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Aula 02 - Pessoas Jurídicas - Atualizado (Lei n 13 874-2019)

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DIREITO CIVIL = Nome do Curso 
AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS 
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 Temas que serão abordados nesta aula e que estão presentes nos 
últimos editais  PESSOA JURÍDICA. Disposições Gerais. Conceito. 
Classificação. Início e fim de sua existência legal. Domicílio. Desconsideração da 
Personalidade Jurídica. 
SUBITENS  Pessoas Jurídicas. Conceito. Classificação: Pessoa Jurídica de Direito 
Público e de Direito Privado. Personalidade Jurídica. Início da Personificação e Término 
de sua existência legal. Registro e Representação. Domicílio. Responsabilidade. 
Grupos não Personificados. Abuso e Desconsideração da Personalidade Jurídica. 
 Legislação a ser consultada  CÓDIGO CIVIL: arts. 40 até 69 (Pessoas 
Jurídicas). Ler também o art. 75, CC (domicílio da Pessoa Jurídica). 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO E CONCEITO .................................................................... 03 
 Proteção e Natureza Jurídica ............................................................. 04 
 Pressupostos de Existência e Elementos Caracterizadores ................. 05 
 Representação .................................................................................. 06 
CLASSIFICAÇÃO GERAL ......................................................................... 08 
Pessoa Jurídica de Direito Público ...................................................... 09 
Pessoa Jurídica de Direito Privado ..................................................... 18 
Organizações Sociais de Interesse Público ......................................... 24 
Início da Existência Legal. Constituição ................................................. 33 
 Registro ............................................................................................ 34 
DOMICÍLIO ........................................................................................... 36 
Responsabilidade .................................................................................. 36 
Aula 02 
Das Pessoas Jurídicas 
 
 
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Extinção ................................................................................................ 39 
Grupos Despersonalizados .................................................................... 40 
Desconsideração da Personalidade Jurídica ........................................... 43 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA .......................................................... 53 
Bibliografia Básica ................................................................................ 57 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O homem, desde seus primórdios, sempre teve necessidade de se agrupar 
para garantir a subsistência e atingir fins comuns. A necessidade de circulação de 
riquezas como fator de desenvolvimento, fez com que se estabelecessem nas 
sociedades grupos de atuação conjunta na busca de objetivos semelhantes. E 
o Direito, ante a necessidade crescente de agilidade nas negociações, não ignorou 
estas unidades coletivas. Portanto, a pessoa jurídica é fruto desta evolução 
histórica-social. 
CONCEITO 
De forma técnica Pessoa Jurídica pode ser definida como a união de 
pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de atingir determinadas 
finalidades, sendo reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e 
obrigações. Assim, como sujeito de relações jurídicas, possui personalidade 
jurídica individual e própria (autônoma), independente da personalidade das 
pessoas naturais que a compõe, principalmente quanto ao patrimônio. 
 Observação. A doutrina usa outras expressões para se referir às pessoas 
jurídicas, tais como: pessoa moral, ideal, intelectual, coletiva, abstrata, fictícia, 
“ente de existência ideal”, etc. Na realidade tais expressões não foram adotadas 
pelo nosso ordenamento jurídico, mas sim por leis de outros países, sendo 
“importadas” pela nossa doutrina. Mas os examinadores aproveitam e pedem essa 
a terminologia nas provas. Não é raro cair a seguinte indagação em um concurso: 
“quais as características da pessoa moral?” À primeira vista pode-se pensar que 
pessoa moral é sinônimo de pessoa física (pois somente uma pessoa física é que 
teria, digamos, ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que pessoa moral 
(expressão adotada pela França) é sinônimo de pessoa jurídica. Portanto, 
prestem atenção quanto aos sinônimos usados nas questões pelos 
examinadores, pois podem “derrubar” um excelente candidato, que conhece a 
matéria, mas desconhecia a expressão. 
 
 
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PROTEÇÃO JURÍDICA 
As pessoas jurídicas têm direito à personalidade (identificação, liberdade 
para contratar, boa reputação, etc.), aos direitos reais (pode ser proprietária, 
usufrutuária, etc.), aos direitos industriais (art. 5°, inciso XXIX da CF/88), aos 
direitos obrigacionais (podendo comprar, vender, alugar ou contratar de uma 
forma geral) e até mesmo aos direitos sucessórios (podem adquirir bens causa 
mortis, ou seja, por testamento). 
Segundo o art. 52, CC, aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a 
proteção dos direitos da personalidade. Isso quer dizer que os dispositivos 
relativos aos direitos da personalidade da pessoa natural (arts. 11 a 21, CC) 
também podem ser aplicados em relação à pessoa jurídica, no que couber. Assim, 
em relação ao Direito Civil, a pessoa jurídica tem direito tanto à tutela 
preventiva, como repressiva de seus direitos da personalidade, podendo ser 
vítima e sofrer danos morais, tendo direito de acionar o Poder Judiciário para 
exigir a reparação dos danos sofridos. Súmula 227 do Superior Tribunal de 
Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. Convém acrescentar 
que o próprio STJ deixou claro que isso somente ocorre em situação que haja 
ferimento à sua honra objetiva. 
 Aqui convém fazer uma diferenciação entre honra subjetiva e objetiva. 
Honra subjetiva é o sentimento que cada um tem a respeito de seus próprios 
atributos (físicos, intelectuais, morais, etc.); é o que cada um pensa de si mesmo 
em relação a seus atributos. Ela pode ser ofendida com atos que atinjam sua 
dignidade, respeito próprio, autoestima, causadores de dor, humilhação, vexame, 
etc. Já honra objetiva é a reputação, aquilo que os outros pensam a seu respeito; 
o conceito que a pessoa goza perante a comunidade em que está inserida. As 
pessoas naturais têm a proteção das “duas honras”. A pessoa jurídica, por não 
ter honra subjetiva (não tem autoestima ou sentimentos, não sente dores, 
emoções, humilhações ou constrangimentos pessoais), só é indenizada no 
aspecto da honra objetiva, ou seja, em relação ao conceito que goza junto a 
terceiros, que pode ficar abalado por atos que lhe afetem no mundo civil e 
comercial onde atua (reputação, bom nome, marca idônea, patrimônio, etc.). A 
jurisprudência do STJ também admite a possibilidade da pessoa jurídica ser vítima 
de coação moral, desde que esta se refira a atos jurídicos contrários à sua 
finalidade e à sua reputação. 
Complementando, também segundo jurisprudência do STJ, a pessoa 
jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais 
relacionados à violação da honra ou da imagem. De modo geral, a doutrina e 
jurisprudência nacionais só têm reconhecido a elas direitos fundamentais de 
caráter processual ou relacionadosà proteção constitucional da autonomia, 
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prerrogativas ou competência de entidades e órgãos públicos, ou seja, direitos 
oponíveis ao próprio Estado, e não ao particular. 
NATUREZA JURÍDICA 
Diversas teorias tentam identificar a natureza da personalidade da pessoa 
jurídica. Uma corrente doutrinária nega a sua existência (negativista). Mas a 
corrente afirmativista é a majoritária. E esta se divide basicamente em dois 
grupos, sendo que cada um deles possui uma vasta subdivisão: a) Teorias da 
Ficção (a pessoa jurídica é apenas uma criação artificial da lei ou da doutrina); 
b) Teorias da Realidade (realidade orgânica ou objetiva, realidade jurídica, 
realidade técnica, etc.). 
Como nosso curso é objetivo, visando concursos públicos, vamos deixar 
de lado a análise de cada uma dessas teorias sobre natureza da pessoa jurídica e 
vamos nos ater somente ao que tem prevalecido nas provas. 
 Direto ao Ponto: de todas as teorias existentes sobre o tema, a que melhor 
se adapta ao nosso sistema jurídico, sendo acolhida pelos mais renomados 
doutrinadores e que tem caído em concursos (e é isso o que nos interessa), é a 
TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA. Realidade porque a existência continua 
distinta da de seus membros (art. 49-A, CC) e depende de formalização em 
registro público. Técnica porque admite ser desconsiderada em determinadas 
hipóteses (que veremos mais adiante). Assim, a pessoa jurídica existe de fato 
(ente real e não uma mera abstração), sendo, portanto, sujeito de direitos e 
obrigações. O próprio Estado reconhece a existência de grupos de pessoas que 
se unem na busca de determinados fins, entendendo ser necessária a existência 
de personalidade jurídica própria, distinta da dos membros que a compõe 
(sócios, associados, instituidores ou administradores). Assim, a personalidade 
jurídica é um atributo concedido a estes entes coletivos por meio do ordenamento 
jurídico, sem que isso possa redundar em facilidade para que seus componentes 
a utilizem como um instrumento de fraudes à lei ou aos direitos de terceiros 
(permite-se, em casos especiais, a desconsideração). 
