Prévia do material em texto
Aula 02 - DIREITO PENAL I Aplicação da lei penal. Princípio da legalidade: Princípio da legalidade penal (art. 5º, XXXIX da CF. c/c., art. 1º do CP); Reserva legal; anterioridade; taxatividade; Vedação da analogia in malam partem; Norma penal em branco: homogênea e heterogênea; Conflito aparente de normas: Especialidade; subsidiariedade; consunção e alternatividade. Aplicação da lei penal. Princípio da legalidade: Princípio da legalidade penal (art. 5º, XXXIX da CF. c/c., art. 1º do CP); Reserva legal; anterioridade; taxatividade; Vedação da analogia in malam partem; Norma penal em branco: homogênea e heterogênea; Conflito aparente de normas: Especialidade; subsidiariedade; consunção e alternatividade. Princípio da legalidade Estabelece que não há crime nem pena sem lei que os defina. Assim, só se pode punir conduta na esfera do direito penal se esta estiver prevista expressamente no ordenamento como infração penal. CF/88, art. 5º, inciso XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; CP, art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade A lei penal é pressuposto das infrações e das sanções. Assim, não pode ser punido aquele que pratica ato que não esteja previsto em lei como infração penal. CF/88, art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Princípio da anterioridade Não há crime sem que, antes de sua prática, exista uma lei descrevendo-o como fato punível. Princípio da taxatividade A lei penal deve ser clara, objetiva, didática! Não pode conter: Expressões vagas Expressões equívocas Expressões ambíguas Princípio da taxatividade Uma lei indeterminada ou imprecisa e, por isso mesmo, pouco clara não pode proteger o cidadão da arbitrariedade, porque não implica uma autolimitação do jus puniendi estatal, ao qual se possa recorrer. Ademais, contraria o princípio da divisão dos poderes, porque permite ao juiz realizar a interpretação que quiser, invadindo, dessa forma, a esfera do legislativo. Analogia Analogia: é a integração do ordenamento jurídico. Também conhecida como integração analógica ou suplemento analógico, é a aplicação, ao caso não previsto em lei, de lei reguladora de caso semelhante. No Direito Penal, somente pode ser utilizada em relação às leis não incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal. Analogia in bonam partem: é aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei favorável ao réu, reguladora de caso semelhante. É possível no Direito Penal, exceto nas leis excepcionais, que não a admitem por seu caráter extraordinário. Exemplo: Aborto praticado por parteira em caso de gravidez decorrente de estupro. Analogia in malam partem: é aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei maléfica ao réu, reguladora de caso semelhante. Não é admitida no Direito Penal em homenagem ao princípio da reserva legal. Exemplo: Cola eletrônica e os arts. 171, § 3º e 311-A. Lei penal em branco Lei penal em branco: existe fisicamente no universo jurídico, mas não pode ser aplicada em razão de sua incompletude. A lei penal em branco é também denominada de cega ou aberta, e pode ser definida como a espécie de lei penal cuja definição da conduta criminosa reclama complementação, seja por outra lei, seja por ato da Administração pública. Em sentido lato ou homogênea: o complemento tem a mesma natureza jurídica e provém do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora. Exemplo: CP art. 312 e art. 327 (homovitelina); e CP, art. 169, parágrafo único, I e CC, art. 1.264 (heterovitelina); Em sentido estrito ou heterogênea: o complemento tem natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto daquele que elaborou a lei penal incriminadora. Exemplo: Lei 11.343/2006, art. 66 e Portaria SVS/MS 344/1998; Inversa ou ao avesso: Inversa ou ao avesso: o preceito primário é completo, mas o secundário reclama complementação. Neste caso, o complemento deve ser obrigatoriamente uma lei, sob pena de violação da reserva legal. Exemplo: arts. 1º ao 3º, da Lei 2.889/56; De fundo constitucional: o complemento do preceito primário constitui-se em norma constitucional. Exemplo: CP, art. 246 e CF, art. 208, I. Conflito aparente de normas É o conflito que se estabelece entre duas ou mais normas aparentemente aplicáveis ao mesmo fato. Há conflito porque mais de uma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma delas acaba sendo aplicada à hipótese. Elementos: Unidade do fato (há somente uma infração penal); Pluralidade de normas (duas ou mais normas pretendendo regular o fato); Aparente aplicação de todas as normas à espécie (a incidência de todas é apenas aparente); Efetiva aplicação de apenas uma delas (somente uma é aplicável, razão pela qual o conflito é aparente). Princípios: Especialidade Subsidiariedade Consunção Alternatividade Princípio da especialidade: Princípio da especialidade: especial é a norma que possui todos os elementos da geral e mais alguns especializantes. Homicídio simples Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. Princípio da subsidiariedade: Princípio da subsidiariedade: subsidiária é aquela que descreve um menor grau de violação de um mesmo bem jurídico, isto é, um fato menos amplo e menos grave, o qual, embora definido como delito autônomo, encontra-se também compreendido em outro tipo como fase normal de execução de crime mais grave. Princípio da subsidiariedade: Exemplo Constrangimento ilegal Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Ameaça Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Princípio da consunção: é o princípio segundo o qual um fato mais amplo e mais grave absorve outros fatos menos amplos e graves, que funcionem como fase normal de preparação ou execução ou como exaurimento. Princípio da consunção: Exemplo Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Homicídio simples Art. 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Princípio da alternatividade: ocorre quando a norma descreve várias formas de realização da figura típica, em que a realização de uma ou de todas configura um único crime. Princípio da alternatividade: Exemplo Lei nº 11.343/2006 - Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa