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SISTEMA REGISTRAL E NOTARIAL

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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6515-8
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 1 5 8
Código Logístico
58782
SISTEMA 
REGISTRAL
E NOTARIAL
SIST
E
M
A
 R
EG
IST
R
A
L E N
O
T
A
R
IA
L
Glauka Archangelo
G
lau
k
a A
rch
an
gelo
Sistema registral e 
notarial
IESDE
2019
Glauka Archangelo
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem 
autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Africa Studio/Shutterstock 
 arsenisspyros/istockphoto
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
A711s
Archangelo, Glauka
Sistema registral e notarial / Glauka Archangelo. - 1. ed. - Curitiba 
[PR]: IESDE Brasil, 2019.
 162 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6515-8
1. Direito notarial e registral - Brasil 2. Direito imobiliário - Brasil. 
I. Título.
19-59181 CDU: 347.961(81)
Glauka Archangelo
Mestre em Direito pela Universidade Estadual do Norte 
do Paraná (UENP). Pós-graduada em Processo Civil pelas 
Faculdades Integradas de Ourinhos/SP (Unifio) e graduada em 
Direito pela Faculdade Estadual de Direito do Norte Pioneiro 
(Fundinopi). Coordenadora do curso de pós-graduação 
em Processo Civil do Centro Universitário – Católica de 
Santa Catarina. Atua na gestão acadêmica nas modalidades 
presencial e EAD. Leciona em cursos preparatórios para 
concurso público. Tem experiência como gerente acadêmica 
e coordenadora de curso superior de Direito. É professora 
nas disciplinas de Direito Processual Civil, Direito das 
Obrigações, Direito de Família e Linguagem do Direito. 
Sumário
Apresentação 7
1. Teoria geral da atividade registral e notarial no Brasil 9
1.1 Histórico do Direito Notarial e Registral 9
1.2 Direito registral como microssistema e como unidade 
normativa 14
2. Estrutura do sistema registral e notarial no Brasil 25
2.1 Atribuições e competências dos notários e dos 
registradores 26
2.2 Responsabilidades civil e criminal 31
2.3 Incompatibilidades e impedimentos dos notários e dos 
registradores 35
3. Registro civil de pessoas naturais 43
3.1 Registro civil: contextualização 44
3.2 Nascimento 47
3.3 Óbito 54
3.4 Casamento 59
3.5 Emancipação, interdição e ausência 65
4. Registro civil de pessoas jurídicas e registro de título e 
documentos 75
4.1 Efeitos constitutivos do registro de pessoas jurídicas 75
4.2 Orientações para o registro de pessoa jurídica 79
4.3 Atos registrais 81
5. Protesto 89
5.1 Da competência e das atribuições 89
5.2 Dos procedimentos para o protesto 91
6. Livros notariais e fé pública 101
6.1 Competência do tabelionato de notas 101
6.2 Livros notariais 109
6.3 Fé pública e seus efeitos 112
7. Documentos importantes realizados em cartório 117
7.1 Escritura pública 117
7.2 Procuração 120
7.3 Testamentos 123
7.4 Atas notariais 127
8. Recolhimento dos tributos e certidões fiscais 133
8.1 Espécies de tributos recolhidos 134
8.2 Certidões fiscais: exigibilidade e obrigatoriedade 145
Gabarito 153
Apresentação
O sistema registral e notarial brasileiro, confiado a notários 
e registradores, tem seu exercício delegado pelo Estado, em 
caráter privado, e é previsto expressamente no artigo 236 da 
Constituição Federal. 
O Estado delega a notários e registradores, em suas 
atribuições, a fé pública para o exercício da atividade. Por isso, 
podem intervir nos atos e negócios privados, pois têm garantia 
de autenticidade, afinal, tais atos praticados são revestidos de 
veracidade, segurança e eficácia. Portanto, o ato praticado pelo 
notário e pelo registrador representa a confiança e a certeza de 
que está de acordo com a lei.
Além de todo o amparo legal que rege a atividade 
notarial, este livro trata do histórico da atuação cartorária: as 
atribuições, competências, responsabilidades, impedimentos 
e incompatibilidades de notários e registradores. Apresenta 
um panorama do registro civil de pessoas naturais e de 
pessoas jurídicas, passando pelo Cartório de Protestos, 
quando analisa sua competência e os procedimentos para 
a realização de protestos: desde a entrada do título e a 
qualificação notarial até a sua protestação. Aborda também 
os princípios norteadores da atividade notarial, dentre eles: 
publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos 
jurídicos praticados. Trata, ainda, da atuação do notário na 
condição de assessor jurídico das partes. 
8 Sistema registral e notarial
Por fim, esta obra aborda a importante função social 
realizada por notários e registradores frente às atualizações 
legislativas, função esta que propicia aos cartórios a condição 
de Ofícios da Cidadania, com toda a segurança jurídica que 
as inscrições públicas merecem, de uma forma mais ampla e 
garantidora de direitos básicos e fundamentais.
Bons estudos!
1
Teoria geral da atividade registral e 
notarial no Brasil
Neste capítulo, iniciaremos nossos estudos com uma abordagem 
histórica sobre as origens do sistema registral no Brasil e os primeiros 
registros realizados no país.
Trataremos também da atribuição dos notários e registradores, 
atividade confiada pelo Poder Público a particulares para que 
exerçam a função notarial. Portanto, embora seja um serviço 
prestado por particular, a atividade notarial tem natureza pública.
Por fim, apresentaremos as competências e atribuições dos 
notários e registradores no Brasil frente à Constituição Federal e à 
legislação pertinente, indicando seus princípios norteadores.
1.1 Histórico do Direito Notarial e Registral
Podemos considerar que a atividade registral 
e notarial no país teve início no ano de 1500, com 
a carta de Pero Vaz de Caminha servindo como 
“certidão de nascimento” do Brasil. Já os primeiros 
registros imobiliários no país datam de 1534, com o 
registro das capitanias hereditárias, cujo objetivo era 
a divisão do território brasileiro em 15 lotes de terras. Era o rei quem 
atribuía a terceiros, chamados de capitães donatários, por meio da 
Carta de Doação, os lotes de terra a serem doados (ROCHA JUNIOR; 
KAMEL, 2017, p. 59).
O modelo de capitanias hereditárias perdurou até 1759, quando 
foi extinto pelo Marquês de Pombal, como uma das medidas das 
reformas pombalinas. Posteriormente, em 1834, com o Decreto 
Vídeo
10 Sistema registral e notarial
n. 1.834, a responsabilidade de registros de terras foi atribuída ao 
vigário, o que passou a ser conhecido como o “registro do vigário”.
No ano de 1850, Dom Pedro II promulgou a Lei 601, conhecida 
como a Lei de Terras, “que exigia redação de contratos para a 
transmissão e oneração de imóveis” (ROCHA JUNIOR; KAMEL, 
2017, p. 60), surgindo assim o Cartório de Notas e a figura do tabelião.
Já mais próximo da atualidade, os registros públicos passam a 
ser instituídos por nova lei. Em 31 de dezembro de 1973, por meio 
da Lei Federal n. 6.015, que dispõe sobre os registros públicos, esse 
assunto é regulamentado pelo artigo 1º: “os serviços concernentes 
aos Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil para 
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos 
ao regime estabelecido nesta Lei” (BRASIL, 1973).
A Constituição Federal de 1988, finalmente, é o grande 
instrumento norteador e organizador da estrutura notarial vigente. 
No artigo 236, a denominação de serviços notariais e de registro 
é atribuída às atividades cartorárias, com funções delegadas pelo 
Poder Público, em caráter privado, sob fiscalização e controle do 
Poder Judiciário. A partir da Constituição, fica também o ingresso 
na atividade dependente de concurso público de provas e títulos, 
bem como estabelecido que a lei passa a regular as atividades, 
disciplinando a responsabilidade civil e criminal dos agentes 
delegados, além de definir normas gerais para fixação dos valores 
cobrados pelos serviçosnotariais e de registros.
O artigo 22, inciso XXV, da Constituição Federal, estabelece 
que a União tem competência privativa para legislar sobre registros 
públicos. O parágrafo único do mesmo artigo permite ainda que os 
estados e o Distrito Federal, por meio de lei complementar, legislem 
assuntos específicos sobre a matéria relacionada no artigo 22. Já o 
artigo 24, inciso IV, da CF, estabelece que à União, aos estados e ao 
Distrito Federal cabe legislar, conjuntamente, sobre as custas dos 
serviços forenses.
Teoria geral da atividade registral e notarial no Brasil 11
Dando prosseguimento ao estudo da normatização dos serviços 
notariais, o Estatuto dos Notariais e Oficiais de Registros surge para 
regulamentar o artigo 236 da Constituição Federal. Isso ocorre com 
a Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre os 
serviços notariais e de registros, passando a estabelecer:
• a natureza e fins;
• titulares;
• atribuições e competência dos notários e dos oficiais de 
registros;
• normas comuns para o ingresso na atividade e dos prepostos;
• responsabilidade civil e criminal;
• incompatibilidade e impedimentos;
• deveres e direitos;
• infrações disciplinares e penalidades;
• fiscalização pelo Poder Judiciário;
• extinção da delegação;
• seguridade social etc.
Cabe ainda destacar o fato de o Brasil ter adotado o modelo de 
notariado latino ou romano-germânico, como bem pontuado por 
Rocha Junior e Kamel (2017, p. 65); modelo este que se fundamenta 
em três pilares fundamentais: aconselhamento, imparcialidade e 
independência.
O aconselhamento é o pilar segundo o qual é permitido que 
os interessados sejam orientados pelos notários, sendo que essa 
orientação deve ser dotada de imparcialidade, que é o segundo 
pilar. Assim, o notário funciona como um mediador das partes, 
para encontrar a melhor solução em aplicação do direito vigente. 
Por fim, o pilar da independência significa que, embora exerça 
função pública fiscalizada pelo Poder Judiciário, o notário não tem 
subordinação hierárquica de seus órgãos.
12 Sistema registral e notarial
A Lei Federal n. 8.935/94, além dos aspectos gerais já apresentados 
anteriormente, dispõe, em seu artigo 1º, que: “serviços notariais e de 
registro são os de organização técnica e administrativa destinados a 
garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos 
jurídicos” (BRASIL, 1994). Vemos, portanto, que ela informa sobre a 
natureza dos serviços notariais e de registro, os quais não tratam de 
assuntos forenses, e sim extrajudiciais.
O serviço, no caso dos notariais e de registro, é exercido em 
caráter privado, ou seja, por particulares em colaboração com o Poder 
Público, com independência, o que significa sem subordinação. Por isso 
podemos dizer que são particulares, titulares de serventias extrajudiciais, 
substituindo o Estado. O tabelião e o registrador são agentes públicos1 
que custeiam toda a atividade, mas não integram o funcionalismo 
público, obtendo ônus e bônus por meio de seu patrimônio pessoal.
De acordo com o mencionado no artigo 1º da Lei n. 8.935/94, 
os registros públicos têm por finalidade “garantir a publicidade, 
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos” (BRASIL, 
1994). Por publicidade entendemos dar conhecimento dos fatos 
jurídicos, prevenindo litígios por desconhecimento das situações. 
Em relação à autenticidade do documento, trata-se de o registrador 
apor sua fé pública e afirmar que determinado documento é 
verdadeiro, leal quanto ao conteúdo. Já segurança e eficácia jurídica 
referem-se à qualidade de o documento estar isento de danos ou 
prejuízos gerais, ou seja, respeitar as formalidades legais exigidas, 
sendo válidos, até prova em contrário, a eficácia ou o poder de gerar 
os efeitos pretendidos pelos interessados.
1 Agente público é todo aquele que presta qualquer tipo de serviço ao Estado, que exerce 
funções públicas, no sentido mais amplo possível dessa expressão, significando qualquer 
atividade pública. A Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/92) conceitua agente 
público como “todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, 
por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou 
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior” 
(BRASIL, 1992). Dessa forma, uma vez que os notários e registradores são delegados para a 
função pelo Poder Público, estes são agentes públicos, pois exercem função delegada pelo 
Poder Público, garantida pela Constituição Federal.
Teoria geral da atividade registral e notarial no Brasil 13
O serviço é executado pelo serventuário ao qual foi delegado ou, 
sob as ordens dele, por quem o auxiliar, com exclusividade. Sobre 
isso, Ceneviva (2014, p. 59) esclarece que:
a atuação funcional do titular é legitimada nos limites dos 
poderes outorgados pela delegação, subordinada ou não 
a zonas territoriais. Estas são impostas, por exemplo, aos 
registradores civis e de pessoas naturais e aos de imóveis, 
cujas atividades são exercíveis exclusivamente na área 
territorial criada pela divisão interna do Estado ou do 
Distrito Federal.
A delegação envolve, do ângulo do delegante, forma de 
representação do poder estatal, pois credencia o delegado 
do Poder Público, e não de um ou mais órgãos específicos 
do Estado.
Por fim, observamos que a atuação legislativa trazida pela 
Constituição Federal de 1988 e pela Lei 8.935/94 afirma a importância 
da atividade registral e notarial, ressaltando a sua independência e 
autonomia funcional em relação aos demais serviços.
Segundo o documento “Cartório em números”, da 
Associação dos Notários e Registradores do Brasil 
(Anoreg/BR), 88 países possuem cartórios que 
atuam no mesmo sistema jurídico vigente no Brasil 
(chamado de Direito Latino).
Figura 1 – Presença global dos cartórios
Direito Anglo-saxão (regime jurídico diferenciado)
Direito Latino (países que praticam o mesmo modelo do Brasil)
Fonte: ANOREG/BR, 2019.
14 Sistema registral e notarial
Figura 2 – Capilaridade dos cartórios
Cartórios Lotéricas Municípios Postos 
do MRE
Juntas 
Comerciais
Polícia 
Federal 
Caixa 
Econômica 
Federal 
Banco 
Itaú
DelegaciasBanco 
Bradesco
Banco 
do Brasil 
13.241 13.627
10.802
12.362
4.283
5.450
4.649
5.570
27139 10
3.288
4.143
0
3000
6000
9000
12000
15000
Correios Igrejas
Fonte: ANOREG, 2019.
Como pode ser observado no gráfico da Figura 2, 
no Brasil, atualmente, está registrada a existência de 
13.627 cartórios, distribuídos pelos 5.570 municípios 
do país.
1.2 Direito registral como microssistema e 
como unidade normativa
A finalidade e a natureza dos serviços notariais 
e de registro são determinadas entre os artigos 1º a 
4º da Lei 8.935/94, que regula a atribuição desses 
serviços de modo a garantir a realização de seus 
objetivos, assim como assegurar a organização 
técnica e administrativa para um serviço prestado 
de forma adequada e eficiente.
Serviço Notarial é definido como sendo a atividade de 
agente público, autorizado por lei, em redigir, formalizar e 
autenticar com fé pública, instrumentos que consubstanciam 
atos jurídicos extrajudiciais do interesse dos solicitantes, 
[...] já para os atos de Registro, assentamento de títulos 
de interesse privado ou público, para sua oponibilidade a 
todos os terceiros, com a publicidade que lhe é inerente, 
garantindo, por definição legal, a segurança, a autenticidade 
Vídeo
Teoria geral da atividade registral e notarial no Brasil 15
e a eficácia dos atos da vida civil a que se refiram. 
(CENEVIVA, 2014, p. 40-41)
A respeito do serviço de registro, vejamos o que diz Monteiro 
(2016, p. 126):
Registro é o conjunto de atos autênticos tendentes a 
ministrar prova segura e certa do estado das pessoas. 
Ele fornece meios probatórios fidedignos, cuja base 
primordial descansa na publicidade, que lhe é imanente. 
Essa publicidade de que se reveste o registro tem função 
específica: provar a situaçãojurídica do registrado e torná- 
-la conhecida de terceiros. 
Por publicidade, entendemos a entrega de segurança às 
relações jurídicas, a fim de garantir o conhecimento do acervo 
das serventias extrajudiciais, além de assegurar a oponibilidade 
contra terceiros, prevenindo problemas que poderiam refletir nos 
interesses deles.
Para consolidar a autenticidade do documento, o tabelião e o 
registrador lançam a sua fé pública, afirmando que o documento 
ou ato praticado é verdadeiro e leal em seu conteúdo. Note que esse 
reconhecimento de autenticidade se refere ao registro, e não ao 
negócio jurídico realizado anteriormente.
E como a Lei 8.935/94 trata o termo autenticar e suas variações? 
Os termos autenticidade, autenticar e autenticação, utilizados nos 
artigos 1º, 6º (incisos II e IV), 7º (inciso V) e 52º, podem ser definidos 
com o entendimento positivo da ação de declarar autêntico, certificar 
e legalizar, ou seja, reconhecer algo como verdadeiro, idôneo.
A respeito da expressão segurança jurídica, esta segue o entendimento 
da qualidade de se isentar de danos ou prejuízos gerais. Isso significa 
que o documento ou fato respeitou as formalidades legais, portanto é 
válido, até prova em contrário, assegurando a estabilidade das relações 
jurídicas, a confiança no ato registral e a certeza quanto à sua eficácia, de 
modo a evitar riscos e prejuízos, bem como conferir a boa-fé de quem 
pratica o ato fundado naquelas informações. Qualquer interessado pode 
16 Sistema registral e notarial
requerer certidão, consultar o teor dos registros e livros das serventias, 
em favor, inclusive, da publicidade do ato.
Já a eficácia garante o poder para produzir os efeitos almejados, 
isto é, garantir que o ato notarial ou registral acarretará o objetivo 
pretendido e produzirá os efeitos jurídicos dele esperados.
Somente o próprio registro possui autenticidade, não as declarações 
prestadas. Assim, o negócio ou a circunstância que deram causa ao 
assento não se revestem da presunção relativa de verdade, cabendo 
ao oficial de registro receber as declarações prestadas e examinar seus 
critérios formais. Nesse sentido, afirma Duarte (2015, p. 24): “registro 
é ato principal de documentação desses elementos que determinam o 
estado e a capacidade da pessoa natural”.
Ressaltamos ainda que as finalidades anteriormente elencadas 
estão diretamente ligadas aos princípios gerais da Administração 
Pública, previstos no artigo 37 da Constituição Federal, a saber: 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
1.2.1 Princípio da legalidade
O princípio da legalidade impõe ao registrador a obrigação 
de seguir o que está disposto em lei. Consequentemente, o oficial 
de registro e seus prepostos somente podem realizar os atos 
registrais com estrita observância aos requisitos legais. Desse 
modo, a conferência da licitude do título ou de sua qualificação 
é a oportunidade em que o documento apresentado para registro 
passa por exame à luz da legislação vigente, no qual se verifica sua 
capacidade efetiva.
1.2.2 Princípio da impessoalidade
O segundo princípio, da impessoalidade, indica que os serviços 
devem ser prestados a todos, igualmente, sem discriminação. Dessa 
maneira, os prazos registrais são os mesmos, independentemente de 
Teoria geral da atividade registral e notarial no Brasil 17
quem seja o interessado; logo os requisitos legais devem ser exigidos 
de todos indistintamente.
1.2.3 Princípio da moralidade
Quanto ao princípio da moralidade, trata-se do agir em acordo 
com padrões éticos, tendo a honestidade como princípio na atuação 
pública. Nesse sentido, afirma Araújo (2016, p. 60):
Sobre a Moralidade aplicada aos registros públicos, pode-
-se dizer que está relacionada à conduta condigna do 
registrador, ou seja, ele deve proceder de forma a dignificar 
a função exercida, tanto nas atividades profissionais como 
na vida privada. 
