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Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem PERT/CPM D I S C I P L I N A : CAPÍTULO 3: CÁLCULOS NO DIAGRAMA DE SETAS 3-2 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 O Diagrama de Setas é também conhecido por método ame- ricano ou diagrama IJ. Nele a seta representa a atividade, e o círcu- lo representa o evento, isto é, a situação em que todas as atividades que chegam ao evento estão realizadas e podem-se iniciar todas as atividades que dele saem. A seta tracejada é utilizada nesse dia- grama para mostrar dependência entre as atividades nas quais o traçado da rede é complexo. Diz-se, então, que a seta tracejada re- presenta uma atividade fantasma de duração zero. Figura 3-1: Representação utilizada no Diagrama de Setas. Comparado ao Diagrama de Precedências, o Diagrama de Se- tas tem uma aparência visual melhor no que se refere a demonstrar as interdependências. Ademais, quando feito em escala, a vanta- gem fica mais nítida, além de mostrar o posicionamento no tempo. A desvantagem é a dificuldade de se montar uma rede de alguma complexidade e se modificar uma rede já existente. 3�1 O EXEMPLO BÁSICO Toda a teoria deste capítulo está desenvolvida sobre um úni- co exemplo mostrado na figura 3-2. 3-3 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Figura 3-2: Rede básica. 3.1.1 CONCEITOS ● Tempo Mais Cedo do Evento (TC): é a menor data de ocorrência do evento, desde que as atividades anteriores se desenvolvam nas durações previstas; 3-4 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 ● Tempo Mais Tarde do Evento (TT): é a maior data em que o evento pode ocorrer sem atrasar a conclusão do projeto; ● Caminho Crítico: é o caminho de maior duração de um projeto. É definido por uma sequência de eventos tal que a diferença TT – TC de cada evento é o menor valor, entre todos os outros não pertencentes ao Caminho Crítico. 3�2 SEQUÊNCIA DE CÁLCULO E FÓRMULAS Na figura 3-3 mostra-se como se calculam as datas do Dia- grama de Setas. 3-5 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Figura 3-3: Sequência de cálculo de datas dos eventos no Diagrama de Setas. 3.2.1 O RELATÓRIO PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES O desenho final obtido na figura 3-3 para o Diagrama de Setas contém datas para os eventos. Não existem ali, explicitamen- te, todas as datas e folgas para cada atividade (por exemplo, o desenho não mostra que PDT da atividade B é o dia 1). 3-6 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Certamente as datas das atividades também são importantes. Quando se trabalha com o Diagrama de Setas, podem-se ter as datas das atividades de duas formas: ● No próprio diagrama; ● Numa tabela confeccionada à parte. Seguramente, a primeira opção é melhor. Todavia, ela tor- na o desenho bastante “pesado”, pelo excesso de informações. A seguir apresenta-se o relatório programação das atividades para a rede da figura 3-4 na tabela 3-1. Tabela 3-1: Programação das atividades. Programação das atividades Id Duração PDI PDT UDI UDT FL FT A 2 1 2 1 2 0 0 B 1 1 1 3 3 1 2 C 2 3 4 3 4 0 0 D 1 3 3 4 4 1 1 E 1 5 5 5 5 0 0 3-7 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Figura 3-4: Sequência de cálculo de datas das atividades no Diagrama de Setas e no quadro de programação das atividades. 3.2.2 CONCEITOS ● Primeira Data de Início (PDI): é a data em que ativi- dade pode ser iniciada caso sejam obedecidas as durações estimadas das antecessoras que definiram a sua PDI; 3-8 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 ● Primeira Data de Término (PDT): é a data de térmi- no de uma atividade que se inicia em PDI, e sua duração estima é obedecida; ● Folga Livre (FL): é a folga disponível a uma atividade tal que não prejudique as PDIs de suas sucessoras; ● Última Data de Início (UDI): é a data em que a ati- vidade deve ser iniciada, sob pena de se atrasar o projeto como um todo; ● Última Data de Término (UDT): é a data de térmi- no da atividade que se inicia em UDI e tem sua dura- ção obedecida; ● Folga Total (FT): é a folga disponível a uma atividade tal que não prejudique as UDIs de suas sucessoras; ● Caminho Crítico: é o caminho de maior duração de um projeto. É constituído de uma sequência de atividades (atividades críticas) e cada uma tem o menor valor de FT entre as atividades do projeto. 