Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Géssica-HAM4 Lesões Elementares da pele Relembrando o exame físico • Inspeção: Deve abranger todo o tegumento, inclusive cabelos, unhas e mucosas. A localização, topografia e distribuição da lesão são essenciais para o seu diagnóstico. • Palpação: Verificar se há lesões sólidas, alteração de espessura, umidade, volume ou consistência da pele. Observar se a elasticidade, mobilidade e turgor da pele são compatíveis com a sua idade. • Digitopressão ou Vitropressão: Pressiona- se a lesão com os dedos ou com um vidro, provocando isquemia local, isso permite distinguir o eritema da púrpura ou de outras manchas vermelhas. • Compressão: Avaliar edemas, a compressão linear avalia se há dermografismo. O que são lesões elementares? São modificações do tegumento cutâneo causadas por processos inflamatórios, degenerativos, circulatórios, neoplásicos, transtornos do metabolismo ou por defeito de formação. Classificação De acordo com determinados grupos: 1. Alterações de cor 2. Elevações edematosas 3. Formações sólidas 4. Coleções líquidas 5. Alterações de espessura 6. Perdas e reparações 1. Alterações de Cor (Mancha ou Mácula) As manchas ou máculas correspondem às áreas circunscritas de coloração diferente da pele normal, no mesmo plano do tegumento e sem alterações na superfície e dividem-se em: Pigmentares, vasculares, hemorrágicas, deposição pigmentar. Pigmentares Quando decorrem de alterações do pigmento melânico, subdividem-se em: • Hipocrômicas e/ ou acrômicas: resultam da diminuição e/ou ausência de melanina. Podem ser observadas no vitiligo, pitiríase alba, hanseníase; algumas vezes são congênitas, como no nevo acrômico e no albinismo. • Hipercrômicas: dependem do aumento de pigmento melânico. Exemplos: pelagra, melasma ou cloasma, manchas hipercrômicas dos processos de cicatrização, manchas hipercrômicas da estase venosa crônica dos membros inferiores, nevos pigmentados, melanose senil. 2 Géssica-HAM4 Vasculares Decorrem de distúrbios da microcirculação da pele, e subdividem-se em: • Telangiectasias: dilatações dos vasos terminais, ou seja, arteríolas, vênulas e capilares. As telangiectasias venocapilares são comuns nas pernas e nas coxas das pessoas do sexo feminino e se denominam varículas ou microvarizes. Podem ser vistas, também, no tórax de pessoas idosas. Outro tipo de telangiectasia são as chamadas aranhas vasculares, que têm este nome porque seu formato lembra o desses aracnídeos (um corpo central do qual emergem várias pernas em diferentes direções). Localizam-se no tronco, e para fazê-las desaparecer basta fazer uma puntipressão exatamente sobre seu ponto mais central. • Mancha eritematosa ou hiperêmica: decorre de vasodilatação, tem cor rósea ou tom vermelho-vivo e desaparece à digitopressão ou à vitropressão. É uma das lesões elementares mais encontradas na prática médica. Hemorrágicas São também chamadas "sufusões hemorrágicas", não desaparecem pela compressão por se tratar de sangue extravasado, a coloração das manchas hemorrágicas varia de vermelho-arroxeada a amarela, dependendo do tempo de evolução, de acordo com a forma e o tamanho, subdividem-se em: • Petéquias: quando puntiformes e com até 1 de diâmetro. • Víbices: quando formam uma linha, esse termo também é empregado para lesão atrófica linear. • Equimoses: quando são em placas, maiores que 1 em de diâmetro. Nas grandes e médias equimoses, as mudanças de coloração acontecem nos seguintes períodos: o Até 48 h são avermelhadas. o De 48 a 96 h tornam-se arroxeadas. o Do 5° ao 6° dia ficam azuladas. o Do 6° ao 8° dia passam a ser amareladas 3 Géssica-HAM4 o Após o 9° dia a pele volta à coloração normal. Nas pequenas equimoses o tempo de duração é menor. Deve-se ressaltar que as grandes e médias equimoses são visíveis mesmo nas pessoas negras. As manchas hemorrágicas são causadas por traumatismos, alterações capilares e discrasias sanguíneas. Nas duas últimas condições recebem o nome de púrpura. Deposição pigmentar Pode ser por deposição de hemossiderina, bilirrubina (icterícia), pigmento carotênico (ingestão exagerada de mamão, cenoura), corpos estranhos (tatuagem) e pigmentos metálicos (prata, bismuto). 