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No conto de fadas –“Pinóquio” –, Gepeto era um velho marceneiro que se dedicava a criar brinquedos de madeira para as crianças da vila em que morava. Assim, apesar de viver sozinho por não ter filhos, sua oficina sempre estava repleta de menores. Nessa perspectiva, percebe-se a importância das brincadeiras no desenvolvimento das crianças, futuros adultos, na consolidação da afetividade, da interação social e da autonomia de ação. Dessa forma, é fulcral debater os riscos da comercialização de armas de brinquedo no Brasil contemporâneo, tendo em vista a banalização da violência desde a infância e o uso desses protótipos por criminosos. A princípio, é relevante ressaltar que a cidade estado grega de Esparta tinha como um de seus principais objetivos fazer de seus cidadãos modelos de soldados, fortes e corajosos, com uma educação voltada para o caráter militarista. Assim, é indubitável que as brincadeiras na conjuntura hodierna, principalmente os jogos para meninos, são voltados para o aperfeiçoamento de habilidades motoras e mentais nos princípios da educação espartana – força e inteligência –. No entanto, a banalização da violência e a utilização em muitos divertimentos com armas de brinquedo, são um riscos para os menores, que não conseguem diferenciar um protótipo de brinquedo de um artefato de fogo. Ademais, para Vygotsky, a recreação pode ter papel fundamental no desenvolvimento infantil. Nessa perspectiva, as diversas brincadeiras no âmbito escolar permitem o aprendizado das crianças de forma lúdica, sendo imprescindível na capacidade de imaginação e de representação. Nesse sentido, apesar do ato de brincar ser importante na infância, é relevante salientar que de acordo com o Código Penal Brasileiro de 1940, se uma pessoa for abordada por um roubo, mas estiver portando uma arma de brinquedo não será considerado crime. Desse modo, é evidente a utilização e uma nova função atribuída às armas de brinquedo, que deixam o ambiente lúdico infantil para o mundo do crime, podendo influenciar as crianças na reprodução e na representação dos jogos com as atividades criminosas. Destarte, apesar do ato de brincar ser extremamente importante no desenvolvimento infantil, principalmente nas habilidades motoras e mentais, é importante repensar a utilização de armas de brinquedo nos divertimentos infantis, uma vez que há a banalização da violência e a utilização de protótipos por criminosos. Portanto, o Ministério da Educação deve elaborar projetos com a comunidade escolar para a implementação e atuação dos docentes na elaboração e realização de brincadeiras na educação infantil, a partir de eventos, de gincanas e na construção de brinquedotecas, promovendo uma maior integração das escolas com as famílias, para um melhor desenvolvimento de características físicas, psicológicas e motoras das crianças e na diferenciação da utilização de armas de brinquedo no contexto das brincadeiras e na utilização de atividades criminosas, visando aguçar o senso crítico dos menores.
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