1.2.4 Princípio da publicidade
Por meio do fornecimento das certidões e informações requeridas 
pelos interessados, conseguimos visualizar na prática a aplicação do 
princípio da publicidade. Assim, visando limitar a abrangência do 
princípio da publicidade em relação a informações pessoais, no XIII 
Congresso Brasileiro de Direito Notarial, foi aprovada a proposta de 
orientação número 3, nos seguintes termos:
Não obstante a regra geral da publicidade dos atos notariais, 
quanto às certidões de testamento ou atos que envolvam 
direito de família, o notário fornecerá tais certidões 
somente para as partes, seus advogados, ou para terceiros 
que possuam autorização judicial, decorrente do direito à 
intimidade. (26 Tabelionato de Notas, 2012)
1.2.5 Princípio da eficiência
Por fim, o princípio da eficiência é explicitado no artigo 30, inciso 
II, da Lei 8.935/94, que estabelece como dever do registrador “atender 
as partes com eficiência, urbanidade e presteza” (BRASIL, 1994).
Dando continuidade às finalidades dos serviços notariais e 
registrais, a Constituição de 1988 tratou dessa espécie de serviço 
18 Sistema registral e notarial
público com atenção, atribuindo-lhe características peculiares. 
Assim, em consonância com o artigo 236, ao regulamentar o 
“caráter privado, por delegação do Poder Público” (BRASIL, 1988), 
a Constituição Federal preconiza que o registrador é agente público, 
suporta os encargos econômicos de sua profissão, porém não se 
trata efetivamente de funcionário público, não tendo caráter de 
subordinação. Em tese, trata-se de serviço essencial não privativo; 
os registradores exercem atividade estatal, mas não são servidores 
públicos. Entretanto, seu ingresso na atividade ocorre por meio de 
concurso público de provas e títulos, de acordo com os incisos I a IV 
do artigo 37 da Constituição Federal de 1988:
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos 
Brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em 
lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende 
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de 
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade 
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas 
as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de 
livre nomeação e exoneração;
III - o prazo de validade do concurso público será de até 
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de 
convocação, aquele aprovado em concurso público de 
provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade 
sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, 
na carreira; (BRASIL, 1988)
O artigo 236 da Constituição Federal, em seu parágrafo 3º, 
proíbe que as serventias fiquem vagas, sem abertura de concurso 
de provimento ou de remoção, por mais de seis meses. A outorga 
do aprovado em concurso público de provas e títulos ocorre por 
delegação do Poder Público, que, nesse caso, trata-se do Poder 
Judiciário Estadual e do Distrito Federal.
A respeito da extinção do ofício registral, os incisos I a VI do artigo 
39 da Lei n. 8.935/94 definem em quais situações ela pode ocorrer, 
Teoria geral da atividade registral e notarial no Brasil 19
sendo efetivada por motivos taxativamente elencados no artigo 
em questão. São eles: “morte, aposentadoria facultativa, invalidez; 
renúncia; perda, nos termos do art. 35; descumprimento, comprovado, 
da gratuidade estabelecida na Lei n. 9.534/97” (BRASIL, 1994). Os 
incisos I e II do artigo 35 da Lei n. 8.935/94, por sua vez, trazem os 
motivos para as perdas da delegação: “sentença judicial transitada em 
julgado ou decisão decorrente de processo administrativo instaurado 
pelo juízo competente, assegurado amplo direito de defesa, para a 
decretação da perda da delegação” (BRASIL, 1994).
A Constituição Federal define, no artigo 236, parágrafos 1º e 2º, que a 
lei determinará as atividades dos oficiais de registro e de seus prepostos, 
definindo a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário, alémde 
estabelecer “normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos 
atos praticados pelos serviços notariais e de registro” (BRASIL, 1988).
Os notários e registradores integram o poder administrativo, são 
dotados de fé pública e atribuem certeza e verdade aos atos por eles 
praticados ou certificados. Dessa forma, os atos e os fatos registrados 
e autenticados pelos notários e registradores apresentam presunção 
de legitimidade e legalidade. Essa presunção é iuris tantum ou 
relativa, ou seja, aceita prova em sentido contrário e não impede que 
os atos sejam desconstituídos.
Os oficiais de registro ou registradores são profissionais 
independentes, com fins especiais de lei dos notários e registradores, 
como define Ceneviva (2014, p. 48):
O registrador atua para assegurar efeito constitutivo 
(a aptidão constitutiva submete o ato ou o negócio 
jurídico ao prévio registro, sem o qual aquela não nasce), 
comprobatório (o ato ou o negócio jurídico registrado 
existe, nos termos assentados no ofício público, gerando 
presunção, absoluta ou relativa, do direito ao qual se refere) 
ou publicitário (o ato ou o negócio jurídico registrado é 
conhecido ou, ao menos, cognoscível por todos, salvo 
umas poucas exceções). 
emolumentos: 
conjunto de 
encargos fixos 
relativos a 
determinados 
processos ou 
atos. 
20 Sistema registral e notarial
Para alcançar a melhor qualidade na prestação de serviços, 
principalmente em relação às despesas de custeio, investimento 
e pessoal, bem como estabelecer normas, condições e obrigações 
relativas à atribuição de funções e de remuneração de seus prepostos, 
o titular realizará o gerenciamento administrativo e financeiro dos 
serviços notariais de registro. Os oficiais de registro ou registradores 
são livres para contratar prepostos e exercer a gerência administrativa 
e financeira dos serviços que lhes foram delegados pelo Estado, 
conforme o artigo 21 da Lei 8.935/94.
A remuneração dos registradores é proveniente dos emolumentos 
pagos pela coletividade, no entanto, parte significativa desses valores 
é repassada a outras instituições. Assim, não são verbas somente 
dos registradores. Como responsáveis tributários, estes devem 
repassar percentuais significativos a outras instituições, tais como 
Estado, Tribunal de Justiça, município, Ministério Público, Santa 
Casa, Instituto de Pagamentos Especiais de São Paulo – Ipesp, entre 
outras, conforme determina cada lei estadual.
A Constituição Federal, no artigo 236, parágrafo 2º, estabeleceu 
normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos 
praticados pelos serviços notariais e de registro. À União, aos 
estados, aos municípios e ao Distrito Federal compete legislar 
concorrentemente sobre as taxas judiciárias, e os emolumentos 
são espécies tributárias de taxas. Devem, portanto, atentar-se às 
normativas e princípios constitucionais tributários, por exemplo 
o da legalidade, o qual determina que estes apenas podem ser 
instituídos ou majorados por meio de lei.
Já o artigo 98, parágrafo 2º, da Constituição Federal, determina 
que as custas e os emolumentos são “destinados exclusivamente 
ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça” 
(BRASIL, 1988), ou seja, são “taxas” em consonância com a Lei 
Federal n. 10.160/2000. O valor dos emolumentos referentes aos 
atos, no tocante aos serviços notariais e de registro, será fixado pelos 
Teoria geral da atividade registral e notarial no Brasil 21
estados e pelo Distrito Federal. O Supremo Tribunal Federal, na ADI 
2.415/SP, reforça o disposto na legislação.
IV – enfim, as atividades notariais e de registro não se 
inscrevem no âmbito das remuneráveis por “tarifa” ou 
“preço público”, mas no círculo das que se pautam por 
uma tabela de emolumentos, jungidos estes a normas 
gerais que se editam por lei necessariamente federal. 
Características de todo destoantes, repise-se, daquelas que 
são inerentes ao regime dos serviços públicos. (Ação Direta 
de Inconstitucionalidade 2.415 São Paulo, Rel.: Min. Ayres 
Britto, 22/09/2011) (JUSBRASIL, 2012)
Por fim, com a regularização das atividades notariais e de 
registro, ficou definida a fiscalização de seus atos pelo Poder 
Judiciário, e foram estabelecidas, por meio da Lei 10.169/2000, que 
visa regular o parágrafo 2º do artigo 236 da Constituição Federal, 
“normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos 
praticados pelos serviços notariais e de registro”. Conforme o artigo 
3º da Lei 8.935/94, trata-se “de profissionais do Direito, dotados 
de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial 
e de registro” (BRASIL, 1994), voltados às finalidades do registro 
público, quais sejam: autenticidade, segurança e eficácia dos 
documentos e declarações.
Considerações finais
Neste capítulo, apresentamos informações relevantes sobre o 
sistema registral e notarial. Iniciamos por seu retrospecto histórico, 
no qual percebemos que, ao longo dos anos, a função notarial passou 
por uma grande evolução. No Brasil, o divisor de águas do serviço 
notarial e registral foi o artigo 236 da Constituição Federal de 1988, 
bem como a promulgação da Lei Federal n. 8.935/94, que regula 
esse serviço público de vital relevância para a sociedade. Vimos 
que os princípios da Administração Pública, expressos no artigo 37 
da Constituição Federal – legalidade, imparcialidade, moralidade, 
publicidade e eficiência – também regem as atividades registrais e 
22 Sistema registral e notarial
notariais, pois embora se trate de um serviço privado, possui função 
pública delegada pelo Estado a notários e registradores.
Como consequência, os estados da Federação, por meio de 
leis estaduais, abertura de concursos públicos e normatizações 
administrativas estabelecidas pelo Poder Judiciário, deram início a 
um novo serviço notarial, com enfoque ainda maior na garantia da 
eficácia da lei, da segurança jurídica e na prevenção de litígios.
Ampliando seus conhecimentos
Chegamos ao fim deste capítulo e, para desenvolver melhor o 
conteúdo estudado, leia as seguintes indicações a fim de ampliar 
seus conhecimentos!
• ANOREG/BR disponibiliza versão impressa do levantamento 
cartório em números. Associação dos Notários e Registradores 
do Brasil. Disponível em: https://www.anoreg.org.br/
site/2019/04/11/anoreg-br-disponibiliza-versao-impressa-
do-levantamento-cartorio-em-numeros/. Acesso em: 11 ago. 
2019.
Desenvolvido pelo Departamento de Comunicação da 
Associação dos Notários e Registradores do Brasil – Anoreg/
BR, o levantamento “Cartório em números” compila os dados 
dos serviços extrajudiciais de todo o Brasil. No material, 
encontramos dados sobre a arrecadação tributária realizada 
nos cartórios, os convênios firmados com órgãos públicos e 
todas as informações das centrais eletrônicas de cada uma das 
naturezas de cartório.
• SIQUEIRA, Marli Aparecida da Silva; SIQUEIRA, Bruno Luiz 
Weiler. Tabeliães e oficiais de registros: da evolução histórica 
à responsabilidade civil e criminal. Revista de Informação 
Legislativa, Brasília, a. 37, n. 148, out./dez. 2000. Disponível 
Teoria geral da atividade registral e notarial no Brasil 23
em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/
id/627/r148-02.pdf?sequence=4. Acesso em: 11 ago. 2019.
O artigo mostra a evolução histórica do Direito registral e 
notarial no Brasil e no mundo, juntamente com a evolução 
da sua responsabilidade civil e criminal. Vale a pena a leitura.
Atividades
1. O serviço, a função e a atividade notarial e de registro são 
norteados pelos princípios específicos de cada natureza 
notarial e registral, que serão conhecidos no decorrer de 
nossos estudos. Além desses, quais são os princípios gerais 
que orientam o sistema notarial e registral?
2. Qual a finalidade e natureza dos serviços notariais e de 
registro?
3. Quais são as formas de extinção do ofício registral?
Referências
ANOREG/BR disponibiliza versão impressa do levantamento cartório em 
números. Associação dos Notários e Registradoresdo Brasil. Disponível 
em: https://www.anoreg.org.br/site/2019/04/11/anoreg-br-disponibiliza-
versao-impressa-do-levantamento-cartorio-em-numeros/. Acesso em: 30 
ago. 2019.
ARAÚJO, Maria Darlene Braga. Sistema registral e notarial. Curitiba: IESDE 
Brasil S/A, 2016.
BLOG do 26. ANOREG/BR: aprovadas propostas de orientações sobre 
práticas notariais e de registro. 26 Tabelionato de Notas, 13 jan. 2012. 
Disponível em: https://www.26notas.com.br/blog/?p=5170. Acesso em: 30 
ago. 2019.
BRASIL. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Lei dos Registros Públicos. 
Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 31 dez. 1973. 
24 Sistema registral e notarial
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.
htm. Acesso em: 30 ago. 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 
DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 30 ago. 2019.
BRASIL. Lei 8.429, de 2 de junho de 1992. Diário Oficial da União, Poder 
Executivo, Brasília, DF, 3 jun. 1992. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/L8429.htm. Acesso em: 30 ago. 2019.
BRASIL. Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Lei dos Cartórios. Diário 
Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 21 nov. 1994. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8935.htm. Acesso em: 30 
ago. 2019.
CENEVIVA, Walter. Lei de registros públicos comentada. São Paulo: Saraiva, 
2010.
CENEVIVA, Walter. Lei dos notários e dos registradores comentada. 9. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2014.
DUARTE, Nestor. In: PELUSO, Cezar (org.). Código Civil comentado – 
doutrina e jurisprudência. 9. ed. São Paulo: Manole, 2015.
MONTEIRO, Washington de B.; PINTO, Ana Cristina de B. M. F. Curso de 
Direito Civil. v. 1: parte geral. 45. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
ROCHA JUNIOR, Cid; KAMEL, Antoine Youseff. Noções elementares da 
atividade notarial e registral. Curitiba: InterSaberes, 2017.
STF. Ação Direta de Inconstitucionalidade: ADI 2.415 SP – inteiro 
teor. Jusbrasil, 9 fev. 2012. Disponível em: https://stf.jusBrasil.com.br/
jurisprudencia/21273484/acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi-2415-
sp-stf/inteiro-teor-110301951. Acesso em: 02 set. 2019.
2
Estrutura do sistema registral e 
notarial no Brasil
Neste capítulo, estudaremos as atribuições, competências, 
responsabilidades, impedimentos e incompatibilidades de notários 
e registradores, que compõem a estrutura do sistema registral 
e notarial no Brasil. Para essas funções, o ingresso na carreira 
ocorre por meio de concurso público. As delegações, por sua vez, 
são públicas, entretanto, executadas por particulares aprovados 
em concurso público de provas e títulos, que atuam em prol da 
coletividade e do Estado.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na Resolução n. 81 de 
2009, editou normas para regulamentar os concursos públicos de 
provas e títulos para a outorga das delegações de notas e de registro. 
Nessa Resolução, consta a minuta do edital do concurso, respeitando 
os requisitos mínimos da lei. Por exemplo, no artigo 1º, parágrafo 1º, 
é estabelecida a composição da comissão examinadora, formada por 
um desembargador, que será o presidente; três juízes de Direito; um 
membro do Ministério Público; um advogado; um registrador; e um 
tabelião, cujos nomes serão publicados no edital.
É importante observarmos que o exercício de atividade notarial 
e de registro está condicionado ao preenchimento dos requisitos 
estabelecidos no artigo 14 da Lei 8.935/94, concomitante com o 
artigo 7º da Resolução 81 de 2009, que estabelece:
Art. 7º. São requisitos para inscrição no concurso público, 
de provimento inicial ou de remoção, de provas e títulos, 
que preencha o candidato os seguintes requisitos:
I - nacionalidade brasileira;
II - capacidade civil;
26 Sistema registral e notarial
III - quitação com as obrigações eleitorais e militares;
IV - ser bacharel em direito, com diploma registrado, ou ter 
exercido, por dez anos, completados antes da publicação do 
primeiro edital, função em serviços notariais ou de registros;
V - comprovar conduta condigna para o exercício da 
atividade delegada. (BRASIL,1994)
Para o concurso de remoção, são admitidos os notários e 
registradores que, por ocasião da primeira publicação do edital, 
exerçam a atividade por mais de dois anos. Houve discussões sobre o 
momento da apresentação da comprovação do tempo de exercício de 
atividade, se deveria ser no ato da inscrição no concurso ou na posse. 
Isso foi solucionado pela Súmula 266 do STJ, disciplinando que: “o 
diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido 
na posse e não na inscrição para o concurso público” (STJ, 2002).
Por fim, no que tange à organização dos concursos públicos, o 
artigo 44 da Lei dos Notários e Registradores informa que se houver a 
impossibilidade total de preencher a titularidade de serviço notarial 
ou de registro por concurso público devido à falta de interesse ou de 
candidatos, o serviço notarial e de registro será extinto pelo juiz ou 
autoridade competente. Nesse caso, as atribuições do serviço extinto 
são anexadas ao mais próximo localizado na sede do respectivo 
município ou município vizinho.
Nas seções seguintes, passaremos a analisar as atribuições, 
competências e responsabilidades civis e criminais dos notários em 
relação aos seus atos.
2.1 Atribuições e competências dos notários 
e dos registradores
A palavra competência aqui utilizada tem 
o significado de função, de atribuição. Cada 
serventia notarial ou registral tem atribuições 
específicas que somente podem ser realizadas de 
Vídeo
Estrutura do sistema registral e notarial no Brasil 27
acordo com a própria alçada. Isso significa que um tabelião de notas, 
por exemplo, não pode registrar um imóvel ou um documento, 
enquanto um oficial registrador não tem competência para 
reconhecer firmas, exceto quando os ofícios são organizados dentro 
de uma mesma competência, ou seja, quando o oficial é responsável 
por um tabelionato e um registro, de forma concomitante.
Para entendermos as atribuições e competências dos notários e 
dos registradores, é necessário conhecer inicialmente as nominações 
que recebem e suas divisões. Em primeiro lugar, temos a figura do 
titular, que é, nas palavras de Ceneviva (2014, p. 59),
a pessoa nomeada para ocupar um cargo ou uma função 
determinados. A expressão envolve o significado da 
responsabilidade atribuída ao designado, pelo serviço 
que lhe corresponde, com título para cumprimento das 
atribuições legais ou regulamentares e a colheita dos 
benefícios consequentes. 
A Lei 8.935/94 considera somente o titular como recebedor da 
delegação, e o artigo 5º dessa mesma lei determina os titulares de 
serviços notariais e de registro, sendo eles:
I - tabeliães de notas;
II - tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos;
III - tabeliães de protesto de títulos;
IV - oficiais de registro de imóveis;
V - oficiais de registro de títulos e documentos e civis das 
pessoas jurídicas;
VI - oficiais de registro civis das pessoas naturais e de 
interdições e tutelas;
VII - oficiais de registro de distribuição. (BRASIL, 1994)
Nessa denominação, é feita a divisão da seguinte forma: “dois 
tabeliães (notas e protestos), o tabelião oficial (contratos marítimos) 
e quatro oficiais (imóveis, títulos e documentos, registro civil e 
distribuidores)” (CENEVIVA, 2014, p. 60).
28 Sistema registral e notarial
De acordo com o artigo 6º da Lei 8.935/94, compete a notários 
e tabeliães:
I - formalizar juridicamente a vontade das partes;
II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes 
devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, 
autorizando a redação ou redigindo os instrumentos 
adequados, conservando os originais e expedindo cópias 
fidedignas de seu conteúdo;
III - autenticar fatos. (BRASIL, 1994)
Destacamos, quanto a essas competências de notários e tabeliães, 
quea juridicidade da formalização apenas é reconhecida em prática 
de ato notarial, realizada por pessoa habilitada, com os requisitos 
próprios do exercício, quaisquer que sejam eles: atos do delegado 
ou de seus prepostos, com pautas para escrita manual ou sem pauta, 
ou por meio virtual. O essencial é que se preserve a intenção das 
partes e a verdade da manifestação nela contida, em seus elementos 
essenciais, sendo esta a verdadeira formalização. A utilização mais 
acima do termo juridicidade está relacionada ao fato de que a 
formalização deve ser adequada ao Direito (CENEVIVA, 2014).