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA 
São considerados elementos essenciais da personificação da pessoa jurídica: 
A) VONTADE HUMANA CRIADORA. Trata-se da affectio societatis, 
ou seja, intenção específica dos sócios em constituir uma entidade com 
personalidade distinta da de seus membros. 
B) LICITUDE DE SUA FINALIDADE. Deve ter objeto lícito abrangendo 
em seu conceito: a moralidade dos atos e os objetivos perseguidos. 
C) OBEDIÊNCIA AOS REQUISITOS IMPOSTAS PELA LEI. As pessoas 
jurídicas somente existem porque a lei assim o permite. Portanto, ela necessita 
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se submeter aos requisitos impostos pela própria lei, entre eles, como veremos 
adiante, a elaboração dos atos constitutivos e seu respectivo registro. 
Costuma-se inserir nesse item também o princípio da tipicidade (ou 
taxatividade), ou seja, deve haver previsão legal de personificação pela forma 
pretendida pelas partes, pois pode ocorrer que haja uma organização lícita que 
não encontra na lei a necessária previsão como pessoa jurídica, como a 
sociedade conjugal, o espólio, etc. 
ELEMENTOS CARACTERIZADORES ESSENCIAIS 
A) Autonomia: ou seja, a pessoa jurídica possui existência de forma 
distinta e autônoma em relação aos membros que a compõe. 
B) Patrimônio próprio: decorre do item anterior. Tanto a pessoa 
jurídica, como cada um de seus membros possuem patrimônios próprios e 
inconfundíveis. 
C) Responsabilidade civil e criminal: as pessoas jurídicas são 
civilmente responsáveis pelos atos de seus empregados e prepostos (art. 932, 
III, CC), bem como por crimes ao meio ambiente (art. 225, CF/88). 
D) Ilegitimidade para a prática de certos atos: apesar da pessoa 
jurídica ter aptidão para a prática de atos da vida civil, por não ter existência 
biológica, não pode praticar atos em que o atributo da humanidade é 
pressuposto, como casar, adotar, fazer testamento, doar órgãos, etc. No 
entanto, como vimos, possui direito à proteção jurídica ao nome, domicílio, 
propriedade material e intelectual, nacionalidade, etc. 
REPRESENTAÇÃO 
Por não poder atuar por si mesma, a pessoa jurídica deve ser 
representada por uma pessoa física, ativa e/ou passivamente, exteriorizando 
sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Prevê o art. 46, III, CC que no 
registro da pessoa jurídica se declarará o modo porque se administra e representa, 
ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente. Pelo art. 47, CC, todos os 
atos negociais exercidos pelo representante, dentro dos limites de seus 
poderes estabelecidos no estatuto social, obrigam a pessoa jurídica, que deverá 
cumpri-los. No entanto, se o representante extrapolar estes poderes, 
responderá pessoalmente pelo excesso, ou seja, a sociedade fica isenta de 
responsabilidade perante terceiros pelo ato do administrador que extrapolar os 
limites do ato constitutivo (exceto se foi beneficiada com a prática do ato, quando 
então passará a ter responsabilidade na proporção do benefício auferido). A 
doutrina chama isso de teoria ultra vires societatis (além do conteúdo da 
sociedade), caracterizada pelo abuso de poder do administrador, ocasionando 
violação do objeto social lícito para o qual foi constituída a empresa. Isso funciona 
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como uma forma de proteção da pessoa jurídica, responsabilizado apenas o 
sócio. 
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno  são representadas em 
juízo, ativa e passivamente (art. 75, incisos I a IV, do Código de Processo Civil de 
2015): 
a) União  pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão 
vinculado. 
b) Estados e Distrito Federal  por seus Procuradores. 
c) Municípios  por seu Prefeito ou Procurador. 
d) Autarquias e Fundações de Direito Público  por quem a lei do ente 
designar. 
2. Demais Pessoas Jurídicas  em regra é a pessoa indicada em seu ato 
constitutivo. Na omissão, a representação será exercida por seus diretores (art. 
75, VIII, CPC/2015). As sociedades e as associações irregulares serão 
representadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens (art. 75, 
IX, CPC/2015). 
Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva (gerência colegiada), 
as decisões serão tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo 
dispuser de modo diverso (art. 48, CC). Se houver vacância geral na administração 
o Juiz deverá nomear um administrador provisório (ad hoc), nos termos do art. 
49, CC. 
Como no mundo dos negócios é praticamente impossível o administrador 
de uma grande empresa estar presente a todos os eventos, pode-se outorgar 
mandato, que é uma espécie de contrato. Ou seja, transfere-se parte dos poderes 
para que uma terceira pessoa (mandatário) pratique atos em nome da pessoa 
jurídica (mandante). 
 Atenção  Não confundir: Mandatário X Preposto 
Segundo o art. 653, CC, “opera-se o mandato quando alguém recebe de 
outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses”. Já 
o preposto é uma figura que encontramos no Direito do Trabalho. Trata-se de 
um empregado da empresa, que preferencialmente exerce cargo de gerente ou 
outro de confiança e que tenha conhecimento dos fatos constantes da reclamatória 
trabalhista, com capacidade para defender ou esclarecer os temas e devidamente 
autorizado (carta de preposição) a representá-la junto à Justiça do Trabalho. 
PRAZOS PARA ANULAÇÃO 
Sobre esse tema, as questões deconcurso costumam pedir duas espécies 
de prazo de anulação (observem que ambos são de três anos): 
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A) Anulação da Constituição da Pessoa Jurídica. Art. 45, parágrafo 
único, CC: decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas 
jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da 
publicação de sua inscrição no registro. 
B) Anulação das Decisões dos Administradores. Art. 48, parágrafo 
único, CC: decai em três anos o direito de anular as decisões tomadas por 
maioria de votos em administração coletiva, quando violarem a lei ou estatuto, ou 
forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. 
 
CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS PESSOAS JURÍDICAS 
 
A) Quanto à Nacionalidade  Dividem-se em nacionais ou estrangeiras, 
tendo em vista sua articulação e subordinação à ordem jurídica que lhe 
conferiu personalidade, sem se ater, em regra, à nacionalidade dos membros 
que a compõe e à origem do controle financeiro. Sociedade Nacional é a 
organizada conforme a lei brasileira e tem no País a sede de sua administração 
(arts. 1.126 a 1.133, CC). A Sociedade Estrangeira é a que necessita de 
autorização (decreto) do Chefe do Poder Executivo para funcionar, ficando sujeita 
aos Tribunais brasileiros quanto aos atos aqui praticados (arts. 1.134 a 1.141, 
CC); ela é obrigada a ter, permanentemente, representante no Brasil, com 
poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela 
sociedade. Possuem algumas restrições legais. 
B) Quanto à Estrutura Interna 
1) Universitas Personarum: nelas, o mais importante é o conjunto de 
pessoas, aos quais a lei confere personalidade e que apenas coletivamente 
gozam de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única. Também 
são chamadas de pessoas jurídicas colegiadas. O objetivo é o bem-estar de 
seus membros. Ex.: as sociedades (de uma forma geral: simples ou 
empresárias) e as associações. 
2) Universitas Bonorum: não são grupos de pessoas, mais acervos 
patrimoniais aos quais a lei atribui personalidade; nelas, o mais importante é o 
patrimônio personalizado destinado a um determinado fim e que lhes dá 
unidade. Também chamadas de pessoas jurídicas não colegiadas. O objetivo 
é o bem-estar da própria entidade. Ex.: fundações e autarquias. O patrimônio 
e as finalidades (objeto) das fundações são seus elementos essenciais. 
C) Quanto às Funções e Capacidade  Dividem-se em pessoas jurídicas de 
direito público e pessoas jurídicas de direito privado (art. 40, CC). Este é o 
item mais importante, pois é o que tem maior incidência em concursos. 
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Daremos agora uma visão geral e panorâmica sobre o tema. Depois vamos 
aprofundar e analisar cada uma das espécies e subespécies, de forma minuciosa. 
I. DIREITO PÚBLICO 
A) Interno (art. 41, CC) 
1) Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal, Territórios e 
Municípios. 
2) Administração Indireta: Autarquias, Associações e demais entidades 
criadas por lei (Fundações Públicas de Direito Público). 
B) Externo (art. 42, CC): Estados estrangeiros e demais pessoas regidas pelo 
Direito Internacional Público. 
II. DIREITO PRIVADO (art. 44, CC) 
A) Universitas Personarum 
1) Sociedades 
a) Simples. 
b) Empresária. 
2) Associações, Partidos Políticos e Organizações Religiosas. 
3) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). 
B) Universitas Bonorum 
1) Fundações Particulares (segundo a doutrina também as fundações 
públicas de direito privado). 
