disso, como a predominância 
de microrganismos anaeróbios pode aumentar a taxa de degradação de compostos organoclorados, o 
alagamento do solo pode favorecer a degradação do HCB por essa via.
Porém, para a realização das medidas de biorrecuperação de solos, são necessários estudos 
cautelosos e minuciosos, pois parecem existir condições específicas que influenciam diretamente 
nessa recuperação e que estão relacionadas aos poluentes, aos microrganismos residentes no meio 
contaminado, bem como a condições sazonais e regionais. De fato, em 2006, um estudo realizado na 
Baixada Santista (SP) mostrou que a utilização do bagaço de cana‑de‑açúcar foi o principal estímulo, 
tanto para a atividade microbiana como para o aumento da densidade de bactérias e fungos do 
solo contaminado, visto que pôde ser utilizado como fonte de nutrientes pelos microrganismos, 
entretanto, a adição de bagaço de cana‑de‑açúcar estimulou a comunidade microbiana, mas não 
levou à degradação do hexaclorobenzeno, possivelmente porque os microrganismos específicos 
degradadores do hexaclorobenzeno não foram favorecidos. Além disso, houve adição de cal e o 
alagamento do solo, o que também não influenciou a comunidade microbiana nem promoveu a 
degradação do hexaclorobenzeno. 
Esses estudos demonstram a real importância da necessidade de análises específicas relacionadas 
a esses tipos de poluentes, já que é constante a contaminação ambiental que, como mencionado 
anteriormente, está fortemente atribuída ao avanço tecnológico que teve seu início com a Revolução 
Industrial iniciada no século XVIII.
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Figura 13 – A Revolução Industrial promoveu avanço tecnológico e aumento de poluentes no meio ambiente
De fato, era inimaginável que, em 250 anos, o planeta atingiria a atual fase de desenvolvimento 
tecnológico e científico, entretanto, a rápida industrialização e o aumento do consumo causam sérios 
problemas ao meio ambiente e geram os chamados “poluentes persistentes”. Entre eles, além dos já 
comentados anteriormente, também são altamente tóxicos as dioxinas e os furanos.
A Convenção de Estocolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes (Convenção POPs) é um dos 
pontos mais importantes de promoção da segurança química global. Ela destaca‑se por incluir no seu 
escopo a determinação de obrigação dos países para adotarem medidas de controle relacionadas a 
todas as etapas do ciclo de vida – produção, importação, exportação, disposição e uso – das substâncias 
classificadas como poluentes orgânicas persistentes (POPs). 
Numa posição preventiva, a Convenção determina que os governos promovam as melhores 
tecnologias e práticas no seu campo tecnológico e previnam o desenvolvimento de novos POPs em 
suas plantas industriais. Indo mais além, define como seu objetivo final a eliminação total dos POPs. Ela 
apresenta opções inovadoras e objetivas de ação em prol do desenvolvimento sustentável.
Em relação a esses poluentes, destacam‑se as dioxinas, especificamente as dibenzo‑p‑dioxinas 
policloradas (PCDD ‑ polychlorinated‑p‑dibenzodioxins) e os dibenzofuranos policlorados 
(PCDF ‑ polychlorinated‑pdibenzofurans), comumente chamados de dioxinas e furanos, que 
são duas classes de compostos aromáticos tricíclicos, de função éter, com estrutura quase 
planar e que apresentam propriedades físicas e químicas semelhantes. Os átomos de cloro se 
ligam aos anéis benzênicos, possibilitando a formação de um grande número de congêneres 
(75 para as dioxinas e 135 para os furanos, totalizando 210 compostos). Os isômeros com 
substituições de cloro na posição 2, 3, 7 e 8 são de interesse especial devido à sua toxicidade, 
estabilidade e persistência. As PCDD e os PCDF 2, 3, 7 e 8 substituídos são encontrados em 
quase todo o meio ambiente.