Há algumas atividades que são exclusivas ao tabelião de notas, 
ficando ainda limitado a praticar os atos de ofício nos limites do 
município para o qual recebeu delegação (art. 9º da Lei 8.935/94). 
Os incisos I a V do artigo 7º dessa lei informam quais são as 
competências exclusivas:
Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:
I - lavrar escrituras e procurações, públicas;
II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
III - lavrar atas notariais;
IV - reconhecer firmas;
V - autenticar cópias. (BRASIL, 1994)
Neste capítulo, ainda não abordaremos as procurações, 
escrituras e atas notariais, competências citadas nos incisos do 
artigo 7º. Vamos focar, por enquanto, duas práticas cartorárias 
Estrutura do sistema registral e notarial no Brasil 29
muito conhecidas no dia a dia de notários e registradores: o 
reconhecimento de firma e a autenticação.
O reconhecimento de firma é o ato pelo qual o tabelião de notas 
atesta que determinada assinatura é realmente da pessoa que assinou 
o documento (signatária). Os reconhecimentos de firma ou assinatura 
podem ser por autenticidade (ou verdadeira) ou por semelhança.
Já a autenticação é o ato de comparar um documento original 
com a fotocópia apresentada. Nela, então, o tabelião atesta que 
determinada cópia confere com o documento original.
Os tabeliães de contratos marítimos, por seu turno, são 
profissionais limitados a uma espécie contratual relacionada ao 
comércio marítimo. São ligados aos princípios gerais do Direito 
comercial e do Direito marítimo, sendo que a eles compete organizar 
todos os atos notariais relativos às embarcações e ao Direito 
marítimo: escrituras públicas, registros dessas escrituras, translado 
de documentos e assinaturas e reconhecimentos de firmas.
Os tabeliães de protesto de títulos são encarregados de lavrar 
protestos, e, por sua natureza, não podem ser confundidos com os 
tabeliães de notas. Embora, comumente, ambos sejam tratados pela 
mesma nomenclatura tabelião, deve-se observar que as competências 
são diversas (CENEVIVA, 2014).
Conforme os incisos I a VII do artigo 11 da Lei 8.935/94, também 
possuem competência privativa de:
I - protocolar de imediato os documentos de dívida, para 
prova do descumprimento da obrigação;
II - intimar os devedores dos títulos para aceitá-los, devolvê-
los ou pagá-los, sob pena de protesto;
III - receber o pagamento dos títulos protocolizados, dando 
quitação;
IV - lavrar o protesto, registrando o ato em livro próprio, em 
microfilme ou sob outra forma de documentação;
V - acatar o pedido de desistência do protesto formulado 
pelo apresentante;
30 Sistema registral e notarial
VI - averbar:
a) o cancelamento do protesto;
b) as alterações necessárias para atualização dos registros 
efetuados;
VII - expedir certidões de atos e documentos que constem 
de seus registros e papéis. (BRASIL, 1994)
Observamos que se houver mais de um tabelião de protestos de 
títulos na mesma localidade, será obrigatória a prévia distribuição 
dos títulos, distribuição que ocorrerá por meio de serviço instalado 
e mantido pelos próprios tabelionatos, salvo se já existir ofício 
distribuidor organizado, conforme parágrafo único, artigo 11, da 
Lei 8.935/94.
No que concerne aos oficiais de registro (imóveis, títulos e 
documentos, registro civil e distribuidores), descritos no artigo 
12, temos no artigo 13 a sua competência descrita. Para tanto, 
compete aos oficiais realizar a distribuição dos serviços atribuídos à 
natureza cartorária, efetuar as averbações e os cancelamentos de sua 
competência, expedindo ainda certidões que são de sua atribuição.
Os oficiais de registro de imóveis e oficiais de registros civis das 
pessoas naturais e de interdições e tutelas estão sujeitos às normas 
que definirem as circunscrições geográficas. Desse modo, haverá 
um registrador civil das pessoas naturais em cada sede municipal. 
Já municípios com considerável área territorial terão no mínimo um 
registrador de pessoas naturais, a juízo do respectivo estado.
Com o Código Civil de 2002, ficou determinado, no artigo 
9º, o registro público dos: “nascimentos, casamentos e óbitos; da 
emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; da 
interdição por incapacidade absoluta ou relativa e da sentença 
declaratória de ausência e de morte presumida” (BRASIL, 2002). 
Assim, para atender à demanda de serviços que devem ser efetuados 
nos cartórios, são empregados auxiliares ou prepostos, submetidos 
ao regime celetista, ou seja, às regras trabalhistas da Consolidação 
Estrutura do sistema registral e notarial no Brasil 31
das Leis do Trabalho (CLT). O termo preposto designa a pessoa ou o 
empregado investido na função atribuída pelo notário ou registrador.
Os funcionários, cujos serviços visam tarefas específicas, podem ser 
contratados de acordo com a legislação trabalhista ou como profissionais 
autônomos. Nesse sentido, são pessoas que desempenham a mão de 
obra para o titular da serventia extrajudicial, no caso o preponente, 
enquanto os empregados são denominados prepostos.
O parágrafo 3º, artigo 20, da Lei 8.935/94, determina que “os 
escreventes poderão praticar somente os atos que o notário ou o 
oficial de registro autorizar” (BRASIL, 1994). O parágrafo 1º informa 
que cada serviço notarial ou de registro deverá ter a quantidade 
necessária de substitutos, escreventes e auxiliares, ficando a critério de 
cada tabelião ou registrador. Fica ainda disciplinado que o preponente 
é responsável pelos atos praticados por seus prepostos quando no 
desempenho das funções que se mostrem objetos da preposição.
Dentro dos parágrafos 2º, 4º e 5º do artigo 20, temos ainda 
que os tabeliães enviarão os nomes de seus substitutos ao juízo 
competente. Um dos substitutos poderá ser designado pelos notários 
e registradores, em caso de ausência ou impedimento destes, sendo 
competente para praticar todos os atos pertinentes ao ofício.
2.2 Responsabilidades civil e criminal
Aos tabeliães e registradores são atribuídos 
poderes no exercício de serviço público essencial à 
sociedade. Os registros públicos prestam serviços, 
informações, aconselhamentos, registros e assentos, 
retificações, averbações e anotações, preservando 
dados relevantes e indispensáveis à vida social, 
mantendo atualizados e preservados os cadastros das pessoas.
Nesse sentido, a presença do notarial em nossas vidas é 
constante. Inicia no registro civil de nascimento, passando por 
Vídeo
32 Sistema registral e notarial
nosso matrimônio e aquisição e venda de nossos bens, até o 
momento em que falecemos. No Direito, de maneira geral, as 
demandas relativas à responsabilidade civil e penal são numerosas, 
portanto, a responsabilidade civil e criminal de notários e 
registradores faz-se presente nos tribunais.
Para fins de responsabilidade civil, o artigo 37, parágrafo 6º, da 
Constituição Federal determina que:
as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos 
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, 
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 
casos de dolo ou culpa. (BRASIL, 1988)
A Lei 8.935/94, em seu artigo 24, regulamenta a responsabilidade 
penal dos notários e registradores, enquanto os artigos 22 e 23 
cuidam de sua responsabilidade civil.
A matéria vem sendo tema de constantes debates no SupremoTribunal Federal (STF), que discute a responsabilidade civil do Estado 
frente aos notários e registradores, conforme podemos verificar a seguir:
AG R AVO R E G I M E N TA L E M R E C U R S O 
EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL 
DO ESTADO. DANOS CAUSADOS A TERCEIROS 
EM DECORRÊNCIA DE ATIVIDADE NOTARIAL. 
PRECEDENTES.
1. Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, “o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos 
notários que causem dano a terceiros, assegurado o direito 
de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou 
culpa (C.F., art. 37, § 6º)” (RE 209.354-AgR, da relatoria do 
ministro Carlos Velloso).
2. Agravo regimental desprovido (RE 518.894-AgR/SP, Rel. 
Min. Ayres Britto). (STF, 2011b)
Em decisão recente, por meio do Recurso Extraordinário 842846, 
tratando sobre a responsabilidade civil do Estado em virtude de 
danos que tabeliães e oficiais de registro tenham gerado a terceiros 
Estrutura do sistema registral e notarial no Brasil 33
durante suas atividades profissionais, o Plenário do STF julgou, por 
repercussão geral, a seguinte tese:
O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos 
tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas 
funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de 
regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, 
sob pena de improbidade administrativa. (LUIZARI, 
2019, p. 17, grifo nosso)
Por repercussão geral, o STF entende ser:
Instituto processual pelo qual se reserva ao STF o julgamento 
de temas trazidos em recursos extraordinários que 
apresentem questões relevantes sob o aspecto econômico, 
político, social ou jurídico e que ultrapassem os interesses 
subjetivos da causa. Foi incluído no ordenamento jurídico 
pela Emenda Constitucional n. 45/2004 e regulamentado 
pelos arts. 322 a 329 do Regimento Interno do Supremo 
Tribunal Federal e pelos arts. 1.035 a 1.041 do Código de 
Processo Civil (Lei n. 13.105/2015). (STF, 2018)
Para a Lei n. 8.935/94, a responsabilidade do registrador é 
objetiva – entendendo responsabilidade objetiva como o dever de 
indenizar independentemente da comprovação de dolo ou culpa, 
bastando ficar configurado o nexo causal daquela atividade com 
o objetivo atingido. Após a alteração dada pela Lei n. 13.286/2016, 
esses profissionais do Direito passaram a responder pelos danos 
que eles e seus prepostos causarem a terceiros, na prática de atos 
próprios da serventia, desde que a conduta seja culposa ou dolosa. 