2.Elevações Edematosas Elevações causadas por edema na derme ou hipoderme. Enquadra-se a lesão urticada ou tipo urticária, que corresponde a formações sólidas, uniformes, de formato variável (arredondados, ovalares, irregulares), em geral eritematosas, e quase sempre pruriginosas, resultando de um edema dérmico circunscrito. A afecção mais frequentemente responsável por este tipo de lesão é a própria urticária. 3.Formações Sólidas As formações sólidas resultam de processo inflamatório ou neoplásico, abrangem: pápulas, tubérculos, nódulos, nodosidades, gomas e vegetações. Pápulas Elevações sólidas da pele, de pequeno tamanho (até 1 cm de diâmetro), superficiais, bem delimitadas, com bordas facilmente percebidas quando se desliza a polpa digital sobre a lesão. Podem ser puntiformes, um pouco maiores ou lenticuladas, planas ou acuminadas, isoladas ou coalescentes, da cor da pele normal ou de cor rósea, castanha ou arroxeada. Inúmeras dermatoses se evidenciam por lesões papulares; exemplos: picada de inseto, leishmaniose, blastomicose, verruga, erupções medicamentosas, acne, hanseníase. Tubérculos Elevações sólidas, circunscritas, de diâmetro maior que 1,0 cm, situadas na derme. A consistência pode ser mole ou firme. A pele circunjacente tem cor normal ou pode estar 4 Géssica-HAM4 eritematosa, acastanhada ou amarelada, geralmente desenvolvem cicatriz. São observadas na sífilis, tuberculose, hanseníase, esporotricose, sarcoidose e tumores. Nódulos e Nodosidades Formações sólidas localizadas na hipoderme, mais perceptíveis pela palpação do que pela inspeção, possuem limites imprecisos e podem ser salientes ou não. Quando de pequeno tamanho (1 a 3 cm) - grão de ervilha, por exemplo - são os nódulos. Se mais volumosas (maior que 3 cm), são as nodosidades. Gomas São nodosidades que tendem ao amolecimento e ulceração com eliminação de substância semissólida. Os limites dessas lesões em geral são imprecisos, e a consistência pode ser firme, elástica ou mole, ora estão isoladas, ora agrupadas ou mesmo coalescentes. Podem ser dolorosas ou não. A pele circundante pode ser normal, eritematosa ou arroxeada. As gomas aparecem na sífilis, na tuberculose e nas micoses profundas. Vegetações Lesões sólidas, salientes, lobulares, filiformes ou em couve-flor, de consistência mole e agrupadas em maior ou menor quantidade. Muitas dermatoses se caracterizam por vegetações: verrugas, bouba, sífilis, leishmaniose, blastomicose, condiloma acuminado, tuberculose, granuloma venéreo, neoplasias e dermatites medicamentosas. Quando a camada córnea é mais espessa, a lesão apresenta consistência endurecida e recebe o nome de verrucosidade; exemplos: verrugas vulgares, cromomicose. 4.coleções líquidas Incluem: vesícula, bolha, pústula, abscesso e hematoma. Vesícula Elevação circunscrita da pele que contém líquido em seu interior com diâmetro limitado a 1,0 cm. O encontro de substância líquida caracteriza a existência de vesícula. É observada na varicela, no herpes-zóster, nas queimaduras, no eczema e no pênfigo foliáceo. 5 Géssica-HAM4 Bolha É uma elevação da pele contendo substância líquida em seu interior. Diferencia-se da vesícula pelo tamanho: seu diâmetro é superior a 1,0 cm. É encontrada nas queimaduras, no pênfigo foliáceo, em algumas piodermites e em alergias medicamentosas. As bolhas podem ter conteúdo claro, turvo amarelado (bolhapurulenta) ou vermelho-escuro (bolha hemorrágica). Pústula Vesícula de conteúdo purulento. Surge na varicela, no herpes-zóster, nas queimaduras, nas piodermites, na acne pustulosa. Abcesso Coleções purulentas, mais ou menos proeminentes e circunscritas, de proporções variáveis, flutuantes, de localização dermo- hipodérmica ou subcutânea. Quando há sinais inflamatórios, são chamados abscessos quentes. A ausência de sinais flogísticos caracteriza os abscessos frios. Exemplos: furunculose, hidradenite, blastomicose, abscesso tuberculoso. Hematoma Formações circunscritas, de tamanhos variados, decorrentes de derrame de sangue na pele ou nos tecidos subjacentes. 