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Radiologia - Apostila - Albert Einstein

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Proteção Radiológica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
Índice 
Índice .............................................................................................. 1 
Medicina Nuclear – Conceitos Iniciais............................................................... 2 
Concluindo ................................................................................. 12 
Proteção Radiológica ..................................................................................... 13 
Efeitos Radiológicos/Interação com a Radiação ................................... 18 
Concluindo ................................................................................. 20 
Considerações Finais ..................................................................................... 20 
Referências ................................................................................................... 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
Medicina Nuclear – Conceitos Iniciais 
Para iniciarmos nosso estudo, devemos relembrar alguns conceitos 
importantes utilizados em medicina nuclear e radiofarmácia. 
A medicina nuclear é uma especialidade médica que utiliza isótopos 
radioativos para finalidade diagnóstica e terapêutica. 
Já é de conhecimento que a matéria tem como constituição principal átomos 
e suas combinações1. Cada átomo é composto por um núcleo com carga 
positiva, contendo prótons e nêutrons, circundado por elétrons orbitais com 
carga elétrica negativa 1,2. 
O primeiro modelo atômico foi proposto por Dalton, que o definiu como 
partículas esféricas maciças, extremamente pequenas e indivisíveis3. Em 
1898, Thomson definiu um novo modelo, denominado “pudim com passas”, 
no qual os elétrons carregados negativamente se localizavam 
uniformemente no interior de uma esfera de carga positiva, conforme 
demonstra figura abaixo3. 
 
FIGURA 1 
Modelo atômico de Thomson “pudim de passas” 
 
 
Figura 1. Fonte: Adaptado de O experimento de Thomson com descargas elétricas. Disponível 
em: http://brasilescola.uol.com.br/quimica/o-experimento-thomson-com-descargas-eletricas.htm. 
Acesso em 22 mar. 2017. 
Através da proposta inicial de Thomson, de que o átomo é uma estrutura 
impenetrável, Rutherford, em seus estudos com partículas alfa e beta, 
apresentou um modelo experimental que contradisse o modelo existente, 
observando que partículas alfa incidiam em uma lâmina de platina, 
atravessando a lâmina3. 
http://brasilescola.uol.com.br/quimica/o-experimento-thomson-com-descargas-eletricas.htm
 
 
3 
A figura abaixo representa o modelo desenvolvido, que pode ser comparado 
ao Sistema Solar: no centro, o núcleo com carga positiva, porém variável de 
acordo com o elemento químico e, ao redor, os elétrons com cargas 
semelhantes e de sinal oposto ao núcleo4. 
 
FIGURA 2 
Modelo atômico proposto por Rutherford 
 
 
Figura 2. Fonte: Adaptado de O átomo de Rutherford. Disponível em: http://alunosonline.uol.com.br/quimica/o-
atomo-rutherford.html 
Acesso em 22 mar. 2017. 
O próximo modelo, apresentado por Niels Böhr, define a teoria de que os 
elétrons se organizam em forma de camadas e giravam em orbitais estáveis 
que variam de acordo com a sua energia. Os elétrons são distribuídos em 
sete camadas (K, L, M, N, O, P e Q) e que sua energia aumenta conforme se 
afastam do núcleo. 
Além disso, concluiu-se que, ao liberar energia, o elétron atravessa para 
uma órbita mais energética. Porém, se receber energia, o elétron passa para 
uma órbita menos energética, formando fótons5. 
FIGURA 3 
Modelo atômico de Niels Böhr 
 
Figura 3. Fonte: Adaptado de O átomo de Böhr. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/o-
atomo-bohr.htm 
Acesso em 22 mar. 2017. 
http://alunosonline.uol.com.br/quimica/o-atomo-rutherford.html
http://alunosonline.uol.com.br/quimica/o-atomo-rutherford.html
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/o-atomo-bohr.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/o-atomo-bohr.htm
 
