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OCORRÊNCIA DO CASCUDO Hipostomus cf. strigaticeps NO ALTO 
CURSO DO RIO SUCURIÚ, MS. 
Barbosa, N.S¹ *; Vilela, M.J.A²; Manoel, L. O¹; Souza, G. N¹; Arantes, T.B1. Souza, M. F1. 
 
¹ Curso de Ciências Biológicas UFMS/Campus Três Lagoas, e-mail: nana.stefan@gmail.com 
² UFMS/Campus Três Lagoas, Departamento de Ciências Naturais. 
 
Introdução 
O Rio Sucuriú é um dos grandes tributários da margem direita do Rio Paraná. Ao longo de seu 
curso encontram-se cachoeiras e corredeiras, nas áreas de afloramentos rochosos, e trechos mais 
lentos, em regiões de várzea, com muitos brejos e lagoas marginais. 
As espécies do Gênero Hypostomus (Ordem Siluriformes), conhecidas popularmente como 
cascudos, possuem hábito bentônico e são habitantes usuais de ambientes lênticos e lóticos (Gery, 
1969). 
As relações entre as medidas morfométricas de peixes fornecem informações muito úteis sobre 
o fenômeno de especiação, induzido por fatores bióticos e abióticos. A relação peso-comprimento é 
uma importante ferramenta no estudo da biologia e ecologia de peixes, pois permite a determinação 
indireta do peso através do comprimento e/ou vice-versa e a análise do ritmo de crescimento através 
do coeficiente alométrico (Santos et al, 2002), tanto em ambiente natural como em cativeiro. 
O objetivo deste trabalho é registrar a ocorrência e descrever a composição em tamanho e em 
peso e a relação peso x comprimento de Hypostomus cf. strigaticeps, uma das espécies de cascudo 
mais abundante no alto curso do Rio Sucuriú, MS. 
 
Material e Métodos 
As amostragens foram realizadas no Alto curso do rio Sucuriú, MS, na área de influência da 
Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Alto Sucuriú, de outubro/2006 a março/2009, com intervalos de 
um a três meses, totalizando 23 campanhas realizadas. Para as coletas, redes emalhe e de arrasto e 
peneirão foram aplicados em diferentes ambientes do rio, incluindo praias, corredeiras, 
desembocaduras de afluentes e lagoas marginais distribuídas a montante e a jusante do eixo da 
barragem, antes e depois da formação do reservatório. 
Após a coleta, os exemplares foram etiquetados, fixados em solução de formol 10% e levados 
ao Laboratório de Ictiologia da UFMS/Campus Três Lagoas. Posteriormente, foram transferidos para 
uma solução de álcool 70%. De cada exemplar mediu-se o comprimento total (Lt, em cm) e o peso 
total (Wt, em g). 
A relação peso x comprimento foi estimada para todos os indivíduos segundo a equação: Wt = 
a Ltb (Le-Cren, 1951), onde: Wt = peso total em gramas; Lt = comprimento total em centímetros; a = 
constante; b = coeficiente angular. 
 
 
Resultados 
Foram capturados 101 indivíduos de Hypostomus cf. strigaticeps (Figura 1). São caracterizados 
por possuir corpo escuro em tonalidade marrom, com pintas claras, sendo menores sobre a cabeça; 
as nadadeiras são escuras, também tendo pintas claras (Graça e Pavanelli, 2007). A cabeça possui 
um formato ligeiramente pontudo, com o focinho com perfil elevado. Olhos de tamanho mediano. 
 
 
Figura 1. Exemplar de Hypostomus cf. strigaticeps (Foto: N. S. Barbosa). 
 
Nas coletas realizadas, observou-se maior captura (97,8 %) na calha principal rio, próximo às 
margens cobertas ou não por macrófitas, com menor ocorrência (2,2 %) nas corredeiras associadas a 
afloramentos rochosos (Figura 2). 
 