5.Alterações de espessura Abrangem a queratose, espessamento ou infiltração, liquenificação, esclerose, edema e atrofia. Queratose Modificação circunscrita ou difusa da espessura da pele, que se torna mais consistente, dura e inelástica, em consequência de espessamento da camada córnea. O exemplo mais comum é o calo. Quando se localiza nas palmas das mãos e nas plantas dos pés chama-se, respectivamente, queratose palmar e plantar. Principais afecções que se manifestam por essa lesão: queratose senil, queratodermia palmo plantar, ictiose. 6 Géssica-HAM4 Espessamento infiltração Aumento da consistência e da espessura da pele que se mantém depressível, menor evidência dos sulcos da pele, limites imprecisos. O exemplo mais sugestivo é a hanseníase virchowiana. Liquenificação Espessamento da pele com acentuação das estrias, resultando em um quadriculado em rede como se a pele estivesse sendo vista através de uma lupa. A pele circundante toma-se, em geral, de cor castanho-escura. É encontrada nos eczemas liquenificados ou em qualquer área sujeita a coçaduras constantes. Esclerose Aumento da consistência da pele, que se toma mais firme, aderente aos planos profundos e difícil de ser pregueada entre os dedos. O exemplo típico é a esclerodermia. Edema Acúmulo de líquido no espaço intersticial. A pele torna-se lisa e brilhante. O edema deve ser analisado conforme o roteiro para o exame da pele, das mucosas e dos fâneros. Atrofias Adelgaçamentos da pele, tornando-a fina, lisa, translúcida e pregueada. Podem ser fisiológicas, como na atrofia senil, ou provocadas por agentes mecânicos ou físicos (estrias atróficas, radiodermite). As estrias são linhas de atrofia de cor acinzentada ou róseo-avermelhada, aparecem em qualquer parte do corpo na qual a pele tenha sido mecanicamente forçada. São observadas no abdome de mulheres grávidas e em pessoas cuja parede abdominal esteve distendida (ascite, obesidade). 7 Géssica-HAM4 6.Perdas e reparações teciduais Lesões provocadas por eliminação ou destruição patológicas e de reparações dos tecidos cutâneos. Abrangem: escama, erosão ou exulceração, úlcera ou ulceração, fissura ou rágade, crosta, escara, cicatriz. Escama Lâminas epidérmicas secas que tendem a desprender-se da superfície cutânea. Se apresentarem o aspecto de farelo são denominadas furfuráceas, e, quando em tiras, laminares ou foliáceas. Muitas afecções manifestam-se por descamação, como a caspa, a pitiríase versicolor, a psoríase e a queimadura da pele por raios solares. Erosão ou Exulceração Simples desaparecimento da parte mais superficial da pele, atingindo apenas a epiderme. Pode ser traumática, quando recebe o nome de escoriação, ou não traumática. Neste caso, são secundárias à ruptura de vesículas, bolhas e pústulas. Ao regenerarem-se, não deixam cicatrizes. Ulcera ou ulceração Perda delimitada das estruturas que constituem a pele, atingindo a derme. Tal fato a diferencia da escoriação. Outra diferença entre essas duas lesões é que a ulceração deixa cicatriz. Exemplos: úlcera crônica, lesões malignas da pele, leishmaniose. Fissuras ou rágades Perda de substância linear, superficial ou profunda não causada por instrumento cortante. Comprometem a epiderme e a derme e situam-se mais frequentemente no fundo de dobras cutâneas ou ao redor de orifícios naturais. Crosta Formação proveniente do ressecamento de secreção serosa, sanguínea, purulenta ou mista que recobre área cutânea previamente lesada. Algumas vezes é de remoção fácil e em outras está firmemente aderida aos tecidos subjacentes. Encontram-se crostas na fase final dos processos de cicatrização, impetigo, pênfigo foliáceo e nos eczemas. 8 Géssica-HAM4 Cicatriz Reposição de tecido destruído pela proliferação do tecido fibroso circunjacente. Os tamanhos e os formatos das cicatrizes são os mais variados, as cicatrizes podem ser róseo-claras, avermelhadas, ou adquirir uma pigmentação mais escura do que a pele ao seu redor, podem ser deprimidas ou exuberantes. As exuberantes são representadas pela cicatriz hipertrófica e pelo queloide. Resultam de traumatismos ou de qualquer lesão cutânea que evolui para a cura. Queloide é uma formação fibrosa rica em colágeno saliente, de consistência firme, róseo-avermelhada, bordas nítidas, frequentemente com ramificações curtas. Pode ser espontâneo ou, o que é mais frequente, secundário a qualquer agressão à pele (intervenção cirúrgica, queimadura e ferimentos). Escara Porção de tecido cutâneo necrosado, resultante de pressão isolada ou combinada com fricção e/ou cisalhamento. A área mortificada torna-se insensível, tem cor escura e é separada do tecido sadio por um sulco. O tamanho é muito variável, desde o da cabeça de alfinete até o de placas enormes. Ocorre principalmente em idosos e imobilizados. Lesão por pressão Estágio 1: Pele íntegra com eritema que não Embranquece. Pele íntegra com área localizada de eritema que não embranquece e que pode parecer diferente em pele de cor escura. Presença de eritema que embranquece ou mudanças na sensibilidade, temperatura ou consistência (endurecimento) podem preceder as mudanças visuais. Mudanças na cor não incluem descoloração púrpura ou castanha; essas podem indicar dano tissular profundo. Lesão por Pressão Estágio 2: Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme. Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme. O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. O tecido adiposo e tecidos profundos não são visíveis. Tecido de granulação, esfacelo e escara não estão presentes. Essas lesões geralmente resultam de microclima inadequado e cisalhamento da pele na região da pélvis e no calcâneo. Esse estágio não deve ser usado para descrever as lesões de pele associadas à umidade, incluindo a dermatite associada à incontinência (DAI), a dermatite intertriginosa, a lesão de pele associada a 9 Géssica-HAM4 adesivos médicos ou as feridas traumáticas (lesões por fricção, queimaduras, abrasões). Lesão por Pressão Estágio 3: Perda da pele em sua espessura total. Perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é visível e, frequentemente, tecido de granulação e epíbole (lesão com bordas enroladas) estão presentes. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. A profundidade do dano tissular varia conforme a localização anatômica; áreas com adiposidade significativa podem desenvolver lesões profundas. Podem ocorrer descolamento e túneis. Não há exposição de fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem e/ou osso. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável. Lesão por pressão Estágio 4: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular. Perda da pele em sua espessura totale perda tissular com exposição ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. Epíbole (lesão com bordas enroladas), descolamento e/ou túneis ocorrem frequentemente. A profundidade varia conforme a localização anatômica. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável. Lesão por Pressão Não Classificável: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível. Perda da pele em sua espessura total e perda tissular na qual a extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta pelo esfacelo ou escara. Ao ser removido (esfacelo ou escara), Lesão por Pressão em Estágio 3 ou Estágio 4 ficará aparente. Escara estável (isto é, seca, aderente, sem eritema ou flutuação) em membro isquêmico ou no calcâneo não deve ser removida. Referências Utilizadas o PORTO, C.C. Semiologia Médica. 7a ed. Rio dejaneiro. Guanabara, 2014; o SOBEST, Associação Brasileira de Estomaterapia
Compartilhar