ATENÇÃO  A principal diferença entre as pessoas jurídicas de direito 
público e de direito privado (que interessa ao Direito Civil) é a disponibilidade 
patrimonial. Enquanto os bens das pessoas jurídicas de direito privado são 
disponíveis e sujeitas a penhora e usucapião, os bens das de direito público 
possuem a característica da impenhorabilidade e da impossibilidade de usucapião, 
por serem consideradas como de patrimônio público de interesse da coletividade, 
já que é mantido pela arrecadação de impostos pagos pelos contribuintes. No 
entanto os bens públicos dominicais podem ser alienados, desde que presentes os 
requisitos legais (art. 101, CC). 
 
I. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO 
 
O Estado é a pessoa jurídica de direito público por excelência. Todo Estado 
independente é formado por três elementos essenciais: a) povo; b) território; e 
c) governo soberano. Costuma-se dizer que o Estado é o povo, em dado território, 
politicamente organizado, segundo sua livre e soberana vontade. 
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I.1) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO 
Segundo o art. 42, CC, são pessoas jurídicas de direito público externo os 
Estados estrangeiros (outros países soberanos, como o Uruguai, Canadá, 
Dinamarca, etc.) e todas as pessoas que forem regidas pelo direito 
internacional público, ou seja, as uniões aduaneiras com o objetivo de facilitar 
o comércio exterior (ex.: Mercosul) e os organismos internacionais, como a ONU 
(Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados Americanos), 
FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - Food and 
Agriculture Organization), etc. Certa vez vi cair em um concurso: A Santa Sé é: 
...? Ora, a Santa Sé (também chamada de “Sé Apostólica”) é considerada como 
um sujeito de direito internacional (pessoa jurídica de direito público externo), 
pois as relações e acordos diplomáticos com outros Estados soberanos são com 
ela estabelecidos. Costuma-se dizer que a Santa Sé difere do Vaticano (ou Estado 
da Cidade do Vaticano), pois este é um instrumento para a independência da Santa 
Sé, tendo natureza e identidade própria enquanto representação do governo 
central (cúpula governativa) da Igreja Católica; o Vaticano seria um território 
sobre o qual a Santa Sé tem soberania. 
I.2) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO 
São aquelas cuja atuação se restringe aos interesses e limites territoriais 
do Estado. É a nossa nação, politicamente organizada, nos moldes previstos na 
Constituição Federal de 1988. 
A) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DA 
ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU CENTRALIZADA (art. 41, I, II e III, CC)  São 
elas: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios e os Municípios 
legalmente constituídos. 
Costuma-se dizer que o Brasil é detentor de soberania, ou seja, não deve 
obediência jurídica a nenhum outro Estado. É juridicamente ilimitada no plano 
interno e somente encontra limites na soberania de outro País. Já as demais 
entidades dentro do Brasil são detentoras de autonomias. A autonomia dos entes 
da federação brasileira está devidamente delimitada pelo Direito. Esta autonomia, 
na verdade, é o exercício do poder do Estado com a observância dos parâmetros 
jurídicos estabelecidos em uma norma de hierarquia superior (em outras palavras: 
a própria Constituição Federal). 
A União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados-
membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território. 
Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia 
administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre 
os negócios locais. 
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Os Municípios legalmente constituídos também se encaixam nesta 
classificação, pois foram assegurados pela Constituição Federal; eles têm 
interesses e economia próprios. 
Também há previsão expressa em relação ao Distrito Federal. Mas em 
relação a ele a naturezajurídica é controvertida. Alguns dizem que ele é um 
município anômalo; outros que é uma autarquia territorial; outros que é uma 
circunscrição territorial assemelhada aos territórios. Finalmente outros afirmam 
que é “mais do que um município e menos que um Estado”. Possui previsão 
expressa no art. 32, CF/88. Vejamos: a) o Distrito Federal rege-se por uma Lei 
Orgânica (típica de Municípios) e não por uma Constituição Estadual (típica dos 
Estados-membros); b) o Poder Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa 
(mistura de Câmara de Vereadores – Poder Legislativo Municipal e Assembleia 
Legislativa – Poder Legislativo Estadual) composta por Deputados Distritais 
eleitos, acumulando as competências legislativas reservadas aos Estados e 
Municípios; c) o Chefe do Poder Executivo é um Governador (típico dos Estados) 
Distrital e não um Prefeito (típico dos Municípios); d) é proibida a sua divisão em 
municípios. Há uma grande crítica em relação ao texto do art. 18, §1°, CF/88, pois 
ele afirma que Brasília é a Capital Federal, quando se devia ter mantido a nossa 
tradição e correção técnica afirmando que “o Distrito Federal é a capital da União”. 
Na realidade Brasília é o nome de uma das Regiões Administrativas do 
Distrito Federal (RA-I). Ela é um núcleo urbano, uma cidade que serve de centro 
político à União, mas não pode ser considerada como um Município, juridicamente 
falando. Esta região, em termos urbanos, compreende as “Asas” Sul e Norte e a 
área central do chamado “Plano Piloto”. No entanto a Lei Orgânica do Distrito 
Federal não menciona os limites de Brasília. Já as demais aglomerações urbanas 
situadas fora do Plano Piloto pertencem a outras Regiões Administrativas. Embora 
o Decreto n° 19.040/98 tenha proibido a expressão, ainda se costuma usar o 
termo cidade-satélite (ex.: Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, 
Ceilândia, Guará, etc.). 
Chamo atenção para os Territórios. Como sabemos, já não existem mais 
os Territórios no Brasil. Mas apesar de não mais existirem há previsão expressa 
na Constituição Federal, possibilitando a criação de eventual novo Território, por 
meio de Lei Complementar (arts. 18, §2° e 48, inciso VI, CF/88). Para o Direito 
Civil ele será considerado como pessoa jurídica de direito público interno, 
pois há previsão expressa no art. 41, inciso II, CC. Alguns autores classificam os 
territórios como “autarquias territoriais” dando a entender que seriam pessoas 
jurídicas de direito público interno de administração indireta (há uma grande 
discussão sobre este tema, mas diversos civilistas preferem classificá-los como de 
administração direta). 
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 DIRETO AO PONTO Podemos dizer que o Brasil, nos termos da 
Constituição Federal de 1988, possui: 
A) Forma de Governo: republicano (eletividade e temporariedade dos 
mandatos do Chefe do Poder Executivo). 
B) Forma de Estado: federal (descentralização política: em um mesmo 
território há diferentes entidades políticas autônomas – União, Estados, Distrito 
Federal, Municípios). 
C) Sistema de Governo: presidencialista (Presidente da República é o único 
Chefe do Poder Executivo, acumulando as funções de Chefe de Estado e Chefe 
de Governo, cumprindo mandato por prazo determinado, não dependendo da 
confiança do Poder Legislativo para a investidura e o exercício do cargo). 
CONCLUSÃO: O Brasil é uma República Federativa, com sistema 
Presidencialista. Além disso, possui como Regime de Governo o Estado 
Democrático e de Direito. 
 Observação doutrinária importante para concursos 
União e República Federativa do Brasil são expressões sinônimas? 
Resposta: ambas são expressões usadas para designar o mesmo ente. No 
entanto a doutrina estabelece uma importante diferença. O termo União é 
usado no plano interno; trata-se da pessoa jurídica de direito público interno, 
entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros, Distrito Federal 
e Municípios, possuindo competências administrativas e legislativas determinadas 
constitucionalmente. Lembrem-se de que entre os entes da Federação (ex.: a 
União e os Estados-membros) não há hierarquia, mas sim uma coordenação 
harmônica de poderes distribuídos pela Constituição. Já a expressão República 
Federativa do Brasil é usada no plano externo, para identificar o Brasil 
perante os outros países (relações internacionais). Neste caso seria uma pessoa 
jurídica de direito público externo (ou internacional), integrada pela União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios. A União representa o Estado Federal nos 
atos de Direito Internacional, mas quem pratica efetivamente os atos de Direito 
Internacional é a República Federativa do Brasil, juridicamente representada por 
um órgão da União: a Presidência da República. 
RESUMINDO 
 República Federativa do Brasil: pessoa jurídica de direito público 
externo (ou internacional). 
 União: pessoa jurídica de direito público interno; é apenas uma das 
entidades que forma o Estado Federal, e que, por determinação 
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constitucional (art. 21, I, CF/88) tem competência exclusiva de representá-
lo em suas relações internacionais. 
B) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DE 
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA OU DESCENTRALIZADA (art. 41, IV e V, CC)  
São entidades descentralizadas, criadas por lei, com personalidade jurídica própria 
para o exercício de atividade de interesse público. São elas: a) Autarquias. b) 
Associações Públicas (Lei n° 11.107/05). c) Demais entidades de caráter público 
criadas por lei. Vejamos cada um destes itens: 
AUTARQUIAS 
São pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade 
administrativa típica, com capacidade de autoadministração nos limites 
estabelecidos em lei. Embora ligadas ao Estado, elas desfrutam de certa 
autonomia, possuindo patrimônio e orçamento próprio, mas sob o controle 
do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do 
Legislativo. As autarquias não têm capacidade política (isto é, não podem 
legislar e criar o próprio Direito, devendo obedecer a legislação administrativa à 
qual estão submissas), porém podem baixar instruções normativas (que não são 
consideradas leis em sentido estrito). 
Elas são criadas por lei específica (iniciativa privativa do chefe do Poder 
Executivo), com personalidade jurídica de direito público; integram a 
administração indireta, possuindo atribuições estatais destinadas à realização de 
obras e serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas a área da saúde, 
educação, etc. (excluem-se, portanto as de natureza econômica ou industrial). 
Portanto elas devem atuar em setores que exigem especialização por parte do 
Estado, com organização própria, administração mais ágil e pessoal especializado. 
Seus bens são considerados públicos. 
A autarquia nasce com a vigência da lei que a instituiu, não havendo 
necessidade de registro. Da mesma forma, sua extinção também deve ser feita 
por meio de lei específica (princípio da simetria das formas jurídicas). Seus atos 
são considerados como administrativos. Como possui personalidade jurídica 
própria, ela se desliga do ente criador. Portanto, se alguém quiser discutir 
judicialmente a revisão de sua aposentadoria, deve ingressar com ação judicial 
não contra a União (entidade criadora), mas contra o próprio INSS como entidade 
autônoma e com patrimônio próprio. Ex.: INSS (Instituto Nacional do Seguro 
Social), INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), CVM 
(Comissão de Valores Mobiliários), CADE (Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica),IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis), Imprensa Oficial do Estado, etc. 
 
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ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS 
O art. 241, CF/88 autorizou a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios a realizarem mediante lei os chamados consórcios públicos e os 
convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão 
associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de 
encargo, serviços, pessoal e bem bens essenciais à continuidade dos serviços 
transferidos. A Lei n° 11.107/05 regulou os consórcios públicos, cumprindo o 
disposto na Constituição sendo uma nova forma de se prestar um serviço público. 
Essa lei optou por atribuir personalidade jurídica aos consórcios públicos, dando-
lhes a forma de uma associação, podendo ser de pessoa jurídica de direito 
público (associação pública) ou de direito privado. 
Quando o consórcio público for pessoa jurídica de direito privado, assumirá 
a forma de “associação civil”, sendo que aquisição da personalidade ocorre com a 
inscrição dos atos constitutivos no registro civil das pessoas jurídicas. Mesmo 
assim, estes consórcios estão sujeitos às normas de direito público no que diz 
respeito à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas, 
admissão de pessoal, etc. 
Quando criado com personalidade de direito público, o consórcio público 
se apresenta como uma associação pública. O consórcio público será constituído 
por contrato, cuja celebração dependerá de prévia subscrição de protocolo de 
intenções. As questões de prova em concurso têm entendido que as associações 
públicas são uma espécie de autarquia (e não uma nova espécie de entidade da 
administração indireta). 
FUNDAÇÕES PÚBLICAS 
Fundação, de uma forma geral, é uma instituição do direito privado. Sua 
criação resulta da iniciativa de uma pessoa (física ou jurídica), que destina um 
acervo de bens particulares (que adquirem personalidade jurídica) para a 
realização de finalidades sociais, sem natureza lucrativa (educacional, 
assistencial, etc.). Compreende sempre: patrimônio e finalidade. 
No entanto, as fundações também podem ter personalidade jurídica de 
direito público, segundo dispõe a sua norma instituidora. Ultimamente o Poder 
Público tem instituído fundações para a execução de algumas atividades de 
interesse coletivo, sem finalidade lucrativa (assistência social, assistência médica 
e hospitalar, educação e ensino, pesquisa científica, atividades culturais, proteção 
ao meio ambiente, etc.). Elas integram a administração pública indireta no 
nosso sistema jurídico, pois uma pessoa política faz a dotação patrimonial e 
destina recursos orçamentários para a manutenção da entidade. No entanto, como 
suas atividades não são exclusivas do Poder Público costuma-se dizer que elas 
exercem atividades atípicas do Poder Público. 
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As fundações públicas se assemelham às fundações particulares, mas se 
diferenciam nos seguintes aspectos: enquanto a fundação privada é criada a partir 
de um ato (inter vivos ou causa mortis) de um particular e com patrimônio deste, 
a fundação pública é criada mediante uma lei específica, a partir de um patrimônio 
público. Ex.: FUNASA (Fundação Nacional da Saúde), FUNARTE (Fundação 
Nacional das Artes), FUNAI (Fundação Nacional do Índio), FBN (Fundação 
Biblioteca Nacional), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPEA 
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), FUB (Fundação Universidade de 
Brasília), etc. 
Se observarmos o art. 41, CC, que arrola as pessoas jurídicas de direito 
público, vamos concluir que ele não menciona a “fundação”, como sendo uma de 
suas espécies. No entanto, segundo a doutrina, as fundações públicas estariam 
implícitas na expressão “demais entidades de caráter público criadas por lei”. E 
Constituição Federal de 1988, em especial após a Emenda Constitucional n° 19/98 
(art. 37, XIX), reforçou esta posição. 
 Observação 01. Sobre este tema, os civilistas são bem objetivos: fundação 
pública é uma pessoa jurídica de direito público interno (apesar de não haver 
previsão expressa neste sentido). Ponto! Porém... para os administrativistas a 
coisa não é tão simples (vou falar sobre isso de forma superficial, pois o tema não 
traz interesse maior ao Direito Civil). Para o Direito Administrativo a posição mais 
aceita é que existem duas espécies de fundação pública: 
a) Fundação pública com personalidade jurídica de direito público: 
criada diretamente pela edição de uma lei específica (Poder Legislativo). Ela 
adquire personalidade jurídica com a vigência da lei instituidora. Na realidade ela 
é espécie do gênero autarquia (também chamada de fundação autárquicas ou 
autarquia fundacional), sujeitando-se ao regime jurídico do direito público 
(idêntico ao das autarquias), com todas as suas prerrogativas e restrições. 
Segundo a doutrina somente esta espécie pertenceria ao direito público. 
b) Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado: há 
uma autorização dada em lei para criação da entidade; após isso o Poder Executivo 
elabora os atos constitutivos da fundação e a seguir deve providenciar a inscrição 
no registro competente. Somente após esse registro ela adquire a personalidade. 
Possui um caráter híbrido: parte regulada pelo direito privado e parte pelo direito 
público. Segundo a doutrina ela pertence ao direito privado (seus bens não são 
públicos, não estão sujeitas ao regime de precatórios, etc.). 
 Observação 02. Segundo a doutrina (principalmente ligada ao Direito 
Administrativo), todos os temas que falamos acima são espécies de autarquias. 
Explico! Há quem sustente que autarquia representa um gênero, sendo 
dividida em: 
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a) Autarquias comuns ou ordinárias: são aquelas a que nos referimos 
mais acima como item autônomo. 
b) Autarquias sob regime especial: são aquelas em que a lei instituidora 
prevê determinados instrumentos aptos a lhes conferir maior grau de autonomia 
perante o Poder Público do que as autarquias comuns. Os exemplos clássicos são 
o BACEN (Banco Central do Brasil) e a USP (Universidade de São Paulo). Embora 
não haja uma previsão expressa da lei, também estão incluídas nesse item as 
agências reguladoras, entidades que possuem alto grau de especialização 
técnica, incumbidas de regular e/ou fiscalizar a prestação de certos serviços de 
grande interesse público (ou seja, de deveres específicos do Estado, que podem 
implicar na restrição da liberdade empresarial em prol do interesse público, 
impedindo práticas anticoncorrencial e de abuso do poder econômico, protegendo 
os interesses dos usuários e assegurando a universalização dos serviços públicos). 
O Estado, ao invés de assumir diretamente o exercício de uma atividade 
empresarial, intervém nessas atividades de domínio econômico, utilizando 
instrumentos de autoridade. Por terem natureza autárquica (administração 
indireta) devem ser constituídas por meio de lei de iniciativa exclusiva do Poder 
Executivo. Ex.: ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), ANEEL (Agência 
Nacional de Energia Elétrica), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), ANP 
(Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), ANA (Agência 
Nacional de Águas), etc. Fala-se, também em “agências executivas”. Estas, no 
entanto, não são uma espécie de entidade, mas sim uma qualificação que pode 
ser conferida pelo poder público às autarquias em geral ou às fundaçõespúblicas 
que com ele celebrem contrato de gestão (art. 37, §8°, CF/88; ver também o art. 