Além disso, com o recente julgamento por repercussão geral, ainda 
há a possibilidade de se impor pena de improbidade administrativa.
O titular (aquele que foi delegado), portanto, responde pela 
qualidade e defeito do serviço prestado por ele mesmo e por seus 
empregados. Entretanto, o titular do serviço não é responsável por 
ato praticado por seu substituto, seja por nomeação de juiz ou ordem 
estatal (CENEVIVA, 2014).
34 Sistema registral e notarial
O novo titular não receberá ainda a serventia do antigo 
responsável, mas sim do Estado; não há “aquisição derivada” do 
acervo da serventia, mas aquisição originária, já que se trata de bens 
destinados à atividade pública. Para evitar enriquecimento sem 
causa, o novo titular deverá “indenizar” o anterior, caso permaneça 
com os bens móveis existentes na unidade de serviço. Não há 
sucessão ou transferência de estabelecimento no sentido técnico do 
termo, como regra geral.
No artigo 23, a Lei dos Notários informa que a responsabilidade 
civil dos notários e registradores independe da criminal. O Código 
Civil, artigo 935, e a Lei n. 6.015/73, no artigo 28, parágrafo único, 
ratificam essa responsabilidade civil do notário e registrador. 
Embora não haja responsabilidade criminal, a civil perdurará, desde 
que estejam presentes seus requisitos.
Ainda, segundo a Lei 8.935/94, artigo 24, a responsabilidade 
criminal deve ser individualizada, devendo-se aplicar, adequadamente, 
a legislação pertinente aos crimes contra a Administração Pública 
(artigos 312 a 359 do Código Penal). Na esfera criminal, os notários 
e os registradores são equiparados ao servidor público ou funcionário 
público, segundo o Código Penal, artigo 327:
Considera-se funcionário público, para efeitos penais, 
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública.
Parágrafo primeiro - Equipara-se a funcionário público 
quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora 
de serviço contratada ou conveniada para a execução de 
atividade típica da Administração Pública. (BRASIL, 1940)
Portanto, de acordo com o Código Penal, os agentes públicos 
delegados pelo Estado para desempenhar função pública por 
meio do exercício de uma atividade privatizada são equiparados 
a servidores públicos (funcionários públicos), para efeito de 
responsabilidade criminal.
Estrutura do sistema registral e notarial no Brasil 35
É importante frisar que a responsabilidade criminal somente 
recairá sobre quem praticou a ação, portanto é estrita. Por exemplo, 
se um preposto pratica uma infração penal sem a participação 
do titular, este não responderá criminalmente, mas civil e 
administrativamente, e não poderá sofrer as consequências penais 
da condenação de seu preposto.
Igualado à condição de funcionário público para efeitos penais, 
temos como exemplo de infrações penais o artigo 297 do Código 
Penal, que prescreve pena de reclusão, de dois a seis anos, e multa 
aumentada de um sexto se o agente é funcionário público, caso 
haja falsificação, no todo ou em parte, de documento público, ou 
alteração de documento público verdadeiro.
2.3 Incompatibilidades e impedimentos 
dos notários e dos registradores
O capítulo V, nos artigos 25 a 27 da Lei 8.935/94, 
determina quais são as incompatibilidades 
e impedimentos do exercício da atividade 
notarial. Entretanto, antes de avançarmos no 
assunto, é necessário entender os conceitos de 
incompatibilidade e impedimento, emprestados do 
Direito administrativo, tratado por Walter Ceneviva.
Incompatibilidade é “a inviabilidade do servidor ou agente 
público de conciliar direitos e deveres atribuídos por lei a duas ou 
mais funções” (CENEVIVA, 2014, p. 218). Impedimento, por sua 
vez, ainda de acordo com Ceneviva (2014), é a proibição da prática 
de ato jurídico determinado.
Luiz Guilherme Loureiro (2016) afirma que as razões éticas e 
de melhor prestação do serviço justificam as incompatibilidades 
exigidas aos notários e registradores, uma vez que não pode ser 
executada, com maestria, uma atividade concomitantemente à 
Vídeo
36 Sistema registral e notarial
outra. Já os impedimentos cuidam da aptidão técnica do profissional. 
Aparentemente, o legislador igualou ambas as situações, mas afastar 
a pessoa é a ausência dela naquele serviço, apenas momentânea ou 
ocasionalmente (LOUREIRO, 2016).
Nesse sentido, vejamos o que diz o artigo 25 da Lei dos Notários 
e Registradores:
Art. 25. O exercício da atividade notarial e de registro é 
incompatível com o da advocacia, o da intermediação de 
seus serviços ou o de qualquer cargo, emprego ou função 
públicos, ainda que em comissão.
§ 1º (Vetado).
§ 2º A diplomação, na hipótese de mandato eletivo, e a 
posse, nos demais casos, implicará no afastamento da 
atividade. (BRASIL, 1994)
Pelo estabelecido em lei, a atividade notarial não pode ser 
cumulada com qualquer cargo, emprego ou função pública, ainda 
que em comissão, mesmo que o servidor esteja no gozo de férias ou 
licença remunerada. O status de servidor público, portanto, não é 
desconfigurado pelo fato de estar de férias ou licença.
Caso haja diplomação, na hipótese de mandato eletivo, e posse, 
nos demais casos, implicará afastamento do notário ou do registrador 
da atividade. Entretanto, no caso de mandato de vereador e havendo 
compatibilidade de horários, a jurisprudência do STF entende ser 
possível a cumulação.
O Partido Progressista Brasileiro, devidamente 
representado, com base nos artigos 102, I,“a” e “p”, e 103, 
VII, da Constituição Federal, promove a presente Ação 
Direta de Inconstitucionalidade do §2° do art. 25 da Lei 
Federal 8.935, de 18 de novembro de 1994, que dispõe: 
“Art. 25 - O exercício da atividade notarial e de registro é 
incompatível com o da advocacia, o da intermediação de 
seus serviços ou de qualquer cargo, emprego ou função 
públicos, ainda que em comissão. §2° - A diplomação, 
na hipótese de mandato eletivo, e a posse nos demais 
casos, implicará no afastamento da atividade.” Sustenta, 
Estrutura do sistema registral e notarial no Brasil 37
em síntese, o autor, que a norma impugnada contraria o 
disposto no art. 38, inc. III, da Constituição Federal, que tem 
este teor: “Art. 38 - Ao servidor público da administração 
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato 
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: III - investido 
no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de 
horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou 
função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, 
não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do 
inciso anterior. (...)” O Tribunal, por maioria, deferiu, em 
parte, o pedido de medida liminar, para, sem redução de 
texto, dar interpretação conforme à Constituição Federal ao 
§2° do art. 25, da Lei 8.935, de 18-11-1994, para excluir de 
sua incidência a hipótese do art. 38, III, primeira parte, da 
Carta Magna. (ADI 1.531 MC, rel. min. Sidney Sanches, P, 
j. 24-6-1999, DJ de 14-12-2001) (STF, 2011a, grifo nosso)
No que tange ao impedimento de que a atividade notarial e 
registral seja exercida concomitantemente com a advocacia e serviços 
conexos, como os imobiliários e de despachantes, tal impedimento 
tem razão, uma vez que vários atos notariais e registrais necessitam 
da presença de advogado acompanhando a parte interessada. Logo, 
o exercício duplo das funções certamente geraria parcialidade de 
opinião ou conflito de interesses, e nem mesmo a condição de 
substituto permite a cumulação. Observe a posição do STJ, no 
Agravo Regimental no Recurso Especial n. 1.539.833/RS:
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. TABELIÃO 
SUBSTITUTO. INCOMPATIBILIDADE COM A 
ADVOCACIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO 
PROVIDO.
1. [...]
2. A impetrada indeferiu a inscrição do recorrente como 
advogado na OAB/RS, por entender que o cargo de Tabelião 
Substituto é incompatível com a advocacia, nos termos do 
artigo 28, inciso IV, da Lei 8.906/94.
3. O Juiz de 1º Grau denegou a segurança.
4. O Tribunal a quo negou provimento à Apelação do ora 
recorrente e assim consignou na sua decisão: “Dessa forma, 
ao contrário do alegado pelo impetrante, não importa o fato 
38 Sistema registral e notarial
de ser contratado de forma privada pelo regime celetista, e, 
pois, não possuir estabilidade ou garantia, pois este não é 
o critério elegido pela lei para regrar a incompatibilidade, 
mas sim, de forma objetiva, a atividade desempenhada pelo 
bacharel em direito que almeja a inscrição como advogado.”
5. O Tribunal de origem entendeu que, estando o Tabelião 
Substituto apto a praticar os mesmos atos da alçada do 
Tabelião Titular, a restrição imposta no Estatuto da OAB 
também o alcança, e que não importa o fato de ser o 
recorrente contratado pelo regime celetista, pois este não foi 
o critério adotado pela Lei. (STJ: AgRg no recurso especial 
Nº 1.539.833 – RS (2015/0150460-9) (AGRG, 2015)
O artigo 26 da Lei 8.935/94 determina que não são acumuláveis 
os serviços de tabelionato, seja de notas, de contratos marítimos 
ou de protesto, com os de registro, seja de imóveis, de títulos 
e documentos, civis das pessoas jurídicas ou civis das pessoas 
naturais. Isso exceto nos municípios em que não for possível, devido 
à quantidade dos serviços ou dos ganhos, a instalação de mais de um 
desses serviços.
Por fim, o artigo 27 da referida lei impede a prática do notário e 
do registrador em favor de interesse pessoal, de cônjuge ou parentes, 
em linha reta, ou colateral, consanguíneos ou afins, até o terceiro 
grau. É importante atentar para a parte final do artigo 27, que foi 
revogada pela edição do Código Civil de 2002, no artigo 1.592, 
elevando o grau de parentesco até o quarto grau. Como exemplo, 
temos, na linha ascendente, o impedimento do titular até o bisavô; 
na descendência, até o bisneto; e, na colateral, até os irmãos dos tios 
e dos primos (CENEVIVA, 2014).