3.2.3 SEQUÊNCIAS DE CÁLCULOS E FÓRMULAS Na figura 3-4 mostra-se como se calculam as datas e as fol- gas tanto no Diagrama de Setas quanto no quadro Programação das Atividades. 3�3 O DIAGRAMA DE SETAS EM ESCALA O poder visual deste diagrama é o melhor de todos. Ele mos- tra não apenas o posicionamento no tempo de cada atividade como também as interdependências. Todavia, seu traçado manual é di- fícil, e poucos programas de computador estão aptos a traçá-lo. O 3-9 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 habitual, então, é desenhá-lo apenas em algumas poucas ocasi- ões estratégicas. Em pequenos projetos, ele pode ser desenhado diretamen- te a partir do quadro de ordenação das atividades. Para projetos acima de 100 atividades, é conveniente obtê-lo a partir de ou- tros diagramas. Na figura 3-5 mostra-se o Diagrama de Setas em Escala. Ob- serva-se que as atividades neste desenho podem ser posicionadas nas datas mais cedo ou nas datas mais tarde. O desenho mais usa- do é o obtido com as atividades posicionadas nas datas mais cedo. Figura 3-5: Diagrama de Setas em Escala. 3.3.1 USO DO CALENDÁRIO Todos os diagramas mostrados até aqui apresentam valores absolutos de tempo. Mas a maneira prática é a apresentação dia/mês/ano. Assim, é muito mais prático dizer que a PDI de uma atividade é 12 de se- tembro de 2018 do que dizer que ela se inicia no 564º dia. Essa é a forma usada por todos os programas de computador. 3-10 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 3�4 CÁLCULOS NO DIAGRAMA DE BLOCOS O Diagrama de Precedências é também conhecido por Ne- opert, Diagrama de Blocos e método francês. Nele o bloco repre- senta a atividade e as setas representam as dependências entre as atividades. A utilização desse tipo de desenho é dominante, apesar de ter sido lançado num momento em que o Diagrama de Setas era totalmente aceito. A razão disso se deve à maior facilidade de se aprender a técnica e de se montar uma rede e modificá-la poste- riormente. Ademais, todos os programas de computador adotam essa representação. Figura 3-6: Representação do Diagrama de Blocos. Toda a teoria deste capítulo está desenvolvida sobre um úni- co exemplo, mostrado na figura 3-7. 3-11 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Figura 3-7: Rede básica. 3.4.1 CONCEITOS ● Primeira Data de Início (PDI): é a data em que ativi- dade pode ser iniciada caso sejam obedecidas as durações estimadas das antecessoras que definiram a sua PDI; ● Primeira Data de Término (PDT): é a data de térmi- no de uma atividade que se inicia em PDI, e sua duração estimada é obedecida; ● Folga Livre (FL): é a folga disponível a uma atividade tal que não prejudique as PDIs de suas sucessoras; ● Última Data de Início (UDI): é a data mais tarde em que a atividade pode ser iniciada, sob pena de se atrasar o projeto como um todo; 3-12 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 ● Última Data de Término (UDT): é a data de térmi- no da atividadeque se inicia em UDI e tem sua dura- ção obedecida; ● Folga Total (FT): é a folga disponível a uma atividade tal que não prejudique as UDIs de suas sucessoras. ● Caminho Crítico: é o caminho de maior duração de um projeto. É constituído de uma sequência de atividades (atividades críticas), e cada uma tem o menor valor de FT entre as atividades do projeto. 3.4.2 SEQUÊNCIA DE CÁLCULO E FÓRMULAS Na figura 3-8 mostra-se como se calculam as datas e folgas no Diagrama de Precedências. 3-13 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Figura 3-8: Sequência de cálculo de datas e folgas no Diagrama de Precedências. 3�5 O GRÁFICO DE GANTT O Gráfico de Barras ou de Gantt é a mais antiga das moder- nas técnicas de administração de projetos. Foi desenvolvido por Henry Gantt, no princípio deste século, para atender fins militares. 3-14 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 O grande poder visual dessa técnica fez com que ela continuas- se sendo uma das mais importantes ferramentas da administra- ção de projetos. Quase todos os programas de computador têm a capacidade de traçá-lo. Sua montagem é bastante simples, o que leva à tendência de confeccioná-lo partindo-se apenas da relação das atividades. Em projetos pequenos (até 30 atividades), isso é funcional, mas em projetos maiores tal atitude pode ocasionar erros grosseiros. Para esses casos, o recomendado é obtê-lo como subproduto de um dos diagramas mostrados, ou do relatório de programação das atividades. Dessa forma consegue-se superar o principal inconveniente do Diagrama de Barras (não mostrar interdependências) e podem-se englobar nele informações importantes, como a folga total de cada atividade. Na figura 3-9 mostra-se esse diagrama aplicado ao exemplo básico. Figura 3-9: O Diagrama de Barras. 