 
4 
Levando em consideração este último modelo, podemos definir o átomo 
como um elemento constituído por um núcleo, onde se encontram sua 
massa e elétrons, partículas pequenas e de cargas negativas localizadas ao 
redor do núcleo. 
O núcleo é constituído de cargas positivas e neutras, denominadas prótons e 
nêutrons, respectivamente. 
Um mesmo elemento químico pode conter uma variação de número de 
nêutrons, o que resulta em um diferente número de massa. Com isso, 
podemos definir que átomos de um mesmo elemento químico, porém com 
massas diferentes, são denominados isótopos6. 
Já os isóbaros podem ser definidos como átomos com o mesmo número de 
massa (A), porém, com número atômico diferente. E os isótonos possuem o 
mesmo número de nêutrons, porém diferente número de prótons, ou seja, 
diferente número de massa. 
Os isótopos radioativos são moléculas atômicas instáveis, que possuem uma 
energia maior do que a quantidade necessária para a sobrevivência e 
necessitam eliminar o excesso de energia através da emissão nuclear ou 
emissão de partículas radioativas, denominadas emissões corpusculares e 
eletromagnéticas, conforme demonstra a figura a seguir1,7. 
FIGURA 4 
Definição de isótopos radioativos e radioatividade 
 
 
Figura 4. Fonte: Adaptado de: http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-
aplicacoes.pdf 
Acesso em 22 mar. 2017. 
http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf
http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf
 
 
5 
Emissões eletromagnéticas são ondas que se propagam na 
velocidade da luz em forma de fótons, sem possuir carga e massa, 
como, por exemplo, a luz visível, radiação ultravioleta, raios X e a 
radiação gama (γ), medidas através da unidade elétron-volt (eV). Já as 
radiações corpusculares são partículas emitidas pelo núcleo com carga e 
massa variáveis, como as radiações alfa (α) e beta (β)1,7. 
A radiação alfa ocorre através da emissão de partículas de um núcleo 
contendo dois prótons e dois nêutrons com grande quantidade de energia e 
capacidade de ionização de gases. Seu decaimento ocorre principalmente em 
elementos de alto número atômico. São rapidamente freadas e com baixo 
alcance no ar1,2 conforme ilustra a Figura 5 a seguir: 
 
FIGURA 5 
Radiação alfa (α) 
 
Figura 5. Fonte: Adaptado de: http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-
aplicacoes.pdf 
Acesso em: 22 mar. 2017. 
A radiação beta (β) possui elétrons de origem nuclear carregados 
positivamente (β+), denominados pósitrons, ou negativamente (β-), 
denominados negatrons1,2. 
A emissão de partículas beta negativa (β-) ocorre através de um mecanismo 
de compensação que se dá devido ao excesso de nêutrons e que se 
transforma em próton + elétron emitido no decaimento radioativo. A 
emissão de partículas beta positiva (β+) ou pósitrons ocorre através da 
transformação de próton em nêutron1,2. 
http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf
http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf
 
 
6 
FIGURA 6 
Radiação beta (β) 
 
Figura 6. Fonte: Adaptado de: http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-
aplicacoes.pdf. Acesso em 22 mar. 2017. 
A radiação gama (γ) ocorre a partir da liberação de raios ou fótons gama 
originados em núcleos, que ainda possuem características de instáveis e 
excitados, emitindo radiação eletromagnética. Apresenta elevado alcance e 
para que seja blindado é necessário utilização de chumbo ou concreto, por 
exemplo. A radiação pode ser ilustrada tal como a figura abaixo: 
 
FIGURA 7 
Radiação gama (γ) 
 
Figura 7. Legenda: Figura ilustrativa da radiação gama (γ). Adaptado 
de: http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf. 
Acesso em22 mar. 2017. 
A tabela a seguir apresenta as principais diferenças entre as radiações alfa 
(α), beta (β) e gama (γ). 
http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf
http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf
http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf
 
 
7 
TABELA 1 
Principais diferenças entre as radiações alfa (α), beta (β) e gama (γ) 
 
 
Tabela1. Legenda: Principais diferenças entre as radiações alfa (α), beta (β) e gama (γ). 
Fonte: Tabela produzida pelo autor. 
A ionização ocorre através da interação da radiação com a matéria e 
depende da energia envolvida e do seu poder de penetração. 
A partícula alfa tem baixo poder de penetração; porém, ocasiona destruição 
celular ao interagir com os tecidos devido ao seu alto poder de ionização. A 
partícula beta, por sua vez, tem maior poder de penetração que a alfa, 
possui um poder de ionização menor que o da partícula alfa, mas também 
promove grande destruição dos tecidos. Já a partícula gama tem elevado 
poder de penetração, interagindo com tecidos através dos efeitos 
fotoelétricos, compton ou por formação de pares2,7,8. 
No quadro abaixo, você encontra mais detalhes sobre esses efeitos. 
 