Considerações finais
O trabalho desempenhado por notários e oficiais de registro é 
relevante para a sociedade porque seus atos imprimem credibilidade 
aos documentos que lhes são confiados. O instituto de pesquisas 
Estrutura do sistema registral e notarial no Brasil 39
Datafolha realizou uma pesquisa publicada na revista Cartórios com 
Você, em edição de março e abril de 2016, segundo a qual em uma 
escala de confiança de zero a dez, os cartórios alcançaram a média 
de 7,6, enquanto a média geral dos serviços foi de 6,2. Essa pesquisa 
também indicou que a população é contrária à migração desses 
serviços para órgãos públicos ou empresas privadas.
Nessa mesma pesquisa, 68% dos entrevistados afirmaram que 
os serviços prestados pelos cartórios são muito importantes para 
a sociedade, sendo que esse número cresceu em relação a 2009, 
quando chegava a 63%.
Dessa forma, trazer a responsabilidade civil e criminal como 
objetiva também ao Estado permite que as diversas competências e 
atribuições dos notários, registradores e seus prepostos e empregados 
sejam exercidas com cuidado e cautela, com fiscalização permanente 
e organizada.
Ampliando seus conhecimentos
Para ampliar seus conhecimentos a respeito dos assuntos 
tratados neste capítulo, sugerimos dois textos muito interessantes, 
com diferentes abordagens sobre as responsabilidades dentro do 
âmbito notarial e registral.
• BENÍCIO, Hercules Alexandre da Costa. A responsabilidade 
civil de notários e registradores sob a égide da Lei 13.286/2016. 
Revista de Direito Imobiliário, v. 81, jul./dez. 2016. 
Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/
documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_
produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RDImob_n.81.14.
PDF. Acesso em: 11 ago. 2019.
40 Sistema registral e notarial
• O texto aborda a responsabilidade civil de notários e 
registradores, tratando ainda da responsabilidade indireta do 
ente estatal delegante por atos notariais e de registro. Aborda 
também a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor 
nas relações entre os prestadores e usuários de serviços 
notariais e registrais bem como os limites da atribuição de 
responsabilidade a notários e registradores ao executarem 
suas atividades.
• PESQUISA de jurisprudência. Supremo Tribunal 
Federal . Disponível em: http : / /www.st f . jus .br/
p o r t a l / j u r i s p r u d e n c i a / l i s t a r J u r i s p r u d e n c i a .
E+E+NOT%C1RIOS%29&base=baseAcordaos&url=http://
tinyurl.com/ybbaby4h. Acesso em: 11 ago. 2019 
O presente texto é um agravo regimental em recurso 
extraordinário por danos a terceiros devido a atividade 
notarial. De acordo com a jurisprudência, o Estado responderá, 
objetivamente, pelos atos dos notários que causem danos a 
terceiros, sendo assegurado o direito de regresso contra o 
responsável, nos casos de dolo ou culpa.
Atividades
1. Analise a seguinte afirmação: há responsabilidade objetiva do 
Estado por dano causado por serventuário, pois os serviços 
notariais são exercidos por delegação do Poder Público. Ela 
está correta ou incorreta? Comente.
2. Descreva as competências dos oficiais de registro e fale sobre 
as peculiaridades das circunscrições geográficas.
3. Faça uma reflexão sobre a responsabilidade criminal dos 
notários e registradores.
Estrutura do sistema registral e notarial no Brasil 41
Referências
AGRG no recurso especial n. 1.539.833 – RS (2015/0150460-9). Anoreg/
SP, 2015. Disponível em: https://www.anoregsp.org.br/noticias/1931/stj-
processual-civil.-administrativo.-tabeliao-substituto.-incompatibilidade-
com-a-advocacia.-agravo-regimental-nao-provido.Acesso em: 02 set. 2019.
ATOS normativos. Resolução n. 81. Conselho Nacional de Justiça, 9 jun. 2009. 
Disponível em: http://www.cnj.jus.br/atos-normativos?documento=104. 
Acesso em: 02 set. 2019.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Diário Oficial da 
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm. Acesso 
em: 02 set. 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 
DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 set. 2019.
BRASIL. Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, 
Poder Executivo, Brasília, DF, 21 nov. 1994. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8935.htm. Acesso em: 02 set. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 02 set. 2019.
CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade civil do Estado. Revista dos 
Tribunais, São Paulo, 2014.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 16. 
ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
CENEVIVA, Walter. Lei de registros públicos comentada (Lei n. 8.935/94). 
São Paulo: Saraiva, 2014.
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Manual de Direito Notarial: da atividade e dos 
documentos notariais. Salvador: Juspodivm, 2016.
LUIZARI, Larissa. STF decide que Estado tem responsabilidade civil 
objetiva pelas atividades de cartórios. Cartórios com Você, São Paulo, n. 
16, ano 4, jan./mar. 2019. Disponível em: https://www.anoreg.org.br/site/
revistas/cartorios/Cartorios-Com-Voce-16.pdf. Acesso em: 02 set. 2019.
42 Sistema registral e notarial
SANTANA, Yonara. Pesquisa Datafolha aponta cartórios como as 
instituições mais confiáveis do país. Cartórios com Você, São Paulo, ed. 
2, ano 1, mar./abr. 2016. Disponível em: https://www.anoreg.org.br/site/
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STJ. Súmula n. 266. 29 maio 2002. Disponível em: http://www.stj.jus.br/docs_
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STF. Pesquisa de Jurisprudência. Entenda: repercussão geral. 4 set. 
2018. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.
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STF. Pesquisa de Jurisprudência. Súmula 34. 14 dez. 2011a. Disponível 
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STF. Ag.Reg. no recurso extraordinário: RE 518894 SP. Jusbrasil, 2011b. 
Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20624542/agreg-
no-recurso-extraordinario-re-518894-sp-stf. Acesso em: 02 set. 2019.
STJ. Recurso especial: REsp 1575461 GO 2015/0313633-5. Jusbrasil, 2017. 
Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/464618832/
recurso-especial-resp-1575461-go-2015-0313633-5. Acesso em: 02 set. 2019.
3
Registro civil de pessoas naturais
Neste capítulo, abordaremos as principais normas aplicáveis ao 
Registro Civil das Pessoas Naturais. Devido à enorme quantidade 
de aspectos a serem trabalhados dentro dessa complexa temática, 
será apresentado um panorama com a finalidade desses registros, 
seus livros, os principais atos notariais praticados e os benefícios 
trazidos à população pelas alterações legislativas que surgiram. 
Nesse sentido, nossos estudos serão norteados pela Lei n. 6.015, de 
31 de dezembro de 1973, mais especificamente o título II, que dispõe 
sobre o Registro Civil das Pessoas Naturais.
Esse registro tem por finalidade a inscrição de atos e fatos 
jurídicos da vida civil (nascimentos, casamentos, óbitos etc.) em 
registros cartoriais. É uma forma de documentar diferentes fases 
da vida das pessoas, resguardando e garantindo direitos civis a elas.
Trata-se de um banco de dados, uma fonte de informações 
úteis para a promoção de políticas públicas por meio de diversas 
instituições governamentais1. Dentre elas, podemos citar, por 
exemplo, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e a Justiça 
Eleitoral, órgãos que necessitam de informações dos registros civis 
para desenvolver suas atividades.
Ao longo da vida civil, os cidadãos passam por diversos fatos, 
dos quais os mais relevantes recebem o devido registro em cartório. 
Neste capítulo, vamos nos concentrar no estudo dos registros 
relativos aos principais fatos da vida civil de uma pessoa, como 
nascimento, casamento e óbito.
1 Cada instituição é responsável pela baixa no cadastro em casos de falecimento. 
No caso do INSS, são excluídos os segurados; no da Justiça Eleitoral, os eleitores.
44 Sistema registral e notarial
3.1 Registro civil: contextualização
No Brasil, durante o período colonial e, 
posteriormente, no início do Império, o registro era 
de responsabilidade da Igreja, momento em que a 
religião católica era a oficial do Estado. Entretanto, 
a Igreja não podia garantir segurança jurídica e 
publicidade adequada e efetiva; além disso, em seus 
registros não eram incluídos imigrantes e escravizados (ROCHA 
JUNIOR; KAMEL, 2017).
Uma vez delegada ao Estado, pelo Decreto 601, de 1854, a 
incumbência de reger as normas referentes aos registros das pessoas 
naturais, surge o Decreto 1.144, de 1861, legalizando o nascimento, 
o casamento e o óbito de pessoas não praticantes da religião do 
Estado, no caso a católica, para que produzam efeitos civis. Após 
esse Decreto, foi publicado o Regulamento 3.069, de 1863, visando 
regulamentar os fatos legalizados pelo Decreto 1.144/1861, ou seja, 
nascimentos, casamentos e óbitos de pessoas não católicas. Em 1888, 
o Decreto 9.886 veio determinar a obrigatoriedade do registro civil 
e, por fim, a Lei n. 6.015, de 1973, Lei de Registros Públicos, e suas 
alterações posteriores regulamentaram os registros no país. Vejamos 
o que diz o artigo 29 nesse sentido.
Art. 29. Serão registrados no registro civil de pessoas 
naturais:
I - os nascimentos;
II - os casamentos;
III - os óbitos;
IV - as emancipações;
V - as interdições;
VI - as sentenças declaratórias de ausência;
VII - as opções de nacionalidade;
VIII - as sentenças que deferirem a legitimação adotiva. 
(BRASIL, 1973)
Vídeo
Registro civil de pessoas naturais 45
O Registro Civil das Pessoas Naturais é um serviço público 
prestado pelo notário ou oficial de registro, ambos profissionais 
do Direito munidos de fé pública. De acordo com o artigo 236 da 
Constituição Federal, essa atividade possui caráter privado, por 
delegação do Poder Público, após aprovação em concurso público 
de provas e títulos, e está sujeita à permanente fiscalização do Poder 
Judiciário (BRASIL, 1988).