0 20 40 60 80 100
Calha Principal
Corredeira
%
 
Figura 2. Captura de Hypostomus cf. strigaticeps segundo o local de ocorrência, na área de 
influência da PCH Alto Sucuriú, rio Sucuriú. 
 
Observou-se uma variação do comprimento total de 6 a 29 cm, com média de 17,08 cm, com 
uma distribuição bimodal (Figura 3). O peso total dos indivíduos capturados variou de 2,9 g a 255 g, 
com média de 89,64 g (Figura 4). 
 
0
5
10
15
20
25
30
6 9 12 15 18 21 24 27
Lt (cm)
N
° 
d
e 
in
d
iv
íd
u
o
s
 
Figura 3. Distribuição de comprimento total (Lt) de Hypostomus cf. strigaticeps. 
 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
2 32 62 92 122 152 182 212 142
Peso (g)
N
° 
d
e 
in
d
iv
íd
u
o
s
 
Figura 4. Distribuição de peso total (g) de Hypostomus cf. strigaticeps. 
 
A relação peso x comprimento, estimada para machos e fêmeas, resultou na equação: 
Wt = 0,0079 Lt 3,1357 (R2=0,9925) (Figura 4). 
 
y = 0.0079x3.1357
R2 = 0.9925
0
50
100
150
200
250
300
350
0 5 10 15 20 25 30 35
Lt (cm)
P
e
so
 (
g
)
 
Figura 13. Relação peso x comprimento de Hypostomus cf. strigaticeps. 
 
 
Discussão e Conclusões 
A observação dos resultados na relação peso x comprimento revelou um coeficiente de 
correlação R2 elevado (próximo a 1), o que é explicado pela possibilidade de se capturar, na pesca 
científica, exemplares de comprimentos diferentes, representando quase todas as classes de 
tamanho da espécie na região. 
O coeficiente angular “b”, relacionado com a forma de crescimento do indivíduo, foi superior a 
3,0 (b=3,1357), indicando um crescimento alométrico (Santos et al., 2002), com maior incremento em 
comprimento nos tamanhos até 21 cm, aproximadamente, a partir do qual o investimento passa a ser 
maior em peso. 
As variáveis biométricas podem ser afetadas por diversos fatores que influenciam os valores 
estimados das relações obtidas, incluindo composição gênica e fatores do meio, como oferta de 
alimento e de espaço. Com a construção de várias hidroelétricas na região do alto curso do Rio 
Sucuriú, é provável que não só a ocorrência, mas também alguns parâmetros populacionais de 
espécies fortemente ligadas a águas livres e rápidas, como a presente, venham a sofrer alterações, 
em conseqüência das mudanças no ambiente. 
A continuidade do estudo, com detalhamento das variáveis biométricas, é essencial para o 
maior conhecimento da estrutura populacional da espécie e das possíveis variações que venham a 
ocorrer em resposta aos represamentos. 
 
Referências 
GRAÇA, W J. & PAVANELLI, C.S. 2007. Peixes da planície de inundação do Alto Rio Paraná e áreas 
adjacentes. Maringá, PR: EDUEM, Nupélia. 
GERY, J. 1969. The fresh-water fishes of South America. In: FITTKAW, E.J. et al. Biogeography and 
Ecology in South America. Volume 2. Amsterdan: Editora Springer, p 828-848. 
LE CREN, E.D. 1951. The length-weight relationship and seasonal cycle in gonad weight and 
conditions in the perch (Perca fluviatilis). The Journal of animal Ecology, 20(2): 201-219. 
SANTOS, A.F.G.N; SANTOS, L.N. dos; ARAÚJO, F.G.; SANTOS, R.N. dos; ANDRADE, C.C. de; 
SILVA, P.S.; ALVARENGA, R.J. de; CAETANO, C. de B. 2002. Relação peso-comprimento e 
fatores de condições do acará, Geophagus brasiliensis, no reservatório de Lages, RJ. Rio de 
Janeiro: Revista Universidade Rural, Série Ciências da Vida, V.22, n.2, p.115-121.

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