Quadro produzido pelo autor. 
Na Figura 8 você encontra o poder de penetração de cada emissão e os 
principais materiais utilizados como blindagem. 
 
 
8 
FIGURA 8 
Poder de penetração das emissões alfa, beta e gama 
 
 
Figura 8. Fonte: Adaptado de: http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-
aplicacoes.pdf 
Acesso em 22 mar. 2017. 
Para que o isótopo radioativo se torne um isótopo estável, a radiação é 
liberada em forma de decaimento radioativo, determinado através da 
equação: 
 
N1=N0e-lt 
Onde: 
N1 = número de átomos final; 
N0 = número de átomos inicial; 
e = base de logaritmos naturais de Euler (2,718); 
l = constante de decaimento do radioisótopo; 
t = tempo2,7. 
 
 
 
 
http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf
http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/apostila-educativa-aplicacoes.pdf
 
 
9 
O decaimento radioativo pode ocorrer por meio da: 
 
 
A unidade de medida da atividade é representada pela desintegração 
radioativa por unidade de tempo, definida por Becquerel (Bq), que 
corresponde a uma desintegração por segundos (dps); porém, a unidade 
mais usual é Curie (Ci), que corresponde a 3,7 x 1010 Bq2,7,8. 
A atividade de uma amostra de isótopo radioativo pode ser detectada 
através de uma câmara de ionização tipo poço, conhecida como calibrador 
de doses, conforme demonstra a figura abaixo2. 
 
FIGURA 9 
Calibrador de doses Capintec® 
 
Figura 9. Fonte: Disponível em: http://www.capintec.com/product/crc-25r-dose-calibrator/ 
.Acesso em 22 mar. 2017. 
Uma das principais características do decaimento radioativo é a meia-vida 
(T1/2) do radioisótopo, que corresponde ao tempo necessário para que a 
atividade de uma amostra do radioisótopo se reduza à metade do valor 
inicial, determinado através da equação: 
 
 
http://www.capintec.com/product/crc-25r-dose-calibrator/
 
 
10 
A=Aoe-λt 
Onde: 
A = atividade final da amostra; 
A0 = atividade inicial da amostra; 
e = base de logaritmos naturais de Euler (2,718); 
λ = constante de decaimento do radioisótopo; 
t = tempo. 
 
Na medicina nuclear a aquisição das imagens dependem dos radioisótopos 
empregados e podem ser realizadas nas câmaras de cintilação ou gama 
câmaras ou na tomografia por emissão de pósitron - PET. 
A gama-câmara possui colimadores que direcionam os fótons de radiação, 
oriundos do paciente, ao cristal de iodeto ativado com tálio. No cristal ocorre 
a interação da radiação provocando a excitação das moléculas do cristal 
emitindo luz (cintilação). 
Esses fótons de luz são amplificados pelos tubos fotomultiplicadores que 
estão acoplados ao cristal e transformados em pulsos elétricos ou “pulsos Z” 
que serão submetidos ao analisador de pulso cuja função é identificar a 
faixa de energia do radioisótopo (fotopico) previamente selecionada para o 
estudo. 
 
 
 
 
 
11 
FIGURA 10 
Composição de uma gama-câmara 
 
 
Figura 10. Fonte: Adaptado de Thrall JH, Ziessman HA. In: Medicina Nuclear. 2. ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan; 
2003. 
Essa técnica possibilita a obtenção de imagens estáticas de determinadas 
regiões, do corpo inteiro, dinâmicas e sincronizadas. Com o 
desenvolvimento da técnica, é possível obter imagens tomográficas através 
da tomografia por emissão de fóton único (SPECT)2. 
A detecção de fótons provenientes do pósitron pode ser realizada através da 
técnica de tomografia por emissão de pósitron (PET). 
O equipamento PET possui blocos de detectores dispostos em múltiplos 
anéis de composição diferentes dos utilizados no equipamento de SPECT 
devido à maior densidade. A imagem é obtida pela detecção "simultânea" 
dos dois fótons de 511 keV que são emitidos, em direções opostas, após a 
aniquilação do pósitron (β+). 
 