51 da Lei n° 9.649/98). Ou seja, se uma autarquia cumpre determinadas metas 
estabelecidas em um contrato, o Poder Público a qualifica como agência executiva. 
Com isso amplia-se a sua autonomia gerencial, orçamentária e financeira (sem 
prejuízo, é evidente, do controle a que se sujeitam todas as entidades da 
administração indireta). 
c) Autarquias fundacionais (há quem as chame de fundações 
autárquicas): são as fundações públicas com personalidade de direito público a 
que nos referimos acima. Na realidade o regime jurídico a que se sujeitam estas 
fundações e as autarquias comuns é idêntico. A diferença é simplesmente 
conceitual: define-se as autarquias como um serviço público personificado, em 
regra típico do Estado e estas fundações como um patrimônio personalizado 
destinado a finalidade específica de interesse social. 
d) Associações públicas: são os consórcios públicos que falamos acima. 
 Observação 03. Há ainda quem acrescente outras duas espécies de 
autarquias: a) autarquias territoriais: são os territórios federais, responsáveis 
pela execução dos serviços públicos em determinadas áreas geográficas; b) 
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autarquias corporativas (ou profissionais): exercem o poder de polícia sobre 
determinadas profissões. Ex.: Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho 
Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Conselho Regional de Corretores de 
Imóveis, etc. O STF considerou que tais órgãos de fiscalização profissional são 
tidos como autarquias, integrantes da Administração Pública, sendo, por tal 
motivo, seus servidores selecionados por concurso público (aplicam-se as regras 
das pessoas jurídicas de direito público). No tocante à Ordem dos Advogados 
do Brasil (OAB), desde o julgamento da ADI 3.026/DF (Rel. Min. Eros Grau – 
2006), era considerada como categoria ímpar das personalidades jurídicas 
existentes (“serviço público independente”), não sendo autarquia e não se 
submetendo ao Poder Público (não é parte da Administração Pública) e, por 
consequência, não se lhe exigindo concurso público para contratação de 
funcionários. No entanto, o Informativo 837 do STF, ao comentar o RE 
595.332/PR (Rel. Min. Marco Aurélio – 2016), que a OAB é uma autarquia 
corporativista. Já o acórdão deixou claro que: “Compete à Justiça Federal 
processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil, quer mediante 
o Conselho Federal, quer seccional, figure na relação processual”, atraindo a 
incidência do art. 109, I, CF/88. 
DIFERENÇAS BÁSICAS: AUTARQUIA X FUNDAÇÃO PÚBLICA 
 AUTARQUIAS FUNDAÇÕES 
Atribuições 
Atividades típicas (exclusivas) 
ou atípicas da Administração. 
Atividades atípicas da 
Administração. 
Regime Jurídico 
Apenas Direito Público. Direito Público ou Privado. 
Dotação 
Patrimonial 
Exclusivamente público. públicoExclusivamente ou 
público e privado 
Espécies 
Comuns, especiais, fundacionais, 
associações públicas (além das 
territoriais e corporativas). 
Fundações de Direito Público 
Direitodee(autárquicas)
Privado. 
 Observação 04. A doutrina majoritária entende que as fundações públicas 
não estão sujeitas ao controle e fiscalização do Ministério Público (art. 66, 
CC), pois estas, integrando a administração pública indireta, estão sujeitas ao 
controle da administração direta. No entanto há uma decisão do STF (ADIN 2794-
8) que entende que “é atribuição do Ministério Público Federal a veladura pelas 
fundações federais de direito público (...)”. Assim, deve-se tomar muito cuidado 
ao resolver questões com essa afirmação, pois após a decisão do Supremo, a 
tendência é a de se considerar que o Ministério Público também “vele” (em sentido 
amplo) por todas as espécies de fundações (de forma contrária ao meu 
entendimento). 
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II. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO 
 
A pessoa jurídica de direito privado é instituída por iniciativa dos 
particulares em geral. Segundo o art. 44, CC, são pessoas jurídicas de direito 
privado I. as associações; II. as sociedades; III. as fundações; IV. as 
organizações religiosas (incluído pela Lei n° 10.825/03); V. os partidos políticos 
(incluído pela Lei n° 10.825/03); e VI. as empresas individuais de 
responsabilidade limitada – EIRELI (incluído pela Lei n° 12.441/11). 
OBSERVAÇÕES  
01) Segundo a doutrina os sindicatos entram no item “associação”, pois o 
Enunciado 142 das Jornadas de Direito Civil do CJF afirma que o sindicato possui 
natureza associativa. 
02) Enunciado 144 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “A relação das 
pessoas jurídicas de Direito Privado, constante do art. 44, incisos I a V, do Código 
Civil, não é exaustiva” (ou seja, é apenas exemplificativa, podendo ser 
reconhecidas outras espécies pessoas de direito privado, tais como as 
cooperativas e as entidades desportivas). 
1. FUNDAÇÕES PARTICULARES (arts. 62 até 69, CC) 
Segundo a doutrina as fundações são universalidades de bens (resultam 
da afetação de um patrimônio e não da união de indivíduos), personificados, em 
atenção ao fim que lhes dá unidade. Exemplos: Fundação São Paulo 
(mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Fundação Ayrton 
Senna, etc. Portanto, dois são seus elementos fundamentais: A) Patrimônio; 
B) Finalidade (que é imutável e não pode visar lucro). 
As fundações podem ser criadas a partir de ato inter vivos (contrato de 
doação na forma de escritura pública, não podendo ser feito por instrumento 
particular, sob pena de não gerar efeitos) ou causa mortis (testamento). Como 
lei não exige uma forma específica de testamento, pode ser público ou particular. 
Fundação é o complexo de bens livres colocados por uma pessoa física ou 
jurídica, a serviço de um fim lícito e determinado, com alcance social pretendido 
por seu instituidor, de modo permanente e estável e em atenção ao disposto 
em seu estatuto. Uma pessoa (natural ou jurídica) separa parte de seu patrimônio, 
criando a fundação para atingir objetivo não-econômico. A partir de sua criação, 
o patrimônio da fundação não pertence mais à pessoa que a criou, uma vez que 
passa a ter personalidade própria. Ex.: a Fundação Roberto Marinho não pode 
ser confundida com a Rede Globo de Televisão. 
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Há duas maneiras de formação das fundações: direta (o próprio 
instituidor cuida de todo o necessário e depois a administra) e fiduciária (o 
instituidor delega a outrem a organização e administração da obra projetada). A 
fundação criada por ato inter vivos em geral é direta (embora mais raramente 
também possa se revestir da forma fiduciária). Já a fundação instituída causa 
mortis (testamento) é criada e administrada de forma fiduciária. 
De acordo com o parágrafo único, do art. 62, CC (redação dada pela 
Lei n° 13.151/15) a fundação somente poderá constituir-se para fins de 
assistência social, cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, 
educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, defesa, preservação e 
conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável, 
pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de 
sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos 
técnicos e científicos, promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos 
direitos humanos e atividades religiosas. Segundo o Enunciado n° 9 das Jornadas 
de Direito Civil do CJF esse dispositivo (agora ampliado) “deve ser interpretadode 
modo a excluir apenas as fundações com fins lucrativos”. 
Para a criação de uma fundação pressupõem-se: 
 Dotação de bens livres: o instituidor destina determinados bens que 
comporá o patrimônio da fundação, apto a produzir rendas ou serviços que 
possibilite alcançar os objetivos visados. Podem ser imóveis ou móveis 
(veículos, computadores, inclusive dinheiro), desde que sejam “bens livres”, 
ou seja, desembaraçados, que não estejam hipotecados, penhorados, nem 
sejam bem de família. Resumindo: bens que podem ser alienados sem 
prejuízo de terceiros. 
 Elaboração de estatutos com base em seus objetivos. Eles devem ser 
submetidos à apreciação do Ministério Público estadual que os fiscalizará. O 
próprio MP pode elaborar os estatutos, caso o mesmo não seja feito por quem 
de direito. 
 Embora não se possa alterar a finalidade pela qual a fundação foi 
instituída (objetivo imutável), pode haver a reforma dos seus estatutos, 
desde que (art. 67, CC): a) seja deliberada por dois terços dos competentes 
para gerir e representar a fundação; b) não contrarie ou desvirtue o seu fim; 
c) seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 
dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz 
supri-la, a requerimento do interessado. Se não houver unanimidade da 
alteração do estatuto, de haver a impugnação pela minoria vencida no prazo 
decadencial de 10 dias (art. 68, CC). 
 Especificação dos fins (como enumerado acima, previsto no parágrafo único, 
do art. 62, CC). A contrário senso, não pode ter finalidade econômica ou fútil 
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e, a exemplo da associação, se gerar receita, esta deve ser revertida para ela 
mesma. 