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De acordo com pesquisas realizadas com esses compostos, tem sido demonstrado que eles não ocorrem 
naturalmente, são frutos principalmente da era industrial, em especial no século XX. Formados como 
subproduto não intencional de vários processos envolvendo o cloro ou substâncias e/ou materiais que o 
contenham, como a produção de diversos produtos químicos, em especial os pesticidas, branqueamento 
de papel e celulose, incineração de resíduos, incêndios, processos de combustão (incineração de 
resíduos de serviços de saúde, incineração de lixo urbano, incineração de resíduos industriais,veículos 
automotores) e outros.
Em relação aos efeitos que esses compostos podem provocar, considera‑se que a toxicidade da dioxina 
é muito variável para diferentes tipos de animais. Em cobaias, a dose letal (via oral) é cerca de 1 mg/kg de 
peso corporal, enquanto para um hamster, a dose tóxica aguda é cerca de 3.000 – 4.000 mg/kg de peso 
corporal. Em seres humanos, em vários estudos epidemiológicos utilizando pessoas expostas à mistura de 
dioxinas, furanos e outros produtos químicos, tem‑se observado o aumento da incidência de câncer em 
diferentes locais do organismo, mas vários fatores limitam a confiança nesses achados. 
Na Alemanha, despontou um escândalo com o fechamento de mais de 4,7 mil granjas e sítios por 
causa de um risco de contaminação. Tal decisão foi adotada após a distribuição nos meses de novembro e 
dezembro de ração contaminada com dioxina, que afetou especialmente os criadores de porcos, quando 
um índice de dioxina superior ao aceitável foi encontrado no final de dezembro em ovos vendidos na 
Alemanha, Holanda e Grã‑Bretanha.
Também na Alemanha, em 1998, foram detectados níveis alarmantes de dioxina no leite produzido 
no estado alemão de Baden‑Württemberg (sudoeste da Alemanha). 
Como prevenção, o leite foi retirado do mercado e investigações científicas realizadas pelo Freiburg 
State Institute for Chemical Analysis of Food indicaram um aumento assustador dos índices de dioxina 
nas amostras de leite e manteiga coletadas desde setembro de 1997. A descoberta levou as autoridades 
alemãs a conduzirem um estudo abrangente para determinar a fonte da contaminação.
Figura 14 – Porcos com risco de contaminação por dioxinas causa preocupação na Alemanha
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Segundo a United States Environmental Protection Agency (Usepa), em relação ao desenvolvimento 
de tumores malignos, há fortes evidências que a dioxina exerça efeito carcinogênico, primariamente 
através de sua efetividade como agente promotor de estimulação de replicação de células de maneira 
reversível, inibindo apoptose.
Além disso, outros efeitos estão relacionados à exposição por dioxinas e furanos, tais como cânceres, 
alterações reprodutivas e no desenvolvimento, deficiência imunológica e disrupção endócrina incluindo 
diabetes mellitus e nos níveis de testosterona, além de hormônio da tiroide alterado, danos neurológicos 
como alterações cognitivas e comportamentais em recém‑nascidos de mães expostas à dioxina. Ainda, 
danos ao fígado, elevação de lipídios no sangue, o que se constitui em fator de risco para doenças 
cardiovasculares, e danos à pele. 
No que diz respeito às principais formas de exposição à dioxina, incluem‑se a exposição direta, pelas 
emissões atmosféricas e de chaminés, e a exposição indireta, pela contaminação do solo e produtos 
alimentícios, água e outros. De fato, nos Estados Unidos, a maior fonte de dioxina é a da alimentação. 
Como a dioxina é solúvel na gordura, ela se bioacumula na cadeia alimentar e é encontrada principalmente 
na carne, no leite e em seus derivados.
No Brasil, existem poucos estudos com medições de dioxinas e furanos, contudo, um estudo 
determinando dioxina e furano em 45 amostras de composto de lixo urbano provenientes de 22 usinas 
brasileiras analisadas na Universidade de Tübingen, Alemanha, encontrou valores médios acima do valor 
aceitável pela legislação alemã (17 ng TEQ/kg), com algumas amostras apresentando valores bastante 
elevados (138, 130, 112 e 99 ng TEQ/kg). A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) 
também em conjunto com a Universidade de Tübingen, dentro de uma campanha de levantamento de 
dados para avaliação dos problemas causados pelas queimadas de palha de cana na poluição da cidade 
de Araraquara, analisou compostos orgânicos tóxicos (incluindo dioxinas e furanos) em diferentes 
matrizes ambientais: ar, deposição, solo, folhas e cinzas da cidade de Araraquara; e ar, deposição, solo, e 
folhas das cidades de São Paulo e Cubatão. 