A partir do registro civil, é possível organizar o assentamento 
dos fatos da vida de uma pessoa física. Desse modo, tendo em vista 
a publicidade dos registros, informações como estado civil, filiação, 
nacionalidade e naturalidade de uma pessoa permitem que o Estado 
tenha acesso a vários aspectos da sua população. Esses aspecto, de 
posse do Estado, alimentam os seguintes dados estatísticos: idade da 
população, número de nascimentos, número de óbitos, quantidade 
de filhos etc. Essas informações podem ser referentes à população 
do Brasil em sua totalidade ou de cada estado e município em 
particular.
Os cartórios de registro civil alimentam mais de 14 órgãos 
públicos oficiais com informações para a elaboração de diversas 
políticas públicas nas áreas de Saúde, Educação, Habitação, 
Planejamento e Saneamento. Entre esses órgãos estão a Polícia 
Federal, o Exército, o INSS, o IBGE, o TSE, a Funai, entre outros.
Um exemplo de como os registros civis dos cartórios são 
importantes é a figura a seguir, publicada pela Associação Nacional 
dos Registradores Nacionais – ANOREG/BR. Nela, constam 
informações referentes ao número de registro de nascimentosrealizados no Brasil de 1998 a 2019, por estado, destacando--
se o Estado de São Paulo com o maior número de nascimentos 
(13.621.516 nascidos no período) e o Estado de Roraima com o 
menor número (223.840 nascidos no período).
46 Sistema registral e notarial
Figura 1 – Registro de nascimentos realizados no Brasil de 1998 a 
2019
Cotas: Registros de nascimentos realizados no Brasil, de 
1998 até 2019, separados por unidade federativa
RR
22
3.
84
0
AP 
38
0.
97
2
AC
44
0.
29
6
TO
61
4.
52
9 
RO
64
4.
02
1
SE
81
7.
29
0
MS
96
3.
03
3
DF
1.
05
7.
36
3
MT
1.
08
3.
54
4
RN
1.
11
1.
44
8
ES
1.
22
1.
43
6
PI
1.
27
7.
49
3
PB
1.
32
4.
82
5
AL
1.
44
1.
91
0
AM
1.
76
2.
86
9
GO
1.
92
9.
20
6
SC
1.
93
5.
81
0
RS
2.
87
8.
52
9
CE
3.
12
1.
40
7
MA
3.
17
9.
96
0
BA
3.
27
6.
68
9
PE
3.
47
1.
23
5
PA
3.
49
0.
24
3
PR
3.
51
6.
14
5
RJ
5.
30
4.
74
7
MG
6.
16
4.
14
4
13
.6
21
.5
16
SP
Fonte: ANOREG, 2019.
O aprimoramento da tecnologia tornou possível a criação da 
Central Notarial de Serviços Eletrônicos Compartilhados. O 
Provimento n. 18 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) regula os 
serviços oferecidos pela plataforma, que tem como objetivo:
centralização das informações a respeito da lavratura de atos 
notariais relativos a escrituras públicas, procurações públicas 
e testamentos públicos, inclusive quanto aos atos previstos 
na Lei nº 11.441, de 4 de janeiro de 2007, e no artigo 10 da 
Resolução CNJ nº 35/2007, ou seja, inventário, partilha, 
separação consensual e divórcio consensual, viabilizando sua 
rápida e segura localização. (BRASIL, 2012)
Dessa forma, ficou facilitada a localização eletrônica de registros 
e a expedição de segundas vias de certidões digitais. Isso possibilita 
que as certidões sejam retiradas de qualquer lugar do país, não 
importando em qual município foram lavradas.
Os cartórios de registro civil passaram ainda a realizar uma 
contribuição social importante para o desenvolvimento da 
cidadania a partir da publicação da Lei Federal n. 13.484/2017, ao se 
tornarem ofícios da cidadania. O parágrafo 3º da referida lei garante 
Registro civil de pessoas naturais 47
que os cartórios, em parceria com órgãos públicos, possam prestar 
serviços antes realizados apenas em instituições públicas, dentre eles 
a expedição do Registro Geral (RG), do Cadastro de Pessoa Física 
(CPF), da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), do Passaporte e 
da Carteira de Trabalho.
3.2 Nascimento
A personalidade civil inicia no nascimento com 
vida. A partir dele, a pessoa é capaz de adquirir 
direitos e obrigações, apesar de a lei já prever a 
proteção do nascituro em relação aos cuidados com 
saúde, alimentação etc. Um exemplo é a Lei n. 11.804, 
de 5 de novembro de 2008, que prevê os alimentos 
gravídicos. O objetivo dela é cobrir as despesas adicionais do período 
de gravidez, desde a concepção até o parto, em uma abrangência 
global, prevendo em seu artigo 2º: “a alimentação especial, assistência 
médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, 
medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas 
indispensáveis”. O parágrafo único do artigo 6º é que determina o 
nascer com vida condição para gerar tais direitos (BRASIL, 2008).
Nesse sentido, esclarece ainda Maria Helena Diniz (2014, p. 62) que:
para que um ente seja pessoa e adquira personalidade 
jurídica, será suficiente que tenha vivido por um segundo. 
Pela Resolução n. 1/88 do Conselho Nacional de Saúde, o 
nascimento com vida é “a expulsão ou extração completa 
do produto da concepção, quando, após a separação, respire 
e tenha batimentos cardíacos, tendo sido ou não cortado o 
cordão, esteja ou não desprendida a placenta”.
3.2.1 Registro de nascimento
O registro de nascimento consiste na lavratura de um assento, 
em livro próprio, no caso o Livro “A”, do nascimento com vida de 
uma pessoa natural. Esse registro é feito pelo oficial de registro civil 
ou por um de seus prepostos.
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48 Sistema registral e notarial
O ato notarial de registro do nascimento constituirá meio de 
prova e individualizará aquele ser humano, atribuindo-lhe nome, 
idade, filiação, naturalidade e nacionalidade. Uma vez lavrado, todos 
os fatos posteriores da vida civil, como a emancipação, a interdição, 
o casamento, a ausência e a morte, serão anotados à margem do 
assento. O mesmo ocorre em relação às alterações do teor do registro, 
como a retificação, o reconhecimento de paternidade, a alteração de 
nome, a perda da nacionalidade brasileira, o divórcio e a separação.
O Provimento n. 63, de 14 de novembro de 2017, do CNJ, em 
seu artigo 6º, trouxe uma inovação legislativa, a qual disciplina que 
na Certidão de Registro Civil constará o número do CPF e este “será 
obrigatoriamente incluído nas certidões de nascimento, casamento 
e óbito” (BRASIL, 2017).
A Lei de Registros Públicos, nos artigos 50 e 51, estabelece o 
local onde deve ser realizado o registro, podendo ser: no lugar de 
ocorrência do parto ou no local onde os pais residem, imputando 
ainda o prazo de quinze dias para a sua realização, podendo este ser 
ampliado para até três meses, caso a sede do cartório fique a mais de 
trinta quilômetros. Se houver residências em lugares diversos, será 
realizada na de ambos ou de somente um, no que diz respeito aos 
pais, como estabelecido nos itens 1º e 2º do artigo 52.
De acordo com o parágrafo 1º da referida lei, os indígenas, 
enquanto não forem integrados ou aculturados, não são obrigados 
ao registro de nascimento. Cabe ao órgão federal de assistência aos 
índios, no caso a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o registro 
em livro próprio.
Embora a Lei n. 12.662, em vigor desde junho 2012, tenha 
transformado a Declaração de Nascido Vivo (DN) em documento de 
identidade provisória, aceita em todo o território nacional, ela não 
substitui o registro de nascimento, que deve ser lavrado nos prazos 
anteriormente citados. A declaração apenas assegura o direito de 
Registro civil de pessoas naturais 49
acesso aos serviços públicos que cada brasileiro tem ao nascer, até 
que a certidão de nascimento seja registrada em cartório.
Com a obrigatoriedade do registro, a Lei n. 6.015/73 determina, 
no artigo 52, quem são os responsáveis por ele:
Art. 52. São obrigados a fazer declaração de nascimento:
1º) o pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto, observado 
o disposto no § 2º do art. 54;
2º) no caso de falta ou de impedimento de um dos indicados 
no item 1º, outro indicado, que terá o prazo para declaração 
prorrogado por 45 (quarenta e cinco) dias;
3º) no impedimento de ambos, o parente mais próximo, 
sendo maior achando-se presente;
4º) em falta ou impedimento do parente referido no número 
anterior, os administradores de hospitais ou os médicos e 
parteiras que tiverem assistido o parto;
5º) pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da 
residência da mãe;
6º) finalmente, as pessoas encarregadas da guarda do 
menor. (BRASIL, 1973)
3.2.2 Reconhecimento de filiação
É importante não confundir o ato de declarar o nascimento com 
o de reconhecimento de filho. O Código Civil, nos artigos 1.596 e 
1.597, bem como a jurisprudência pátria estabelecem as seguintes 
formas de filiação:
a. por consanguinidade (relação jurídica entre ascendente e 
descendente em linha reta de primeiro grau);
b. por adoção;
c. por inseminação artificial heteróloga;
d. socioafetiva.
O reconhecimento de filiação pode ser voluntário ou mediante 
provocação judicial. O artigo 1.609 do Código Civil nomeia as 
formas de reconhecimento:
jurisprudência: 
conjunto das 
decisões e 
interpretações 
das leis feitas 
pelos tribunais 
superiores 
(STF, STJ, 
TST e STM), 
adaptando 
as normas às 
situações de 
fato, ou seja, 
à realidade 
vivida no dia 
a dia das 
pessoas.
50 Sistema registral e notarial
Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do 
casamento é irrevogável e será feito:
I - no registro do nascimento;
II - por

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