 Previsão do modo de administrá-la: embora seja interessante que a 
fundação preveja o modo pelo qual ela deva ser administrada, este item não 
é essencial para sua existência (trata-se de uma faculdade do instituidor). 
 Resumindo e exemplificando. José decide instituir uma fundação para 
incentivar determinada pesquisa científica. Inicialmente ele vai até um Cartório de 
Notas e, por meio de escritura pública, doa R$ 2 milhões para custear a fundação 
(é chamada dotação especial de bens livres). Em seguida é elaborado o estatuto 
da fundação, que deve ser submetido à análise do Ministério Público. Sendo 
aprovado o estatuto será registrado no cartório de Registro Civil de Pessoas 
Jurídicas (RCPJ) e a fundação passa a ter existência legal. 
Nascimento: como vimos, as fundações nascem com o registro de seus atos 
constitutivos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 
Características 
 Seus bens, em regra, são inalienáveis (não podem ser vendidos ou doados) 
e impenhoráveis (não pode recair penhora). Para uma eventual venda de 
seus bens é necessário ingressar com uma ação judicial, onde é consultado o 
Ministério Público. Posteriormente o Juiz decide, determinando se é ou não 
caso de venda desses bens. Como regra o produto da venda deve ser aplicado 
na própria fundação. 
 O fundador é obrigado a transferir para a fundação a propriedade sobre 
os bens dotados; se não o fizer, os bens serão registrados em nome dela 
por ordem judicial. 
 Não há sócios. 
 Os estatutos são suas leis básicas. 
 Os administradores devem prestar contas ao Ministério Público. 
Supervisão das Fundações Privadas 
As fundações privadas são supervisionadas pelo Ministério Público do 
Estado onde estiverem situadas (art. 66, CC), através da curadoria das 
fundações, que deve zelar pela sua constituição e funcionamento. Se estenderem 
a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao 
respectivo Ministério Público (art. 66, §2°, CC). 
 ATENÇÃO  O art. 66, §1°, CC foi alterado pela Lei n° 13.151/15. O 
dispositivo anterior havia sido alvo de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade 
(ADIN 2794-8), sendo que o Supremo Tribunal Federal declarou sua 
inconstitucionalidade. Atualmente a lei determina que se a fundação funcionar no 
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Distrito Federal ou em Territórios, a competência para fiscalização é do Ministério 
Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). 
Imunidade: as fundações privadas que se caracterizem como entidades 
educacionais e assistenciais podem gozar de imunidade tributária, nos termos do 
art. 150, VI, “c”, CF/88, desde que cumpram alguns requisitos legais. 
Término 
Não há um prazo determinado para o funcionamento de uma fundação. No 
entanto, nada impede que o próprio instituidor estabeleça um prazo para esse 
funcionamento. Por outro lado, as fundações serão extintas se (art. 69, CC): a) 
tornarem-se ilícitas (o Ministério Público pode ingressar com ação visando sua 
extinção), impossíveis ou inúteis as suas finalidades; b) vencido o prazo de sua 
existência. 
Uma vez extinta a fundação, o destino do seu patrimônio será o previsto 
nos estatutos. Caso os estatutos sejam omissos, seu patrimônio será destinado, 
por determinação judicial, a outras fundações com finalidades semelhantes. 
2. PARTIDOS POLÍTICOS 
Os partidos políticos são entidades integradas por pessoas com ideias 
comuns (pelo menos em tese...), tendo por finalidade conquistar o poder para a 
consecução de um programa. São associações civis que visam assegurar, no 
interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e 
defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. De acordo 
com o art. 17, §2°, CF/88 e a Lei n° 10.825/03, os partidos políticos, embora 
tenham um caráter público, passaram a ser considerados como pessoas jurídicas 
de direito privado, tendo natureza de associação civil. Os estatutos devem 
ser registrados no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Jurídicas da 
Capital Federal e no Tribunal Superior Eleitoral (Lei n° 9.096/95). 
3. ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS 
As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado, 
formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto, por meio de doutrina 
e ritual próprios, para manifestação da espiritualidade humana. A lei deixa bem 
claro que elas são pessoas jurídicas de direito privado, tendo também 
natureza de associação civil. Não podem ter finalidade econômica. É vedado 
ao poder público negar-lhe o reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos 
necessários a seu funcionamento (art. 44, §1°, CC em consonância com o art. 5°, 
VI, CF/88). No entanto, sua autonomia não é absoluta. Enunciado 143 da III 
Jornada de Direito Civil do CJF: A liberdade de funcionamento das organizações 
religiosas não afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional 
de seu registro, nem a possibilidade de reexame pelo Judiciário da 
compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos. 
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 Enunciado 142 da III Jornada de Direito Civil do CJF: “Os partidos 
políticos, os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza 
associativa, aplicando-se-lhes o Código Civil”. 
4. ASSOCIAÇÕES (arts. 53 até 61, CC) 
As associações são caracterizadas pela união de pessoas que se 
organizam para fins não econômicos (comunhão de esforços para um fim 
comum). Possui uma delimitação mais ampla que a fundação. A associação pode 
ser de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas (ex.: ABIA  Associação Brasileira 
das Indústrias da Alimentação, etc.). 
O órgão máximo da associação não é o diretor-presidente, mas a 
Assembleia Geral. Sua competência e atribuições encontra-se estabelecido no 
art. 59, CC. O membro da associação é o associado. Ele possui um vínculo direto 
com afinalidade da associação, não possuindo qualquer vínculo com os demais 
associados. 
Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocas (art. 
53, e seu parágrafo único, CC), de forma diversa das sociedades, onde há este 
vínculo. É direito básico do associado votar e ter acesso às estruturas 
culturais/recreativas, não se podendo criar uma forma de associado que não tenha 
esses direitos mínimos. No entanto é possível a existência de uma categoria 
de associados com vantagens especiais (art. 55, CC), tais como o associado 
remido (que não paga taxa de administração), etc. 
Salvo autorização estatutária, é vedada a transmissibilidade da qualidade 
de associado (art. 56, CC). É admissível a exclusão de um associado se houver 
justa causa nos termos do estatuto, após o trâmite de um procedimento 
administrativo que assegure o contraditório e a ampla defesa, bem como recurso 
(art. 57, CC); trata-se do “devido processo legal privado”: eficácia horizontal dos 
direitos fundamentais. 
As associações, de acordo com a sua finalidade, podem ser classificadas 
em três grupos: a) interesse pessoal dos próprios associados, sem objetivo de 
lucro (ex.: associações científicas, religiosas, recreativas, esportivas, literárias; b) 
realização de uma obra estranha ao interesse pessoal dos associados, e que fique 
sob a dependência da associação ou se torne dela autônoma (ex.: associações 
pias ou beneficentes, educacionais, políticas); embora seus associados possam 
visar interesse pessoal, sua finalidade primordial é a de prover uma obra de 
caridade em benefício de terceiros; c) quando ficam subordinadas a uma obra 
dirigida autonomamente por terceiras pessoas (ex.: utilidade pública). Portanto 
seu objeto é bem mais amplo do que o das fundações. 
O art. 5° da CF/88 (incisos XVII a XXI), ao dispor sobre as associações, 
estabelece que: a) é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de 
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caráter paramilitar; b) a criação de associações e, na forma da lei, a de 
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em 
seu funcionamento; c) as associações só poderão ser compulsoriamente 
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no 
primeiro caso, o trânsito em julgado; d) ninguém poderá ser compelido a associar-
se ou permanecer associado (o STF já decidiu que ninguém pode ser obrigado a 
pagar mensalidade de “associação de moradores” se não tem interesse nos 
serviços oferecidos – RE 431.106); e, e) as entidades associativas, quando 
expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados 
judicial ou extrajudicialmente. 
O fato de uma associação possuir determinado patrimônio e realizar 
negócios para aumentar esse patrimônio não a desnatura, pois não irá 
proporcionar ganhos pessoais aos associados. Portanto, elas não estão impedidas 
de gerar renda para manter sua existência ou aumentar suas atividades. O que 
não se admite é que a renda auferida seja partilhada na forma de lucro entre os 
associados. Ex.: associação esportiva que monta um restaurante em sua sede e 
uma loja de artigos esportivos para venda (camisetas, bolas, distintivos, réplicas 
de troféus e medalhas conquistadas, etc.). Estabelece o Enunciado 534 da VI 
Jornada de Direito Civil do CJF: “As associações podem desenvolver atividade 
econômica, desde que não haja finalidade lucrativa”. 
O ato constitutivo da associação é o seu estatuto que deve conter os 
requisitos mínimos do art. 54, CC. Esse estatuto deve ser registrado no Registro 
Civil de Pessoas Jurídicas. Com ele passa a ter aptidão para ser sujeito de direitos 
e obrigações, possuindo capacidade patrimonial e adquirindo vida própria, que não 
se confunde com a de seus membros. Se não houve registro a associação existe, 
mas será considerada irregular (associação não personificada); será tida como 
mera relação contratual disciplinada pelo seu estatuto. A convocação dos órgãos 
deliberativos deve ser feita na forma do estatuto, garantindo-se a 1/5 dos 
associados o direito de promovê-la. 
Finalmente, estabelece o art. 61, CC que dissolvida a associação, o 
remanescente do seu patrimônio líquido será destinado à entidade de fins não 
econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos 
associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou 
semelhantes. 
Observação: A doutrina afirma que os sindicatos têm natureza associativa. 
No entanto eles possuem um viés de representação política de uma categoria. 
Já as associações têm um cunho cultural, esportivo, artístico, sem uma 
competência legal para representação da categoria, mas tão somente de 
associados a ela. 
 
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 ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DE INTERESSE PÚBLICO. TERCEIRO SETOR 
Terceiro Setor é uma terminologia sociológica que dá significado a todas 
as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. A 
expressão é uma tradução do inglês third sector, vocábulo muito utilizado nos 
Estados Unidos para definir as diversas organizações sem vínculos diretos com 
o Primeiro Setor (setor público, o Estado) e o Segundo Setor (setor privado, o 
mercado). Em outras palavras, o terceiro setor é o conjunto de entidades da 
sociedade civil com fins públicos e não lucrativos. Ex.: ONG e OSCIP. 
 ONGS (Organizações Não Governamentais) são grupos organizados, sem 
fins lucrativos, constituídas formal e autonomamente, caracterizadas por 
ações de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo 
exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas das 
condições da cidadania. Por não terem finalidade econômica, organizam-se 
como fundações ou associações. 
 OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público): é um 
título fornecido pelo Ministério da Justiça, cuja finalidade é facilitar o 
aparecimento de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e 
órgãos públicos (federal, estadual e municipal), permitindo que doações 
realizadas por empresas possam ser descontadas no imposto de renda. Na 
realidade OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um 
certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento 
de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de normas de 
transparência administrativas. Em contrapartida, podem celebrar com o poder 
público os chamados termos de parceria, desde que os seus objetivos sociais 
e as normas estatutárias atendam os requisitos da lei. Esses termos também 
preveem sanções e penalidades em caso de descumprimento das obrigações 
assumidas. Elas são reguladas pela Lei n° 9.790/1999 (com as alterações 
da Lei n° 13.019/2014). Um grupo só recebe a qualificação de OSCIP depois 
que o estatuto da instituição que se pretende formar tenha sido analisado e 
aprovado pelo Ministério da Justiça. A OSCIP deve cumprir todas os requisitos 
previstos no Código Civil para a constituição de associação. Além disso, deve 
se enquadrar em categorias como: promoção da assistência social; promoção 
da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; promoção 
gratuita da educação; promoção gratuita da saúde; meio ambiente, etc. 
OSCIP X ONG. De modo geral, a OSCIP é uma qualificação jurídica atribuída 
a uma entidade privada (sem fim lucrativo) que atua em área típica do setor 
público com interesse social; há previsão expressa na lei. Já a ONG não tem 
previsão legal expressa; trata-se de uma sigla (e não um tipo específico de 
organização) usada de maneira genérica para identificar organizações do 
terceiro setor sem fins lucrativos e cumprindo umpapel de interesse público. 
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Assim, OSCIP é o reconhecimento oficial e legal de uma ONG. Em parceria 
com o poder público, utilizará recursos privados e públicos para suas finalidades, 
dividindo o encargo administrativo e de prestação de contas. Trata-se de uma 
opção institucional e não uma obrigação. Finalizando, pode-se afirmar que toda 
OSCIP é uma ONG, mas nem toda a ONG é uma OSCIP (pois uma ONG pode 
não ter a qualificação, seja por que não preenche os requisitos legais, seja porque 
assim não deseja ser reconhecida). 
5. SOCIEDADES 
Sociedade é espécie de corporação dotada de personalidade jurídica própria 
e instituída por meio de um contrato social (que é o seu ato constitutivo), com 
o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar lucros. Assim, duas ou 
mais pessoas, visando realizar negócios lucrativos, resolvem criar uma entidade e 
aplicar nela dinheiro e serviço, formalizando por escrito o ato constitutivo; ao se 
tornarem sócias elas passam a ter o direito de participar dos resultados 
econômicos da entidade criada. Ela está prevista em outro tópico do Código Civil, 
dentro do Livro II da Parte Especial (Do Direito de Empresa), a partir do art. 981. 
Prevê este dispositivo: “Celebram contrato de sociedade as pessoas que 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício 
de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo 
único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios 
determinados”. 
Características das Sociedades em Geral 
 Pluralidade: devem ser formadas por duas ou mais pessoas. A lei admite 
exceções, as chamadas sociedades unipessoais que veremos adiante, as 
quais possuem apenas um sócio. 
 Affectio Societatis: intenção específica dos sócios em constituir a 
sociedade, com personalidade distinta da de seus membros e permanecerem 
unidos, para a execução de uma ou mais atividades econômicas. 
 Exploração da atividade econômica: devem ter o propósito de executar 
atividades ligadas à produção ou circulação de bens ou serviços. 
 Contribuição de bens ou serviços: o capital social de ser constituído, 
mediante contribuição de seus sócios, tanto em forma de bens (dinheiro, 
imóveis, veículos, aparelhos, etc.), como em serviços (trabalho a ser 
desenvolvido com conhecimentos técnicos especiais em benefício da 
sociedade). Observação: a possibilidade de contribuição em serviços não é 
admitida em algumas espécies de sociedades, como nas sociedades limitadas 
e nas sociedades por ações. 
 Partilha dos resultados: devem ter o intuito de gerar novos recursos para 
serem distribuídos entre os sócios. O atual Código Civil deixou bem claro 
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que a finalidade lucrativa é o que distingue uma associação de uma 
sociedade. Tanto isso é verdade que o art. 1.008, CC estabelece que é nula 
a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e 
das perdas (princípio da vedação de cláusula leonina). Atenção: repartir o 
lucro de forma diferenciada não viola a lei; o que é proibido é que algum sócio 
seja excluído da participação nos lucros. 
Natureza das Sociedades 
A) SOCIEDADES EMPRESÁRIAS (anteriormente chamadas de sociedades 
comerciais)  são as que visam finalidade lucrativa (lucro repartido entre os 
sócios), mediante exercício de atividade mercantil (ex.: compra e venda 
mercantil). Segundo o art. 982, CC, “salvo exceções expressas, considera-se 
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de 
empresário sujeito a registro (Registro Público de Empresas Mercantis); e simples 
as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se 
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. 
Requisitos da Sociedade Empresária 
 Material: toda sociedade empresária realiza uma atividade econômica 
organizada (atividade empresarial), nos termos do art. 966: Considera-se 
empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não 
se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza 
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa. 
 Formal: registro na Junta Comercial (Registro Público de Empresa). 
B) SOCIEDADES SIMPLES (anteriormente chamadas de sociedades civis)  
também visam fim econômico (lucro), mediante exercício de atividade não 
mercantil. Em regra, são constituídas por profissionais de uma mesma área, ou 
por prestadores de serviços técnicos. Ex.: escritório de advocacia, sociedade 
imobiliária, clínica dentária, etc. Seus atos constitutivos devem ser inscritos no 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ). São regidas pelas normas previstas na 
Parte Especial do Código (arts. 997 a 1.038), que disciplina seu contrato social, 
direitos e obrigações dos sócios, sua administração, dissolução, etc. 
 Observação. Diferenças. Ambas têm como finalidade a obtenção de 
lucro. No entanto na sociedade simples não existe atividade típica empresária 
(que se dá com a produção ou circulação de bens ou serviços). Atualmente vêm-
se utilizando as expressões: organização e atividade (ao invés de objeto) para 
distinguir a sociedade empresária da simples. Ou seja, a classificação se dá em 
função do exercício da atividade econômica organizada para a produção ou 
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circulação de bens ou serviços. Havendo a organização dos fatores de produção 
(capital, mão de obra, tecnologia e insumos) se considera caracterizada a empresa 
e o empresário será quem a exerce. 
 Sociedade Empresária é aquela que conjuga os requisitos do art. 982, CC. 
Além disso, há uma impessoalidade, pois seus sócios atuam como meros 
articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria 
prima), a exemplo de um banco ou de uma revendedora de veículos. O seu 
registro é feito na Junta Comercial e sujeitam-se à legislação falimentar. 
 Sociedade Simples tem como característica principal a pessoalidade: os 
seus sócios não são meros articuladores de fatores de produção, uma vez que 
eles prestam e supervisionam direta e pessoalmente a atividade 
desenvolvida. Em geral, são sociedades prestadoras de serviços, a 
exemplo da sociedade de advogados, médicos, engenheiros, etc. O seu 
registro é feito, em geral, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (CRPJ). Uma 
banca de advocacia, por maior que seja, sob o aspecto material, é uma 
sociedade simples, adquirindo personalidade jurídica com o registro aprovado 
de seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB onde tiver sua sede 
(e não na Junta Comercial). 
Tipos Societários 
Tanto as sociedades empresárias como as sociedades simples podem 
assumir os seguintes tipos societários: 
 Sociedade em Comandita Simples (C/S). 
 Sociedade em Nome Coletivo (N/C). 
 Sociedade Limitada (Ltda). 
 Sociedade Anônima (S/A). 
 Sociedade em Comandita por Ações (C/A). 
As sociedades simples que não adotarem um desses tipos serão regidas 
pelas normas próprias das sociedades simples (art. 983, segunda parte, CC e 
arts. 997 até 1.038, CC). 
Observações Importantes  
01) Sociedade Simples e Sociedade Empresária não são tipos societários, mas 
sim naturezas de sociedades. A sociedade simples possui regras próprias de 
funcionamento (arts. 997/1.038,CC). Já a sociedade empresária não possui 
regras próprias, mas pode assumir algum dos tipos societários (arts. 1.039 a 
1.092, CC). A Sociedade Anônima e a Sociedade em Comandita por Ações terão 
sempre natureza empresarial. 
02) A Sociedade Simples também pode optar por adotar qualquer dos tipos 
societários previstos na lei, inclusive as sociedades por ações. 
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03) Toda Sociedade por Ações (S/A e C/A) é uma sociedade empresária, 
independentemente de seu objeto (seja ele de natureza simples ou de natureza 
empresária). Dessa forma, se uma Sociedade Simples adotar o tipo societário 
Sociedade Anônima (que é sociedade por ações) será considerada 
automaticamente como Sociedade Empresária por força de lei (primeira parte do 
parágrafo único do art. 982, CC), estando sujeita às regras de registro empresarial 
próprio, à escrituração própria e obrigatória do empresário, à Lei das S/A e de 
Falências, etc. 
04) A Sociedade Cooperativa é equiparada à sociedade simples, 
independentemente de seu objeto (art. 982, parágrafo único, CC). Ainda assim, 
segundo a doutrina e a jurisprudência, devem registrar seus atos na Junta 
Comercial, sendo regulada pelos arts. 1093 a 1096, CC e pela Lei n° 5.764/71 
(Lei das Cooperativas). 
É possível a sociedade entre cônjuges? O art. 977, CC faculta aos cônjuges 
contratar sociedades, entre si ou com terceiros, desde que não sejam casados 
sob o regime da comunhão universal de bens, ou do da separação 
obrigatória. 
É possível a existência de uma sociedade que tenha apenas um sócio? 
Nossa legislação admite, em situações excepcionais, que uma sociedade possa 
ser formada por apenas um sócio (sociedade unipessoal). Hipóteses: 
 Sociedade Unipessoal Temporária do art. 1.033, IV, CC: digamos que a 
sociedade tenha dois sócios e um deles morreu. Essa sociedade poderá 
funcionar normalmente com apenas um sócio durante 180 dias. Após esse 
prazo, se não for regularizada será extinta. No entanto, atualmente o sócio 
remanescente tem a opção de transformar o registro de sociedade em registro 
de empresário individual de responsabilidade limitada (EIRELI). 
 Sociedade Unipessoal Temporária do art. 206, I, “d” da Lei das S/A: 
permite-se o funcionamento de uma sociedade por ações com apenas um sócio 
até a próxima assembleia geral (que é anual). Após isso, se não for 
regularizada a situação, dissolve-se a Companhia. 
 Sociedade Subsidiária Unipessoal Integral (art. 251, da Lei das S/A): 
segundo esse dispositivo uma sociedade por ações pode ser formada por 
apenas um sócio quando esse for uma sociedade brasileira. 
 Empresa Pública Unipessoal: é possível a criação de uma empresa, sendo 
que todos os recursos pertencem a somente um ente da Federação; sua 
criação depende de prévia autorização legislativa (art. 37, XX, CF/88), como 
no caso da Caixa Econômica Federal. 
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 Atenção  As empresas públicas e as sociedades de economia mista, 
apesar de fazerem parte da administração indireta ou descentralizada e 
terem capital público, sujeitas aos princípios informadores da Administração, são 
dotadas de personalidade jurídica de direito privado. Interessante mencionar 
o art. 173, §1°, II, CF/88: “§1° A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa 
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem 
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação 
de serviços, dispondo sobre (...) II. A sujeição ao regime jurídico próprio das 
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, 
trabalhistas e tributários”. Dessa forma elas são regidas pelas normas 
empresariais, tributárias e trabalhistas, mas com as cautelas do direito público 
(sujeitam-se ao controle do Estado  administrativo, financeiro e jurisdicional, 
devendo fazer concurso público para a investidura de servidores, etc.). Podem 
perseguir fins não lucrativos, como também atividades lucrativas. 
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista 
Embora não seja matéria específica de Direito Civil (sequer estão previstas 
no Código Civil) penso que é interessante mencioná-las, nem que seja de forma 
superficial. Ambas são integrantes da administração pública indireta. No 
entanto o Decreto-Lei n° 200/67 (alterado pelo Decreto-Lei n° 900/69) as 
descreve como pessoas jurídicas de direito privado, criadas pelo Estado como 
instrumento de sua atuação no domínio econômico. Ou seja, são os chamados 
“braços do Estado-empresário”. A criação de ambas depende de lei específica. 
Após isso o Poder Público elabora os atos constitutivos e depois providencia o seu 
registro. É com o registro que ela adquire a personalidade jurídica. A doutrina 
costuma afirmar que ambas possuem “natureza híbrida”: formalmente são 
pessoas jurídicas de direito privado; no entanto elas não atuam integralmente sob 
as regras do Direito Privado. Na prática elas têm seu regime jurídico determinado 
pela natureza de suas atividades (objeto), pois ambas podem atuar na exploração 
de atividades econômicas (nessa hipótese sujeitam-se ao regime jurídico próprio 
das empresas privadas, previsto no art. 173, CF/88) ou na prestação de serviços 
públicos (nessa hipótese sujeitam-se ao regime administrativo próprio das 
entidades públicas, previsto no art. 175, CF/88). 
 Observações 
01) Embora haja uma dualidade no objeto (exploração de atividade econômica 
ou prestação de serviços públicos), segundo posicionamentos doutrinários 
modernos, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, qualquer que 
seja o objeto, não estão sujeitas à falência, por força da nova lei de falências (Lei 
n° 11.101/2005) que em seu art. 2°, I, afirma: “Esta lei não se aplica a: I. 
empresa pública e sociedade de economia mista (...)”. Outro ponto é que ainda 
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que ambas estejam sujeitas ao regime das empresas privadas (quando exploram 
atividade econômica), continuam obrigadas à licitação. 
02) O Supremo Tribunal Federal considera impenhoráveis os bens das 
empresas públicas e das sociedades de economia mista, sempre que seu objeto 
de atuação seja a prestação de serviço público de prestação obrigatória pelo 
Estado. 
 Empresas Públicas: são pessoas jurídicas de personalidade de direito 
privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo Poder Público, 
mediante autorização de lei específica a se constituir com capital próprio e 
exclusivamente público, para exploração de atividade econômica ou 
prestação de serviços públicos ou coordenadora de obras públicas, podendo 
se revestir de qualquer das formas de organização empresarial (Ltda., S/A, 
etc.). Ex.: Empresa Brasileira de Correios de Telégrafos (EBTC), Caixa 
Econômica Federal (CEF), Casa da Moeda, Serviço de Processamento de 
Dados (SERPRO), EMURB, etc. 
 Sociedades de Economia Mista: são pessoas jurídicas integrantes da 
administração indireta, mas também de personalidade de direito privado, 
instituídas pelo Poder Público mediante autorização legal, constituídas com 
patrimônio público e particular, destinadas à exploração de atividades 
econômicas ou serviços de interesse coletivo (públicos), sendo que sua forma 
é sempre a de uma Sociedade Anônima. Embora haja a conjugação de 
capital público e privado, as ações com direito a voto (controle acionário) 
devem pertencer em sua maioria ao Poder Público. Ex.: Banco do Brasil, 
Petrobrás, etc. 
Diferenças Empresa Pública Sociedade de Economia Mista 
Forma 
Jurídica 
Pode revestir-se de

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