Nesse estudo, foram encontradas, para as amostras de ar coletadas em São Paulo (no parque do 
Ibirapuera), concentrações de 86 fentogramos/Nm3 comparáveis às encontradas na Alemanha (53 a 99 
fg I‑TEQ/Nm3) (fentogramo fg=10‑15g). Para amostras de ar coletadas próximo a incinerador, também 
em São Paulo, foram encontradas concentrações de 186 fg I‑TEQ/Nm3, valores obtidos de uma única 
amostra em dia favorável à dispersão atmosférica e sem informações das condições de funcionamento 
do incinerador ou de direção dos ventos. 
Cabe relembrar que, em relação às formas de biorrecuperação espontânea, é sabido que na 
hidrólise ocorre a alteração da estrutura química por reação direta da água; já na oxidação surge 
a modificação química que envolve transferência de elétrons de xenobiótico para um aceptor de 
elétrons (oxidante). A depuração química por redução pode ocorrer quando a modificação química 
envolver transferência de elétrons de um agente para o xenobiótico a ser reduzido. E, por último, a 
degradação fotoquímica é caracterizada pela transformação causada por interação com a luz solar, 
principalmente pelos raios ultravioleta. 
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Há outro grande grupo de poluentes de importância no estudo de Toxicologia Ambiental: os 
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), que são compostos por átomos de carbono e hidrogênio, 
apenas, com estruturas químicas contendo pelo menos dois anéis aromáticos fundidos.
Assim sendo, a menor molécula de HPA é a de naftaleno (com dois anéis aromáticos), mas podem 
surgir moléculas associadas aos HPAs de origem ambiental e, ainda, com as reações que as moléculas de 
HPA podem sofrer, originam‑se substâncias policíclicas aromáticas derivadas de HPA, por exemplo, os 
derivados nitratos (NHPAs) ou os derivados oxigenados (OHPAs).
De qualquer forma, todos os HPAs são sólidos, já que têm pontos de fusão maiores que a temperatura 
ambiente, entretanto, alguns HPAs podem sofrer sublimação (passagem direta de uma substância do 
estado sólido para o estado gasoso), como o naftaleno. Ainda, os HPAs, normalmente, têm baixa 
solubilidade em água, e esta hidrossolubilidade diminui com o aumento do tamanho da molécula, com 
exceção do naftaleno, que é relativamente solúvel. Por outro lado, os HPAs são solúveis em muitos 
solventes orgânicos tais como diclorometano, hexano, entre outros.
Esses compostos no meio ambiente normalmente se comportam de forma inerte e, quando reagem 
com outras substâncias, ocorrem substituições ou adição eletrofílica.
3.4 Origem dos contaminantes
As fontes de origem podem ser antropogênicas ou naturais, entre outras, como por pirólise ou 
queima de matéria orgânica recente (lenha, vegetação) ou fóssil (petróleo e derivados) ou ainda por 
causas naturais como em incêndios. Fontes antropogênicas provenientes da queima de combustíveis e 
queimadas também são relevantes. 
Entre essas fontes, também é importante ressaltar o derramamento de petróleo, disposição de 
resíduos domésticos, produção de alumínio, fumaça de cigarros e até regiões de vulcões.
As fontes antropogênicas são mais abundantes que as naturais, o que justifica o aumento desses 
contaminantes no planeta com o avanço tecnológico e o aumento da densidade populacional. E uma 
vez introduzidos os compostos HPAs no meio ambiente, a contaminação ambiental pode ocorrer em 
todos os compartimentos (solo, subsolo, águas superficiais, águas subterrâneas, entre outros).