 
12 
FIGURA 11 
Detecção dos fótons em um equipamento PET 
 
 
Figura 11. Legenda: Imagem ilustrativa da detecção dos fótons em múltiplos anéis do detector no equipamento PET. 
Fonte: Adaptado de Applied Radiology. Anderson Publishing; volume 37,n. 8; 2008. 
Concluindo 
Nesta seção, você pôde rever os principais conceitos que envolvem a 
radioatividade, bem como os tipos de desintegrações para que um isótopo 
radioativo se torne estável ao longo do tempo e como são realizados 
cálculos de decaimento radioativo e medições da atividade de amostras de 
radioisótopos através de equipamentos como, por exemplo, um calibrador 
de doses. 
O conhecimento dos tipos de emissões radioativas, como radiações alfa, 
beta e gama, bem como das técnicas de aquisição de imagem PET e SPECT, é 
de extrema importância para a base da radiofarmácia. 
 
 
 
13 
Proteção Radiológica 
Os conceitos de proteção radiológica em medicina nuclear são aplicados 
para garantir o uso seguro dos radioisótopos, garantindo a segurança de 
pacientes, funcionários e do público em geral, minimizando possíveis danos 
e efeitos na natureza. 
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) possui normas específicas 
de proteção radiológica, como a CNEN-NN-3.01 e a CNEN-NN-3.05, 
relacionadas aos requisitos básicos de proteção radiológica referentes à 
exposição à radiação ionizante e ao uso dos radioisótopos em medicina 
nuclear, respectivamente10,11. 
As normas publicadas pela CNEN seguem a filosofia denominada ALARA, que 
pode ser traduzida como “as low as reasonably achievable” ou “tão baixo 
quanto possivelmente exequível”10, que norteia diversas normas de 
radioproteção no mundo todo. 
 
 
Imagem esquemática da filosofia ALARA. 
Diversas unidades de medidas são utilizadas seguindo as normas de 
radioproteção, de acordo com a sua finalidade. A tabela a seguir apresenta 
as principais grandezas relacionadas à exposição à radiação8. 
http://appasp.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm301.pdf
http://appasp.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm305.pdf
 
 
14 
TABELA 2 
Principais grandezas relacionadas à exposição à radiação 
 
 
Tabela2. Fonte: Tabela produzida pelo autor. 
Conforme recomendação da CNEN, todo serviço de medicina nuclear deve 
ter acesso restrito e possuir um supervisor de proteção radiológica, e seus 
funcionários devem possuir treinamentos específicos. Além disso, é 
obrigatório o uso de dosímetro TLD individual para monitoramento mensal 
da exposição à radiação. 
A norma CNEN-NN-3.01 estabelece limites mensais e anuais de dose 
equivalente do profissional da saúde ocupacionalmente exposto, bem como 
do público em geral para garantir a segurança de todos. Confira na tabela 
abaixo os limites mensais e anuais de segurança: 
 
 
 
15 
TABELA 3 
Principaisgrandezas relacionadas à exposição à radiação 
 
 
*Média ponderada de cinco anos consecutivos, sem exceder 50mSv ao ano. Legenda: Limites de dose efetiva e 
equivalente assegurada para funcionários e público em geral. 
Fonte: Adaptado de Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN 3.01-2013. 
Além disso, após a manipulação de radioisótopos, todos os profissionais 
devem ser monitorados para verificação de possíveis contaminações para 
registro obrigatório. 
A fim de minimizar a exposição e garantir a segurança dos funcionários, são 
utilizadas medidas básicas que também podem ser conhecidas através do 
fundamento de proteção radiológica: distância – tempo – blindagem. 
Utilize a interação para conhecer detalhadamente cada fundamento. 
 
Distância 
A distância é diretamente proporcional à intensidade do feixe, ou seja, 
quanto maior a distância, menor é a intensidade do feixe, sendo que a 
intensidade da radiação é proporcional ao inverso do quadrado da distância 
entre o ponto e a fonte. 
 