3.5.1 O USO DO CALENDÁRIO As considerações apresentadas no Diagrama de Setas são igualmente válidas para o Diagrama de Blocos. 3-15 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 3�6 ABORDAGEM ESTATÍSTICA Nas redes apresentadas até aqui, a duração estimada de cada atividade é determinística, ou seja, fornece-se um único valor para ela. No chamado “Modelo Estatístico” do PERT é possível incluir variações para a duração de cada atividade. Assim, é possível infor- mar que a duração estimada de uma atividade é de dez dias, mas que pode variar entre nove e onze dias. Essa situação é bastante diferente daquela em que a duração estimada é de dez dias, mas que pode variar entre quatro e dezesseis dias. No Modelo Estatístico, a duração de cada atividade pode va- riar, havendo uma probabilidade de ocorrência de cada valor. As durações seguem a distribuição de frequência normal ou de Gauss (conforme a figura 3-10). Para que seja perfeitamente definida, é necessário o valor da média (duração estimada) e da variân- cia. Esses valores podem ser obtidos de duas formas: ● Para atividades que já foram executadas diversas vezes, os valores da média e da variância são obtidos pelos cálculos normais estatísticos; ● Para atividades que nunca foram executadas an- teriormente, os valores da média (chamado de valor mais provável) e da variância são obtidos a partir de outros três valores de duração, que são estimados pelos responsáveis pelas ativida- des: duração otimista, duração mais provável e dura- ção pessimista. 3-16 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Figura 3-10: Durações probabilísticas. Para o cálculo do valor mais provável são utilizados pesos, tais como os seguintes: ● Duração otimista (DO): peso 1; ● Duração esperada (DE): peso 4; ● Duração pessimista (DP): peso 1. Então, tem-se: DMP = (1 x DO + 4 x DE + 1 x DP) / 6 Equação 3-1 Utilizando-se essa abordagem, o valor total da duração do projeto tem uma probabilidade de ocorrência de 50%. Por meio de cálculos estatísticos pode-se escolher um valor para a duração total que tem uma maior probabilidade de ocorrência. Para algumas situações, o modelo estatístico é obviamente o que mais se aproxima da realidade. Porém, tem como desvanta- gem a dificuldade de obtenção de dados, o que tem sido um inibi- dor para a sua utilização. 3-17 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 3�7 EXEMPLO 3.7.1 EXEMPLO 3.1 Exemplo 3.1) Aplicação ao projeto “Construção de uma Casa”. As figuras 3-11 até 3-14 apresentam os diagramas calcula- dos para o projeto “construção de uma casa”, cuja teoria foi mos- trada até aqui. Todos eles foram montados com base na tabela de dependências mostrada na tabela 3-2. Tabela 3-2: Dependências para o projeto construção de uma casa. Id Nome da tarefa Dur. Dep. A Preparo do local 2 - B Fundações 4 A C Alvenaria 4 B D Esgotos 1 B E Telhado 5 C F Piso 1 D G Instalações elétricas 3 E H Instalações hidráulicas 4 E I Carpintaria 6 E, F J Pintura interna 8 G, H, I K Pintura externa 2 I L Limpeza 1 J, K 3-18 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Figura 3-11: Gráfico de Gantt ou Diagrama de Barras. Figura 3-12: Diagrama de Setas em Escala. 3-19 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Figura 3-13: Diagrama de Setas. Figura 3-14: Diagrama de Precedências. 3-20 Gestão do Tempo em Projetos: Abordagem Pert/Cpm C Á LC U LO S N O D IA G R A M A D E S ET A S 3 Tabela 3-3: Tabela Programação das Atividades. Id Nome da tarefa Dur. PDI PDT UDI UDT FL FT A Preparo do local 2 1 2 1 2 0 0 B Fundações 4 3 6 3 6 0 0 C Alvenaria 4 7 10 7 10 0 0 D Esgotos 1 7 7 14 14 7 0 E Telhado 5 11 15 11 15 0 0 F Piso 1 8 8 15 15 7 7 G Instalações elétricas 3 16 18 19 21 3 3 H Instalações hidráulicas 4 16 19 18 21 2 2 I Carpintaria 6 16 21 16 21 0 0 J Pintura interna 8 22 29 22 29 0 0 K Pintura externa 2 22 23 28 29 6 6 L Limpeza 1 30 30 30 30 0 0