A exposição a HPAs pode ocorrer por diversas vias tanto em humanos como em animais (inalação de 
ar poluído e ingestão de alimentos ou de água contaminada). Cabe ressaltar que, nesses casos, além da 
exposição ambiental, também é considerável a exposição ocupacional.
É importante considerar que entre os principais efeitos provocados pela exposição a HPAs, o mais 
preocupante é o efeito carcinogênico em seres humanos,apesar de não serem carcinogênicos diretos. 
Para desenvolverem esse efeito, inicialmente, é necessário que esse contaminante se torne ativo, ou 
seja, que se formem os derivados que são os verdadeiros carcinogênicos, já que têm grupos capazes de 
formar ligações com as bases de DNA.
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Entre os diversos meios de ativação dos HPAs, o mecanismo mais estudado é o que ocorre no 
citocromo P‑450 com a formação de substâncias poli‑hidroxiladas. Porém, nem toda quantidade de 
HPAs ingerida é absorvida pelo organismo, e grande parte é excretada. Isso se deve a vários fatores, 
como: material presente, suscetibilidade individual, variabilidade entre indivíduos, raça, sexo e idade.
Assim, é crucial o conhecimento da região a ser estudada com a finalidade de identificar os possíveis 
contaminantes e a melhor maneira de minimizá‑los e, se possível, eliminá‑los. 
4 BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL
O crescimento populacional e os avanços tecnológicos da atualidade são incontestáveis, assim 
como os intermináveis benefícios que trouxeram com a finalidade de facilitar as atividades cotidianas. 
Entretanto, o planeta, bem como todos os seres que residem nele, também sofre sérias consequências 
dessa modernização. 
Essas consequências incluem desde o intenso impacto ambiental até as desigualdades sociais que 
se agravam com o avanço do capitalismo diretamente relacionado com o crescimento tecnológico. É 
possível ressaltar o crescimento exponencial da poluição, crescente concentração de poder econômico 
e político, além da industrialização acelerada e o crescente uso de novos métodos tecnológicos na 
agricultura. Diante de toda essa problemática, a humanidade torna‑se vulnerável a uma série de riscos 
psicológicos, acidentais, biológicos, físicos e químicos decorrentes dos fatores ambientais. 
4.1 A necessidade do uso de biomarcadores
Como já relatado anteriormente, a exposição a poluentes, seja de forma aguda ou crônica, causa 
inúmeros malefícios à saúde e, muitas vezes, torna‑se impossível, na prática, controlá‑la, já que tais 
xenobióticos podem apresentar‑se na água e nos alimentos ou até mesmo no ar.
Dessa maneira, uma das maneiras de avaliação da exposição é a utilização dos chamados 
biomarcadores ambientais, já que, baseado nesses resultados, é possível ter conhecimentos, muitas 
vezes, de forma quantitativa e qualitativa da exposição e, assim, prevenir ou minimizar a incidência de 
mortes ou doenças decorrentes da interação das substâncias químicas com o organismo humano.
Ao se estabelecer os limites considerados seguros, é possível estabelecer as prioridades e as formas 
de intervenção efetiva para proteger uma população dos riscos químicos. Os estudos dos efeitos das 
substâncias químicas sobre a saúde possibilitam avaliar o risco da população exposta e constituem o 
primeiro passo na fixação de normas ambientais para um contaminante químico presente num meio. 
Para isso, é importante conhecer a solidez e as limitações dos dados toxicológicos, assim como as 
informações disponíveis provenientes desses estudos.
No Centro Experimental Central do Instituto Biológico, foi desenvolvido um projeto em conjunto 
com a Embrapa e a Universidade de Aveiro, em Portugal, que visa estudar a toxicidade de misturas de 
herbicidas empregados na cultura da cana‑de‑açúcar para peixes. Os objetivos desse projeto envolvem 
o estabelecimento de biomarcadores eficientes para avaliação do risco do uso desses produtos, 
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auxiliando no estabelecimento de concentrações máximas permissíveis nos corpos d’água, visando 
à proteção das comunidades aquáticas e à saúde pública, uma vez que o potencial consumidor final 
desse recurso é o homem.