Tempo 
O tempo é o principal componente na redução da exposição, relacionado ao 
tempo de permanência perto de uma fonte radioativa ou do paciente. 
 
 
 
 
 
 
16 
Blindagem 
No caso de isótopos radioativos utilizados na medicina nuclear, as 
blindagens serão adequadas à energia e a característica da emissão 
radioativa. Normalmente, para a radiação gama, utilizamos materiais de alta 
densidade com diferentes espessuras como, por exemplo, o chumbo, 
tungstênio, concreto e barita. Para isótopos radioativos com uma faixa de 
energia maior, como, por exemplo, o pósitron com energia de 511keV, o 
chumbo não é suficiente e deve ser substituído por tungstênio, que possui 
uma densidade maior e uma blindagem mais efetiva.8 
Um outro exemplo de adequação da blindagem ao tipo de emissão 
radioativa, é a utilização do acrílico como blindagem para o radioisótopo 
Ítrio-90, que é um emissor de partículas β-. 
 
FIGURA 12 
Rejeitos radioativos do setor de Radiofarmácia do HIAE 
 
 
Fonte: Acervo de fotos da autora.
 
 
17 
 
A segregação através da meia-vida garante que os rejeitos sejam 
liberados corretamente para descarte no lixo comum após seu 
decaimento, o que minimiza o acúmulo de rejeitos radioativos. Por 
exemplo, isótopos radioativos com meia-vida de 2 horas devem ser 
descartados em rejeitos diferentes daqueles com meias-vidas mais longas. 
O armazenamento durante o seu decaimento deve ser em aparatos 
blindados de chumbo ou concreto, denominados cofres, com espessuras 
adequadas de acordo com o isótopo radioativo armazenado10. 
Ao manipular um isótopo radioativo, deve-se levar em conta a possibilidade 
de ocorrência de contaminações de mãos e superfícies, além de considerar 
que o paciente também é uma possível fonte de contaminação em alguns 
casos, ocasionando patologias como incontinência urinária, por exemplo. 
Ao ser notificada uma ocorrência de acidente com isótopos radioativos no 
serviço de medicina nuclear, deve-se inicialmente confirmar a contaminação 
com um detector Geiger Muller e sonda pancake, em locais onde a 
comparação das contagens referentes a radiação de fundo (BG) com a 
superfície avaliada apresentar valores de contagens acima de 300 contagens 
por minuto (cpm) a cada 100cm². 
 
Em casos de contaminação corporal, recomenda-se a lavagem da 
área contaminada com água e sabão neutro e nova monitoração 
para verificar a diminuição das contagens. O processo deve ser 
realizado até que o valor detectado na sonda seja menor que 300cpm, 
quando comparado ao BG. 
Em relação a superfícies, deve-se remover todo o líquido derramado através 
do método a seco com papel absorvente. Em seguida, monitorar a superfície 
e realizar uma remoção de contaminação persistente através de método 
semiúmido com produto descontaminante específico. Ao final, monitorar 
novamente e repetir o processo enquanto houver transferência de 
contaminação para o papel de limpeza. 
 
Caso a medida seja superior a 300cpm, em relação ao BG, e não houver mais 
transferência para o papel de limpeza, o ambiente deve ser monitorado pelo 
supervisor de radioproteção para tomar as medidas cabíveis. Além disso, o 
supervisor deve registrar a ocorrência para devidos fins. 
 
 
18 
Como citado, utilizam-se um detector Geiger Müller, conforme representado 
na Figura 13, e um contador de superfície que detecta a presença de 
radiação ionizante na superfície, resultando em uma contagem do número 
de emissões detectadas2. 
 
