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GABRIEL GALEAZZI 1 PROCESSO SAÚDE-DOENÇA CONCEITOS GERAIS DE SAÚDE E DOENÇA CONCEITOS DE SAÚDE Segundo a OMS, a saúde é conceituada como: Um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não apenas a ausência de doença ou enfermidade CONCEITOS DE DOENÇA A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim, os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece MODELOS EXPLICATIVOS HISTÓRICOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA MODELO PROCESSUAL/HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Em 1953, Leavell e Clark propõem o Modelo da História Natural da Doença, que é dividido em dois períodos: Período Pré-patogênico Quando a doença ainda não existe no organismo, havendo somente uma suscetibilidade a poder desenvolvê-la Indivíduo saudável Período Patogênico Quando o organismo já adoeceu, sendo o período referente às possibilidades da evolução da doença Indivíduo doente No início do período patogênico, temos o chamado período de patogênese precoce (ou fase pré-clínica), em que o indivíduo já tem a doença, mas está assintomático (horizonte clínico) NÍVEIS DE PREVENÇÃO EM SAÚDE (LEAVELL & CLARK) Se o examinador pedir no enunciado os níveis de prevenção propostos por Leavell e Clark, restarão as alternativas que contemplam a prevenção primária, secundária e terciária. Os demais níveis foram propostos por outros autores PREVENÇÃO PRIMÁRIA Contempla as ações direcionadas para todos os fatores que determinam a ocorrência das doenças ou agravos que acometem o indivíduo ou a comunidade, no sentindo de interromper os processos patogênicos antes do seu início Esse nível de prevenção está relacionado ao período pré-patogênico e age no controle das causas e dos fatores de risco da doença 1. Promoção da Saúde Ações voltadas para melhoria geral nas condições de vida dos indivíduos e da população Foco em beneficiar a saúde e a qualidade de vida de modo geral, impedindo a ocorrência de inúmeros processos patogênicos diferentes 2. Proteção Específica Ações direcionadas para evitar a ocorrência de um agravo ou um grupo específico de agravos As medidas de promoção à saúde são mais generalizadas, envolvem o bem-estar geral da população, evitando inúmeros processos patológicos distintos. A proteção específica, engloba uma ação que previne especificamente um agravo ou grupo de agravos afins Modelo biomédico Privilegia o diagnóstico e a cura, não contemplando as medidas de prevenção ou práticas de tratamento não tradicionais. Assim é caracterizado como: individual, especialista, fragmentado, hospitalocêntrico, curativo e centrado na figura do médico Modelo processual Considera que os estímulos do meio ambiente desencadeiam uma resposta do corpo, que terá como desenlace a cura ou o defeito ou a invalidez ou a morte. É baseado no modelo de História Natural da Doença, proposto por Leavell e Clark Modelo sistêmico Admite que diversos elementos (políticos e socioeconômicos, culturais, ambientais e agentes patogênicos) estão relacionados sinergicamente entre si, de modo que, quando modificamos qualquer um deles, afetaremos os demais Modelo mágico- religioso Os deuses definem o estado de cura e adoecimento das pessoas, sendo o modelo baseado na noção de pecado- doença e redenção-cura Modelo de determinação social No Brasil, o modelo mais estudado é o proposto por Dahlgren e Whitehead, que estabelece diferentes níveis de determinantes, desde o individual até o macro social Fatores determinantes do preocesso saúde-doença Agente • Envolve os elementos externos que podem interagir com o organismo humano causando-lhe algum dano Hospedeiro • Refere-se às características dos indivíduos que podem deixá-lo suscetível a algum agente Meio • Compreende o ambiente que possibilita o contato dos agentes agressores com seus futuros hospedeiros GABRIEL GALEAZZI 2 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Esse nível de prevenção tem a finalidade básica de melhorar o prognóstico do paciente em busca de melhores desfechos para seu agravo Podem objetivar a cura da doença, a redução de sua sintomatologia, o bloqueio de sua disseminação para outras pessoas, uma evolução mais favorável, entre outros 1. Diagnóstico Precoce e Tratamento Imediato Ações que visam detectar e tratar o mais rápido possível os processos patogênicos já instaurados Inclui ainda diagnosticar os assintomáticos (que não ultrapassaram o horizonte clínico), através de rastreamentos ou screening, além da busca ativa de casos ou suscetíveis 2. Limitação de incapacidade Ações voltadas para os estados patológicos plenamente instalados que ultrapassaram o horizonte clínico (condições crônicas ou cronificadas) O objetivo maior é promover um cuidado adequado de modo que o paciente possa evoluir com cura, ou, ainda, retardar ou reduzir as complicações Rastreamento, Rastreio ou “Screening” são termos que denotam a execução de exames utilizados em pacientes assintomáticos com a finalidade de detectar precocemente uma doença, por isso fazem parte da prevenção secundária PREVENÇÃO TERCIÁRIA Atua no momento em que o processo de adoecimento alcançou a longo prazo uma forma relativamente estável, resultando em um estado de cura com sequelas ou de cronificação do agravo O objetivo principal é reduzir os impactos das sequelas provocadas pelo agravo no cotidiano das pessoas, melhorando a qualidade de vida Exemplos: Reabilitação física Para sequelas neuromotoras, incluindo a fisioterapia motora, uso de próteses, fisioterapia respiratória, reabilitação com fonoaudiólogo, etc Reabilitação profissional Para os trabalhadores que apresentam uma incapacidade para o trabalho devido a alguma lesão permanente Readaptações no domicílio, nas vias públicas, transportes ou no ambiente de trabalho Para facilitar a acessibilidade de cadeirante, entre outras pessoas com deficiência Suporte psicossocial Para as pessoas que sofreram mutilações, sobreviventes de guerra, vítimas de eventos traumáticos (físicos e/ou psicológicos), entre outras PREVENÇÃO QUATERNÁRIA Proposta por Marc Jamoulle e Michel Roland Visa evitar ou atenuar o excesso de intervencionismo médico associado a procedimentos desnecessários Consiste em detectar indivíduos em risco de sobretratamento ou sobrediagnóstico ou sobrerrastreamento para protege-los de intervenções médicas inapropriadas Em doenças de evolução sabidamente mais lenta e progressiva, quando a espera é uma ação mais acertada que o início do tratamento, o médico pode valer-se da demora permitida Termos associados à não aplicação da prevenção quaternária Iatrogenia Ocorre devido a uma intervenção médica que resulta em algum dano à saúde do indivíduo Sobrediagnóstico Diagnostica-se um agravo que não geraria sintomas ou provocaria a morte do paciente. O sobrediagnóstico transforma uma pessoa em paciente sem necessidade, conduzindo esse indivíduo a tratamentos que não geram qualquer benefício Sobrerrastreamento Procede-se o rastreio desnecessário de uma condição clínica em um indivíduo ou grupo de indivíduos que não atendem aos critérios de rastreamento Sobretratamento Refere-se a duas situações: tratar agravos que não evoluiriam para algum estado de adoecimento significativo ou optar por tratamento mais prolongado ou complexo que o necessário Medicalização Quando situações normais da existência humana passam a ser objeto de abordagem médica desnecessária A prevenção quaternária está intimamente relacionada a um dos 4 princípios da Bioética: o da Não Maleficência, esse princípio é baseado no “primum non nocere”, que significa “acima de tudo, não causar danos” OUTROS NÍVEIS DE PREVENÇÃO EM SAÚDE Prevenção Primordial Abrande o desenvolvimento de políticas e programas de promoção de “determinantes positivos” de saúde, com a finalidade de evitar o surgimento ou estabelecimento de padrões sociais, econômicos e/ou culturais que possam contribuir para um aumento do risco da doença Objetiva evitar a instalação dos fatores de risco da doença Na prevenção primordial, o fator de risco ou o comportamento de risco ainda não está inteiramente estabelecido na população Prevenção Quinquenária Objetiva evitar as “disfunções” nos profissionais de saúde, como o burnout, sendo crucial na prevenção de problemas de saúde dos pacientes GABRIEL GALEAZZI 3 DETERMINAÇÃO SOCIAL EM SAÚDE (DSS) É o modelo explicativo de processo saúde-doença mais aceito atualmente Para a comissão brasileira, os DSS “são características socioeconômicas, culturais e ambientais de uma sociedade, que influenciam as condições de vida e trabalho de todos os seus integrantes” A OMS conceitua de modo bem mais simples e direto os DSS como as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham Após levantar os determinantes sociais do adoecimento das pessoas, é preciso viabilizar ações de melhoria da situação de saúde nas populações, sendo necessário reduzir: a exposição a fatores de risco, a vulnerabilidade de determinados grupos, as iniquidades sociais e os potenciais danos ou consequências gerados por esses determinantes Em 2010, a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde da OMS, reuniu todos os modelos anteriores, sintetizando-os em um modelo criado por Solar e Irwin que busca resumir dois conjuntos de determinantes, os estruturais e os intermediários Determinantes Estruturais Representam o meio como os fatores contextuais originam as posições socioeconômicas, que são determinadas por outros fatores (renda, educação, ocupação, classe social, etnia e gênero) Aproxima-se do conceito de macrodeterminantes ou determinantes distais do modelo de Dahlgren e Whitehead Determinantes Intermediários Englobam as circunstâncias materiais, os fatores comportamentais e biológicos, os fatores psicossociais e o sistema de saúde •Chamados de macrodeterminantes ou determinantes sociais distais •Estão relacionados às condições econômicas, culturais e ambientais da sociedade, incluindo determinantes supranacionais, como o processo de globalização Camada 5 •Composta pelos fatores relacionados às condições de vida e de trabalho, que envolvem a disponibilidade de alimentos, o acesso à saúde, educação, saneamento básico e habitação •Essa camada demonstra que indivíduos em desvantagem social apresentam exposições e vulnerabilidades aos riscos à saúde Camada 4 •Representa a influência do suporte e apoio proveniente das redes sociais e comunitárias Camada 3 •Composta pelo comportamento e estilo de vida dos indivíduos Camada 2 •Composta pelos indivíduos que estão no centro do modelo, com seus determinantes individuais, suas características (idade, sexo) e herança genética Camada 1
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