Nesse sentido, estudos toxicológicos devem ser realizados, inicialmente, com pequenas doses 
de forma experimental, mas também a observação clínica em indivíduo expostos por tais poluentes 
é válida. 
Cabe ressaltar a importância de estudos experimentais em animais de laboratório (como citado no 
presente material de estudo) com a finalidade de extrapolar os dados para humanos e, dessa maneira, 
minimizar e até impedir exposição em humanos a determinadas substâncias ou, ainda, para determinação 
de doses potencialmente tóxicas ao organismo.
Obviamente, o grau de confiabilidade para essa extrapolação com base em testes de toxicidade 
em animais depende de inúmeras variáveis, tais como: qualidade do trabalho, quantidade de animais 
testados, escolha do teste e até localização geográfica, entre outros.
Nesse sentido, dados epidemiológicos sobre as populações humanas afetadas também são muito 
válidos, já que torna possível estabelecer riscos associados à presença de um poluente ou substância 
química. Entretanto, ao investigar substâncias presentes no meio ambiente, esses dados podem ser 
irrelevantes se não houver uma observação direta em organismos vivos e a relação direta com os efeitos 
provocados, em especial, quando se trata de uma casuística pequena ou de sinais de intoxicação comuns 
a outros agentes.
Em algumas situações, a presença de toxicidade atribuída a determinado agente tóxico se dá pelo 
contato prolongado com o próprio contaminante, o que dificulta ainda mais o estabelecimento de 
informações epidemiológicas. 
Contudo, é incontestável que a Epidemiologia Ambiental tem seu valor no que se refere à promoção 
da saúde populacional, já que estabelece associações entre exposição por toxicantes e efeitos adversos 
possíveis e, dessa maneira, presta um grande auxílio na promoção de saúde pública.
Na Toxicologia Ambiental, é crucial a avaliação do risco toxicológico, que deve ser um processo 
fundamentado em conhecimentos científicos visando sempre à identificação e à quantificação da 
exposição e do risco.
Para tal, é necessário recorrer a estudos epidemiológicos, clínicos e toxicológicos e a investigações 
ambientais, além de extrapolar resultados visando estimar o tipo e extensão dos efeitos do agente 
químico para a saúde humana e, ainda, analisar o número e as características dos indivíduos expostos em 
distintas intensidades e durações, sem descartar a expressão da existência e a magnitude do problema 
de saúde.
A avaliação de risco toxicológico deve ser realizada sempre que ocorrer a presença de poluentes 
atmosféricos, de água, de solo ou até mesmo de alimentos. Tal estudo deve ser realizado objetivando 
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a investigação do potencial do agente em causar dano (toxicidade) e a intensidade capaz de induzir 
essa exposição.
Assim, o processo de avaliação do risco envolve algumas fases, como: identificação do perigo, 
caracterização do perigo, avaliação da exposição e caracterização do risco.
Para a identificação do perigo, considera‑se a combinação dos dados com a finalidade de estabelecer 
o grau de risco, nos quais, normalmente, ocorre a classificação em categorias (suficiente, limitada, 
inadequada, não disponível, nenhuma evidência) e deve‑se sempre ressaltar a via, duração, dose e 
reprodutibilidade do estudo. 
A caracterização do perigo deve ocorrer por meio da avaliação dose‑resposta, com o objetivo de 
quantificar o perigo, que já foi identificado. Para isso, comumente, são realizados ensaios em animais 
para estabelecer a relação dose‑resposta extrapolando os resultados para o homem, já que, geralmente, 
o ser humano é mais sensível que outras espécies.
Na caracterização do perigo, portanto, é importante estabelecer (se ainda não foram estabelecidas), 
as chamadas doses de referência (RfD), que são semelhantes às chamadas ingestão diária aceitável 
(IDA), comumente aplicadas para praguicidas e aditivos alimentares. Essas doses são aquelas nas quais 
a população pode ficar exposta sem apresentar nenhum efeito nocivo. 
É importante avaliar

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