FIGURA 13 
Detector Geiger-Muller 
 
 
Figura 13. Fonte: HIAE. 
Efeitos Radiológicos/Interação com a Radiação 
Ao falar de interação da radiação ionizante com a matéria e radioproteção, 
devemos ter o conhecimento necessário a respeito das consequências dessa 
interação da radiação. 
A perda da identidade química é relacionada a uma consequência química da 
interação com a radiação ionizante. Na tentativa de estabelecer sua 
estabilidade, os isótopos instáveis podem perder sua identidade química 
devido ao rearranjo de moléculas, comprometendo toda sua estrutura12. Já 
as consequências biológicas podem ocorrer devido à transformação de uma 
molécula irradiada, atuando em sua composição e desempenho12, conforme 
demonstra o infográfico a seguir: 
 
 
 
19 
 
Imagem esquemática demonstrando a transformação de uma molécula irradiada. 
A avaliação do efeito da radiação ionizante no indivíduo depende de diversos 
fatores, incluindo a predisposição do próprio indivíduo, que podem resultar 
na mutação genética e até levar ao câncer12. 
Considerando danos causados na fertilidade das mulheres, na fase 
considerada de intensa proliferação germinativa pode haver perda de 
fertilidade e, dependendo da taxa de exposição, mutações, capazes de levar 
a um desenvolvimento insatisfatório. Em relação aos homens, a produção de 
espermatozoides é extremamente vulnerável à exposição à radiação, porém 
com recuperação das células e baixa incidência de infertilidade. 
Na interação da radiação com o organismo, podemos citar os efeitos 
estocásticos e determinísticos: 
• Efeitos estocásticos são aqueles que podem causar sintomas e efeitos 
hereditários devido ao dano no DNA. Não apresentam limiar de dose e 
são acumulativos, sendo necessários a utilização das técnicas de 
proteção radiológica e o princípio ALARA para minimizar a probabilidade 
de ocorrência13. 
 
• Os efeitos determinísticos ocasionam perda ou destruição celular, 
podendo ser reversíveis através do aumento da taxa de recuperação 
celular. Apresentam um limiar de dose, com efeitos clínicos aparentes 
apenas quando o indivíduo é exposto a taxas de radiação além do 
limiar13. 
 
 
20 
Em relação aos efeitos ocasionados devido a elevadas taxas de exposição e 
dose, podemos citar12: 
 
 
Quadro produzido pelo autor. 
Concluindo 
O conhecimento das normas de radioproteção é de extrema importância 
para garantir a segurança ao manipular isótopos radioativos. 
Além disso, o profissional deve ser treinado para a utilização de 
equipamentos capazes de monitorar possíveis contaminações, bem como 
evitar que estas aconteçam. 
Esta seção também apresentou conceitos importantes dos efeitos biológicos 
que a radiação pode causar no indivíduo. 
Considerações Finais 
Esta unidade trouxe noções básicas de física nuclear, medicina nuclear e 
radioproteção que devem ser utilizadas na rotina de um serviço de medicina 
nuclear e da radiofarmácia. O profissional que atua nesta área deve possuir 
os conhecimentos mínimos para que seu trabalho seja realizado de forma 
correta e segura. 
 
 
 
 
21 
Referências 
 
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Dosimetria: Fundamentos. 10. rev. Rio de Janeiro: IRD/CNEN; 2014. 
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Guanabara Koogan; 2003. 
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EDUFRN– Editora da UFRN; 2006. 280p. 
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5. Stefanelo, GS. In: A abordagem do modelo atômico de Bohr através de 
atividades experimentais e de modelagem. Santa Maria/RS. Mestrado 
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Federal de Santa Maria; 2013. 
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11. Brasil. Comissão Nacional de Energia Nuclear. Norma NE 
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nuclear medicine procedures: Bethesda (MD), NCRP Publication 124, 
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13. Nouailhetas Y, de Almeida CEB, Pestana S. In: Radiações 
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Nuclear. 
 
 
 
 
 
22 
14. Seares MC, Ferreira CA. In: A importância do conhecimento 
sobre radioproteção pelos profissionais da radiologia. 2011. Acesso 
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em: http://www.spenzieri.com.br/wp-
content/uploads/2011/10/Radioprote%C3%A7%C3%A3o-para-
Radiologistas.pdf. 
 
http://www.spenzieri.com.br/wp-content/uploads/2011/10/Radioprote%C3%A7%C3%A3o-para-Radiologistas.pdf
http://www.spenzieri.com.br/wp-content/uploads/2011/10/Radioprote%C3%A7%C3%A3o-para-Radiologistas.pdf
http://www.spenzieri.com.br/wp-content/uploads/2011/10/Radioprote%C3%A7%C3%A3o-para-Radiologistas.pdf

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